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Higiene do Trabalho III

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HIGIENE DO TRABALHO III 
 
 
 
 
 
 
 
Brasília-DF. 
 
 
 
 2 
 
Elaboração 
Elaborador: Paulo Rogério Albuquerque de Oliveira 
Produção 
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração 
 
 
 
 
 
 
Email do elaborador: prao@unb.br 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Todos os direitos reservados. 
 
W Educacional Editora e Cursos Ltda. 
Av. L2 Sul Quadra 603 Conjunto C 
CEP 70200-630 
Brasília-DF 
Tel.: (61) 3218-8314 – Fax: (61) 3218-8320 
www.ceteb.com.br 
equipe@ceteb.com.br editora@WEducacional.com.br 
 
mailto:editora@WEducacional.com.br
 3 
 
SUMÁRIO 
SUMÁRIO ............................................................................................................................................... 3 
UNIDADE I - FUNDAMENTOS BIOLÓGICOS ............................................................................................... 6 
1.1 RISCOS BIOLÓGICOS NO LOCAL DE TRABALHO ............................................................................................ 6 
1.1.1 MICROORGANISMOS ................................................................................................................................... 9 
1.1.2 AMBIENTES DE TRABALHO COM RISCOS BIOLÓGICOS ....................................................................................... 11 
1.1.3 COBRAS ................................................................................................................................................... 13 
1.2 CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS DA PICADA DE COBRA ..................................................................................... 14 
1.2.1 TIPOS DE MORDIDA ................................................................................................................................... 15 
1.2.2 OFTALMIA VENENOSA CAUSADA POR ELÁPIDOS "CUSPIDORES" ......................................................................... 16 
1.2.3 SAURIA ( LAGARTOS ) ................................................................................................................................. 18 
1.2.4 ANIMAIS AQUÁTICOS ................................................................................................................................. 21 
1.3 ANIMAIS TERRESTRES VENENOSOS ....................................................................................................... 26 
1.3.1 ARACNÍDEOS (ARANHAS-ARANEA) ............................................................................................................... 26 
1.3.2 ESCORPIÕES ( ESCORPIÓNIDOS ) .................................................................................................................. 26 
1.3.3 ARANHAS DO DESERTO (SOLPÚGIDAS) .......................................................................................................... 27 
1.3.4 PERCEVEJOS E CARRAPATOS (ACORINAS) ....................................................................................................... 27 
1.3.5 CENTOPÉIAS (QUILÓPODOS) ....................................................................................................................... 28 
1.3.6 INSETOS (HEXÁPODOS) .............................................................................................................................. 28 
UNIDADE II - AVALIAÇÃO DA EXPOSIÇÃO .............................................................................................. 30 
1.4 A AVALIAÇÃO DA EXPOSIÇÃO NO LOCAL DE TRABALHO ............................................................................... 30 
1.4.1 INDICADOR BIOLÓGICO DE EXPOSIÇÃO (BIOMARCADORES) ............................................................................... 31 
1.4.2 VIGILÂNCIA AMBIENTAL E BIOLÓGICA ........................................................................................................... 32 
1.4.3 VIGILÂNCIA MÉDICA .................................................................................................................................. 34 
1.4.4 VIGILÂNCIA A SAÚDE .................................................................................................................................. 34 
UNIDADE III - CONTROLE DE EXPOSIÇÃO ............................................................................................... 41 
1.5 CONTROLE DE EXPOSIÇÃO E PREDIÇÃO DA DOSE ....................................................................................... 41 
1.5.1 CONTROLE BIOLÓGICO E BIOMARCADORES DE EXPOSIÇÃO ................................................................................ 43 
1.5.2 ANÁLISE DO MARCO TEMPORAL .................................................................................................................. 45 
1.5.3 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................................................. 46 
 4 
 
PARA (NÃO) FINALIZAR ........................................................................................................................ 50 
REFERÊNCIAS ....................................................................................................................................... 51 
SIGLÁRIO.............................................................................................................................................. 56 
ANEXO - PRINCIPAIS SITES DA WEB NA ÁREA DE HIGIENE ...................................................................... 67 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
Figura 1: Evolução das alterações clínicas e subclínicas ............................................................................................. 36 
Figura 2: Esquema representando a transferência do agente químico até os sítios de ação ...................................... 37 
Figura 3: modelo básico do fluxo exposição-resposta................................................................................................ 39 
 
LISTA DE AMBIENTAÇÃO 
Ambientação 1: Glossário e Resumo ......................................................................................................................... 33 
Ambientação 2: Sintetizando controle biológico e avaliação ambiental .................................................................... 40 
Ambientação 3:Reflexão – Lei de Haber: questionamento cientifico sobre o TWA .................................................... 42 
Ambientação 4:Praticando quais normas brasileiras consideram o TWA .................................................................. 43 
Ambientação 5: Provocação – biomarcadores definidos pelo Quadro I da NR07 ....................................................... 47 
Ambientação 6: Reflexão – Controles ambiental (exposição) e biológico (biomarcador)........................................... 48 
Ambientação 7: Praticando - Defina parâmetros para controle biológico com base no Quadro I da NR-07 ............... 49 
 
 5 
 
INTRODUÇÃO 
Bem-vindo à disciplina Higiene do Trabalho – HT (parte III). Este é o nosso Caderno de Estudos, 
material básico aos conhecimentos exigidos da Engenharia de Segurança do Trabalho - EST. Esta 
disciplina, por conta do peso programático, foi dividida em Higiene do Trabalho HT I, HT II e HT III, 
com 50h-a cada. 
 
Como visto HT I introduziu a matéria no contexto da EST com definições básicas, gestão dos 
fatores de risco do meio ambiente do trabalho enfocando os fenômenos físicos; HT II voltada aos 
fatores químicos, estratégias de amostragem, fundamentos ambientais e biológicos, limites de 
tolerância e intervenção ambiental, agora veremos em HT III os fatores biológicos e seus 
desdobramentos para saúde do trabalhador. 
 
Objetivos 
 
 Entender as definições básicas da EST. 
 Abordar criticamente inserção da Higiene do Trabalho. 
 Possibilitar ao EST classificar e identificar perigo, risco e fator de risco ambiental. 
 Entender a relação entre higiene do trabalho, avaliação e gestãode riscos. 
 Compreender as estratégias de amostragem relacionadas ao controle ambiental e 
biológico. 
 Compreender fundamentos básicos biológicos relacionados ao meio ambiente do trabalho. 
 Apropriar-se dos mecanismos de controle para intervação ambiental 
 
Os conteúdos foram organizados em unidades de estudo, subdivididas em capítulos. As chamadas 
de ambientação, mediante ícones - reflexão, síntese, leitura complementar e provocação - 
servirão de recursos de aprendizagem. Especial atenção aos ícones “praticando”, pois farão parte 
das atividades avaliativas do curso. 
 
Desejamos a você um trabalho proveitoso sobre os temas abordados nesta disciplina! Lembre-se 
de que, apesar de distantes, estamos muito próximos. 
 
 6 
 
UNIDADE I - FUNDAMENTOS BIOLÓGICOS 
 
 Riscos Biológicos no local de trabalho 1.1
A avaliação dos riscos biológicos no local de trabalho tem se concentrado até agora sobre os 
agricultores, trabalhadores de saneamento e pessoal de laboratório, os quais apresentam um risco 
significativo de efeitos adversos à saúde. A coleção de riscos biológicos detalhado por Dutkiewicz 
et al . (1988 ) mostra que os trabalhadores em muitas outras profissões também são expostos 
(Tabela 1). Dutkiewicz et ai. (1988) realizaram uma classificação taxonômica de microrganismos e 
plantas (Tabela 2) , bem como os animais (Tabela 3) , que podem representar um perigo biológico 
no local de trabalho 
 
Tabela 1 • Ambientes de trabalho com exposição potencial dos trabalhadores aos agentes biológicos. 
Indústria Exemplos 
Agricultura Cultivo e Colheita 
Pecuária 
Silvicultura 
Pesca 
Produtos Agrícolas Matadouros, fábricas de embalagens de alimentos 
 
Armazenamento: silos de grãos, rapé e outros processamentos 
 
Processamento de pelo e couro de animais 
 
Fábricas têxteis 
 
Carpintaria: serrarias, fábricas de papel, cortiça. 
Cuidado com os animais de laboratorio 
Assistência a saúde Cuidados de Pacientes: Médicos, dentários 
 7 
 
Produtos farmacêuticos e de origem 
vegetal 
 
Cuidados Pessoais Cabelereiro e podologia 
Laboratórios Clínicos e de Pesquisa 
Biotecnologia Centros de produção 
Centros Ambulatoriais 
Manutenção Predial Edifícios "doentes" 
Tratamento de esgotos resíduos e 
fertilizantes 
Sistemas industriais para tratamento de 
resíduos. 
Fonte: Dutkiewicz et ai, 1988.. 
 
Tabela 2 • Os vírus, bactérias, fungos e plantas: riscos biológicos conhecidos no local de trabalho 
 
Infecção Infecção 
zoonosis¹ 
Resposta 
Alérgica 
Toxina 
Inalável 
Toxina Cancerígeno 
 
Vírus x x 
Bactérias 
Rickettsia x 
Clamidias x 
Espiroquetas x 
Bactérias gram-
negativas 
x x x x(e)² 
Cocos Gram-
positivos 
 x x 
Bacilos 
Formadores de 
Esporas 
 x x x 
Bacilos gram-
positivos sem 
esporas e 
 x x 
 8 
 
corinebactérias 
Microbactérias x x 
Actinomicetos x 
Cogumelos 
Mohos x x x(m)³ x 
Dermatofitos x x x 
Fungos geofílicos 
semelhante a 
levedura 
x x 
Leveduras 
endógenas 
x 
Parasitas do Trigo x 
Cogumelos x 
Outras plantas 
Inferiores 
 
Líquenes x 
Hepáticas x 
Samambaias x 
Plantas Superiores 
Pólen x 
Óleos Voláteis x x 
Em pó x x x 
 
¹infecção zoonoses: a infecção normalmente transmitida por animais vertebrados (zoonoses). 
²(e)Endotoxina 
³(m)Micotoxina 
Fonte: Dutkiewicz et ai. 1988. 
 
