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Prévia do material em texto

Teoria Existencial da Personalidade
Psicologia da 
Personalidade
Diretor Executivo
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Gerente Editorial
CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA
Projeto Gráfico
TIAGO DA ROCHA
Autoria
DENIZE MASCARENHAS
AUTORIA
Zilma Denize Bezerra Mascarenhas
Sou formada em Psicologia e em Enfermagem, com mestrado na 
área de Saúde do Adulto e alguns Cursos de Especialização (Psicologia 
Positiva, Dependência Química e Neuropsicologia). Tenho experiência 
técnico-profissional de mais de 30 anos na área de saúde mental e 
psiquiatria. Trabalhei como profissional de saúde pelo Ministério da 
Saúde na assistência a portadores de transtorno mental em hospital 
psiquiátrico e CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) na cidade do Rio de 
Janeiro. Tenho experiência profissional na docência do ensino superior, 
atuando como professora substituta em Universidades Públicas como 
UFRJ e UERJ e como professora contratada em universidades privadas 
como UNISUAM e Universidade Estácio de Sá (UNESA) nos cursos de 
graduação de Psicologia, Enfermagem e Direito. Também pela UNESA 
tive a oportunidade de ser autora de capítulo de livro didático e de ser 
revisora de livro didático. Atualmente atuo como Psicóloga Clínica em 
Avaliação Psicológica e Aplicação de Testes Psicológicos. Sou apaixonada 
pelo que faço e adoro transmitir minha experiência de vida àqueles que 
estão iniciando em suas profissões. Por isso, fui convidada pela Editora 
Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes. Estou muito 
feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte 
comigo!
ICONOGRÁFICOS
Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez 
que:
OBJETIVO:
para o início do 
desenvolvimento de 
uma nova compe-
tência;
DEFINIÇÃO:
houver necessidade 
de se apresentar um 
novo conceito;
NOTA:
quando forem 
necessários obser-
vações ou comple-
mentações para o 
seu conhecimento;
IMPORTANTE:
as observações 
escritas tiveram que 
ser priorizadas para 
você;
EXPLICANDO 
MELHOR:
algo precisa ser 
melhor explicado ou 
detalhado;
VOCÊ SABIA?
curiosidades e 
indagações lúdicas 
sobre o tema em 
estudo, se forem 
necessárias;
SAIBA MAIS:
textos, referências 
bibliográficas e links 
para aprofundamen-
to do seu conheci-
mento;
REFLITA:
se houver a neces-
sidade de chamar a 
atenção sobre algo 
a ser refletido ou dis-
cutido sobre;
ACESSE:
se for preciso aces-
sar um ou mais sites 
para fazer download, 
assistir vídeos, ler 
textos, ouvir podcast;
RESUMINDO:
quando for preciso 
se fazer um resumo 
acumulativo das últi-
mas abordagens;
ATIVIDADES:
quando alguma 
atividade de au-
toaprendizagem for 
aplicada;
TESTANDO:
quando o desen-
volvimento de uma 
competência for 
concluído e questões 
forem explicadas;
SUMÁRIO
Teoria Existencial (Sören Kierkegaard) .............................................. 10
Um Rápido Passeio pelo Existencialismo .....................................................................10
Principais Filósofos Existencialistas ................................................................................... 12
Principais Características do Existencialismo ............................................................. 14
Teoria Existencial de Sören Kierkegaard ........................................................................ 14
Os Três Modos de Vida de Kierkegaard ........................................................................ 20
Reich e a Psicologia Corporal ................................................................22
A Visão Psicanalista de Wilhelm Reich ...........................................................................22
Os Conceitos de Wilhelm Reich ...........................................................................................25
A Personalidade na Visão Reichiana .................................................................................28
Etapas do Desenvolvimento Infantil ...............................................................29
A Psicoterapia Reichiana ............................................................................................................32
Conceito de Personalidade para Heidegger ...................................34
Mais um Pouco sobre o Existencialismo .......................................................................34
Martin Heidegger e o Existencialismo .............................................................................37
Traços Existenciais ......................................................................................................................... 38
Daisen: ................................................................................................................................. 38
Existência: ......................................................................................................................... 39
Temporalidade: ............................................................................................................. 39
Morte .................................................................................................................................... 40
A Linguagem para Heidegger ............................................................................................... 41
Essência da Verdade ....................................................................................................................43
A Integração entre os Conceitos da Psicologia da 
Personalidade ...............................................................................................46
Falando de Personalidade ....................................................................................................... 46
O Desenvolvimento da Personalidade Descritos em Etapas ........................ 48
Conceitos de Desenvolvimento da Personalidade ................................................52
7
UNIDADE
04
Psicologia da Personalidade
8
INTRODUÇÃO
O estudo da Psicologia da Personalidade é uma área que levanta 
ainda muitos questionamentos. O que é personalidade? Herdamos nossa 
personalidade ou ela é formada a partir das vivências no meio ambiente em 
que estamos? Como começou o interesse pelo estudo da personalidade 
humana? Como entendemos personalidade hoje? Podemos mudar nossa 
personalidade? 
Essas respostas são o alvo do nosso trabalho. Estudarmos as principais 
teorias de personalidade vai ajudar a compreender melhor o funcionamento 
do ser humano, objeto de cuidado do psicólogo. Entender o processo de 
formação da personalidade sob o olhar de autores de várias abordagens e 
correntes da psicologia vai permitir aumentar o universo de conhecimento 
para facilitar o seu desempenho didático como aluno e seu desempenho 
profissional como psicólogo. 
Então, lançamos o desafio de convidar você a se dedicar ao conteúdo 
desta disciplina. Teremos uma série de oportunidades para o exercício do 
pensamento crítico embasado em conhecimento científico. Mergulhe no 
universo da Psicologia da Personalidade! Bons estudos!
Psicologia da Personalidade
9
OBJETIVOS
Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 4. Nosso objetivo é auxiliar 
você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o 
término desta etapa de estudos:
1. Abordar a Teoria Existencial de Sören Kierkegaard.
2. Identificar os aspectos discutidos por Reich e a Psicologia Corporal 
na construção da personalidade.
3. Entender o conceito de personalidade discutido por Heidegger.
4. Integrar os conhecimentos estudados da psicologia da 
personalidade.
Psicologia da Personalidade
10
Teoria Existencial (Sören Kierkegaard)
OBJETIVO:
Ao término deste capítulo, você será capaz de entender 
como os estudos da visão existencialista pensaram no 
homem. Veremos alguns filósofos importantes dessa 
corrente filosófica e nos deteremos nos estudos de Sören 
Kierkegaard - nas suas visões do homem e a constituição 
de sua existência com responsabilidade de escolha e 
as consequênciasda liberdade do livre arbítrio. E então? 
Motivado para este novo enfoque da personalidade? Então 
vamos lá. Avante!.
Um Rápido Passeio pelo Existencialismo
O  existencialismo  foi caracterizado como uma corrente filosófica e 
movimento intelectual que surgiu em meados do século XIX, entre as duas 
Guerras Mundiais (1918-1939) na Europa, mais especificamente, na França.
Sua doutrina tinha como ideia principal a análise da existência do 
homem, isto é, como cada ser humano primeiramente existe e depois 
como passa pela vida mudando sua essência.
IMPORTANTE:
Para o Existencialismo, o homem existe e sua existência já 
é suficiente para que exista sem que outra circunstância 
precise provar esse fato. A existência humana é, portanto, 
o principal objeto dos pensamentos e teorias. 
O homem existe e constrói sua essência individual a partir da 
liberdade que tem para fazer escolhas. Para os filósofos existencialistas, 
a liberdade de escolha é um fenômeno gerador, uma vez que só o 
homem é responsável pelo sucesso ou fracasso de suas escolhas. A 
vida tem sentido por meio da liberdade incondicional, da escolha e da 
responsabilidade pessoal.
Psicologia da Personalidade
11
Figura 1 - As escolhas
Fonte: Freepik
SAIBA MAIS:
O Existencialismo tem como precursores nomes de 
filósofos importantes como Sócrates, Santo Agostinho 
e Maine de Bitan, mas tem sua origem a partir das ideias 
de Sören Kierkegaard, que entendia o homem como um 
sujeito implicado na sua própria reflexão e não limitado a 
uma objetivação abstrata da realidade.
Os filósofos existencialistas defendiam a tese de que a vida e a 
existência eram fundamentais para o acúmulo gradual de conhecimento. 
As pessoas eram capazes de construir seus próprios caminhos e suas 
concepções de vida no decorrer de suas existências. 
No entanto, a busca constante de conhecimento não era suficiente 
para que as pessoas entendessem suas existências ou as coisas que 
viessem a acontecer com elas. A essa falta de respostas os filósofos 
existencialistas chamavam de angústia existencial. 
