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Prof. Marco Túlio Aula 00: Curso de História para Colégio Naval 2022 AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 1 HISTÓRIA PARA CN 2022 AULA 00 Prof. Marco Túlio 04 DE OUTUBRO DE 2020 HISTÓRIA PARA CN BRASIL COLÔNIA I Prof. Marco Túlio Aula 00: Curso de História para Colégio Naval 2022 AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 2 Sumário 1. APRESENTAÇÃO DO PROFESSOR E DO CURSO 4 1.1. Apresentação do curso 4 1.2. A prova de História do Colégio Naval 6 2. A EXPANSÃO ULTRAMARINA PORTUGUESA 9 2.1. A formação de Portugal 10 2.2. Razões do expansionismo português 11 2.3. A expedição de Pedro Álvares Cabral 20 A Carta de Caminha 20 3. O PERÍODO PRÉ-COLONIAL (1500-1530) 22 4. OS INDÍGENAS E A CONQUISTA DA AMÉRICA PORTUGUESA 23 4.1. Os Tupinambá 24 5. O PERÍODO COLONIAL (1530-1808) 25 5.1. O sistema de capitanias-hereditárias 25 5.2. O governo-geral (1548) 27 6. ECONOMIA E SOCIEDADE DO AÇÚCAR 29 7.1. A União Ibérica e o Brasil Holandês (1630-1654) 33 Guerras Brasílicas 34 7.2. A sociedade do açúcar 35 8. ESCRAVIDÃO E RESISTÊNCIA INDÍGENA E AFRICANA 37 8.1. A escravidão indígena 37 A Confederação dos Tamoios e a Confederação dos Cariris 38 8.2. A escravidão africana 39 Formas de resistência dos escravizados africanos 43 O Quilombo de Palmares 44 O legado cultural africano no Brasil 44 9. LISTA DE QUESTÕES 46 10. GABARITO 74 Prof. Marco Túlio Aula 00: Curso de História para Colégio Naval 2022 AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 3 11. LISTA DE QUESTÕES 74 12. CONSIDERAÇÕES FINAIS 124 13. REFERÊNCIAS 124 Prof. Marco Túlio Aula 00: Curso de História para Colégio Naval 2022 AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 4 1. APRESENTAÇÃO DO PROFESSOR E DO CURSO Caro aluno(a), Seja bem-vindo(a) à primeira aula do curso de História para o Colégio Naval 2021! Antes de começarmos a falar sobre o nosso curso, permita me apresentar: sou Marco Túlio, professor de História do Estratégia Militares. Sou graduado em História pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-Minas) e em Ciências do Estado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Também sou mestrando em História pela UFMG. Em 2020 ministrei a primeira versão deste curso, o que considerei um grande privilégio, mas acima de tudo, uma grande responsabilidade. Assim como todos os demais professores da equipe, estou ciente de que é o seu sonho de ingressar no Colégio Naval que está em jogo, então não pouparei esforços para ajudá-lo em sua preparação. Para tanto, o meu compromisso com você é oferecer um material adequado às exigências da prova a qual está prestes a realizar, com múltiplas ferramentas que contribuam para o seu aprendizado de forma objetiva e eficiente. Nossa missão é uma só: gabaritar na prova de História! Pronto para começar? Então vamos lá! 1.1. Apresentação do curso A prova do Colégio Naval é composta por 6 questões de História do Brasil. Parece pouco se comparado ao volume de outras disciplinas, mas esteja certo de que um único erro pode ser o suficiente para colocar em jogo a sua aprovação. Tenha bastante equilíbrio e consciência quando planejar a sua rotina de estudos, pois dar pouca atenção à nossa disciplina não é uma boa ideia! Para abarcar todo o conteúdo estipulado pelo edital do Colégio Naval, nosso curso será ministrado em 07 aulas! Veja o nosso cronograma: Aula Título Conteúdo abordado AULA 00 BRASIL COLÔNIA I Expansão Ultramarina Portuguesa e chegada ao Brasil; Da organização da Colônia ao Governo Geral. Conquista e colonização do Nordeste; Invasões Estrangeiras no Período Colonial. A Economia Colonial: os ciclos do Pau-Brasil, açúcar. O africano no Brasil. A Vida Cultural e Artística nos Séculos Coloniais; AULA 01 BRASIL COLÔNIA II Expansões Geográficas: Entradas e Bandeiras, penetração na Amazônia, conquista do Sul, Tratados e limites, Guerras no Sul; A Economia Colonial: os ciclos do gado e mineração; Sedições e Inconfidências: movimentos nativistas, Conjuração Mineira e Baiana; A Vida Cultural e Artística nos Séculos Coloniais; AULA 02 BRASIL IMPÉRIO I A Corte no Rio de Janeiro: a presença da Corte Portuguesa no Brasil: realizações político-sociais; Da Independência ao fim do Primeiro Reinado: a Guerra Cisplatina, as dificuldades econômicas e as agitações políticas; Período Regencial: lutas civis, atividades políticas e maioridade; Prof. Marco Túlio Aula 00: Curso de História para Colégio Naval 2022 AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 5 AULA 03 BRASIL IMPÉRIO II Segundo Reinado: pacificação das lutas internas, a conciliação política e tentativas de industrialização; Segundo Reinado: política externa; Segundo Reinado: situação econômica, desenvolvimento cultural e artístico, a questão dos escravos e a campanha abolicionista, a igreja e a questão dos bispos; Brasil República: causas da queda do trono. AULA 04 BRASIL REPÚBLICA I República da Espada; A República Velha: o governo das oligarquias cafeeiras (a situação social, política e econômica); A Revolução de 1930 AULA 05 BRASIL REPÚBLICA II Era de Vargas; A Era Populista: a situação interna e externa do Brasil, de Eurico Dutra a João Goulart. AULA 06 BRASIL REPÚBLICA III Os Governos Militares: de Castelo Branco a João Batista Figueiredo; e A Nova República. Atenção à recente inclusão do tópico História e cultura afro-brasileira e dos povos indígenas brasileiros no conteúdo programático da instituição, tendência que deve ser mantida na seleção dos ingressos em 2021. Iremos abordá-lo ao longo de todas as nossas aulas, pois ao menos uma questão voltada à temática é esperada em sua prova! Além do conteúdo exposto com uma linguagem objetiva e voltado às especificidades da prova, em cada uma de nossas aulas você contará com os seguintes pontos: ▪ Lista de exercícios com questões comentadas de provas do Colégio Naval → Mais do que assimilar o conteúdo, é importante que você se prepare resolvendo todos os exercícios de exames anteriores, pois isso o possibilitará compreender melhor o perfil da prova. Além disso, nosso material conta com as alternativas das questões comentadas uma a uma, para que você possa atestar não somente a sua compreensão do porquê uma determinada opção de resposta está correta, mas as razões para as demais estarem erradas. ▪ Lista de exercícios de outras instituições → Questões de outras provas foram incluídas em nosso material, seja pelo estilo similar ao exame do Colégio Naval, seja pela abordagem de temáticas não verificadas nas provas anteriores dessa instituição. ▪ Lista de exercícios inéditos → Para deixar o nosso material ainda mais completo, você encontrará diversas questões adequadas ao padrão do Colégio Naval, elaboradas justamente para que você possa se preparar ainda melhor. ▪ Exercícios resolvidos ao longo da teoria → Entender o processo de resolução de questões sobre os mais diversos assuntos que abordaremos é fundamental. Assim sendo, você irá se deparar com alguns exercícios em que busco mostrar qual caminho a ser seguido. ▪ Videoaulas completas → Todo o nosso conteúdo exposto no material escrito também será conduzido por meio de aulas gravadas e disponibilizadas na área do aluno. ▪ Mapas mentais e resumos → Trata-se de um ótimo recurso para serem utilizados na revisão dos pontos abordados pela disciplina. Para além dos pontos que compõem o material escrito, você também terá à sua disposição: ▪ o Fórum de Dúvidas, disponível no site do Estratégia Militares. Trata-se de uma ótima ferramenta para mantermos nossa comunicação, com a qual você poderá tirar suas dúvidas sobre o andamento do curso e o conteúdo das aulas. É também ali que poderei notificá-lo sobre eventos futuros e possíveis alterações do curso, então consulte-o continuamente; Prof. Marco Túlio Aula 00: Curso de História para ColégioNaval 2022 AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 6 ▪ eventos especiais sobre temas diversos, ou mesmo voltado para a resolução de questões. Em muitos casos, eles ficarão disponíveis no canal do Estratégia Militares no Youtube. Trata-se de um material que almeja contribuir na revisão do conteúdo. ▪ as salas VIP, locais em que os assuntos podem tirar dúvidas diretamente com o professor, ao vivo. Além disso, elas serão periodicamente agendadas para que possamos retomar o nosso conteúdo. Deu para notar que teremos muito trabalho pela frente, não é mesmo? Mas pense que todo esse esforço valerá a pena quando garantir a sua aprovação! Se você realmente está disposto a se dedicar para concretizar o seu sonho, conte comigo para o que precisar! 1.2. A prova de História do Colégio Naval Antes de encerrarmos minhas considerações sobre o nosso curso, gostaria de tratar sobre algumas características da prova do Colégio Naval, começando pela incidência dos temas contemplados pela instituição nos últimos 5 anos: Tendo em vista as provas analisadas no gráfico acima, é notória a recorrência questões sobre os períodos pré-colonial e colonial, não sendo raro os anos em que 1/3 da prova se volta aos temas envolvendo esses períodos. Assim sendo, a primeira dica é: atenção redobrada às nossas primeiras aulas, pois muito provavelmente você irá se deparar com os seus conteúdos na prova! No mesmo período analisado, questões sobre Segundo Reinado, Era Vargas e Nova República foram mais frequentes que dos demais assuntos. Vale destacar que a apresentação dos índices de incidência dos assuntos das provas dos últimos anos não sugere a possibilidade de abandonarmos um tema em benefício de outro! A ideia é nos prepararmos para tudo! 9 4 4 4 2 2 1 1 1 1 Incidência de temas (2016-2020) Períodos pré-colonial e colonial Nova República Segundo Reinado Era Vargas Primeira República República Populista Regime Militar Período Regencial Primeiro Reinado Período joanino Prof. Marco Túlio Aula 00: Curso de História para Colégio Naval 2022 AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 7 Outro ponto importante é compreender o perfil da prova do Colégio Naval. Primeiramente, algumas questões devem ser resolvidas com interpretação de texto, por isso a leitura atenta aos enunciados é indispensável. Vejamos um exemplo: (2018/CN) Leia o trecho da composição abaixo e responda a questão a seguir. “Tens um sabor bem do Brasil Tens a alma cor de anil Mulata, mulatinha, meu amor Fui nomeado teu tenente interventor” O trecho refere-se a marchinha carnavalesca “O Teu cabelo não nega Mulata, lançada no Carnaval de 1932, composta por Lamartine Babo e pelos Irmãos Valença. Pode-se afirmar que neste trecho temos a referência ao período: a) do governo provisório de Getúlio Vargas, onde temos a substituição das lideranças municipais por interventores que geralmente eram dissidentes do coronelismo. b) da Revolução Constitucionalista de 1932, onde as lideranças do movimento paulista eram compostas basicamente por interventores que em sua maioria originaram-se do tenentismo. c) do Estado Novo, onde as lideranças estaduais compostas por interventores foram substituídas por governadores nomeados por Vargas, que em sua maioria eram latifundiários cafeicultores. d) do governo provisório de Getúlio Vargas, onde os governadores estaduais foram substituídos por Interventores sendo, em geral, tenentes oriundos do movimento Tenentista. e) denominado de Estado Novo, onde o então presidente Getúlio Vargas substituiu todas as forças municipais por militares que em sua maioria eram oficiais de alta patente. Repare que a palavra interventor, presente na canção do enunciado, era o título dado aos nomeados por Vargas para dirigir os estados durante o governo provisório. Assim sendo, a alternativa D é a resposta. Contudo, outro ponto que poderia auxiliar o candidato é a informação de que a marchinha foi lançada em 1932, ano situado no período provisório da Era Vargas. Isso nos leva à terceira dica sobre a prova do Colégio Naval: não se trata de um exame em que você precisa decorar todas as datas, porém a memorização de alguns marcos cronológicos é imprescindível. Ao longo de nossas aulas, serão pontuados os marcos essenciais. Observação: Em alguns casos, os excertos disponibilizados pelas questões servem apenas para introduzir o tema abordado, e pouco ou nada ajudam o candidato a compreender o comando da questão e alcançar a resposta correta. Por via das dúvidas, sempre leia os textos com atenção! A quarta dica é tentar analisar as imagens que podem aparecer nas questões. Embora a qualidade gráfica das provas não facilite sua leitura, por vezes elas podem auxiliá-lo a obter mais informações para alcançar a resposta correta. Veja um exemplo: Prof. Marco Túlio Aula 00: Curso de História para Colégio Naval 2022 AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 8 (2017/CN) A charge mostra a situação dos escravos que integraram, durante a Guerra da Tríplice Aliança ou Guerra do Paraguai (1864-1870), os batalhões denominados Voluntários da Pátria, que asseguravam aos que se alistassem benefícios, dentre eles a alforria. Após a guerra, o abolicionismo tornou-se um dos principais temas brasileiros. Sobre esse momento histórico, é correto afirmar que a) as Forças Armadas apoiaram a reescravização do negro, pois os oficiais possuíam escravos e não queriam perder o dinheiro investido. b) diversos oficiais das Forças Armadas passaram a atuar abertamente contra a escravidão, inclusive se recusando a continuar capturando escravos fugitivos. c) movimento armado para libertar os seus familiares que continuavam em estado de escravidão. d) D. Pedro II ficou sensibilizado com a situação e decretou uma lei que libertava os pais e os irmãos dos soldados negros libertos. e) as Forças Armadas utilizaram sua influência política após a vitória no Paraguai para convencer os políticos a libertarem os escravos, o que se concretizou em 20 de novembro de 1888. Repare que o indivíduo em destaque é um homem negro e fardado, perplexo ao se deparar com sua própria mãe sendo chicoteada no tronco. Se considerados o uniforme e a reação do personagem, o candidato poderia deduzir de que o combatente representa o Exército ao final da Guerra do Paraguai, contexto em que a instituição passou a condenar a continuidade da escravidão. Assim sendo, a alternativa B seria a resposta mais adequada. A última dica é não se esquecer de que estamos nos preparando para uma carreira militar, por isso certas abordagens e temas pertinentes a alguém que busca ingressar nas Forças Armadas são privilegiados pela prova do Colégio Naval. Questões sobre como ocorreu a formação das fronteiras, as invasões estrangeiras no território colonial, as revoltas ocorridas ao longo da História e a participação do Brasil em guerras são, portanto, recorrentes. Para não perdermos tempo, gostaria de desejar a você um excelente curso. Nosso material foi preparado com muito zelo e atenção às particularidades do processo seletivo da CN. Espero que tenhamos uma jornada de estudos bastante produtiva, para que você possa gabaritar na prova de História! Bons estudos! Prof. Marco Túlio. profmarco.tulio @profmarcotulio /marcotulio.gomes.186 Prof. Marco Túlio Aula 00: Curso de História para Colégio Naval 2022 AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 9 2. A EXPANSÃO ULTRAMARINA PORTUGUESA Por volta de 1500, na transição do Medievo para a Idade Moderna, o eixo econômico do mundo se localizava no Mar Mediterrâneo. Os europeus passaram a cobiçar diversos produtos vindos da Ásia, como a seda e a porcelana chinesas, tapetes persas e as chamadas “especiarias”. Tesouros exóticos no mercado europeu, as especiarias eram produtos de origem vegetal e valor inestimável vindos do Oriente, como cravo, canela,pimenta, noz-moscada, gengibre, sândalo e almíscar. Com a retomada do grande comércio entre os mundos ocidental e oriental no final da Idade Média, os europeus passaram a requisitar cada vez mais esses produtos. As especiarias eram cultivadas na Índia, no Ceilão, nas ilhas Ternate e Tidora e em parte das Ilhas Molucas, atual Indonésia. Muitas delas eram utilizadas na conservação de alimentos ou com propósitos medicinais, além de conferirem aromas e sabores que encantavam os europeus. De Constantinopla, uma das cidades mais dinâmicas do período, o Império Otomano dominava uma região que abrangia o sudeste europeu, o Oriente Médio e o norte da África. Rotas de comércio terrestres na Pérsia, na Ásia Central e na China foram sobretaxadas pela administração otomana, o que legou pesadas tarifas aos estados cristãos europeus que buscavam adquirir mercadorias vindas do Oriente. Grande parte dos produtos orientais eram pagos em ouro pelos europeus, adquirido das caravanas que percorriam o deserto do Saara. Figura 1 - Mapa das rotas comerciais entre os séculos XIII e XIV. Enquanto os muçulmanos dominavam as rotas terrestres de comércio e no Mar Vermelho, mercadores italianos, sobretudo das cidades de Gênova e Veneza, monopolizavam as rotas marítimas no Mediterrâneo, adquirindo produtos dos primeiros e espalhando para o restante da Europa Ocidental. Em muitos casos, os produtos orientais assumiam o seguinte percurso: Prof. Marco Túlio Aula 00: Curso de História para Colégio Naval 2022 AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 10 Assim sendo, o valor final das especiarias e de outros produtos era exorbitante ao alcançarem a Europa Ocidental, limitando a margem de lucro de comerciantes da região e a arrecadação dos Estados que começaram a se formar na transição para a Idade Moderna. Esse cenário só seria alterado graças as incursões ultramarinas promovidas por Portugal, que ficaram conhecidas como Grandes Navegações. 2.1. A formação de Portugal A formação do Estado português remonta à Reconquista, nome dado ao processo de expulsão dos muçulmanos que ocuparam a península ibérica1 a partir do século VIII. A frente do movimento estiveram os reinos cristãos de Leão, Navarra, Castela e Aragão, cuja união mais tarde formaria o Estado de Espanha. Um nobre francês que se destacou em batalhas contra os mouros2 foi Henrique de Borgonha, que como recompensa recebeu do rei de Leão, Afonso VI, a doação do condado Portucalense e a mão de sua filha ilegítima, D. Teresa. Dessa união nasceu D. Afonso Henriques, que após a morte do pai rompeu sua sujeição ao reino de Leão, em 1139. Com isso, Portugal se torna independente e governado pela dinastia de Borgonha (1139-1383). Entre os séculos XII e XIV, Portugal expandiu suas fronteiras contra os muçulmanos, garantindo doações de terras aos nobres guerreiros, mas não a posse definitiva, que continuava sendo do rei. No mesmo período, o setor mercantil luso3 ganhou força diante da formação de entrepostos comerciais. Em 1383, uma crise sucessória se instaurou em Portugal após a morte de Fernando I, que não deixou herdeiros masculinos legítimos. O rei de Castela, casado com a filha do rei morto, reivindicou o trono para si, recebendo apoio de parcelas da nobreza de Portugal. Porém, a possibilidade de Portugal se anexado ao reino de Castela gerou indignação em diversos setores da sociedade portuguesa, que passam a apoiar a ascensão de D. João, mestre de Avis, irmão bastardo de D. Fernando. Dá-se início a um movimento conhecido como Revolução de Avis, do qual participaram setores da pequena nobreza, comerciantes e a “arraia-miúda” – nome dado às camadas populares. 1 Região que equivale ao território dos atuais estados de Portugal e Espanha. 2 Forma como eram denominados os muçulmanos na Península Ibérica. 3 Sinônimo de português. MERCADORIAS ORIENTAIS MERCADORES MUÇULMANOS MERCADORES ITALIANOS EUROPA OCIDENTAL Figura 2 - D. João, mestre de Avis e fundador de uma nova dinastia em Portugal. Prof. Marco Túlio Aula 00: Curso de História para Colégio Naval 2022 AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 11 Com a derrota dos partidários de Castela na batalha de Aljubarrota (1385), D. João assumiu o trono português como D. João I, dando início à dinastia de Avis. Ela seria fundamental para o processo de expansão portuguesa, nome dado ao conjunto de viagens marítimas que tornaria Portugal um dos mais importantes impérios do mundo. 2.2. Razões do expansionismo português O marco inicial do expansionismo português se deu com a ocupação da cidade de Ceuta, em 1415. Liderada pelo infante D. Henrique, quinto filho de D. João I, a empreitada foi motivada por razões estratégicas, afinal dali haviam partido os mouros, setecentos anos antes, para dominar os cristãos da Península Ibérica. Figura 3 - Representação da conquista de Ceuta em uma estação de metrô da cidade de Porto, Portugal. Fonte: Shutterstock. A cidade se situava na costa da África, onde hoje corresponde ao atual Marrocos. Por ser bem próxima ao estreito de Gibraltar, uma região de encontro entre o Mar Mediterrâneo e o Oceano Atlântico, a tomada da cidade permitiria aos portugueses se precaverem de ataques de piratas que ali aportavam antes de saquearem seu litoral. Além disso, Ceuta era um importante entreposto comercial naquele período, abastecida pelo ouro trazido pelas caravanas dos mouros que cruzavam o deserto do Saara, e grande produtora de cereais. Prof. Marco Túlio Aula 00: Curso de História para Colégio Naval 2022 AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 12 Embora exitosos em seu intento, a conquista de Ceuta não se mostrou um negócio tão lucrativo para os lusos, uma vez que os árabes logo alteraram suas rotas comerciais para não mais contemplarem a cidade. Além disso, os altos custos de guerra e as resistências à dominação portuguesa impossibilitaram o cultivo de cereais na região. A saga dos portugueses não terminou em Ceuta. Ela foi a primeira etapa do processo de expansão ultramarina portuguesa, que se estenderia até o século seguinte. Antes de mais nada, é preciso se perguntar quais razões levaram os portugueses a se aventurar para além dos limites da península ibérica. Vejamos o que nos conta o historiador Boris Fausto: A expansão correspondia aos interesses das classes, grupos sociais e instituições que compunham a sociedade portuguesa. Para os comerciantes, era a perspectiva de um bom negócio; para o rei, era a oportunidade de criar novas fontes de receita numa época em que os rendimentos da Coroa tinham descido muito, além de ser uma boa forma de ocupar os nobres e motivo de prestígio; para os nobres e os membros da Igreja, servir ao rei ou servir a Deus, cristianizando "povos bárbaros", resultava em recompensas e em cargos cada vez mais difíceis de conseguir nos estreitos quadros da metrópole; para o povo, lançar-se ao mar significava sobretudo emigrar, a tentativa de uma vida melhor, a fuga de um sistema social opressivo [...]. Daí a expansão ter-se convertido em uma espécie de grande projeto nacional, ao qual todos ou quase todos aderiram e que atravessou os séculos. FAUSTO, Boris. História concisa do Brasil. São Paulo: Edusp. 2011. p. 11. O “grande projeto nacional” a que se refere o autor envolvia interesses diversos, mas era conduzido pela política econômica denominada mercantilismo. Podemos definí-la como um conjunto de práticas econômicas implementadas na Europa entre os séculos XV e XVIII, tendo em vista o fortalecimento dos Estados-nacionais. Assim sendo, apesar da expansão das relações econômicas conduzidas pela burguesia, os governantes absolutistas interferiam nas atividades de produção de tal maneira que podemos considerar o Estado como o principal agente econômico do período. Para alguns historiadores, este sistema econômico representou os primórdios do capitalismo em nossa História, sendo por isso chamado de capitalismocomercial. A seguir, listaremos algumas práticas encontradas na maioria dos Estados europeus: Prof. Marco Túlio Aula 00: Curso de História para Colégio Naval 2022 AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 13 - Metalismo → Na concepção da época, a riqueza do Estado seria medida pela quantidade de metais preciosos (ouro e prata) acumulados. - Balança comercial favorável → Para evitar o escoamento de metais preciosos, defendia-se a necessidade de que o número de exportações superasse o de importações (superávit). Em outras palavras, o Estado deveria vender mais do que comprar. - Protecionismo alfandegário → Para evitar as importações e valorizar sua produção nacional, o Estado impunha impostos aos produtos estrangeiros. Vale destacar, no entanto, que este raciocínio apresenta certas limitações, afinal não basta apenas exportar mais para atingir uma balança comercial superavitária, mas fazê-lo com produtos que apresentem maior valor agregado4. - Colonialismo → A partir das Grandes Navegações, alguns Estados europeus estenderam seus territórios além-mar, formando colônias e feitorias na África, Ásia e América. A exploração dessas novas terras levava em conta unicamente os interesses do Estado colonizador, que se impõe política, econômica e culturalmente sobre as populações conquistadas. Em geral, as metrópoles, como são chamados esses Estados, determinam um conjunto de leis e obrigações aos territórios dominados, restringindo que estes pratiquem relações comerciais com outros Estados. - Concessão de monopólios → O poder real concedeu direitos exclusivos de exploração ou produção de alguma mercadoria para burgueses e nobres, que em contrapartida, pagavam taxas ao Estado. 4 Valor acrescido a um bem ou serviço modificado ao longo do processo produtivo. Um exemplo disso é considerarmos o minério de ferro, exportado pelo Brasil. A China, um dos principais países importadores dessa commodity, a utiliza para a produção de diversos produtos, entre eles, embarcações, que possuem um valor agregado muito superior ao da matéria-prima retirada de nosso país. MERCANTILISMO Colonialismo Concessão de monopólios Protecionismo alfandegário Balança comercial favorável Metalismo Prof. Marco Túlio Aula 00: Curso de História para Colégio Naval 2022 AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 14 A conquista de Ceuta fez de Portugal o primeiro país europeu a se lançar aos mares e conquistar novas terras. Podemos elencar alguns aspectos que contribuíram para este processo: Características geográficas favoráveis → Localizado próximo à confluência do oceano Atlântico e do mar Mediterrâneo, do continente africano e de ilhas e arquipélagos atlânticos, Portugal dispunha de um território sem obstáculos geográficos que poderiam dificultar a expansão ultramarina. A busca por rotas alternativas para o mercado de especiarias → O acesso dos portugueses ao rico comércio de especiarias era restrito, uma vez que pelo norte da África ele era monopolizado pelos árabes, e no Mediterrâneo, pelos genoveses. Em 1453, com a conquista de Constantinopla pelos turco- otomanos, o transporte dessas mercadorias se tornou ainda mais restrito, levando os portugueses a buscar caminhos alternativos. Consolidação do poder monárquico → A centralização política em Portugal ocorreu ainda na Baixa Idade Média, durante as guerras de Reconquista na península Ibérica. Trata-se de um processo que se inicia com a dinastia de Borgonha, em 1140, e é continuado pela Revolução de Avis (1383-1385), quando D. João I assumiu o poder. A consolidação do poder monárquico e livre de guerras em Portugal foi fundamental para o expansionismo marítimo, haja visto que as navegações ultramarinas neste país foram uma empresa coordenada pelo Estado. Desenvolvimento de tecnologias náuticas → O aperfeiçoamento e criação de diversos instrumentos permitiram aos portugueses se aventurarem em mar aberto. Entre o final do século XIII e início do século XIV foram produzidas as primeiras cartas portulanas, mapas que buscavam reproduzir de maneira fidedigna a localização das zonas costeiras e seus portos – daí o fato de serem assim chamadas. Com a difusão da bússola pela Europa, instrumento que permitia a localização do norte geográfico a partir de uma agulha magnetizada, os portulanos adquiriram maior precisão ao registrarem novas descobertas. Outra grande inovação do período foi a criação das caravelas, embarcações mais ágeis e de maior dirigibilidade graças ao aperfeiçoamento das velas latinas triangulares pelos portugueses. Figura 4 - Carta portulana criada no início do século XVI. Fonte: Biblioteca Estadual da Baviera. Prof. Marco Túlio Aula 00: Curso de História para Colégio Naval 2022 AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 15 Antes de avançarmos, que tal testar os seus conhecimentos? Você seria capaz de responder as questões abaixo? ▪ Explique a relação entre a Reconquista e o processo de centralização política em Portugal. ▪ O que foi a Revolução de Avis? ▪ O que é o mercantilismo? Quais são suas principais características? ▪ Quais foram os elementos que possibilitaram o pioneirismo português nas Grandes Navegações? Após a tomada de Ceuta (1415), os portugueses exploraram as Ilhas Canárias e os Açores por volta de 1430, além de colonizarem a ilha da Madeira em 1440. Em 1448, ergueram o Forte de Arguim, ao sul do Cabo Branco, na atual Mauritânia, onde passaram a comercializar escravizados. Em 1434, o navegador Gil Eanes foi o primeiro navegador a cruzar o cabo Bojador, conhecido como “cabo do Medo” devido as diversas lendas que cercavam sua existência. Para alguns, essa região era povoada de seres monstruosos capazes de devorar aquele que ousasse desbravá-lo, enquanto outros falavam de ventos tão fortes que arrastariam as naus para o abismo aonde terminava o mar. Superado o medo medieval sobre o desconhecido, os portugueses continuaram a se lançar ao mar em expedições que iam cada vez mais ao sul do litoral africano no Atlântico. Em vários pontos da costa foram fundadas feitorias, entrepostos de onde os portugueses obtinham produtos como marfim, ouro em pó, pimenta malagueta e escravos. Essa série de viagens na costa oeste do continente ficaram conhecidas como Périplo Africano. Figura 5 - Detalhe de um mapa do século XVI mostra a crença em monstros marinhos pelos europeus. Fonte: Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos. Prof. Marco Túlio Aula 00: Curso de História para Colégio Naval 2022 AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 16 Em 1488, Bartolomeu Dias alcançou o extremo sul do continente africano, chamado por ele de cabo das Tormentas devido aos perigos decorrentes do encontro entre os oceanos Atlântico e Índico nessa região. Contudo, o rei D. João II alterou seu nome para Cabo da Boa Esperança, uma vez que os portugueses se mostraram cada vez mais próximos de completar a sua rota para a tão aguardada chegada no Oriente. Dez anos depois, em 1498, Vasco da Gama cumpriu esse objetivo ao contornar todo o continente africano e alcançar a cidade de Calicute, na Índia. A segunda viagem portuguesa rumo à Índia foi comandada por fidalgo da Ordem de Cristo chamado Pedro Álvares Cabral, cujo nome conhecemos bem devido a sua parada no território que atualmente concebemos como Brasil. Mas a empreitada significou mais do que isso, afinal pela primeira vez uma única viagem integrou quatro continentes – Europa, América, África e Ásia –, além de manifestar a construção de um extenso império ultramarino no Atlântico por Portugal. As navegações espanholas Enquanto Portugal apostava nas viagens de circunavegação do continente africano para alcançar as Índias, os Reis Católicos de Espanha, Fernando e Isabel, patrocinaram o projeto do navegador genovês Cristóvão Colombo, que defendia a tese de que se poderia alcançar o Oriente rumando para o Ocidente. Partindo da ideia de esfericidadeda Terra, Colombo já havia tentado convencer o rei de Portugal a financiá-lo, mas naquela altura as viagens dos portugueses pelo litoral da África já se encontravam bastante avançadas. Durante trinta e três dias, Colombo enfrentou diversos motins de sua tripulação devido as péssimas condições de higiene e alimentação. Contudo, no dia 12 de outubro de 1492 eles alcançaram a América, desembarcando em uma ilha do Caribe que foi batizada como São Salvador (atual Bahamas). O genovês acreditou ter chegando em Cipango (Japão), e quanto mais explorava a região, mais se mostrava certo de que havia alcançado as Índias. Apesar de cartógrafos chegarem à conclusão de que ele havia se deparado com um novo continente, defendeu sua chegada às Índias até a sua morte. Em 1503, dois anos antes da morte de Colombo, o navegador e comerciante florentino chamado Américo Vespúcio publicou o livro Novo Mundo, no qual chamava atenção para o fato de Colombo ter alcançado terras até então desconhecido para os europeus. Em sua homenagem, o novo continente foi batizado de América. A era de ouro das navegações se encerrou com a viagem de Fernão de Magalhães, feita entre 1519 e 1522. Embora fosse português, o navegador recorreu ao patrocínio do rei de Espanha após a Coroa portuguesa não o apoiar em seu projeto de realizar a primeira viagem de circunavegação do mundo. Partindo em agosto de 1519 com uma esquadra formada por cinco caravelas e centenas de homens, Magalhães tinha o objetivo de traçar uma nova rota rumo às Índias, onde se apossariam das Ilhas Molucas, cobiçadas devido ao alto valor do cravo-da-índia ali cultivado. Apesar dos motins, fortes tempestades e da escassez de alimentos, a viagem foi concluída em setembro de 1522 pelo espanhol Sebastião Elcano, nomeado capitão após a morte de Fernão de Magalhães em um confronto com nativos nas Filipinas. Prof. Marco Túlio Aula 00: Curso de História para Colégio Naval 2022 AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 17 Figura 6 - A rota das navegações portuguesas e espanholas. Fonte: ARRUDA, José Jobson de A. Atlas histórico básico. 