Tabela 3 • Animais com grande risco profissional. 
 
Infecção Infecção¹ 
zoonosis 
Resposta 
Alérgica 
Toxina Vector² 
 
Invertebrados não artrópodes 
Protozoários x x 
Esponjas x 
 9 
 
Celentéreos x 
Platelmintos x x 
Lombrigas x x x 
Briozoários x 
Tunicados x 
Artrópodes 
Crustáceos x 
Aracnídeos 
 Aranhas x(B)³ 
 Percevejos x x x(B) x 
 Carrapatos x(B) x 
Insetos 
 Baratas x 
 Besouros x 
 Traças x x 
 Moscas x(B) x 
 Abelhas x x(B) 
Vertebrados 
Peixes x x(B) 
Anfíbios x 
Répteis x(B) 
Aves x 
Mamíferos x 
 
¹infecção zoonoses: a infecção normalmente transmitida por animais vertebrados 
(zoonoses).. 
² Vírus vetor, bactérias ou parasitas patogênicos. 
³ Os toxicos B produzem a toxina do veneno transmitida por mordida ou picada. 
Fonte: Dutkiewicz et ai. 1988. 
 
 Microorganismos 1.1.1
Os microorganismos são um grupo grande e diversificado de organismos que existem como 
células, isoladas ou agrupadas ( Brock e Madigan, 1988). Neste aspecto, as células microbianas se 
 10 
 
diferenciam das células dos animais e das plantas, uma vez que eles são incapazes de viver 
sozinhos na natureza e apenas podem existir como parte de organismos pluricelulares. 
São poucas as regiões do nosso planeta que tem falta de vida microbiana, pois os microrganismos 
têm uma incrível gama de capacidades metabólicas e energia que lhes permitem sobreviver em 
condições letais para outras formas de vida. As quatro classes principais de microrganismos que 
podem interagir com os seres humanos são bactérias, fungos, vírus e protozoários. Representam 
um perigo para os trabalhadores por sua ampla distribuição no ambiente de trabalho. Os 
microrganismos mais importantes em termos de riscos profissionais estão relacionados nas 
Tabelas 2 e 3. Existem três fontes principais de tais micróbios: 
i. aqueles que aparecem como resultado da decomposição biológica de substratos 
associados a determinadas profissões (por exemplo, terra de feno pode causar 
pneumonite de hipersensibilidade ); 
ii. aqueles que estão associados com certos tipos de habitats (por exemplo, bactérias nas 
redes de abastecimento de água ); 
iii. aqueles que procedem de indivíduos que hospedam um patógeno (por exemplo, 
tuberculose). 
 
O ar do ambiente pode ser contaminado ou transportar níveis significativos de microrganismos 
potencialmente nocivos (Burrell 1991). Os edifícios modernos, especialmente aqueles projetados 
para fins comerciais e administrativos, são um nicho ecológico único, com um ambiente, fauna e 
flora próprios (Sterling y cols. 1991). 
 
A água é um importante veículo para a transmissão de infecções intestinais. Através do contato 
com a água, seja por razões profissionais ou de lazer, mesmo terapêutico, é possivel obter um 
número de patógenos ( Pitlik y cols. 1987). A natureza das doenças não-entéricas transmitidas 
através da água, muitas vezes depende da ecologia de patógenos aquáticos. 
 
Existem dois tipos básicos de infecções: infecções superficiais, que afetam as membranas 
mucosas e as áreas de pele previamente danificadas, e infecções sistêmicas, que muitas vezes são 
infecções graves que podem ocorrer quando o sistema imunitário está fragilizado. 
 
Uma variedade de organismos aquáticos, incluindo os vírus, bactérias, fungos, algas e parasitas 
podem invadir o hospedeiro através do trato intestinal, tal como a conjuntiva, mucosa 
respiratória, a pele e os órgãos genitais. 
 11 
 
 
Embora a propagação zoonótica de doenças infecciosas continue a ocorrer em animais de 
laboratório usados para investigação biomédica, o número de focos foi reduzido devido à adoção 
de procedimentos veterinários e de produção animal mais rigoroso, o uso de animais criados para 
fins comerciais e instituição de programas adequados para proteger a saúde do pessoal (Fox e 
Lipman, 1991). 
 
Também é importante para prevenir doenças zoonóticas de pessoal, que os animais tenham 
modernas instalações estando devidamente protegidos para evitar a entrada de pragas e vetores 
biológicos. No entanto, nesses lugares podem ser encontrados agentes zoonóticos conhecidos, 
microorganismos recém-descobertas ou novas espécies de animais até então desconhecidos como 
portadores de microorganismos zoonóticos,e ainda há a possibilidade de transmissão de doenças 
infecciosas de animais para humanos. 
 
O Diálogo ativo entre veterinários e médicos sobre o risco de doenças zoonóticas, espécies 
animais envolvidos e métodos de diagnóstico são essenciais para o sucesso de qualquer programa 
de prevenção. 
 
 Ambientes de trabalho com riscos biológicos 1.1.2
 
Os trabalhadores dos serviços de saúde, médicos e laboratoriais e outros, bem como profissões 
relacionadas com tais atividades estão expostos à infecção por microorganismos se não adotarem 
as medidas preventivas adequadas. Entre os muitos riscos biológicos para os trabalhadores 
expostos em hospitais são o vírus da imunodeficiência humana (HIV), a hepatite B, a herpes, a 
rubéola e a tuberculose (Hewitt , 1993). 
 
O trabalho no setor agrícola está associado a uma ampla variedade de riscos ocupacionais. A 
exposição à poeira orgânica de microorganismos no ar e suas toxinas, pode causar doenças 
respiratórias (Zejda y cols. 1993), incluindo bronquite crônica, asma, pneumonite por 
hipersensibilidade, síndrome tóxica de poeira orgânica e doença pulmonar obstrutiva crônica. 
Dutkiewicz y cols.(1988 ) analisaram amostras de material dos silos para identificar potenciais 
agentes que causam os sintomas da síndrome tóxica e orgânica. 
 
 12 
 
Eles encontraram níveis muito elevados de contagem total de bactérias aeróbias e fungos. O fungo 
Aspergillus fumigatus foi predominante, enquanto bacilos, organismos gram-negativos 
(Pseudomonas, Alcaligenes, Citrobacter e Klebsiella) e actinomicetos foram as bactérias mais 
comuns. Estes resultados mostram que a exposição a material de aerosolizado dos silos acarretam 
um risco de exposição a concentrações elevadas de microrganismos, dos quais A. fumigatus e 
bactérias produtoras de endotoxinas são patógenos mais prováveis. 
 
A exposição durante períodos curtos de tempo para certos pós de madeira pode levar a asma, 
conjuntivite, rinite alérgica ou dermatite. Alguns microrganismos termofílicos presentes na 
madeira são patogênicos para os seres humanos, e por inalação de esporos de actinomicetos 
presentes em aparas de madeira armazenados tem sido associada a doenças humanas (Jacjels 
1985). 
 
Aqui estão alguns exemplos de doenças ocupacionais específicos: 
 
1 . O fungo Penicillium camemberti var. candidum é usado para fazer certos tipos de queijo. A 
elevada concentração deste fungo precipitando anticorpos em amostras de sangue dos 
trabalhadores, em conjunto com as causas dos sintomas clínicos respiratórios indicam relação 
etiológica entre sintomas respiratórios e alta exposição ao fungo (Dahl y cols. 1994 ). 
2. Os Microorganismos (bactérias e fungos) e as endotoxinas são agentes potenciais de risco para 
os profissionais nas unidades de processamento da batata (Dutkiewicz 1994). Ele estabeleceu uma 
correlação significativa entre a presença de precipitinas contra antígenos microbianos e sintomas 
gerais e respiratórios relacionados com o trabalho, que tinha 45,9 % dos trabalhadores 
examinados. 
3. O pessoal de museus e bibliotecas são expostos a fungos (por exemplo, Aspergillus, Penicillium) 
que, em certas condições, poluem os livros (Kolmodin - Hedman y cols. 1986). Os sintomas mais 
comuns consistem em convulsões febris, calafrios, náuseas e tosse. 
4. O uso de microscópios com as mesmas lente em diferentes turnos de trabalho podem causar 
infecções oftalmológicas. Entre os microrganismos responsáveis foi identificado Staphylococcus 
aureus (Olcerst 1987). 
 
1.1.2.1 Prevenção 
 
 13 
 
O conhecimento dos princípios da epidemiologia e transmissão de doenças infecciosas é essencial 
para os métodos utilizados no controle do organismo causador da doença. 
Os trabalhadores devem ser submetidos a exames médicos periódicos para detectar doenças 
ocupacionais de origem biológica. Existe uma série de princípios gerais para realizar exames 
médicos e detectar efeitos adversos para a saúde devido a exposição no local de trabalho, 
incluindo o caso de riscos biológicos. Em outros capítulos desta apostila são descritos alguns 
procedimentos específicos. 
 
Por exemplo, na Suécia, a Federação Agricultores iniciou um programa de serviços médicos 
preventivos no trabalho dos agricultores (Hoglund 1990). O principal objetivo deste programa era 
evitar doenças e lesões relacionadas ao trabalho e prestar assistência médica aos agricultores que 
sofreram problemas de saúde ocupacional. 
 
Quando há surtos de doenças infecciosas não se pode tomar as devidas precauções, se não 
identificar a doença previamente. Um exemplo disso foi o surto de febre viral hemorrágica da 
Crimeia e do Congo (FHCC) entre os funcionários do hospital do Emirados Árabes Unidos ( Dubai), 
Paquistão e África do Sul (Van Eeden y cols. 1985). 
 
 Cobras 1.1.3
 
Nas regiões quentes e temperadas, picadas de cobras representam um perigo mortal para certas 
categorias de trabalhadores, fazendeiros, madeireiros florestais, trabalhadores da construção civil 
e obras públicas, pesca, colheita de cogumelos, encantadores de serpentes, os funcionários do 
jardim zoológico e pessoal de laboratório responsáveis pela preparação de soros antiveneno. 
 