Psicologia da Personalidade
12
Principais Filósofos Existencialistas
 • Sören Kierkegaard: no final do século XIX e início do século XX, 
apresenta as primeiras ideias sobre a filosofia existencialista. 
Influenciados por ele, alguns outros filósofos passaram a 
desenvolver trabalhos nesse campo.
SAIBA MAIS:
Kierkegaard era um filósofo da chamada ala cristã que 
defendia o livre arbítrio do homem. Sobre esse filósofo, nos 
deteremos mais um pouco ainda neste capítulo.
 • Jean Paul Sartre: defendia os princípios da liberdade de escolha 
como força geradora e elemento de total responsabilidade 
individual. Além disso, afirmava que a pessoa era a única 
responsável pelos seus fracassos e sucessos. Casado com Simone 
de Beauvoir, Sartre foi um dos mais conhecidos filósofos franceses.
 • Simone de Beauvoir: estudou Filosofia na Universidade de 
Sorbonne. Associou as ideias de liberdade de escolha pregada 
pelo Existencialismo ao feminismo. Pregava que a mulher era livre 
para fazer escolhas e não tinha um destino biológico e sim social. 
Para ela “não se nasce mulher: torna-se”.
Mesmo com a imposição social para a mulher ser esposa, mãe 
ou qualquer outro destino ligada à condição de ser do sexo feminino, a 
mulher se torna mulher pelo seu papel social.
 • Albert Camus: esse filósofo argelino dedicou-se ao absurdismo, 
um ramo do Existencialismo que discutia os vários absurdos que 
envolvem a existência e que ocorrem na vida das pessoas.
 • Martin Heidegger: esse filósofo alemão propunha que os 
questionamentos filosóficos deveriam ser centrados no próprio 
ser. 
Psicologia da Personalidade
13
VOCÊ SABIA?
O existencialismo se desenvolveu em dois pontos de 
vista: existencialismo ateu e existencialismo cristão. O 
representante principal do existencialismo ateu é Sartre e 
do existencialismo cristão é Kierkegaard.
Existencialismo ateu: uma vez que considera a inexistência de 
Deus, entende que todo o fundamento do Universo desaparece. Isso dá 
origem à subjetividade da moral. Dessa forma, aparece um sentimento 
de angústia que mostra a fragilidade do homem e sua responsabilidade 
diante de qualquer atitude, assim como a necessidade de decisões sobre 
um autoprojeto individual ou compromisso social.
Existencialismo cristão: considera a união transcendente de Deus 
e do homem na pessoa de Jesus Cristo. A comunhão e o relacionamento 
pessoal com Deus promove a transcendência moral da presença absoluta. 
O existencialismo cristão defendia a consciência das escolhas humanas. 
Responsável pelas decisões, o homem deixa de ser uma pessoa óbvia 
para si mesma e questiona sua existência diante de Deus.
Figura 2 - Existencialismo Cristão: homem diante de Deus
Fonte: Freepik
Psicologia da Personalidade
14
Principais Características do 
Existencialismo
A partir das ideias de Soren Kierkegaard, o Existencialismo atinge o 
apogeu na década de 1950, na França, com a publicação dos trabalhos 
de Heidegger e Sartre. Mesmo marcada por ideias próprias de cada um 
dos filósofos, o Existencialismo reúne algumas características que podem 
ser definidas como comuns entre eles: 
 • A existência vem sempre antes da essência.
 • A essência humana é construída a partir das escolhas individuais.
 • A liberdade de escolhas é incondicional.
 • O indivíduo é o único responsável por suas próprias escolhas.
 • As escolhas levam, inevitavelmente, a perdas.
 • As escolhas e a vida levam a um estado de desespero e angústia 
existencial.
Teoria Existencial de Sören Kierkegaard
Sören Aabye Kierkegaard nasceu em Copenhague, na Dinamarca, 
em 1813. Ele foi o mais novo de uma família de oito filhos e sofreu grande 
influência das convicções religiosas do pai, um agricultor e católico 
fervoroso.
O sentimento religioso foi profundo da vida de Kierkegaard e 
foi a motivação para iniciar o curso de Teologia na Universidade de 
Copenhague, que depois resolveu abandonar e se voltar para Filosofia.
Kierkegaard escolheu viver sozinho para dedicar-se à fé religiosa e 
acredita-se que as suas racionalizações filosóficas, também consideradas 
românticas, eram a sua forma de justificar para si e para os outros sua 
opção pela vida solitária.
Psicologia da Personalidade
https://querobolsa.com.br/enem/filosofia/martin-heidegger
https://querobolsa.com.br/enem/filosofia/jean-paul-sartre
15
Como já dissemos, Kierkegaard foi considerado o pai do Existencialismo, 
uma corrente filosófica que trazia à discussão propósitos, causas e 
consequências das decisões e atitudes do homem, dentro da sua realidade 
individual. Entendia que tomar consciência e questionar as exigências feitas 
pela sociedade é essencial para se viver de maneira autêntica.
O Existencialismo pensava o homem como alguém que decide a 
sua existência, que constrói a sua realidade e não como um expectador 
da vida, com destino traçado desde o nascimento até a morte.
Figura 3 - O homem faz escolhas e decide sua vida
Fonte: Freepik
IMPORTANTE:
A principal diferença na visão existencialista era a abordagem 
das experiências individuais e pessoais e não o ponto de 
vista universal como era o entendimento na época.
Alguns estudos pensam o Existencialismo como uma corrente 
ateísta, mas, apesar de ter alguns de seus pensadores declaradamente 
ateus como Sartre, Camus e Nietzsche, essa não é uma afirmativa correta. 
Kierkegaard, como vimos, era um cristão praticante que fazia críticas a 
alguns princípios religiosos rígidos e afastados da espiritualidade e que 
dizia que um cristão deve agir como um cristão.
Psicologia da Personalidade
16
Assim, partindo da ideia de que o homem é o único responsável por 
viver de modo apaixonado e íntegro, dando um significado sincero à sua 
existência, Kierkegaard descreve alguns obstáculos que podem dificultar 
este objetivo e para os quais deve estar atento.
 • Distrações existenciais: desespero, absurdo, alienaçãoe tédio.
 • Desespero.
O desespero está presente na relação fantasiosa da pessoa consigo 
mesma. Considera que é pior que a morte porque é um mal para o qual 
não há cura já que está presente na imaginação da pessoa.
SAIBA MAIS:
Para Kierkegaard, não existia sequer uma pessoa que 
fosse isenta de desespero: que não tivesse inquietação, 
perturbação, desarmonia, medo do desconhecido, medo 
de um evento externo ou medo de si mesmo. Por isso, 
dizia que todas as pessoas vivem um estado latente de 
enfermidade.
Figura 4 - Pessoas em estado latente de enfermidade
Fonte: Freepik
Psicologia da Personalidade
17
 • Absurdo
O absurdo é o contraditório, é algo sem sentido. É basicamente 
o conflito entre a tendência de buscar o significado da vida e a falta de 
habilidade para encontrar esse significado. A busca do significado da vida 
leva a pessoa a entender que a vida não tem sentido ou que o sentido da 
vida é conduzido por uma força maior. O absurdo não é algo logicamente 
impossível, mas é humanamente impossível, uma vez que o sentido do 
mundo é o significado que a pessoa dá a ele.
 • Alienação
A alienação é a falta de consciência que uma pessoa pode ter da 
responsabilidade de escrever a sua própria história. Uma pessoa alienada 
nega sua existência, anula-se, vive o mistério de ser ou não ser. Para 
algumas pessoas seguir ordens de forma passiva e consentir com outras 
pessoas seria mais fácil que tomar decisões porque requereria menos 
esforço emocional.
SAIBA MAIS:
Kierkegaard entendia que o maior exemplo de alienação 
eram os meios de comunicação em massa, já que 
buscavam as verdades nas maiorias e não nas minorias, 
onde as verdades seriam encontradas. Para ele, as minorias 
sempre tinham opiniões, enquanto as maiorias tinham 
forças ilusórias.
Outro ponto importante ligada à alienação era a explicação para os 
genocídios e lavagens cerebrais que levavam as pessoas às guerras sem 
sequer questionar as ordens.
 • Tédio.
O tédio era a raiz de todos os males. O tédio era o mal responsável 
pelos problemas desde o início do mundo: os deuses entediados criaram o 
homem, o tédio da solidão de Adão fez Eva ser criada e consequentemente 
o aumento da população fez o tédio aumentar no mundo.
Psicologia da Personalidade
18
Figura 5 - O tédio
Fonte: Freepik
 • Angústia.
É o medo e a frustração que o conflito entre as responsabilidades 
consigo próprio e com princípios e valores seus e das demais pessoas 
causa. Tomar decisões tem base na liberdade de escolher. Escolher fazer 
algo ou não fazer nada leva a um sentimento de angústia. Não existe 
qualquer decisão sem vir acompanhada de angústia, porque sempre gera 
um conflito interno. Gera conflito porque toda escolha tem consequências. 