17ª ed. São Paulo: Ática, 2008.p. 19. Prof. Marco Túlio Aula 00: Curso de História para Colégio Naval 2022 AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 18 Os lucros com as especiarias O comércio de especiarias gerava lucros astronômicos. Em 1499, ao retornar a Lisboa de sua pioneira expedição à Índia, Vasco da Gama transportava em seus navios carga suficiente para cobrir sessenta vezes o custo da expedição. A famosa viagem do corsário inglês Francis Drake ao redor do mundo, entre 1577 e 2 1580, gerou um lucro de 4.700% aos seus investidores graças às escalas realizadas nas assim chamadas “ilhas de especiarias, onde ele saqueou os depósitos dos produtores. Em 1603, quando a primeira colônia inglesa foi criada na ilha de Run, a menor de todo o Arquipélago de Banda (também parte das Molucas), 4,5 quilos de noz-moscada podiam ser comprados dos nativos por meio centavo de libra esterlina e revendidos na Europa com um inacreditável lucro de 32.000 % Na época da viagem pioneira de Vasco da Gama, as especiarias já eram bem conhecidas na Europa. Porém, a fatia mais gorda dos lucros ficava com os mercadores muçulmanos que dominavam as toras de comércio entre a Ásia e o Mar Vermelho. A pimenta, por exemplo, custava, na Índia, três cruzados o quintal (cerca de cinquenta quilos), e chegava ao Egito valendo oitenta cruzados, ou seja, quase trinta vezes mais do que o preço original. Após a abertura do novo caminho marítimo por Vasco da Gama, contornando o sul da África, a mesma pimenta podia ser encontrada em Portugal por trinta cruzados, cerca de dez vezes o que os portugueses pagavam na Índia, mas, ainda assim, quase um terço do valor cobrado pelos mercadores venezianos, antes obrigados a comprar dos muçulmanos no Egito e no Oriente Médio, dessem preferência aos portugueses, transformando Lisboa na nova meca do comércio com o Oriente. De todas as especiarias, a pimenta era a grande estrela. Entre 1510 e 1518, de um total de 50.656 cruzados movimentados nas Feitoria de Xoim, na Índia, só a pimenta respondia por 42.880, ou seja, mais de 80%. GOMES, Laurentino. Escravidão: do primeiro leilão de cativos em Portugal até a morte de Zumbi dos Palmares, volume 1. Rio de Janeiro: Globo Livros, 2019. p. 101. A notícia de que Colombo alcançara um novo continente em 1492 não passou despercebida por Portugal, que até então buscava alcançar o Oriente com uma rota que contornasse a África. A fim de evitar que a Espanha se tornasse uma forte concorrente na corrida pelas mercadorias, os portugueses se tornaram defensores de que um acordo fosse formalizado entre as duas monarquias, com o objetivo de estabelecerem os limites de seus domínios. Em maio de 1493 foi promulgada a bula Inter Coetera, resultado das negociações entre Portugal e Espanha e arbitrados pelo papa Alexandre VI. No documento foi traçada uma linha imaginária situada a 100 léguas do Arquipélago de Cabo Verde, ficando acordado que os territórios dispostos a leste deste marco eram posse de Portugal, enquanto a porção oeste seria de propriedade do reino de Espanha. Prof. Marco Túlio Aula 00: Curso de História para Colégio Naval 2022 AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 19 Insastisfeito com o acordo, Portugal sugeriu a criação de uma nova linha imaginária, situada a 370 léguas de Cabo Verde. Dessa forma, os lusos também poderiam garantir sua porção de terras no Novo Mundo, o que foi acatado pelos espanhóis. Em 7 de junho de 1494 foi assinado o Tratado de Tordesilhas, que designou terras a leste para Portugal e a oeste para Espanha. Figura 7 - Mapa dos impérios português e espanhol. Fonte: ARRUDA, José Jobson de A. Atlas histórico básico. 17ª ed. São Paulo: Ática, 2008.p. 20. É claro que as demais nações europeias não ficaram de braços cruzados diante da assinatura do Tratado de Tordesilhas. Na ocasião, o rei francês Francisco I teria comentado: “gostaria de ver a cláusula do testamento de Adão que me afastou da partilha do mundo”. Sem reconhecer a legitimidade do acordo, França, Inglaterra e Países Baixos também buscaram assegurar seus territórios na América, invadindo domínios coloniais dos portugueses e espanhóis. Progressivamente, o Mar Mediterrâneo deixava de ser o espaço primordial de circulação de riquezas, marcando uma alteração do eixo econômico para o Atlântico. A formação de novas rotas de acesso às Índias pelo Atlântico causou o declínio da hegemonia de Veneza e Gênova, cidades cujos comerciantes até então monopolizavam o comércio no Mediterrâneo. Prof. Marco Túlio Aula 00: Curso de História para Colégio Naval 2022 AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 20 2.3. A expedição de Pedro Álvares Cabral A chegada de Cabral ao Brasil teria sido um acidente? Os historiadores apontam para uma série de indícios que colocam essa ideia por terra. Para começar, a frota cabralina era composta por caravelas pilotadas por experientes navegadores, como Bartolomeu Dias, Diogo Dias e Nicolau Coelho. Eles dispunham de instrumentos marítimos que conferiam maior precisão às viagens marítimas, como bússolas, astrolábios e mapas cartográficos produzidos ao longo de décadas. Além disso, o território avistado por Cabral já havia sido assegurado pela Coroa em 1494, quando foi Portugal e Espanha assinaram o Tratado de Tordesilhas. Depois de assinar o acordo com a Espanha, o rei D. Manuel I encarregou o navegador Duarte Pacheco Pereira de organizar uma expedição secreta para reconhecer estes territórios, em 1498. Ela desembarcou em alguma parte da costa entre o Maranhão e o Pará, para em seguida percorrer o litoral até a foz do Rio Amazonas e a Ilha de Marajó. O território português no Brasil começava próximo a atual cidade de Belém, no Pará, e descia em linha reta até as proximidades de Laguna, atual Santa Catarina. Bom, deu pra perceber que a expedição cabralinanão poderia ter "descoberto" um território que já era conhecido pela Coroa pelo menos desde 1498, não é verdade? Além disso, a expressão descobrimento traz um outro problema, seu caráter eurocêntrico. Ao dizermos que Cabral "descobriu" o Brasil, tomamos o ponto de vista dos portugueses, como se o território até então estivesse esperando ser encontrado. Essa visão ignora as experiências dos povos indígenas que o habitavam, estabelecendo o ano de 1500 como marco inicial de nossa História. Mas se o termo descobrimento não é o mais indicado, o que poderíamos utilizar em seu lugar? Talvez seria melhor tratarmos a chegada da expedição cabralina como uma tomada de posse, pois assegurava a Coroa portuguesa o domínio sobre os territórios delimitados pelo Tratado de Tordesilhas. Em outras palavras, ela iniciava o processo de conquista de Portugal em solo americano. A Carta de Caminha Pero Vaz de Caminha já tinha cerca de 50 anos quando a esquadra de Cabral desembarcou em solo americano. Ocupando o posto de escrivão da armada, é dele a carta que descreve em detalhes para o rei de Portugal o "achamento" da nova terra. Por ser o primeiro documento escrito sobre o Brasil, muitos historiadores o consideram a "certidão de nascimento” da nossa história. Alguns pontos de sua correspondência merecem destaque. Para começar, ela informa que ao avistar o primeiro monte de terra no horizonte, Cabral o batizou de Monte Pascoal, pois estavam na semana de Páscoa. Já o território conquistado foi chamado de Ilha de Vera Cruz, em referência a cruz erguida pelos portugueses para rezar a primeira missa no solo desembarcado, que julgavam se tratar de apenas uma ilha. A carta de Caminha também sugere ter sido amistoso o primeiro contato com os nativos, dos quais fornece uma descrição física: Prof. Marco Túlio Aula 00: Curso de História para Colégio Naval 2022 AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 21 A feição deles é serem pardos, maneira de avermelhados, de bons rostos e bons narizes, bem-feitos. Andam nus, sem nenhuma cobertura. Nem estimam de cobrir ou de mostrar suas vergonhas; e nisso têm tanta inocência como em mostrar o rosto. Ambos traziam os beiços de baixo furados e metidos neles seus ossos brancos e verdadeiros, de comprimento duma mão travessa, da grossura dum fuso de algodão, agudos na ponta como um furador. Metem-nos pela parte de dentro do beiço; e a parte que lhes fica entre o beiço e os dentes é feita como roque de xadrez, ali encaixado de tal sorte que não os molesta, nem os estorva no falar, no comer ou no beber. Carta de Pero Vaz de Caminha. Disponível em: <http://objdigital.bn.br/Acervo_Digital/livros_eletronicos/carta.pdf>. Acesso em: 12 nov. 2019. O escrivão considera os indígenas bonitos de corpo e de alma, apontando sua nudez como um pecado decorrente do desconhecimento da verdadeira fé. E ao relatar que a tripulação não havia encontrado metais preciosos naquela terra, ele exalta outras riquezas naturais, como a fertilidade do solo e a abundância de recursos hídricos, além de sugerir a necessidade de conversão dos nativos: Nela, até agora, não pudemos saber que haja ouro, nem prata, nem coisa alguma de metal ou ferro [...]. Porém a terra em si é de muito bons ares [...]. Águas são muitas; infindas. E em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo, por bem das águas que tem. Porém o melhor fruto, que nela se pode fazer, me parece que será salvar esta gente. E esta deve ser a principal semente que Vossa Alteza em ela deve lançar. Carta de Pero Vaz de Caminha. Disponível em: <http://objdigital.bn.br/Acervo_Digital/livros_eletronicos/carta.pdf>. Acesso em: 12 nov. 2019. O trecho é importante para compreendermos uma coisa: no século XVI, os interesses da Igreja e do Estado se confundiam, o que faz com que as viagens ultramarinas e a conquista de novos territórios tivessem uma dimensão tanto política quanto religiosa. Ao buscar riquezas no Oriente e no Novo Mundo, a Coroa buscava o fortalecimento do Estado português, tendo como base a concepção mercantilista de que quanto mais riquezas ele acumulasse, mais poderoso ele seria. Ao mesmo tempo, a expansão territorial de uma monarquia católica também poderia contribuir para a expansão da fé católica, e consequentemente, para o fortalecimento da Igreja. Diante disso, é preciso considerar as Grandes Navegações como um processo que incluía interesses tanto do Estado português quanto da Igreja católica. Após permanecer dez dias na Terra de Vera Cruz, Cabral partiu com sua esquadra para o Oriente, no dia 3 de maio de 1500. Um dos navios da esquadra, sob o comando de Gaspar de Lemos, retornou à Portugal, levando consigo as cartas que relatavam o achamento da nova terra. Prof. Marco Túlio Aula 00: Curso de História para Colégio Naval 2022 AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 22 Até 1530, a Coroa portuguesa manteria suas atenções voltadas para o comércio com as Índias, sem promover esforços para ocupar seus domínios obtidos do outro lado do Atlântico. Devido a isso, o período que vai de 1500 até 1530 é chamado pelos historiadores de pré-colonial. O projeto colonizador implantado por Portugal e Espanha apresentava uma dimensão política, afinal a exploração de novos territórios visava o fortalecimento dessas monarquias absolutistas, sendo formados extensos impérios ultramarinos. Ao mesmo tempo, a colonização também possuía uma dimensão religiosa, pois a expansão territorial dessas monarquias católicas também representava a extensão das fronteiras da cristandade. Em outras palavras, portugueses e espanhóis se preocupavam não somente com ganhos materiais, mas com a conquista de novos fiéis para a Igreja. 3. O PERÍODO PRÉ-COLONIAL (1500-1530) Sem saber exatamente o tamanho de seus domínios no continente americano, algumas expedições trataram de vasculhar e nomear alguns pontos da costa, como a Baía de Todos-os-Santos e o vilarejo de São Sebastião do Rio de Janeiro. A América Portuguesa permaneceu sendo denominada em alguns documentos como Terra de Santa Cruz, ou simplesmente Vera Cruz. Muitos viajantes também passaram a chamá-la de Terra dos Papagaios, em referência às exuberantes aves encontradas no litoral. Em 1502, os portugueses iniciaram a exploração do pau-Brasil, árvore já utilizada na Europa para a extração de um corante de cor avermelhada, com o qual eram tingidos os tecidos. Tendo em vista seu alto valor comercial, a Coroa estabeleceu o monopólio real5 sobre a exploração da madeira, chamado de estanco, o que não impediu que navegadores espanhóis, ingleses e franceses desafiassem o Tratado de Tordesilhas para contrabandear o produto para seus respectivos países. Para extrair e transportar as grossas e pesadas toras de pau-Brasil, os portugueses utilizavam a mão de obra indígena por meio do escambo, ou seja, remuneravam as tarefas executadas com roupas, espelhos, chapéus, canivetes e outras bugigangas. A madeira era levada até as feitorias, entrepostos fortificados onde era depositada para aguardar os navios que a comercializaria no continente europeu. Com o passar do tempo, os domínios portugueses na América passaram a dispor de uma nova denominação: Brasil. A seguir, vejamos as principais expedições do período: A seguir, vejamos as principais expedições do período: 5 O monopólio de exploração do pau-brasil esteve nas mãos de Fernando de Noronha, entre 1503 e 1505. Figura 8 - Terra Brasilis", 1519, mapa de Pedro Reinel e Lopo Homem, Atlas Miller, Biblioteca Nacional de Paris. Prof. Marco Túlio Aula 00: Curso de História para Colégio Naval 2022 AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 23 ▪ Expedição de Gaspar de Lemos (1501): responsável pela identificação de várias localidades e acidentes geográficos, incluindo o cabo de São Tomé, Cabo Frio e São Vicente; além de confirmar a existência de pau-brasil na América Portuguesa, madeira já conhecida pelos portuguesesem suas viagens para o Oriente. ▪ Expedições de Gonçalo Coelho (1503): custeada por Fernão de Loronha, que consegue da Coroa a autorização de explorar o pau-brasil. É provável que tenha contado com a participação de Américo Vespúcio, cosmógrafo florentino cujo nome batizaria o “Novo Mundo”; ▪ Expedições guarda-costas de Cristóvão Jacques (1516 e 1520): a existência de pau-brasil despertou a cobiça de diversos traficantes que atuavam na costa da América Portuguesa, principalmente franceses. Diante disso, a Coroa organizou expedições voltadas a patrulha de seus domínios e a punição dos invasores, comandadas por Cristóvão Jacques. Após a sua segunda viagem, ele recomendou ao rei a ocupação da terra para garantir sua posse efetiva. Antes de avançarmos, que tal testar os seus conhecimentos? Você seria capaz de responder as questões abaixo? ▪ Comente sobre os interesses que levaram a Coroa, a Igreja, a nobreza e comerciantes a consolidar as viagens ultramarinas portuguesas como um “projeto nacional”. ▪ Quais foram os entendimentos gerados pelo Tratado de Tordesilhas? ▪ Explique a razão das primeiras três décadas do Brasil do século XVI serem chamadas de período pré-colonial pelos historiadores. ▪ Relacione as viagens ultramarinas portuguesas às transformações verificadas nas rotas comerciais de especiarias no século XVI. ▪ Explique a diferença entre o estanco e o escambo. ▪ Explique a importância das principais expedições ocorridas entre 1501 e 1528. 4. OS INDÍGENAS E A CONQUISTA DA AMÉRICA PORTUGUESA Quando a frota de Cabral alcançou a América, em 1500, centenas eram os povos indígenas que ocupavam a região atribuída a Portugal pelo Tratado de Tordesilhas. Contudo, quatro famílias linguísticas eram preponderantes: os tupi (ou tupi-guarani), os jê, os caraíba e os arauaque. Contudo, também coexistiam outros grupos linguísticos, como os tucano, ao noroeste, os pano, a oeste, e os charrua, ao sul. Estima-se a população indígena entre 2 e 4 milhões neste período. Embora elas guardem diversas especificidades, podemos listar algumas características comuns dos povos que habitavam o território que atualmente conhecemos como Brasil: ▪ A maioria dos indígenas vivia em aldeias de curta duração: devido à ausência de animais domesticáveis na América do Sul e das florestas inadequadas para cultivo por longos períodos, eram constantes os deslocamentos populacionais para áreas mais ricas em víveres. Prof. Marco Túlio Aula 00: Curso de História para Colégio Naval 2022 AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 24 ▪ As atividades dos indígenas incluíam a caça e pesca, atividade desenvolvida principalmente pelos homens, e a coleta de frutos e cultivo de pequenas roças, tidas como tarefas femininas. Mandioca, amendoim, inhame, algodão, frutas e castanhas eram alguns produtos cultivados. ▪ As habitações coletivas erguidas nas aldeias, chamadas de ocas, eram cabanas feitas de madeira entrelaçada por cipós e recobertas com sapé. Poderiam apresentar tamanhos e formas variadas. ▪ Ao contrário do que costumamos ouvir dizer, os indígenas tinham – e ainda tem – noção de propriedade. Alguns bens de produção, como arcos e flechas, machados e facões, costumavam ser encarados como propriedade individual. A terra, no entanto, era um bem de uso coletivo. ▪ Tinham suas próprias lendas, deuses, mitos e cerimônias para dar significado ao mundo. Geralmente era a figura do pajé a responsável pela ligação dos indígenas ao plano espiritual, além de promover a cura para diversas doenças. ▪ As famílias, e em maior escala, as aldeias, eram comandadas por um chefe. Essa posição era geralmente obtida pelas habilidades como guerreiro, pela oratória ou a partir da vastidão de filhos ou parentes. Contudo, não era uma posição que dispunha de grandes poderes, afinal estamos falando de sociedades igualitárias. ▪ As manifestações artísticas destes povos se manifestavam em objetos utilitários, como vasos, remos, cestos e pás, mas também em objetos de adorno ou cerimoniais, como mantos, diademas, máscaras e cocares. Uma grande variedade de matérias-primas era utilizada na confecção destes objetos, incluindo conchas, ossos, dentes, plumas, madeiras, cortiças, fibras, palhas, cipós e sementes. 4.1. Os Tupinambá As diversas tribos que compunham a nação Tupinambá eram sociedades guerreiras que viviam sob guerra permanente, e quando um inimigo era capturado, o costume demandava que ele fosse devorado, com o intuito de vingar os ancestrais. Trata-se, portanto, de um ritual antropofágico, no qual os prisioneiros de guerra eram tratados de maneira respeitosa, sendo a eles destinados os mesmos alimentos do grupo e mulheres até o momento da execução. As vítimas costumavam aceitar o sacrifício com bravura, afinal fugir de volta para casa poderia ser interpretado como uma ofensa pelos seus próprios familiares, sugerindo não haver confiança na capacidade deles de vingarem o ente perdido. Figura 11 - Manto tupinambá, produzido no século XVII, é um dos exemplares da rica arte plumária dos povos indígenas na América Portuguesa. Fonte: GRAÇA PROENÇA. História da arte. 17ª ed. São Paulo: Ática, 2018. p. 127. Prof. Marco Túlio Aula 00: Curso de História para Colégio Naval 2022 AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 25 Figura 9 - Theodor de Bry. Cena de canibalismo, a partir de “Americae Tertia Pars”, 1592. 5. O PERÍODO COLONIAL (1530-1808) Em 1530, Portugal deu início a esforços para colonizar a América Portuguesa. Dentre os aspectos que contribuíram para isso, podemos destacar: ▪ A descoberta de ouro e prata na América Espanhola → A notícia de que os espanhóis haviam encontrado metais preciosos em seus domínios no Novo Mundo chegou aos ouvidos dos portugueses, que passaram a acreditar que as mesmas riquezas poderiam ser encontradas no Brasil. ▪ As invasões e ataques de expedições estrangeiras → Muitos navios desembarcavam clandestinamente na América Portuguesa em busca de riquezas, sobretudo o pau-brasil. Para facilitar o contrabando da madeira, franceses chegaram a formar uma aliança com os tupinambás, ameaçando o domínio dos lusos. ▪ A crise no comércio de especiarias → A partir de 1530, o negócio com as Índias já não se mostrava tão lucrativo para os portugueses, o que os leva a redirecionar olhares para o Brasil, em busca de novas fontes de riquezas. 5.1. O sistema de capitanias-hereditárias Em dezembro de 1530, uma expedição comandada por Martim Afonso de Souza partiu de Lisboa rumo a América Portuguesa, com o objetivo de dar início à ocupação da terra e de sua exploração, combater contrabandistas de pau-brasil, procurar metais preciosos e mapear o litoral dos domínios portugueses. Historiadores consideram a viagem marco inicial do processo de colonização do Brasil. No dia 22 de janeiro de 1532, Martim Afonso fundou São Vicente, a primeira vila do Brasil, em um local próximo da porção sul da América Espanhola. Dessa maneira, objetivava-se não somente conter a penetração de invasores castelhanos, mas interferir em seu monopólio sobre a região do Prata, utilizada para o escoamento de riquezas minerais extraídas do interior do Prof. Marco Túlio Aula 00: Curso de História para Colégio Naval 2022 AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 26 continente. Martim Afonso também foi o responsável pela introdução das primeiras mudas de cana de açúcar no continente, além de criar o primeiro engenho para a produção de açúcar. Em 1534, a Coroa portuguesa replicou o sistema de colonização empregado nas ilhas de Açores e da Madeira na América, denominado capitanias-hereditárias. O território foi dividido em extensas faixas de terras, as capitanias, e entregues a particulares para que pudessem povoá-las. Os capitães-donatários, todos fidalgos, funcionários da Coroa e comerciantes portugueses, eram encarregados de proteger o território de invasores estrangeiros, explorá- lo economicamentee exercer o poder de justiça. A posse da terra era hereditária, ou seja, passava de pai para filho. Os capitães-donatários recebiam a capitania por meio da Carta de Doação, documento que oficializava a posse da terra. Isso não significa dizer que eles eram proprietários, mas que dispunham da posse da terra, que continuava a ser do rei de Portugal. Os privilégios e deveres dos donatários eram delimitados por um documento denominado Foral. Para incentivar o povoamento do território, eles poderiam conceder sesmarias, porções de terras entregues à colonos, os chamados de sesmeiros, com a condição de que pagassem tributos e cumprissem certas obrigações. Este sistema de doação de terras permaneceu até 1850, e está relacionado ao fenômeno da concentração fundiária que marcou boa parte da História do Brasil. Vejamos os privilégios e obrigações dos donatários: PRIVILÉGIOS OBRIGAÇÕES ▪ Criar vilas e distribuir terras (sesmarias) a quem desejasse e pudesse cultivá-las. ▪ Exercer a plena autoridade judicial e administrativa. ▪ Por meio da chamada “guerra justa”, escravizar os indígenas considerados inimigos, obrigando-os a trabalhar na lavoura. ▪ Receber 5% dos lucros sobre o comércio do pau-brasil. Assegurar ao rei de Portugal: ▪ 10% dos lucros sobre todos os produtos da terra; ▪ 25% dos lucros sobre metais e as pedras preciosas que fossem encontrados; ▪ o monopólio da exploração do pau-brasil. Figura 10 – Mapa do sistema de capitanias-hereditárias. Fonte: COTRIM, Gilberto. História global. 11ª ed. São Paulo: Saraiva, 2016. p. 281. Prof. Marco Túlio Aula 00: Curso de História para Colégio Naval 2022 AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 27 Contudo, vale destacar que a maioria dos donatários sequer tomou posse de seus domínios na América, enquanto outros não lograram êxito em lidar com tantas atribuições em territórios tão vastos. Os elevados custos demandados para a exploração das terras fizeram com que muitos desanimassem do empreendimento, ao mesmo tempo em que a resistência dos indígenas dificultava a ocupação da América Portuguesa. Em 1546, o donatário da capitania da Bahia Francisco Pereira Coutinho, conhecido como Rusticão devido ao trato violento dado aos nativos, foi devorado por tupinambás após sofrer um naufrágio nas proximidades de Itaparica. Podemos dizer que das 15 capitanias-hereditárias, prosperaram principalmente São Vicente, de Martim Afonso de Souza, e Pernambuco, de Duarte Coelho, ambas devido ao cultivo da cana-de-açúcar. O fracasso do sistema administrativo levou a Coroa a conciliá-lo com outra estrutura, o governo-geral. 5.2. O governo-geral (1548) Em 1548, o rei D. João III criou o cargo de governador-geral, figura que centralizava a administração colonial ao atuar como intermediador entre donatários e a metrópole, além impulsionar do processo de colonização. A capitania da Bahia foi escolhida como sede do governo-geral, pois se localizava em uma região central da América Portuguesa, facilitando a comunicação com as demais capitanias. No dia 1º de maio do ano seguinte, foi iniciada a construção de Salvador, a primeira capital do Brasil. A centralização perpassava pela retirada de atribuições e autonomia de fazendeiros e capitães-donatários, que até então personalizavam a autoridade da vida política colonial. Nomeado pelo próprio Rei, o governador-geral contava com diversas atribuições: ▪ Militares → Comando militar e defesa da colônia; ▪ Administrativas → conduzir as finanças da América Portuguesa e manter um diálogo com os capitães-donatários; ▪ Judiciárias → Nomear os quadros da Justiça na colônia, além de resguardar o direito de alterar penas; ▪ Eclesiásticas → Nomear sacerdotes para as paróquias. O governador-geral também contava com um quadro auxiliares: ▪ Ouvidor-mor → responsável pela aplicação da Justiça; ▪ Provedor-mor → responsável pela administração fazendária colonial; ▪ Capitão-mor → responsável pela defesa militar da costa. Apesar da tentativa de centralização político-administrativa da colônia, a autoridade dos governadores-gerais por vezes era contrariada por grandes fazendeiros e donatários. Aos poucos, essas lideranças obtiveram a prerrogativa de criar espaços de governança local, as Câmaras Municipais. Sua função era atender demandas de sua localidade, como abastecimento da vila e organizar expedições contra indígenas, além de aplicar as leis vigentes na colônia. Os vereadores eram conhecidos como "homens-bons", sempre detentores de grande influência política e poder econômico. Prof. Marco Túlio Aula 00: Curso de História para Colégio Naval 2022 AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 28 A seguir, vejamos alguns pontos sobre os primeiros três governadores-gerais do Brasil: GOVERNADORES-GERAIS REALIZAÇÕES Tomé de Souza (1549-1553) ▪ Fundação de Salvador (1549) ▪ Criação do primeiro bispado do Brasil (1551) ▪ Implantação da pecuária, incentivo à monocultura do açúcar, busca por metais preciosos no interior do território. ▪ Trouxe consigo jesuítas encarregados de catequizar os nativos indígenas. Duarte da Costa (1553-1558) ▪ Vinda de novos jesuítas, entre eles, o padre José de Anchieta. Durante seu governo, foi criado o Colégio de São Paulo. ▪ Entrou em conflito com o corrupto bispo D. Pero Fernandes Sardinha, bem como com jesuítas que se opuseram à escravidão indígena e o acusaram de ser omisso à questão. ▪ Com apoio dos tupinambás, os franceses invadiram a baía de Guanabara e fundaram um povoamento batizado de França Antártica (1555-1567) Mem de Sá (1558-1572) ▪ Franceses expulsos do Rio de Janeiro, graças ao apoio de seu sobrinho, Estácio de Sá. ▪ Dizimou diversos núcleos de resistência indígena. OBS → Após o governo Mem de Sá, Portugal decidiu criar dois governos na América Portuguesa: o governo do Norte, sediado em Salvador, foi chefiado por Luís de Brito de Almeida, enquanto o do Sul foi exercido pelo desembargador Antônio Salema. Essa bipartição não apresentou os resultados esperados pela Coroa, que em 1578 restabeleceu um único governo-geral, em Salvador. As invasões francesas e os ataques ingleses no Brasil Em 1555, os franceses invadiram a América Portuguesa e fundaram o forte Coligny, em uma das ilhas da baía de Guanabara, Rio de Janeiro. A colônia francesa, chamada de França Antártica, durou apenas cinco anos, sendo derrotada pelo terceiro- governador geral, Mem de Sá, em 1560. Após a expulsão, foi fundada a cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, em 1565. Os invasores, contudo, continuaram a intervir na região com o intuito de participar do comércio de pau-brasil. Em 1612, Daniel de la Touche comandou uma ofensiva na região do Maranhão, onde fundou a cidade de São Luís, sede da colônia nomeada de França Equinocial. O novo empreendimento se estendeu nos três anos seguintes, quando os portugueses conseguiram expulsar os invasores do Brasil. Além das investidas francesas, o Brasil também lidou com a atividade de corsários ingleses ao longo de sua costa. Ao final do século XVI, aventureiros como Thomas Cavendish (o terceiro a dar a volta ao mundo) e Antony Knivet promoveram ataques a Ilha Grande, no Rio de Janeiro, e no porto de Santos, em São Vicente. Prof. Marco Túlio Aula 00: Curso de História para Colégio Naval 2022 AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 29 6. ECONOMIA E SOCIEDADE DO AÇÚCAR A técnica de solidificação e cristalização da cana-de-açúcar foi desenvolvida na Índia, provavelmente por volta do século V. Contudo, a Europa só tomaria contato com o açúcar a partir da conquista da Península Ibérica pelos árabes, a partir do ano de 711. Tempos depois, diante do fluxo constante de pessoas e mercadorias gerado pelas Cruzadas, o açúcar passou a ser uma especiaria cobiçada pelas elites europeias. Seu valor de mercado chegava a ser tão alto, que reis e nobres registravam as quantidades que dispunhamem testamento, e dotes de princesas eram pagos com o produto. No século XVI, a produção de açúcar ganhou espaço na Europa do Mediterrâneo, em especial na região da Sicília e na parte da Península Ibérica ocupada pelos mouros. Com as Grandes Navegações, o cultivo da cana também alcançou o continente americano, sendo enviadas as primeiras mudas em 1492, na segunda viagem de Colombo. Portugal não ficou de fora deste lucrativo negócio. Por volta de 1425, a cana sacarina foi introduzida na Ilha da Madeira, a partir de mudas importadas da Sicília pelo Infante D. Henrique. Em 1530, mais de um século depois, as primeiras mudas chegaram ao Brasil na expedição de Martim Afonso de Souza, responsável pela criação do primeiro engenho de açúcar na colônia. Figura 14 - A expansão do açúcar pelo mundo. Adaptado de: Quando surgiu o açúcar? Superinteressante, São Paulo, 04 jul. 2018. Disponível em: < https://super.abril.com.br/mundo-estranho/quando-surgiu-o-acucar/>. Acesso em: 26 abr. 2019. Apesar do esforço em se difundir a produção de açúcar por toda a Colônia, as constantes fugas indígenas e a campanha de oposição à sua escravização, promovida pelos jesuítas, contribuíram para que a atividade econômica só prosperasse em duas capitanias: Pernambuco e São Vicente. Com o passar dos anos, a produção de açúcar se estabeleceu definitivamente no litoral da região nordeste, graças ao solo massapê e o clima quente e úmido, favoráveis para o cultivo da cana. Com isso, o Brasil se tornou o maior produtor mundial de açúcar, chegando a atingir 350 mil arrobas em 1584. Prof. Marco Túlio Aula 00: Curso de História para Colégio Naval 2022 AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 30 Inicialmente, a palavra engenho era utilizada para denominar o instrumento utilizado para a moagem da cana, mas com o passar do tempo, passou a significar toda a unidade de produção açucareira, desde a lavoura de cana até as construções erguidas para o fabrico do açúcar. Durante séculos, a obtenção deste produto se deu a pela adoção do sistema de plantation, baseado nos seguintes elementos: ▪ Monocultura → Como o próprio nome sugere, a exploração do solo era voltada para o cultivo da cana sacarina, utilizada para a manufatura do açúcar. Toda a produção da Colônia era voltada para o mercado europeu. ▪ Latifúndio → Imensas extensões de terras eram reservadas à produção açucareira, sob a responsabilidade de único proprietário, o senhor de engenho. ▪ Escravidão → Para o desempenho de todas as etapas de produção do açúcar, a mão de obra utilizada era majoritariamente escravizada. Na boa definição do padre italiano André João Antonil, os escravos eram “as mãos e pés do engenho”. Muitos engenhos se utilizaram da mão de obra indígena, adquirida por expedicionários que se embrenhavam pelas matas ou invadiam aldeamentos jesuítas. Embora a escravização dos nativos jamais tenha desaparecido, ao final do século XVI muitos engenhos passaram a comprar escravizados trazidos da África, geralmente das partes nas quais foram instalaram feitorias pelos lusos durante as Grandes Navegações. Em relação a estrutura do engenho, podemos destacar as seguintes construções: ▪ A casa-grande, local de habitação do senhor de engenho, sua família e uma grande quantidade de agregados. Além disso, era símbolo dos poderes econômico, social e político desses senhores que formavam a “aristocracia do açúcar” na Colônia. Veja o que dizem as historiadoras Lilia Schwarcz e Heloisa Starling sobre eles: Ser nobre na colônia O que definia a nobreza no Brasil era o que ela não fazia. Dedicar-se ao trabalho braçal, cuidar de uma loja, atuar como artesão e demais atividades eram coisas para gentios ou cativos. Talvez por isso persista aqui um preconceito contra o trabalho manual, considerado símbolo de atividade “inferior” e menosprezada. Já os “nobres” deveriam viver do rendimento de aluguéis e de cargos públicos. Melhor ainda, se o capital permitisse, era ser proprietário de engenho e se cercar de um grande número de agregados, parentes e criados. Capital, domínio, autoridade, posse de escravos, dedicação à política, liderança sobre vasta parentela, constituíram-se nas metas desse ideal de nobreza, que dominava a sociedade colonial. Tal modelo idealizado perdurou durante todo o período açucareiro, criando uma sociedade patriarcal pautada num padrão de família estendida. Se a família biológica era o núcleo do engenho, fazia parte do cabedal de um senhor contar e suprir agregados, parentes, criados e escravos. SCHWARCZ, Lilia Moritz; STARLING, Heloisa Murgel. Brasil: uma biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015. p. 68. Prof. Marco Túlio Aula 00: Curso de História para Colégio Naval 2022 AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 31 Figura 15 - Funcionário público saindo de casa com a família, gravura de Jean-Baptiste Debret, 1835. Fonte: Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin ❑ A capela, local onde aconteciam batismos, casamentos e missas. Tratava-se do centro da vida social dos engenhos. ❑ A senzala, grande galpão utilizado para trancafiar os escravos durante a noite. Costumavam ser locais insalubres, onde não raro seus habitantes eram presos pelas mãos e braços, além de dormirem em chão de terra batida. Havia também outros espaços no engenho, destinados à fabricação do açúcar. Aqueles que eram movidos por tração animal eram chamados de trapiches, enquanto os que utilizavam a força hidráulica eram denominados de reais. O processo de produção incluía os seguintes passos: Depois do plantio e da colheita, a cana era levada para a moenda, onde era prensada até ser extraído seu caldo, chamado de garapa. A garapa era encaminhada para a casa das fornalhas, onde era cozinhada até se tornar um líquido mais espesso, o melaço. Depois de batido e esfarelado, somente o açúcar branco era encaixotado e enviado para a Europa. O melaço era enviado para a casa de purgar, onde era colocado em formas de barro por quarenta dias. Após a secagem, se obtinham três tipos de açúcar: o branco, o mascavo e o escuro. Prof. Marco Túlio Aula 00: Curso de História para Colégio Naval 2022 AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 32 Para Portugal, era importante que se mantivesse o exclusivo metropolitano (ou pacto colonial), que fazia com que as atividades econômicas desenvolvidas na América Portuguesa gerassem rendimentos unicamente para a Coroa, não sendo permitido aos colonos o comércio com as demais nações europeias. Não nos esqueçamos que o Brasil também fazia parte da lógica mercantilista, que tinha entre suas práticas econômicas o colonialismo. Contudo, não dispondo de condições para realizar o refino do açúcar na Colônia ou na metrópole, os portugueses foram forçados a permitir a entrada de outros atores no comércio do produto: os holandeses. Ao adquirirem o produto de senhores de engenho no Nordeste, encaminhavam caixotes do produto para os Países Baixos, onde o açúcar era refinado, e de lá comercializado para as demais regiões da Europa. Dessa maneira, o monopólio do comércio do açúcar escapava das mãos dos portugueses devido à forte presença holandesa nessa atividade, que também era responsável pela concessão de créditos aos senhores de engenho. Além disso, Amsterdã, Gênova, Londres e Hamburgo se destacavam como os maiores centros comerciais do período, o que tornavam os lusos incapazes de fixar o preço do produto neste mercado globalizado. Cachaça e rapadura Dois produtos eram derivados da atividade açucareira dos engenhos: a cachaça e a rapadura. Esta era o açúcar duro e escuro obtido na casa de purgar, que por não ter valor comercial no mercado europeu, era utilizada para adoçar os paladares dos senhores de