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TELEJORNALISMO E AUDIOVISUAL PARA REDES SOCIAIS

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DEFINIÇÃO
Os bastidores da produção da notícia para a televisão. A divisão clássica das funções na linha de montagem da notícia: apuração, produção, chefia, reportagem e edição. Os formatos da notícia para a TV e a lógica na elaboração dos espelhos. As técnicas para os diferentes tipos de entrevista: povo-fala, sonora com um especialista, sonora com um denunciado, sonora com um personagem. Equipamentos. O novo texto para a TV. Dicas para a construção de roteiros e edição.
PROPÓSITO
Identificar o mecanismo de produção de um telejornal, avaliando seus diferentes elementos e sua lógica.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Descrever a produção de um telejornal
MÓDULO 2
Definir elementos, princípios e práticas da reportagem para a televisão
INTRODUÇÃO
Figura 1. Célio Moreira à frente do telejornal da Rede Tupi (1956).
No dia 19 de setembro de 1950, a extinta TV Tupi levou ao ar o primeiro telejornal do Brasil. Chamava-se Imagens do Dia. Durou um ano e foi o embrião dos telejornais que, ao longo de décadas, mantiveram papel de credibilidade na produção de notícias. Não se trata de “achismo”. É o que dizem os números!
Pesquisa divulgada pelo DataFolha, em março de 2020 — 26 dias após o primeiro caso de Covid-19 confirmado, no Brasil —, revelou que 61% das pessoas confiavam na cobertura sobre a pandemia feita pelos telejornais. O índice superou a confiança atribuída a outros veículos tradicionais, como os jornais impressos (56%) e o rádio (50%). Ainda, segundo a pesquisa, apenas 12% dos entrevistados disseram acreditar em notícias veiculadas pelo Facebook e grupos do WhatsApp.
Da primeira edição de Imagens do Dia até a virada para o século XXI, os jornalistas gozaram do chamado “monopólio do furo”. Era do repórter e da sua equipe o primeiro olhar sobre o fato, a partir do qual nasceria a notícia. Nada restava ao telespectador senão o papel de elemento passivo no processo de produção de conteúdo, enquanto, timidamente, a TV ensaiava as primeiras iniciativas de interatividade com o público.
Em 2001, a fabricante japonesa Sharp lançou no mercado um dispositivo que iria revolucionar a comunicação de massa no planeta: o telefone celular J-SH04, o primeiro com câmera acoplada.
Oito anos depois, ia ao ar a primeira reportagem para a TV brasileira feita, exclusivamente, com imagens capturadas por um telefone. Desde então, todo cidadão de posse de um telefone tornou-se um potencial produtor de conteúdo.
Nessa nova realidade, em que o telespectador é um colaborador extremamente ativo e a web pauta e dita diretrizes, a velha e boa credibilidade se mantém, a despeito da virulência dos ataques virtuais — e físicos — contra jornalistas. A informação de qualidade, apurada e trabalhada com cuidado para chegar ao telespectador, mostra-se o principal antídoto contra as mentiras que desorientam a sociedade e ameaçam a democracia.
MÓDULO 1
Descrever a produção de um telejornal e as diferentes funções do jornalista
APURAÇÃO
O setor mais desvalorizado de uma redação de TV é, exatamente, um dos mais importantes para a produção da notícia: a apuração. Costuma ser — e não deveria — o lugar onde se recebem os salários mais baixos. Pela salinha dos apuradores chegam informações preciosas da rua, como:
Cabe ao apurador “passar a peneira” nessas informações, separando fatos que julgar corriqueiros de acontecimentos que, por sua relevância e seu interesse público, possam interessar à chefia de reportagem. Isso requer, claro, sensibilidade e experiência, pois um erro da apuração compromete todas as etapas seguintes da linha de montagem.
Apesar de sua importância na dinâmica das redações, a apuração (berçário da notícia) é delegada, essencialmente, a dois perfis bem paradoxais: os estagiários, que ainda cursam a faculdade, e os profissionais mais experientes que, por algum motivo, não se encaixaram no setor da produção — também conhecida como “pauta”. A pauta corresponde às orientações iniciais e gerais sobre uma reportagem, a começar pelo assunto e alguns enfoques possíveis. A pauta varia de meio para meio, conforme sua lógica de produção. No jornalismo impresso, por exemplo, a pauta pode nem ser escrita, mas apenas explicada verbalmente pelo editor. No telejornalismo, a pauta é usada também como sinônimo de produção.
Em suma, é a porta de entrada para os iniciantes e, muitas vezes, de saída para os colegas que não galgaram outros espaços dentro da emissora.
Os fatos de aparente interesse público levantados pelos apuradores são submetidos à chefia de reportagem, que abastece de notícias os diferentes telejornais da emissora — cada um deles com sua linha editorial (ou sua “pegada”, como se diz em TV).
No entanto, a informação que vem da rua normalmente carece de novas apurações, agendamentos de entrevistas, autorizações para gravação etc. Enfim, a transformação do fato em notícia exige o trabalho de outros colegas: os produtores ou pauteiros.
Atualmente, diferentes funções no departamento de jornalismo se confundem, dado o enxugamento dos quadros nas emissoras e também em outros veículos de comunicação. Sigamos o modelo clássico de divisão dos setores de uma redação, entendendo que o novo jornalista já nasce um profissional multitarefas, preparado para dialogar com múltiplas plataformas da web.
PRODUÇÃO OU PAUTA
Figura 4. Redação da CNN em Atlanta (EUA).
Uma pauta bem executada facilita o trabalho da equipe de reportagem. Entretanto, uma produção mal elaborada torna-se um tormento para o repórter e seus parceiros de externa, expondo, inclusive, a equipe a perigos reais nas grandes cidades. Em regiões metropolitanas, como a do Rio de Janeiro, áreas imensas são controladas por facções criminosas, formadas por traficantes e milicianos. A não checagem dos locais de gravação, por exemplo, pode levar o repórter, o cinegrafista e o auxiliar técnico (que acumula função de motorista) a regiões dominadas por bandidos, que não costumam ser gentis com jornalistas.
Uma boa pauta no telejornalismo deve ter:
1
Uma análise criteriosa de cada local das marcações.
2
A estimativa do tempo gasto entre os deslocamentos.
3
Uma pesquisa sucinta do tema da reportagem.
4
Os nomes e um breve currículo dos entrevistados.
5
Os contatos dos entrevistados e seus assessores.
6
Sugestões para a gravação das imagens.
A pauta, porém, oferece um primeiro direcionamento à equipe de externa. Na rua, é comum que fatos novos mudem o enfoque inicialmente aprovado, oferecendo outro olhar e, não raro, um novo “norte” para a reportagem.
Quer conhecer um caso de “virada” de pauta? Assista ao vídeo a seguir.
CHEFIA DE REPORTAGEM
Como vimos, o chefe de reportagem abastece de notícias os diferentes telejornais, como um fornecedor que possui diversos clientes, cada qual com sua identidade. Nem sempre, contudo, ele se debruça apenas sobre o conteúdo que vai ao ar. “Descascar pepinos” é praxe na rotina do chefe, como:
· Solucionar problemas de equipamento.
· Elaborar a escala das equipes.
· Dirimir eventuais conflitos entre colegas.
· Aprovar orçamentos pontuais para as reportagens.
· Fazer a conexão entre o jornalismo e outros departamentos da emissora.
O chefe de reportagem tem ainda uma tarefa diária de extrema relevância: conduzir a reunião de pauta ou as reuniões. Nesses encontros, estagiários, produtores, repórteres, editores e editores-chefes dos telejornais aprovam as pautas que serão realizadas nas horas ou nos dias seguintes.
Vale citar os sete pecados cometidos em uma reunião de pauta no interior da redação:
1
Falta de ideias.
2
Sugestões inexequíveis.
3
Abuso da “Gillette Press” (uso de recortes de jornais).
4
Esquecimento de que, em TV, a pauta precisa de boas imagens.
5
Desdém com as sugestões dos colegas.
6
Debate inócuo, pouco objetivo.
7
Ideias “tapa-buraco” (sugestões descabidas, mas mesmo assim aprovadas na reunião e, eventualmente, passadas para uma equipe de reportagem).
COMENTÁRIO
Para o chefe de reportagem, pior do que uma pauta fraca é ter equipes paradas na redação. Então, na falta de uma pauta interessante, uma sugestão tola ou de pouco interesse público pode, tambémnão raro, cair “no colo” do repórter e da sua equipe, mas apenas para tapar buraco.
REPORTAGEM
Não há como descrever a linha de montagem de um telejornal sem citar a função do repórter.
Conheça algumas modificações do telejornalismo, nas últimas décadas, com o relato pessoal de Vinícius Dônola.
As equipes de externa, inicialmente compostas por cinco integrantes (repórter, cinegrafista, operador de VT, iluminador e motorista), foram progressivamente reduzidas, até a adoção do MoJo (Mobile Journalism) — a versão do jornalista solo. Com o telefone celular, o repórter faz (ou procura fazer) a função antes desempenhada por uma equipe completa.
Adiantemos aqui os elementos básicos da reportagem televisiva:
	· Off: o texto do repórter coberto por imagens.
· Passagem: o momento em que o repórter fala para a câmera.
· Sonora: sinônimo de entrevista para a TV.
· Sobe som: uso do som ambiente no roteiro final de uma reportagem.
· Respiro: espaço aberto no roteiro, sem som ambiente, para auxiliar o telespectador na compreensão do conteúdo.
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
O telejornalismo também tem lançado mão de outra ferramenta: as entradas ao vivo ou o “vivo”, como se fala no meio. Com a velocidade crescente no tráfego de dados pela internet, o “vivo” deixou de ser um recurso caro e tecnicamente limitante.
Os velhos caminhões de link, como eram chamados os veículos usados nas transmissões em tempo real, foram trocados pelo aparelho celular, que conecta o repórter à emissora em um simples clicar de botão. A reportagem mudou e vem mudando, impulsionada pelas novas tecnologias e pautada pela pressão da web sobre o conteúdo produzido pela TV.
EDIÇÃO
Aplicativos de telefone já são capazes de montar conteúdo audiovisual a partir de imagens, passagens e sonoras gravadas pelo repórter solo. Grandes emissoras do Brasil adotaram o celular para determinadas coberturas e isso rompeu a dinâmica clássica de edição das matérias, que veremos adiante.
Na rotina do telejornal diário, a corrida contra o deadline (o horário de fechamento das matérias para serem levadas ao ar) causa demasiado estresse e leva os editores à beira de um ataque de nervos!
Há, essencialmente, quatro maneiras de se entregar ao editor de texto o material gravado pela reportagem:
Entrega em mãos, com a volta da equipe para a emissora.
Envio de um motoqueiro, muito comum nas grandes cidades com trânsito engarrafado.
Transmissão do conteúdo gravado via sinal de link, a partir da rua.
Transmissão simultânea, em tempo real, por aparelhos que conectam a câmera aos servidores do jornalismo.
Uma vez que o material é inserido (em TV, fala-se “ingestado”) na chamada ilha de edição, o jornalista responsável por montar a matéria terá pouco tempo para construir uma narrativa lógica a partir do off gravado pelo repórter. Esse texto pode ser escrito de diferentes maneiras: pelo repórter, pelo repórter em parceria com o editor de texto ou apenas pelo editor.
Cabe ao editor selecionar os melhores trechos das entrevistas e, na companhia de um segundo editor, responsável pela cobertura das imagens (editor de imagem), fazer o “casamento” entre o off do repórter e os takes captados pelo cinegrafista.
Em uma situação ideal, ambos os editores devem conhecer o material gravado pela equipe, fazendo a chamada “decupagem” da mídia, ou seja, a transcrição das falas mais significativas e a identificação das principais imagens gravadas pelo repórter cinematográfico (ou pelo próprio repórter). Obviamente, durante o fechamento dos telejornais diários, os editores não têm tempo para assistir ao conteúdo das mídias, o que compromete, rotineiramente, o resultado final da edição.
Também é função do editor de texto escrever a primeira versão da “cabeça” que será lida pelo apresentador. Cabeça, em televisão, é o nome que se dá ao texto que precede a reportagem, contendo informações que possam atrair o interesse do público. Enfim, o telejornal está pronto para ser levado ao ar.
FORMATOS DA NOTÍCIA PARA TV
Para facilitar a compreensão, dividimos aqui o conteúdo jornalístico para a TV em dois grandes grupos:
ENTRADAS AO VIVO
REPORTAGENS GRAVADAS
Do segundo grupo, o das reportagens gravadas, listamos a seguinte subdivisão:
· Reportagem.
· Reportagem especial.
· Suíte.
· Série de reportagens.
REPORTAGEM
Tradicionalmente, a reportagem de TV é composta pelos cinco elementos citados acima: off, sonora, passagem, sobe som e respiro. Costumava ter entre um e dois minutos, no máximo, mas o tamanho dos VTs (videotapes) pode variar bastante. Não é raro assistir a matérias de até cinco minutos. VTs mais longos acabam por ganhar outra denominação: reportagem especial.
REPORTAGEM ESPECIAL
A diferença entre uma reportagem e uma reportagem especial não está apenas em seu tamanho. Um VT especial pressupõe um investimento maior de tempo e dinheiro em determinada produção. Reportagens especiais são mais comuns em programas dominicais que combinam entretenimento e jornalismo, como o Fantástico, da Rede Globo, e o Domingo Espetacular, da RecordTV.
SUÍTE
“Suitar” uma matéria é, tão somente, desdobrar uma reportagem principal exibida no dia ou na semana anterior. Uma suíte, portanto, é um segundo VT feito a partir de uma reportagem já exibida. Normalmente, as suítes trazem revelações ou desdobramentos do caso em si.
SÉRIE DE REPORTAGENS
Figura 17. O Jornalista Vladimir Herzog, assassinado durante o regime militar brasileiro. / Figura 18. O Jornalista Tim Lopes, assassinado por traficantes de Vila Cruzeiro, no Rio de Janeiro, em 2002.
As séries tornaram-se um espaço destinado a produções mais bem elaboradas e, consequentemente, mais propensas a faturar os cobiçados prêmios de jornalismo, como o Vladimir Herzog e o Tim Lopes de Jornalismo Investigativo.
LÓGICA NA CONSTRUÇÃO DE UM ESPELHO DE TELEJORNAL
No meio televisivo, há pessoas que carregam a reputação de serem “doutores da audiência”. Em outras palavras, são jornalistas experientes que, após tentativas e erros, encontraram alguma lógica na elaboração dos espelhos de um telejornal, com a intenção de obter bons resultados de audiência.
O espelho está para a TV assim como o prefácio está para um livro. Ele é, na prática, uma planilha com os diferentes elementos que compõem um programa jornalístico:
	· Escalada (leitura das principais manchetes do dia).
· Notas peladas (notícias lidas pelo apresentador sem imagens).
· Notas cobertas (notícias lidas pelo apresentador cobertas, parcialmente, por imagens).
· Reportagens.
· Passagens de bloco (texto que precede o intervalo comercial).
· Encerramento (texto final de despedida).
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
Fechar uma primeira versão do espelho é fundamental para se estimar o tempo de produção de um telejornal, excetuando-se os chamados breaks (intervalos comerciais).
Logicamente, ao longo do dia (no caso dos telejornais diários) ou da semana (no caso dos programas dominicais), o espelho muda conforme o andamento das gravações, bem como do desenrolar dos fatos no Brasil e no mundo.
Notícias entram e saem da versão original da planilha com uma velocidade assombrosa! Até mesmo para um apresentador experiente, a “dança das cadeiras” dos VTs impressiona e assusta. Creia, o espelho pode virar de cabeça para baixo durante a exibição do telejornal!
Normalmente, a reportagem de abertura é o grande destaque de uma edição. Vide o Jornal Nacional, da Rede Globo. O “abre” do JN costuma trazer a grande notícia do dia.
Não há lógica alguma em começar o noticiário com uma matéria “fria”, deslocada do calor da cobertura factual. Há, porém, estratégias mais agressivas na construção dos espelhos, que visam fragilizar o concorrente em seu momento de maior vulnerabilidade: o break.
Durante os intervalos comerciais, a audiência dos canais tende a apresentar queda, e é nessa queda que os adversários despejam sua força máxima. Eles esperam o canal concorrente chamar o break para anunciar sua principal atração. Assim, esperam capturaro público que zapeia entre um bloco e outro do espelho. É o que faz o Domingo Espetacular, da RecordTV, para atrair o público dos dois principais adversários nas noites de domingo: o SBT, de Sílvio Santos e, naturalmente, o Fantástico, da Globo.
	PAG
	NOTAS
	RETRANCA
	tMAT
	TEMPO
	OK
	