Assim, Kierkegaard afirmava que a liberdade de escolha não era razão 
para a felicidade, mas uma sensação de angústia.
Figura 6 - Angústia
Fonte: Freepik
Psicologia da Personalidade
19
SAIBA MAIS:
Kierkegaard entendia que uma pessoa é responsável pelo 
seu próprio destino e não deve buscar um caminho ideal ou 
correto para os outros, mas se preocupar em providenciar 
sua própria história de vida. Para ele, a liberdade de escolha 
presume possibilidades e consequentes imprevisibilidades 
no futuro.
A importância da liberdade de escolha e a busca pessoal por 
significado da vida e por um propósito de vida são a base do Existencialismo 
de Kierkegaard.
 • Verdades existenciais.
Para Kierkegaard, a existência é a única verdade, mas não é lógica. 
Se a existência não é lógica mas é real, então a verdade não é objetiva. 
A verdade é, então, subjetiva. A verdade subjetiva é um construto da 
intensidade da fé. Quanto maior a crença, mais verdadeiro é o objeto do 
conhecimento.
Nessa dialética semelhante à de Sócrates, Kierkegaard dizia que as 
verdades essenciais estão fora do alcance objetivo do homem, e, por isso, 
surgem em forma de tensão. Ideias novas são provenientes de paradoxos 
e não há como solucioná-las. Para ele, a verdade é verdadeira para a 
pessoa, a verdade é o que convém, por isso, conhecer a verdade é um 
ato de fé, não um ato da razão.
A subjetividade da verdade traz um liberdade ilimitada e não pode 
ser provada porque a necessidade da lógica para prová-la é o oposto da 
verdade.
Psicologia da Personalidade
20
Os Três Modos de Vida de Kierkegaard
Kierkegaard divide a existência humana em três categorias ou 
estágios: 
 • Estágio estético: o prazer é o alvo da vida. Não existe envolvimento 
profundo em relacionamentos, não há obrigatoriedades, não há 
compromisso com o outro. Há ilusão de que na existência só há 
prazer, mas a angústia aparece porque está presente na vida de 
todos os homens. A busca de realização de todas as possibilidades 
e da fuga permanente do tédio gera satisfação transitória e, em 
última instância, desespero.
 • Estágio ético: é o estágio do dever, da honra, das regras, das 
obrigações. É o papel do trabalhador exemplar, do pai devotado, 
das pessoas que levam tudo a sério. A vida ética é aquela da 
intensidade dos deveres, do reconhecimento das consequências 
e responsabilidades das escolhas e a preocupação toma conta da 
vida.
 • Estágio religioso: estágio de profunda relação com Deus. O futuro 
eterno do homem religioso é mais importante que a vida terrena, 
que é momentânea. Não é possível viver completamente na 
eternidade caso se esteja preso ao mundo por meio de um corpo. 
A prioridade é pela vida humilde, não submetida à ética, mas sim 
submetida à Deus.
Kierkegaard não pensava que esses estágios fossem etapas a serem 
superadas. Acreditava, na verdade, que essas eram diferentes formas de 
existir, uma vez que cada estágio é caracterizado por uma perspectiva 
diferente. São estágios distintos em termos existenciais, regidos por uma 
alternativa que intitulou: ou um ou outro. São alternativas existenciais e 
não racionais.
Psicologia da Personalidade
21
RESUMINDO:
Neste capítulo, estudamos que a Psicologia Existencial 
tem conceitos filosóficos que discutem a existência 
do homem. O fundador dessa corrente de estudos é o 
filósofo dinamarquês Sörem Kierkegaard, que dizia “Existo, 
logo penso” numa modificação da famosa frase de René 
Descartes: “Penso, logo existo”.
A marca principal da filosofia do Existencialismo é a liberdade 
e responsabilidade da pessoa no que diz respeito às suas escolhas e 
decisões, colocando-a no centro da sua existência. Mesmo que pareça 
uma corrente de pensamento que elimina Deus e a fé, isso não é a sua 
verdade. A crença em Deus não elimina a decisão humana sobre sua vida. 
Kierkegaardrd pregava o princípio do livre arbítrio, uma vez que entendia o 
homem como único responsável em dar significado à sua vida e vivê-la de 
maneira íntegra, sincera e apaixonada, apesar da existência de obstáculos 
vitais.
Psicologia da Personalidade
22
Reich e a Psicologia Corporal
OBJETIVO:
Ao término deste capítulo, você será capaz de compreender 
como Wilhelm Reich descreveu a psicoterapia orientada 
para o corpo. O seu trabalho terapêutico enfatizava a 
importância dos aspectos físicos do caráter da pessoa, em 
especial, os modelos de tensão crônica. Também trabalhou 
com os aspectos de como a sociedade desempenha o 
papel de inibição dos sentidos, em particular os instintos 
sexuais do ser humano. Reich foi considerado um estudioso 
que colocou em prática as questões revolucionárias da 
teoria psicanalítica. E então? Vamos começar este estudo? .
A Visão Psicanalista de Wilhelm Reich
Wilhelm Reich foi um psicanalista, nascido na Áustria em 1847. 
Estudou medicina na Universidade de Viena onde entrou na Sociedade 
Psicanalítica e começou a praticar a psicanálise. No ano em que se 
formou, em 1922, Freud fundou uma Clínica Psicanalista e Reich foi seu 
primeiro assistente clínico, tornando-se diretor na Clínica.
VOCÊ SABIA?
O relacionamento profissional de Freud e Reich ficou 
abalado quando Freud não aceitou ser terapeuta de 
Reiche ainda por causa do distanciamento teórico que se 
estabeleceu entre eles pelo envolvimento de Reich com 
teoristas marxistas e suas convicções de que as neuroses 
eram fundamentadas na falta de satisfação sexual.
A partir dos estudos psicanalíticos de Freud, Reich criou uma nova 
abordagem terapêutica que envolvia as intervenções verbais, com base 
na fundamentação psicanalítica, e de forma simultânea, as intervenções 
corporais, isto é, os processos orgânicos e energéticos do corpo. 
Psicologia da Personalidade
23
A essa abordagem terapêutica chamou inicialmente de 
Vegetoterapia Caractero-Analítica, depois de Orgonoterapia e atualmente 
é chamada de Psicoterapia Reichiana.
Seus estudos iniciais se deram a partir da análise que fazia do 
conteúdo da fala dos seus clientes, do tom de voz, da forma como se 
expressavam durante os atendimentos, e das suas expressões corporais, 
a postura, os gestos, as expressões faciais, a forma como olhavam.
Algumas vezes, os pacientes eram levados a descrever as 
sensações corporais. Outras vezes eram orientados a mudar sua postura 
ou determinada expressão corporal por meio do toque, de movimentos 
ou expressões.
SAIBA MAIS:
Seus métodos de intervenção corporal incluíam respiração 
profunda, movimentos oculares, sonorização, expressão 
facial, expressão de emoções e vários outros.
Reich acreditava que as alterações dos componentes corporais 
eram mecanismos de defesa do ego e que a dissolução dos bloqueios 
corporais levava à lembrança de memórias reprimidas, de reações 
emocionais e respostas vegetativas ligadas aos sistemas nervosos 
simpático e parassimpático.
O sistema nervoso autônomo tem duas divisões: o sistema nervoso 
simpático e o sistema nervoso parassimpático. O sistema nervoso 
simpático é o responsável por preparar o organismo para responder 
a situações de estresse e emergência: aumenta a frequência cardíaca, 
aumenta a pressão arterial, libera adrenalina, contrai e relaxa os músculos, 
dilata os brônquios, dilata as pupilas e aumenta a transpiração. O sistema 
nervoso parassimpático é responsável por fazer o corpo voltar ao estado 
de calma: controla a respiração, diminui a frequência cardíaca, diminui a 
pressão arterial, diminui adrenalina, diminui a glicose, controla o tamanho 
das pupilas.
Psicologia da Personalidade
24
Figura 7 - Sistema Simpático e Parassimpático
Fonte: Freepik
Psicologia da Personalidade
25
Grande parte do trabalho de Reich era fundamentado na teoria 
psicanalista, a partir do manejo clínico de transferência e resistência, 
de modo a desenvolver a análise do caráter e couraça caracterológica. 
Acreditava que o caráter de uma pessoa incluía padrões de defesa 
consistente e habitual. Esse estudo foi uma das mais importantes 
contribuições para a abordagem clínica da Psicanálise.
Realizou pesquisas clínicas na Universidade de Oslo sobre a 
dinâmica biopsíquica das emoções, e desenvolveu estudos experimentais 
sobre encouraçamento, isto é, a existência da associação entre soma 
(corpo) e psiquismo. 