engenho, ou para a alimentação dos escravos. Já a cachaça, bebida de alto teor alcoólico obtida a partir do melaço, era tão popular entre os habitantes da colônia, que a Coroatentou proibir a sua comercialização, a fim de que fossem favorecidos a importação de seus vinhos. A decisão, contudo, não foi adiante, afinal o produto era utilizado como escambo na aquisição de escravizados da África, a ponto de superar o açúcar como principal produto exportado no Rio de Janeiro do século XVIII. Figura 17 - Negras libertas vivendo de seu trabalho. Negras vendedoras de sonhos, um doce chamado manoé, e aluá, uma espécie de aguardente. Fonte: Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin. Prof. Marco Túlio Aula 00: Curso de História para Colégio Naval 2022 AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 33 7.1. A União Ibérica e o Brasil Holandês (1630-1654) Em 1578, o rei português D. Sebastião foi morto em combate contra os mouros no Marrocos, durante a Batalha de Alcácer-Quibir. Ele foi sucedido pelo tio-avô, D. Henrique, que faleceu dois anos depois e sem deixar herdeiros diretos. A partir daí, iniciou-se uma disputa pela sucessão do trono de Portugal, da qual saiu vitorioso o monarca de Espanha, Filipe II. Ele se torna rei das duas monarquias ibéricas, sendo iniciada a dinastia filipina em Portugal. O período que vai 1580 a 1640, quando reis espanhóis acumularam as coroas dos dois Estados da península, ficou conhecido entre os historiadores como União Ibérica. A partir do Juramento de Tomar (1581), a Espanha concordou com a preservação das leis, costumes e da língua portuguesa em Portugal e em seus domínios além-mar. Porém, três medidas administrativas foram tomadas que afetaram diretamente o Brasil: ▪ Ampliação dos poderes do provedor-mor (responsável pelas finanças), com o intuito de diminuir a corrupção e os abusos na arrecadação; ▪ Criação do Tribunal de Relação de Salvador (1587) para descentralizar a estrutura judiciária da colônia; ▪ Criação do Estado do Maranhão (1621), com sede em São Luís, separado do governo-geral sediado na Bahia, para melhor combater as incursões estrangeiras (KOSHIBA; PEREIRA, 2003, p. 85). Filipe II não controlava a administração da América Portuguesa, mas impôs aos lusos a necessidade de tomar como inimigos os holandeses, que recentemente haviam se tornado independentes da Coroa espanhola e estavam em guerra contra o país. Isso atrapalhou a participação desses estrangeiros no refino e comércio do açúcar. Diante dessas mudanças, em 1624 os holandeses criaram a Companhia das Índias Ocidentais, a fim de obterem seus próprios territórios do outro lado do Atlântico. No início de maio, organizaram uma esquadra composta por 26 navios e 3.400 homens para conquistar a cidade de Salvador. Na época, ela era uma das mais importantes cidades da América, não somente por ser sede administrativa e religiosa da colônia, mas pelos rentáveis negócios do açúcar, tabaco e de escravizados praticados na região. O governador Diogo de Mendonça Furtado chegou a ser preso e enviado para a Holanda, mas em março de 1625, menos de um ano depois de conquista, Salvador foi retomada por uma armada luso-espanhola chamada Jornada dos Vassalos. Após a expulsão, os holandeses invadiram e se estabelecerem em Pernambuco, em 1630. O governador da capitania de Pernambuco, Matias de Albuquerque, se refugiou no interior, onde tentou resistir no Arraial do Bom Jesus, fundado por ele para sediar o que chamaram de “Companhias de Emboscada”. Em 1635, contudo, o núcleo de resistência foi derrotado, o que levou os lusos a recuarem até a Bahia. Sabe-se que diversos setores apoiaram os invasores, incluindo “índios tapuias, gente graúda da terra, lavradores, cristãos-novos, mestiços e escravos fugidos” (KOSHIBA; PEREIRA, 2003, p. 91). De passagem por Porto Calvo, em Alagoas, Matias de Albuquerque capturou e condenou a morte Domingos Fernandes Calabar, acusado de colaborar com os holandeses. Prof. Marco Túlio Aula 00: Curso de História para Colégio Naval 2022 AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 34 Por 24 anos, os holandeses promoveram grandes transformações em Pernambuco, em especial durante a gestão de um jovem coronel alemão na Companhia, Maurício de Nassau. Cabe destacar que os domínios holandeses se estenderam de Sergipe até o Maranhão. Assim que pisou na capitania de Pernambuco, Maurício de Nassau começou a trabalhar para a recuperação da região. Engenhos abandonados por senhores que fugiram para a Bahia foram vendidos a crédito, o tráfico de escravos foi restabelecido, e a crise de abastecimento foi solucionada obrigando os proprietários a plantarem mandioca. Embora calvinista, Nassau implantou a liberdade religiosa, permitindo católicos e judeus professarem livremente suas crenças, o que fez surgir a primeira sinagoga da América Portuguesa. Estes últimos, cabe destacar, eram extremamente envolvidos no negócio açucareiro, muitos financiadores ou proprietários de engenhos. Também promoveu melhorias urbanas em Maurícia (Recife), tais como o calçamento de ruas e a construção de pontes, proibiu o descarte de lixo nas vias públicas e o despejo do bagaço da cana nos rios. Por fim, ergueu dois grandiosos palácios, onde foram abrigados jardins e um zoológico com espécies nativas e de outras partes do mundo. Botânicos e médicos se dedicaram a estudar a fauna, flora e as doenças tropicais que assolavam os colonos, enquanto artistas patrocinados por Nassau registraram o cotidiano na colônia, suas paisagens e as populações indígenas. Tamanha era a empolgação do administrador com as posses holandesas na América, que se tornou conhecido como “O Brasileiro”. Guerras Brasílicas Em 1644, Nassau foi forçado a regressar para os Países Baixos após desentendimentos com a Companhia das Índias Ocidentais, momento de início ao declínio do Brasil Holandês. No ano seguinte, diversas guerras foram travadas entre luso-brasileiros e holandeses, que culminaram na expulsão destes em 1654. A chamada Insurreição Pernambucana, como ficou conhecida o banimento dos “invasores” naquela região, refletia as transformações do cenário externo naquele período: desde 1640, um movimento político levou ao trono luso D. João IV, o que deu fim à chamada União Ibérica. Assim sendo, os holandeses agora não mais ocupavam um território do inimigo espanhol nas Américas, mas português. Liderados por André Vidal de Negreiros e João Fernandes Vieira, um rico proprietário da região, os luso-brasileiros enfrentaram os holandeses por vários anos, incluindo senhores de engenho insatisfeitos com os tributos cobrados pelos invasores. Acompanharam os descontentes o negro Henrique Dias e o índio Filipe Camarão, o que levou muitos historiadores do passado a retratarem que a identidade brasileira se fundara naquele momento, a partir da “união das três raças” (branca, indígena e negra). Figura 18 - A Sinagoga Kahal Zur Israel, inaugurada em Recife durante a dominação holandesa, é a mais antiga das Américas. Fonte: Shutterstock. Prof. Marco Túlio Aula 00: Curso de História para Colégio Naval 2022 AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 35 O marco para a criação dessa ideia de Nação teria sido a batalha dos Guararapes, ocorrida entre 1648 e 1649, da qual os “brasileiros” teriam sido vencedores. Contudo, trata-se de uma versão romantizada, afinal, os dois lados do conflito contaram com o apoio de senhores de engenho luso-brasileiros, escravizados, mestiços pobres e indígenas. Além disso, não havia o sentimento nacionalista entre os combatentes, algo que só seria desenvolvido a partir do século XIX. Os batavos foram expulsos do Brasil, mas não excluídos do comércio do açúcar. Nas Antilhas, região central do continente americano, eles conseguiram produzir um produto mais barato e de maior qualidade que o luso-brasileiro, o que a médio prazo levou a crise do negócio açucareiro na América Portuguesa. 7.2. A sociedade do açúcar Conforme já mencionamos, a sociedade do açúcar pode ser definida pela existência de duas construções em boa parte dos engenhos: a casa-grande e a senzala.No Nordeste açucareiro, os povoamentos eram bastante distantes entre si, e os ataques de indígenas constantes. Com isso, a vida girava no interior dos engenhos, onde seus senhores exerciam um grande poder sobre os demais habitantes de sua propriedade. A casa-grande, como vimos, era a habitação do senhor de engenho, seus familiares e agregados. Ele não dispõe de títulos de nobreza, mas o que o separa das demais camadas sociais é o fato de não exercer atividades braçais. Essa distinção era cotidianamente marcada por diversos elementos de seu cotidiano: a riqueza de suas roupas e ornamentos, o respeito demonstrado pelos seus subordinados, a mesa farta existente durante suas refeições. Nessa sociedade, a presença de homens livres é bastante limitada, a ponto de nem chegarem a formar uma camada social própria. Alguns deles são os chamados mestres do açúcar, empregados nas casas de purgar dos engenhos, enquanto o feitor-mor é o encarregado da administração de toda a unidade de produção açucareira. Muitos homens livres realizavam ofícios diversos para os senhores de engenho, o que conferia a estes ampla influência política, econômica, social sobre vilarejos vizinhos à sua propriedade. Senhor de engenho Familiares Agregados Escravizados Prof. Marco Túlio Aula 00: Curso de História para Colégio Naval 2022 AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 36 Em regiões onde a administração colonial não se fazia tão presente, era o poder dos grandes proprietários o que realmente regulava a vida dos habitantes da colônia. Essa organização da sociedade colonial fez com que desse início no Brasil um fenômeno denominado mandonismo, ou seja, o poder permanece concentrado nas mãos de grandes proprietários locais, e que por isso o exercem com intuito de satisfazer interesses pessoais, e não coletivos. Ao escrever o livro História do Brazil (1630), o franciscano Frei Vicente do Salvador observou este traço da sociedade brasileira: “nenhum homem nesta terra é republico, nem zela ou trata do bem comum, senão cada um do bem particular”. Figura 19 - O regresso de um proprietário, de Jean-Baptiste Debret. Fonte: Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin. Figura 11 - Um jantar brasileiro, de Jean-Baptiste Debret. Fonte: Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin. Prof. Marco Túlio Aula 00: Curso de História para Colégio Naval 2022 AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 37 8. ESCRAVIDÃO E RESISTÊNCIA INDÍGENA E AFRICANA Por muito tempo, alguns historiadores atribuíram a substituição da mão de obra indígena pela africana devido a incapacidade do primeiro de adaptar-se à lógica escravista. Esse raciocínio pode nos levar a duas conclusões equivocadas: a de que os indígenas eram preguiçosos, ou mesmo que os africanos já estavam acostumados com a escravidão! Na verdade, tanto indígenas quanto africanos não foram passivos diante do processo de escravização, recorrendo, por isso, a diversas formas de resistência. A explicação para a substituição da mão de obra está no fato do projeto colonial luso na América também dispor de uma dimensão religiosa, afinal a catequização dos nativos era vista como uma das prioridades da Coroa. Os indígenas também eram considerados súditos do rei, e apesar de sua escravização ser algo imoral, a prática permaneceu durante todo o período colonial – e por isso, constantemente denunciada à Coroa pelos jesuítas. Já o comércio de cativos africanos não era questionado pelas ordens religiosas, além de ser menos dispendioso para os senhores de engenho. A partir do século XV, algumas tribos daquele continente se aliaram aos portugueses, fornecendo seus prisioneiros de guerra em troca de mercadorias como armas, pólvora, tecidos e tabaco. 8.1. A escravidão indígena Como vimos, as primeiras atividades econômicas na América Portuguesa se utilizaram de mão de obra indígena – primeiramente, pelo escambo, posteriormente, por meio da captura e escravização. A demanda por braços nos primeiros engenhos de açúcar fez com que muitos homens livres se dedicassem a organizar expedições partidas de São Paulo para a captura de indígenas, que as tornam conhecidas como bandeiras de apresamento. Segundo o historiador John Manuel Monteiro, o aumento da escravização dos “negros da terra”, como eram chamados os indígenas, foi um processo marcado por colaborações e resistências, mas que teve como principal consequência a dizimação em massa dos nativos por meio de epidemias. Em meados do século XVI, treze padres da Companhia de Jesus fundaram o Colégio de São Paulo de Piratininga, com o objetivo de disseminar a fé católica pelo território colonial. A partir dali, tentou-se implantar um projeto de aldeamentos, ou seja, comunidades onde eram reunidos indígenas de etnias diversas, a fim de que lhes fossem ensinadas a língua portuguesa, a fé católica e trabalhos manuais e artesanais. Coordenadas pelos padres da Companhia, essas comunidades se espalharam por diversas partes da América Portuguesa, sendo chamadas de missões jesuíticas, ou reduções jesuíticas. Muitos de seus organizadores se dedicaram a aprender algumas línguas nativas, o que facilitou o processo de catequização. Em 1570, uma normativa real regulamentou o cativeiro indígena, que só poderia ser realizado por meio de “guerra justa”, ou seja, a partir dos conflitos autorizados pela Coroa ou pelo governador contra os povos hostis ao projeto colonizador. A exceção desses “inimigos” e outros casos particulares, todos os demais indígenas eram considerados livres segundo a lei. Os colonos, principalmente paulistas, não se limitaram a normativa, chegando a atacar missões jesuíticas em busca de nativos para serem escravizados e comercializados em São Paulo. Prof. Marco Túlio Aula 00: Curso de História para Colégio Naval 2022 AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 38 Entre 1628 e 1630, Antônio Raposo Tavares organizou uma grande bandeira composta por brancos, mestiços e indígenas, responsável pelo aprisionamento de pelo menos 40 mil indígenas Guarani aldeados em uma missão jesuítica de Guairá, atual estado do Paraná. A fim de evitar novas incursões dos bandeirantes, os jesuítas deslocaram os remanescentes guaranis até Tape, no Rio Grande do Sul, onde uma nova redução foi criada. Vale ressaltar que os jesuítas a frente tanto das missões do Guairá quanto do Tape respondiam à Coroa espanhola. Figura 12 - Ataques de bandeirantes às missões jesuíticas. A Confederação dos Tamoios e a Confederação dos Cariris Diversos foram os episódios de resistência empreendidos pelos povos indígenas contra colonização dos portugueses. Um dos primeiros levantes que reuniu diversos grupos foi a Confederação dos Tamoios (1554-1567), conflito que ocorreu na Baía de Guanabara, no atual litoral fluminense, e no litoral paulista. Inicialmente, os indígenas Tupinambá da região foram simpáticos à aproximação dos lusos, mas a partir de 1525, voltaram-se contra os recém- chegados diante dos maus-tratos e injustiças, aliando-se aos franceses. Para completar, as relações de amizade estabelecidas entre portugueses e tupiniquins, seus históricos adversários, contribuiu para o acirramento das animosidades. A fundação da França Antártica (1555), que contou com o suporte dos tamoios, levou o governo-geral a empreender esforços para expulsar os concorrentes. Apoiados pelos temiminós, que tinham em Arariboia seu principal líder, os portugueses expulsaram os franceses e dizimaram os tamoios – termo que incluía tupinambás, Guaianases, Goitacazes, Aimorés, entre outros. Figura 13 - Representação de Arariboia, líder dos temiminós. Prof. Marco Túlio Aula 00: Curso de História para Colégio Naval 2022 AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 39 Outro episódio de resistência indígena foi a Confederação dos Cariris (1683-1713), ocorrido no sertão dos atuais estados de Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba, ao nortedo Rio São Francisco. O conflito também ficou conhecido como “Guerra dos Bárbaros”, afinal os portugueses aprenderam com os Tupi a se utilizar termo tapuia, que significa bárbaro, para se referir a todos os povos não-tupi que habitavam o interior. Os portugueses, que encaravam os indígenas da região como um entrave ao processo de ocupação colonial baseado na agricultura, promoveram diversos ataques aos povos a partir do final do século XVII, porém os Cariris resistiram durante décadas, empreendendo derrotas contra os capitães-mores do interior. Foi somente com o auxílio de bandeirantes paulistas que os lusos finalmente derrotaram os adversários. Obs: Outro levante indígena significativo foi o episódio que ficou conhecido como Guerras Guaraníticas, do qual falaremos mais adiante. 8.2. A escravidão africana “O Brasil é o inferno dos negros”, observaria padre Antonil, jesuíta que chegou na América Portuguesa em 1681. A escravidão africana saltava aos olhos de todos os recém-chegados na Colônia, afinal em regiões como o Recôncavo baiano, grande produtora de açúcar e fumo, mais de 75% da população era composta por cativos. No continente africano, de onde foram traficados grandes contingentes humanos, a escravidão já existia antes da chegada dos europeus, mas em condições bem distintas da que observamos ao longo da Idade Moderna. Se a partir do século VII é possível constatar a existência de rotas destinadas ao comércio de escravizados ao Norte da África, monopolizadas por mercadores islâmicos, é preciso destacar que a escravidão não era a base da economia local. O escravo se restringia às atividades domésticas, e no caso das mulheres, no concubinato. Em boa parte das sociedades, os escravizados realizavam as mesmas tarefas que seus amos, podendo inclusive ser incorporados à família, mesmo que em condições distintas. Figura 14 - Principais rotas do tráfico de escravizados no Atlântico e origem étnica dos cativos. Prof. Marco Túlio Aula 00: Curso de História para Colégio Naval 2022 AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 40 Entretanto, quando os interesses dos lusos se voltaram para a produção e comércio do açúcar, primeiramente nas ilhas da Madeira, São Tomé e Cabo Verde; depois, na América Portuguesa, o tráfico de viventes foi encarado como fundamental. Se utilizando de feitorias instaladas ao longo da costa africana desde a época das Grandes Navegações, os portugueses adquiriam escravizados a partir de alianças firmadas com povos nativos, participando das rivalidades existentes entre reinos e linhagens locais. Para estes, o comércio de humanos também se mostrava lucrativo, afinal lhes permitia o acesso a mercadorias trazidas pelos europeus que não existiam no continente, incluindo tabaco, cachaça, tecidos desconhecidos e armas. Além disso, a tecnologia bélica fornecida pelos recém-chegados conferia aqueles que a recebiam vantagens sobre os povos inimigos, que quando vencidos, eram escravizados e comercializados para os europeus em troca de mais mercadorias. A árvore do esquecimento Localizada no atual Benin, Uidá foi um dos mais importantes pontos de tráfico de escravizados na África entre os séculos XVII e XIX. Seres humanos eram mantidos nos chamados presídios até a data do embarque para as Américas, devendo percorrer uma distância de quatro quilômetros, com os pés acorrentados, até o litoral. Antes de se serem acomodados nas embarcações, ali era realizado um ritual: os escravizados homens deveriam dar nove voltas em torno de uma árvore, enquanto as mulheres deveriam dar nove. Enquanto faziam isso, deveriam se esquecer de sua vida na África, incluindo suas tradições e laços familiares e de amizade. Isso mostra que a escravidão era um processo que envolvia não somente a despersonalização dos indivíduos, que passam a ser vistos como mercadorias, mas também sua desassociação. As embarcações de traficantes, chamadas não por acaso de “tumbeiros”, permaneciam por meses atracadas na costa, e quando finalmente completavam a carga humana, embarcavam rumo às Américas, em uma viagem que durava em média 35 dias. Uma caravela portuguesa chegava a transportar até 500 escravizados, alimentados apenas uma vez ao dia, em muitos casos apenas com azeite e milho cozido. Devido a dieta pobre em vitamina C, muitos deles desenvolviam o escorbuto, que por isso ficou conhecida como “mal de luanda”. Ao alcançarem os portos brasileiros, os escravizados eram identificados pelas autoridades coloniais, cabendo aos traficantes pagar os impostos devidos. Caso não conseguisse comercializar suas “mercadorias” na alfândega, eram dirigidas para armazéns situados na região portuária, onde eram higienizadas para se tornarem mais atrativas para compradores. Os senhores de escravos geralmente optavam pela compra de cativos vindos de pontos distintos da África, afinal as barreiras linguísticas dificultavam a organização de insurreições contra seu domínio. Prof. Marco Túlio Aula 00: Curso de História para Colégio Naval 2022 AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 41 Figura 21 - O navio negreiro, gravura de Johann Moritz Rugendas, 1830. Fonte: Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin. Vocabulário da escravidão Para diferenciar os tipos de escravizados existentes na América Portuguesa, algumas categorias foram elaboradas pelos colonizadores: - Boçal → denominação utilizada para agrupar escravizados recém-chegados da África. - Ladino → escravizado que entendia a língua portuguesa e a rotina de trabalho na Colônia. - Crioulos → escravizados nascidos no Brasil e que tinham o português como primeira língua. Cabe destacar que a maioria dos escravizados trazidos para o Brasil eram bantos (ou nagôs), denominação utilizada para tratar dos grupos originários da África Central, sobretudo Angola e Congo; e sudaneses, provenientes das regiões de Daomé (Benin), Nigéria e Guiné. Os traficantes e senhores de escravizados não levavam em conta as particularidades culturais dos cativos, sendo bastante comum a adoção de nomenclaturas para identificar os portos e feiras onde eram obtidos, como por exemplo “escravos de mina”, em referência à região da Costa da Mina, e cassanjes (nome de uma das principais feiras de Angola). Com isso, muitos eram rebatizados com nomes como Catarina Benguela, Maria Cassanje, Joaquim Angola, entre outros. Uma vez instalados nas fazendas, os escravos eram submetidos a extensas e exaustivas jornadas de trabalho, em muitos casos desenvolvendo atividades extremamente maçantes. Castigos públicos, tais como o tronco e o uso da chibata, eram constantemente aplicados, a fim de que essas populações fossem mantidas sob constante medo. Os suplícios geralmente eram realizados pela figura do feitor, homem livre responsável pela administração das atividades desempenhadas pelos escravos na propriedade. As atividades do engenho eram extremamente insalubres. Não eram raros os casos de escravos que decepavam membros nos tambores da moenda, ou queimavam seus membros nas escaldantes caldeiras da casa de purgar. Por alcançarem temperaturas insuportáveis, o trabalho nas fornalhas era reservado aos escravizados mais insubordinados. Os escravizados empregados na lavoura eram chamados de escravos de eito. Prof. Marco Túlio Aula 00: Curso de História para Colégio Naval 2022 AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 42 Segundo o padre Antonil, aos escravos do Brasil eram reservados os três p’s: pão, pau e pano, ou seja: alimento, castigo e vestimenta. Contudo, alerta o religioso que o primeiro e o último não eram garantidos com a mesma abundância que os castigos, aplicados com muito rigor e nem sempre com a culpa comprovada. A fome e a nudez, portanto, eram recorrentes nos engenhos da América Portuguesa. Figura 15 - Feitores castigando negros, por Jean-Baptiste Debret, 1835. Uma pequena parcela dos escravizados, compostaprincipalmente por mulheres, convivia com seus senhores e seus familiares durante o dia na casa-grande, os chamados escravos domésticos. Eram cozinheiras, arrumadeiras e amas de leite, que embora se alimentassem e se vestissem melhor, estavam sujeitas a um tipo diferente de violência daquela geralmente vista nos campos: a sexual. Em centros urbanos como Olinda, Salvador, Rio de Janeiro e da região mineradora (séculos XVIII e XIX), era comum que escravizados domésticos, especialmente mulheres, fossem também escravos de ganho, ou seja, se dedicassem à venda de mercadorias nas ruas. Para tanto, os cativos contavam com a confiança e a autorização de seus senhores, que enxergavam na atividade uma importante fonte de lucro. Figura 16 - Escravizadas na região das Minas. Gravura de Francisco Julião, sec. XVIII. Fonte: Biblioteca Digital da Câmara dos Deputados. . Prof. Marco Túlio Aula 00: Curso de História para Colégio Naval 2022 AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 43 Atuando como ambulantes, os negros de ganho tinham autonomia para percorrer longas distâncias, o que era necessário para obter a cota mínima em dinheiro que deveria ser repassada aos seus senhores, além buscarem obter seu próprio sustento. Nos séculos XVIII e XIX, muitos escravos de ganho chegaram a morar longe de seus senhores, alugando casas ou quartos alugados com os rendimentos obtidos no comércio. Isso era permitido por aqueles proprietários que enxergavam na autonomia de seus cativos a possibilidade de diminuir suas despesas. Formas de resistência dos escravizados africanos Muitos africanos trazidos para o Brasil e seus descendentes lançaram mão de uma série de estratégias de reação à sua condição de escravizado, o que mostra que embora fossem considerados mercadorias, nunca foram vítimas passivas. A seguir, vejamos algumas formas de resistência à escravidão: A forma de resistência mais lembrada até os dias atuais é certamente o quilombo, comunidades formadas por escravizados que escapavam de suas propriedades se estabeleciam novas formas de organização social no interior das matas. O termo surgiu em Angola, e era utilizado para denominar acampamentos militarizados de africanos, nos quais o uso de magia e uma rígida disciplina faziam parte de seu cotidiano. Outro termo recorrentemente utilizado na época era mocambo, que significa esconderijo. Para que essas organizações perdurassem, era preciso contar com uma extensa rede de solidariedade social, composta não somente por quilombolas, mas escravizados que permaneciam nas propriedades de seus senhores, ladrões, comerciantes e mascates. Dessa maneira, os quilombos se tornavam formas de resistência bem difíceis de serem combatidas pelas autoridades coloniais e senhores de escravos. Revoltas Elas poderiam ocorrer ainda nos navios negreiros, ou mesmo nas fazendas. Ao longo dos séculos XVI e XIX, diversas insurreições de escravizados ocorreram no território brasileiro. A maior delas foi a Revolta do Malês, que veremos em uma de nossas próximas aulas. Fugas individuais ou coletivas Após deixarem seus locais de trabalho, muitos escravizados se refugiavam nas cidades. Alguns escravizados chegaram a organizar quilombos, comunidades formadas por escravizados que escapavam de suas propriedades se estabeleciam novas formas de organização social no interior das matas. Negociações e confrontos Muitos escravizados agiam boicotando a produção ou paralisando seus trabalhos. Contudo, outros buscavam espaços de negociação com seus senhores, com o intuito de obterem melhores condições de trabalho e sobrevivência. Prof. Marco Túlio Aula 00: Curso de História para Colégio Naval 2022 AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 44 O Quilombo de Palmares O quilombo de Palmares é certamente o mais conhecido por nós, afinal foi aquele que sobreviveu por mais tempo na América Portuguesa – ele começou a ser formado na Serra da Barriga, atual Alagoas, no início do século XVII, sendo totalmente destruído somente em 1694. Além disso, acredita-se que tenha sido o quilombo mais populoso do Brasil, alcançando uma população de 20 mil habitantes! Palmares era uma confederação de comunidades, cada uma delas contendo um chefe principal, mas que também continham uma autoridade central, Ganga Zumba. Enquanto ocuparam a capitania de Pernambuco, os holandeses organizaram dois ataques à comunidade, mas não tiveram sucesso. A partir daí, a população palmarina começou a crescer cada vez mais, o que afrontava as autoridades coloniais e ameaçava o poderio e interesses econômicos dos senhores de engenho. Após a retomada da região pelos portugueses, o governador Aires de Souza e Castro propôs um acordo de paz: Os quilombolas deveriam devolver escravos refugiados em Palmares para seus donos, recebendo em troca o status de súditos da Coroa e o reconhecimento do direito sobre a terra em que ocupavam. Embora Ganga Zumba tentasse colocá-lo em prática, o acordo enfrentou resistências do grupo de Zumbi, uma das lideranças das aldeias que compunham Palmares. Um duro embate se iniciou entre ambos, que culminou com a morte do primeiro por envenenamento. Nos quinze anos que se seguiram à morte de Ganga Zumba, Zumbi liderou uma guerra contra as autoridades portuguesas, mas foram duramente massacrados por uma expedição liderada pelo bandeirante Domingos Jorge Velho, em 1694. Para que a destruição do quilombo e dos palmarinos servisse de exemplo para qualquer insurreição, a cabeça de Zumbi, àquela altura tido como imortal por muitos, foi exposta em um poste de uma praça pública de Recife. O legado cultural africano no Brasil A escravidão legou diversas contribuições culturais à nascente sociedade brasileira no período colonial, a ponto de podermos falar na formação de culturas afro-brasileiras. A seguir, serão destacados alguns desses elementos: ▪ Vocabulário → cochilar, caçula, dengo, cafuné, capanga, marimbondo, moleque, muvuca, tanga. Diversas palavras incorporadas de culturas africanas que desembarcaram no Brasil e que enriqueceram a língua portuguesa, sobretudo de origem iorubá. ▪ Religiosidade → para resistir aos esforços de cristianização de seus dominadores, os escravizados estabeleceram associações entre divindades e ritos cristãos e suas religiões africanas. Essas interrelações ficaram conhecidas como sincretismo religioso, e podem ser compreendidas como uma forma de resistência cultural. Vale lembrar que muitas religiões Figura 17 - Personagem cujas feições físicas são desconhecidas, Zumbi já foi representado de diversas maneiras diferentes por pintores, escultores, escritores etc. Na imagem, uma estátua do líder de Palmares foi erguida em Salvador, Bahia. Fonte: Shutterstock. Prof. Marco Túlio Aula 00: Curso de História para Colégio Naval 2022 AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 45 afro-brasileiras, como a umbanda e o candomblé, são totalmente brasileiras, na medida em que se formaram da mistura de crenças africanas e o catolicismo. ▪ Capoeira, cantos e instrumentos musicais → mistura de dança, luta, música e jogo, a capoeira foi produzida no Brasil por africanos e seus descendentes ao longo de séculos de colonização. Sua execução envolve cânticos que resgatam histórias e memórias africanas, além de fazer uso de instrumentos de origem africana, como berimbaus e atabaques. ▪ Culinária → diversos elementos gastronômicos africanos sobreviveram neste lado do Atlântico, se misturando a ingredientes e sabores brasileiros. São os casos do vatapá e acarajé, pratos que se utilizam do azeite de dendê, de origem africana, mas que também incorporam ingredientes locais. Figura 18 - O Candomblé, uma das principais expressões da religiosidade afro-brasileira, expressa o sincretismo religioso decorrenteda mistura de elementos culturais africanos e portugueses. Fonte: Shutterstock. Figura 19 - A capoeira era uma luta empregada pelos escravizados como forma de resistência à escravidão. Genuinamente brasileira, com o tempo passou a ser encarada como patrimônio cultural da cultura afro-brasileira. Fonte: Shutterstock. Prof. Marco Túlio Aula 00: Curso de História para Colégio Naval 2022 AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 46 9. LISTA DE QUESTÕES 1. (2020/CN) Leia o texto abaixo. Esses escravos tinham mobilidade para circular na cidade, já que precisavam encontrar trabalho para juntar a quantia em dinheiro que deveria ser entregue ao proprietário, além, é claro, de obter o seu próprio sustento. Se, por um lado, esse tipo de trabalho livraria os proprietários da obrigação de sustenta seus escravos, assim diminuindo os seus gastos, por outros, permitia certa autonomia aos cativos, que arranjavam o seu próprio trabalho e cuidavam de suas despesas. (Mattos, Regiane Augusto de. História e cultura afro-brasileira. 2ªed. 3ª reimpressão. São Paulo: Contexto, 2014, p. 112.Adaptado) O texto faz referência a uma modalidade de trabalho escravo denominada a) escravos de eito b) escravos domésticos c) escravo de ganho d) escravo de “tigre” e) escravo de liteira 2. (2019/Colégio Naval) “Eu, EIRei, faço saber a vós, Tomé de Sousa, fidalgo de minha casa, que vendo eu quanto serviço de Deus e meu é conservar e enobrecer as Capitanias e povoações das terras do Brasil e dar ordem e maneira com que melhor e mais seguramente se possam ir povoando, para exalçamento da nossa Santa Fé e proveito de meus Reinos e Senhorios, e dos naturais deles, ordenei ora de mandar nas ditas terras fazer uma fortaleza e povoação grande e forte, em um lugar conveniente, para daí se dar favor e ajuda às outras povoações e se ministrar justiça e prover nas cousas que cumprirem a meu serviço e aos negócios de minha Fazenda e a bem das partes. Fonte: Regimento que levou Tomé de Sousa Governador do Brasil, Almerím, 17/12/1548,Lisboa, Arquivo Histórico Ultramarino (AHU), códice 112, fls 1-9. Sobre o texto, que é um importante marco da História do Brasil, é correto afirmar que representava a) o objetivo da monarquia portuguesa de iniciar a colonização do Brasil cedendo territórios para que grupos particulares pudessem explorá-los a custa de seus próprios recursos, enquanto o governo atuaria como uma espécie de órgão regulador do que ficou conhecido como Capitanias Hereditárias. b) a pretensão do governo português em promover a colonização efetiva do território brasileiro e de estimular a produção colonial, sendo um dos seus primeiros atos a construção de uma cidade para ser a capital da colônia, concretizada por Tomé de Sousa com a fundação de São Salvador em 1549. Prof. Marco Túlio Aula 00: Curso de História para Colégio Naval 2022 AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 47 c) o desejo português de não investir recursos no território colonial do Brasil, permitindo que grupos privados construíssem feitorias com dois objetivos: a exploração do pau-brasil realizada a partir do escambo com os indígenas e a proteção das ameaças estrangeiras. d) o primeiro passo para o processo de povoamento da colônia, que previa a criação de uma capital estruturada no modelo espanhol de ocupação do território, além da construção de estradas e sistemas de coleta de esgoto em locais estratégicos, que serviriam de base para o surgimento de novas cidades. e) a ocupação efetiva do território colonial, principal mente após a descoberta de jazidas de ouro no interior da colônia, que demandou mais recursos do governo português para a defesa da região de invasores estrangeiros e de piratas que desejavam roubaras riquezas do Brasil. 