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O dilema do sofrimento humano (Terapia de Aceitação e Compromisso - Cap 1)

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O dilema do sofrimento humano
Não há nada de externo que garanta ausência de
sofrimento.
↪ A presença de coisas que tipicamente usamos
para medir o sucesso externo pode não ser
suficiente.
O sofrimento psicológico é uma característica
básica da vida humana.
↪ As estatísticas de transtornos mentais, e a
quantidade de pessoas que apresentam outros
sofrimentos e/ou dificuldades emocionais/de
relacionamentos/no trabalho mostram isso.
Os seres humanos infligem sofrimento uns aos
outros continuamente.
↪ Preconceito, discriminação, estigma.
NORMALIDADE SAUDÁVEL: O PRESSUPOSTO
SUBJACENTE DO MAINSTREAM PSICOLÓGICO
Biomedicalização da vida humana:
→ Pensamentos, sentimentos, lembranças ou
sensações físicas penosas passaram a ser vistos
predominantemente como “sintomas”. Tê-los em
determinado número e tipo significa a presença de
alguma anormalidade ou doença.
→ Com frequência, os rótulos ocultam o papel
significativo que o comportamento e o ambiente
social desempenham na determinação da saúde
física e mental das pessoas.
Nesse contexto, a felicidade seria o estado de
homeostase natural da existência humana, que pode
ser perturbado por emoções, pensamentos,
lembranças, eventos históricos ou estados do
cérebro.
↪ Processos anormais estariam na raiz dos
transtornos mentais.
O MITO DA DOENÇA PSIQUIÁTRICA
Nenhuma das síndromes mais comuns de saúde
mental, até o momento, satisfaz sequer os critérios
mais básicos para ser legitimamente considerada
com um estado patológico.
As taxas de “comorbidade” entre os transtornos são
muito altas, o que tem mais a ver com um sistema
diagnóstico deficiente do que com a caracterização
de uma verdadeira “comorbidade”.
Os mesmos tratamentos funcionam com muitas
síndromes, comprometendo o principal propósito
funcional do diagnóstico, que é aumentar a eficácia
das decisões de tratamento.
O sistema diagnóstico atual descarta formas
importantes de sofrimento psicológico e, por vezes,
patologiza processos normais na vida.
Focar na síndrome, fez com que fossem
desenvolvidas abordagens de tratamento que tem
como ênfase a redução dos sintomas, minimizando
os marcadores funcionais e positivos de saúde
mental.
↪ Reduções na frequência e na gravidade dos
sintomas se relacionam apenas moderadamente à
PSICÓLOGA CONCURSEIRA
melhora no funcionamento social ou a medidas mais
amplas da qualidade de vida.
Críticas acerca do sistema diagnóstico atual:
→ A academia mostra-se muito mais preocupada
com a forma dos problemas de saúde mental do que
com as funções que tais comportamentos exercem
na vida das pessoas.
→ Há uma aparente desconexão entre o
tratamento de um transtorno clínico particular e as
influências sociais, culturais e contextuais que dão
significado aos sintomas.
A PERSPECTIVA DA TERAPIA DE ACEITAÇÃO E
COMPROMISSO
O sofrimento humano deriva, de forma
predominante, de processos psicológicos normais,
especialmente aqueles que envolvem a linguagem
humana.
⤷ O que não significa que não existem processos
anormais (ex: lesão cerebral que gera alterações de
comportamento).
O modelo subjacente à ACT sustenta que, mesmo
em face de doenças mentais graves, os processos
comuns incorporados na linguagem e no
pensamento podem aumentar as dificuldades
centrais associadas a essas condições.
NORMALIDADE DESTRUTIVA
Pressuposto da normalidade destrutiva: processos
psicológicos humanos comuns e até mesmo úteis
podem conduzir a resultados destrutivos e
disfuncionais, amplificando ou exacerbando
quaisquer condições fisiológicas e psicológicas
anormais que possam existir.
A universalidade do sofrimento sugere que ele se
origina dentro de processos que se
desenvolveram para promover a adaptabilidade
do organismo humano.
OS EFEITOS POSITIVOS E NEGATIVOS DA
LINGUAGEM HUMANA
Para a ACT, a linguagem humana dá origem às
realizações humanas e também ao sofrimento
humano.
⤷ Linguagem: atividade simbólica em qualquer
forma que ocorra - gestos, figuras, formas escritas,
sons etc.