Outro estudo derivado da concepção freudiana de libido foi o estudo 
de energia vital ou orgônica numa correlação dos conceitos freudianos de 
libido e energia psíquica com a sexualidade.
SAIBA MAIS:
Reich foi um pioneiro nos estudos de fenômenos 
psicossomáticos. Suas pesquisas enfatizavam o 
envolvimento psíquico nas doenças orgânicas e o 
envolvimento das disfunções corporais no caráter neurótico 
e nas psicopatologias.
Os Conceitos de Wilhelm Reich
Como já falamos, Reich foi um psicanalista seguidor fiel dos 
princípios de Freud, a partir dos quais desenvolveu seus estudos e alguns 
conceitos que podem considerados controversos se comparados aos 
conceitos freudianos.
 • Neurose: acreditava que o princípio da neurose estava nos conflitos 
de poder das relações sociais e nas implicações psicológicas e 
emocionais das pessoas.
Psicologia da Personalidade
26
Figura 8 - Neurose
 
Fonte: Freepik
 • Repressão: defendia a tese de que a repressão que uma pessoa 
sentia era evidenciada fisicamente em seu corpo na forma de 
tensão. Assim, com o passar do tempo, essa tensão acabava por 
se manifestar em dores e doenças crônicas.
 • Palavra: entendia que a repressão não poderia ser tratada apenas 
pela palavra, como defendia a Psicanálise Freudiana, mas que o 
tratamento também deveria ser realizado no campo físico, atuando 
no corpo de forma efetiva.
 • Repressão x Armadura Corporal x Orgasmo: considerava que 
a armadura corporal atuaria como um bloqueio ao orgasmo 
completo. Assim, libertar-se da repressão seria muito difícil.
 • Sentimentos livres: entendia que o amadurecimento das relações 
amorosas seria possível se houvesse amadurecimento da livre 
expressão dos sentimentos emocionais e sexuais.
 • Sexo é cura: a energia reprimida seria manifestada nas relações 
sexuais, o que tornaria as pessoas livres e a sociedade melhor.
 • Formação do caráter: a ansiedade infantil e o medo viriam da 
punição da sexualidade.
 • Explosão energética: depois dos tratamentos propostos por Reich, 
a energia psíquica poderia fluir e as recordações e experiências do 
passado apareceriam de forma mais fácil, permitindo formar um 
campo positivo na pessoa.
Psicologia da Personalidade
27
 • Orgonomia: seria a energia vital que só é possível ser acessada 
durante o orgasmo. Considerava que seria uma energia universal e 
espiritual. Se fosse bloqueada causaria decadência, enfermidade 
e morte.
 • Energias e sexo: considerava que as encontradas durante seu 
trabalho tinham ligações diretas com sexo.
 • Energia universal: presente em tudo e todos, incluindo o Universo 
e o vácuo do espaço.
Figura 9 - Energia Universal
Fonte: Freepik
 • Couraças de caráter: seriam o acúmulo das repressões sobre 
os instintos, são os nós emocionais que não são devidamente 
trabalhados.
 • Couraças musculares: são as manifestações clínicas das couraças 
de caráter, perceptíveis em partes do corpo.
IMPORTANTE:
As pesquisas de Reich foram pioneiras na abordagem de 
que distúrbios psíquicos e emocionais estão associados de 
forma direta a alterações corporais que afetam a musculatura 
corporal, causando tanto lesões musculares crônicas ou 
flacidez, numa função defensiva do próprio corpo.
Psicologia da Personalidade
28
Além disso, descreveu alterações respiratórias, circulatórias, 
sensoriais, digestivas, hormonais, neurológicas associadas às alterações 
psíquicas, que levaram, de maneira muito importante à compreensão das 
doenças psicossomáticas.
A Personalidade na Visão Reichiana
Alguns conceitos de personalidade, temperamento e caráter 
já foram discutidos neste curso. Vamos descrever como pensa a visão 
Reichiana sobre estes temas.
 • Personalidade: conjunto de características gerais da pessoa e que 
as diferem das demais. É a soma do temperamento e do caráter, 
resultado dos conflitos internos e demandas externas que uma 
criança passa no seu desenvolvimento ao longo da vida.
 • Temperamento: são as bases congênitas, formadas durante a 
gestação. São as particularidades físicas e morfológicas que 
diferenciam as pessoas em termos de energia da vida, dentro e 
fora do corpo. É a forma individual de ser e agir.
 • Caráter: manifestação comportamental do temperamento e da 
personalidade. É a expressão do corpo em gestos, posturas, tom 
de voz, roupas, relacionamento. Também é desenvolvido ao longo 
da vida.
IMPORTANTE:
A Psicologia Reichiana, ou Psicologia Corporal trabalha 
o temperamento (energia), personalidade (psiquê) e 
caráter (corpo) numa interrelação. Reich chamava esses 
elementos de tripé, e descreveu personalidade de 
caráter psicótico (altamente comprometido), neurótico 
(levemente comprometido) e genital (não comprometido) 
que são desenvolvidos ao longo da vida de criança até a 
adolescência.
Psicologia da Personalidade
29
A personalidade é, então, formada a partir da compreensão que a 
criança tem do mundo, dos seus relacionamentos com as pessoasmais 
importantes da sua vida e pela sua capacidade de interagir com o mundo 
por meio do comando voluntário da musculatura. Os traumas emocionais, 
as privações e o sofrimento afetivo são associados a alterações 
psicomotoras.
Etapas do Desenvolvimento Infantil
Reich descreve cinco etapas do desenvolvimento infantil. Se 
a criança passar de forma saudável pelas etapas, irá desenvolver uma 
personalidade do tipo genital. A descrição das etapas estão a seguir:
 • Sustentação - é o período da gestação até os primeiros dias 
de vida. A criança precisa se sentir aceita, sem riscos para sua 
sobrevivência. Uma gestação sem intercorrências, um parto 
saudável, o toque da mãe, seu cheiro e seu olhar são fundamentais 
para a vivência saudável nesta etapa.
Figura 10 - Amamentação
Fonte: Freepik
Psicologia da Personalidade
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 • Incorporação - vai do nascimento ao nono mês. A criança precisa 
se sentir amada pela mãe. A amamentação deve ser retirada sem 
estresse.
Figura 11 - Cuidado da mãe
Fonte: Freepik
 • Produção - vai dos 2 aos 5 anos. O pai deve estar sempre presente. 
A criança precisa de regras que não a coloquem em situação de 
humilhação ou submissão. Sem ameaça de castração. 
Figura 12 - Cuidado do pai
Fonte: Freepik
Psicologia da Personalidade
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 • Identificação - dos 5 aos 8 anos. A criança precisa aprender o que 
é certo ou errado. Precisa ter consciência da sua sexualidade, 
sem se sentir moeda de troca. Deve aprender a respeitar e ser 
respeitado.
Figura 13 - Brincadeira de criança
Fonte: Freepik
 • Estruturação da personalidade/caráter - dos 8 anos até a 
adolescência. Todos os traços de personalidade devem 
amadurecer e as consequências positivas e negativas das etapas 
anteriores devem se tornar mais evidentes.
Figura 14 - Adolescência
 
Fonte: Freepik
Psicologia da Personalidade
32
O caráter genital é o que Reich considerou como sendo não 
blindado, autorregulado, com potência orgástica. No entanto, também 
considerava que na sociedade não é possível alcançar esse caráter de 
forma integral. Entendia que, para viver em sociedade, seria necessário ter 
um caráter neurótico. No entanto, a presença de traços do caráter genital 
já seria suficiente para se viver de forma saudável. 
O caráter neurótico é consequência dos bloqueios de energia que 
a criança sofreu ao longo das etapas de formação da personalidade. 
Quando os traços do caráter neurótico são insustentáveis, então a pessoa 
pode apresentar transtornos mentais, como os descritos no DSM5.
A Psicoterapia Reichiana
É uma abordagem terapêutica que atua no tratamento de 
distúrbios psicológicos como depressão, ansiedade, fobias, dificuldade 
de relacionamento e também em problemas clínicos como dores de 
cabeça, hipertensão, asma, gastrite, etc., abordando os níveis psicológico, 
corporal e bioenergético.
A Psicoterapia Reichiana utiliza as técnicas voltadas para o trabalho 
verbal analítico e as técnicas corporais e vivenciais.
 • Respiração: técnicas de respiração que ajudam a entrar em contato 
com sentimentos e emoções que estão reprimidas para que sejam 
expressas pela pessoa.
 • Movimentos desbloqueantes e movimentos ontogenéticos: ações 
corporais voluntárias que ativam expressões afetivas e memórias 
de fases diferentes da vida.
 • Movimentos oculares e foto-estimulação: estímulo de áreas 
específicas do cérebro para que conteúdos significativos do 
inconsciente sejam acessados.