3. (2019/Colégio Naval) Observe a charge a seguir: A charge acima representa os primeiros anos logo após a chegada de Pedro Álvares Cabral ao Brasil. É correto afirmar que entre as principais características desse período temos a a) extração do Pau-Brasil por meio do estanco (troca), onde os indígenas realizavam o corte da madeira e recebiam em troca objetos vistosos, mas de estimado valor, como espelhos, armamentos e tecidos diversos. b) extração das drogas do sertão por meio de trabalho escravo, pelo qual os exploradores aproveitaram para iniciar o processo de ocupação territorial do Brasil a partir da construção de feitorias. c) construção das primeiras feitorias com a finalidade de estimular a vinda de colonos para a produção de riquezas, como a cana de açúcar, e consequentemente efetivar a ocupação do território brasileiro garantindo a presença portuguesa. d) extração do Pau-Brasil por meio do escambo (troca), onde os indígenas realizavam o corte e o transporte da madeira recebendo em troca objetos de pouco valor, como espelhos, miçangas e instrumentos de ferro. Prof. Marco Túlio Aula 00: Curso de História para Colégio Naval 2022 AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 48 e) distribuição das primeiras sesmarias, por meio de Estanco, aos donatários que estavam se instalando no Brasil, destacando-se, nesse processo, o arrendatário Fernando de Noronha, que se notabilizou na extração do Pau-Brasil. 4. (2007/Colégio Naval) A chegada dos portugueses ao Brasil, além de ser o resultado de um processo administrado pela coroa Portuguesa no século XV conjuntamente com a nobreza e a nascente burguesia, também: a) auxiliou, entre outros aspectos, na consolidação e hegemonia portuguesa no Atlântico Sul. b) se transformou, de imediato, em uma alternativa mercantil ao comércio português no Oriente. c) demonstrou que o desvio da esquadra de Cabral seguia a mesma inspiração de Colombo para chegar às Índias. d) foi o resultado de uma reação de Portugal diante da concorrência dos mercadores italianos no Atlântico Ocidental. e) tinha por objetivo reforçar a supremacia portuguesa no Pacífico Oriental garantindo dessa forma o caminho para a Índia. 5. (2007/Colégio Naval) No ano de 1494, portugueses e espanhóis assinaram o tratado de Tordesilhas, definindo a quem pertenceriam as terras descobertas ou a descobrir. Segundo esse tratado, as terras localizadas a trezentos e setenta léguas a oeste de Cabo Verde seriam da Espanha e as terras a leste, de Portugal. A linha imaginária estabelecida pelo Tratado terminava ao sul no Estado de Santa Catarina, mais precisamente na cidade de: a) Laguna. b) Criciúma c) Imbituba. d) Tubarão. 6. (2009/Colégio Naval) Observe a charge abaixo, referente ao fim da presença holandesa no Nordeste Brasileiro no século XVII, e responda a pergunta a seguir. NOVAIS, Carlos Eduardo e César Lobo, História do Brasil para Principiantes, De Cabral a Cardoso 500 anos de Novela, Editora Ática - SP - 1998 - p.98 Prof. Marco Túlio Aula 00: Curso de História para Colégio Naval 2022 AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 49 Pode-se afirmar que a charge refere-se, como consequência da expulsão dos holandeses, do Brasil, a) ao início da produção holandesa na América Central, levando, de imediato, à crise da economia no Brasil como um todo, que só se recuperou com a descoberta do ouro, na região das Minas Gerais. b) à crise econômica do Nordeste brasileiro, devido à concorrência do açúcar do Brasil com a produção açucareira holandesa nas Antilhas. c) ao enfraquecimento da economia nordestina que não suportou a posterior invasão dos franceses no Maranhão, onde fundaram a colônia denominada de França Equinocial. d) à crise econômica do Nordeste brasileiro, após a 'expulsão dos holandeses da Bahia no ano de 1625. e) à reafirmação da presença portuguesa no Nordeste brasileiro, possibilitando a retomada da produção do açúcar na região que voltou a concorrer, em pé de igualdade, com o açúcar antilhano. 7. (2009/Colégio Naval) Em relação ao domínio da Holandano Nordeste brasileiro durante o período colonial, é correto afirmar que: a) a administração de Nassau caracterizou-se por medidas administrativas de grande importância, como por exemplo: a reorganização da produção açucareira mediante um sistema de crédito aos senhores de engenho, tolerância religiosa e o fim da Assembleia dos Escabinos, que limitava a participação política dos proprietários rurais pernambucanos. b) a invasão holandesa na Bahia (1624-1625), que contou com o apoio da "milícia dos descalços", liderada pelo bispo Marcos Teixeira, foi desarticulada pela Jornada dos vassalos, frota luso-espanhola mandada à Bahia com a missão de expulsar os holandeses da sede do Governo-Geral do Brasil. c) a invasão holandesa em Pernambuco encontrou grande resistência por parte de grupos armados por Matias de Albuquerque, no arraial do Bom Jesus. O arraial, que passou a ter a adesão cada vez maior de senhores de engenho, foi o lugar onde começou a Insurreição Pernambucana. d) a Insurreição Pernambucana, movimento de resistência local, contou desde o início com a ajuda da Coroa portuguesa que, após o fim da União Ibérica, tinha todo o interesse em expulsar os holandeses e reassumir o controle sobre a economia açucareira. e) o fim da Nova Holanda deve-se, entre outros fatores, a uma conjuntura externa desfavorável à Holanda que, por se envolver em guerras sucessivas na Europa, não pôde socorrer seus compatriotas no Brasil, fato este que assegurou a vitória dos luso-brasileiros em 1654. 8. (2005/Colégio Naval) “ [...] Nela, até agora, não pudemos saber se há ouro, nem prata, nem coisa alguma de metal ou ferro nem o vimos. [...] Em tal maneira e graciosa [a terra] que querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo, por causa das águas que tem. [...] " (Pero Vaz de Caminha) (CORTESÃO, Jaime. A Carta de Pero Vaz de Caminha. In: GASMAN, Lidinéa. Documentos Históricos Brasileiros. Rio de Janeiro, Fename, 1976, pp. 23-4) O relativo abandono que o Brasil passou nos primeiros trinta anos após o registro feito por Pero Vaz de Caminha sobre as terras "descobertas" pela Coroa portuguesa deveu-se, entre outros aspectos, a) à falta de recursos para implementar um projeto de exploração colonial semelhante ao da Espanha. Prof. Marco Túlio Aula 00: Curso de História para Colégio Naval 2022 AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 50 b) aos constantes ataques dos holandeses contra a frota da Companhia de Comércio do Brasil, o que inviabilizou a colonização nesse período. c) à falta de uma produção organizada que pudesse ser comercializada imediatamente, não se enquadrando dentro da perspectiva mercantilista da época. d) à carência de mão-de-obra para o trabalho nos latifúndios canavieiros, o que só se solucionará com o início do tráfico negreiro. e) aos inúmeros levantes indígenas que queimavam as plantações e combatiam a presença portuguesa na América. 9. (2005/Colégio Naval) " [...] Submetido durante três séculos à potência europeia que maneja o maior mercado de escravos, o Brasil converte-se no maior importador de escravos do Novo Mundo..." (Alencastro, Luiz Felipe de - O Trato dos Viventes: formação do Brasil no Atlântico Sul - São Paulo: Companhia das Letras, 2000.) As razões que levaram a utilização de escravos africanos como mão-de-obra nas lavouras açucareiras do Brasil foram a) a redução considerável do número de índios no litoral e a oposição da Igreja Católica que combatia a escravização indígena. b) as dificuldades enfrentadas pelos índios em se adaptar ao trabalho na lavoura e a fácil adaptação dos negros ao trabalho pesado. c) a política de estado de preservação dos povos indígenas e os grandes lucros gerados para a Coroa portuguesa com a venda dos escravos africanos. d) o déficit populacional em Portugal e fato do negro ser mais dócil que o índio, aceitando o seu estado de escravo. e) a instituição prévia do emprego da mão-de-obra escrava em Portugal e a preguiça do índio no trabalho na lavoura. 10. (2005/Colégio Naval) Em 1534, o rei português D. João III instituiu um sistema de divisão do litoral do Brasil em capitanias. Tais extensões territoriais variavam entre trinta e cem léguas no sentido da latitude, mas de extensão indefinida para o interior; eram destinadas a serem comandadas por donatários que deveriam, entre outras coisas, povoar, cultivar e defender as terras. Os motivos que levaram Portugal a colonizar o Brasil foram a) os constantes ataques indígenas e de estrangeiros aos núcleos de povoamento portugueses e o aumento do preço da cana-de-açúcar na Europa. b) a exploração do pau-brasil e a necessidade de punir os criminosos do Estado Português que vieram degredados ao Brasil. c) a instauração do tráfico negreiro na África e o início da empresa açucareira no nordeste brasileiro. d) a fertilidade do solo brasileiro para o cultivo de gêneros tropicais e a exploração das drogas do sertão. e) as ameaças estrangeiras em tomar o território brasileiro e a progressiva crise do comércio com o oriente. Prof. Marco Túlio Aula 00: Curso de História para Colégio Naval 2022 AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 51 11. (2008/Colégio Naval) Leia o trecho abaixo e responda a questão a seguir. Visto como o rei de Espanha, nosso inimigo, possui ilegalmente estas terras e cidades, tendo destituído de modo inconveniente e pouco cristão o verdadeiro dono do reino de Portugal (a qual pertence o Brasil) (...) há razões de sobra para esperar a assistência da Divina Justiça na obra da Companhia no Brasil, que pertence à Coroa Portuguesa. (...) (Ian Moerbeeck, 1624.) FREIRE, Américo, Marly Silva da Motta e Dora Rocha - História em Curso, O Brasil e suas relações com o mundo Ocidental - Ed. Do Brasil/Fundação Getúlio Vargas/CPDOC - pg 77. O trecho demonstra um momento da História brasileira, na primeira metade do século XVII, quando o Brasil a) enfrenta diversas invasões estrangeiras, destacando-se os holandeses em Pernambuco e os franceses no Rio de Janeiro, através do que ficou conhecido como França Equinocial. b) devido à chamada União Ibérica, passa a enfrentar, entre outros aspectos, a invasão dos holandeses, que buscavam ocupar as áreas de produção de açúcar. c) sofre constantes ataques piratas dos ingleses em Santos e Recife, com a finalidade de saquear a produção açucareira e estabelecer colônias nestas regiões. d) devido à União Ibérica, enfrenta diversas invasões estrangeiras, podendo-se citar a dos Franceses no Maranhão, na ocupação que ficou conhecida como França Antártica. e) passa a sofrer um aumento abusivo de impostos, devido à União Ibérica, estimulando revoltas de colonos e adesões aos invasores holandeses, ingleses e franceses no Brasil. 12. (2006/Colégio Naval) Quando esteve em São Vicente, no ano de 1532, Martin Afonso recebeu uma carta do rei anunciando a decisão de promover o povoamento do Brasil com a implantação de um sistema que já havia sido utilizado com êxito nas ilhas portuguesas do Atlântico. O comentário acima refere-se ao Sistema de Capitanias Hereditárias por meio do qual a) tinha-se a finalidade de organizar a ocupação territorial, dividindo o território em áreas subordinadas a um Governador Geral. b) o governo português, em parceria financeira com o capital privado, executaria todo o processo de colonização da terra. c) o governo português transferia para os donatários a responsabilidade financeira da colonização da terra. d) o governo português buscava estabelecer uma ocupação territorial com o poder político centralizado para melhor controlar a colônia. e) organiza-se a ocupação do território a partir da criação de comunidades politicamente independentes em relação ao Estado Português. Prof. Marco Túlio Aula 00: Curso de História para Colégio Naval 2022 AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 52 13. (2004/Colégio Naval) Assinale as afirmativas abaixo, emrelação aos Tratados assinados entre Portugal e Espanha sobre as terras do "novo mundo" encontradas durante a expansão marítima. I - A descoberta dessas novas terras gerou polêmica entre Portugal e Espanha quanto à sua posse, cabendo ao Papa Bonifácio IV desempenhar o papel de árbitro internacional. II - Em 1491, foi proclamada a Bula Intercoetera, segundo a qual seria traçada uma linha imaginária, a partir da Ilha da Madeira, 100 léguas em direção ao Ocidente. III- Em 1494, celebrou-se o Tratado de Tordesilhas, que determinava a distância para 370 léguas a partir do Arquipélogo de Cabo Verde. IV - O Tratado de Tordesilhas demarcou os direitos de exploração dos países ibéricos, tendo como elemento propulsor o desenvolvimento da expansão marítima e comercial. V - A consolidação do reino português, por meio da exploração das especiarias africanas e a formação do exército nacional foram estimulados pelo Tratado de Tordesilhas. Assinale a opção correta. a) As afirmativas I, II e V são verdadeiras. b) As afirmativas II e V são verdadeiras. c) As afirmativas III e IV são verdadeiras. d) Apenas a afirmativa II é verdadeira. e) Apenas a afirmativa V é verdadeira. 14. (2004/Colégio Naval) A crise de sucessão portuguesa originada com a morte do rei D. Sebastião, na Batalha de Alcácer-Quibir e continuada com a morte de seu substituto, o Cardeal D. Henrique, sem deixar sucessor direto, resultou na conquista de Portugal por Felipe II, em 1580. Esse fato ficou conhecido como a) Revolução de Avis, que pôs fim a dinastia de Borgonha e deu início a um novo período em Portugal resultando na expansão marítima e comercial. b) Guerra de Reconquista, luta entre cristãos e muçulmanos onde o Reino de Portugal estava envolvido, levando à morte do monarca. c) Juramento de Tomar, com a morte do rei português a Espanha assume o monopólio do comércio colonial português, e coloca toda a administração do Brasil nas mãos de espanhóis. d) A Revolução do Porto, onde camponeses, artesãos, funcionários públicos e militares, liderados pela burguesia comercial do Porto exigem a volta da monarquia portuguesa ao poder. e) União Ibérica, unificação de Portugal e Espanha devido à vacância do trono português, originada pela morte do cardeal D. Henrique. 15. (2004/Colégio Naval) "As invasões holandesas que ocorreram no século XVII foram o maior conflito político-militar da Colônia. Embora concentradas no nordeste, elas não se resumiram a um simples episódio regional. Ao contrário, fizeram parte do quadro das relações internacionais entre os países europeus, revelando a dimensão da luta pelo controle do açúcar e das fontes de suprimento de escravos. [...] O ataque a Pernambuco se Prof. Marco Túlio Aula 00: Curso de História para Colégio Naval 2022 AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 53 iniciou em 1630, com a conquista de Olinda. A partir desse episódio, a guerra pode ser dividida em três períodos distintos. [...] O segundo período,entre 1637 e 1644, caracteriza-se por relativa paz, relacionada com o governo do príncipe holandês Maurício de Nassau, que foi o responsável por uma série de importantes iniciativas políticas e realizações administrativas." (Fausto, Boris. História do Brasil. São Paulo: Edusp, 2004.p.84 e 85.) São características do governo Maurício de Nassau, EXCETO: a) concessão de créditos aos senhores de engenho. b) investimentos em obras urbanas, sendo construídas pontes e obras sanitárias. c) criação da cidade de Maurícia, hoje um bairro da capital pernambucana. d) a intolerância religiosa, pois Nassau que era calvinista, perseguiu outros segmentos religiosos. e) estímulo à vinda de artistas, naturalistas, médicos e astrônomos. 16. (2018/Colégio Naval) Leia o texto abaixo e responda a pergunta a seguir. [...] Além da capitania, em 1541 foi instalada a vila de Olinda, com a repetição de todas as formalidades de São Vicente: títulos de sesmarias, lista de homens bons aptos a votar, eleição de vereadores, alternância no poder. [...] Em Pernambuco passou a funcionar de maneira efetiva a autoridade do donatário, em dois sentidos, No das receitas, implantou cobrança de impostos, inclusive com repasses ao rei, e tais recursos financiavam serviços delegados ao donatário, como o de atuar como instância mais alta que o Judiciário da vila e o de controlar a vida civil. (CALDEIRA, Jorge. História da Riqueza no Brasil. Rio de Janeiro: Estação Brasil, 2017.) De acordo com o texto é correto afirmar que o autor buscou descrever as medidas que: a) levaram a capitania de Pernambuco a prosperar. b) causaram o impasse político responsável pela Guerra dos Mascates. c) levaram o sistema de capitanias hereditárias a fracassar. d) causaram o impasse político gerador da Insurreição Pernambucana. e) transformaram as capitanias hereditárias em governo-geral. 17. (2007/Colégio Naval) No ano de 1494, portugueses e espanhóis assinavam o Tratado de Tordesilhas partilhando o mundo entre eles, fato que posteriormente recebeu a crítica da França, Inglaterra e Países Baixos, entre outros que passaram a questionar a exclusividade da partilha do mundo entre as nações ibéricas. Entre os fatores que demonstram tal questionamento pode-se citar a a) frequente presença holandesa em terras brasileiras questionando a soberania portuguesa através do intenso comércio do açúcar praticado na capitania de Pernambuco. b) presença francesa no Maranhão ocasionando, entre outros aspectos, a fundação da cidade de São Luís no final do século XVI. Prof. Marco Túlio Aula 00: Curso de História para Colégio Naval 2022 AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 54 c) presença inglesa, principalmente através de piratas financiados pelo governo inglês, os quais por várias vezes tentaram estabelecer colônias nas terras brasileiras. d) invasão holandesa no Recife motivada unicamente pelos conflitos que tinha com a Espanha. e) presença frequente de franceses nos primeiros momentos da colonização portuguesa, destacando a criação da França Antártica no Rio de Janeiro. 18. (2017/Colégio Naval) Leia o texto a seguir. Eleito Jerônimo de Albuquerque por capitão-mor da conquista do Maranhão, como temos dito, se foi logo às aldeias do nosso gentio pacífico, e por lhes saber falar bem a língua, e o modo com que se levam, ajuntou quantos quis: contarei só do que houve em uma aldeia, para que se veja a facilidade com que se leva este gentio de quem os entende e conhece, e foi que pôs a uma parte bom feixe de arcos, e flechas, a outra outro de rocas, e fusos, e mostrando-Ihos lhes disse: “Sobrinhos, eu vou à guerra, estas são as armas dos homens esforçados e valentes, que me hão de seguir; estas das mulheres fracas, e que hão de ficar em casa fiando; agora quero ouvir quem é homem, ou mulher". As palavras não eram ditas, quando se começaram todos a desempunhar, e pegar dos arcos, e flechas, dizendo que eram homens, e que partissem logo para a guerra; ele os quietou, escolhendo os que havia de levar, e que fizessem mais flechas, e fossem esperar a armada ao Rio Grande, onde de passagem os iria tomar. (...) Feito isto se embarcaram todos dia de S. Bartolomeu, 24 de agosto da era de 1614 anos, em uma caravela, dois patachos e cinco caravelões (...) (Frei Vicente do Salvador) É correto afirmar que o relato do Frei Vicente do Salvador está relacionado à retomada do território que ficou conhecido como a) França Equinocial. b) França Antártica. c) Brasil holandês. d) Quilombo dos Palmares. e) Cisplatina. 19. (2006/Colégio Naval) No que se refere a Duarte da Costa, o segundo governador geral do Brasil, pode-se citar, entre as características do seu governo, a) a expulsão dos franceses e, consequentemente, a fundação da cidade do Rio de Janeiro. b) o apaziguamento da chamada Confederação dos Tamoios, utilizando-se da ajuda dos Jesuítas, entre eles José de Anchieta. c) a inabilidade em serelacionar com membros da igreja e a incapacidade de impedir a invasão francesa no Rio de Janeiro. d) o incentivo à agricultura e à pecuária por meio de vultosos empréstimos aos senhores de engenho. Prof. Marco Túlio Aula 00: Curso de História para Colégio Naval 2022 AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 55 e) o estímulo à vinda de jesuítas com a finalidade de intensificar o processo de catequese sobre as comunidades indígenas. 20. (2004/Colégio Naval) Os trinta anos que vão da chegada de Cabral à de Martin Afonso de Sousa, 1500-1530 no Brasil, é denominado período pré-colonial. Qual das opções abaixo, apresenta características desse período? a) De 1500 a 1530 a economia brasileira gravitou em torno da extração de especiarias conhecidas como "Drogas do Sertão". Os indígenas traziam para as feitorias no litoral e faziam o escambo com portugueses dessas "especiarias brasileiras". b) A carta de Pero Vaz de Caminha aguçou a cobiça dos portugueses pela riqueza. O que propiciou uma imediata ocupação do território colonial brasileiro com o objetivo de explorar as riquezas, aqui, existentes. c) Durante esse período o Brasil não sofreu invasões de outras nações, pois Portugal organizou várias expedições guarda-costas, como as de Cristóvão Jacques, o que inibiu a tentativa de invasão por parte dessas nações. d) A economia pré-colonial centrou-se no pau-brasil. A extração do pau-brasil foi declarada estanco, onde o primeiro arrendatário foi Fernão de Noronha. e) O ciclo do pau-brasil foi utilizado para colonizar a terra, principalmente no nordeste, o que permitiu o início da exploração agrícola pelos portugueses fixando o colono à terra. 21. (2004/Colégio Naval) Foi por meio do "Regimento de 1548", que se instalou e se regulamentou um novo sistema político na colônia portuguesa: o Governo Geral. Em que contexto se inseriu a criação do Governo Geral, no Brasil? a) Na tentativa de centralizar o poder e a administração pública, no fracasso econômico do sistema de capitanias hereditárias, na vulnerabilidade do Brasil às investidas estrangeiras e na inviabilidade de se promover a colonização com recursos particulares. b) Na grande expansão econômica e comercial que Portugal estava passando, devido à intensificação do comércio com o oriente, especialmente com a Índia, o que permitiu uma acumulação de capital por parte da coroa portuguesa para investir no Brasil. c) Na extinção das capitanias hereditárias devido ao insucesso a que elas se submeteram, precisando assim a coroa portuguesa criar uma nova forma de administração para a colônia. d) No equilíbrio da Balança comercial portuguesa, devido à extração do ouro na região de Minas Gerais, o que permitiu acumular capital suficiente para investir na estrutura da administração colonial. e) Na intenção da coroa portuguesa em se desfazer do monopólio real sobre a extração do pau-brasil, dando a incumbência ao Governador-Geral de transferir a comercialização desse produto para as mãos das companhias comerciais. Prof. Marco Túlio Aula 00: Curso de História para Colégio Naval 2022 AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 56 22. (CN/2004) "O Brasil é um Dom do açúcar". Essa frase é atribuída a Antonil, um jesuíta toscano, que visitou as terras brasileiras no século XVI. Sua impressão não poderia ser outra: a metrópole portuguesa parecia disposta a transformar o Brasil num imenso canavial. A produção açucareira tornava-se o objetivo principal da coroa portuguesa, pois o pacto colonial estruturava as relações entre a colônia e a metrópole de maneira a canalizar todo o lucro do açúcar para Portugal. Foram vários os motivos que levaram Portugal a investir no açúcar. Assinale a opção que NÃO representa um desses motivos a) Os portugueses tinham experiência anterior, com a expansão marítima e comercial, pois, durante este processo, povoaram algumas ilhas do Atlântico com Madeira, Açores e Cabo Verde, onde iniciaram a cultura da cana. b) As condições naturais da colônia eram propícias. O litoral nordestino brasileiro possuía clima quente e úmido, além do solo massapê, ambos muito propícios ao plantio da cana-de-açúcar. c) Havia procura no mercado europeu. A colonização só interessaria à coroa portuguesa se baseada num produto de ampla aceitação no mercado consumidor europeu. O açúcar preenchia esse requisito. d) Dada a rentabilidade da empresa açucareira havia a possibilidade de investimentos de capitais holandeses para refino, distribuição, importação de mão-de-obra escrava. 23. (EsFCEx – Exército Brasileiro – CFO/QC / 2019) A respeito da ocupação territorial da Capitania de São Vicente e do contato dos portugueses com os nativos, analise as afirmativas a seguir: I. Ao chegarem a São Vicente, os primeiros portugueses, reconhecendo de imediato a importância fundamental da guerra nas relações intertribais, procuraram tirar proveito delas para efetivarem a ocupação da terra. II. Considerando o estado de união política que imperava no Brasil indígena, as perspectivas de conquista, dominação e exploração passariam por alianças forjadas por rivalidades que não havia entre os nativos, o que levaria ao rompimento de sua unidade e, consequentemente, à sua total aniquilação. III. Aos olhos dos invasores, a presença de um número considerável de prisioneiros de guerra prometia um possível mecanismo de suprimento de mão de obra cativa para os eventuais empreendimentos coloniais. IV. Os índios percebiam vantagens imediatas na formação de alianças com os europeus, particularmente nas ações bélicas conduzidas contra os inimigos mortais. Assinale A) se apenas as afirmativas I, II e III estiverem corretas. B) se apenas as afirmativas II, III e IV estiverem corretas. C) se apenas as afirmativas I, III e IV estiverem corretas. D) se apenas as afirmativas I, II e IV estiverem corretas. E) se todas as afirmativas estiverem corretas. Prof. Marco Túlio Aula 00: Curso de História para Colégio Naval 2022 AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 57 24. (Exército - 2013 - EsFCEx - Oficial - Informática) As afirmativas abaixo tratam do sistema de capitanias hereditárias e do estabelecimento do governo geral na América portuguesa. Analise-as e marque a opção correta. I. Entre as motivações para a criação do sistema administrativo de governo geral nas possessões portuguesas da América estava o risco de perda de parte do território para os franceses. II. A criação do sistema de capitanias hereditárias, implantado na América portuguesa durante a década de 1530, foi uma decisão que provocou um acelerado crescimento populacional e produtivo na região em poucas décadas. III. Entre as prerrogativas entregues pelo rei de Portugal aos capitães donatários, encontravam-se a de doar terras, a de reter para si parte da renda da produção e a de monopolizar a justiça, o que incluía o poder de condenar à morte em certos casos. A) somente I é correta. B) somente II é correta. C) somente III é correta. D) somente I e II são corretas. E) somente I e III são corretas. 25. (Exército - 2013 - EsFCEx - Oficial - Informática) No contexto colonial, a escravidão indígena foi limitada por diversos fatores. Sobre o tema, analise as afirmativas abaixo e marque a opção correta I. Entre os fatores limitadores da escravidão indígena, não está presente qualquer posição da Coroa Portuguesa. II. Os índios que de fato reagiram à escravidão foram aqueles que habitavam as regiões mais distanciadas do litoral. III. Um dos fatores que desencadearam a expulsão dos jesuítas da América Portuguesa no século XVIII foi a sua resistência ao uso da mão-de-obra indígena pelos colonos. (A) Somente I é correta. (B) Somente II é correta. (C) Somente III é correta. (D) Somente I e II são corretas. (E) Somente II e III são corretas. 26. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio) “[...] Nela, até agora, não pudemos saberse há ouro, nem prata, nem coisa alguma de metal ou ferro nem o vimos. [...] Em tal maneira e graciosa [a terra] que querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo, por causa das águas que tem. [...] " (Pero Vaz de Caminha) (CORTESÃO, Jaime. A Carta de Pero Vaz de Caminha. In: GASMAN, Lidinéa. Documentos Históricos Brasileiros. Rio de Janeiro, Fename, 1976, pp. 23-4) Prof. Marco Túlio Aula 00: Curso de História para Colégio Naval 2022 AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 58 O relato de Pero Vaz de Caminha, escrivão da armada cabralina, foi enviado à Coroa portuguesa para informar o cenário “descoberto” nos territórios estipulados para Portugal pelo Tratado de Tordesilhas. Acerca da relação estabelecida entre Portugal e a América Portuguesa nas três décadas subsequentes, é correto afirmar que: a) foi marcada pela promoção de esforços de ocupação do Brasil por Portugal, com o intuito de conter os sucessivos ataques estrangeiros. b) a Coroa, cujos interesses se voltavam para as especiarias orientais, entregou a responsabilidade de ocupação da terra a terceiros. c) a ausência de produtos de valor comercial no mercado europeu fez com que o território brasileiro fosse mantido em estado de relativo abandono. d) as populações nativas foram utilizadas para a exploração dos recursos encontrados pelos portugueses no litoral do território, recebendo mercadorias em troca. e) a inexistência de mão de obra qualificada para o desempenho de atividades agrícolas impediu a ocupação imediata da terra. 27. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio) Com base em seus conhecimentos sobre os primeiros contatos entre europeus e indígenas no Brasil, assinale a alternativa correta. A) A população indígena era heterogênea e os conflitos entre os diferentes grupos existentes contribuíram para definir, levando em conta suas lógicas e interesses, a dinâmica dos seus contatos com os conquistadores. B) Os indígenas, ao tomarem ciência das rivalidades existentes entre portugueses e espanhóis, souberam se utilizar delas para amenizar a força do projeto colonizador e mantê-los à parte dos conflitos étnicos pré-existentes. C) A aliança entre os chamados tamoios e tupiniquins fez com que os ameríndios pudessem fazer a mediação entre portugueses e franceses e amenizar as disputas pelo domínio do território brasileiro. D) Os europeus souberam se aproveitar do atraso cultural e da inferioridade bélica dos povos situados no Novo Mundo para conquistá-los por meio das armas e estabelecer o domínio colonial e a fé cristã. E) As etnias indígenas mantinham relações marcadas pela cordialidade até a chegada dos europeus, que passaram a incentivar conflitos interétnicos com o intuito de enfraquecê-las e estabelecer o controle do território. 28. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio) As atitudes dos índios em relação aos colonizadores não se reduziram, absolutamente, à resistência armada, à fuga e à submissão passiva. Houve diversas formas de [...] resistência adaptativa, através das quais os índios encontraram formas de sobreviver e garantir melhores condições de vida na nova situação em que se encontravam. Colaboraram com os europeus, integraram-se à colonização, aprenderam novas práticas culturais e políticas e souberam utilizá-las par a obtenção das possíveis vantagens que a nova condição permitia. ALMEIDA, Maria Regina Celestino de. Os índios na história do Brasil. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2010. p. 23. Prof. Marco Túlio Aula 00: Curso de História para Colégio Naval 2022 AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 59 O texto oferece uma descrição sobre as relações estabelecidas entre povos indígenas e colonizadores na América Portuguesa, das quais é destacado(a) a) o extermínio cultural dos povos indígenas, resultado do processo de aculturação promovido pela imposição da fé católica pela Coroa e a formação de reduções jesuíticas. b) que nem todos os grupos indígenas eram hostis aos colonizares, de maneira que muitas nações se aliaram à Coroa para combater estrangeiros e outros grupos nativos. c) os portugueses preferiam ter as nações indígenas ao seu lado, e não lutando contra eles, daí a adoção de uma política de reconhecimento dos povos encontrados no Brasil. d) a dizimação dos povos ameríndios pelas guerras de conquista durante os séculos XVI e XVII, seguida pela submissão total dos grupos remanescentes aos colonizadores lusos. e) a formação de novas identidades culturais pela mistura de elementos nativos e portugueses, sendo uma consequência disso o desaparecimento das identidades étnicas pré-existentes. 29. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio) Por falta de descendentes diretos do rei D. Sebastião, morto na Batalha de Alcácer-Quibir, a Coroa voltou às mãos do cardeal dom Henrique. E quando o cardeal morreu, em 1580, novamente não havia herdeiros diretos. O rei da Espanha, Filipe II, neto de dom Manuel, o Venturoso ( foi em seu reinado que ocorreram as principais descobertas marítimas, entre elas a do caminho das Índias e do Brasil), invadiu Portugal com suas tropas e assumiu o trono lusitano, unindo Portugal e Espanha e dando início à União Ibérica. VICENTINO, Cláudio; DORIGO, Gianpaolo. História geral e do Brasil. São Paulo: Scipione, 2013. p. 36. Adaptado. A respeito da chamada União Ibérica, assinale a alternativa correta: A) foi o período em que os reis espanhóis e portugueses revezaram seu poder de mando sobre a península ibérica, o que contribuiu para transformações quanto aos limites territoriais das duas colônias na América. B) trata-se de um período em que Portugal e suas colônias estiveram subordinados ao controle espanhol, o que possibilitou a inclusão dos Países Baixos, aliados da dinastia filipina, no negócio açucareiro do Brasil. C) o domínio espanhol sobre o Império Português se estendeu até 1640, quando o trono português foi restaurado e os limites estabelecidos pelo meridiano de Tordesilhas foram novamente adotados. D) na prática, o domínio espanhol aboliu as determinações do Tratado de Tordesilhas, o que favoreceu o avanço dos colonos portugueses em direção ao interior e a expansão das fronteiras do território brasileiro. E) o período filipino trouxe grandes consequências para o Brasil, que abandonou o sistema administrativo baseado nas capitanias hereditárias e no governo-geral e foi dividido nos chamados vice-reinados. 30. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio) “(...) nessa costa não vimos coisa de proveito, exceto uma infinidade de árvores de pau-brasil (...) e já tendo estado na viagem bem dez meses, e visto que nessa terra não encontrávamos coisa de minério algum, acordamos nos despedirmos dela”. Carta de Américo Vespúcio sobre o Brasil, enviada ao magistrado de Florença, Piero Soderini, em 1502. In: BUENO, Eduardo. Brasil: uma história: cinco séculos de um país em construção. São Paulo: Leya, 2012. p. 33. A respeito do contexto em que se encontrava o Brasil à época da escrita do documento, é correto afirmar que Prof. Marco Túlio Aula 00: Curso de História para Colégio Naval 2022 AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 60 A) o desembarque da expedição cabralina no Brasil não alterou os rumos da expansão portuguesa voltada prioritariamente para o Oriente, o que justifica o desinteresse dos lusos nas primeiras décadas que se sucedem. B) o período pré-colonial da América Portuguesa foi marcado por saques constantes promovidos por traficantes de pau-brasil de outras nacionalidades, especialmente ingleses, holandeses e italianos. C) foi marcado por intensos fluxos migratórios que partiam de Portugal rumo aos domínios coloniais, com o intuito de desfrutar das vantagens oferecidas pela Coroa para aqueles que se dedicassem à ocupação da terra. D) o objetivo da monarquia portuguesa no período era iniciar a colonização do Brasil a partir da cessão de territórios para que particularespudessem explorá-los à custa de seus próprios recursos, o que lhes renderia o pagamento de certos tributos. E) o chamado período pré-colonial foi marcado pela construção de imensas fortificações militares denominadas de feitorias, onde eram armazenadas toras de pau-brasil, toneladas de açúcar e outras riquezas produzidas na América Portuguesa. 31. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio) A expedição de Martim Afonso trouxe a lei e a ordem para o amplo território brasileiro, onde apenas um punhado de portugueses – degredados, náufragos ou desertores – vivia de acordo com “a lei natural, contentando-se com quatro mancebas e os mantimentos da terra”. Martim Afonso chegou com plenos poderes, inclusive sobre a vida e a morte daqueles que o acompanhavam e dos que viesse a encontrar, com exceção dos fidalgos. Poderia também distribuir terras em sesmarias, criar e nomear tabeliães e demais oficiais de justiça. BUENO, Eduardo. Brasil: uma história: cinco séculos de um país em construção. São Paulo: Leya, 2012. p. 39. Organizada em 1530, a expedição de Martim Afonso de Souza representou um marco na América Portuguesa, pois A) a ela foi confiada a missão de combater os povos indígenas considerados hostis ao projeto colonial em curso, recorrendo, para tanto, à bandeirantes paulistas pelo sertanismo de contrato. B) a ela foi conferida a responsabilidade de dar início à busca por metais preciosos no interior do território, a partir da organização de bandeiras de prospecção que partiam da região de São Paulo. C) foi responsabilizada pela identificação de acidentes geográficos ao longo da costa e os limites firmados pelo Tratado de Tordesilhas, bem como regular a extração de pau-brasil no Nordeste. D) foi incumbida de combater os invasores franceses que, apoiado pelos indígenas, haviam estabelecido um empreendimento colonial na baía de Guanabara, denominado França Antártica. E) foi a responsável por dar início à ocupação da terra e sua exploração econômica por colonos portugueses, sendo sua primeira iniciativa a fundação de São Vicente, a primeira vila da América Lusa. 32. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio) No Brasil, costumam dizer que para o escravo são necessários três PPP, a saber, pau, pão e pano. E, posto que comecem mal, principiando pelo castigo que é o pau, contudo, prouvera a Deus que tão abundante fosse o comer e o vestir como muitas vezes é o castigo, dado por qualquer causa pouco provada, ou levantada; e com instrumentos de muito rigor, ainda quando os crimes são certos, de que se não usa com Prof. Marco Túlio Aula 00: Curso de História para Colégio Naval 2022 AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 61 os brutos animais, fazendo algum senhor mais caso de um cavalo que de meia dúzia de escravos, pois o cavalo é servido, e tem quem lhe busque capim, tem pano para o suor, e sela e freio dourado. ANTONIL, André João. Cultura e opulência do Brasil. 3. ed. Belo Horizonte: Itatiaia/Edusp, 1982. Sobre a escravidão no período colonial, descrita pelo padre Antonil no trecho acima, assinale a alternativa correta: A) observa-se maior intensidade do uso do trabalho escravo nas áreas produtoras do açúcar, contrastando com o uso mais modesto em outras lavouras, como a de tabaco e algodão, e com a região mineradora, onde prevaleceu o trabalho livre. B) a escravidão indígena foi implementada a partir do desembarque da expedição cabralina no Brasil, porém foi progressivamente substituída diante da inaptidão dos povos indígenas e pelo fato dos africanos já estarem acostumados à escravidão. C) os escravizados constituíam a base econômica da sociedade açucareira no Nordeste, sendo responsáveis por quase todo o trabalho doméstico e na lavoura, ainda que numericamente fossem inferiores ao contingente de homens livres. D) o negro foi trazido para a América Portuguesa para exercer o papel de força de trabalho compulsório numa estrutura que estava se organizando em função da grande lavoura, inserida no sistema mercantilista globalizado da época. E) assim como na região açucareira, a mineração foi uma atividade econômica desempenhada majoritariamente por escravos africanos, situada em uma região do território colonial que impediu a organização de formas de resistência. 33. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio) Esta terra, Senhor, me parece que da ponta que mais contra o sul vimos até à outra ponta que contra o norte vem, de que nós deste porto houvemos vista, será tamanha que haverá nela bem vinte ou vinte e cinco léguas por costa. Nela, até agora, não pudemos saber que haja ouro, nem prata, nem coisa alguma de metal ou ferro; nem lho vimos. Porém a terra em si é de muito bons ares, assim frios e temperados como os de Entre Douro e Minho, porque neste tempo de agora os achávamos como os de lá. Águas são muitas; infindas. E em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo, por bem das águas que tem. Porém o melhor fruto, que nela se pode fazer, me parece que será salvar esta gente. E esta deve ser a principal semente que Vossa Alteza em ela deve lançar. Carta de Caminha. Disponível em: <http://objdigital.bn.br/Acervo_Digital/livros_eletronicos/carta.pdf>. Acesos em: 07 set. 2020. O trecho acima, extraído do documento enviado pelo escrivão da armada de Cabral, Pero Vaz de Caminha, ao rei D. Manuel I de Portugal, expressa as primeiras impressões dos lusos sobre o território batizado como Terra de Santa Cruz. Com base nas informações contidas no texto, assinale a alternativa correta: A) o documento despachado para a Coroa portuguesa expressa a necessidade de privilegiar a atividade missionária no território batizado de Brasil, pois nele não se via a possibilidade de se desenvolver atividades econômicas rentáveis. B) a correspondência travada entre o escrivão de Cabral e a Coroa demonstra o conhecimento dos lusos quanto a extensão dos territórios assegurados pelo Tratado de Tordesilhas, evidenciando que Cabral não foi o primeiro a aportar no Brasil. Prof. Marco Túlio Aula 00: Curso de História para Colégio Naval 2022 AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 62 C) embora não informasse a existência de recursos minerais na Terra de Santa Cruz, a epístola enviada ao rei português destacou o potencial agrícola do território, bem como a necessidade de se dedicar à conversão dos povos encontrados. D) a carta dirigida ao rei português por Pero Vaz de Caminha se mostra otimista quanto a possível existência de jazidas de ouro e prata na América Portuguesa, colocando em segundo plano o possível desenvolvimento de atividades agrícolas. E) o documento, que pode ser considerado marco inicial da literatura brasileira, destaca o potencial de exploração dos recursos hídricos encontrados no Novo Mundo, tendo em vista a escassez de água potável vivenciada em Portugal naquele contexto. 34. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio) Em 1578, o rei D. Sebastião de Portugal morreu em combate na África. Como o soberano não tinha herdeiros direitos, foi desencadeada uma crise dinástica que conduziu à união dos tronos espanhol e português, em 1580, na figura do rei Filipe II da Espanha, que era neto de D. Manuel I de Portugal. Iniciava-se, desse modo, a União Ibérica, que duraria até 1640. MOTA, Myriam Becho; BRAICK, Patrícia Ramos. História: das cavernas ao terceiro milênio. São Paulo: Moderna, 2002. p. 215. Dentre as consequências da União Ibérica verificadas em solo brasileiro, pode-se destacar a) a invalidade do Tratado de Tordesilhas, o que estimulou o avanço dos portugueses em direção ao interior, no Sul do Brasil e na Amazônia. b) a diminuição das tensões entre portugueses e espanhóis em áreas fronteiriças, em razão de ambos os povos serem governados pelo mesmo rei. c) a expulsão dos jesuítas das Américas Portuguesa e Espanhola, ordem religiosa vista como ameaçadora à autoridade da Coroaem solo colonial. d) o apaziguamento dos litígios até então mantidos com os holandeses, em razão dos interesses comerciais luso-brasileiros no Nordeste da Colônia. e) a difusão de ideias emancipacionistas entre colonos luso-brasileiros, motivada pela ausência de um rei português a frente da administração colonial. 35. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio) A primeira investida holandesa ocorreu em 1624 [...]. A força holandesa chegou à cidade de Salvador com 26 navios, centenas de canhões e mais de três mil homens [...]. Em 1625, porém, uma esquadra luso-espanhola bem armada retomou a capital da Colônia [...]. A Companhia das Índias Ocidentais contou com as pilhagens de [...] corsários para financiar um segundo ataque às terras brasileiras. Dessa vez, o alvo escolhido foi Pernambuco. MOTA, Myriam Becho; BRAICK, Patrícia Ramos. História: das cavernas ao terceiro milênio. São Paulo: Moderna, 2002. p. 216. As invasões holandesas na América Portuguesa tinham como objetivo principal A) criar uma base para a ocupação definitiva das áreas de mineração da América espanhola. B) ocupar as áreas pouco exploradas pelos lusos, tais como Pernambuco, Maranhão e Bahia. Prof. Marco Túlio Aula 00: Curso de História para Colégio Naval 2022 AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 63 C) explorar o ouro recém-descoberto no território a partir do controle dos portos no Atlântico. D) apropriar-se do monopólio luso sobre o complexo açucareiro escravista no Atlântico Sul. E) fundar núcleos de povoamento voltados ao acolhimento dos protestantes dos Países Baixos. 36. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio) Para os portugueses, o oceano era um velho conhecido, devido a sua posição geográfica, ao comércio e à pesca. Mas aventurar-se para áreas pouco conhecidas era um grande desafio, e havia grande probabilidade de morrer na viagem, tais eram os perigos do mar, bem como os problemas de higiene e alimentação a bordo. Armar uma nau foi, nessas primeiras décadas, um empreendimento de grande porte que exigia grandes capitais. Em certo sentido, a preparação para uma expedição a mares desconhecidos pode ser comparada à preparação das primeiras viagens espaciais: conhecem-se os objetivos e os perigos, mas há grandes riscos, exatamente pelos elementos que não se conhecem. VICENTINO, Cláudio; DORIGO, Gianpaolo. História geral e do Brasil, 2. São Paulo: Scipione, 2013. p. 19. A respeito das viagens marítimas portuguesas, assinale a alternativa INCORRETA: A) a tomada de Ceuta, cidade situada no atual Marrocos, em 1415, representou o ponto inicial do processo de expansão ultramarino dos lusos, motivado por questões de natureza econômica e religiosa. B) o cabo Bojador, região que até então era o limite do conhecimento que os portugueses tinham sobre o litoral ocidental africano, demonstrou ser um obstáculo mais psicológico que físico em 1434, quando foi ultrapassado por Gil Eanes. C) em 1488, o navegador Bartolomeu Dias atingiu o extremo sul do continente africano e dobrou o cabo das Tormentas, rebatizado de cabo da Boa Esperança ao se revelar para os lusos uma possibilidade de se alcançar as Índias. D) em 1498, durante o reinado de D. Manuel, Vasco da Gama chegou à Calicute, feito que concluiu a rota marítima portuguesa de acesso às Índias e permitiu à Coroa participar do lucrativo comércio de especiarias. E) após o retorno da expedição de Vasco da Gama, d. Manuel entregou ao comando de Pedro Álvares Cabral uma esquadra com a missão de intensificar o comércio com às Índias e dar início ao processo de colonização da América Portuguesa. 37. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio) Observe a charge a seguir: Prof. Marco Túlio Aula 00: Curso de História para Colégio Naval 2022 AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 64 NOVAES, Carlos Eduardo; LOBO, César. História do Brasil para principiantes: de Cabral a Cardoso, 500 anos de novela. São Paulo: Ática, 1998. p. 40. A charge acima representa os primeiros anos da relação entre Portugal e Brasil após a chegada da expedição de Pedro Álvares Cabral. É correto afirmar que entre as principais características desse período temos a a) realização de expedições guarda-costeiras, lideradas por Cristóvão Jacques, com o intuito de patrulhar os domínios portugueses, expulsar invasores estrangeiros e dar início ao processo de ocupação da terra. b) extração do pau-brasil por meio do escambo, sistema que conferiu ao cristão-novo Fernão de Noronha e um consórcio de judeus conversos o monopólio sobre a exploração do produto, desde que pagassem um quinto dos lucros à Coroa. c) a realização de uma expedição liderada por Gaspar de Lemos e que contou com a participação de Américo Vespúcio, sendo responsável pelo reconhecimento de diversas localidades e acidentes geográficos no Brasil. d) extração do pau brasil, madeira que possuía alto valor comercial no mercado europeu devido ao seu pigmento utilizado para o tingimento de panos, o que não foi acompanhada por esforços de colonização nos anos iniciais. e) captura de aves de plumagem coloridas, como araras e papagaios, além da extração das drogas do sertão por meio da escravidão indígena e a organização das primeiras feitorias no interior da região amazônica. 38. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio) Considere o trecho abaixo, retirada da Carta de Pero Vaz de Caminha, escrivão da armada de Pedro Álvares de Cabral. A terra em si é de muito bons ares [...]. Águas são muitas; infindas. E em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo, por bem das águas que tem. Porém o melhor fruto, que nela se pode fazer, me parece que será salvar esta gente. E esta deve ser a principal semente que Vossa Alteza em ela deve lançar. (CORTESÃO, J. Carta de Pero Vaz de Caminha a El-Rei D. Manuel sobre o Achamento do Brasil. São Paulo: Martim Claret, 2003.) Com base no exposto, assinale a alternativa INCORRETA. a) A expedição de Pedro Álvares de Cabral tomou posse dos domínios portugueses no Novo Mundo em 22 de abril de 1500, encontrando a terra já habitada por indígenas. Prof. Marco Túlio Aula 00: Curso de História para Colégio Naval 2022 AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 65 b) O comandante da expedição cabralina batizou a primeira porção de terras por ele avistada de Monte Pascoal, enquanto o território luso como um todo recebeu o nome de Terra de Vera Cruz. c) A descoberta do Brasil foi acompanhada pelo início imediato do processo de colonização, afinal os portugueses já não obtinham bons resultados no comércio com as Índias. d) A Carta de Caminha mostra que a expansão marítima portuguesa apresentava propósitos econômicos e religiosos, afinal foram ressaltados os recursos naturais e o paganismo dos indígenas. e) A armada de Cabral aportou na praia da Coroa Vermelha, litoral do atual estado da Bahia, onde foi celebrada uma missa no dia 26 de abril de 1500. 39. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio) Era Rei Eu Sou Escravo Milton Nascimento Era rei e sou escravo Era livre e sou mandado! Onde a minha terra firme, África dos meus amores. Onde a minha casa branca, minha mulher e meus filhos. Me trouxeram para longe, amarrado na madeira, me bateram com chicote, me xingaram, me feriram. Era rei e sou escravo, era livre e sou mandado. Mas por mais que me naveguem, me levando pelos mares, mas por mais que me maltratem, carne aberta pela faca, A memória vem e salva, a memória vem e guarda, Guarda o cheiro da minha terra, a música do meu povo, a certeza de hoje e sempre que ninguém vais nos tirar: aonde estiver o porto, Por mais que eu sofra e grite, Sou mandado serei livre, sou escravo serei rei. Esta composição de Milton Nascimento relata um soberano africano que foi capturado e enviado como cativo para o Brasil. Sobre a escravidão no período colonial, assinale a única alternativa INCORRETA:a) a América Portuguesa foi o território que mais recebeu escravos africanos entre os séculos XVI e XVIII, sendo sua mão de obra explorada em atividades de extração vegetal e mineral. b) através do escambo, indígenas foram utilizados no início do período colonial, mas não foi possível implementar o sistema de trabalho escravista entre eles. c) apesar das tentativas de despersonalização dos cativos trazidos da África, estratégias de manutenção de elementos culturais e identitários foram desenvolvidas pelos africanos. d) as duras condições existentes nos navios tumbeiros faziam com que muitos escravizados africanos morressem ainda no trajeto para o Brasil. e) o tráfico negreiro no Atlântico foi um dos mais lucrativos negócios do Império Ultramarino Português, envolvendo interesses de europeus, brasileiros e chefes políticos africanos. 40. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio) Dentre as iniciativas empreendidas durante a gestão do primeiro governador-geral do Brasil, Tomé de Souza, pode-se destacar Prof. Marco Túlio Aula 00: Curso de História para Colégio Naval 2022 AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 66 a) sua eficácia no combate e desarticulação da França Antártica, empreendimento conduzido pelos franceses com o intuito de lançar as bases de um projeto colonial no Brasil e intensificar a exploração do pau-brasil no litoral Sudeste. b) a fundação de São Paulo do Piratininga, onde foi iniciado o projeto de catequização dos nativos pelos jesuítas que desembarcaram no Brasil, e da cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, após a expulsão dos franceses da baía de Guanabara. c) a criação do Bispado de Salvador, o primeiro do Brasil, organizado no mesmo local onde o governador lançou esforços para organizar o poder central da nova estrutura administrativa implementada pelo soberano português, D. João III. d) a assinatura do Tratado de Madri, que reconfigurou os limites originalmente previstos pelo Tratado de Tordesilhas, de 1494, conferindo à Coroa portuguesa o domínio de áreas que até então eram integravam a América Espanhola. e) a desistência dos franceses de contestar a soberania dos portugueses no Brasil, após serem derrotados por expedições guarda-costas em diversos pontos do território e verem frustradas suas tentativas de fundação de colônias no Rio de Janeiro e no Maranhão. 41. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio) Em relação ao trato conferido aos povos indígenas pelo processo de ocupação e exploração da América Portuguesa, assinale a alternativa correta. a) durante o primeiro século de colonização, a presença dos portugueses não provocou alterações significativas na diversidade e na demografia das populações nativas, afinal ela se concentrou nas áreas litorâneas das regiões Nordeste e Sudeste. b) os portugueses lançaram mão do escambo, da escravização e do extermínio de povos indígenas para dar início ao desenvolvimento de atividades econômicas e garantir a posse da Coroa portuguesa sobre o território brasileiro. c) a partir do contato com as ideias iluministas francesas e do mito do “bom selvagem” de Rousseau, os colonos portugueses conciliaram a exploração econômica do território à ideia de tolerância no trato com os nativos brasileiros. d) por meio do contato pacífico estabelecido com os povos indígenas da América Portuguesa, sobretudo a partir da sustentação do escambo, os portugueses efetivaram a conquista do território sem enfrentar grande resistência dos ameríndios. e) a unidade linguística e cultural encontrada nos povos que habitavam o litoral e os sertões da América Portuguesa facilitou o processo de colonização, a partir da catequese e da civilização dos nativos. 42. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio) Desenvolvida durante o período colonial, a partir do século XVI, a atividade açucareira: a) consolidou o Nordeste como eixo econômico da Colônia, sendo baseada no latifúndio monocultor e escravocrata que se inseria no sistema português. b) foi desempenhada por pequenos, médios e grandes proprietários, o que permitiu a formação de camadas médias compostas por homens livres da sociedade açucareira. Prof. Marco Túlio Aula 00: Curso de História para Colégio Naval 2022 AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 67 c) não estimulou a importação de escravizados africanos em suas primeiras décadas, afinal prevaleceu a adoção de mão de obra indígena nos latifúndios. d) contribui para a ocupação efetiva do interior do território brasileiro e a formação de uma sólida elite econômica composta pelos grandes senhores de engenho. e) estimulou a formação de um mercado integrado na América Portuguesa, pelo qual regiões como o Sudeste e Sul se especializaram no abastecimento da região açucareira. 43. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio) Sobre o período pré-colonial é correto afirmar: a) a produção açucareira nas capitanias de Pernambuco e São Vicente, somada a produção algodoeira no Maranhão, contribuiu para que os limites estipulados pelo Tratado de Tordesilhas fossem superados pelos portugueses. b) a administração do governador-geral Duarte da Costa estimulou a escravização de povos indígenas e a implantação de feitorias que, mais tarde, contribuíram para a implementação de engenhos de açúcar na região nordeste da América Portuguesa. c) o direito de exploração das riquezas do território da América Portuguesa foi arrendado por um grupo de mercadores portugueses, representados por Fernão de Noronha, no início do século XVI. d) a extração de pau-brasil era destinada à exportação para a Europa e para a construção de fortificações militares no litoral da América Portuguesa e em possessões ultramarinas do Oriente. e) foi um período decisivo na história do Império Português, que não poupou esforços para reforçar seu aparato militar no território além-mar e derrotar os empreendimentos coloniais firmados por franceses e holandeses. 44. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio) A decadência da lavoura açucareira no Nordeste brasileiro, ao final do século XII, foi decorrente a) da concorrência estabelecida pela lavoura canavieira das Antilhas, cultivada pelos holandeses após sua expulsão pelas guerras brasílicas. b) da substituição da lavoura canavieira pela lavoura algodoeira, sobretudo na região do Maranhão, em razão do desenvolvimento da indústria têxtil na Inglaterra. c) do desinteresse da aristocracia do açúcar em investir recursos na expansão dos engenhos, em razão de sua atenção se voltar ao grande comércio de escravos e outras mercadorias. d)a lavoura canavieira foi substituída pela lavoura cafeeira, em virtude de grande procura europeia deste produto. e) da crise da mão de obra decorrente das invasões holandesas, que desestruturaram as relações de trabalho no Nordeste e comprometeram o envio de cativos da África. 45. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio) Durante o século XVI, a Coroa buscou promover a centralização político-administrativa do Brasil a partir da Prof. Marco Túlio Aula 00: Curso de História para Colégio Naval 2022 AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 68 a) transferência da capital para o Rio de Janeiro, durante o governo pombalino, com o intuito de reforçar a vigilância sobre a atividade mineradora no interior do território. b) instalação das capitanias hereditárias, em 1534, com o intuito de efetivar o domínio de Portugal sobre o território brasileiro e efetivar sua ocupação. c) criação das Câmaras Municipais, espaços ocupados por funcionários da Coroa que atuavam como seus representantes em nível local, os chamados “homens bons”. d) criação do Governo Geral, durante o reinado de D. João III, com a intenção de que atuasse em nome do rei e restringisse a autoridade dos capitães-donatários. e) criação do Conselho Ultramarino, que diminuiu as atribuições dos capitães-donatários,reduzidas a cobrança de tributos, e retirou a autonomia das Câmaras Municipais. 46. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio) Em março de 1630, os holandeses tomaram o Recife – e lá ficaram até a sua expulsão, em 1654. Ao longo desse quarto de século de ocupação batava, os sete anos conhecidos como o “tempo de Nassau” (1637 a 1644) marcaram o apogeu do domínio holandês no Brasil por meio da Companhia das Índias Ocidentais. BUENO, Eduardo. Brasil, uma história: cinco séculos de um país em construção. São Paulo: Leya, 2012. p. 92. Adaptado. São características do tempo de Nassau no Nordeste brasileiro, EXCETO: a) a promoção de reformas urbanísticas em Recife, a partir da construção de novos edifícios, pontes, jardins e praças, além de buscar conter a poluição dos rios pelo bagaço da cana. b) incentivo à produção artística e científica, que legou à posteridade um grande registro iconográfico da paisagem, das plantas, dos animais e dos indígenas do Brasil. c) restrição de crédito aos senhores de engenho em seus anos finais, o que causou indignação das elites e estimulou a formação de articulações em favor da expulsão dos holandeses. d) reativação do fornecimento de escravizados, anteriormente paralisado em razão do domínio holandês de portos estratégicos no comércio dos cativos embarcados para o Brasil. e) garantia de tolerância às religiões católica, protestante e judaica, o que permitiu a implantação da primeira sinagoga das Américas, em Recife. 47. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio) Em 1534, o rei D. João III ordenou a divisão da América Portuguesas em grandes faixas de terras, as capitanias-hereditárias, que foram entregues aos cuidados dos chamados donatários. São elementos que contribuíram para o insucesso deste sistema administrativo, exceto: A) altos recursos necessários para promover a exploração e desenvolvimento do território B) a centralização excessiva da gestão dos territórios coloniais pelos capitães-donatários C) hostilidade dos grupos indígenas que resistiam à dominação portuguesa D) dificuldade de comunicação entre capitanias e também entre o Brasil e a metrópole E) solo impróprio ao cultivo do açúcar e de outros gêneros em algumas capitanias Prof. Marco Túlio Aula 00: Curso de História para Colégio Naval 2022 AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 69 48. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio) Palmares foi o mais significativo e o mais simbólico dos quilombos não apenas do Brasil mas das Américas. Em nenhum outro lugar a resistência dos escravos fugidos foi tão longa, bem-sucedida e organizada como nos doze mocambos erguidos na serra da Barriga, no sertão de Alagoas, a 90 mil quilômetros de Maceió. BUENO, Eduardo. Brasil: uma história: cinco séculos de um país em construção. São Paulo: Leya, 2012. p. 130. Com base em seus conhecimentos sobre o Quilombo de Palmares, julgue as afirmativas abaixo: I. Palmares foi habitado não somente por negros de origens étnicas distintas, mas também por indígenas e até brancos fora da lei, resultando em uma população composta por milhares de pessoas. II. Zumbi liderou a resistência nos anos finais de Palmares, recusando-se a negociar com o governador de Pernambuco. Morto em 1695, tornou-se símbolo de resistência negra. III. Ao longo de quase um século de lutas, Palmares foi atacado dezenas de vezes, sendo destruído apenas em fevereiro de 1694, por uma expedição liderada por Borba Gato. Assinale a opção correta. a) As afirmativas I, II e III são verdadeiras. b) As afirmativas I e II são verdadeiras. c) As afirmativas I e III são verdadeiras. d) Apenas a afirmativa II e III são verdadeiras. e) Nenhuma das afirmativas é verdadeira. 49. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio) Em 1574, os cativos chegados da África representavam apenas 7% da força de trabalho escravo no engenho, contra 93% dos índios. Em 1591, eram 37%. Por volta de 1638, já compunham a totalidade, incluindo os cativos recém-chegados da África e os crioulos, ou seja, escravos descendentes de negros nascidos no Brasil. GOMES, Laurentino. Escravidão: do primeiro leilão de cativos em Portugal à morte de Zumbi dos Palmares, volume 1. Rio de Janeiro: Globo Livros, 2019. p. 129. Foram elementos que contribuíram para a predominância da escravidão africana durante o período colonial, exceto: a) dizimação dos nativos por epidemias. b) oposição jesuíta à escravidão indígena. c) indisposição dos índios ao trabalho braçal. d) domínio de certas técnicas pelos africanos. e) barreiras culturais dos nativos quanto ao trabalho agrícola. 50. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio) Espalhados pelo Atlântico, portugueses e espanhóis detinham o monopólio das expedições oceânicas, sendo seguidos por outras nações a partir do início do século XVI, especialmente a França e a Inglaterra. Entretanto, os dois reinos ibéricos já haviam decidido a partilha do mundo antes mesmo que outras Prof. Marco Túlio Aula 00: Curso de História para Colégio Naval 2022 AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 70 nações começassem a se aventurar nos novos territórios: em 1493, com a bênção do papa Alexandre VI, foi editada a Bula Intercoetera, substituída no ano seguinte pelo Tratado de Tordesilhas. VICENTINO, Claudio; DORIGO, Gianpaolo. História geral e do Brasil, v. 2. São Paulo: Scipione, 2013. p. 23. Adaptado. O Tratado de Tordesilhas, firmado em 1494 entre por Portugal e Espanha, buscou estabelecer os territórios coloniais ultramarinos desses dois países. Assinale a alternativa que oferece a melhor descrição do acordo: a) os espanhóis ficariam com todas as terras descobertas até a data de assinatura do Tratado, e as terras descobertas depois ficariam com os portugueses. b) os domínios espanhóis e portugueses seriam separados por um meridiano estabelecido a 370 léguas a oeste das ilhas de Cabo Verde. c) a Igreja Católica, como patrocinadora do Tratado, arrendaria as terras descobertas pelos portugueses e espanhóis nos quinze anos seguintes. d) Portugal e Espanha administrariam juntos as terras descobertas, para fazerem frente à ameaça colonialista da Inglaterra, da Holanda e da França. e) portugueses e espanhóis seriam tolerantes com os costumes e as religiões dos povos que habitassem as terras descobertas. 51. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio) A partir da segunda metade do século XVI, verificou-se a imposição de diversos mecanismos administrativos pela Coroa Portuguesa no Brasil, entre os quais pode-se destacar: a) o sistema de capitanias-hereditárias, implementado em 1534 e que buscou estimular a ocupação do território a partir da centralização do poder na cidade de Salvador. b) o governo-geral, introduzido em 1548 pelo monarca D. João III e em substituição ao modelo de capitanias-hereditárias, sendo nomeado como primeiro governador o fidalgo Estácio de Sá. c) as câmaras municipais, nas quais predominavam os chamados “homens bons” da Colônia e que desfrutavam de ampla autonomia administrativa em relação ao domínio luso. d) o Conselho Ultramarino, que reviu a excessiva centralização administrativa imposta pelo governo-geral ao atribuir maiores poderes administrativos aos donatários. e) o ouvidor-mor e o provedor-mor, auxiliares do governo-geral e que eram responsáveis pela aplicação da justiça e pela administração das finanças da colônia, respectivamente. 52. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio) Sobre o processo de expansão ultramarino empreendido por Portugal, assinale a alternativa correta: a) a superação do cabo bojador, por Gil Eanes, em 1433, representou um dos mais importantes marcos das Grandes Navegações, na medida em que introduziu novas tecnologias marítimas. b) a tomada de Ceuta, em 1415, simbolizou o marco inicial da expansão, na medida em que possibilitou a acumulação de riquezaspara a continuidade da empresa marítima. c) o pioneirismo luso no expansionismo pode ser justificado pela formação de uma sólida burguesia nacional, que fez deste empreendimento uma iniciativa estritamente particular. Prof. Marco Túlio Aula 00: Curso de História para Colégio Naval 2022 AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 71 d) devido às condições marítimas desfavoráveis, os portugueses abandonaram o projeto de circunavegação da África e alcançaram às Índias ao rumarem para o Oeste. e) a expedição cabralina de 1500 pode ser encarado como o desfecho da Era das Navegações Lusas, na medida em que concluiu o Périplo Africano iniciado por Bartolomeu Dias. 53. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio) Quando falamos em “Guerra dos Bárbaros” nos referimos aos conflitos dos povos generalizados como Tapuia do sertão nordestino. A própria documentação colonial, quando fala de sublevações indígenas, se utiliza esta denominação. Segundo [o historiador Pedro] Puntoni, “a Guerra dos Bárbaros foi igualmente tomada pela historiografia como uma confederação das tribos hostis ao Império Português, um genuíno movimento organizado de resistência ao colonizador”. VICENTINO, Claudio; DORIGO, Gianpaolo. História geral e do Brasil, v. 2. São Paulo: Scipione, 2013. p. 91. Também conhecido como Guerra dos Bárbaros, foi um conflito entre tapuias e colonos ocorrido no território que corresponde ao atual sertão nordestino, entre a Bahia e o Maranhão. Trata-se da a) Confederação dos Tamoios b) Confederação dos Cariris c) Guerras Guaraníticas d) Cabanagem e) Balaiada 54. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio) Conhecedores profundos do terreno e bem adaptados à natureza tropical, portugueses como Matias de Albuquerque, indígenas como Felipe Camarão e negros como Henrique Dias idealizaram uma tática de luta baseada na guerra de guerrilhas. BUENO, Eduardo. Brasil, uma história: cinco séculos de um país em construção. São Paulo: Leya, 2012. Adaptado. A desestruturação do domínio holandês no Nordeste do Brasil, resultado das lutas empreendidas de décadas de batalhas que ficaram conhecidas como “Guerra Brasílica”, apresentou como consequência para o Brasil a) o fim da União Ibérica e a restauração do trono português. b) a crise na economia açucareira, em razão da concorrência do açúcar antilhano. c) a revogação dos tratados de fronteira firmados entre Portugal e Países Baixos. d) o investimento na busca de metais preciosos, em razão do fim da produção do açúcar. e) o aumento da autonomia da região açucareira, como estímulo da Coroa em se reaproximar dos senhores de engenho. 55. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio) Das formas de escravização indígena consideradas legítimas mantiveram-se, com raras exceções, durante quase todo o período colonial: as guerras justas e as expedições de resgate. Ambas eram regulamentadas por leis que variavam conforme as disputas e as pressões dos interessados. Prof. Marco Túlio Aula 00: Curso de História para Colégio Naval 2022 AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 72 ALMEIDA, Maria Regina Celestino de. Os índios na história do Brasil. Rio de Janeiro: Ed. FGV, 2010. p. 84. Em relação ao trabalho indígena na América Portuguesa, assinale a alternativa correta. a) O caráter rudimentar do trabalho indígena, que não incluía o domínio do cultivo de espécies vegetais ou da domesticação de animais, atravancou o desenvolvimento da Colônia. b) A mão de obra indígena foi menos explorada no mundo colonial que a mão de obra africana, afinal ela permaneceu restrita aos casos de guerra justa decretadas contra povos hostis. c) Com a afirmação do tráfico de escravos africanos no Atlântico, a exploração da mão de obra indígena caiu em desuso no Brasil por se mostrar menos rentável para a Coroa. d) A mão de obra indígena foi largamente explorada no processo de ocupação da região Nordeste, mas seu uso foi restrito nas atividades econômicas da região Centro-Sul. e) Os jesuítas buscaram segregar os indígenas em comunidades para evitar que fossem utilizados como escravos na Colônia, o que não significa que seu trabalho não fosse explorado. 56. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio) A União Ibérica, que se estendeu entre os anos de 1580 a 1640, representou o domínio do Império Português pela Coroa de Espanha durante os reinados de Filipe II e Filipe III. Sobre esse período, assinale a alternativa correta: A) A dominação castelhana por toda a Península Ibérica, há muito almejada pelos lusos, se deu por meio da vitória do rei espanhol, Felipe II, nos conflitos travados contra o rei D. Sebastião, da dinastia de Avis, que até então detinha a Coroa portuguesa. B) A conquista do Nordeste açucareiro pelos Países Baixos, entre 1630 e 1654, foi uma consequência direta da dominação espanhola sobre Portugal, afinal impôs o afastamento dos holandeses do comércio do açúcar no Nordeste, o que estimulou represálias. C) A intervenção espanhola na sucessão do trono português foi motivada pelo interesse da dinastia filipina de exercer sua hegemonia sobre o Prata, assegurada a partir do domínio da América Portuguesa – e consequentemente, da margem oriental do Rio Uruguai. D) A dominação espanhola legou diversas transformações positivas ao mundo colonial, como a introdução de um novo órgão administrativo, o Conselho Ultramarino, que reforçou a centralização iniciada com a criação do governo-geral. E) O processo de restauração e consolidação de uma nova dinastia em Portugal, a de Bragança, a partir de um acordo de paz ratificado entre os governos luso e espanhol, o que deu fim de maneira pacífica, ao domínio castelhano na porção portuguesa da Península Ibérica. 57. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio) No Brasil, desde, 1504, tem-se notícias de comerciantes traficando pau-brasil ao longo da costa brasileira. Mas, foi somente em 1555 que tiveram início as incursões de conquista no Brasil, com a fundação de uma colônia que serviu de refúgio para calvinistas protestantes franceses. A conquista durou cerca de 12 anos, quando foram expulsos, em 1567, pelos portugueses. JOAN, Botelho. Conhecendo e debatendo a história do Maranhão. São Luís: Gráfica e Editora Impacto, 2019. p. 49. A respeito das invasões francesas durante o período colonial, assinale a alternativa correta: Prof. Marco Túlio Aula 00: Curso de História para Colégio Naval 2022 AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 73 a) a primeira tentativa de fundação de uma colônia pelos franceses se deu em um contexto em que Portugal ainda não havia lançado esforços para dar início à ocupação do Brasil. b) em 1612, Daniel de la Touche comandou uma ofensiva na região do Maranhão, onde fundou a cidade de São Luís, sede da colônia nomeada de França Equinocial. c) o processo de desarticulação da chamada França Antártica se deu durante a União Ibérica, quando os franceses foram expulsos do Brasil pelos portugueses e seus aliados tupinambás. d) pouco tempo depois de serem expulsos do Maranhão, os franceses empreenderam uma nova tentativa de fundar uma colônia, dessa vez na baía de Guanabara. e) a colônia fundada pelos franceses no Rio de Janeiro ficou conhecida como França Equinocial, enquanto aquela criada anos depois, no Maranhão, foi batizada de França Antártica. 58. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio) Determinei que pusessem sua cabeça em um poste no lugar mais público desta praça, para satisfazer os ofendidos e justamente queixosos e atemorizar os negros que supersticiosamente julgavam Zumbi um imortal, para que entendessem que esta empresa acabava de todo com os Palmares. GOMES, Laurentino. Escravidão: do primeiro leilão de cativos em Portugal à morte de Zumbi dos Palmares, volume 1. Rio de Janeiro: Globo Livros, 2019. P. 420. O trecho acima foi extraído de uma carta encaminhada pelo governadorMelo e Castro ao rei de Portugal, em março de 1696.Com base na descrição oferecida acima, é correto afirmar que: a) a punição ao líder de Palmares enfraqueceu outras experiências quilombolas no período. b) o desaparecimento de Zumbi estimulou teses sobre a sobrevivência de Palmares. c) a construção de Zumbi como um mito foi iniciada no contexto da repressão à Palmares. d) o suplício de Zumbi buscou combater práticas religiosas da comunidade afro-brasileira. e) a violência empreendida contra o quilombo encerrou as práticas de resistência à escravidão. 59. (EsFCEx – Exército Brasileiro – CFO/QC / 2019) Na América portuguesa, em consequência da ofensiva francesa e do declínio do trato asiático, foram tomadas em 1534 medidas para o povoamento e a valorização do território. (ALENCASTRO, Luiz Felipe de. O Trato dos Viventes: formação do Brasil no Atlântico Sul. São Paulo: Companhia das Letras, 2000, p. 20). As medidas mencionadas na afirmativa acima referem-se aos sistemas de administração que Portugal empregou no Brasil no século XVI. Em ordem cronológica, a partir de 1534, tais sistemas foram A) Feitorias e Governo Geral. B) Capitanias Hereditárias e Governo Geral. C) Governo Geral e Feitorias. D) Governo Geral e Capitanias Hereditárias. E) Feitorias e Capitanias Hereditárias. Prof. Marco Túlio Aula 00: Curso de História para Colégio Naval 2022 AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 74 10. GABARITO 1. C 2. B 3. D 4. A 5. A 6. B 7. E 8. A 9. A 10. E 11. B 12. C 13. C 14. E 15. D 16. A 17. E 18. A 19. C 20. D 21. A 22. E 23. C 24. E 25. C 26. D 27. A 28. B 29. D 30. A 31. E 32. D 33. C 34. A 35. D 36. E 37. D 38. C 39. E 40. C 41. B 42. A 43. C 44. A 45. D 46. C 47. B 48. B 49. C 50. B 51. E 52. B 53. B 54. B 55. E 56. B 57. B 58. D 59. B 11. LISTA DE QUESTÕES 1. (2020/CN) Leia o texto abaixo. Esses escravos tinham mobilidade para circular na cidade, já que precisavam encontrar trabalho para juntar a quantia em dinheiro que deveria ser entregue ao proprietário, além, é claro, de obter o seu próprio sustento. Se, por um lado, esse tipo de trabalho livraria os proprietários da obrigação de sustenta seus escravos, assim diminuindo os seus gastos, por outros, permitia certa autonomia aos cativos, que arranjavam o seu próprio trabalho e cuidavam de suas despesas. (Mattos, Regiane Augusto de. História e cultura afro-brasileira. 2ªed. 3ª reimpressão. São Paulo: Contexto, 2014, p. 112.Adaptado) O texto faz referência a uma modalidade de trabalho escravo denominada a) escravos de eito b) escravos domésticos c) escravo de ganho d) escravo de “tigre” e) escravo de liteira Prof. Marco Túlio Aula 00: Curso de História para Colégio Naval 2022 AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 75 Comentários Nos centros urbanos dos períodos colonial e imperial era comum a figura do escravo de ganho, nome dado aos cativos que atuavam no comércio ou na prestação de serviços. Em Salvador, Recife e no Rio de Janeiro, ou mesmo na região das minas, escravas preparavam e vendiam comidas nas ruas, tais como mingaus, peixes fritos, acarajés e bolos. A presença dos escravizados no comércio era autorizada pelos seus senhores, que recebiam parte do valor arrecadado ao final do dia ou de uma semana. Os escravos de ganho possuíam a confiança de seus senhores, afinal percorriam longas distâncias diariamente, com certa liberdade para ir e vir. Ao desempenhar tais atividades, muitos cativos conseguiam acumular uma quantia suficiente para a compra de sua liberdade, chamada de alforria. Feitas essas considerações, a alternativa C é a resposta. Vejamos as demais opções: - A alternativa A está incorreta, afinal os escravos eram aqueles que trabalhavam nas lavouras agrícolas, sobretudo nos canaviais, e dispunham de pouca de autonomia para circular nas cidades. - A alternativa B está incorreta, afinal os escravizados domésticos eram aqueles que trabalhavam como cozinheiras, pajens, amas de leite e arrumadeiras no interior das casas de seus senhores. - A alternativa D está incorreta, pois os escravos apelidados de “tigres” eram encarregados do recolhimento e despejo da urina e fezes de alguns moradores das cidades. A ureia e amônia que vazava dos toneis carregados por eles deixavam marcas brancas sobre a pele, semelhante a listras. - A alternativa E está incorreta, pois nem todos os escravos de liteira – ou seja, transportadores de pessoas – eram de ganho. Gabarito: C 2. (2019/Colégio Naval) “Eu, EIRei, faço saber a vós, Tomé de Sousa, fidalgo de minha casa, que vendo eu quanto serviço de Deus e meu é conservar e enobrecer as Capitanias e povoações das terras do Brasil e dar ordem e maneira com que melhor e mais seguramente se possam ir povoando, para exalçamento da nossa Santa Fé e proveito de meus Reinos e Senhorios, e dos naturais deles, ordenei ora de mandar nas ditas terras fazer uma fortaleza e povoação grande e forte, em um lugar conveniente, para daí se dar favor e ajuda às outras povoações e se ministrar justiça e prover nas cousas que cumprirem a meu serviço e aos negócios de minha Fazenda e a bem das partes. Fonte: Regimento que levou Tomé de Sousa Governador do Brasil, Almerím, 17/12/1548,Lisboa, Arquivo Histórico Ultramarino (AHU), códice 112, fls 1-9. Sobre o texto, que é um importante marco da História do Brasil, é correto afirmar que representava a) o objetivo da monarquia portuguesa de iniciar a colonização do Brasil cedendo territórios para que grupos particulares pudessem explorá-los a custa de seus próprios recursos, enquanto o governo atuaria como uma espécie de órgão regulador do que ficou conhecido como Capitanias Hereditárias. b) a pretensão do governo português em promover a colonização efetiva do território brasileiro e de estimular a produção colonial, sendo um dos seus primeiros atos a construção de uma cidade para ser a capital da colônia, concretizada por Tomé de Sousa com a fundação de São Salvador em 1549. c) o desejo português de não investir recursos no território colonial do Brasil, permitindo que grupos privados construíssem feitorias com dois objetivos: a exploração do pau-brasil realizada a partir do escambo com os indígenas e a proteção das ameaças estrangeiras. d) o primeiro passo para o processo de povoamento da colônia, que previa a criação de uma capital estruturada no modelo espanhol de ocupação do território, além da construção de estradas e sistemas de coleta de esgoto em locais estratégicos, que serviriam de base para o surgimento de novas cidades. Prof. Marco Túlio Aula 00: Curso de História para Colégio Naval 2022 AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 76 e) a ocupação efetiva do território colonial, principal mente após a descoberta de jazidas de ouro no interior da colônia, que demandou mais recursos do governo português para a defesa da região de invasores estrangeiros e de piratas que desejavam roubaras riquezas do Brasil. Comentários - A alternativa A está incorreta, afinal é a expedição de Martim Afonso de Souza para a América Portuguesa, em 1530, o marco inicial do processo de ocupação do território, sendo ele dividido, alguns anos depois, por meio do sistema de capitanias hereditárias. - A alternativa B é a resposta. A criação do governo-geral, em 1548, objetivou a continuidade do processo de ocupação do território brasileiro, a partir da centralização administrativa em torno de São Salvador, cidade fundada por Tomé de Souza. - A alternativa C está incorreta, pois a construção de feitorias é uma marca do período pré-colonial brasileiro (1500-1530), quando a atenção da Coroa se voltava apenas ao lucrativo comércio de especiarias no Oriente. - A alternativa D está incorreta, pois as capitanias hereditárias da América Portuguesa era uma reprodução do sistema administrativo já adotadopor Portugal nos arquipélagos de Açores e de Cabo Verde. - A alternativa E está incorreta. Embora a ocupação do interior do continente americano pelos portugueses tenha ocorrido após o achamento de ouro, no final do século XVII, os esforços de colonização da América Portuguesa, expressos pelo Regimento do enunciado, se iniciam na primeira metade do século XVI. Gabarito: B 3. (2019/Colégio Naval) Observe a charge a seguir: A charge acima representa os primeiros anos logo após a chegada de Pedro Álvares Cabral ao Brasil. É correto afirmar que entre as principais características desse período temos a Prof. Marco Túlio Aula 00: Curso de História para Colégio Naval 2022 AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 77 a) extração do Pau-Brasil por meio do estanco (troca), onde os indígenas realizavam o corte da madeira e recebiam em troca objetos vistosos, mas de estimado valor, como espelhos, armamentos e tecidos diversos. b) extração das drogas do sertão por meio de trabalho escravo, pelo qual os exploradores aproveitaram para iniciar o processo de ocupação territorial do Brasil a partir da construção de feitorias. c) construção das primeiras feitorias com a finalidade de estimular a vinda de colonos para a produção de riquezas, como a cana de açúcar, e consequentemente efetivar a ocupação do território brasileiro garantindo a presença portuguesa. d) extração do Pau-Brasil por meio do escambo (troca), onde os indígenas realizavam o corte e o transporte da madeira recebendo em troca objetos de pouco valor, como espelhos, miçangas e instrumentos de ferro. e) distribuição das primeiras sesmarias, por meio de Estanco, aos donatários que estavam se instalando no Brasil, destacando-se, nesse processo, o arrendatário Fernando de Noronha, que se notabilizou na extração do Pau-Brasil. Comentários - A alternativa A está incorreta, pois estanco era o nome dado ao monopólio sobre um determinado produto sob a forma legal. O próprio direito à exploração do pau-Brasil era um estanco adquirido por diversos mercadores lisboetas. - A alternativa B está incorreta, pois as drogas do sertão eram produtos de origem vegetal extraídos da região amazônica, tais como o cacau, a castanha-do-pará, a baunilha e o guaraná. Já o pau-Brasil era extraído na costa atlântica da América Portuguesa. - A alternativa C está incorreta, pois a implantação das feitorias não expressava o intento de iniciar o processo de colonização do Brasil, mas sim de explorar a riqueza que lhe dera este nome – o pau-brasil. A ocupação do território só se daria a partir de 1530, com a expedição de Martim Afonso de Souza. - A alternativa D é a resposta. Para explorar o pau-Brasil, produto com alto valor comercial no mercado europeu, os portugueses implementaram o escambo, que consistia em pagar os nativos com quinquilharias, tais como espelhos, pentes e facas, para que estes serrassem e transportassem a madeira para as caravelas que aguardavam na costa. - A alternativa E está incorreta, pois a distribuição de sesmarias se deu após o período pré-colonial (1500-1530), em um momento em que a Coroa já se voltava para o processo de ocupação da América Portuguesa. Gabarito: D 4. (2007/Colégio Naval) A chegada dos portugueses ao Brasil, além de ser o resultado de um processo administrado pela coroa Portuguesa no século XV conjuntamente com a nobreza e a nascente burguesia, também: a) auxiliou, entre outros aspectos, na consolidação e hegemonia portuguesa no Atlântico Sul. b) se transformou, de imediato, em uma alternativa mercantil ao comércio português no Oriente. c) demonstrou que o desvio da esquadra de Cabral seguia a mesma inspiração de Colombo para chegar às Índias. d) foi o resultado de uma reação de Portugal diante da concorrência dos mercadores italianos no Atlântico Ocidental. e) tinha por objetivo reforçar a supremacia portuguesa no Pacífico Oriental garantindo dessa forma o caminho para a Índia. Prof. Marco Túlio Aula 00: Curso de História para Colégio Naval 2022 AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 78 Comentários - A alternativa A é a resposta. Conquistando diversos pontos da costa africana com suas feitorias e implementando a ocupação da América Portuguesa a partir de 1530, Portugal se tornou a maior potência econômica do Atlântico Sul, especialmente pelo comércio de escravizados africanos. - A alternativa B está incorreta, pois após a expedição cabralina tomar posse da América Portuguesa, o território permaneceu três décadas sem ser ocupado, já que os interesses da Coroa se voltavam para o comércio com as Índias. - As alternativas C e E estão incorretas, afinal os portugueses apostaram em viagens de circunavegação do continente africano para traçarem uma rota para as Índias, que ficaram conhecidas como Périplo Africano. - A alternativa D está incorreta, pois os mercadores italianos concentravam suas atividades comerciais no Mar Mediterrâneo, o que levou os ibéricos a buscarem novas rotas ultramarinas de acesso às mercadorias orientais. Gabarito: A 5. (2007/Colégio Naval) No ano de 1494, portugueses e espanhóis assinaram o tratado de Tordesilhas, definindo a quem pertenceriam as terras descobertas ou a descobrir. Segundo esse tratado, as terras localizadas a trezentos e setenta léguas a oeste de Cabo Verde seriam da Espanha e as terras a leste, de Portugal. A linha imaginária estabelecida pelo Tratado terminava ao sul no Estado de Santa Catarina, mais precisamente na cidade de: a) Laguna. b) Criciúma c) Imbituba. d) Tubarão. Comentários A alternativa A é a resposta. O território português no Brasil começava próximo a onde atualmente se encontra Belém, no Pará, e descia em linha reta até perto de Laguna, em Santa Catarina. Gabarito: A 6. (2009/Colégio Naval) Observe a charge abaixo, referente ao fim da presença holandesa no Nordeste Brasileiro no século XVII, e responda a pergunta a seguir. Prof. Marco Túlio Aula 00: Curso de História para Colégio Naval 2022 AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 79 NOVAIS, Carlos Eduardo e César Lobo, História do Brasil para Principiantes, De Cabral a Cardoso 500 anos de Novela, Editora Ática - SP - 1998 - p.98 Pode-se afirmar que a charge refere-se, como consequência da expulsão dos holandeses, do Brasil, a) ao início da produção holandesa na América Central, levando, de imediato, à crise da economia no Brasil como um todo, que só se recuperou com a descoberta do ouro, na região das Minas Gerais. b) à crise econômica do Nordeste brasileiro, devido à concorrência do açúcar do Brasil com a produção açucareira holandesa nas Antilhas. c) ao enfraquecimento da economia nordestina que não suportou a posterior invasão dos franceses no Maranhão, onde fundaram a colônia denominada de França Equinocial. d) à crise econômica do Nordeste brasileiro, após a 'expulsão dos holandeses da Bahia no ano de 1625. e) à reafirmação da presença portuguesa no Nordeste brasileiro, possibilitando a retomada da produção do açúcar na região que voltou a concorrer, em pé de igualdade, com o açúcar antilhano. Comentários - A alternativa A está incorreta, afinal a crise econômica se deu na região do Nordeste açucareiro. - A alternativa B é a resposta. A expulsão dos holandeses do nordeste açucareiro fez com que os invasores se instalassem na região das Antilhas, na América Central, onde passaram a produzir um açúcar mais barato e de melhor qualidade, que desbancou o concorrente luso-brasileiro no comércio internacional. - A alternativa C está incorreta, pois os invasores estrangeiros representados pela charge são holandeses. Sua expulsão se deu em 1644, ao passo que os franceses foram expulsos do Maranhão anos antes, em 1615. - A alternativa D está incorreta, a dominação holandesa se concentrou na região de Pernambuco. - A alternativa E está incorreta, afinal o açúcar luso-brasileiro foi severamente afetado pela concorrência do açúcar holandês cultivadonas Antilhas, dotado de maior qualidade e menor custo de produção. Gabarito: B 7. (2009/Colégio Naval) Em relação ao domínio da Holanda no Nordeste brasileiro durante o período colonial, é correto afirmar que: Prof. Marco Túlio Aula 00: Curso de História para Colégio Naval 2022 AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 80 a) a administração de Nassau caracterizou-se por medidas administrativas de grande importância, como por exemplo: a reorganização da produção açucareira mediante um sistema de crédito aos senhores de engenho, tolerância religiosa e o fim da Assembleia dos Escabinos, que limitava a participação política dos proprietários rurais pernambucanos. b) a invasão holandesa na Bahia (1624-1625), que contou com o apoio da "milícia dos descalços", liderada pelo bispo Marcos Teixeira, foi desarticulada pela Jornada dos vassalos, frota luso-espanhola mandada à Bahia com a missão de expulsar os holandeses da sede do Governo-Geral do Brasil. c) a invasão holandesa em Pernambuco encontrou grande resistência por parte de grupos armados por Matias de Albuquerque, no arraial do Bom Jesus. O arraial, que passou a ter a adesão cada vez maior de senhores de engenho, foi o lugar onde começou a Insurreição Pernambucana. d) a Insurreição Pernambucana, movimento de resistência local, contou desde o início com a ajuda da Coroa portuguesa que, após o fim da União Ibérica, tinha todo o interesse em expulsar os holandeses e reassumir o controle sobre a economia açucareira. e) o fim da Nova Holanda deve-se, entre outros fatores, a uma conjuntura externa desfavorável à Holanda que, por se envolver em guerras sucessivas na Europa, não pôde socorrer seus compatriotas no Brasil, fato este que assegurou a vitória dos luso-brasileiros em 1654. Comentários - A alternativa A está incorreta. Quase todas as medidas mencionadas estão corretas, mas Nassau ampliou a participação dos proprietários rurais pernambucanos na Assembleia dos Escabinos, espécie de Câmara Municipal no Brasil Holandês. - A alternativa B está incorreta, afinal os holandeses foram expulsos de Salvador justamente pela “milícia dos descalços”. - A alternativa C está incorreta, pois o processo de expulsão dos holandeses se iniciou na região do Maranhão, enquanto Pernambuco só seria inteiramente reconquistado pelos luso-brasileiros em 1654. - A alternativa D está incorreta, afinal a Insurreição Pernambucana foi um movimento que inicialmente não contou com a participação da Coroa, mas apenas das elites coloniais insatisfeitas com as alterações da política de crédito concedida pela administração holandesa em Pernambuco. - A alternativa E é a resposta. Conflitos envolvendo holandeses e ingleses impediram que os primeiros reforçassem seus efetivos na Nova Holanda, o que consequentemente possibilitou a vitória dos insurretos pernambucanos. Gabarito: E 8. (2005/Colégio Naval) “ [...] Nela, até agora, não pudemos saber se há ouro, nem prata, nem coisa alguma de metal ou ferro nem o vimos. [...] Em tal maneira e graciosa [a terra] que querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo, por causa das águas que tem. [...] " (Pero Vaz de Caminha) (CORTESÃO, Jaime. A Carta de Pero Vaz de Caminha. In: GASMAN, Lidinéa. Documentos Históricos Brasileiros. Rio de Janeiro, Fename, 1976, pp. 23-4) O relativo abandono que o Brasil passou nos primeiros trinta anos após o registro feito por Pero Vaz de Caminha sobre as terras "descobertas" pela Coroa portuguesa deveu-se, entre outros aspectos, a) à falta de recursos para implementar um projeto de exploração colonial semelhante ao da Espanha. b) aos constantes ataques dos holandeses contra a frota da Companhia de Comércio do Brasil, o que inviabilizou a colonização nesse período. Prof. Marco Túlio Aula 00: Curso de História para Colégio Naval 2022 AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 81 c) à falta de uma produção organizada que pudesse ser comercializada imediatamente, não se enquadrando dentro da perspectiva mercantilista da época. d) à carência de mão-de-obra para o trabalho nos latifúndios canavieiros, o que só se solucionará com o início do tráfico negreiro. e) aos inúmeros levantes indígenas que queimavam as plantações e combatiam a presença portuguesa na América. Comentários - A alternativa A é a resposta. O trecho da Carta de Caminha, escrivão da armada cabralina, revela que não foram encontrados metais preciosos em 1500, o que dificultaria a implementação de um modelo de ocupação semelhante ao inaugurado pelos espanhóis na América. Contudo, ele chama atenção para o rei quanto aos recursos naturais encontrados, que possibilitariam o desenvolvimento de uma economia colonial agroexportadora. - A alternativa B está incorreta, afinal os ataques holandeses na América lusa se iniciariam no final do século, em 1599. - A alternativa C está incorreta. Apesar da Terra de Vera Cruz não atender de imediato os interesses mercantilistas de Portugal, o território também seria explorado tendo em conta os princípios desta política econômica, na medida em que se torna colônia do Império luso. - A alternativa D está incorreta, uma vez que os engenhos de açúcar se utilizaram de mão de obra indígena nos anos iniciais do processo de ocupação do litoral brasileiro. - A alternativa E está incorreta, afinal a terra ainda não havia sido ocupada pelos lusos no contexto de escrita da carta de Caminha. Gabarito: A 9. (2005/Colégio Naval) " [...] Submetido durante três séculos à potência europeia que maneja o maior mercado de escravos, o Brasil converte-se no maior importador de escravos do Novo Mundo..." (Alencastro, Luiz Felipe de - O Trato dos Viventes: formação do Brasil no Atlântico Sul - São Paulo: Companhia das Letras, 2000.) As razões que levaram a utilização de escravos africanos como mão-de-obra nas lavouras açucareiras do Brasil foram a) a redução considerável do número de índios no litoral e a oposição da Igreja Católica que combatia a escravização indígena. b) as dificuldades enfrentadas pelos índios em se adaptar ao trabalho na lavoura e a fácil adaptação dos negros ao trabalho pesado. c) a política de estado de preservação dos povos indígenas e os grandes lucros gerados para a Coroa portuguesa com a venda dos escravos africanos. d) o déficit populacional em Portugal e fato do negro ser mais dócil que o índio, aceitando o seu estado de escravo. e) a instituição prévia do emprego da mão-de-obra escrava em Portugal e a preguiça do índio no trabalho na lavoura. Comentários Essa é uma questão que oferece diversos estereótipos em relação aos ameríndios e africanos. Vejamos cada um deles: Prof. Marco Túlio Aula 00: Curso de História para Colégio Naval 2022 AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 82 ▪ Os indígenas não eram inaptos ao trabalho nem preguiçosos. Na verdade, o sistema escravista não fazia parte das organizações sociais existentes na América, fazendo eclodir revoltas indígenas em diversos pontos da Colônia. ▪ Os africanos não eram mais fortes ou “acostumados” à escravidão. O tráfico de escravizados existia em alguns pontos do continente africano antes mesmo da chegada dos portugueses, ainda que em condições bastante distintas. Contudo, isso não garantiu que os cativos africanos capturados fossem mais dóceis, afinal diversas revoltas escravistas foram organizadas ao longo da História colonial. Tendo em conta os apontamentos acima, as alternativas B, D e E estão incorretas. A alternativa C também está incorreta, afinal os indígenas não foram preservados pela Coroa, mas dizimados pelas doenças e pelas guerras de conquista. Por fim, a alternativa A é a resposta, pois a continuidade da escravidão indígena foi dificultada pelo desaparecimento de boa parte da população nativa a partir da disseminação de moléstias de origem europeia. Além disso, a Igreja empenhou uma política de catequização dos indígenas, dificultando sua escravização. Gabarito: A 10. (2005/ColégioNaval) Em 1534, o rei português D. João III instituiu um sistema de divisão do litoral do Brasil em capitanias. Tais extensões territoriais variavam entre trinta e cem léguas no sentido da latitude, mas de extensão indefinida para o interior; eram destinadas a serem comandadas por donatários que deveriam, entre outras coisas, povoar, cultivar e defender as terras. Os motivos que levaram Portugal a colonizar o Brasil foram a) os constantes ataques indígenas e de estrangeiros aos núcleos de povoamento portugueses e o aumento do preço da cana-de-açúcar na Europa. b) a exploração do pau-brasil e a necessidade de punir os criminosos do Estado Português que vieram degredados ao Brasil. c) a instauração do tráfico negreiro na África e o início da empresa açucareira no nordeste brasileiro. d) a fertilidade do solo brasileiro para o cultivo de gêneros tropicais e a exploração das drogas do sertão. e) as ameaças estrangeiras em tomar o território brasileiro e a progressiva crise do comércio com o oriente. Comentários - A alternativa A está incorreta, afinal não havia núcleos de povoamento durante o período pré-colonial, uma vez que os interesses econômicos da Coroa se encontraram voltados para o rico comércio de especiarias entre 1500 e 1530. - A alternativa B está incorreta, pois a exploração de pau-brasil de seu durante todo o período pré-colonial sem suscitar a formação de divisão administrativa do território. - A alternativa C está incorreta, afinal a empresa açucareira e o tráfico de escravos no Atlântico foram decorrentes do início do processo de ocupação do território, a partir de 1530. - A alternativa E é a resposta. O início da colonização da América Portuguesa foi motivado pela decadência do comércio de especiarias nas Índias, o que fez com que a Coroa volte suas atenções à exploração do Novo Mundo. Além disso, as constantes tentativas de franceses e outros estrangeiros de explorarem o território levou Portugal a lançar mão de recursos que estimulassem a ocupação do Brasil para combater as ameaças externas. Prof. Marco Túlio Aula 00: Curso de História para Colégio Naval 2022 AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 83 Gabarito: E 11. (2008/Colégio Naval) Leia o trecho abaixo e responda a questão a seguir. Visto como o rei de Espanha, nosso inimigo, possui ilegalmente estas terras e cidades, tendo destituído de modo inconveniente e pouco cristão o verdadeiro dono do reino de Portugal (a qual pertence o Brasil) (...) há razões de sobra para esperar a assistência da Divina Justiça na obra da Companhia no Brasil, que pertence à Coroa Portuguesa. (...) (Ian Moerbeeck, 1624.) FREIRE, Américo, Marly Silva da Motta e Dora Rocha - História em Curso, O Brasil e suas relações com o mundo Ocidental - Ed. Do Brasil/Fundação Getúlio Vargas/CPDOC - pg 77. O trecho demonstra um momento da História brasileira, na primeira metade do século XVII, quando o Brasil a) enfrenta diversas invasões estrangeiras, destacando-se os holandeses em Pernambuco e os franceses no Rio de Janeiro, através do que ficou conhecido como França Equinocial. b) devido à chamada União Ibérica, passa a enfrentar, entre outros aspectos, a invasão dos holandeses, que buscavam ocupar as áreas de produção de açúcar. c) sofre constantes ataques piratas dos ingleses em Santos e Recife, com a finalidade de saquear a produção açucareira e estabelecer colônias nestas regiões. d) devido à União Ibérica, enfrenta diversas invasões estrangeiras, podendo-se citar a dos Franceses no Maranhão, na ocupação que ficou conhecida como França Antártica. e) passa a sofrer um aumento abusivo de impostos, devido à União Ibérica, estimulando revoltas de colonos e adesões aos invasores holandeses, ingleses e franceses no Brasil. Comentários - As alternativas A e D estão incorretas. A colônia francesa instalada no Rio de Janeiro recebeu o nome de França Antártica, que perdurou entre os anos de 1555 e 1560. Após serem expulsos da Baía de Guanabara, os franceses tentaram implementar, em 1612, uma colônia na região no Maranhão, batizada de França Equinocial. - A alternativa B é a resposta. A partir da União Ibérica, período que vai 1580 e 1640, foi marcado pela submissão de Portugal à Coroa espanhola, que impõe aos lusos o fim do comércio com os holandeses. Isso atrapalhava a participação desses estrangeiros no refino e comércio do açúcar, o motivando-os a ocupar a área voltada ao fabrico do produto. - A alternativa C está incorreta. Piratas ingleses chegaram a promover saques de açúcar em Santos, mas não foram realizados ataques em Recife. - A alternativa E está incorreta. Embora os invasores holandeses tenham logrado êxito em conquistar o apoio das elites açucareiras em Pernambuco, franceses e ingleses não contaram com a cooperação dos colonos em suas incursões pelo território brasileiro. Gabarito: B 12. (2006/Colégio Naval) Quando esteve em São Vicente, no ano de 1532, Martin Afonso recebeu uma carta do rei anunciando a decisão de promover o povoamento do Brasil com a implantação de um sistema que já havia sido utilizado com êxito nas ilhas portuguesas do Atlântico. O comentário acima refere-se ao Sistema de Capitanias Hereditárias por meio do qual Prof. Marco Túlio Aula 00: Curso de História para Colégio Naval 2022 AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 84 a) tinha-se a finalidade de organizar a ocupação territorial, dividindo o território em áreas subordinadas a um Governador Geral. b) o governo português, em parceria financeira com o capital privado, executaria todo o processo de colonização da terra. c) o governo português transferia para os donatários a responsabilidade financeira da colonização da terra. d) o governo português buscava estabelecer uma ocupação territorial com o poder político centralizado para melhor controlar a colônia. e) organiza-se a ocupação do território a partir da criação de comunidades politicamente independentes em relação ao Estado Português. Comentários - A alternativa A está incorreta, afinal o governo geral só foi implementado no Brasil em 1548, em resposta ao fracasso do sistema de capitanias hereditárias. - A alternativa B está incorreta, afinal o processo de ocupação da terra foi entregue à particulares, chamados de capitães-donatários. - A alternativa C é a resposta. Em 1534, a Coroa portuguesa replicou o sistema de colonização empregado nas ilhas de Açores e da Madeira na América, denominado capitanias-hereditárias. O território foi dividido em extensas faixas de terras, as capitanias, e entregues a particulares para que pudessem povoá- las com seus próprios recursos. - A alternativa D está incorreta. Após boa parte das capitanias hereditárias não apresentarem o resultado esperado, a Coroa criou o governo geral, que centralizava a administração na Colônia em Salvador. Com isso, o governador geral passava a ser a maior autoridade em solo colonial, dispondo de atribuições militares (defesa da Colônia), administrativas (gerir as finanças da Colônia), judiciárias (nomear quadros da Justiça) e eclesiásticas (nomear sacerdotes). - A alternativa E está incorreta, afinal todos os povoamentos criados na América Portuguesa respondiam à metrópole. Gabarito: C 13. (2004/Colégio Naval) Assinale as afirmativas abaixo, em relação aos Tratados assinados entre Portugal e Espanha sobre as terras do "novo mundo" encontradas durante a expansão marítima. I - A descoberta dessas novas terras gerou polêmica entre Portugal e