O DESAFIO DA DOR PSICOLÓGICA PARA CRIATURAS
COM LINGUAGEM
Humanos possuem a capacidade de se engajar em
atividades simbólicas. Eles podem:
● suportar eventos aversivos;
● criar semelhanças e diferenças entre os
eventos;
● formar relações entre eventos históricos e
eventos atuais com base nas semelhanças
construídas;
● fazer previsões sobre situações que ainda
não foram experimentadas;
PSICÓLOGA CONCURSEIRA
● responder como se um evento aversivo
estivesse presente quando já foi retirado
há longo tempo.
As funções indiretas da linguagem e da cognição
superior criam o potencial para sofrimento
psicológico na ausência de pistas ambientais
imediatas.
Quando aprendemos a nos voltar para o interior,
nossas habilidades verbais e cognitivas (nossas
“mentes”) começam a nos alertar a respeito de
estados psicológicos passados e futuros em vez de
apenas sobre ameaças externas.
⤷ O sofrimento humano envolve
predominantemente a má aplicação de processos
psicológicos de solução de problemas a casos
normais de dor psicológica.
A dor é algo inevitável e, devido às nossas
inclinações simbólicas, rapidamente nos lembramos
dela e somos capazes de trazê-la para a consciência
em determinado momento.
FUSÃO COGNITIVA
Ao acreditarem fortemente nos conteúdos literais
de sua mente, as pessoas ficam fusionadas com
suas cognições, o que gera sofrimento. Nesse
estado, não há distinção entre consciência e
narrativas cognitivas.
⤷ Maior probabilidade de seguir sem ressalvas as
instruções socialmente transmitidas por meio da
linguagem ↝ Pode fazer com que as pessoas se
engajem repetidamente em estratégias ineficazes
porque para elas parecem corretas ou justas apesar
das consequências negativas no mundo real.
ESQUIVA EXPERIENCIAL
É uma consequência imediata da fusão com
instruções mentais que encorajam a supressão, o
controle ou a eliminação de experiências cuja
expectativa é a de que sejam estressantes.
Paradoxo: a tentativa de evitar, suprimir ou eliminar
as experiências privadas indesejáveis
frequentemente leva a um recrudescimento na
frequência e na intensidade das experiências a
serem evitadas.
Resultados da esquiva:
● vida restrita;
● situações evitadas se multiplicam e se
deterioram;
● pensamentos e sentimentos evitados se
tornam preponderantes e
● capacidade de estar no momento presente
e desfrutar a vida diminui gradualmente.
IMPACTOS DA FUSÃO COGNITIVA E DA ESQUIVA
EXPERIENCIAL
→ Afetam significativamente quem as pessoas
pensam que são.
⤷ Elas ficam cada vez mais enredadas em suas
auto-histórias, e as ameaças às suas
auto-concepções se tornam centrais. Tudo aquilo
que difere de sua narrativa oficial deve ser evitado
ou negado.
PSICÓLOGA CONCURSEIRA
→ Afetam a habilidade do indivíduo de prestar
atenção de modo flexível e voluntário ao que está
acontecendo interna e externamente.
⤷ Observar os eventos que poderiam contradizer
uma história muito fusionada significa se afastar
dessa história por um momento.
→ Afetam o senso de direção na vida e o
comportamento guiado por objetivos.
⤷ O comportamento fica mais dominado pela
esquiva e pelo escape do que pela atração natural
⤷ Escolhas vitais mais importantes se baseiam em
como evitar a evocação de conteúdo pessoal
angustiante, e não em seguir na direção daquilo que
é profundamente valorizado.
ACT: ACEITAR, ESCOLHER, AGIR
É psicologicamente saudável ter sentimentos
desagradáveis, além dos prazerosos.
Alternativa à fusão: desfusão.
⤷ Aprender a estar conscientemente atento ao
próprio pensamento quando ele ocorre.
Alternativa à esquiva experiencial: aceitação.
⤷ Envolve o processo ativo de se engajar e algumas
vezes aumentar a complexidade das próprias
reações emocionais como um meio de fomentar a
abertura psicológica, a aprendizagem e a compaixão
por si mesmo e pelos outros.
A esquiva complica a busca bem-sucedida por um
valor vital, pois as áreas em que podemos ser mais
magoados são justamente aquelas com as quais nos
importamos mais. Porém, no contexto de maior
flexibilidade psicológica, a dor que é inerente a
situações difíceis pode ser aceita pelo que elaé, e
podemos aprender com ela. Assim, a atenção e o
foco podem se voltar para comportamentos de
melhoria de vida.
REFERÊNCIA
HAYES, S. C.; STROSAHL, K. D.; WILSON, K. G.
Terapia de aceitação e compromisso: o processo e a
prática da mudança consciente. 2. ed. Porto Alegre:
Artmed, 2021
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