	20:15
	Jornal XYZ – 16/03/21
	0:00
	0:00
	OK
	01
	
	***** ESCALADA *****
	1:00
	0:00
	OK
	01A
	
	INTERVALO EXTRA
	0:00
	1:00
	OK
	03
	VT
	RIO VOLTA FERIADO
	2:00
	1:00
	OK
	04
	VT
	SPO ESTRADAS SP E BRASIL
	1:20
	3:00
	OK
	05
	VT
	BHE AEROPORTO
	1:20
	4:20
	OK
	06
	VT
	SPO GOLPES PREVEÇÃO
	1:20
	5:40
	OK
	07
	VT
	SPO/RIO CRIMINALIDADE
	1:40
	7:00
	OK
	10
	
	***** PASSAGEM UM *****
	0:09
	8:40
	OK
	10A
	
	***** INTERVALO UM *****
	0:00
	8:49
	OK
	12
	VT
	SAL FESTIVAL
	1:30
	8:49
	OK
	13
	VT
	SAL IVETE
	1:20
	10:19
	OK
	14
	VT
	RIO COPACABANA
	1:30
	11:39
	OK
	15
	VT
	RIO IND. ENTR.
	1:30
	13:09
	OK
	16
	NOTA
	SPO MOTOBOYS
	0:15
	14:39
	OK
	17
	NOTA
	SPO DESEMPREGO
	0:20
	14:54
	OK
	20
	
	***** PASSAGEM DOIS *****
	0:09
	15:14
	OK
	20A
	
	***** INTERVALO DOIS *****
	0:00
	15:23
	OK
	21
	VT
	PRS CONFLITO GEÓRGIA
	0:50
	15:23
	OK
	22
	VT
	ROM PAPA
	0:20
	16:13
	OK
	23
	VT
	NYC ELEICÕES
	0:20
	16:33
	OK
	25
	VT
	NYC IMIGRANTES
	1:20
	16:53
	OK
	26
	VT
	AFS PRISÃO
	0:25
	18:13
	OK
	27
	VT
	TOQ PESCA
	0:20
	18:38
	OK
	28
	VT
	ROM CONFERÊNCIA
	0:25
	18:58
	OK
	30
	
	***** PASSAGEM TRÊS *****
	0:08
	19:23
	OK
	30A
	
	***** INTERVALO TRÊS *****
	0:00
	19:31
	OK
	32
	VT
	BSB COMISSÃO
	0:20
	19:31
	OK
	33
	NOTA
	BSB SAÚDE
	0:15
	19:51
	OK
	34
	VT
	RIO ALERJ
	1:10
	20:06
	OK
	35
	VT
	SPO PROTESTOS
	0:20
	21:16
	OK
	36
	VT
	VIT POLUIÇÃO
	0:30
	21:36
	OK
	37
	VT
	BHE MEIO AMBIENTE
	1:30
	22:06
	OK
	38
	
	***** PASSAGEM QUATRO *****
	0:09
	23:36
	OK
	39
	
	***** INTERVALO QUATRO *****
	0:00
	25:16
	OK
	40
	VT
	MAPA TEMPO
	1:20
	26:36
	OK
	40A
	VT
	RGS VITAMINA C
	1:40
	26:45
	OK
	43
	VT
	SPO RECEITAS CASEIRAS
	0:30
	26:45
	OK
	44
	VT
	RIO POR DO SOL
	0:40
	28:05
	OK
	45
	