 • Aplicação de toques: massagem reichiana visa a recuperação 
da tonicidade da musculatura e dissolução de tensões. O 
trabalho nos pontos energéticos, que estão ligados a emoções e 
conteúdos psíquicos reprimidos, facilita a regularização de fluxos 
bioenergéticos.
Psicologia da Personalidade
33
 • Trabalhos de expressão sonora, movimentos dos membros, 
visualizações, alongamento, relaxamento, técnicas vivenciais 
também são usadas na Psicoterapia Reichiana.
RESUMINDO:
Vimos neste capítulo que Psicoterapia Reichiana ou 
Psicoterapia Corporal é o nome com o qual se denominam 
as várias técnicas psicoterápicas que trabalham a mente, 
por meio da análise verbal e do corpo pelas intervenções 
corporais e vivenciais.
Essa foi uma abordagem criada por Wilhelm Reich, um 
psicoterapeuta e psiquiatra austríaco, discípulo de Freud. Inicialmente 
chamada de Vegetoterapia Caractero-Analítica e depois de Orgonoterapia, 
hoje é conhecida como Psicoterapia Reichiana. 
Seus trabalhos foram, a partir das observações sobre a relação 
corpo-mente, fundamentados nos seus conhecimentos como psicanalista.  
Reich passou a analisar não apenas o conteúdo da fala, mas também a 
forma como o paciente se expressava.
Suas pesquisas proporcionaram a descoberta de que no organismo 
humano existe uma energia específica, que chamou de bioenergia ou 
orgone, que circula pelo corpo impulsionada pelas funções emocionais e 
fisiológicas. A couraça, resultante da contenção de impulsos e emoções, 
promove um bloqueio nos fluxos de energia orgônica, fazendo surgir no 
organismo regiões com deficiência de energia, ou regiões com excesso 
de energia estagnada, que predispõem ao surgimento de doenças. Os 
trabalhos corporais promovem a regularização desses fluxos de energia 
e, consequentemente, a restauração da saúde.
Descreveu a formação da personalidade a partir da vivência das 
etapas da vida da criança desde seu nascimento até a adolescência. 
Entendeu que falhas em quaisquer dessas etapas podem resultar numa 
personalidade neurótica ou psicótica.
Psicologia da Personalidade
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Conceito de Personalidade para 
Heidegger
OBJETIVO:
Ao término deste capítulo, você será capaz de entender 
como Martin Heidegger pensou o ser humano e sua 
inserção no mundo. Suas complexas teorias não versaram 
especificamente sobre o desenvolvimento da personalidade 
humana, como vimos com outros pensadores do tema, 
mas em como o homem se vê e vive as experiências da 
vida. Heidegger foi um dos mais importantes teóricos do 
Existencialismo e sua contribuição foi além do âmbito da 
ciência da Psicologia, influenciou também personalidades 
importantes das Artes, Literatura e Teologia. E então? 
Motivado para este novo enfoque da personalidade? Então 
vamos lá. Avante!.
Mais um Pouco sobre o Existencialismo
Como já discutimos anteriormente, o Existencialismo foi uma 
corrente filosófica que se popularizou na Europa, especificamente em 
Paris, depois da Segunda Guerra Mundial. 
A humanidade, abalada pelas consequências trágicas das duas 
Grandes Guerras, encontrava-se confusa, perdida e sem esperança em 
meio aos inúmeros problemas sociais e emocionais instalados no mundo. 
As questões relacionadas à existência humana não conseguiam 
ser respondidas pelo Idealismo ou pelo Positivismo, sistemas filosóficos 
presentes na sociedade da época. Assim, surge uma nova corrente 
filosófica, como uma tentativa de renovação na maneira de ver e interpretar 
as coisas, de discutir o sentido da existência. 
A consciência de si mesmo e do mundo é um dos pontos 
fundamentais do Existencialismo e alguns dos principais filósofos e 
pensadores foram: Sören Kierkegaard, Martin Heidegger, Jean-Paul Sartre, 
Karl Jaspers, Martin Biber. 
Psicologia da Personalidade
35
SAIBA MAIS:
Na Espanha, o pensamento existencialista foi representado 
por José Ortega e Miguel de Unamoni. Na Rússia por Lev 
Shestov e Nicolau Berdiaev.
A proposta do Existencialismo é analisar o homem em seu todo e 
não apenas pelos aspectos intrínsecos (mente, cognição e sentimentos) 
ou pelos aspectos extrínsecos (corpo, comportamento e ações). A 
consciência do mundo e de suas ações é peculiar à existência humana, 
uma vez que existir não pode ser classificado ou mensurado.
Figura 15 - Um dos aspectos intrínsecos do Existencialismo: a mente humana
Fonte: Freepik
Uma das características do Existencialismo é a responsabilização 
da pessoa pelas suas ações e atitudes, ou seja, nada está previamente 
determinado. Dessa forma,sem ter como transferir as responsabilidades 
Psicologia da Personalidade
36
de suas escolhas, o homem experimenta um sentimento de ansiedade, 
que o leva a refletir sobre sua existência.
Figura 16 - A escolha humana
Fonte: Freepik
Outra característica é a noção de autenticidade, que é a não 
submissão aos valores da sociedade, mas o posicionamento de um lugar 
na dinâmica social, com atitudes que reflitam a própria existência e a não 
realização somente daquilo que a sociedade espera de cada um.
IMPORTANTE:
As escolhas de uma pessoa podem fazer com que ela 
modifique seu modo de viver, em um compromisso de 
crescimento constante. 
O Existencialismo utiliza a fenomenologia quando analisa as 
experiências humanas e sua consciência sobre os acontecimentos, a 
antropologia e a interação da dimensão do homem, o que permitiu que 
outras áreas como a literatura, as artes e a teologia também a utilizassem. 
Assim, podem ser encontrados pensamentos existencialistas nas obras 
Psicologia da Personalidade
37
literárias de André Malraux, Albert Camus, Franz Kafka e Fiodor Dostoievski 
e nos escritos do teólogo Paul Tillich.
Martin Heidegger e o Existencialismo
Martin Heidegger foi considerado um dos maiores filósofos 
representantes do Existencialismo aplicando a fenomenologia, que 
considerava ser o único método possível de interpretar o estudo 
ontológico do ser. Entendia que a questão do ser não havia sido resolvida 
pelos estudos filosóficos ao longo da história porque haviam sempre sido 
estudos parciais do ser e não dele como um todo.
Ontologia é o estudo do ser, dos entes ou das coisas como são em 
si mesmas, de forma real e verdadeira.
Sua análise do ser levava em consideração que o ser não pode ser 
definido, não se deixa determinar por outra coisa nem como outra coisa. 
O ser só pode ser ele mesmo, autônomo, independente e indefinível e se 
manifesta como um ente.
SAIBA MAIS:
As definições de ser e ente trazem uma certa confusão. De 
uma maneira simples, entende-se que o ente é um modo 
de ser e é determinado pelo ser. O ente é o que se fala, é o 
que se é, é como se é. O ser é aquilo que se faz presente 
no ente, o ilumina e se manifesta nele. O ser está no ente, 
mas nada no ente revela a natureza do ser.
Para Heidegger, o homem é o guarda do ser e precisa preservar a 
dignidade do ser. Sabe que o ser dá ao ente a garantia de ser. Sem esta 
garantia, o ente permanece no nada, na falta absoluta do ser.
A existência é a totalidade das relações recíprocas da própria 
existência com o ser e também com os entes. O ente privilegiado, na visão 
de Heidegger é o homem, porque só ele existe e tem a responsabilidade 
e a tarefa de ser. Outros entes são, mas não existem. 
Psicologia da Personalidade
38
O homem é o único ente que permite o acesso ao ser, que tem 
consciência e relação singular com o seu ser, que tem a possibilidade de 
ser ou não ser ele mesmo, que tem traços fundamentais, característicos 
do seu ser e a tais traços, ele chamou de traços existenciais.
Traços Existenciais
Daisen:
O primeiro traço existencial é o ser-no-mundo (ou Daisen). O mundo 
é o tudo: círculo de afeto, de conhecimentos, de interesses, de desejos, 
de preocupações. O ser está sempre em relação com algo ou alguém. O 
homem é, portanto, um ser-no-mundo, é um-ser-em situação e sempre 
pronto para ser algo novo. Sua existência presente é voltada para o que 
pretende fazer no futuro.
Figura 17 - Círculo de afeto do ser-no-mundo
Fonte: Freepik
Psicologia da Personalidade
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Existência:
O segundo traço existencial é a existência, a natureza do homem, a 
sua essência, a característica de ser fora de si, diante de si, por seus ideais, 
planos e possibilidades. A existência é definida pela transcendência, isto 
é, a projeção para além do que se é. O homem se projeta para o futuro, 
preocupa-se com o que acontece, faz escolhas, se antecipa, supera o 
presente, transcende. A essência do homem consiste na sua existência, 
que, por sua vez, precede e determina a essência.