A grande maioria das cobras é inofensiva para os seres humanos, mas outros podem causar lesões 
graves por suas picadas venenosas; As espécies perigosas são encontradas tanto entre as cobras 
terrestres (Cobras e víboras) quanto entre as aquáticas (hidrofidios). (Rioux e Juminer 1983). 
 
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS 1995), picadas de cobra causam 30 mil 
mortes por ano na Ásia, cerca de 1.000 mortes na África e vários na América do Sul. Em alguns 
países, existem estatísticas mais detalhadas. 
 
 14 
 
No México, a cada ano, há mais de 63 mil picadas de serpentes e picadas de escorpião, que juntos 
originam mais de 300 mortes. 
No Brasil são constatadas anualmente cerca de 20 mil picadas de cobra e entre 7000 e 8000 
picadas de escorpião, com uma taxa de mortalidade de 1,5% para picadas de cobra e entre 0,3% e 
1% para picadas escorpião. 
 
De acordo com um estudo realizado em Ouagadougou, Burkina Faso, na periferia de cidades 
ocorrem 7,5 acidentes ofídicos por 100.000 habitantes e em áreas rurais, mais de 69 por 100.000 
habitantes , chegando aqui a taxa de mortalidade de 3% . 
 
Picadas de cobra também são um problema em países desenvolvidos. Nos Estados Unidos a cada 
ano são registrados 45 mil acidentes ofídicos, embora, devido à facilidade de acesso aos cuidados 
de saúde, o número de mortes anuais estão entre 9 e 15. 
 
Na Austrália, onde existem algumas das cobras mais venenosas do mundo, estima-se que o 
número anual de ataques de cobra varia entre 300 e 500, com uma média de duas mortes. 
 
Mudanças ambientais, principalmente o desmatamento, pode ter causado o desaparecimento de 
muitas espécies de serpentes no Brasil. No entanto, o número de casos de picadas de cobra não 
foi reduzido, pois em algumas áreas desmatadas têm proliferado outras espécies, às vezes mais 
perigosa. (OMS 1995). 
 Características clínicas da picada de cobra 1.2
 
Dependendo da espécie, certa proporção de pacientes picados por serpentes venenosas (entre 
10% e 60%) não desenvolveram sintomas tóxicos (veneno), ou estes são mínimos, quanto as 
marcas que indicam a penetração na pele de presas da serpente. O medo e os efeitos do 
tratamento, bem como o veneno de cobra, contribuem para a produção dos sintomas. 
 
Mesmo pacientes que não estão envenenadas podem sofrer ondas de calor, tonturas e dispnéia, 
com constrição no peito, palpitações, sudorese e acroparestesia. Os torniquetes apertados podem 
causar congestão e isquemia das extremidades; as incisões locais no local da mordida podem 
originar sangramentos e dessensibilização, e os medicamentos à base de plantas, vômitos. 
 15 
 
 
Os primeiros sintomas que podem ser atribuídos diretamente à picadaé dor local e hemorragia no 
local da penetração dos dentes, seguido por dor, sensibilidade, inchaço e inchaço do membro, 
linfangite e dilatação dolorosa dos gânglios linfáticos regionais. Pacientes com picadas de cobras 
Européias, Daboia russelii, espécies de Bothrops, elapidos Australianos e Atractaspis engaddensis 
pode ocorrer síncope precoce, vômitos, cólicas, diarréia, angioedema e chiado no peito. Náuseas e 
vômitos são sintomas comuns de intoxicação grave. 
 
 Tipos de mordida 1.2.1
 
Cobras (cobras com presas traseiras tais como o Dispholidus tipo e espécie de Thelotornis, 
Rhabdophis e Philodryas) 
 
Produz inflamação local, sangramento nas marcas de presas e, às vezes (Rhabophis tigrinus), 
desmaios. Mais tarde podem aparecer vômitos, cólicas abdominais e dores de cabeça e 
hemorragia sistêmica generalizada com inchaço extenso (Cardinals), coagulopatia, hemólise 
intravascular e insuficiência hepática. Envenenamento pode desenvolver-se lentamente ao longo 
de vários dias. 
 
Atractaspididae (cobras toupeira, serpente negra de Natal) 
 
Efeitos locais incluem dor, inchaço, hematomas, necrose e dilatação dos gânglios linfáticos 
dolorosos. Os pacientes envenenados por A. engaddensis descrevem sintomas intestinais 
violentos (náuseas, vômitos e diarréia), anafilaxia (dispnéia, insuficiência respiratória, choque) e 
alterações de ECG (bloco a-v, ST, onda T). 
 
Elapídios (cobras, búngaros, mambas, cobras corais e cobras venenosas australianos) 
 
As picadas Búngaros, mambas, cobras corais e algumas cobras (por exemplo, a Naja e a N. nivea) 
produzem efeitos locais mínimos, enquanto as picadas de cobras cuspidoras africanas (N. 
nigricollis, N.mossambica, etc.) e as cobras asiáticas (N. naja, N. kaouthia, N. sumatrana, etc.) 
causam inflamação local dolorosa que pode ser extensa, formar cardeais ou produzir necrose 
superficial. 
 16 
 
 
Entre os sintomas neurotóxicos iniciais, antes que se apresentem sintomas neurológicos objetivs, 
figuram: vômitos, "peso" das pálpebras, visão turva, contração muscular, parestesia ao redor da 
boca, hiperacusia, dor de cabeça, vertigens, tonturas, salivação, congestão conjuntiva e pele de 
galinha. A paralisia começa ptose palpebral e oftalmoplegia externa, que já aparece em 15 
minutos da picada, embora às vezes levasse dez ou mais horas para aparecer. Posteriormente, a 
face, boca, mandíbula, língua, cordas vocais, músculos do pescoço e os músculos da deglutição 
sofrem paralisia progressiva. 
 
A obstrução das vias aéreas pode causar insuficiência respiratória nesta fase, ou mais tarde, com 
paralisia dos músculos intercostais, o diafragma e os músculos respiratórios acessórios. Os efeitos 
neurotóxicos são totalmente reversíveis se o antídoto ou o anticolinesterase forem administrados 
imediatamente (por exemplo, após a picada de cobra asiática, de algumas cobras corais da 
América Latina (Micrurus) e cobras da morte australianas (Acanthophis)) ou por remissão 
espontânea dentro de um a sete dias. 
 
O envenenamento causado por serpentes australianas produzem vômitos, cefaléia, síncope, 
neurotoxicidade, distúrbios hemostáticos e, com algumas espécies, mudanças no ECG, 
rabdomiólise generalizada e insuficiência renal. A dilatação dolorosa dos gânglios linfáticos 
regionais indica que a intoxicação sistêmica é iminente, mas os sintomas locais geralmente não 
existem ou são leves , exceto depois de picada pelas espécies Pseudechis . 
 
 Oftalmia venenosa causada por elápidos "cuspidores" 1.2.2
 
Os pacientes "cuspidos" por este tipo de elapidos experimenta uma dor intensa nos olhos, 
conjuntivite, blefaroespasmo, edema das pálpebras e secreção. Em mais da metade dos pacientes 
cuspidos por N. nigricollis observaram erosões na córnea. Raramente, o veneno é absorvido 
dentro da câmara anterior, causando hypopyon e uveíte anterior. A infecção secundária das 
erosões da córnea pode produzir opacidades permanentes que dificultam a visão ou panoftalmitis. 
 
Vipéridos (víboras, cobras cascavéis, víboras com cabeça de lança, mocassins e jararacas) 
 
 17 
 
O envenanamento local é relativamente grave. A inflamação pode ser detectada em 15 minutos, 
embora, em algumas ocasiões, leva horas a aparecer. Ele se espalha rapidamente e pode afetar 
todo o membro e tronco adjacente. Ocorre dor associada e ternura nos gânglios linfáticos. No dia 
seguinte pode aparecer cardeal, equimose e necrose. 
 
A freqüência e gravidade desta última são notáveis após a picada de algumas cascavéis, víboras 
com cabeça de lança (gênero Bothrops) jararacas asiáticas e víboras africanas (gêneros Echis e 
Bitis). Quando o tecido é envenenado dentro de uma zona estreita, como o espaço da polpa dos 
dedos das mãos ou dedos dos pés, ou no músculo tibial anterior, pode ocorrer a isquemia. 
 
Caso não ocorra se perceba a inflamação durante as duas horas que se seguem a picada de uma 
cobra, existe uma possibilidade de que não houve envenenamento. No entanto, com algumas 
espécies o envenenamento fatal ocorre mesmo sem manifestação de sintomas locais (por 
exemplo, Crotalus durissus terrificus, C. scutulatus e víbora birmana de Russel). 
 
1.2.2.1 Tratamento Primeiros Socorros 
 
Os doentes devem ser transportados para o hospital mais próximo tão rapidamente quanto 
possível e confortavelmente, impedindo o movimento do membro no qual a mordida ocorreu por 
meio da utilização de uma tala. 
 
Os métodos tradicionais de primeiros socorros podem ser prejudiciais e não deve ser usada. As 
incisões locais e de sucção pode apresentar infecção, danificar os tecidos e causar sangramento 
persistente, mais eles não são susceptíveis de extrair a maior parte do veneno da ferida. Os 
benefícios potenciais de método de extracção de pó não foram testados em pacientes humanos e 
pode danificar os tecidos moles. 
 
O permanganato de potássio e a crioterapia pode intensificar a necrose local. Choques elétricos 
podem ser perigosos, e não foram provados seus benefícios. Os torniquetes as ligaduras de 
compressão podem causar gangrena, fibrinólise, paralisia de nervos periféricos e o aumento do 
envenenamento local na extremidade ocluída. 
 
 18 
 
O método de imobilização por pressão consiste em aplicar uma ligadura de compressão firme, mas 
não apertada, no membro que ocorreu a picada, com uma faixa de entre 4 e 5 m de comprimento 
e 10 cm de largura, a partir do lugar da picada e incorporando a tala. Em animais, é um método 
eficaz para prevenir a absorção sistémica no caso de elápidos australianos, e outros venenos, mas 
em seres humanos ainda não foi submetido a testes clínicos. A imobilização de pressão é 
recomendada para picadas de cobras com venenos neurotóxicos (por exemplo, Elapidae, 
Hydrophiidae), mas quando a inflamação e necrose forem locais pode ser um problema ( por 
exemplo, Viperidae ). 
 