	***** BOA NOITE *****
	0:00
	29:45
	OK
	46
	
	***** ENCERRAMENTO *****
	0:12
	30:15
	OK
	
PAG
	
	
	tMAT
	TEMPO
	OK
 Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal
 Exemplo de espelho de telejornal.
Minuto a minuto, no switcher (ponte de comando de um telejornal), o editor-chefe monitora o sobe-desce da audiência. Por vezes, é cobrado, diretamente, pela direção de jornalismo, que se manifesta, principalmente, ao notar oscilações negativas.
 SAIBA MAIS
A cobrança por resultado é cada vez mais implacável, pois os números do Ibope são referência para o mercado publicitário. Quanto maior a audiência, mais valorizado é o espaço; quanto mais valor tem o espaço, mais se pode cobrar de um anunciante.
Por fim, ainda que a TV tenha formado “doutores” no assunto, a audiência não segue, necessariamente, fórmulas exatas e inequívocas. Funciona como o esquema tático de um técnico que, por vezes, emplaca vitórias, mas que, vez ou outra, amarga o dissabor de derrotas inesperadas. Quem inventar a “receita de bolo” será o futuro bilionário da TV do Brasil!
VERIFICANDO O APRENDIZADO
MÓDULO 2
Definir elementos, princípios e práticas da reportagem para a televisão
DIFERENTES TIPOS DE ENTREVISTA NA TV
Figura 19. José Alencar entrevistado no programa Roda-Viva da TV Cultura.
O conceito “entrevista” pode ser dividido conforme o seguinte critério: o tipo de interação entre o repórter e seu(s) entrevistado(s). É importante conhecer e identificar as diversas formas de sonora listadas a seguir: povo-fala; sonora com especialista; sonora com denunciado; sonora com personagem.
POVO-FALA
O povo-fala, como o próprio nome sugere, é a entrevista com pessoas anônimas, feita em ambiente público, como a rua e os corredores de um shopping center. Pode ser uma ferramenta poderosa para uma reportagem, principalmente em um país como o nosso, onde as pessoas são muito expressivas ao falar.
Quer saber mais sobre o povo-fala? Clique e confira.
SONORA COM UM ESPECIALISTA
Com as ferramentas de busca pela web, não há desculpa. O entrevistador tem de estar bem informado a respeito de seu entrevistado. Não é, contudo, o que sempre acontece. Alguns jornalistas chegam à entrevista sem conhecer a história da pessoa que está à sua frente.
Além de estudar a respeito do entrevistado, é importante demostrar para o especialista que você, entrevistador, empenhou-se em buscar conhecimento sobre ele. Isso muda, completamente, o andamento da conversa-prévia, antes do início da gravação propriamente dita. O entrevistado respeita quem o respeita!
SONORA COM UM DENUNCIADO
A postura, diante de uma pessoa suspeita, requer cuidados especiais. Desde o momento da chegada da equipe de reportagem, o encontro com o entrevistado pode estar sendo captado por câmeras e microfones ocultos. Qualquer declaração do jornalista, fora de contexto, poderá ser usada contra ele.
Uma das táticas usadas pelo denunciado é intimidar o repórter, seja pela fala ou pela comunicação não verbal. Trata-se de um recurso de defesa. Nessas horas, o jornalista deve manter a calma e a firmeza. O papel de acuado não cabe ao jornalista, mas sim à pessoa que anda em desacordo com a lei.
SONORA COM UM PERSONAGEM
“Personagem”, em TV, é aquele entrevistado cuja história, em si, renderia uma bela reportagem ou, quem sabe, um livro. Vide o caso da Mãe Abigail, já citada. Sua história de vida transcendia a esfera de um entrevistado comum. Mãe Abigail era mesmo um personagem inesquecível!
Ter a capacidade de enxergar os potenciais personagens para suas matérias é uma das principais qualidades de um bom jornalista de TV.
EQUIPAMENTOS
Os equipamentos broadcast, usados pelas equipes de reportagem, sempre foram caríssimos, sobretudo as câmeras e lentes. Juntas, podiam — e ainda podem — valer algumas dezenas de milhares de dólares.
A partir dos anos 1980, outras câmeras começaram a chegar ao mercado, com preços acessíveis, mas com resolução de imagem muito inferior à dos equipamentos profissionais da TV. À época, os vídeos caseiros não passavam pelo controle de qualidade das emissoras, como a Rede Globo, que tanto prezava por seu padrão de excelência.
Já nos anos 2000 ocorreu a grande revolução tecnológica que impactaria o telejornalismo: o desenvolvimento das câmeras conhecidas como DSRL (Digital Single Lens Reflex). Elas possuíam um formato de máquina fotográfica, bem diferente do modelo original adotado pelas emissoras. Contudo, já gravavam com maior resolução, se comparadas às primeiras versões digitais disponíveis para venda. Muito sensíveis à luz, as DSLRs eram capazes de obter boas imagens a partir de ambientes mal iluminados.
Pouco a pouco, emissoras e produtoras independentes passaram a substituir as câmeras convencionais — e caras — pelos modelos mais compactos, mais leves e mais baratos. Puderam, com isso, aumentar o número de câmeras usadas em uma única gravação. Atualmente, para gravar uma entrevista, a equipe pode dispor de uma série de câmeras, em diferentes enquadramentos:
Figura 22. Estúdio da Sigma TV, no Chipre.
1
Uma câmera para o entrevistado
2
Uma câmera para o entrevistador (contraplano)
3
Uma câmera mostrando entrevistado e entrevistador (plano geral)
Além das câmeras, o equipamento básico de uma equipe de TV dispõe de:
	· Tripés.
· Kit de microfones.
· Kit de iluminação.
· Rebatedores (para a luz).
· Mídias para armazenamento de vídeos.
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
Em 2007, com o início da adoção do MoJo (Mobile Journalism), o equipamento básico passou — inclusive, nas grandes redes de televisão — a ser substituído por um único aparelho: o celular. Isso impactou o mercado de dispositivos profissionais, mas não só. O grupo japonês CIPA (Camera & Imaging Products Association), formado pelas empresas Nikon, Canon e Olympus, vendeu, em 2010, 121 milhões de câmeras digitais. Oito anos depois, os negócios haviam despencado, com uma queda de 84% no volume de unidades comercializadas. O motivo provável foi a melhoria na qualidade dascâmeras dos smartphones.
No ano seguinte, 2019, de acordo com a consultoria IDC, foram vendidas 322 milhões de unidades de celulares no mundo. Na prática, a revolução tecnológica que mudou a vida do consumidor teve eco nos corredores da TV.
NOVO TEXTO PARA A TV
O texto para a TV é, como nos outros veículos de comunicação, a base da estrutura de uma reportagem. Porém, ao contrário do que acontece em jornais impressos, no rádio e na própria web, o off do repórter de televisão muitas vezes é escrito por outro profissional: o editor de texto. Isso ocorre, sobretudo, durante o fechamento de matérias especiais ou de série de reportagens para os telejornais diários.
Embora o domínio da escrita seja uma habilidade sine qua non do bom jornalista, na televisão o editor acaba por assumir a tarefa de redigir os textos que, mais tarde, o repórter irá gravar na rua ou na cabine de locução. Editor e repórter também podem dividir a autoria dos textos, um colaborando com o outro.
Por “texto” para a TV, entendamos dois elementos diferentes:
Passagem
Quando o repórter conversa com a câmera.
Off
A parte do texto, com a voz do repórter, coberta por imagens.
PASSAGEM
Para o repórter de televisão, a passagem é o elemento mais desafiador na construção de uma narrativa. Muitos têm dificuldade de entender a função da passagem na estrutura de um VT, bem como não conseguem enxergar a função estratégica do “falar para câmera” dentro de uma vídeo-reportagem.
A passagem tem utilidades muitos específicas, como:
Marcar a presença do repórter e do veículo de comunicação no local dos acontecimentos.
Expressar, por meio do repórter, sensações como gosto, calor, frio e medo.
Usar o corpo do repórter como referência para tamanho e altura de objetos e outros marcos físicos.
Existe uma velha máxima em televisão que diz: o repórter deve recorrer à passagem quando “não tem imagens para cobrir determinado trecho de off”. Isso apequena a função da passagem e impede o repórter de enxergar outras possibilidades citadas anteriormente.
A passagem é o único momento da matéria em que o repórter “fala” com o telespectador, olho no olho. Por isso, seu uso deve ser criterioso e estratégico. Aparecer por aparecer mina a credibilidade do repórter.
OFF
O novo texto para a TV contempla muito menos off e muito mais tempo para as entrevistas — as chamadas sonoras em televisão. Ao longo do tempo, entendeu-se que, para a narrativa, as sonoras têm mais impacto e são mais reveladoras — em determinadas circunstâncias — do que o próprio texto do jornalista.
O off tem, como a passagem, funções específicas na estrutura de uma reportagem, tais como:
	· Fazer a “liga” entre passagens, sonoras, respiros e sobe sons.
· Concentrar os números do VT, com a possibilidade de uso de legendas para facilitar a compreensão do telespectador.
· Destacar as melhores imagens feitas pelo repórter cinematográfico.
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
A leitura do texto para a TV, seja na passagem ou no off, depende, naturalmente, do conhecimento de técnicas de locução. Uma delas é o uso da ênfase na “palavra-valor” ou nas “palavras-valor” de cada frase.
Veja exemplos de destaque nas palavras-valor.
DICAS PARA CONSTRUÇÃO DE ROTEIROS
A maneira como se dá a construção do roteiro pode ser determinante para o desempenho de audiência de uma vídeo-reportagem. A seguir, descreveremos técnicas que, comprovadamente, são capazes de atrair o público para uma matéria de TV. Também serão listadas dicas para facilitar o trabalho de edição — a montagem de um quebra-cabeça composto por offs (cobertos por imagens), passagens, sonoras, sobe sons e respiros.
“TÉCNICA DOS VINTE SEGUNDOS”
Os primeiros segundos de uma reportagem são decisivos para manter a atenção do público e seu interesse em assistir a uma matéria do começo ao fim. Sentado na poltrona de casa, o telespectador está munido da arma exterminadora de audiência: o controle remoto! Se, de imediato, não for “seduzido” pelo conteúdo do VT, trocará de canal. Consequentemente, a performance daquela reportagem será impactada.
É importante lembrar que, no switcher (a sala de controle), o editor-chefe monitora, minuto a minuto, o sobe e desce da audiência, comparando o desempenho de seu telejornal com os números obtidos pela concorrência. No caso dos programas dominicais, quando são exibidas reportagens mais longas, de até 30 minutos, as oscilações são realmente expressivas. Um VT mal construído pode derrubar a audiência em tempo real e comprometer a performance média do programa inteiro.