SAIBA MAIS:
Heidegger afirmava que o homem teria a vida autêntica ou 
inautêntica conforme se guiasse pelo primeiro ou segundo 
traço existencial. Vida inautêntica é a vida daquele que se 
deixa dominar pela situação, não tem desejo de saber, 
se submete à lei da maioria, não tem responsabilidade 
de tomar iniciativas e decisões. Vida autêntica é a vida 
daquele que assume sua vida, elabora seu plano de futuro, 
e leva em consideração todas as possibilidades, inclusive a 
possibilidade da morte, de deixar de existir aqui, de cessar.
Temporalidade:
O terceiro traço existencial é a temporalidade, a ligação do homem 
ao tempo, o estar além de si, de futuro. Temporal é o transitório, o que 
passa com o tempo, mas não é o tempo em si. A situação existencial é 
ligada à temporalidade uma vez que o homem só existe porque está 
ligado ao tempo. E existir é a possibilidade de construir o futuro.
A temporalidade une a essência com a existência, torna possível 
a unidade da existência, constrói a totalidade das estruturas do homem. 
Mais do que a soma dos momentos da vida, a temporalidade permite 
a compreensão do passado, presente e futuro. Isto é, o homem precisa 
fazer parte de algo em que já se encontra, em algo do passado e utilizar 
tudo que o cerca no presente.
Psicologia da Personalidade
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IMPORTANTE:
A temporalidade dá ao homem as possibilidades de sentir, 
entender e discorrer. Pelo sentir, comunica-se com o 
passado. Pelo entender, comunica-se com o futuro. Pelo 
discorrer e comunica-se com o presente. 
Figura 19 - Temporalidade: essência e existência
Fonte: Freepik
O homem é o único ente que consegue ter consciência entre o que 
já foi e o que será e que tem a possibilidade de recomeçar ou reconstruir 
a vida. Assim, o presente é uma mistura de retomar o passado e antecipar 
o futuro e Heidegger dizia que existir é temporalizar-se.
Morte
Outro tópico existencial discutido por Heidegger é a morte, a maior 
certeza do homem. Não é uma possibilidade distante, mas uma constante 
presente. O homem é um ente que está no mundo para a morte.
Entretanto, a experiência que o homem tem com a morte é sempre 
por meio da morte dos outros, uma vez que não tem consciência de viver 
a sua própria morte. Heidegger afirma que a morte é a única maneira do 
homem atingir a individuação, ou seja, conquistar a totalidade da vida.
Psicologia da Personalidade
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SAIBA MAIS:
O princípio da individuação é o princípio de que a morte é a 
única possibilidade para a totalidade do ser, que limita o ser 
e também lhe permite ser completo.
Figura 20 - A morte presente na vida
 
Fonte: Freepik
A Linguagem para Heidegger
A linguagem tem um papel especial na filosofia de Heidegger 
porque ele acreditava que, uma vez sendo o homem ser-em-situação, 
somente por meio da função ontológica da linguagem seria possível a 
epifania do ser. 
Psicologia da Personalidade
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Epifania: palavra de origem grega epipháneia, que significa 
aparição, posteriormente, no latim epihania, epifania. (Dicionário Online 
de Português).
A relação do ser com a linguagem ocorre de duas formas: pela 
linguagem original e pela linguagem derivada.
 • Linguagem original: exprime diretamente o ser, mostra o ser, 
revela o ser, traz o ser para a luz. É uma linguagem que não tem 
base em nenhum sinal especial, mas é a fonte fundamental para o 
aparecer das coisas, é a origem de todos os sinais.
A linguagem original tem uma densidade ontológica primordial: 
a palavra. E a palavra é o que sustenta o ser de todas as coisas. Para 
Heidegger, o falar original é a base de todo movimento do universo, é a 
relação de todas as relações. Por meio da estrutura da palavra original, 
não seria possível atribuir o mostrar e nem o operar humano.
Figura 21 - Palavra original: não tem som
Fonte: Freepik
 • Linguagem derivada: é a linguagem humana, dividida em duas 
fases – resposta e proclamação. A linguagem derivadaé o falar 
humano usado no dia a dia, é a conexão entre a linguagem original 
(que não tem som) e a linguagem humana (o som da palavra). 
Psicologia da Personalidade
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Figura 22 - O som das palavras
Fonte: Freepik
O falar humano tem dois traços: o ouvir (ou o perceber) e o 
responder, assim, ao ouvir a linguagem original, o homem responde 
pela palavra derivada. Essa resposta leva o homem ao que Heidegger 
chamou de servidão libertadora porque é ele, o homem, o encarregado 
de transmitir a palavra original (sem som) para o som da palavra.
Essência da Verdade
Um outro ponto de discussão trazido por Heidegger é o que chamou 
de essência da verdade. Ele não se preocupa com verdades (várias 
verdades) defendidas pela filosofia, pela religião, pela ciência ou pelas 
experiências da vida, mas queria se deter naquilo que fosse unicamente a 
verdade, enquanto verdade.
Dizia que verdade é a adequação do conhecimento com a 
coisa, a verdade com conformidade, a conformidade das coisas com o 
conhecimento humano. Dessa maneira, a interpretação de uma coisa 
está necessariamente na relação da essência do homem como sujeito 
portador e realizador do intelecttus (intelectos, em português).
Psicologia da Personalidade
44
DEFINIÇÃO:
Intelectos é o plural de intelecto. O mesmo que mentes, 
entendimentos, inteligências, percepções. Faculdade de 
entender (Dicionário Online de Português).
Heidegger também entendia que a verdade tem contrário, que 
seria o entendimento de não estar de acordo, e a verdade seria definida 
como a adequação do olhar do homem ao objeto, o seu modo de ver a 
natureza de uma coisa.
A verdade se torna a relação sujeito-objeto e, por isso, a essência 
da verdade é a liberdade. Essência é inerente ao que é admitido como 
conhecido. Assim, a essência é a verdade da essência, define Heidegger.
Figura 23 - A liberdade da verdade
Fonte: Freepik
Na sua obra, Heidegger se preocupou em entender, pela via 
ontológica, o Dasein e as possibilidades de transformações do ser-no-
mundo. Não houve uma preocupação direcionada para teorias dos 
modelos de formação da personalidade, mas sim o entendimento das 
Psicologia da Personalidade
45
significações de novas possibilidades para reformulação que o homem 
faz no seu próprio mundo.
RESUMINDO:
Neste capítulo, vimos como um dos mais importantes 
pensadores do Existencialismo discutiu as teorias sobre 
a existência humana. A obra do filósofo alemão Martin 
Heidegger, a verdade, impulsionou a filosofia do século 
XX porque permitiu a reflexão e discussão da existência 
humana. Ponderar e pensar sobre o sentido do ser trouxe 
à baila o pensar o homem no seu modo de ser, como 
estabelecer relações com o mundo e como conduzir sua 
vida por meio de escolhas e decisões responsáveis.
Heidegger debateu um dos temas mais difíceis para o homem: a 
morte. Impulsionou pensamentos reais de uma situação inerente à vida e 
estimulou a preparação para a vivência da única certeza do homem. Os 
estudos difíceis e complexos de Heidegger ainda são presentes e usados 
para atendimentos psicoterápicos de eficácia comprovada. O Daisen 
é o ser-no-mundo e sua possibilidade de vida autêntica está no viver a 
angústia de escolhas responsáveis e a não submissão das escolhas dos 
outros.
Psicologia da Personalidade
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A Integração entre os Conceitos da 
Psicologia da Personalidade
OBJETIVO:
Ao término deste capítulo, você será capaz de entender 
como os diversos pensadores da Psicologia e da Filosofia 
entenderam a construção da personalidade humana. 
Desde os primórdios dos tempos, filósofos começaram a 
pensar na inserção do homem no mundo e as diferentes 
formas em que eles se constituíram para conseguir 
vencer os desafios de viver de forma saudável. Faremos 
um passeio pelos conteúdos das Unidades do curso de 
Psicologia da Personalidade. E aí? Preparado para o desafio 
desta viagem? Vamos lá!.
Falando de Personalidade
Pelo senso comum, entende-se que uma personalidade é fácil 
quando uma pessoa é amável, agradável e boa companhia.
Figura 24 - Pessoa de personalidade fácil
Fonte: Freepik
Psicologia da Personalidade
47
Ou uma personalidade é difícil quando a pessoa é indiferente e 
hostil.
Figura 25 - Pessoa de personalidade difícil
Fonte: Freepik
No entanto, diferente do senso comum, a ciência define personalidade 
a partir da integração de aspectos como habilidades, atitudes, crenças, 
emoções, desejos, modos de comportamento e até os aspectos físicos, 
que, quando se englobam, conferem a singularidade da pessoa.