Em nenhum caso, recomendamos a caça, captura ou abate da cobra, mas se ele já está morto, 
deve ser levada junto com o paciente para o hospital. Não se deve tocar com as mãos 
desprotegidas, pois ela pode atacar com picadas de reflexos, apesar de estar aparentemente 
morta. 
 
Os pacientes levados para o hospital devem ficar de lado para evitar aspiração de vômito. Os 
vômitos persistentes se tratam com clorpromazina ( 25-50 mg em adultos, de 1 mg / kg de peso 
corporal em crianças). Se o paciente apresentar síncope, choque, angioedema ou outros sintomas 
anafiláticos (autofarmacológicos) se administra adrenalina a 0,1% por via subcutânea (0,5 ml para 
adultos e de 0,01 ml / kg de peso corporal para as crianças) e um anti-histamínico como a 
clorfeniramina por injecção intravenosa lenta (10 mg para adultos , 0,2 mg / kg de peso corporal 
para crianças). 
 
Os pacientes com coagulopatias podem desenvolver hematomas graves após injeções 
intramusculares ou subcutâneas, razão pela qual a intravenosa deve ser usada sempre que 
possível. Pacientes com insuficiência respiratóriaou cianose se tratam estabelecendo uma via 
aérea, administrando o oxigênio e, se necessário, com respiração assistida. Se o paciente estiver 
inconsciente e sem pulso detectado ou o femoral ou carótida, deve-se proceder de imediato a 
uma ressuscitação cardiopulmonar (RCP). 
 
 Sauria ( lagartos ) 1.2.3
 
Há apenas duas espécies de lagartos venenosos, ambos pertencentes ao gênero Heloderma: H. 
suspectum (monstro de Gila) e H. horridum. Um veneno similar ao das víboras penetra nas 
 19 
 
mordidas produzidas pelas presas curvadas desses lagartos, se bem que as mordidas em seres 
humanos são pouco frequentes e a recuperação é normalmente rápida. (Rioux e Juminer 1983). 
 
1.2.3.1 Prevenção para Cobras e Lagartos 
As serpentes não costumam atacar seres humanos, a menos que se sintam ameaçadas, se forem 
perturbadas ou pisadas. Em áreas infestadas com cobras venenosas, os trabalhadores devem 
proteger as extremidades inferiores e levar soro antiveneno monovalente ou polivalente. Pessoas 
que trabalham em uma zona de perigo, a mais de meia hora de carro do posto mais próximo de 
primeiros socorros, são aconselhadas a levar um equipamento antiveneno que contenha uma 
seringa esterilizada. 
 
Em todo caso, os trabalhadores devem saber que as mordidas, incluindo as produzidas pelas 
cobras mais venenosas raramente são fatais, porque a quantidade de veneno injetado é 
geralmente pequena. Alguns encantadores de serpentes conseguem se imunizar mediante 
repetidas injeções de veneno, mas ainda não foi desenvolvido nenhum método científico para a 
imunização humana. (Rioux e Juminer 1983). 
 
Normas internacionais e riscos biológicos 
A Regulamentação do trabalho em muitos países incluem os riscos biológicos em sua definição desubstâncias nocivas ou tóxicas. 
No entanto, na maioria dos regulamentos os riscos biológicos sãolimitados principalmente aos microorganismos ou agentes 
infecciosos. Alguns regulamentos da Occupational Safety and Health Administration (OSHA), nos Estados Unidos contêm 
disposiçõesrelativas aos riscos biológicos, o mais específico são os que estão relacionados com a vacina dahepatite B e patógenos 
transmitidos pelo sangue. Os riscos biológicos também são mencionados emdispositivos de aplicação mais amplos (por exemplo, 
os relacionados com a comunicação de risco, as especificações para sinalética de segurança e diretrizes para o desenvolvimento 
de planos dedesenvolvimento pessoal). Apesar de não ser sujeito a qualquer regulamentação específica, aidentificação e a 
prevenção dos riscos associados aos animais, insetos ou plantas são mencionadasem outros regulamentos da OSHA pertencentes 
a ambientes de trabalho específicos: por exemplo, as telecomunicações, em campos de trabalho temporários sobre o transporte 
de polpa de madeira(este último inclui orientações sobre equipamentos de primeiros socorros para picadas de cobra). Uma das 
normas mais detalhadas para o controle de riscos biológicos no local de trabalho é a Directiva Europeia n º 90/679. Ela define 
agentes biológicos como "microorganismos, incluindo osgeneticamente modificados, as culturas de células e os endoparasitas 
humanos, tudo o que podecausar alguma infecção, alergia ou toxicidade" e classifica os agentes e biológicos em quatrogrupos, 
dependendo do seu nível do risco de infecção. A Directiva abrange a identificação eavaliação dos riscos e obrigações dos 
empregadores em termos de substituição ou redução do risco(através de controles de engenharia, higiene industrial, a proteção 
individual e coletiva, etc.),Informação (dos trabalhadores, os seus representantes e autoridades competentes), vigilânciasanitária, 
vacinação e manutenção de registros. Os anexos contêm informações detalhadas sobre asmedidas de controle para os diferentes 
"níveis de contenção ", dependendo da natureza dasatividades, a avaliação do risco para os trabalhadores e a natureza do agente 
biológico em questão. 
 
 20 
 
 
 21 
 
 Animais Aquáticos 1.2.4
Em quase todas as divisões taxonômicas (filos) existem animais aquáticos perigosos para os 
seres humanos. Os trabalhadores entram em contato com esses animais no curso de várias 
atividades, como a pesca submarina e de superfície, a instalação e operação de equipamentos 
para extração de petróleo sob a água, construção submarina e pesquisa científica, e assim por 
diante, se expondo a riscos para a saúde. As espécies mais perigosas habitam as águas quentes e 
temperadas. 
 
1.2.4.1 Características e comportamento 
 
Poríferos. A esponja comum pertencem a esse filo. Os Pescadores que tocam as esponjas 
(incluindo mergulhadores, mergulhadores com equipamento e outros mergulhadores), podem 
contrair a dermatite de contato, o que provoca irritação na pele e caroços ou bolhas. A "doença 
dos mergulhadores de esponja" na região do Mediterrâneo é causada pelos tentáculos de um 
pequeno celentéreo (Sagartia rosea), que parasitam a esponja. Dermatite conhecido como "musgo 
vermelho" ocorre em pescadores de ostras na América do Norte pelo contato com escarlate 
esponja encontrados em conchas de ostras. Houve casos de alergia tipo 4. O veneno liberado pela 
esponja contém a histamina e as substâncias antibióticas Suberitus ficus. 
 
Celentéreos. Eles são representados por numerosas famílias da classe conhecida como hydrozoan, 
que inclui corais Millepora ou (coral ardor, fogo coral), o Physalia (Physalia physalis, vespa do mar, 
o homem Português), o Scyphozoa (água-viva ) e Actiniaria (anemone picadas), todas as quais são 
encontradas em todas as partes do oceano. A característica comum destes animais é a sua 
capacidade para produzir urticária por injecção de um veneno potente armazenado em uma célula 
especial (nidoblasto) com um filamento oco que se rompe quando se encosta o braço e penetra na 
pele da vítima. 
 
As várias substâncias presentes no veneno podem originar sintomas como coceira intensa, 
congestão hepática, dor e depressão do sistema nervoso central. Entre estas substâncias foram 
identificadas thalassius, congestina, equinotoxina (contendo 5- hidroxitriptamina e tetramina) e 
hipnotoxina respectivamente. 
 
 22 
 
Os efeitos sobre o indivíduo dependerá do grau de contato com os tentáculos e, 
consequentemente, o número de agulhas microscópicas que podem atingir vários milhares, e até 
mesmo causar a morte da vítima em minutos. Dada a ampla distribuição destes animais em todo o 
mundo, ocorrem muitos incidentes, embora o número de mortes seja relativamente baixo. Os 
efeitos sobre a pele são caracterizados por prurido intenso e a formação de pápulas vermelhas 
brilhantes e aparência mosqueada, que se tornam pústulas e ulcerações. A pessoa sente uma dor 
aguda como um choque elétrico. Outros sintomas incluem falta de ar, ansiedade generalizada, 
distúrbios cardíacos, colapso, náuseas, vômitos, perda de consciência e choque primário. 
 
Equinodermos . Este grupo inclui as estrelas e ouriços do mar. Ambos têm órgãos venenosos 
(pedicelos), mas eles não são perigosos para os seres humanos. Os espinhos do ouriço do mar 
penetram na pele e deixam um fragmento profundo, produzindo uma infecção secundária, 
seguida pela formação de pústulas e granuloma persistente, muito irritante se as feridas estiverem 
perto de tendões ou ligamentos. Entre os ouriços do mar, só a Acanthaster planci parece ter 
espinhos venenosos que podem causar distúrbios gerais, tais como vômitos, paralisia e dormência. 
 
Moluscos. Entre os animais desse filo se encontram os conivalvos, que são os que podem ser 
perigosos. Vivem em fundos arenosos do mar e parecem ter uma estrutura formada por uma 
rádula venenosa com dentes em forma de agulha, que se projetam para fora da boca e pode 
atacar a vítima quando a concha é tocada diretamente com as mãos de forma imprudente. O 
veneno age sobre os sistemas nervosos centrais e neuromusculares. A penetração desse dente na 
pele produz isquemiatemporária, cianose, embaciamento, dor e parestesia a medida que o 
veneno se espalha pelo o corpo. Outros efeitos posteriores são: paralisia dos músculos 
voluntários, falta de coordenação, visão dupla e confusão geral. A morte pode ocorrer a partir de 
paralisia respiratória e colapso circulatório. Foram registrados cerca de 30 casos, dos quais 8 
foram fatais. 
 