Durante a construção do roteiro, o repórter e o editor devem dar especial atenção aos instantes iniciais da matéria. “Diga logo a que veio” na abertura da reportagem, pois a cabeça, lida pelo apresentador, pode não ser suficientemente forte para despertar o interesse daquele que assiste ao programa — seja pela TV ou pelo celular.
OBSERVE DOIS EXEMPLOS:
ABERTURA CONVENCIONAL
ABERTURA COM FORTE IMPACTO NOS PRIMEIROS 20 SEGUNDOS
Não há, essencialmente, uma mudança na estrutura do VT. Apenas algumas informações são extraídas, como o número de feridos; e a versão apresentada pelas testemunhas são extraídas do começo, abrindo espaço para um off que valorize o flagrante capturado pela câmera.
“TÉCNICA DO VEJA E REVEJA”
No exemplo anterior, o repórter e o editor lançaram mão de uma técnica de efeito poderoso: o “veja e reveja” de uma imagem.
“Quando, de repente, um segundo veículo cruza o sinal. [veja]. Veja de novo momento da batida. [reveja]”
As palavras “veja” e “reveja” não precisam, necessariamente, constar do off. A mesma informação poderia ser escrita assim:
“Quando, de repente, um segundo veículo cruza o sinal. [veja]. O impacto da batida foi ouvido a um quilômetro de distância. [reveja]”
Um dos erros mais comuns, na construção de um roteiro para a TV, é a não valorização de uma boa imagem. Se houver a necessidade de repeti-la, o repórter e o editor podem, sim, usar a imagem mais de uma vez dentro de um mesmo VT. Ou quantas vezes julgarem necessário para a compreensão do conteúdo.
DICAS PARA EDIÇÃO
ACOMPANHAR
A PRODUÇÃO
O bom editor acompanha a produção dos VTs que irá montar para um determinado telejornal. É um erro inteirar-se da matéria apenas na hora de entrar na ilha de edição.
ANTECIPAR A PESQUISA
DE ARQUIVOS E ARTES
Enquanto as equipes de reportagem estão na rua, o editor deve antecipar a busca de imagens de arquivo, bem como os pedidos de ilustrações no departamento de arte. Na “arte” são feitos gráficos, legendas e mapas. Deixar para última hora compromete o fechamento do VT.
DEBATER A
TRILHA SONORA
A fase final da edição de um VT é a eventual inserção de trilha sonora. Isso pode ser feito pelo editor, pelo produtor musical ou pelo sonoplasta.
A pessoa responsável por trilhar uma vídeo-reportagem deveria participar de todo o processo de elaboração de um VT, desde a produção até a montagem, na ilha. Raras vezes isso acontece, o que prejudica, sobremaneira, o trabalho de sonorização das matérias.
O ideal é envolver o editor, o produtor musical ou o sonoplasta desde o princípio, logo após a reunião de pauta. Assim, ele terá mais tempo — e mais inspiração — para propor uma trilha sonora que se encaixe com a “pegada” da reportagem.
ORGANIZE AS MÍDIAS
Com o uso de múltiplas câmeras, o trabalho dos editores aumentou bastante. Atualmente, ele dispõe de diversas fontes de gravação:
	· As câmeras.
· As microcâmeras (ex.: Go Pro).
· As câmeras com estabilizadores (ex.: Osmo).
· O drone.
· Os vídeos de arquivo.
· Os vídeos baixados da internet.
· Os vídeos recebidos por aplicativos.
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
Ao entrar na ilha, os editores devem ter todo o material devidamente “decupado”.
RELEMBRANDO
A “decupagem” é a transcrição do conteúdo das mídias. Sem uma organização criteriosa do material bruto, o trabalho na ilha torna-se mais penoso e, por vezes, infrutífero. O bom editor, salvas raras exceções, é um editor organizado.
DICA
Assista a telejornais e procureidentificar as técnicas que aqui foram elencadas. Busque reportagens disponíveis em canais de vídeo, como o YouTube. Procure atentar para as diferenças existentes entre uma entrevista e outra e para a lógica na construção dos roteiros. Preste especial atenção aos textos cobertos por imagens, na voz do repórter, e identifique as diferentes funções do off na estrutura da matéria.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Você conheceu diversos elementos do telejornalismo, tanto os do espelho do telejornal (escalada, notas peladas ou cobertas, reportagens, passagens de bloco e encerramento), quanto os da sua lógica, equilibrando a preocupação com interesse público, audiência e técnica.
O desenvolvimento tecnológico tem impactado diretamente a dinâmica das redações de TV, e o jornalista — já não mais o detentor do “monopólio do furo” — tem de se adaptar à novas realidades, mas sem abrir mão dos princípios que norteiam a produção da notícia. Para produzir reportagens, suas suítes, ou ainda reportagens especiais e séries de reportagens para o telejornalismo, o rigor na apuração dos fatos e a busca pela isenção independem de recursos tecnológicos ou de redes sociais disponíveis para produção e distribuição de conteúdo.
Ainda nesse âmbito, apesar de algumas emissoras conservarem a divisão clássica das funções (apuração, produção, chefia, reportagem e edição), mais e mais o mercado procura o profissional multitarefas, capaz de atuar em um cenário de múltiplas plataformas. Em especial, com o distanciamento social no Brasil provocado pela Covid-19, a partir de março de 2020 o processo de inovação tecnológica foi fortemente impulsionado, acelerando transformações que levariam anos. De forma aparentemente definitiva, aplicativos de celular e diversas plataformas de colaboração foram incorporados à produção dos telejornais, rompendo velhos padrões estéticos adotados pela TV.
Por fim, ainda que todo cidadão possa ser um produtor e distribuidor de conteúdo pela web, dois conceitos jamais serão sinônimos: registro e reportagem. O segundo, por ora, é primazia do jornalista.
PODCAST
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
BARBEIRO, H.; LIMA, P. R. Manual de jornalismo para rádio, TV e outras mídias. São Paulo: Campus, 2012.
DÔNOLA, V. Histórias das histórias que contei. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2019.
MARQUES, J. TVs e jornais lideram índice de confiança em informações sobre coronavírus, diz Datafolha. Folha de S. Paulo, São Paulo, 23 mar. 2020. Consultado em meio eletrônico em: 9 set. 2020.
TALESE, Gay. Fama & anonimato. São Paulo: Companhia das Letras, 2004.
EXPLORE+
· Quer ver um exemplo do risco a que se submetem as equipes de reportagem em uma área comandada pelo tráfico? Faça uma busca por Carro blindado da PM é alvejado por tiros com equipe de reportagem dentro e assista ao vídeo de como foi recebida uma equipe do Jornal da Record, no Complexo da Maré, no Rio de Janeiro.
· Vale conhecer as páginas na internet dos prêmios jornalísticos Vladimir Herzog de Direitos Humanos e Cidadania e Tim Lopes de Jornalismo Investigativo. Faça uma busca e confira os vencedores ano a ano.
· A série de telejornalismo Encarcerados, feita dentro da primeira penitenciária de segurança máxima do Brasil, Bangu 1, foi a vencedora da edição de 2013 do Prêmio Tim Lopes de Jornalismo Investigativo. Vale conferir.
· Como descobrir um belo personagem, sabendo, inicialmente, apenas seu nome e sua profissão? Busque Marcílio do Matte, da série Todo mundo é um livro, e reflita sobre essa possibilidade no telejornalismo.
CONTEUDISTA
Vinícius Dônola
LINKEDIN
audiovisual para redes sociais
DESCRIÇÃO
O audiovisual nas redes sociais, o Jornalismo audiovisual e o processo de produção de vídeo para mídias móveis.
PROPÓSITO
Conhecer o processo de desenvolvimento do audiovisual no ambiente online e sua circulação nas redes sociais é fundamental para melhor compreender como o vídeo jornalístico se encaixa nesse contexto, assim como produzir um conteúdo mais adequado para as mídias móveis.
PREPARAÇÃO
Para o módulo 2, será necessário um smartphone com um aplicativo de edição de vídeos instalado. Utilizaremos o KineMaster para o sistema Android, que possui uma versão gratuita.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Identificar aspectos do conteúdo audiovisual em diferentes plataformas de redes sociais
MÓDULO 2
Descrever as etapas de desenvolvimento de vídeos para mídias móveis
MÓDULO 1
Identificar aspectos do conteúdo audiovisual em diferentes plataformas de redes sociais
WEBTVS, TVS ONLINE E OS VÍDEOS NA REPORTAGEM PARA WEB
Com o advento da internet em banda larga de alta velocidade, a possibilidade da transmissão online de vídeo era vista com otimismo. Ao contrário da transmissão de TV aberta, feita por ondas de rádio, na internet não havia limite de canais. É nesse contexto que surgem as primeiras TVs online e WebTVs ao redor do planeta, experiências pioneiras que exploravam o potencial da rede mundial de computadores para a comunicação por meio do audiovisual.
Nós podemos entender a TV Online, ou WebTV, como uma transposição da lógica do broadcast para a internet.
Nas primeiras iniciativas, surgidas principalmente em meados dos anos 2000, não havia uma adaptação da estética e da lógica de produção e transmissão da TV para as potencialidades e funcionalidades da mídia digital e da web.
BROADCAST
É um termo em inglês que se refere à transmissão de TV em ondas longas de rádio. Tem a ver com a forma de disseminação da TV, mas também se tornou uma maneira de falar das emissoras de TV aberta, seu modelo de negócios e sua estética.
Iniciativas como Terra TV, do portal de internet Terra, e allTV, pioneira na produção de conteúdo exclusivamente para a internet, são exemplos de WebTVs que surgem no Brasil nessa época. Ambas têm foco em notícias e entretenimento, com uma grade de programas muito próxima em temáticas e formatos das TVs tradicionais. Tanto Terra TV como allTV funcionam com transmissão contínua ao longo do dia, com programas entrando no ar em horários específicos, como em uma TV aberta.
Com os avanços tecnológicos relacionados à transmissão de vídeo online e a crescente disponibilidade de internet de alta velocidade no mundo inteiro, as TVs online e WebTVs foram se tornando cada vez mais numerosas, embora a forma de acesso ao conteúdo tenha se modificado, deixando para trás a transmissão contínua, na maior parte dos casos, concentrando-se em oferecer bibliotecas de conteúdo para acesso do usuário a qualquer momento.
Plataformas como o iTunes, da Apple, e o Google Play Vídeo se tornaram muito relevantes na venda individual de programas de TV, e empresas como Netflix e Amazon começaram a oferecer serviços baseados em assinatura, transformando definitivamente o cenário da televisão online.