DEFINIÇÃO:
Personalidade: conjunto relativamente estável e 
previsível dos traços emocionais e comportamentais que 
caracterizam as pessoas em condições normais, no seu dia 
a dia, ao longo das etapas da vida (LARAIA e STUART, 2001).
O ser humano forma a sua personalidade a partir dos genes 
herdados e da forma como consegue experimentar a vida no meio em 
que vive. Não pode ser considerado exclusivamente herança genética 
porque a carga hereditária não é um monte de genes programados para 
agir de uma ou outra forma, e nem exclusivamente ambiente como se 
tudo fosse condicionado pela cultura. 
A personalidade é influenciada pelos valores, crenças e normas que 
as crianças começam a adquirir nas suas relações com as figuras de 
Psicologia da Personalidade
48
autoridade. É nessa etapa da vida que se desenvolvem os vínculos 
afetivos e de apego. 
O Desenvolvimento da Personalidade 
Descritos em Etapas
Alguns estudiosos descreveram etapas que demonstravam o 
desenvolvimento da personalidade. Freud descreve cinco etapas ou 
fases, todas acontecendo do período infantil até a adolescência.
 • Oral: etapa que vai do nascimento até o primeiro ano de vida. A zona 
erógena é a boca. O prazer é obtido na sucção da amamentação, 
no levar tudo à boca para chupar, morder objetos e comer. 
 • Anal: vai de um ano até 3 ou 4 anos de idade. A zona erógena é o 
ânus e é caracterizada com o prazer de controle dos esfíncteres. 
 • Fálica: dos 3 aos 6 ou 7 anos. A zona erógena está na descoberta 
dos órgãos sexuais (pênis ou falo nos meninos e clitóris nas 
meninas). O prazer está relacionado ao exibicionismo dos órgãos 
genitais, o interesse pelos seus órgãos genitais e pelos órgãos 
genitais de outras crianças.
SAIBA MAIS:
Essa é a fase em que os meninos e as meninas ficam 
procurando ver a diferença seus dos órgãos sexuais e os 
de outras crianças. Não há cunho sexual, mas a descoberta 
das diferenças entre eles.
 • Latência: dos 7 anos até a adolescência. Fase em que os impulsos 
sexuais ficam amortecidos, identificando uma superação temporal 
dos instintos sexuais. Não há uma área erógena específica. 
 • Genital: fase da puberdade e maturidade. Identificada pelas 
alterações físicas, psíquicas e emocionais marcantes na 
Psicologia da Personalidade
49
adolescência. A zona erógena é novamente voltada para os órgãos 
sexuais, mas dessa vez para a própria sexualidade, pelos interesses 
sexuais e de satisfação. A capacidade de expressar sexualidade 
em função dos vínculos que faz está presente. É o momento da 
organização e maturidade sexual, quando a identidade sexual é 
reafirmada.
Figura 26 - Criança na fase oral
Fonte: Freepik
Jung também descreveu etapas de desenvolvimento, mas diferente 
de Freud, não detalhou os estágios de desenvolvimento da criança. Ele 
descreveu quatro estágios gerais de desenvolvimento: infância, idade 
adulta jovem, meia-idade e velhice. Acreditava, entretanto, que a velhice 
era um estágio pouco importante porque as pessoas idosas gradualmente 
mergulham no inconsciente. Logo, a descrição é mais detalhada nos 
outros três estágios:
 • Infância: o estágio da infância é determinado por atividades 
instintuais necessárias para sua sobrevivência, com 
comportamentos consequentes às exigências parentais. 
Psicologia da Personalidade
50
 • Idade adulta jovem: nessa fase, a puberdade tem a função de 
permitir o nascimento psíquicoda personalidade. Emerge a 
sexualidade, as questões de poder ou de insegurança e o início da 
diferenciação entre o adolescente e os pais. 
 • Meia-idade: ocorre na faixa etária dos 30 anos. Nessa idade, o 
jovem adulto já formou família e tem uma profissão. Surge, então, 
a necessidade de significado, de encontrar um propósito para a 
vida, uma razão de existir. 
Erick Erickson descreve oito estágios de desenvolvimento. 
Diferentemente de Freud, não são voltados para a sexualidade e abordam 
desde a etapa infantil até a velhice. 
 • Confiança básica versus Desconfiança básica: Durante o primeiro 
ano de vida, a criança é dependente das pessoas que cuidam dela, 
requerendo cuidado quanto à alimentação, higiene, locomoção, 
aprendizado de palavras e seus significados, bem como 
estimulação para perceber que existe um mundo em movimento 
ao seu redor. O amadurecimento ocorrerá de forma equilibrada se 
a criança sentir que tem segurança e afeto, adquirindo confiança 
nas pessoas e no mundo. 
 • Autonomia versus Vergonha e dúvida: dos 2 aos 3 anos. A criança 
passa a ter controle de suas necessidades fisiológicas e responder 
por sua higiene pessoal, o que dá a ela grande autonomia, 
confiança e liberdade para tentar novas coisas sem medo de 
errar. Se, no entanto, for criticada ou ridicularizada desenvolverá 
vergonha e dúvida quanto à sua capacidade de ser autônoma, 
provocando uma volta ao estágio anterior, ou seja, a dependência. 
 • Iniciativa versus Culpa: dos 4 aos 5 anos. A criança passa a perceber 
as diferenças sexuais, os papéis desempenhados por mulheres e 
homens na sua cultura (conflito edipiano para Freud), entendendo 
de forma diferente o mundo que a cerca. Se a sua curiosidade 
“sexual” e intelectual, natural, for reprimida e castigada poderá 
desenvolver sentimento de culpa e diminuir sua iniciativa de 
explorar novas situações ou de buscar novos conhecimentos.
Psicologia da Personalidade
51
 • Construtividade versus Inferioridade: dos 6 aos 11 anos. A criança 
está sendo alfabetizada e frequentando a escola, o que propicia o 
convívio com pessoas que não são seus familiares, e que exigirá 
maior sociabilização, trabalho em conjunto, cooperatividade, e 
outras habilidades necessárias. Caso tenha dificuldades, o próprio 
grupo irá criticá-la, passando a viver a inferioridade em vez da 
construtividade. 
 • Identidade versus Confusão de identidade: dos 12 aos 15 anos. 
O quinto estágio ganha contornos diferentes devido à crise 
psicossocial que nele acontece, ou seja, identidade versus 
confusão. Nesse contexto, o termo crise não tem uma acepção 
dramática, por  tratar-se de algo pontual e localizado com polos 
positivos e negativos.
 • Intimidade versus Isolamento: dos 18 aos 35 anos. Nesse 
momento, o interesse, além de profissional, gravita em torno 
da construção de relações profundas e duradouras, podendo 
vivenciar momentos de grande intimidade e entrega afetiva. Caso 
ocorra uma decepção, a tendência será o isolamento temporário 
ou duradouro. 
 • Produtividade versus Estagnação: dos 35 aos 60 anos. Pode 
aparecer uma dedicação à sociedade à sua volta e realização de 
valiosas contribuições, ou grande preocupação com o conforto 
físico e material. 
 • Integridade versus Desespero: 60 anos em diante. Se o 
envelhecimento ocorre com sentimento de produtividade e 
valorização do que foi vivido, sem arrependimentos e lamentações 
sobre oportunidades perdidas ou erros cometidos haverá 
integridade e ganhos. Do contrário, um sentimento de tempo 
perdido e a impossibilidade de começar de novo trará tristeza e 
desesperança.
Psicologia da Personalidade
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Conceitos de Desenvolvimento da 
Personalidade
Skinner não descreveu etapas de desenvolvimento da 
personalidade, mas defendeu conceitos importantes para o entendimento 
do funcionamento da personalidade humana.
Ele partiu de experimentos de John Watson e Ivan Pavlov e 
suas teorias do condicionamento clássico, para descrever o que 
chamou de condicionamento operante. Vamos recordar a definição de 
condicionamento clássico, descrito por Pavlov depois de seus estudos 
com cachorros.
DEFINIÇÃO:
Condicionamento clássico é um procedimento em que um 
reflexo inato é induzido a um animal ou uma pessoa para 
demonstrar que a mente pode ser medida, observada ou 
modificada pelo comportamento..
Diferente de Pavlov, Skinner acreditava na relação entre as respostas 
dos organismos e o ambiente e entendia que era um comportamento 
diferente do comportamento clássico porque percebeu um estímulo, 
propiciando, assim, uma resposta. A essa resposta deu o nome de 
comportamento operante.
Percebeu ainda uma outra característica do comportamento 
operante: a resposta ao estímulo gerava uma consequência e tinha a 
possibilidade de acontecer novamente em um contexto semelhante. 