Platelmintos. Para esta classe pertencem a Hermodice Eirythoe caruncolata complanata e 
conhecido como "vermes espinhosos". Eles são cobertos por inúmeros apêndices em forma de 
espinhos que contém um veneno (nereistotoxina), com efeito, neurotóxico e irritante. 
 
Polyzoos (Bryozoos). Este grupo é composto por animais que formam colonias com aspecto de 
plantas, semelhantes a musgos gelatinosos que se encrostam em rochas e conchas. A variedade 
 23 
 
conhecida como Alcyonidium, produz uma dermatite irritativa nos braços e no rosto dos 
pescadores ao retirar este "musgo" de suas redes. Ele pode também causar um eczema alérgico. 
 
Seláceos (Chondrichthyes). Entre os animais desse filo estão os tubarões, raias e mantas. Os 
tubarões vivem em águas rasas, onde eles buscam suas presas e podem atacar as pessoas. Muitas 
variedades de Seláceos têm um ou dois espinhos largos venenosos na frente da nadadeira dorsal, 
que contêm um veneno fraco ainda não identificado. Os espinhos produzem uma ferida que causa 
dor imediata e intensa irritação, inflamação e edema. 
 
Outro grande perigo desses animais é a sua mordida, pois a disposição dos seus dentes afiados em 
várias linhas pode causar graves lacerações que produzem choque imediato, hemorragia aguda e 
afogamento da vítima. O perigo representado por tubarões tem sido objeto de intenso debate e 
todas as variedades parecem ser particularmente agressivas. 
 
É muito difícil prever o seu comportamento, mas acredita-se que eles são atraídos pelo 
movimento e a cor da luz dos nadadores, bem como sangue e as vibrações que produzem peixes 
ou outra presa depois de terem sido presas. As raias e as mantas são corpos grandes, planas com 
uma longa cauda coberta com um ou mais espinhos ou serras que podem ser venenosos. 
 
O veneno contém serotonina, 5- nucleotidase e fosfodiesterase, e pode causar vasoconstrição 
generalizada e paragem cardíaca. As raias e as mantas vivem em regiões arenosas e águas 
costeiras, onde eles podem se esconder bem, sendo fácil de banhistas pisarem sem se dar conta. A 
raia reage levantando a cauda e projetando o espinho contra a vítima. Isto pode causar feridas 
profundas em um membro ou órgão interno, como o peritoneu, pulmão, coração ou fígado, 
especialmente no caso das crianças. 
 
A lesão também pode causar dor, inflamação, edema linfático e de outros sintomas, tais como 
choque primário e colapso circulatório. Lesões de órgãos internos pode causar a morte em poucas 
horas. Incidentes com raias e mantas estão entre as mais freqüentes, ocorrendo cerca de 750 a 
cada ano nos Estados Unidos. Estes animais também são perigosos para os pescadores, 
recomenda-se que cortem a linha, logo que o venham a bordo. Algumas espécies de raias, como o 
torpedo e narcine possuem órgãos elétricos na parte traseira que, quando eles são estimulados 
por simples contato, descargas elétricas ocorrem entre 8 e 220 volts, o suficiente para 
 24 
 
temporariamente atordoar e imobilizar a vítima, embora esta geralmente se recupere sem 
complicações. 
 
Osteíctios. Muitos peixes deste filo possuem espinhos peitorais, caudais e anais, ligados a um 
corpo venenoso, cujo objetivo principal é a defesa. Se o peixe é perturbado, ou pisado, ele eriça os 
espinhos que podem penetrar a pele e injetar veneno. Eles costumam atacar os mergulhadores 
que estão à procura de peixe por contato acidental. Foram registrados inúmeros incidentes deste 
tipo, porque os peixes deste filo são generalizados, dentre eles pertencem o peixe-gato, presente 
tanto em àguas salgadas quanto doces (América do Sul, África Ocidental e dos Grandes Lagos), o 
peixe Scorpion (Scorpaenidae), o peixe Traquino ( Trachinus ), o peixe-sapo , peixe cirurgião e 
outros. 
 
Os ferimentos produzidos por estes peixes são geralmente dolorosos, especialmente no caso de o 
peixe-gato e peixe Traquino que causam vermelhidão ou palidez, inchaço, cianose, embaciamento, 
edema linfático e propagação hemorrágica em tecidos circundantes. Pode ocorrer gangrena ou 
infecção e neurite periférica com a ferida. 
 
Outros sintomas são: tonturas, náuseas, queda, choque primário, asma e perda de consciência. 
Eles representam um sério risco para os trabalhadores subaquáticos. No peixe-gato foi 
identificado e veneno neurotóxico hemotóxico, e, no caso de Traquino várias substâncias foram 
isoladas, tal como 5-hidroxitriptamina, histamina e catecolaminas. Alguns peixes-gato e peixes 
astrônomos, bem como a enguia elétrica (Electrophorus), possuem órgãos elétricos (ver Seláceos 
seção). 
 
Hidrofidios. Este é um grupo (serpentes do mar), localizado principalmente nos mares da 
Indonésia e Malásia, onde foram identificadas cerca de 50 espécies, incluindo Pelaniis platurus, 
Enhydrina platurus schistosa e Hydrus. O veneno de serpentes é muito semelhante ao da cobra, 
embora seja entre 20 e 50 vezes mais tóxica, é formada por uma proteína básica, de baixo peso 
molecular (eurobotoxina), afetando conexões neuromusculares, bloqueando acetilcolina e 
causando miólise. 
 
Felizmente, serpentes marinhas geralmente não atacam e mordem, apenas quando alguém pisa, 
irrita ou quando recebe um golpe, também pouco ou nenhum veneno é injetado com suas presas. 
 25 
 
Os pescadores são os mais expostos a este risco, respondendo por 90 % de todos os incidentes 
relatados, a maioria deles produzidos por pisar a serpente no fundo do mar ou que estão presas 
nas redes. As cobras são, provavelmente, responsáveis por milhares de acidentes de trabalho 
atribuídos a animais aquáticos, mas raramente têm consequências graves e apenas uma pequena 
percentagem de acidentes são fatais. 
 
Os sintomas são geralmente ligeiros e pouco dolorosos. Os efeitos são muitas vezes sentidos 
depois de duas horas e começa com dor muscular, rigidez do pescoço, desorientação e tétano, e 
por vezes, náuseas e vômitos. Dentro de algumas horas aparece mioglubinúria (presença de 
proteínas complexas na urina ). A morte pode ocorrer a partir de paralisia dos músculos 
respiratórios, necrose tubular renal e parada cardíaca devido à hipercalemia. 
 
1.2.4.2 Prevenção 
 
Devem ser feitos todos os esforços para evitar o contato com os espinhos desses animais quando 
eles são manuseados, a não ser usando luvas grossas. Além disso, muito cuidado deve ter a 
percorrer ou caminhar na areia do fundo do mar. Diversos equipamentos oferecem proteção 
contra medusas e outros celenterados e contra picadas de cobra. Nunca se deve tocar nesses 
animais perigosos e agressivos que devem ser evitados e onde há áreas de água-viva também, já 
que elas são difíceis de ver. Se uma serpente do mar está presa no lugar, ele deve ser cortado 
deixando a cobra ir. 
 
Na presença de tubarões, há uma série de princípios a serem observados: as pessoas devem 
manter os pés e as pernas para fora da água e, lentamente, trazer o barco para a praia e deixa-lo 
imóvel, os banhistas não devem permanecer na água com um peixe morrendo ou sangrando, e 
também atrair a atenção do tubarão, tanto com cores brilhantes ou jóias, ruídos ou explosões, 
luzes brilhantes ou movimentos da mão. Um mergulhador nunca deve mergulhar sozinho. 
 
 26 
 
 Animais Terrestres Venenosos 1.3
 
Todo ano milhares de pessoas morrem por causa de picadas de escorpião e reações anafiláticas a 
insetos. Na Tunísia são registrados anualmente entre 30.000 e 45.000 casos de picadas de 
escorpião que causam entre 35 e 100 mortes, a maioria delas crianças. O envenenamento 
(toxicidade) é um risco ocupacional para as populações que trabalhamna agricultura e silvicultura 
nessas regiões. Entre os animais que podem causar danos aos seres humanos devido ao seu 
veneno estão os invertebrados, como os aracnídeos (aranhas, escorpiões, aranhas do deserto ), 
ácaros (insetos e carrapatos), quilópodos (centopéias) e hexápodos (abelhas, vespas, borboletas e 
mosquitos). 
 
 Aracnídeos (aranhas-Aranea) 1.3.1
 
Todas as espécies são venenosas, mas, na prática, apenas um pequeno número delas atacam seres 
humanos. O envenenamento por picada de aranha pode ser de dois tipos: 
1. Envenenamento pela pele, que ocorre quando a picada produz depois de algumas horas 
um edema ao redor da marca cianótica e, posteriormente, forma uma bolha; também pode 
aparecer uma extensa necrose local. A cura de picadas de aranha como o género Lycosa (por 
exemplo, A tarântula ) pode ser um processo lento e difícil. 
2. Intoxicação neurológica causada por veneno neurotóxico exclusivamente de tarântulas 
(Ctenus Latrodectus), que causa lesão grave e de início rápido, tétano, tremores, paralisia dos 
membros e por vezes choque mortal, este tipo de intoxicação é relativamente comum entre 
trabalhadores da silvicultura e agricultura e particularmente grave em crianças. Na Amazônia, o 
veneno de aranha "viúva negra" (Latrodectus) é usado para flechas envenenadas. 
 
1.3.1.1 Prevenção 
Em áreas onde há perigo de aranhas venenosas, o lugar onde as pessoas dormem deve ser 
forrado com mosquiteiros e os trabalhadores devem usar calçados e vestuário de trabalho que 
lhes dão a proteção adequada. 
 
 Escorpiões ( Escorpiónidos ) 1.3.2
 
 27 
 
Eles são aracnídeos que têm um acentuado ferrão venenoso no final do abdómen que acarreta 
numa picada dolorosa, cuja gravidade varia de acordo com as espécies, a quantidade de veneno 
injetado e da estação (o mais perigoso é o final do período de hibernação de escorpiões). 
 