No Brasil, temos diversos exemplos de TVs online que ainda operam com transmissão contínua de seu conteúdo. Por exemplo, desde 2015, a TV Globo oferece acesso ao mesmo conteúdo transmitido para TV aberta por meio do aplicativo Globoplay, em tempo real e de forma gratuita. A empresa também começou a oferecer em 2020 a possibilidade de assistir à programação ao vivo de canais de TV a cabo com uma assinatura pelo mesmo aplicativo.
VOCÊ SABIA
Boa parte das TVs públicas do país oferece de alguma maneira a sua transmissão online, como as TVs legislativas e do Judiciário. A TV Brasil também está disponível online, bem como outras TVs públicas e educativas ao redor do país.
Como você pôde perceber, TV online ou WebTV são termos que se referem à transmissão do conteúdo televisivo na internet. Ao longo dos anos, a tecnologia foi se aprimorando, e os hábitos do usuário se modificando a partir das possibilidades apresentadas para o consumo de vídeo online, chegando ao cenário atual em que temos à disposição acesso tanto ao conteúdo ao vivo da TV tradicional quanto individualmente a determinados programas na hora em que quisermos.
O aumento do uso da internet faz com que os veículos tradicionais de imprensa (jornais, revistas, redes de TV e rádio) criem seus sites a fim de disponibilizaro conteúdo nesse novo meio. Em um momento ainda anterior à disponibilidade mais ampla da banda larga e ao acesso móvel à internet, o formato do conteúdo disponibilizado ainda estava muito ligado ao que é tradicionalmente feito nas mídias impressa, televisiva e radiofônica. Nesse contexto, o uso do vídeo na reportagem para a web passa por um processo de reconfiguração até estabelecer uma linguagem que dialogue com os aspectos e as potencialidades da internet como meio.
Esse formato tende a trazer reportagens em vídeo que atendam a diretrizes tradicionais do Jornalismo impresso, de rádio e TV. O uso do lide ainda é muito comum, ou seja, quando, no início do vídeo, as seis questões principais da matéria são respondidas:
O QUÊ?
QUEM?
QUANDO?
ONDE?
COMO?
POR QUÊ?
Outro paradigma ainda recorrente é o da pirâmide invertida, quando o fato vai sendo progressivamente detalhado ao longo do texto, por ordem de importância.
NO TELEJORNALISMO, É COMUM QUE SE ATENDAM A ESSAS REGRAS TAMBÉM, EMBORA PARA O AMBIENTE DA INTERNET E DAS REDES SOCIAIS ESSE NEM SEMPRE SEJA O MODO MAIS EFICIENTE DE ENGAJAR O USUÁRIO/ESPECTADOR.
Esse modelo de reprodução é descrito por Pavlik (2001) como shovelware, termo que não possui uma tradução direta, mas que se refere a conteúdos “jogados” de uma mídia para outra. Podemos pensar que o autor quis identificar um conteúdo jornalístico que é transposto da mídia tradicional para o ambiente online sem uma preocupação com a lógica específica da mídia digital e interativa que é a internet.
ATENÇÃO
O vídeo na reportagem para a web então pode se apresentar apenas como reiteração ou ilustração de informações textuais — uma utilização simplista e pouco rica desse recurso. Com frequência, imagens de câmeras de segurança, cinegrafistas amadores e afins estão incorporadas na notícia apenas para demonstrar alguma informação já introduzida pelo texto escrito.
A seguir veremos como o Jornalismo na internet começa a se adequar às lógicas e potencialidades próprias do contexto online e das redes sociais.
MOBILE FIRST  E O JORNALISMO AUDIOVISUAL
No contexto atual de uso intenso da web em dispositivos móveis, é preciso pensar na produção de notícia em uma perspectiva mobile first. Hill e Bradshaw (2018) apontam que essa abordagem indica que deve ser privilegiada a criação de conteúdo que funcione primeiro em dispositivos móveis e depois seja adaptada para computadores de mesa e outros dispositivos. Ou seja, uma abordagem que coloque em primeiro lugar a experiência do usuário de smartphones, tablets e outros aparelhos portáteis.
Isso porque essa é a característica da fase mais recente do Jornalismo na internet e, de maneira geral, a maior parte dos acessos à internet é feita em dispositivos móveis.
Segundo Fabbri Júnior e Ormaneze (2014), o Jornalismo na internet passa por três fases:
PRIMEIRA FASE
Apenas se reproduz aquilo que é publicado em outras mídias.
SEGUNDA FASE
Em meados dos anos 2000, começa a se produzir especialmente para a web.
TERCEIRA FASE
É a fase atualmente em curso, quando essa produção possui uma preocupação com a interatividade e a adequação à linguagem e às potencialidades próprias da internet e sobretudo das redes sociais.
Canavilhas (2014) percebe que, nesse contexto, a internet juntou palavra, som e imagem, acrescentando-lhes a interatividade facultada pelo hipertexto. Você pode perceber então que as características principais de um Jornalismo adequado à internet são: multimidialidade, interatividade e hipertextualidade.
HIPERTEXTUALIDADE
Hipertexto é um texto que se liga a outro. Na internet, isso é visto com os links, por exemplo, que nos levam de um site a outro.
Bock (2011) vê a questão do mobile journalism, ou Jornalismo móvel, a partir da perspectiva do jornalista. Para a autora, um jornalista móvel seria um profissional polivalente, que cumpriria diversas funções anteriormente designadas a profissionais diferentes, utilizando as tecnologias móveis para esse fim. Esse indivíduo atua em um contexto de mercado no qual novas funções emergem a partir das mudanças e demandas no ambiente da internet. A autora cita os novos papéis que surgem na redação, como o de editor de mídia social, desenvolvimento de audiência e gerenciamento de comunidade.
No contexto mobile first, isto é, dispositivos móveis como principal forma de acesso à internet da maior parte da população, torna-se fundamental pensar a produção da notícia e de todo conteúdo digital com foco especificamente em determinadas plataformas e adequados contextos de consumo. Assim, a organização tradicional da narrativa jornalística, com o lide e a pirâmide invertida, muitas vezes dá lugar a outras formas de estruturação da informação.
O que se pode perceber a partir dessa discussão é que o conteúdo noticioso na internet, para ser convidativo ao usuário, deve aproveitar todos os aspectos relacionados às potencialidades materiais e contextuais da mídia digital.
OU SEJA, APROVEITAR-SE DAS CARACTERÍSTICAS MULTIMIDIÁTICAS DA INTERNET, BEM COMO DOS HÁBITOS DE CONSUMO E DA DISPONIBILIDADE DO CONTEÚDO AO USUÁRIO. PORTANTO, DEVE-SE PENSAR O JORNALISMO AUDIOVISUAL NA INTERNET E NO CONTEXTO DAS REDES SOCIAIS ALIADO A TODOS ESSES ELEMENTOS.
O primeiro aspecto a ser destacado é o tempo. Na internet, o tempo disponível para a duração do vídeo é muito mais flexível do que em um telejornal, pois o vídeo online pode ser visto a qualquer momento e está disponível para o usuário sob demanda; já na TV tradicional, uma reportagem em vídeo precisa se encaixar em um programa que tem hora para começar e acabar.
O vídeo no telejornal ainda precisa se adequar às regras do lide e da pirâmide invertida, justamente pelo pouco tempo e pela necessidade de comunicar toda a informação da maneira mais objetiva possível para um espectador muitas vezes distraído. Nesse sentido, a reiteração da imagem pelo som e vice-versa também se faz fundamental.
TELEJORNAL
É necessário produzir rapidamente por conta do horário de exibição e pelo fato de, em geral, tratar-se de notícias recentes, muitas vezes acontecimentos do mesmo dia.
JORNALISMO AUDIOVISUAL NA INTERNET
De modo geral, pode contar com tempos de produção mais longos, pois não precisa cumprir o mesmo papel da TV e suas notícias mais urgentes.
O papel do vídeo no Jornalismo continua central, mas o formato tradicional do Telejornalismo não é mais a norma, pelo menos na internet. Para Lancaster (2013), é mais comum encontrarmos na rede o Jornalismo documentário, que é mais cinematográfico, pode se engajar em estudos de personagem mais profundos e é um suporte para um Jornalismo visual forte.
Enquanto no Telejornalismo é mais comum para o repórter conduzir toda a reportagem através da locução ou aparecendo em tela (a chamada passagem), em uma posição de mediador entre o espectador e a informação; no Jornalismo de tom mais documental, é comum que não haja intervenção direta do repórter, deixando os personagens falarem por si. Quando há a presença do repórter, este desempenha um papel diferente, colocando-se muito mais na posição de um interlocutor do espectador, em um tom mais conversacional e informal.
EXEMPLO
Os canais no Youtube do New York Times, Washington Post, TV Folha, O Globo e Agência Pública tendem a produzir conteúdos mais próximos ao formato de documentário, sem a presença do repórter, com um cuidado na narrativa visual mais apurado e um aprofundamento maior nos temas retratados. Já canais como Vox ou BBC Brasil possuem alguns vídeos com uma abordagem mais centrada em um repórter que atua na frente da câmera, no tom informal e de conversa abordado anteriormente, próximo ao formato do vlog tão comum no YouTube como um todo.
VLOG
O vlog é uma abreviação de video blog e refere-se a vídeos que possuem uma pessoa como fonte principal de informação, em geral falando diretamente para a câmera em um ambiente doméstico.
A partir de toda essa discussão, você pode perceber como é fundamental pensar o Jornalismo audiovisual de acordo com as características próprias das redes sociais.
 SAIBA MAIS
SegundoRein e Venturini (2018), um dos marcos na produção de conteúdo especificamente para essas plataformas e que atualmente é uma das maiores fontes de entretenimento e notícia nas redes sociais é o BuzzFeed. O site, lançado ainda em 2006, foi um dos primeiros a produzir o chamado “conteúdo nativo”, ou seja, pensado para cada plataforma de rede social especificamente.
Compreendendo o papel da organização do conteúdo em cada rede e a importância de seus algoritmos de recomendação de conteúdo, o BuzzFeed é pioneiro em desenvolver conteúdo de notícia e entretenimento adequado para cada rede, criando canais social-only, algo como “apenas na rede social”, como o famoso Tasty, focado em culinária.
O que podemos ter certeza é que, enquanto a tecnologia avançar e se modificar, o audiovisual vai se adaptar. O essencial é compreender o contexto em que os vídeos serão produzidos e vão circular, e para isso vamos falar sobre as principais características do vídeo nas redes sociais a seguir.
REDES SOCIAIS QUE ACEITAM VÍDEO E SEUS DIFERENCIAIS
QUAIS SÃO AS REDES SOCIAIS QUE VOCÊ MAIS USA?