Por isso, acrescentou conceitos do princípio do reforço e o conceito de 
recompensa no comportamento operante. Descreveu ainda as condições 
exatas que proporcionam aprendizagem eficiente e duradoura. Vejamos 
as definições de reforço e punição:
Vale destacar que reforço é todo e qualquer evento que aumenta a 
frequência do comportamento. Um estímulo aumenta a probabilidade de 
Psicologia da Personalidade
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ocorrência de um comportamento anterior. Um reforço pode ser positivo 
e negativo.
Reforço positivo: é oferecido o estímulo depois da ação e esse 
estímulo apresentado fortalece a apresentação do comportamento. A 
frequência do comportamento aumenta por ser seguido de um estímulo 
recompensador. Há a adição de um estímulo. Isto é, o reforço positivo 
é um elemento que tem a função de prêmio, em geral, satisfaz alguma 
necessidade ou gera uma resposta agradável.
EXEMPLO: 
Uma escola decide dar folga aos sábados se todos os professores 
completarem o diário de classe até a sexta-feira. Todos vão trabalhar mais 
intensamente para ter a recompensa da retirada do sábado de trabalho.
Reforço negativo: reduz-se ou remove-se o estímulo após a ação 
e essa retirada de estímulo fortalece a apresentação do comportamento. 
A frequência do comportamento aumenta por ser seguido da eliminação, 
remoção de um estímulo desagradável.
EXEMPLO: 
Uma criança que não gosta de escovar os dentes, passa a fazer com 
mais frequência para evitar a bronca da mãe. Ela aumenta a frequência da 
escovação para não ter que ouvir a mãe reclamar.
Figura 28 - Reforço negativo
Fonte: Freepik
Psicologia da Personalidade
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Um outro conceito presente nos estudos do condicionamento operante 
e que causa confusão para o entendimento, é o conceito de punição. 
DEFINIÇÃO:
Punição: todo estímulo que reduz a frequência de uma 
resposta por meio da apresentação de um estímulo 
desagradável ou da retirada de um estímulo agradável. A 
punição pode ser positiva ou negativa.
Punição positiva: é oferecido oferece o estímulo depois da ação e 
esse estímulo apresentado diminui a frequência do comportamento. 
A criança usa o boné preferido na escola e o professor chama a 
atenção porque está fora do padrão de uniforme. A criança para de usar o 
boné durante a aula.
Figura 29 - Punição positiva
Fonte: Freeimagens
Punição negativa: reduz-se ou remove-se o estímulo após a ação e 
essa retirada de estímulo diminui a frequência do comportamento.
Psicologia da Personalidade
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EXEMPLO: 
Se a criança bater no irmão, deixa de ver TV por 2 dias. Ela deixa de 
bater no irmão para voltar a ver televisão.
Figura 30 - Punição negativa
Fonte: Freepik
Ele também usou o conceito de modelagem, um procedimento 
com uso de reforços que orientavam ações para o comportamento 
desejado e a extinção, isto é, a retirada da recompensa para eliminar ou 
enfraquecer um comportamento. 
Skinner queria entender o desenvolvimento da personalidade 
pelas interações das pessoas (com suas cargas e forças genéticas) com o 
ambiente (cultura, classe social, família). A genética determina a amplitude 
do desenvolvimentode uma pessoa e o ambiente favorece e determina o 
resultado específico referente a essa amplitude.
Psicologia da Personalidade
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Figura 31 - Comportamento em casa
Fonte: Freepik
Assim, Skinner acreditava que os comportamentos que uma 
pessoa aprende e adquire em casa formam uma personalidade e os 
comportamentos que ele aprende para o trabalho formaria uma outra 
personalidade, que, atuando juntas, se manifestam conforme o que o 
meio em que está exige.
Figura 32 - Comportamento no trabalho
Fonte: Freepik
Psicologia da Personalidade
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Aaron Beck foi outro pesquisador que não descreveu etapas de 
desenvolvimento da personalidade. Ele definiu e explicou a formação 
da personalidade pelo pressuposto que a história evolutiva da pessoa 
influencia no desenvolvimento dos padrões de pensamento, sentimento 
e comportamento. 
Isso significa que, como outros autores, ele entende que a 
personalidade é o resultado da interação das disposições genéticas e das 
experiências da vida.
A partir da base teórica da terapia cognitivo comportamental, Beck 
entende que os esquemas, funcionais ou disfuncionais, são elementos 
básicos da personalidade. A personalidade pode então, ser entendida 
como um conjunto de esquemas individuais que são determinantes para 
o funcionamento dos sistemas motivacionais, cognitivos e emocionais na 
relação com os contextos ambientais, sociais e biológicos.
Os traços ou padrões da personalidade seriam organizações dos 
esquemas, onde estão as crenças e a função de manter a estabilidade 
dos sistemas cognitivos. Dessa forma, padrões de personalidade como 
dependente, extrovertido, tímido, agressivo, etc. seriam a maneira como 
os processos esquemáticos estão organizados (BARROS, 2010).
IMPORTANTE:
É importante ressaltar que Beck entendia cada pessoa 
como possuidora de um perfil de personalidade único, com 
possibilidades de responder a uma situação específica de 
uma maneira cognitiva, afetiva e comportamental peculiar 
a ela.
A teoria da personalidade, na visão da terapia cognitiva, é 
caracterizada pela maneira como as informações de um ambiente 
provocam respostas cognitivas, afetivas, motivacionais e comportamentais 
nas pessoas.
Psicologia da Personalidade
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Figura 33- Esquema de comportamento
Fonte: Elaborado pela autora (2021).
A percepção, a interpretação e o entendimento do significado 
dado por uma pessoa a uma situação provoca uma resposta que pode, 
ou não, ser adaptativa. Isso está ligado às suas crenças e esquemas de 
crenças construídas pelas experiências da vida, que proporcionaram o 
desenvolvimento da personalidade.
RESUMINDO:
Neste capítulo, revimos os principais conceitos de formação 
da personalidade humana. Os demais autores estudados 
descreveram teorias psicológicas trazendo novas vertentes 
de inserção do homem na sociedade, a partir da formação 
de suas personalidades e das disfuncionalidades de alguns 
comportamentos.
Estudamos que tanto os fatores genéticos como os fatores 
ambientais atuam conjuntamente como formadores da personalidade 
desde a infância até a idade adulta. A preocupação com o comportamento 
humano decorrente da sua personalidade sempre foi objeto de estudo 
desde a época dos filósofos até os dias atuais, quando a neurociência 
também se debruça nesse estudo.
Personalidade sempre é um assunto atual. Para o psicólogo, 
saber identificar os tipos de personalidade, as disfuncionalidades da 
Psicologia da Personalidade
59
personalidade e saber ajudar as pessoas que precisam de tratamento, é 
fundamental para a prática profissional. 
Com o fim deste capítulo, fechamos o conteúdo do curso de 
Psicologia da Personalidade e esperamos que vocês tenham aproveitado 
bastante todos os assuntos debatidos aqui. Desejamos sucesso na carreira 
acadêmica e profissional de todos vocês!
Psicologia da Personalidade
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REFERÊNCIAS
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comportamental. Revista Psique, ano V, n. 59, pp. 30-4. São Paulo: Escala, 
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BRAGA, T.B.M. & FARINHA, M.G. Heidegger: em busca de sentido 
para a existência humana. Rev. abordagem gestáltica. Goiânia, v. 23, n. 
1,  p. 65-73,  abr.  2017.   Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.
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Acesso em: 08 ago 2021.
DINIZ, M.L.N. e RODRIGUES, W.S. Uma breve revisão histórica sobre 
o estudo da personalidade. In: Neuropsicologia da Personalidade. 
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FILHO, D.G.N. Neurobiologia da Personalidade. Temas e Prática do 
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HALL, C. S., LINDZEY, G., CAMPBELL, J. B. Teorias da Personalidade. 
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JANSEN, M.R. & HOLANDA, A. Elementos para uma psicologia no 
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LARAIA, M. T. e STUART, G., W. Enfermagem Psiquiátrica: princípios 
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PERVIN, L. A. e JONH, O. P. Personalidade: teoria e pesquisa. 8 ed. 
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ROCHA, N. Q. A teoria da personalidade na teoria cognitiva de 
Aaron Beck. Dissertação de Pós-graduação. Juiz de Fora, 2013.
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ROEHE, M.V. A Psicologia Heideggeriana. Universidade Federal do 
Rio Grande do Norte Natal, RN, Brasil PSICO Ψ v. 43, n. 1, pp. 14-21, jan./mar. 
2012.
STERNBERG, R. J. & STERNBERG, K. Psicologia Cognitiva. 7 ed. São 
Paulo: Cengage Learning, 2016.
WELLAUSEN, R. S., & OLIVEIRA, S. E. S. Psicodiagnóstico e as 
patologias da personalidade. In C. S Hutz, D. R. Bandeira, C. M. Trentini & J. 
F. Krug. (orgs.), Psicodiagnóstico (pp. 274-305). Porto Alegre: Artmed,2016.
Psicologia da Personalidade
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