Na região do Mediterrâneo, América do Sul e México, existem mais vítimas de escorpiões do que 
de cobras venenosas. Muitas espécies são noturnas e menos agressivas durante o dia. As espécies 
mais perigosas (Buthidae) são encontradas no neurotrópico árido e tropical, e seu veneno é 
altamente tóxico. Em todos os casos, a picada de escorpião produz imediatamente sintomas locais 
intensos (dor aguda, inflamação), seguidos por manifestações sistêmicas como tendência ao 
desfalecimento, salivação, espirros, lacrimejamento e diarréia. O resultado é fatal em crianças 
pequenas. 
 
As espécies mais perigosas do gênero são Androctonus (Africa subsahariana), Centrurus (México) e 
Tituus (Brasil). O escorpião não ataca o homem espontaneamente, ataca apenas quando detecta o 
perigo, quando encurralado ou quando alguém o aperta ao colocar botas ou roupas que lhe 
servem de abrigo. Os escorpiões são altamente sensíveis a pesticidas halogenados (por exemplo, o 
DDT ). 
 
 Aranhas do deserto (Solpúgidas) 1.3.3
 
Esta ordem de aracnídeos é encontrada principalmente nas estepes e áreas semidesérticas do 
Saara, a Cordilheira dos Andes, na Ásia Menor, México e Texas, e não é venenosa. No entanto, as 
aranhas do deserto são extremamente agressivas, podem chegar ao tamanho de até 10 cm de 
diâmetro e seu aspécto é terrível. Em casos excepcionais, se forem muitas, as feridas produzidas 
por estes animais podem ser graves. As aranhas do deserto são predadores noturnos e podem 
atacar uma pessoa durante o sono. 
 
 Percevejos e carrapatos (Acorinas) 1.3.4
 
Os carrapatos são aracnídeos que chupam sangue em todas as fases de sua vida e sua saliva 
injetada através de seus órgãos de alimentação podem ter efeitos tóxicos. O envenenamento é 
por vezes grave especialmente em crianças (paralisia do carrapato), e às vezes acompanhado pela 
supressão dos reflexos. Em casos excepcionais, a morte ocorre por paralisia bulbar 
 28 
 
(particularmente quando o carrapato se agarra ao couro cabeludo). Percevejos schupam sangue 
apenas na fase larval e sua picada provoca inflamação pruriginosas da pele. A incidência de 
picadas de percevejos é elevada em regiões tropicais. 
 
Tratamento e prevenção. Os carrapatos devem arrancados depois de serem anestesiados com 
uma gota de benzeno, éter etílico ou o xileno. Prevenção baseia-se na utilização de pesticidas ou 
repelentes. 
 
 Centopéias (Quilópodos) 1.3.5
 
As centopéias se distinguem dos milípedes (Diplopoda) em ter apenas um par de pernas em cada 
segmento do corpo e os apêndices do primeiro segmento de dentes são venenosos. As espécies 
mais perigosas são encontradas nas Filipinas. O veneno das centopéias tem apenas um efeito 
localizado (edema doloroso). 
 
Tratamento. As picadas Mordidas devem ser tratadas com aplições tópicas de loções a base de 
amoníaco diluído, hipoclorito ou permanganato. Podem também ser administrados os anti-
histamínicos. 
 
 Insetos (Hexápodos) 1.3.6
 
Os insetos podem injetar veneno através de suas extremidades bucais (Simuliidos, borrachudos, 
mosquitos, moscas Phlebotomo de areia) ou através da picada (abelhas, vespas, marimbondos, 
formigas carnívoras ) . Eles podem causar urticária com seus cabelos (lagartas, borboletas) ou 
produzir feridas com sua hemolinfa (castaridae ,mosca vesicante, besouro bum). 
 
As picadas de moscas pretas podem produzir lesões necróticas, algumas vezes com distúrbios 
gerais; picadas de mosquito produzem lesões pruriginosas difusas. Picadas de Hymenoptera 
(abelhas, etc.) produzem dor intensa local, eritema, edema e às vezes necrose. Acidentes gerais 
podem ocorrer como resultado da sensibilização ou múltiplas picadas (calafrios, náusea, dispneia, 
extremidades frias). 
 
 29 
 
As mordidas no rosto ou língua são particularmente graves e podem causar a morte por asfixia 
quando ocorre edema de glote. As lagartas e borboletas podem causar lesões pruriginosas 
generalizadas na pele (angioedema), algumas vezes acompanhada de conjuntivite. Não é incomum 
surgir uma infecção sobreposta. O veneno das cantharides produzem lesões vesiculares ou 
bolhosas na pele (hoederus). Existe também o perigo de leishmaniose visceral (nefrite tóxica). 
 
Alguns insetos, tais como as lagartas e as Hymenoptera são encontrados em todas as regiões do 
mundo, ao passo que outros são subordens mais localizados. As borboletas são em sua maioria 
perigosas na Guiana e na República Centro-Africana; as cantharides se encontram no Japão, 
América do Sul e no Quênia; as moscas negras que vivem em regiões tropicais e na Europa Central 
e as moscas da areia estão no Oriente Médio. 
 
1.3.6.1 Prevenção 
A primeira medida preventiva é o uso de mosquiteiros e aplicação de repelente e inseticida. Os 
trabalhadores com um alto risco de exposição a picadas de insectos podem ser imunizados nos 
casos de alergia mediante a aplicação de doses crescentes de extrato do corpo do inseto. 
 
 30 
 
UNIDADE II - AVALIAÇÃO DA EXPOSIÇÃO 
 A avaliação da exposição no local de trabalho 1.4
A avaliação da exposição no local de trabalho é identificar e avaliar os agentes nocivos com os 
quais o trabalhador pode entrar em contato. Podem-se construir índices de exposição que 
refletem as quantidades desses agentes presentes no ambiente em geral ou no ar inalado; e a 
quantidade de agente que realmente é inalado, ingerido ou absorvido por outras vias (ingestão). 
 
Os indicadores que refletem a quantidade de agente que é absorvido (absorção) e a exposição no 
órgão-alvo são chamados de biológicos ou monitoramento biológico de efeito. 
 
Uma vez que o monitoramento biológico envolve prioritariamente a prevenção, o monitoramento 
biológico de efeito seria conceitualmente contraditório com o primeiro. Todavia, deve-se 
considerar que o efeito no qual esse monitoramento está baseado é o não nocivo. O 
monitoramento de um efeito precoce, não nocivo, produzido por um agente químico pode, em 
principio, ser adequado para prevenir efeitos nocivos à saúde. 
 
Assim, o monitoramento biológico de efeito édefinido como: “a medida e avaliação de efeitos 
biológicos precoces, para os quais não foi ainda estabelecida relação com prejuízos à saúde, em 
trabalhadores expostos, para estimar a exposição e/ou os riscos para saúde quando comparados 
com referência apropriada”. 
 
Um efeito biológico pode ser definido como uma alteração bioquímica, funcional ou estrutural que 
resulta da reação do organismo à exposição. Essa alteração é considerada não nociva quando: 
 ao serem produzidas numa exposição prolongada não resultem em transtornos da 
capacidade funcional nem da capacidade do organismo para compensar nova sobrecarga; 
 são reversíveis e não diminuem perceptivamente a capacidade do organismo de manter 
sua homeostasia; 
 não aumentam as suscetibilidades do organismo aos efeitos indesejáveis de outros fatores 
ambientais tais como os químicos, os físicos, os biológicos ou sociais. 
 
A vantagem dos testes que medem os efeitos biológicos não nocivos é que fornecem melhor 
informação sobre a quantidade do agente químico que interage com o sitio de ação. 
 31 
 
 
Assim, o objetivo principal do monitoramento biológico, seja ele de dose interna ou de efeito, é, 
essencialmente o mesmo do monitoramento ambiental, ou seja, prevenir a exposição excessiva 
aos agentes químicos que podem provocar efeitos nocivos, agudos ou crônicos, nos indivíduos 
expostos. Nos três casos o risco à saúde é avaliado comparando o valor medido, com um padrão 
de segurança. 
 
 Indicador biológico de exposição (biomarcadores) 1.4.1
 
O Indicador Biológico de Exposição é uma substância química, elemento químico, atividade 
enzimática ou constituinte dos organismos, cuja concentração (ou atividade) em fluido biológico 
(sangue, urina, ar exalado) ou em tecidos, possui relação com a exposição ambiental a 
determinado agente tóxico. A substância ou elemento químico determinado pode ser produto de 
uma biotransformação ou alteração bioquímica precoce decorrente da introdução deste agente 
tóxico, no organismo. 
 
Para os agentes químicos preconizados no Quadro I da NR-7, é definido o Índice Biológico Máximo 
Permitido (IBMP) que é “O valor máximo do indicador biológico para o qual se supõe que a 
maioria das pessoas ocupacionalmente expostas não corre risco de dano à saúde”. 
 
A ultrapassagem deste valor significa exposição excessiva”. Este Valor (IBMP) deve ter correlação 
com a concentração do agente químico no ambiente de trabalho e é definida como limite de 
tolerância-LT ou limite de exposição ocupacional-LEO. 
 
Para realizar o monitoramento biológico é preciso ter o indicador biológico, que pode ser definido 
como todo agente tóxico inalterado e/ou seu produto de biotransformação, determinado em 
amostras representativas do organismo dos trabalhadores expostos (sangue, urina e ar expirados) 
assim como a identificação de alterações biológicas precoces decorrentes da exposição. Fatores 
não laborais e fatores ocupacionais podem influenciar os níveis dos indicadores biológicos 
 
Os resultados obtidos dos exames dos indicadores biológicos são comparados com referências 
apropriadas. Aqui no Brasil a legislação que estabelece estas referências é regulamentada pela 
 32 
 
NR–7 Portaria nº 24 de 29/12/94 do MTE, onde são definidos os parâmetros para o controle 
biológico de exposição a alguns agentes químicos. 
 