QUER CONHECER AS MAIS USADAS NO BRASIL?
Segundo o Digital News Report, de 2020, do Instituto Reuters, as redes sociais mais usadas são:
A seguir, falaremos brevemente sobre essas redes e sua relação com o vídeo.
O WhatsApp é uma rede social que difere de outras já citadas pelo seu caráter primeiramente de troca de mensagens. Não há funcionalidades relevantes de postagem e criação de perfil, no entanto, o aplicativo é um espaço muito importante de troca de informações, notícias e vídeos no Brasil, sobretudo nos grupos privados e semipúblicos tão numerosos na plataforma.
O YouTube tem sua dinâmica totalmente baseada no vídeo como elemento de engajamento e conexão entre os usuários. No site, é possível se inscrever em um canal e comentar vídeos, não há uma dinâmica de laços de amizade ou troca de mensagens diretas.
PARA A AUTORA JEAN BURGESS (2014), "É NECESSÁRIO VER VÍDEOS COMO MEDIADORES DE IDEIAS QUE SÃO COLOCADAS EM PRÁTICA NAS REDES SOCIAIS, NÃO COMO TEXTOS DISCRETOS QUE SÃO PRODUZIDOS EM UM LUGAR E DEPOIS CONSUMIDOS EM OUTRO POR INDIVÍDUOS ISOLADOS OU MASSAS SEM CONSCIÊNCIA".
O YouTube se torna aos poucos uma plataforma altamente orientada para nichos de público, com contínua profissionalização de certos canais a partir de seu crescimento. A criação de comunidades e o engajamento com o público são fatores fundamentais para o funcionamento e sucesso dos canais no site, que conta tanto com canais gerenciados por empresas de mídia já estabelecidas, quanto por pessoas que se profissionalizam a partir do sucesso na plataforma e por amadores.
O Facebook, após a grande reformulação feita no news feed da rede em 2012, traz o vídeo cada vez mais como uma peça central de conteúdo, conforme Tandoc Junior e Maitra (2018) percebem. Os autores apontam que essa mudança traz a priorização do conteúdo audiovisual nativo, ou seja, os vídeos postados diretamente na plataforma. A função de auto-play, ou reprodução automática, também é fundamental na reorganização do lugar do vídeo na rede, fazendo com que ele seja apresentado independentemente da vontade do usuário, com a forma padrão sendo o som desligado.
Essa escolha de design do Facebook influencia enormemente a produção audiovisual voltada para a plataforma, que deve levar em conta o formato do news feed, privilegiando vídeos com uma proporção mais próxima do quadrado, e o fato de o som estar desligado por padrão.
EXEMPLO
Um bom exemplo de adequação de conteúdo a essas restrições são os vídeos da página Tasty, ligada ao BuzzFeed. Os vídeos de culinária se constroem a partir do texto em tela, sem necessidade do som para compreensão da receita.
Outro elemento relevante do cenário audiovisual do Facebook são as transmissões ao vivo. Essa funcionalidade tornou-se disponível para todos os usuários em 2016 e desde então tem sido fonte de muito conteúdo no site. Tandoc Junior e Maitra (2018) afirmam que esse tipo de vídeo, aliado aos comentários em tempo real, pode promover altos níveis de engajamento dos usuários.
O Instagram é uma rede que sempre teve como base a fotografia, embora tenha se voltado para o vídeo desde sua aquisição pelo Facebook. Nessa rede social é possível criar um perfil público ou semipúblico, postar fotos e vídeos de até 60 segundos no feed, postar vídeos de até 60 minutos no IGTV (o aplicativo de vídeos dessa plataforma) e de até 30 segundos no reels.
O diferencial do Instagram para fotos sempre foi a disponibilidade de filtros e ferramentas de edição de imagem para fotografia diretamente no aplicativo. Assim, os perfis de maior sucesso na rede tendem a ser mais ligados ao estilo de vida, à personalidade e ao cotidiano, com certo apuro estético e uma valorização dos padrões de beleza.
Com o advento do IGTV e do reels, com uma série de ferramentas de edição de vídeo, áudio e aplicação de efeitos na imagem, é possível uma criação audiovisual altamente elaborada com poucos recursos.
O Twitter é uma rede social muito mais focada em texto do que em vídeo e imagem, de modo geral. Hermida e Hernández-Santaolalla (2018) apontam que a plataforma é mais popular entre jovens, profissionais de mídia e acadêmicos, com uma penetração menor em outras comunidades e uma amplitude de público bem menor do que as outras redes mencionadas até agora.
A circulação do vídeo no Twitter tende a ser de conteúdos mais curtos, geralmente trazidos de outras plataformas, mesmo que postados de forma nativa no site. O grande diferencial da circulação de imagem e audiovisual no Twitter é que eles tendem a passar por um processo de curadoria e serem “empacotados” pelos usuários, ou seja, o conteúdo normalmente já vem com opiniões e juízos de valor incorporados.
O Tik Tok é uma rede social que tem crescido em popularidade desde 2017 no Brasil, sobretudo entre os mais jovens. A plataforma tem um foco quase exclusivo em conteúdo gerado por usuário. É uma produção de baixo custo, utilizando basicamente as ferramentas disponíveis no próprio aplicativo. O Tik Tok conta com ferramentas básicas de edição de vídeo e áudio, efeitos e filtros especiais do aplicativo, elementos que o Instagram transportou para o reels.
Até aqui você pôde entrar em contato com algumas das principais redes sociais voltadas para o vídeo e suas características mais marcantes. A seguir, vamos discutir a questão do conteúdo gerado por usuário e seu impacto na estética dos vídeos em circulação nas redes sociais.
CONTEÚDO GERADO PELO USUÁRIO: RENOVAÇÃO DA ESTÉTICA AUDIOVISUAL
A questão da audiência na internet tem configurações específicas que são próprias do meio e do momento em que a sociedade se encontra. Se no contexto do broadcast, da TV aberta, a preocupação era falar com o máximo possível de pessoas – de diferentes idades, classes sociais e regiões –, no contexto da internet e principalmente das redes sociais, há um processo de criação de nichos, conteúdos que apelam a públicos bem específicos.
Chris Anderson (2019), em seu livro A cauda longa, defende que o futuro dos produtos está na maior diversidade e no apelo a pequenos, mas numerosos, públicos diferentes. Quando falamos de conteúdo midiático, isso se torna ainda mais relevante, pois, desde o advento da TV por assinatura e a ampliação do número de canais, o caminho da produção de conteúdo tem sido esse.
Na internet isso se intensifica e nas redes sociais toma novos contornos. Com o trabalho de Henry Jenkins (2008) sobre a questão da convergência dos meios, podemos compreender melhor como isso se dá. O autor propõe o conceito de cultura participativa para tentar explicar o conteúdo online e nas redes sociais em especial. A cultura participativa seria uma lógica de produção e circulação de conteúdo em que a troca entre criadores e consumidores acontece de maneira mais próxima, a fronteira separando-os é menos clara e cada novo produto criado a partir de determinada fonte avança na sedimentação de novas convenções estéticas.
A cultura participativa é mais sobre um ambiente decriação e troca do que sobre o conteúdo criado individualmente. Nesse sentido, estamos falando basicamente do conteúdo gerado por usuários.
Esse é um termo amplo que se aplica às mais diversas produções dentro e fora da internet, mas quando falamos de vídeo gerado pelo usuário, estamos pensando em conteúdo produzido por não profissionais, ou seja, pessoas que não trabalham com a produção midiática, mas que produzem vídeo, seja para registrar momentos íntimos, capturar algum fato curioso ou até mesmo para alcançar a fama.
A quantidade e a rapidez da produção audiovisual online fazem emergir um “ecossistema”, no qual o vídeo toma um caráter vernacular (quase como uma língua falada entre os produtores e os usuários) e iterativo (algo que se repete e ganha novas características a cada vez que é produzido). Burgess (2014) aponta que o valor de cada vídeo está muito mais em sua função de elo na cadeia de produção da cultura participativa online, convidando a participação dos outros usuários e fazendo avançar uma estética muito particular das redes sociais.
Aqui podemos pensar como as comunidades que emergem nessas redes sociais se tornam fonte para novas configurações estéticas e de conteúdo.
AS EMPRESAS E OS VEÍCULOS DE COMUNICAÇÃO E PROFISSIONAIS DE MÍDIA ENTÃO PASSAM A CONTAR COM A MASSA DE PRODUÇÃO AUDIOVISUAL NATIVA DAS PLATAFORMAS PARA ORIENTAR SUA PRODUÇÃO E GARANTIR QUE ELA SE INSIRA DE MANEIRA MAIS ORGÂNICA NO CONTEXTO DESEJADO.
EXEMPLO
É possível perceber como as marcas se apropriam de memes e vídeos virais que circulam nas redes sociais para fazer propaganda de seus produtos. E mais do que isso, esse conteúdo gerado por usuário de forma coletiva e participativa em grande medida orienta os padrões estéticos de toda a produção nas plataformas de redes sociais e mesmo fora delas.
Tomando o YouTube como um estudo de caso, é possível perceber como a estética do vlog é central para os vídeos da rede, desde conteúdos jornalísticos, passando por estilo de vida, vídeos educativos e até propagandas.
Esse contexto todo aponta, sem dúvida, para a necessidade de compreender as dinâmicas próprias de cada rede social, bem como os conteúdos que circulam dentro delas, para melhor planejar e produzir seus produtos audiovisuais. Com esse conhecimento em mente, é possível produzir, com mais propriedade, conteúdo audiovisual para mídias móveis!
Assista ao vídeo e saiba mais sobre a aceitação e apropriação da estética “amadora” no conteúdo audiovisual.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
MÓDULO 2
Descrever as etapas de desenvolvimento de vídeos para mídias móveis
Apesar de ter aspectos próprios, o processo de realização em mídias móveis guarda muitas similaridades com os métodos produtivos do audiovisual de maneira geral. Neste módulo, vamos entender quais são as questões técnicas do meio digital, entender quais as etapas de desenvolvimento de um vídeo e quais as melhores práticas para captura e edição de material em mídias móveis.
CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS DO PROCESSO DE REALIZAÇÃO EM MÍDIAS MÓVEIS
A imagem digital tem uma série de questões importantes a serem levadas em conta na hora de produzir vídeos, em especial utilizando o smartphone. A câmera da maior parte dos smartphones funciona em grande medida como qualquer outra câmera digital, a grande diferença está em algumas limitações por conta do tamanho reduzido disponível para o dispositivo.