 Vigilância Ambiental e Biológica 1.4.2
Vigilância ambiental e biológicacomeça com um estudo do ambiente de trabalho para identificar 
riscos e fontes potenciais de poluição e estabelecer a necessidade de medições. No caso de 
agentes químicos, estes podem exigir a tomada deamostras de ar, superfícies, produtos a granel e 
materiais biológicos. No caso deagentes físicospodem incluir medições de ruído de temperatura e 
radiação. 
 
Quando as medições forem indicadas, deve-se desenvolveruma estratégia de amostragem 
especificando o método, os trabalhadores, processos, equipamentos e áreas a serem amostrados, 
o número de amostras, duração e frequência. 
 
Os estudosde higiene industrial eas abordagens variam em complexida de dependendodo 
objetivoda investigação, o tipo e o tamanhodo local e a natureza do problema. Não há fórmulas 
rígidas para realizar os estudos, porém antes de iniciar a inspeção, buscar queixas e recuperar 
registros de doenças os trabalhadores é um bom começo, além de ajudar a aumentar a eficácia e 
eficiência. 
 
 33 
 
 
 
Ambientação 1: Glossário e Resumo 
 Um contaminante ou produto químico pode entrar em contato com o nosso organismo pela: 
Via Aérea - Inalação de gases, fumos metálicos, vapores, poeiras e névoas; 
Via Digestiva - Ingestão de poeiras e fumos metálicos; 
Via Cutânea - absorção pela pele de névoas, vapores e poeira; 
Via Ocular – absorção pelos olhos de névoas e vapores; 
A forma mais grave de absorção de um contaminante químico, é pelas Vias Aéreas, pois a 
área de um pulmão adulto é de 70 a 100 metros quadrados. Durante a inalação existe uma 
grande área de penetração e conseqüente contato dos vapores químicos, gases, poeiras 
orgânica ou inorgânica com o nosso organismo. O volume de ar inalado por uma pessoa em 
repouso fica entre 4 a 6 litros por minuto. Durante a inspiração, há uma grande penetração do 
Aerodispersóide/produto químico no organismo, devido a elevada área e volume de ar 
inalado/exalado, especialmente em carga ou atividade extenuante. Um trabalhador em 
atividade extenuante (trabalho com pá) pode inalar até 30 litros de ar por minuto. 
 
 
 34 
 
 Vigilância médica 1.4.3
Acompanhamento médico é necessário porque a exposição a substâncias perigosas pode causar 
ou agravar algumas doenças. Ele requer um programa ativo, envolvendo profissionais que 
conhecem doenças do trabalho, seu diagnóstico e tratamento. 
 
Programas de vigilância médica incluem medidas para proteger, educar, fiscalizar e, em alguns 
casos, compensar o empregado. Podem abarcar programas de seleção (admissionais), exames 
médicos periódicos, testes especializados para a detecção precoce de anormalidades e danos 
causados por substâncias perigosas, tratamento médico e registro de dados. 
 
A seleção pré-emprego (exame admissional) avalia a história profissional e médica do candidato a 
um posto, bem como resultados de exames físicos. São usados questionários para obter 
informações sobre doenças que sofreram no passado ou as crônica (especialmente asma, da pele, 
pulmão e coração) e exposições em empregos anteriores. 
 
Os programas de seleção de pré-recrutamento são muito importantes quando se utiliza para (1) 
manter um registro de trabalhos anteriores e exposições associadas, (2) estabelecer a saúde basal 
de um trabalhador e (3) determinar a existência de hipersensibilidade. Os exames médicos podem 
incluir exames audiométricos para detectar perda auditiva, testes visuais, provas de funçoes 
orgânicas e análises basais de sangue e urina. 
 
Exames médicos periódicos são essenciais para avaliar e detectar tendências quando se inicia um 
processo mórbido. Para demonstrarumadeterioração da saúde podem incluir controle biológico 
decertos contaminantese uso deoutros biomarcadores. 
 Vigilância a saúde 1.4.4
 
É necessário estabelecer claramente, a diferença entre monitoramento biológico e vigilância a 
saúde. Esta ultima é definida como: ”exames médico fisiológicos periódicos de trabalhadores 
expostos, com o objetivo de proteger a saúde de detectar precocemente a doença”. 
 
A detecção da doença instalada esta fora do propósito desta definição. Então a vigilância à saúde 
utiliza indicadores sensíveis que auxiliam na detecção, porém não na prevenção de sinais precoces 
de alterações orgânicas provocadas pela interação do agente químico com o organismo. 
 35 
 
A vigilância à saúde é um procedimento médico no qual se recombinam os diversos elementos, 
obtidos a partir do exame clínico do trabalhador, aos quais se somam os do monitoramento 
biológico,para se obter um quadro geral da condição e saúde do trabalhador, relacionando-a com 
uma atividade específica. 
 
Em programas de vigilância à saúde são utilizados os indicadores do efeito nocivo que revela a fase 
inicial, reversível, da intoxicação. Os exames podem necessitar de especificidade com relação à 
exposição. Como exemplos, podem ser citadas as provas de função hepática, que poderão estar 
alteradas em muitas moléstias do fígado e com o resultado do hábito de ingerir álcool. 
 
O quadro hematológico altera-se não somente na exposição ao benzeno, mas também em uma 
variedade de outros agentes químicos, além de numerosas moléstias originadas por 
microorganismos. Assim a validação das provas a ser usada na vigilância a saúde para determinar 
efeitos precoces produzidos por agentes químicos é um processo difícil, pois a sensibilidade e a 
especificidade dos exames devem ser conhecidas. 
 
De fato, programas de vigilância a saúde utiliza o monitoramento biológico e o monitoramento de 
efeito como um de seus critérios mais valiosos na detecção precoce de doenças decorrentes na 
exposição humana as substâncias químicas. 
 
Deve-se sempre levar em consideração que somente os indicadores altamente específicos, para 
uma determinada patologia do órgão, é que podem ser considerados como instrumentos úteis 
para o diagnóstico precoce de uma doença em processo de instalação. 
 
A vigilância à saúde procura dar ênfase às características da exposição, especialmente tempo e 
duração, associando-se ao estado de saúde, podendo ser aplicada com os seguintes objetivos: 
 Comprovar a ausência de um efeito nocivo numa exposição considerada aceitável ou a 
eficiência das medidas ambientais adotadas; 
 Dar atenção às alterações precoces do estado de saúde para poder interferir, 
preventivamente, em relação à doença. 
 
As alterações do estado de saúde ocorrem com as seguintes características: 
 36 
 
 Uma fase de indução, isto é, aquela em que decorre certo tempo para se iniciar o processo 
de morbidade, após alcançar certa dose do agente químico no organismo. 
 Uma fase de latência, que corresponde ao período compreendido entre o início do 
processo de morbidade e o aparecimento das alterações funcionais que ainda não 
permitem a sua individualização. 
 A aplicação da vigilância a saúde, a exemplo do que acontece com o monitoramento 
biológico, não pode ser confundida com os procedimentos que visam o diagnóstico. 
 É importante enfatizar que a manifestação de deterioração da saúde não ocorre 
necessariamente no momento do reconhecimento médico. A ocorrência de certas 
alterações biológicas pode, desde que evidenciada em tempo hábil, advertir que se não 
forem modificadas as condições de trabalho ocorrerão os transtornos funcionais. 
 
A Figura 1 mostra a evolução das alterações clínicas e subclínicas relacionadas com o tempo, em 
uma determinada exposição. 
 
Figura 1: Evolução das alterações clínicas e subclínicas 
 
Fonte: Lauwerys & Bernard 
 
 37 
 
Figura 2: Esquema representando a transferência do agente químico até os sítios de ação 
 
Fonte: Lauwerys & Bernard 
 
A dose é um termo farmacológico ou toxicológico usado para indicar a quantidade de uma 
substância que é administrado a uma pessoa. Afrequência da dose (taxa) é a quantidade de 
substância administrada por unidade de tempo. 
 
A dose de exposição, no local do trabalho, é difícil de determinar na prática, uma vez que os 
processos físicos e biológicos, como a absorção, inalação e distribuição de um agente no corpo 
humano, estabelecem entre exposição e a dose complexas relações não-lineares. A incerteza 
sobre o real nível de exposição aos agentes dificulta também a quantificação da relação entre a 
exposição e efeitos sobre a saúde. 
 
Para muitas exposições, há um intervalo de tempo, durante o qual a exposição ou a dose alcançar 
uma maior importância, para o desenvolvimento de um particular problema de saúde ou 
sintomas. Por conseguinte, a exposição, ou a dose, biologicamente importante seria aquela que 
ocorre durante o intervalo de tempo. 
 
 
 
 Agente químico MONITORAMENTO 
 no ambiente AMBIENTAL 
 
 Absorção 
 
 
 Agente químico no organismo 
 
 
 Distribuição 
 
 
 Biotransformação 
 
Produtos produtos 
Ativos inativos 
 MONITORAMENTO 
 BIOLÓGICO 
 
 
 Distribuição 
 
Fixação em fixação em sítios 
Sítios críticos não críticos 
 
 
 Produtos de Efeitos não nocivos MONITORAMENTO 
Degradação BIOLÓGICO DE EFEITO 
 
 
Efeitos tóxicos 
 
 
Lesões pré-clínicas VIGILÂNCIA A SAÚDE 
 
 
 
 38 
 
Acredita-se que algumas exposições a agentes cancerígenos no local de trabalho têm este tipo de 
intervalo tempo relevante. O câncer é uma doença com um longo período de latência e, portanto, 
pode acontecer que a exposição causadora o desenvolvimento da doença ocorra muitos anos 
antes dele se manifestar. 
 
É, portanto, um fenômeno arbitrário, pois uma exposição cumulativa ao longo do período laboral 
seria parâmetro relevante, porem a exposição contínua, intermitente, com ou sem picos, também 
pode ser relevante. É possível que a exposição que ocorre no momento da manifestação da 
doença não tenha nenhum significado especial. 
 
É importante para fins epidemiológicos/medições ambientais que se alinhem a obsevaçao dos 
requisitos normativos sanitários e ambientais aos controles de saúde/ambientais no contexto de 
programas de prevenção e controle. 
 
Por exemplo, se um efeito para a saúde é causado por exposições de pico, estes picos devem ser 
medidos para que possam ser controlados. As observações que só fornecem dados sobre 
exposições médias durante longos períodos de tempo não têm grande utilidade, uma vez que a 
variabilidade à distribuição imposta pelos picos pode fica diluída pela medida central (média) e, 
claro, que tais picos não podem ser controlados no momento em que ocorrem. 
 
Muitas vezes, são desconhecidas a exposição ou a dose biologicamente relevante para um efeito 
em particular, porque os padrões de ingestão, absorção, distribuição e, eliminação, ou os 
mecanismos de biotransformação, não são conhecidos amiúde. 
 
Tanto o conhecimento da velocidade na qual um agente entra e deixa o corpo (cinética) como os 
processos bioquímicos experimentados pela substância (biotransformação) ajudam a determinar 
as relações entre exposição, dose e efeito. 
 
O controle ambiental diz respeito à medição e à avaliação de agentes presentes no local de 
trabalho para avaliar a exposição e consequentes riscos ambientais e de saúde. O controle 
biológico, em complemento ao controle ambiental, se reporta à medição e avaliação dos agentes 
no local de trabalho a partir dos seus metabólitos em tecidos, secreções ou excreções também 
para avaliar a exposição e riscos à saúde. 
 39 
 
Às vezes se utilizam de biomarcadores como condutos de DNA, para medir a exposição. Os 
biomarcadores também servem como indicadores dos mecanismos do próprio processo de 
enfermidade, mais detalhe no tópico 1.5.1 à frente. O modelo básico da exposição-resposta pode 
ser diagramado como segue: 
 
Figura 3: modelo básico do fluxo exposição-resposta 
Exposição → absorção → distribuição, eliminação, transformação → dose no órgão-alvo → 
fisiopatologia → efeito. 
 
Dependendo do agente, as relações entre exposição-absorção e exposição-ingestão e pode ser 
complexa. Para muitos gases pode ser feita com base em aproximações simples da concentração 
atmosférica do agente durante uma jornada e a quantidade de ar inalado. Para amostragem de pó 
deve ser levado em conta, além disso, que o depósitode partículas é função do seu tamanho. As 
considerações sobre esse tamanho pode aumentar a complexidade dessa relação. 
 
A avaliação da exposição e da dose é um elemento de avaliação quantitativa dos riscos. Os 
métodos de avaliação risco para a saúde geralmente são a base para estabelecer limites de 
exposição correspondentes aos níveis de emissão de agentes tóxicos no ar que são definidos nas 
normas ambientais e sanitárias com repercussão nas normas trabalhistas. 
 
Análise de risco para saúde fornece uma estimativa da probabilidade (risco) relacionada a certos 
efeitos na saúde ou uma estimativa do número de casos com estes efeitos. Permite ainda definir 
uma concentração aceitável de um agente tóxico no ar, na água ou nos alimentos, dada a 
magnitude do risco escolhida a priori. 
 
A análise quantitativa do risco é aplicada, por exemplo, na epidemiologia câncer, o que explica a 
importância atribuída à avaliação retrospectiva da exposição. Outras estratégias avaliam a 
exposição aplicando ambas as avaliações: prospectiva e retrospectiva. 
 
 40 
 
 
Ambientação 2: Sintetizando controle biológico e avaliação ambiental 
Existe um fio condutor entre a exposição e ofeito á saúde que funciona em mão dupla: do efeito à saúde 
(biomarcador) se depreende a exposição; e da exposição (dose) se estima o efeito. As estimativas das doses 
obtidas a partir de medições ambientais e os biomarcadores a partir das biológicas. Diz-se retrospectivo 
quando se parte do efeito para a exposição e prospectivo no sentido contrário. Em outras palavras se trata 
de delineamentos epidemiológicos tipo coorte quando prospectivo e tipo caso-controle quando 
retrospectivo. Aproximando-se mais do dia-a-dia do EST, tem-se a mão dupla PPRA-NR9 
(exposição)↔PCMSO-NR7(efeito: exame alterado) 
 
 41 
 
UNIDADE III - CONTROLE DE EXPOSIÇÃO 
 
 Controle de exposição e predição da dose 1.5
As velocidades não-lineares do dano biológico podem estar relacionada as mudanças na absorção, 
que por sua vez estão relacionadas aos níveis de exposição, suscetibilidade do hospedeiro, a 
sinergia com outras exposições, participação de outros mecanismos de doença, exposições mais 
elevadas ou níveis de limiar para progressão da doença. 
 
Infelizmente, o número de dados quantitativos sobre muitos tipos de exposição é insuficiente para 
predizer o risco de desenvolver certo efeito. Em 1924, Haber* postulou que a gravidade do 
impacto sobre a saúde (H) é proporcional ao produto da concentração de exposição (X) e duração 
de exposição (T): H = X ⋅ T. 
 
Essa equação, denominada de Lei de Haber, é o alicerce à idéia das medições que compõe a 
exposição em tempo médio ponderado (TWA), isto é, as medições são realizadas, na sequência se 
calcula a média durante certo período de tempo, seria uma espécie de medida útil de exposição. A 
hipótese sobre a validade do tempo médio ponderado tem sido ferozmente questionada.†‡ 
 
 
 
* Apud Atherly, GA. 1985. Critical review of time-weighted average as an index of exposure and dose, and of its key elements. Am 
Ind Hyg Assoc J 46:481-487. 
† Bogers, M, LM Appelman, VJ Feron, et al. 1987. Effects of the exposure profile on the inhalation toxicity of carbon tetrachloride in 
male rats. J Appl Toxicol 7:185-191. 
‡Houba, R, D Heederik, G Doekes, PEM van Run.1996. Exposure sensitization relationship for alpha-amylase allergens in the baking 
industry. Am J Resp Crit Care Med 154(1):130-136. 
 42 
 
 
 
Ambientação 3:Reflexão – Lei de Haber: questionamento cientifico sobre o TWA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Todo o processo pode descrito por um conjunto de equações que são resolvidas 
matematicamente. Muitas vezes não há informações disponíveis sobre os parâmetros de 
farmacocinéticos em seres humanos e têm que utilizar parâmetros obtidos a partir de 
experimentos com animais. Existem vários exemplos de modelos farmacocinéticos para estimar a 
exposição às doses. 
 
Embora, em termos gerais, as doses estimadas não tenham sido validadas dada aplicação limitada 
dos estudos epidemiológicos, espera-se que a nova geração de dose índices de exposição consiga 
evoluir na busca da ideal exposição-resposta.* 
 
Um problema que ainda não foi abordada em modelos farmacocinéticos é as grandes diferenças 
que existem em a cinética de agentes tóxicos em diferentes espécies e, consequentemente, os 
efeitos da variação parâmetros farmacocinéticos em pessoas diferentes são interesse (Droz, 1992). 
 
 
* Smith, TJ. 1985. Development and application of a model for estimating alveolar and interstitial dust levels. Ann 
Occup Hyg 29:495-516. 
Em 1952, Adams e seus colegas disseram que “não há base científica para usar o tempo médio ponderado para 
integrar exposições em risco variáveis”. O problema é que muitas relações são mais complexas do que a relação 
representa Lei de Haber. Há muitos exemplos de agentes cujos efeitos dependem mais da concentração que da 
duração da exposição. Por exemplo, estudos de laboratório têm fornecido evidência interessante que em ratos 
expostos ao tetracloreto de carbono, o padrão de exposição (contínuo versus intermitente, com ou sem picos) e a 
dose podem modificar o risco observado de que os ratos submetidos a alterações ocorridas na concentração de 
enzimas hepaticas (Bogers et al. 1987). Outro exemplo é que bioaerossóis, tal como a enzima α-amilase, uma massa 
de pão que pode causar doenças alérgicas trabalhadores na indústria de panificação. Não é conhecido se o risco de 
desenvolver a doença depende principalmente de picos de exposição, a exposição média ou nível cumulativo de 
exposição (Houba et al., 1996) 
 
 
 43 
 
 
A despeito dessa polêmica científica, a lei de Haber foi utilizada principalmente para tirar 
conclusões sobre os meios adequados de medição do tempo de exposição e principlalmente para 
facilitar elaboração de requisitos legais. O Brasil expressamente adota o TLV®-TWA pela NR15, 
explicado no tópico Erro! Fonte de referência não encontrada.. 
 
 
Ambientação 4:Praticando quais normas brasileiras consideram o TWA 
 
 Controle biológico e biomarcadores de exposição 1.5.1
O controle biológico produz uma estimativa da dose, por isso é considerado superior ao controle 
ambiental. No entanto, a variabilidade dos índices usados para o controle biológico é importante e 
continua sendo uma incógnita, até numa mesma pessoa. 
 
Para obter uma aceitável da dose em trabalhador exposto, são realizadas muitas e repetidas 
medidas, cujo esforço de medição pode ser maior que o próprio controle ambiental. Este fato é 
ilustrado por um interessante estudo sobre os trabalhadores da fábrica de barcos plásticos 
reforçados com fibra de vidro* 
 
A variabilidade da exposição a estireno foi avaliada medindo repetidamente conteúdo ambiental 
de estireno. Foi medido o teor de estireno no ar exalado por trabalhadores expostos e assim como 
o intercâmbio de cromátides-irmãs (biomarcador). 
 
Para medir o estireno no ar foram realizadas três (03) medições repetidas, a fim de calcular a 
exposição média de longo prazo com uma exatidão de dado. Para estireno medido no ar exalado 
 
 
* Rappaport, SM, E Symanski, JW Yager, LL Kupper.1995. The relationship between environmental monitoring and 
biological markers in exposure assessment. Environ Health Persp 103 Suppl. 3:49-53. 
Informe quais dispositivos legais brasileiros adotam o TLV-TWA 
 44 
 
foram realizadas quatro (04) medições repetidas para cada trabalhador. Ao se determina 
intercâmbio de cromátides-irmãs foram realizados vinte (20) medições repetidas. 
Demonstrou-se que um estudo epidemiológico que usa o estireno ambiental como medida de 
exposição seria mais eficiente, em termos de número de medições necessárias, que controles 
biológicos com biomarcador.

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