Em primeiro lugar, a maior parte das câmeras de celular possui uma ou duas lentes fixas, ou seja, não é possível mudar a distância focal. O zoom que somos capazes de dar utilizando os smartphones é, comumente, um zoom digital, ou seja, não é a lente que produz a aproximação da imagem, mas sim o sistema que amplia mais a imagem formada pelo sensor da câmera.
DISTÂNCIA FOCAL
A distância focal é a característica da lente de uma câmera que permite maior ou menor aproximação da imagem, delimitação de campo de visão e, em combinação com outras regulagens (diafragma e obturador, além da sensibilidade do sensor), permite maior ou menor profundidade de campo (isto é, se haverá uma maior ou menor área em foco na imagem).
Nesse sentido, o sensor – que é onde a luz é projetada para formar a imagem – de um celular em geral é muito pequeno, menor que o sensor de câmeras fotográficas amadoras ou semiprofissionais. Por conta desse tamanho diminuto, é necessária muita luz para formar uma imagem bem exposta, fato pelo qual é difícil tirar boas fotos à noite ou em situações de pouca luz com câmeras de celular.
 SAIBA MAIS
Existem aparelhos com sensores maiores e tecnologias avançadas que aproveitam mais a luz disponível, como os iPhones, da Apple, ou a linha Galaxy S, da Samsung. No entanto, eles estão dentre os aparelhos mais caros do mercado.
Apesar dos microfones integrados dos celulares serem cada vez mais avançados, ainda é uma dificuldade, para a produção com aparelhos móveis, a captação de som satisfatória. Uma boa captação de som exige certa proximidade do microfone com a fonte sonora, tornando, em geral, o uso do microfone integrado uma opção pouco eficiente, especialmente em ambientes ruidosos, pois o celular costuma estar distante da pessoa que está falando, na maior parte das vezes. Mais à frente, veremos alternativas para uma boa captação de som nesse contexto.
ATENÇÃO
É preciso ficar atento aos formatos de captação de vídeo disponíveis no aparelho usado. De maneira geral, os celulares mais recentes captam vídeo em resolução full HD, ou seja, de alta definição. Essa resolução é adequada para as redes sociais e é mesmo maior do que o padrão da TV digital. Muitos telefones já contam com a opção de filmagem em 4K, que é o dobro da resolução full HD; no entanto, quanto mais resolução de vídeo, mais espaço em disco será necessário para armazenar os arquivos.
Outro aspecto primordial da captação de vídeo nos smartphones é a taxa de quadros.
Taxa de quadros é a quantidade de quadros por segundo de filmagem, o padrão de cinema são 24 e de TV, 30 quadros por segundo. Alguns aparelhos mais modernos ainda possuem a capacidade de filmar em taxas mais altas, como 60 ou 120. Essas taxas de quadros mais altas permitem que o vídeo seja reproduzido em câmera lenta.
Todos esses ajustes devem estar disponíveis no aplicativo padrão de câmera do seu smartphone, no entanto, existem outros parâmetros que nem sempre estão à disposição do usuário de forma nativa. Aspectos como abertura do diafragma, velocidade do obturador e sensibilidade à luz do sensor costumam estar escondidos. Muitos aparelhos possuem o modo “profissional” em seus aplicativos padrão de câmera, que dão acesso a alguns desses parâmetros, mas outros não. De toda maneira, é possível instalar aplicativos de terceiros para possibilitar um maior nível de controle da câmera do seu smartphone. A opção depende da familiaridade com esses recursos. Em muitos casos, pode ser melhor deixar todas as configurações no modo automático.
DIAFRAGMA
Funciona como a pupila dos olhos, e sua abertura permite entrar mais ou menos luz no sensor na câmera, o que repercute em tipos diferentes de imagem, interferindo, por exemplo, na profundidade de campo.
OBTURADOR
É o obturador que define por quanto tempo o sensor será exposto à imagem capturada, também gerando diferentes tipos de imagem – uma imagem menos nítida ou com impressão de movimento, por exemplo, quando se tratar de fotografia de um objeto se movimentando e com uma velocidade baixa do obturador, ou ainda uma imagem com luz “estourada”.
APLICATIVOS DE TERCEIROS
No sistema Android existem diversos aplicativos mais robustos para o uso de câmera e que são gratuitos, como o Open Camera, o Better Camera e o Google Camera.
TODOS ESSES ASPECTOS TÉCNICOS LIGADOS À PRODUÇÃO COM DISPOSITIVOS MÓVEIS DEVEM SERVIR COMO GUIAS PARA O MELHOR USO DOS APARELHOS. NÃO DEIXE O CELULAR IMPOR O QUE VOCÊ PODE FAZER, VOCÊ DEVE DETERMINAR COMO ELE PODE MELHOR SERVIR ÀS SUAS IDEIAS, DENTRO DAS LIMITAÇÕES QUE POSSUI.
PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE AUDIOVISUAL EM MÍDIAS MÓVEIS
O processo de desenvolvimento em mídias móveis não diferemuito das etapas presentes no desenvolvimento do audiovisual como um todo, em contextos de cinema, televisão e do Jornalismo. Embora existam especificidades para cada um desses contextos, a lógica permanece bem similar. Vamos entender ponto a ponto como uma ideia se torna um vídeo finalizado.
A produção audiovisual é principalmente um trabalho em equipe, com um alto grau de especialização e dividida em áreas interdependentes. Apesar de o tamanho das equipes ser diferente para diversos produtos e contextos, é quase sempre um trabalho coletivo. No âmbito da produção para as redes sociais, no entanto, podemos nos deparar com canais que são produzidos por uma única pessoa.
As etapas da produção audiovisual são:
DESENVOLVIMENTO
PRÉ-PRODUÇÃO
PRODUÇÃO
PÓS-PRODUÇÃO
Cada momento tem suas demandas específicas de equipe e trabalho.
Na etapa do desenvolvimento, começamos a partir de uma ideia que é desenvolvida para se tornar um roteiro, ou um formato de programa, ou a partir de uma pauta começa a se trabalhar em uma reportagem jornalística. Essa etapa pode demorar meses ou anos, no caso de um filme, ou algumas horas se for um vídeo para as redes sociais.
Com o roteiro ou a pauta de reportagem em mãos, é hora de começar a pré-produção, que é o momento em que tudo deve ser preparado para as filmagens: os lugares onde vai se filmar, os atores precisam ser contratados, se for uma reportagem ou um documentário, é preciso entrar em contato e agendar com as pessoas que darão a entrevista, por exemplo.
Com tudo preparado, chega o momento da produção, quando as filmagens efetivamente acontecem. Nessa etapa, a equipe de filmagem deve estar a postos e todos os equipamentos e outros insumos necessários, disponíveis. Essa etapa pode durar vários meses ou apenas algumas horas, dependendo do produto.
Depois de toda a captação de imagem e som realizada, é o momento da pós-produção. Nessa etapa, é feita a edição das imagens e a finalização do som e da cor do vídeo. Ao final, temos o produto, que vai ser exibido em cinemas, TV ou colocado em um site de rede social.
Esse processo de desenvolvimento não precisa ser totalmente replicado na hora de produzir para as redes sociais, mas é fundamental dar conta de tudo o que está envolvido nessas etapas. Mesmo com equipes pequenas, ou de uma só pessoa, é essencial pensar sobre o que vai ser produzido, e por isso é preciso desenvolver bem as ideias e planejar.
Bons vídeos sempre começam com bons roteiros, então pensar o melhor modo de abordar o assunto de que se vai tratar é muito relevante para o sucesso da produção. Assim, tenhamos em mente alguns aspectos significativos na hora de fazer um roteiro:
ASPECTO 1
ASPECTO 2
ASPECTO 3
ASPECTO 4
Se você decidir que fará um vídeo inspirado no formato vlog, por exemplo, é importante pensar no que vai falar. É possível elencar alguns tópicos a serem desenvolvidos na hora da filmagem, ou escrever falas detalhadas no roteiro.
De maneira geral, mesmo fora do formato vlog, é necessário optar por escrever o roteiro como um texto corrido, em tópicos, ou no padrão de TV, que pode ser proveitoso para a organização do vídeo. O padrão de roteiro para TV é organizado em duas colunas, a da esquerda para o vídeo e a da direita para o áudio. Na coluna do vídeo, entra a indicação de todas as imagens que vão aparecer em tela, de preferência com indicações detalhadas. Na coluna do áudio, entram música, efeitos sonoros, narração e indicação de trechos de falas de entrevistas ou diálogos.
Se uma ou várias entrevistas forem realizadas, recomenda-se pensar previamente nas perguntas a serem feitas e em como esses depoimentos vão se encaixar no restante do vídeo. Nesse caso, o trabalho de roteirização não termina antes da filmagem, ele continua depois, na hora de escolher que trechos da entrevista vão entrar no vídeo. No meio de uma entrevista, pode surgir um dado inesperado e que mereça mais atenção do que o planejado. Mas esse é um assunto da edição, a ser explorado a seguir.
O mais importante é pensar bem na estrutura do seu roteiro, quais informações entrarão em que momentos e de que jeito você pode engajar mais seu espectador a partir dessa organização. Nesse sentido, ao se produzir para as redes sociais, é imprescindível pesquisar as tendências e os formatos relevantes de cada rede, dialogar com a comunidade do seu canal, pensando estratégias específicas de engajamento dos usuários.
QUALQUER QUE SEJA O CAMINHO QUE VOCÊ ESCOLHA PARA O SEU VÍDEO, É ESSENCIAL PENSAR NAS ETAPAS MENCIONADAS: SEMPRE DEDIQUE TEMPO AO DESENVOLVIMENTO DO ROTEIRO, PLANEJE A PRODUÇÃO DE MODO QUE TUDO QUE É NECESSÁRIO PARA A CAPTURA DE IMAGEM E SOM ESTEJA DISPONÍVEL, TENHA CERTEZA DE QUE VOCÊ FILMOU TUDO QUE É PRECISO PARA EDITAR O VÍDEO E SE ORGANIZE BEM PARA FAZER A EDIÇÃO DE SEU VÍDEO DA MELHOR MANEIRA POSSÍVEL, LEMBRANDO QUE O SEU ROTEIRO É UM GUIA IMPORTANTE, MAS, NA HORA DA EDIÇÃO, TUDO PODE MUDAR.
CAPTURA DE IMAGENS E INÍCIO DA PÓS-PRODUÇÃO
Antes de realizar a captação de imagens, recomenda-se decidir a proporção do quadro do vídeo final. Como visto, as redes sociais possuem diversos padrões de vídeo e devemos levar isso em consideração ao fazer nossas filmagens.
DICA
É sempre bom saber para quais redes estamos produzindo para dar conta das suas características específicas. No Instagram, por exemplo, é possível postar vídeos na vertical, horizontal e de proporção quadrada, já o YouTube aceita todos os formatos de vídeo, mas a tendência é o vídeo horizontal na proporção 16:9, padrão da resolução da TV digital.
A proporção do vídeo é uma razão entre largura e altura. Quando falamos em vídeo na proporção 16:9, significa que, a cada 16 unidades de tamanho na largura, temos 9 unidades na altura, ou seja, é um vídeo retangular, mais largo do que alto.
Com a proporção definida e escolhido o local da filmagem, é fundamental ter uma preocupação estética com esse espaço. Cuidar do cenário ou do ambiente onde se filma é crucial para produzir uma imagem mais agradável ao espectador. Mesmo que em um vídeo jornalístico, é fundamental pensar no que aparece ao fundo, ou ao redor da pessoa ou do objeto que está sendo filmado.
ATENÇÃO
A iluminação também merece um olhar atento. Se você tem acesso à iluminação artificial, como luzes de LED próprias para filmagem, ótimo! Mas se você possui apenas o celular, existem alternativas para conseguir um vídeo bem iluminado. Posicionar a pessoa que vai ser filmada próxima a uma janela é uma delas. No entanto, é necessário tomar cuidado com as mudanças de posição do sol ao longo da filmagem. Se você estiver filmando ao ar livre, tenha em mente que os horários do início da manhã e do fim da tarde têm a luz do sol mais suave. Buscar locais com sombra também é uma boa alternativa.
Como o que está em produção é uma obra audiovisual, a parte do áudio tem tanta importância quanto a imagem. Assim, preste atenção à captação de som, cuidando para filmar em locais silenciosos e utilizando, de preferência, um microfone externo. Pode-se utilizar um microfone de lapela, aqueles que ficam presos na blusa das pessoas. Há microfones de lapela que se ligam diretamente ao aparelho celular. Mas, na falta dele, é possível usar o próprio fone do celular, que em geral conta com um microfone integrado.
Com tudo arrumado para começar a filmagem, agora é o momento de se atentar ao roteiro, ou às perguntas ou aos tópicos preparados.
Caso esteja trabalhado com um roteiro em texto mais completo, uma alternativa é gravar em blocos de texto, decorando pequenos trechos, outra é utilizar um aplicativo de teleprompter no smartphone. Nas entrevistas, as anotações em um celular e mesmo um bloco de notas são recursos comuns.
O planejamento também permite elaborar uma listagem para conferir se foram captadas todas as imagens necessárias à produção antes de passar para a etapa da edição.
Com todo o material filmado, é hora de seguir para a pós-produção. Antes de começar a editar, é fundamental cuidar da organização do seu material bruto. A organização desse material permite encontrar mais facilmenteo que se deseja na hora da edição. É importante também, sempre que possível, fazer um backup dos arquivos utilizados. Pode-se fazer uma cópia em outro celular, ou no seu computador, ou em um site de armazenamento como o Google Drive.
Com todos os arquivos da filmagem organizados, é o momento de buscar outros vídeos e outras fotos que possam ser necessários para a edição. Às vezes não é possível filmar tudo o que se deseja para incluir no vídeo. Pode ser necessário, por exemplo, usar imagens de arquivo ou de outras obras no nosso vídeo. As possibilidades são muitas.
TELEPROMPTER
O teleprompter é um aparelho utilizado principalmente no Jornalismo televisivo, composto de um espelho que vai na frente da lente da câmera e uma tela que vai rolando o texto para o apresentador ler.
MATERIAL BRUTO
É o nome dado aos arquivos de vídeo completos vindos diretamente da câmera, sem cortes.
DICA
Nesse sentido, existem diversos bancos de imagem gratuitos disponíveis na internet, como Pexels, Pixabay, Wikimedia Commons e The Internet Archive. São sites que colocam à disposição vídeos feitos especificamente para serem utilizados na produção audiovisual, bem como imagens em domínio público ou com a licença Creative Commons.
É primordial atentar para o tipo de licença que cada material possui, algumas permitem uso comercial, enquanto outras só permitem uso sem fins lucrativos. Para além desses sites, você pode fazer buscas no YouTube ou no Google Imagens ativando o filtro para só mostrar imagens com licença Creative Commons.
E, MESMO NESSES CASOS, SERÁ QUE É IMPORTANTE CITAR O NOME DO AUTOR?
VERIFICAR
Sim! É importante dar o crédito ao produtor original ou do site no qual você encontrou a imagem a ser utilizada, ainda que seja de uso gratuito. Se for preciso usar trechos de programas de TV, filmes ou qualquer obra produzida por outras pessoas, é necessário sempre dar crédito ao produtor original também. Vale destacar que, mesmo dando crédito e utilizando trechos, às vezes os algoritmos de proteção de direitos autorais das redes sociais podem bloquear o vídeo.
Com as imagens e os vídeos organizados, você pode escolher uma música para o seu vídeo. Existem vários sites que disponibilizam músicas sem a cobrança de direitos autorais, começando pelo próprio YouTube, que tem uma biblioteca de áudio, com músicas e efeitos sonoros, disponível para os usuários através do YouTube Studio. Outros exemplos de banco de músicas e efeitos sonoros são Bensound e Free Sound. E a BBC também disponibilizou gratuitamente uma enorme biblioteca de efeitos sonoros de sua divisão de rádio.
EDIÇÃO EM SMARTPHONES
Agora está tudo pronto para começar a editar! Usaremos no exemplo o aplicativo KineMaster para Android como ferramenta para nossa edição, mas as etapas a serem cumpridas são universais, para qualquer edição, em qualquer sistema.
Captura de tela do aplicativo KineMaster.
A edição é basicamente um processo de seleção e combinação de trechos de vídeo e áudio. Para começar, é preciso antes separar e escolher os trechos que desejamos usar de cada vídeo bruto, fazendo uma atividade que chamamos de decupagem. Essa decupagem é feita tanto nas imagens que contêm alguma fala, como entrevistas ou vlogs, quanto em imagens que usaremos para “cobertura”.
Depois de decidir quais trechos de entrevistas ou vlog serão usados, podemos colocá-los em uma ordem. Com essa ordenação planejada e encaminhada, é possível usar ainda outros recursos, como imagens de cobertura, que são vídeos ou fotos colocados de modo que não se veja a pessoa que fala, e sim essas imagens. Elas podem ter relação mais direta com o que é falado e serem usadas para ilustrar algum ponto, ou podem ter uma ligação menos direta com o texto.
No KineMaster, especificamente, há um procedimento bem simples para realizar esses processos.
Após abrir o aplicativo, você pode começar um novo projeto. Perceba que é necessário escolher a proporção da qual falamos, e o aplicativo possui várias possibilidades, de acordo com as redes sociais específicas.
Captura de tela do aplicativo KineMaster.
DEPOIS DE ESCOLHIDA A PROPORÇÃO, CHEGA-SE À TELA PRINCIPAL DE EDIÇÃO, QUE TRAZ A “LINHA DO TEMPO”, NA QUAL SERÃO ORGANIZADOS OS CLIPES DE VÍDEO E ÁUDIO NA EDIÇÃO, O MONITOR PARA VISUALIZAÇÃO DO QUE ESTÁ SENDO EDITADO E O CÍRCULO À DIREITA, PARA ONDE PODEMOS TRAZER NOVOS VÍDEOS, ARQUIVOS DE ÁUDIO E NOVAS IMAGENS PARA A LINHA DO TEMPO E APLICAR EFEITOS E TRANSIÇÕES.
Você pode seguir o seu roteiro ou escrever um roteiro de edição com o material que foi capturado. A partir desse roteiro de edição, o processo é um tanto mecânico ou repetitivo, de escolha e combinação, puxando novos vídeos e novas imagens para a linha do tempo, construindo aos poucos o vídeo final.
Para adicionar músicas e efeitos sonoros, existe um comando de “áudio”. É possível cortar um clipe em qualquer posição utilizando o ícone da tesoura. É fundamental, ao longo da edição, pensar na modulação do vídeo, com momentos de aumento e queda de intensidade, e também no ritmo das imagens com a música e das imagens entre si. Ou seja, o tempo que cada imagem fica em tela é significativo, assim como o momento dos cortes e sua relação com o ritmo da música.
Captura de tela do aplicativo KineMaster.
Outro recurso possível são as transições entre dois vídeos, e o KineMaster torna esse processo bem fácil. Quando são adicionados dois vídeos, um ao lado do outro, na linha do tempo, um botão com o símbolo de adição aparece, sendo necessário apenas tocar nesse botão para revelar o painel de inserção e controle de transições.
Captura de tela do aplicativo KineMaster.
Para adicionar texto, é só utilizar o comando “camadas” e depois “texto”; é possível adicionar adesivos com o comando “adesivos” também.
Captura de tela do aplicativo KineMaster.
Para modificar o volume ou as propriedades de transparência e cor de uma imagem ou um som, é necessário tocar no clipe correspondente na linha do tempo. Com essa seleção, será aberto o painel de controle do clipe, que conta com opções para modificar cor, opacidade, volume, velocidade, entre outros parâmetros.
Captura de tela do aplicativo KineMaster.
Alguns desses parâmetros podem ser modificados utilizando keyframes, ou quadros-chave, que são pontos ao longo de um clipe onde definimos o valor de determinado parâmetro, como, por exemplo, o volume. Podemos então adicionar keyframes para aumentar ou diminuir o volume, determinando seu valor em cada ponto.
Captura de tela do aplicativo KineMaster.
APÓS A SELEÇÃO, A COMBINAÇÃO DE TODOS OS CLIPES DE VÍDEO E ÁUDIO NECESSÁRIOS PARA O VÍDEO E A APLICAÇÃO DE TRANSIÇÕES E EFEITOS, VOCÊ TERÁ COMPLETADO O CHAMADO PRIMEIRO CORTE. É MUITO COMUM QUE NESSE PRIMEIRO CORTE NÃO HAJA AINDA A APLICAÇÃO DE EFEITOS, POIS ELE PROVAVELMENTE MUDARÁ. É UMA VERSÃO INICIAL COM TODOS OS CLIPES DE VÍDEO E ÁUDIO EM SEUS LUGARES.
Essa primeira versão normalmente é vista e comentada por membros da equipe. Caso esteja trabalhando sozinho, você pode mostrar para colegas, amigos ou familiares. É sempre importante ter outras opiniões. A partir dos comentários, então é elaborado o segundo corte e assim por diante até chegar a um resultado satisfatório para todos os envolvidos. Esse é um processo iterativo, ou seja, a cada nova versão pequenos ajustes e novas adições ou remoções vão sendo feitos.
DICA
No contexto de produção para as redes sociais, muitas vezes não há tempo para múltiplas versões, e o tempo entre elas também pode ser muito curto, mas é sempre importante fazer mais de uma versão.
Com a última versão definida, ou seja, quando se julga que não será mais realizada nenhuma edição de som e imagem, chega-se ao momento de finalizar o vídeo, efetuando apenas ajustes de volume e cor. Deve-se atentar para o nivelamento do volume no vídeo como um todo, tomar cuidado para não haver diferenças muito grandes de intensidade entre clipes distintos e para o volume da música não ficar mais alto que o das falas. O KineMaster possui uma ferramenta que automatiza o volume do vídeo, mas também é possível ajustar individualmente

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