Espanha quanto à sua posse, cabendo ao Papa Bonifácio IV desempenhar o papel de árbitro internacional. II - Em 1491, foi proclamada a Bula Intercoetera, segundo a qual seria traçada uma linha imaginária, a partir da Ilha da Madeira, 100 léguas em direção ao Ocidente. III- Em 1494, celebrou-se o Tratado de Tordesilhas, que determinava a distância para 370 léguas a partir do Arquipélogo de Cabo Verde. IV - O Tratado de Tordesilhas demarcou os direitosde exploração dos países ibéricos, tendo como elemento propulsor o desenvolvimento da expansão marítima e comercial. V - A consolidação do reino português, por meio da exploração das especiarias africanas e a formação do exército nacional foram estimulados pelo Tratado de Tordesilhas. Assinale a opção correta. a) As afirmativas I, II e V são verdadeiras. b) As afirmativas II e V são verdadeiras. Prof. Marco Túlio Aula 00: Curso de História para Colégio Naval 2022 AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 85 c) As afirmativas III e IV são verdadeiras. d) Apenas a afirmativa II é verdadeira. e) Apenas a afirmativa V é verdadeira. Comentários - A afirmativa I está incorreta, afinal os acordos entre Portugal e Espanha foram mediados pelo papa Alexandre VI. - A afirmativa II está incorreta, pois a bula papal traçava uma linha imaginária a partir da Ilha de Açores. - A afirmativa III está correta. Insastisfeito com a Bula Intercoetera, Portugal sugeriu a criação de uma nova linha imaginária, situada a 370 léguas de Cabo Verde. Dessa forma, os lusos também poderiam garantir sua porção de terras no Novo Mundo, o que foi acatado pelos espanhóis. Em 7 de junho de 1494 foi assinado o Tratado de Tordesilhas, que designou terras a leste para Portugal e a oeste para Espanha. - A afirmativa IV está correta, afinal o Tratado de Tordesilhas dividiu entre as monarquias ibéricas os domínios alcançados durante as Grandes Navegações. - A afirmativa V está incorreta, pois o Tratado de Tordesilhas não estipulava a formação de exércitos nacionais, mas a divisão dos territórios que compunham os Impérios ultramarinos ibéricos. Estando corretas as afirmativas III e IV, a alternativa C é a resposta. Gabarito: C 14. (2004/Colégio Naval) A crise de sucessão portuguesa originada com a morte do rei D. Sebastião, na Batalha de Alcácer-Quibir e continuada com a morte de seu substituto, o Cardeal D. Henrique, sem deixar sucessor direto, resultou na conquista de Portugal por Felipe II, em 1580. Esse fato ficou conhecido como a) Revolução de Avis, que pôs fim a dinastia de Borgonha e deu início a um novo período em Portugal resultando na expansão marítima e comercial. b) Guerra de Reconquista, luta entre cristãos e muçulmanos onde o Reino de Portugal estava envolvido, levando à morte do monarca. c) Juramento de Tomar, com a morte do rei português a Espanha assume o monopólio do comércio colonial português, e coloca toda a administração do Brasil nas mãos de espanhóis. d) A Revolução do Porto, onde camponeses, artesãos, funcionários públicos e militares, liderados pela burguesia comercial do Porto exigem a volta da monarquia portuguesa ao poder. e) União Ibérica, unificação de Portugal e Espanha devido à vacância do trono português, originada pela morte do cardeal D. Henrique. Comentários - A alternativa A está incorreta. A Revolução de Avis foi um processo que contribuiu para a centralização política de Portugal, mas que antecedeu a morte de D. Sebastião. - A alternativa B está incorreta, pois a Batalha de Alcácer-Quíbir, na qual faleceu D. Sebastião, foi posterior ao processo de Reconquista da península ibérica, concluído em 1492, com a tomada de Granada. - A alternativa C está incorreta, afinal o Juramento de Tomar foi um documento em que o rei Felipe II se comprometia a resguardar certas prerrogativas em relação à administração colonial para os portugueses. Prof. Marco Túlio Aula 00: Curso de História para Colégio Naval 2022 AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 86 - A alternativa D está incorreta. A Revolução do Porto foi um processo irrompido em 1821, que demandava o retorno de D. João VI para Portugal e sua submissão às Cortes. O movimento implantou uma monarquia constitucional em Portugal. - A alternativa E é resposta. Em 1578, o rei português D. Sebastião foi morto em combate contra os árabes no Marrocos, durante a Batalha de Alcácer-Quibir. Ele foi sucedido pelo tio-avô, D. Henrique, que falece dois anos depois e sem deixar herdeiros diretos. A partir daí, inicia-se uma disputa pela sucessão do trono de Portugal, da qual saiu vitorioso o monarca Filipe II de Espanha e que se torna rei das duas monarquias ibéricas. O período que vai 1580 e 1640, quando os reis espanhóis acumularam as coroas dos dois Estados da península, ficou conhecido entre os historiadores como União Ibérica. Gabarito: E 15. (2004/Colégio Naval) "As invasões holandesas que ocorreram no século XVII foram o maior conflito político-militar da Colônia. Embora concentradas no nordeste, elas não se resumiram a um simples episódio regional. Ao contrário, fizeram parte do quadro das relações internacionais entre os países europeus, revelando a dimensão da luta pelo controle do açúcar e das fontes de suprimento de escravos. [...] O ataque a Pernambuco se iniciou em 1630, com a conquista de Olinda. A partir desse episódio, a guerra pode ser dividida em três períodos distintos. [...] O segundo período,entre 1637 e 1644, caracteriza-se por relativa paz, relacionada com o governo do príncipe holandês Maurício de Nassau, que foi o responsável por uma série de importantes iniciativas políticas e realizações administrativas." (Fausto, Boris. História do Brasil. São Paulo: Edusp, 2004.p.84 e 85.) São características do governo Maurício de Nassau, EXCETO: a) concessão de créditos aos senhores de engenho. b) investimentos em obras urbanas, sendo construídas pontes e obras sanitárias. c) criação da cidade de Maurícia, hoje um bairro da capital pernambucana. d) a intolerância religiosa, pois Nassau que era calvinista, perseguiu outros segmentos religiosos. e) estímulo à vinda de artistas, naturalistas, médicos e astrônomos. Comentários - A alternativa A está correta. Assim que pisou na capitania de Pernambuco, Maurício de Nassau começou a trabalhar para a recuperação da região, vendendo a crédito engenhos abandonados por senhores que fugiram para a Bahia. - A alternativa B está correta. Nassau promoveu melhorias urbanas em Recife, tais como o calçamento de ruas e a construção de pontes, proibiu o descarte de lixo nas vias públicas e o despejo do bagaço da cana nos rios. - A alternativa C está correta, afinal Maurícia corresponde à parte da capital pernambucana. - A alternativa D está incorreta, afinal Nassau implantou a liberdade religiosa em Pernambuco, permitindo católicos e judeus professarem livremente suas crenças, o que fez surgir em Recife a primeira sinagoga da América Portuguesa. - A alternativa E está correta. Botânicos e médicos se dedicaram a estudar a fauna, flora e as doenças tropicais que assolavam os colonos, enquanto artistas patrocinados por Nassau registraram o cotidiano na colônia, suas paisagens e as populações indígenas. Gabarito: D 16. (2018/Colégio Naval) Prof. Marco Túlio Aula 00: Curso de História para Colégio Naval 2022 AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 87 Leia o texto abaixo e responda a pergunta a seguir. [...] Além da capitania, em 1541 foi instalada a vila de Olinda, com a repetição de todas as formalidades de São Vicente: títulos de sesmarias, lista de homens bons aptos a votar, eleição de vereadores, alternância no poder. [...] Em Pernambuco passou a funcionar de maneira efetiva a autoridade do donatário, em dois sentidos, No das receitas, implantou cobrança de impostos, inclusive com repasses ao rei, e tais recursos financiavam serviços delegados ao donatário, como o de atuar como instância mais alta que o Judiciário da vila e o de controlar a vida civil. (CALDEIRA, Jorge. História da Riqueza no Brasil. Rio de Janeiro: Estação Brasil, 2017.) De acordo com o texto é correto afirmar que o autor buscou descrever as medidas que: a) levaram a capitania de Pernambuco a prosperar. b) causaram o impasse político responsável pela Guerra dos Mascates. c) levaram o sistema de capitanias hereditárias a fracassar. d) causaram o impasse político gerador da InsurreiçãoPernambucana. e) transformaram as capitanias hereditárias em governo-geral. Comentários - A alternativa A é a resposta. Embora tenha fracassado em muitas partes do país, o sistema de capitanias hereditárias implementado em 1534 logrou êxito em Pernambuco e São Vicente. - A alternativa B está incorreta, afinal a Guerra dos Mascates foi uma reação das elites açucareiras de Olinda à elevação de Recife à condição de vila. - A alternativa C está incorreta, pois descreve uma realidade onde o sistema de capitanias funcionou, a região de São Vicente. - A alternativa D está incorreta, pois a Insurreição Pernambucana foi um movimento que levou à expulsão dos holandeses do Brasil. - A alternativa E está incorreta, afinal o governo-geral foi um sistema que coexistiu com as capitanias- hereditárias até a Era Pombalina. Gabarito: A 17. (2007/Colégio Naval) No ano de 1494, portugueses e espanhóis assinavam o Tratado de Tordesilhas partilhando o mundo entre eles, fato que posteriormente recebeu a crítica da França, Inglaterra e Países Baixos, entre outros que passaram a questionar a exclusividade da partilha do mundo entre as nações ibéricas. Entre os fatores que demonstram tal questionamento pode-se citar a a) frequente presença holandesa em terras brasileiras questionando a soberania portuguesa através do intenso comércio do açúcar praticado na capitania de Pernambuco. b) presença francesa no Maranhão ocasionando, entre outros aspectos, a fundação da cidade de São Luís no final do século XVI. c) presença inglesa, principalmente através de piratas financiados pelo governo inglês, os quais por várias vezes tentaram estabelecer colônias nas terras brasileiras. d) invasão holandesa no Recife motivada unicamente pelos conflitos que tinha com a Espanha. e) presença frequente de franceses nos primeiros momentos da colonização portuguesa, destacando a criação da França Antártica no Rio de Janeiro. Prof. Marco Túlio Aula 00: Curso de História para Colégio Naval 2022 AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 88 Comentários - A alternativa A está incorreta, afinal a participação dos holandeses na empresa açucareira foi inicialmente permitida pelos portugueses, que não dispunham de técnicas de refino do produto. - A alternativa B está incorreta, pois São Luís foi fundada em 1612, no século XVII. - A alternativa C está incorreta, afinal as incursões inglesas não objetivavam fundar colônias, mas saquear o litoral brasileiro. - A alternativa D está incorreta, pois as invasões holandesas tinham em conta principalmente interesses econômicos dos holandeses no negócio açucareiro. - A alternativa E é a resposta. O rei francês Francisco I, ao saber da assinatura do Tratado de Tordesilhas, teria comentado: “gostaria de ver a cláusula do testamento de Adão que me afastou da partilha do mundo”. Sem reconhecer a legitimidade do acordo, os franceses buscaram assegurar seus territórios na América, invadindo domínios coloniais dos portugueses. Gabarito: E 18. (2017/Colégio Naval) Leia o texto a seguir. Eleito Jerônimo de Albuquerque por capitão-mor da conquista do Maranhão, como temos dito, se foi logo às aldeias do nosso gentio pacífico, e por lhes saber falar bem a língua, e o modo com que se levam, ajuntou quantos quis: contarei só do que houve em uma aldeia, para que se veja a facilidade com que se leva este gentio de quem os entende e conhece, e foi que pôs a uma parte bom feixe de arcos, e flechas, a outra outro de rocas, e fusos, e mostrando-Ihos lhes disse: “Sobrinhos, eu vou à guerra, estas são as armas dos homens esforçados e valentes, que me hão de seguir; estas das mulheres fracas, e que hão de ficar em casa fiando; agora quero ouvir quem é homem, ou mulher". As palavras não eram ditas, quando se começaram todos a desempunhar, e pegar dos arcos, e flechas, dizendo que eram homens, e que partissem logo para a guerra; ele os quietou, escolhendo os que havia de levar, e que fizessem mais flechas, e fossem esperar a armada ao Rio Grande, onde de passagem os iria tomar. (...) Feito isto se embarcaram todos dia de S. Bartolomeu, 24 de agosto da era de 1614 anos, em uma caravela, dois patachos e cinco caravelões (...) (Frei Vicente do Salvador) É correto afirmar que o relato do Frei Vicente do Salvador está relacionado à retomada do território que ficou conhecido como a) França Equinocial. b) França Antártica. c) Brasil holandês. d) Quilombo dos Palmares. e) Cisplatina. Comentários - A alternativa A é a resposta. Após serem expulsos pelos portugueses da Baía de Guanabara, os franceses empreenderam uma nova invasão ao Maranhão, onde fundaram a chamada França Equinocial. A iniciativa foi comandada por Daniel de la Touche, e teve a duração de três anos (1612-1615). - A alternativa B está incorreta. Em 1555, os franceses invadiram a América Portuguesa e fundaram o forte Coligny, em uma das ilhas da baía de Guanabara, Rio de Janeiro. A colônia francesa, chamada de França Antártica, durou apenas cinco anos, sendo derrotada pelo terceiro-governador geral, Mem de Sá, em 1560. Prof. Marco Túlio Aula 00: Curso de História para Colégio Naval 2022 AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 89 - A alternativa C está incorreta, pois a ocupação dos holandeses no Nordeste se deu entre os anos de 1630 e 1654, coordenada pela Companhia das Índias Ocidentais. - A alternativa D está incorreta, pois Palmares não foi um território tomado por estrangeiros, mas uma comunidade de resistência organizada por escravizados e seus descendentes. - A alternativa E está incorreta, pois a Cisplatina foi ocupada pelos portugueses a partir do período joanino, entre 1811 e 1812. O território foi anexado ao Brasil no contexto da independência, porém obteve sua emancipação por meio da Guerra da Cisplatina (1825-1828), quando se tornou a Banda Oriental do Uruguai. Gabarito: A 19. (2006/Colégio Naval) No que se refere a Duarte da Costa, o segundo governador geral do Brasil, pode-se citar, entre as características do seu governo, a) a expulsão dos franceses e, consequentemente, a fundação da cidade do Rio de Janeiro. b) o apaziguamento da chamada Confederação dos Tamoios, utilizando-se da ajuda dos Jesuítas, entre eles José de Anchieta. c) a inabilidade em se relacionar com membros da igreja e a incapacidade de impedir a invasão francesa no Rio de Janeiro. d) o incentivo à agricultura e à pecuária por meio de vultosos empréstimos aos senhores de engenho. e) o estímulo à vinda de jesuítas com a finalidade de intensificar o processo de catequese sobre as comunidades indígenas. Comentários - A alternativa A está incorreta, afinal a expulsão dos franceses ocorreu durante o governo do terceiro governador-geral do Brasil, Mem de Sá, em 1624. - A alternativa B está incorreta, afinal a chamada Confederação dos Tamoios também foi combatida durante a gestão de Mem de Sá, contando com o apoio dos aliados tupiniquim. - A alternativa C é a resposta. A gestão de Duarte da Costa foi marcada por conflitos com o bispo D. Pedro Fernandes Sardinha e com os jesuítas, contrários à omissão do governador-geral diante da escravidão indígena. Além disso, foi durante o seu governo que ocorreu a fundação da França Antártica na baía de Guanabara. - A alternativa D está incorreta, afinal empréstimos aos senhores de engenho são comumente associados à gestão de Maurício de Nassau, representante da Companhia das Índias Ocidentais no Brasil. - A alternativa E está incorreta. Embora o governo de Duarte da Costa tenha sido marcado pela vinda de jesuítas, a catequização dos nativos não foi apoiada, o que levou a desentendimentos com os missionários. Gabarito: C 20. (2004/Colégio Naval) Os trinta anos que vão da chegada de Cabral à de Martin Afonso de Sousa, 1500-1530 no Brasil, é denominado período pré-colonial. Qual das opções abaixo, apresenta características desse período? a) De 1500 a 1530 a economia brasileira gravitou em torno da extraçãode especiarias conhecidas como "Drogas do Sertão". Os indígenas traziam para as feitorias no litoral e faziam o escambo com portugueses dessas "especiarias brasileiras". Prof. Marco Túlio Aula 00: Curso de História para Colégio Naval 2022 AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 90 b) A carta de Pero Vaz de Caminha aguçou a cobiça dos portugueses pela riqueza. O que propiciou uma imediata ocupação do território colonial brasileiro com o objetivo de explorar as riquezas, aqui, existentes. c) Durante esse período o Brasil não sofreu invasões de outras nações, pois Portugal organizou várias expedições guarda-costas, como as de Cristóvão Jacques, o que inibiu a tentativa de invasão por parte dessas nações. d) A economia pré-colonial centrou-se no pau-brasil. A extração do pau-brasil foi declarada estanco, onde o primeiro arrendatário foi Fernão de Noronha. e) O ciclo do pau-brasil foi utilizado para colonizar a terra, principalmente no nordeste, o que permitiu o início da exploração agrícola pelos portugueses fixando o colono à terra. Comentários - A alternativa A está incorreta, afinal a exploração das drogas do sertão se deu no período colonial, sobretudo a partir do século XVII. - A alternativa B está incorreta, afinal a ocupação dos portugueses foi iniciada por meio da expedição de Martim Afonso de Souza, em 1530. - A alternativa C está incorreta, pois as expedições de Cristóvão Jacques foram organizadas em resposta às invasões empreendidas por estrangeiros na costa, principalmente franceses. - A alternativa D é a resposta. Em 1502, os portugueses iniciaram a exploração do pau-Brasil, árvore já utilizada na Europa para a extração de um corante de cor avermelhada, com o qual eram tingidos os tecidos. Tendo em vista seu alto valor comercial, a Coroa estabeleceu o monopólio real sobre a exploração da madeira, chamado de estanco, o que não impediu que navegadores espanhóis, ingleses e franceses desafiassem o Tratado de Tordesilhas para contrabandear o produto para seus respectivos países. O monopólio de exploração do pau-brasil esteve nas mãos de Fernando de Noronha, entre 1503 e 1505. - A alternativa E está incorreta, afinal a exploração do pau-brasil não era acompanhada por esforços de ocupação da terra nas três primeiras décadas do século XVI. Gabarito: D 21. (2004/Colégio Naval) Foi por meio do "Regimento de 1548", que se instalou e se regulamentou um novo sistema político na colônia portuguesa: o Governo Geral. Em que contexto se inseriu a criação do Governo Geral, no Brasil? a) Na tentativa de centralizar o poder e a administração pública, no fracasso econômico do sistema de capitanias hereditárias, na vulnerabilidade do Brasil às investidas estrangeiras e na inviabilidade de se promover a colonização com recursos particulares. b) Na grande expansão econômica e comercial que Portugal estava passando, devido à intensificação do comércio com o oriente, especialmente com a Índia, o que permitiu uma acumulação de capital por parte da coroa portuguesa para investir no Brasil. c) Na extinção das capitanias hereditárias devido ao insucesso a que elas se submeteram, precisando assim a coroa portuguesa criar uma nova forma de administração para a colônia. d) No equilíbrio da Balança comercial portuguesa, devido à extração do ouro na região de Minas Gerais, o que permitiu acumular capital suficiente para investir na estrutura da administração colonial. e) Na intenção da coroa portuguesa em se desfazer do monopólio real sobre a extração do pau-brasil, dando a incumbência ao Governador-Geral de transferir a comercialização desse produto para as mãos das companhias comerciais. Comentários Prof. Marco Túlio Aula 00: Curso de História para Colégio Naval 2022 AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 91 - A alternativa A é a resposta. Diante do fracasso do sistema de capitanias-hereditárias, ineficaz no estímulo ao desenvolvimento de atividades econômicas e de ocupação do solo, a Coroa lusa implementou o governo-geral, que centralizou a administração e tomou as rédeas do processo de colonização. Coube aos governadores o comando militar e defesa da Colônia, conduzir as finanças da América lusa, nomear os quadros da Justiça e os sacerdotes das paróquias. - A alternativa B está incorreta, afinal a ocupação da América Portuguesa se deu em um momento de crise do comércio estabelecido com as Índias. - A alternativa C está incorreta, afinal o governo-geral coexistiu com as capitanias-hereditárias, que só foram extintas durante o governo pombalino, em 1759. - A alternativa D está incorreta, afinal a exploração aurífera ocorreu em um contexto posterior à implementação dos governos-gerais, ao final do século XVII. - A alternativa E está incorreta, afinal a Coroa continuou a dispor do estanco sobre a extração do pau- brasil no contexto do governo-geral, porém se buscava o desenvolvimento de outras atividades econômicas no período. Gabarito: A 22. (CN/2004) "O Brasil é um Dom do açúcar". Essa frase é atribuída a Antonil, um jesuíta toscano, que visitou as terras brasileiras no século XVI. Sua impressão não poderia ser outra: a metrópole portuguesa parecia disposta a transformar o Brasil num imenso canavial. A produção açucareira tornava-se o objetivo principal da coroa portuguesa, pois o pacto colonial estruturava as relações entre a colônia e a metrópole de maneira a canalizar todo o lucro do açúcar para Portugal. Foram vários os motivos que levaram Portugal a investir no açúcar. Assinale a opção que NÃO representa um desses motivos a) Os portugueses tinham experiência anterior, com a expansão marítima e comercial, pois, durante este processo, povoaram algumas ilhas do Atlântico com Madeira, Açores e Cabo Verde, onde iniciaram a cultura da cana. b) As condições naturais da colônia eram propícias. O litoral nordestino brasileiro possuía clima quente e úmido, além do solo massapê, ambos muito propícios ao plantio da cana-de-açúcar. c) Havia procura no mercado europeu. A colonização só interessaria à coroa portuguesa se baseada num produto de ampla aceitação no mercado consumidor europeu. O açúcar preenchia esse requisito. d) Dada a rentabilidade da empresa açucareira havia a possibilidade de investimentos de capitais holandeses para refino, distribuição, importação de mão-de-obra escrava. e) Exigência da Inglaterra para que Portugal explorasse a cana-de-açúcar no Brasil, pois com a produção sendo feita em colônias portuguesas, os ingleses garantiriam sua compra por preços mais baixos. Comentários Questão sobre o complexo açucareiro. Vejamos: - A alternativa A é correta, a expansão marítima portuguesa teve em suas possessões nas ilhas do Atlântico um ponto estratégico para a implantação de sistema de exploração comercial, o açúcar. - A alternativa B é correta, o massapê é um solo muito fértil excelente para a produção agrícola, e se encontra em abundância na região do nordeste, principalmente em Pernambuco. Tendo sido muito importante para a implantação da economia do açúcar. Prof. Marco Túlio Aula 00: Curso de História para Colégio Naval 2022 AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 92 - A alternativa C é correta, a produção colonial, principalmente, do açúcar era voltada para o mercado externo. No contexto de exploração marítima e da busca por especiarias, o açúcar era um produto bastante requisitado no mercado europeu. - A alternativa D é correta, os holandeses desempenharam um papel importante na consolidação da economia açucareira. Investiam capital no negócio e funcionavam como atravessadores e intermediários no processo. - A alternativa E é incorreta, pois a implantação da economia do açúcar no Brasil se baseou nas experiências portuguesas em suas colônias nas ilhas atlânticas. Gabarito: E 23. (EsFCEx – Exército Brasileiro – CFO/QC / 2019) A respeito da ocupação territorial da Capitania de São Vicente e do contato dos portugueses com os nativos, analiseas afirmativas a seguir: I. Ao chegarem a São Vicente, os primeiros portugueses, reconhecendo de imediato a importância fundamental da guerra nas relações intertribais, procuraram tirar proveito delas para efetivarem a ocupação da terra. II. Considerando o estado de união política que imperava no Brasil indígena, as perspectivas de conquista, dominação e exploração passariam por alianças forjadas por rivalidades que não havia entre os nativos, o que levaria ao rompimento de sua unidade e, consequentemente, à sua total aniquilação. III. Aos olhos dos invasores, a presença de um número considerável de prisioneiros de guerra prometia um possível mecanismo de suprimento de mão de obra cativa para os eventuais empreendimentos coloniais. IV. Os índios percebiam vantagens imediatas na formação de alianças com os europeus, particularmente nas ações bélicas conduzidas contra os inimigos mortais. Assinale A) se apenas as afirmativas I, II e III estiverem corretas. B) se apenas as afirmativas II, III e IV estiverem corretas. C) se apenas as afirmativas I, III e IV estiverem corretas. D) se apenas as afirmativas I, II e IV estiverem corretas. E) se todas as afirmativas estiverem corretas. Comentários - A afirmativa I está correta, afinal os portugueses se utilizaram das rivalidades pré-existentes entre os povos indígenas para facilitar o processo de conquista. Dessa maneira, se aliavam a povos que aceitaram a colonização para combater aqueles que se opunham. - A afirmativa II está incorreta, afinal não havia uma unidade entre os indígenas antes da conquista portuguesa na América. Em verdade, o antagonismo existente entre determinados povos em muito contribuiu para o processo de colonização, na medida em que os portugueses se aliaram a alguns grupos para combater outros, tendo como base as rivalidades pré-existentes. - A afirmativa III está correta, afinal a escravidão indígena foi largamente praticada no período, sendo os nativos empregados nas lavouras e em outras atividades produtivas da Colônia. - A afirmativa IV está correta, uma vez que uma aliança com os lusos poderia significar para os nativos possibilidade de aniquilamento de grupo rival. Estando corretas as afirmativas I, III e IV, a alternativa C é a correta. Prof. Marco Túlio Aula 00: Curso de História para Colégio Naval 2022 AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 93 Gabarito: C 24. (Exército - 2013 - EsFCEx - Oficial - Informática) As afirmativas abaixo tratam do sistema de capitanias hereditárias e do estabelecimento do governo geral na América portuguesa. Analise-as e marque a opção correta. I. Entre as motivações para a criação do sistema administrativo de governo geral nas possessões portuguesas da América estava o risco de perda de parte do território para os franceses. II. A criação do sistema de capitanias hereditárias, implantado na América portuguesa durante a década de 1530, foi uma decisão que provocou um acelerado crescimento populacional e produtivo na região em poucas décadas. III. Entre as prerrogativas entregues pelo rei de Portugal aos capitães donatários, encontravam-se a de doar terras, a de reter para si parte da renda da produção e a de monopolizar a justiça, o que incluía o poder de condenar à morte em certos casos. A) somente I é correta. B) somente II é correta. C) somente III é correta. D) somente I e II são corretas. E) somente I e III são corretas. Comentários - A afirmativa I está correta. Diante dos sucessivos ataques franceses na América Portuguesa, a Coroa deu início ao processo de ocupação do território a partir de 1530, com a expedição de Martim Afonso de Souza. Pouco tempo depois, criou o sistema de capitanias hereditárias, que dividiu o território brasileiro em extensas faixas de terra e as entregou a particulares, que eram encarregados, dentre outras atribuições, de proteger o território de invasores estrangeiros. - A afirmativa II está incorreta, afinal somente Pernambuco e São Vicente prosperaram a partir da criação do sistema de capitanias hereditárias. Dessa maneira, o território da América Portuguesa prevaleceu predominante desocupado nos séculos seguintes. - A afirmativa III está correta. Os capitães-donatários, todos fidalgos, funcionários da Coroa e comerciantes portugueses, eram encarregados de proteger o território de invasores estrangeiros, explorá-lo economicamente e exercer o poder de justiça. Estando corretas as afirmativas I e III, a alternativa E é a resposta. Gabarito: E 25. (Exército - 2013 - EsFCEx - Oficial - Informática) No contexto colonial, a escravidão indígena foi limitada por diversos fatores. Sobre o tema, analise as afirmativas abaixo e marque a opção correta I. Entre os fatores limitadores da escravidão indígena, não está presente qualquer posição da Coroa Portuguesa. II. Os índios que de fato reagiram à escravidão foram aqueles que habitavam as regiões mais distanciadas do litoral. III. Um dos fatores que desencadearam a expulsão dos jesuítas da América Portuguesa no século XVIII foi a sua resistência ao uso da mão-de-obra indígena pelos colonos. Prof. Marco Túlio Aula 00: Curso de História para Colégio Naval 2022 AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 94 (A) Somente I é correta. (B) Somente II é correta. (C) Somente III é correta. (D) Somente I e II são corretas. (E) Somente II e III são corretas. Comentários - A afirmativa I está incorreta. Em 1570, uma normativa real regulamentou o cativeiro indígena, que só poderia ser realizado por meio de “guerra justa”, ou seja, a partir dos conflitos autorizados pela Coroa ou pelo governador contra os povos hostis ao projeto colonizador. - A afirmativa II está incorreta, afinal indígenas do litoral e do sertão reagiram ao processo de colonização português na América. - A afirmativa III é a resposta. Os jesuítas se opuseram à escravização dos nativos, causando atritos com os colonos. Com o passar do tempo, eles passaram a dispor de grande autoridade em solo colonial, levando o Marquês de Pombal a expulsá-los do território. Gabarito: C 26. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio) “[...] Nela, até agora, não pudemos saber se há ouro, nem prata, nem coisa alguma de metal ou ferro nem o vimos. [...] Em tal maneira e graciosa [a terra] que querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo, por causa das águas que tem. [...] " (Pero Vaz de Caminha) (CORTESÃO, Jaime. A Carta de Pero Vaz de Caminha. In: GASMAN, Lidinéa. Documentos Históricos Brasileiros. Rio de Janeiro, Fename, 1976, pp. 23-4) O relato de Pero Vaz de Caminha, escrivão da armada cabralina, foi enviado à Coroa portuguesa para informar o cenário “descoberto” nos territórios estipulados para Portugal pelo Tratado de Tordesilhas. Acerca da relação estabelecida entre Portugal e a América Portuguesa nas três décadas subsequentes, é correto afirmar que: a) foi marcada pela promoção de esforços de ocupação do Brasil por Portugal, com o intuito de conter os sucessivos ataques estrangeiros. b) a Coroa, cujos interesses se voltavam para as especiarias orientais, entregou a responsabilidade de ocupação da terra a terceiros. c) a ausência de produtos de valor comercial no mercado europeu fez com que o território brasileiro fosse mantido em estado de relativo abandono. d) as populações nativas foram utilizadas para a exploração dos recursos encontrados pelos portugueses no litoral do território, recebendo mercadorias em troca. e) a inexistência de mão de obra qualificada para o desempenho de atividades agrícolas impediu a ocupação imediata da terra. Comentários - A alternativa A está incorreta, afinal a colonização efetiva do Brasil só ocorreu a partir de 1530. - A alternativa B está incorreta, pois o sistema de capitanias hereditárias a qual ela faz alusão foi implementado em 1534. Prof. Marco Túlio Aula 00: Curso de História para Colégio Naval 2022 AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 95 -A alternativa C está incorreta, afinal certos itens encontrados no Brasil apresentavam certo valor comercial no mercado europeu, especialmente o pau-brasil. - A alternativa D é a resposta, uma vez que descreve o sistema de escambo, que norteou a exploração da mão de obra indígena durante o período pré-colonial (1500-1530). - A alternativa E está incorreta, afinal a mão de obra indígena foi utilizada em atividades agrícolas no período colonial. Gabarito: D 27. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio) Com base em seus conhecimentos sobre os primeiros contatos entre europeus e indígenas no Brasil, assinale a alternativa correta. A) A população indígena era heterogênea e os conflitos entre os diferentes grupos existentes contribuíram para definir, levando em conta suas lógicas e interesses, a dinâmica dos seus contatos com os conquistadores. B) Os indígenas, ao tomarem ciência das rivalidades existentes entre portugueses e espanhóis, souberam se utilizar delas para amenizar a força do projeto colonizador e mantê-los à parte dos conflitos étnicos pré-existentes. C) A aliança entre os chamados tamoios e tupiniquins fez com que os ameríndios pudessem fazer a mediação entre portugueses e franceses e amenizar as disputas pelo domínio do território brasileiro. D) Os europeus souberam se aproveitar do atraso cultural e da inferioridade bélica dos povos situados no Novo Mundo para conquistá-los por meio das armas e estabelecer o domínio colonial e a fé cristã. E) As etnias indígenas mantinham relações marcadas pela cordialidade até a chegada dos europeus, que passaram a incentivar conflitos interétnicos com o intuito de enfraquecê-las e estabelecer o controle do território. Comentários ▪ A alternativa A é a resposta. A conquista do Brasil pelos europeus não se deu apenas por meio das armas, mas por meio de alianças com os povos nativos, levando em conta conflitos pré-existentes e os seus interesses. ▪ A alternativa B está incorreta, afinal os indígenas não exerceram qualquer mediação nas disputas entre europeus pelo domínio colonial do Brasil, ainda que alguns povos tenham se aliado a franceses contra os portugueses, e vice-versa. ▪ A alternativa C está incorreta, pois os tamoios e tupiniquins eram rivais históricos. ▪ A alternativa D está incorreta, pois os indígenas não eram atrasados culturalmente, mas apresentavam formas de organização social distinta das de seus conquistadores. ▪ A alternativa E está incorreta, pois os povos indígenas do Brasil possuíam diversos conflitos antes da chegada dos portugueses. Gabarito: A 28. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio) As atitudes dos índios em relação aos colonizadores não se reduziram, absolutamente, à resistência armada, à fuga e à submissão passiva. Houve diversas formas de [...] resistência adaptativa, através das quais os índios encontraram formas de sobreviver e garantir melhores condições de vida na nova situação Prof. Marco Túlio Aula 00: Curso de História para Colégio Naval 2022 AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 96 em que se encontravam. Colaboraram com os europeus, integraram-se à colonização, aprenderam novas práticas culturais e políticas e souberam utilizá-las par a obtenção das possíveis vantagens que a nova condição permitia. ALMEIDA, Maria Regina Celestino de. Os índios na história do Brasil. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2010. p. 23. O texto oferece uma descrição sobre as relações estabelecidas entre povos indígenas e colonizadores na América Portuguesa, das quais é destacado(a) a) o extermínio cultural dos povos indígenas, resultado do processo de aculturação promovido pela imposição da fé católica pela Coroa e a formação de reduções jesuíticas. b) que nem todos os grupos indígenas eram hostis aos colonizares, de maneira que muitas nações se aliaram à Coroa para combater estrangeiros e outros grupos nativos. c) os portugueses preferiam ter as nações indígenas ao seu lado, e não lutando contra eles, daí a adoção de uma política de reconhecimento dos povos encontrados no Brasil. d) a dizimação dos povos ameríndios pelas guerras de conquista durante os séculos XVI e XVII, seguida pela submissão total dos grupos remanescentes aos colonizadores lusos. e) a formação de novas identidades culturais pela mistura de elementos nativos e portugueses, sendo uma consequência disso o desaparecimento das identidades étnicas pré-existentes. Comentários Essa é uma questão de interpretação de texto. Segundo o fragmento acima, a relação entre colonos e indígenas não foi homogênea, ou seja, enquanto povos se mostraram hostis à presença dos lusos, outros optaram pela formação de alianças para a obtenção de certas vantagens. Dito isso, a alternativa B é a resposta. - A alternativa A está incorreta. De acordo com o texto, uma forma pouco contemplada pelos estudos da história indígena no período colonial é a resistência adaptativa, ou seja, muitos nativos buscaram adaptar suas culturas para evitar a opressão dos colonos. - A alternativa C está incorreta, pois as nações indígenas hostis à colonização foram duramente combatidas pelos portugueses. - A alternativa D está incorreta, afinal alguns povos indígenas que se aliaram os portugueses obtiveram relativa autonomia quando comparados aos demais. - A alternativa E está incorreta, afinal algumas identidades indígenas sobreviveram ao processo ao processo de colonização e foram refirmadas nos séculos seguintes. Um exemplo disso são os Guarani, que existem atualmente. Gabarito: B 29. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio) Por falta de descendentes diretos do rei D. Sebastião, morto na Batalha de Alcácer-Quibir, a Coroa voltou às mãos do cardeal dom Henrique. E quando o cardeal morreu, em 1580, novamente não havia herdeiros diretos. O rei da Espanha, Filipe II, neto de dom Manuel, o Venturoso ( foi em seu reinado que ocorreram as principais descobertas marítimas, entre elas a do caminho das Índias e do Brasil), invadiu Portugal com suas tropas e assumiu o trono lusitano, unindo Portugal e Espanha e dando início à União Ibérica. VICENTINO, Cláudio; DORIGO, Gianpaolo. História geral e do Brasil. São Paulo: Scipione, 2013. p. 36. Adaptado. A respeito da chamada União Ibérica, assinale a alternativa correta: A) foi o período em que os reis espanhóis e portugueses revezaram seu poder de mando sobre a península ibérica, o que contribuiu para transformações quanto aos limites territoriais das duas colônias na América. Prof. Marco Túlio Aula 00: Curso de História para Colégio Naval 2022 AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 97 B) trata-se de um período em que Portugal e suas colônias estiveram subordinados ao controle espanhol, o que possibilitou a inclusão dos Países Baixos, aliados da dinastia filipina, no negócio açucareiro do Brasil. C) o domínio espanhol sobre o Império Português se estendeu até 1640, quando o trono português foi restaurado e os limites estabelecidos pelo meridiano de Tordesilhas foram novamente adotados. D) na prática, o domínio espanhol aboliu as determinações do Tratado de Tordesilhas, o que favoreceu o avanço dos colonos portugueses em direção ao interior e a expansão das fronteiras do território brasileiro. E) o período filipino trouxe grandes consequências para o Brasil, que abandonou o sistema administrativo baseado nas capitanias hereditárias e no governo-geral e foi dividido nos chamados vice-reinados. Comentários - A alternativa A está incorreta. Durante a União Ibérica (1580-1640), somente monarcas espanhóis da dinastia filipina ocuparam os dois tronos, situação que se manteve até o processo de Restauração em Portugal. - A alternativa B está incorreta. Com a União Ibérica, a Coroa espanhola forçou Portugal a romper os laços comerciais mantidos com os Países Baixos, o que levou à sua exclusão do negócio açucareiro. Em represália, os holandeses invadiram o Brasil e conquistaram boaparte do Nordeste entre os anos de 1630 e 1654. - A alternativa C está incorreta. Após a União Ibérica, o Tratado de Tordesilhas foi enfraquecido, sendo formalmente anulado pelo Tratado de Madri, em 1750. - A alternativa D é a resposta. Diante do domínio da Coroa de Espanha sobre as Américas portuguesa e espanhola, os limites estabelecidos pelo meridiano de Tordesilhas passou a ser descumprido por diversos grupos da Colônia, tais como bandeirantes e missionários. Tal processo contribuiu para a expansão das fronteiras do território brasileiro. - A alternativa E está incorreta. O sistema de Capitanias Hereditárias vigorou até o ano de 1759, quando foi extinto pelo Marquês de Pombal. Já o termo “vice-rei” foi utilizado para designar os governadores- gerais a partir de 1720. Gabarito: D 30. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio) “(...) nessa costa não vimos coisa de proveito, exceto uma infinidade de árvores de pau-brasil (...) e já tendo estado na viagem bem dez meses, e visto que nessa terra não encontrávamos coisa de minério algum, acordamos nos despedirmos dela”. Carta de Américo Vespúcio sobre o Brasil, enviada ao magistrado de Florença, Piero Soderini, em 1502. In: BUENO, Eduardo. Brasil: uma história: cinco séculos de um país em construção. São Paulo: Leya, 2012. p. 33. A respeito do contexto em que se encontrava o Brasil à época da escrita do documento, é correto afirmar que A) o desembarque da expedição cabralina no Brasil não alterou os rumos da expansão portuguesa voltada prioritariamente para o Oriente, o que justifica o desinteresse dos lusos nas primeiras décadas que se sucedem. B) o período pré-colonial da América Portuguesa foi marcado por saques constantes promovidos por traficantes de pau-brasil de outras nacionalidades, especialmente ingleses, holandeses e italianos. C) foi marcado por intensos fluxos migratórios que partiam de Portugal rumo aos domínios coloniais, com o intuito de desfrutar das vantagens oferecidas pela Coroa para aqueles que se dedicassem à ocupação da terra. Prof. Marco Túlio Aula 00: Curso de História para Colégio Naval 2022 AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 98 D) o objetivo da monarquia portuguesa no período era iniciar a colonização do Brasil a partir da cessão de territórios para que particulares pudessem explorá-los à custa de seus próprios recursos, o que lhes renderia o pagamento de certos tributos. E) o chamado período pré-colonial foi marcado pela construção de imensas fortificações militares denominadas de feitorias, onde eram armazenadas toras de pau-brasil, toneladas de açúcar e outras riquezas produzidas na América Portuguesa. Comentários - A alternativa A é a resposta. Após permanecer dez dias na Terra de Vera Cruz, Cabral partiu com sua esquadra para o Oriente, no dia 3 de maio de 1500. Até 1530, a Coroa portuguesa manteria suas atenções voltadas para o comércio com as Índias, sem dirigir esforços para ocupar seus domínios obtidos do outro lado do Atlântico. Devido a isso, o período que vai de 1500 até 1530 é chamado pelos historiadores de pré-colonial. - A alternativa B está incorreta, afinal os principais contrabandistas de pau-brasil que ameaçavam os domínios lusos eram os franceses. - As alternativas C e D estão incorretas, afinal o incentivo à ocupação da América Portuguesa pela Coroa só foi iniciado a partir de 1530, a partir da expedição de Martim Afonso de Souza e da decadência do comércio com as Índias. - A alternativa E está incorreta, afinal as feitorias erguidas durante o período pré-colonial não depositavam açúcar, produto que seria explorado a partir do período colonial. Gabarito: A 31. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio) A expedição de Martim Afonso trouxe a lei e a ordem para o amplo território brasileiro, onde apenas um punhado de portugueses – degredados, náufragos ou desertores – vivia de acordo com “a lei natural, contentando-se com quatro mancebas e os mantimentos da terra”. Martim Afonso chegou com plenos poderes, inclusive sobre a vida e a morte daqueles que o acompanhavam e dos que viesse a encontrar, com exceção dos fidalgos. Poderia também distribuir terras em sesmarias, criar e nomear tabeliães e demais oficiais de justiça. BUENO, Eduardo. Brasil: uma história: cinco séculos de um país em construção. São Paulo: Leya, 2012. p. 39. Organizada em 1530, a expedição de Martim Afonso de Souza representou um marco na América Portuguesa, pois A) a ela foi confiada a missão de combater os povos indígenas considerados hostis ao projeto colonial em curso, recorrendo, para tanto, à bandeirantes paulistas pelo sertanismo de contrato. B) a ela foi conferida a responsabilidade de dar início à busca por metais preciosos no interior do território, a partir da organização de bandeiras de prospecção que partiam da região de São Paulo. C) foi responsabilizada pela identificação de acidentes geográficos ao longo da costa e os limites firmados pelo Tratado de Tordesilhas, bem como regular a extração de pau-brasil no Nordeste. D) foi incumbida de combater os invasores franceses que, apoiado pelos indígenas, haviam estabelecido um empreendimento colonial na baía de Guanabara, denominado França Antártica. E) foi a responsável por dar início à ocupação da terra e sua exploração econômica por colonos portugueses, sendo sua primeira iniciativa a fundação de São Vicente, a primeira vila da América Lusa. Prof. Marco Túlio Aula 00: Curso de História para Colégio Naval 2022 AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 99 Comentários - A alternativa A está incorreta, afinal o bandeirantismo e o sertanismo de contrato são elementos verificados após o início da colonização, sobretudo ao longo do século XVII. - A alternativa B está incorreta, afinal o achamento de ouro na América Portuguesa por bandeirantes se deu no final do século XVII. - A alternativa C está incorreta, afinal a exploração de pau-brasil não foi regulada por autoridades metropolitanas no Brasil. Ademais, não foram enviadas expedições para examinar o Meridiano de Tordesilhas. - A alternativa D está incorreta, afinal o combate à França Antártica foi empreendido pelos governadores-gerais Duarte da Costa (1553-1558) e Mem de Sá (1558-1572). - A alternativa E é a resposta. A expedição de Martim Afonso de Souza é considerada como marco inicial do processo de colonização portuguesa no Brasil, afinal tinha entre seus objetivos: ▪ Iniciar a ocupação da terra e sua exploração econômica por colonos portugueses; ▪ Combater corsários estrangeiros; ▪ Procurar metais preciosos; ▪ Fazer melhor reconhecimento geográfico do litoral (COTRIM, 2016, p. 275). Além disso, em 22 de janeiro de 1530, Martim Afonso fundou São Vicente, a primeira vila do Brasil, em um local próximo da porção sul da América Espanhola. Gabarito: E 32. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio) No Brasil, costumam dizer que para o escravo são necessários três PPP, a saber, pau, pão e pano. E, posto que comecem mal, principiando pelo castigo que é o pau, contudo, prouvera a Deus que tão abundante fosse o comer e o vestir como muitas vezes é o castigo, dado por qualquer causa pouco provada, ou levantada; e com instrumentos de muito rigor, ainda quando os crimes são certos, de que se não usa com os brutos animais, fazendo algum senhor mais caso de um cavalo que de meia dúzia de escravos, pois o cavalo é servido, e tem quem lhe busque capim, tem pano para o suor, e sela e freio dourado. ANTONIL, André João. Cultura e opulência do Brasil. 3. ed. Belo Horizonte: Itatiaia/Edusp, 1982. Sobre a escravidão no período colonial, descrita pelo padre Antonil no trecho acima, assinale a alternativa correta: A) observa-se maior intensidade do uso do trabalho escravo nas áreas produtoras do açúcar, contrastando com o uso mais modesto em outras lavouras, como a de tabaco e algodão, e com a região mineradora, onde prevaleceu o trabalholivre. B) a escravidão indígena foi implementada a partir do desembarque da expedição cabralina no Brasil, porém foi progressivamente substituída diante da inaptidão dos povos indígenas e pelo fato dos africanos já estarem acostumados à escravidão. C) os escravizados constituíam a base econômica da sociedade açucareira no Nordeste, sendo responsáveis por quase todo o trabalho doméstico e na lavoura, ainda que numericamente fossem inferiores ao contingente de homens livres. D) o negro foi trazido para a América Portuguesa para exercer o papel de força de trabalho compulsório numa estrutura que estava se organizando em função da grande lavoura, inserida no sistema mercantilista globalizado da época. Prof. Marco Túlio Aula 00: Curso de História para Colégio Naval 2022 AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 100 E) assim como na região açucareira, a mineração foi uma atividade econômica desempenhada majoritariamente por escravos africanos, situada em uma região do território colonial que impediu a organização de formas de resistência. Comentários - A alternativa A está incorreta, afinal os escravizados africanos constituíam a maioria da mão de obra empenhada na atividade mineradora. - A Alternativa B está incorreta, afinal durante o período pré-colonial prevaleceu a utilização do escambo. Além disso, nem indígenas nem africanos se “acostumaram” à escravidão, uma vez que nos dois casos verifica-se a elaboração de diversas formas de resistência. - A alternativa C está incorreta, afinal a população africana era superior ao contingente de homens livres na região açucareira. - A alternativa D é a resposta. A escravidão africana se insere na lógica mercantilista mundial, ou seja, na busca da Coroa portuguesa de explorar economicamente seus domínios coloniais a partir do estímulo à grande lavoura açucareira. - A alternativa E está incorreta. Assim como no Nordeste açucareiro, os negros enviados à região das minas também elaboraram suas formas de resistência à escravidão, a partir da promoção de revoltas, fugas coletivas e organização de quilombos. Gabarito: D 33. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio) Esta terra, Senhor, me parece que da ponta que mais contra o sul vimos até à outra ponta que contra o norte vem, de que nós deste porto houvemos vista, será tamanha que haverá nela bem vinte ou vinte e cinco léguas por costa. Nela, até agora, não pudemos saber que haja ouro, nem prata, nem coisa alguma de metal ou ferro; nem lho vimos. Porém a terra em si é de muito bons ares, assim frios e temperados como os de Entre Douro e Minho, porque neste tempo de agora os achávamos como os de lá. Águas são muitas; infindas. E em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo, por bem das águas que tem. Porém o melhor fruto, que nela se pode fazer, me parece que será salvar esta gente. E esta deve ser a principal semente que Vossa Alteza em ela deve lançar. Carta de Caminha. Disponível em: <http://objdigital.bn.br/Acervo_Digital/livros_eletronicos/carta.pdf>. Acesos em: 07 set. 2020. O trecho acima, extraído do documento enviado pelo escrivão da armada de Cabral, Pero Vaz de Caminha, ao rei D. Manuel I de Portugal, expressa as primeiras impressões dos lusos sobre o território batizado como Terra de Santa Cruz. Com base nas informações contidas no texto, assinale a alternativa correta: A) o documento despachado para a Coroa portuguesa expressa a necessidade de privilegiar a atividade missionária no território batizado de Brasil, pois nele não se via a possibilidade de se desenvolver atividades econômicas rentáveis. B) a correspondência travada entre o escrivão de Cabral e a Coroa demonstra o conhecimento dos lusos quanto a extensão dos territórios assegurados pelo Tratado de Tordesilhas, evidenciando que Cabral não foi o primeiro a aportar no Brasil. C) embora não informasse a existência de recursos minerais na Terra de Santa Cruz, a epístola enviada ao rei português destacou o potencial agrícola do território, bem como a necessidade de se dedicar à conversão dos povos encontrados. D) a carta dirigida ao rei português por Pero Vaz de Caminha se mostra otimista quanto a possível existência de jazidas de ouro e prata na América Portuguesa, colocando em segundo plano o possível desenvolvimento de atividades agrícolas. Prof. Marco Túlio Aula 00: Curso de História para Colégio Naval 2022 AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 101 E) o documento, que pode ser considerado marco inicial da literatura brasileira, destaca o potencial de exploração dos recursos hídricos encontrados no Novo Mundo, tendo em vista a escassez de água potável vivenciada em Portugal naquele contexto. Comentários Essa é uma questão de interpretação de texto. Vejamos as alternativas: - A alternativa A está incorreta, afinal o texto destaca possibilidade de se explorar dos recursos naturais em favor da atividade agrícola, bem como desenvolver a catequização dos nativos. - A alternativa B está incorreta, pois não há elementos no texto que corroborem para a ideia de que Cabral não foi o primeiro a aportar no Brasil – ainda que muito provavelmente não tenha sido. - A alternativa C é a resposta. A Carta de Caminha destaca não terem sido encontradas jazidas de metais preciosos, porém observa o potencial agrícola das terras que Cabral tomou posse. Além disso, julga necessário privilegiar a catequização dos nativos, com o intuito de apresentá-los o que considerava ser a verdadeira fé. - A alternativa D está incorreta, afinal o potencial agrícola é mais destacado por Caminha que a possibilidade de existência de ouro e prata no Brasil. - A alternativa E está incorreta, pois os interesses mercantilistas de Portugal naquele contexto não contemplavam a exploração de recursos hídricos. Gabarito: C 34. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio) Em 1578, o rei D. Sebastião de Portugal morreu em combate na África. Como o soberano não tinha herdeiros direitos, foi desencadeada uma crise dinástica que conduziu à união dos tronos espanhol e português, em 1580, na figura do rei Filipe II da Espanha, que era neto de D. Manuel I de Portugal. Iniciava-se, desse modo, a União Ibérica, que duraria até 1640. MOTA, Myriam Becho; BRAICK, Patrícia Ramos. História: das cavernas ao terceiro milênio. São Paulo: Moderna, 2002. p. 215. Dentre as consequências da União Ibérica verificadas em solo brasileiro, pode-se destacar a) a invalidade do Tratado de Tordesilhas, o que estimulou o avanço dos portugueses em direção ao interior, no Sul do Brasil e na Amazônia. b) a diminuição das tensões entre portugueses e espanhóis em áreas fronteiriças, em razão de ambos os povos serem governados pelo mesmo rei. c) a expulsão dos jesuítas das Américas Portuguesa e Espanhola, ordem religiosa vista como ameaçadora à autoridade da Coroa em solo colonial. d) o apaziguamento dos litígios até então mantidos com os holandeses, em razão dos interesses comerciais luso-brasileiros no Nordeste da Colônia. e) a difusão de ideias emancipacionistas entre colonos luso-brasileiros, motivada pela ausência de um rei português a frente da administração colonial. Comentários - A alternativa A é a resposta. A União Ibérica apresentou como consequência principal a flexibilização das fronteiras estabelecidas pelo Tratado de Tordesilhas, contribuindo para a expansão territorial da América Portuguesa. Prof. Marco Túlio Aula 00: Curso de História para Colégio Naval 2022 AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 102 - A alternativa B está incorreta, afinal a indecisão das fronteiras entre as Américas Portuguesa e Espanhola fomentou tensões entre os colonos dos dois territórios em áreas limite. Um exemplo disso foram as Guerras Guaraníticas. - A alternativa C está incorreta, uma vez que a expulsão dos jesuítas da América Portuguesa se deu durante a Era Pombalina, no século XVIII. - A alternativa E está incorreta, poisa disseminação do ideal de emancipação se deu principalmente no século XVIII, alimentado pela circulação de ideias iluministas nas Américas. Gabarito: A 35. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio) A primeira investida holandesa ocorreu em 1624 [...]. A força holandesa chegou à cidade de Salvador com 26 navios, centenas de canhões e mais de três mil homens [...]. Em 1625, porém, uma esquadra luso-espanhola bem armada retomou a capital da Colônia [...]. A Companhia das Índias Ocidentais contou com as pilhagens de [...] corsários para financiar um segundo ataque às terras brasileiras. Dessa vez, o alvo escolhido foi Pernambuco. MOTA, Myriam Becho; BRAICK, Patrícia Ramos. História: das cavernas ao terceiro milênio. São Paulo: Moderna, 2002. p. 216. As invasões holandesas na América Portuguesa tinham como objetivo principal A) criar uma base para a ocupação definitiva das áreas de mineração da América espanhola. B) ocupar as áreas pouco exploradas pelos lusos, tais como Pernambuco, Maranhão e Bahia. C) explorar o ouro recém-descoberto no território a partir do controle dos portos no Atlântico. D) apropriar-se do monopólio luso sobre o complexo açucareiro escravista no Atlântico Sul. E) fundar núcleos de povoamento voltados ao acolhimento dos protestantes dos Países Baixos. Comentários - As alternativas A e C estão incorretas, afinal não eram conhecidas as jazidas de metais preciosos no Brasil, além do território invadido pelos holandeses ser distante das regiões mineradoras da América Espanhola. - A alternativa B está incorreta, pois Pernambuco e Bahia era as capitanias mais populosas da América Portuguesa. - A alternativa D é a resposta. Durante a União Ibérica (1580-1640), a Espanha limitou a participação dos holandeses no negócio açucareiro do Brasil, o que os levou a formar a Companhia das Índias Ocidentais, que buscava invadir a América Portuguesa e monopolizar o complexo de produção açucareira. - A alternativa E está incorreta, afinal não se tratava de fundar uma colônia de povoamento como as verificadas na América Inglesa, mas explorar a atividade açucareira do Nordeste brasileiro. Gabarito: D Prof. Marco Túlio Aula 00: Curso de História para Colégio Naval 2022 AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 103 36. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio) Para os portugueses, o oceano era um velho conhecido, devido a sua posição geográfica, ao comércio e à pesca. Mas aventurar-se para áreas pouco conhecidas era um grande desafio, e havia grande probabilidade de morrer na viagem, tais eram os perigos do mar, bem como os problemas de higiene e alimentação a bordo. Armar uma nau foi, nessas primeiras décadas, um empreendimento de grande porte que exigia grandes capitais. Em certo sentido, a preparação para uma expedição a mares desconhecidos pode ser comparada à preparação das primeiras viagens espaciais: conhecem-se os objetivos e os perigos, mas há grandes riscos, exatamente pelos elementos que não se conhecem. VICENTINO, Cláudio; DORIGO, Gianpaolo. História geral e do Brasil, 2. São Paulo: Scipione, 2013. p. 19. A respeito das viagens marítimas portuguesas, assinale a alternativa INCORRETA: A) a tomada de Ceuta, cidade situada no atual Marrocos, em 1415, representou o ponto inicial do processo de expansão ultramarino dos lusos, motivado por questões de natureza econômica e religiosa. B) o cabo Bojador, região que até então era o limite do conhecimento que os portugueses tinham sobre o litoral ocidental africano, demonstrou ser um obstáculo mais psicológico que físico em 1434, quando foi ultrapassado por Gil Eanes. C) em 1488, o navegador Bartolomeu Dias atingiu o extremo sul do continente africano e dobrou o cabo das Tormentas, rebatizado de cabo da Boa Esperança ao se revelar para os lusos uma possibilidade de se alcançar as Índias. D) em 1498, durante o reinado de D. Manuel, Vasco da Gama chegou à Calicute, feito que concluiu a rota marítima portuguesa de acesso às Índias e permitiu à Coroa participar do lucrativo comércio de especiarias. E) após o retorno da expedição de Vasco da Gama, d. Manuel entregou ao comando de Pedro Álvares Cabral uma esquadra com a missão de intensificar o comércio com às Índias e dar início ao processo de colonização da América Portuguesa. Comentários - A alternativa A está correta. Por ser bem próxima ao estreito de Gibraltar, uma região de encontro entre o Mar Mediterrâneo e o Oceano Atlântico, a tomada da cidade de Ceuta permitiu aos portugueses se precaverem de ataques de piratas que ali aportavam antes de saquearem seu litoral. Além disso, Ceuta era um importante entreposto comercial naquele período, abastecida pelo ouro trazido pelas caravanas dos mouros que cruzavam o deserto do Saara, e grande produtora de cereais. - A alternativa B está correta. Em 1434, o navegador Gil Eanes foi o primeiro navegador a cruzar o cabo Bojador, conhecido como “cabo do Medo” devido as diversas lendas que cercavam sua existência. Para alguns, essa região era povoada de seres monstruosos capazes de devorar aquele que ousasse desbravá-lo, enquanto outros falavam de ventos tão fortes que arrastariam as naus para o abismo aonde terminava o mar. Superado este medo medieval sobre o Prof. Marco Túlio Aula 00: Curso de História para Colégio Naval 2022 AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 104 desconhecido, os portugueses continuaram a se lançar ao mar em expedições que iam cada vez mais ao sul do litoral africano no Atlântico. - A alternativa C está correta. Em 1488, Bartolomeu Dias alcançou o extremo sul do continente africano, chamado por ele de cabo das Tormentas devido aos perigos decorrentes do encontro entre os oceanos Atlântico e Índico nessa região. Contudo, o rei D. João II alterou seu nome para Cabo da Boa Esperança, uma vez que os portugueses se mostraram cada vez mais próximos de completar a sua rota para a tão aguardada chegada no Oriente. - A alternativa E está correta. Dez anos após o feito de Bartolomeu Dias, em 1498, Vasco da Gama contornou todo o litoral do continente africano e alcançou a cidade de Calicute, na Índia. - A alternativa D está incorreta, afinal a expedição cabralina não buscou dar início ao processo de ocupação do Brasil, mas apenas tomar posse daquele território em nome de seu rei. Gabarito: E 37. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio) Observe a charge a seguir: NOVAES, Carlos Eduardo; LOBO, César. História do Brasil para principiantes: de Cabral a Cardoso, 500 anos de novela. São Paulo: Ática, 1998. p. 40. A charge acima representa os primeiros anos da relação entre Portugal e Brasil após a chegada da expedição de Pedro Álvares Cabral. É correto afirmar que entre as principais características desse período temos a a) realização de expedições guarda-costeiras, lideradas por Cristóvão Jacques, com o intuito de patrulhar os domínios portugueses, expulsar invasores estrangeiros e dar início ao processo de ocupação da terra. b) extração do pau-brasil por meio do escambo, sistema que conferiu ao cristão-novo Fernão de Noronha e um consórcio de judeus conversos o monopólio sobre a exploração do produto, desde que pagassem um quinto dos lucros à Coroa. c) a realização de uma expedição liderada por Gaspar de Lemos e que contou com a participação de Américo Vespúcio, sendo responsável pelo reconhecimento de diversas localidades e acidentes geográficos no Brasil. Prof. Marco Túlio Aula 00: Curso de História para Colégio Naval 2022 AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 105 d) extração do pau brasil, madeira que possuía alto valor comercial no mercado europeu devido ao seu pigmento utilizado para o tingimento de panos, o que não foi acompanhada por esforços de colonização nos anos iniciais. e) captura de aves de plumagem coloridas, como araras e papagaios, além da extração das drogas do sertão por meio da escravidão indígena e aorganização das primeiras feitorias no interior da região amazônica. Comentários - A alternativa A está incorreta, afinal as expedições guarda-costeiras não objetivavam a ocupação da América Portuguesa, algo que só foi iniciado a partir da expedição de Martim Afonso de Souza, em 1530. - A alternativa B está incorreta, afinal trata-se de uma descrição do estanco. O escambo, por sua vez, é a relação estabelecida entre os traficantes de pau-brasil e os indígenas. - A alternativa C está incorreta, afinal a expedição que provavelmente contou com a participação de Américo Vespúcio foi comandada por Gonçalo Coelho. Vale destacar que Gaspar de Lemos era o comandante da nau que se separou da expedição cabralina no Brasil e retornou para Portugal, com o intuito de noticiar à Coroa o atravessamento do Atlântico. - A alternativa D é a resposta. Até 1530, a Coroa portuguesa manteria suas atenções voltadas para o comércio com as Índias, sem dirigir esforços para ocupar seus domínios obtidos do outro lado do Atlântico. Devido a isso, o período que vai de 1500 até 1530 é chamado pelos historiadores de pré-colonial, sendo marcado principalmente pela exploração do pau-brasil, árvore já utilizada na Europa para a extração de um corante de cor avermelhada, com o qual eram tingidos os tecidos. - A alternativa E está incorreta, afinal não foram instaladas feitorias na Amazônia ou exploradas as drogas do sertão com escravizados indígenas durante o período pré-colonial. Gabarito: D 38. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio) Considere o trecho abaixo, retirada da Carta de Pero Vaz de Caminha, escrivão da armada de Pedro Álvares de Cabral. A terra em si é de muito bons ares [...]. Águas são muitas; infindas. E em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo, por bem das águas que tem. Porém o melhor fruto, que nela se pode fazer, me parece que será salvar esta gente. E esta deve ser a principal semente que Vossa Alteza em ela deve lançar. (CORTESÃO, J. Carta de Pero Vaz de Caminha a El-Rei D. Manuel sobre o Achamento do Brasil. São Paulo: Martim Claret, 2003.) Com base no exposto, assinale a alternativa INCORRETA. a) A expedição de Pedro Álvares de Cabral tomou posse dos domínios portugueses no Novo Mundo em 22 de abril de 1500, encontrando a terra já habitada por indígenas. b) O comandante da expedição cabralina batizou a primeira porção de terras por ele avistada de Monte Pascoal, enquanto o território luso como um todo recebeu o nome de Terra de Vera Cruz. c) A descoberta do Brasil foi acompanhada pelo início imediato do processo de colonização, afinal os portugueses já não obtinham bons resultados no comércio com as Índias. Prof. Marco Túlio Aula 00: Curso de História para Colégio Naval 2022 AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 106 d) A Carta de Caminha mostra que a expansão marítima portuguesa apresentava propósitos econômicos e religiosos, afinal foram ressaltados os recursos naturais e o paganismo dos indígenas. e) A armada de Cabral aportou na praia da Coroa Vermelha, litoral do atual estado da Bahia, onde foi celebrada uma missa no dia 26 de abril de 1500. Comentários - A alternativa A está correta. Segundo estimativas da Fundação Nacional do Índio (Funai), a população de indígenas no Brasil em 1500 era de 3 milhões, dividida entre pelo menos 1000 povos diferentes. - A alternativa B está correta. Quando a expedição de Cabral avistou um monte de terra, batizou-o de Monte Pascoal, pois isso teria ocorrido na semana de Páscoa do calendário cristão. Comprometido com a dimensão religiosa do processo de expansão de Portugal, Cabral batizou os domínios portugueses de Terra de Santa Cruz. - A alternativa C está incorreta, pois após a tomada de posse de Cabral, Portugal passou 30 anos sem explorar seus domínios além-mar. - A alternativa D está correta. Na Carta de Caminha, o escrivão ressalta o potencial agrícola e a missão catequizadora do monarca português. - A alternativa E está correta. A expedição cabralina aportou no território que corresponde ao atual município de Porto Seguro, na porção sul do litoral da Bahia. Gabarito: C 39. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio) Era Rei Eu Sou Escravo Milton Nascimento Era rei e sou escravo Era livre e sou mandado! Onde a minha terra firme, África dos meus amores. Onde a minha casa branca, minha mulher e meus filhos. Me trouxeram para longe, amarrado na madeira, me bateram com chicote, me xingaram, me feriram. Era rei e sou escravo, era livre e sou mandado. Mas por mais que me naveguem, me levando pelos mares, mas por mais que me maltratem, carne aberta pela faca, A memória vem e salva, a memória vem e guarda, Guarda o cheiro da minha terra, a música do meu povo, a certeza de hoje e sempre que ninguém vais nos tirar: aonde estiver o porto, Por mais que eu sofra e grite, Sou mandado serei livre, sou escravo serei rei. Esta composição de Milton Nascimento relata um soberano africano que foi capturado e enviado como cativo para o Brasil. Sobre a escravidão no período colonial, assinale a única alternativa INCORRETA: a) a América Portuguesa foi o território que mais recebeu escravos africanos entre os séculos XVI e XVIII, sendo sua mão de obra explorada em atividades de extração vegetal e mineral. b) através do escambo, indígenas foram utilizados no início do período colonial, mas não foi possível implementar o sistema de trabalho escravista entre eles. c) apesar das tentativas de despersonalização dos cativos trazidos da África, estratégias de manutenção de elementos culturais e identitários foram desenvolvidas pelos africanos. Prof. Marco Túlio Aula 00: Curso de História para Colégio Naval 2022 AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 107 d) as duras condições existentes nos navios tumbeiros faziam com que muitos escravizados africanos morressem ainda no trajeto para o Brasil. e) o tráfico negreiro no Atlântico foi um dos mais lucrativos negócios do Império Ultramarino Português, envolvendo interesses de europeus, brasileiros e chefes políticos africanos. Comentários - A alternativa A está correta, afinal os cativos foram utilizados nos engenhos de açúcar e em outras atividades agrícolas, além de explorados nas minas de metais e pedras preciosas. - A alternativa B está incorreta, pois os indígenas também foram submetidos à escravidão ao longo do período colonial, seja por meio das guerras justas, seja por meios contrários à legislação real. - A alternativa C está correta. Mesmo impedidos de manterem sua cultura e tradições, os africanos encontraram meios de conservar elementos religiosos, linguísticos e cerimoniais na América Portuguesa. - A alternativa D está correta. Ao longo de 350 anos de tráfico negreiro no Atlântico, pelo menos 1,8 milhões de cativos africanos morreram durante a travessia para a América. - A alternativa E está correta. O tráfico de escravos foi mantido a partir de extensas redes de interesses envolvendo europeus, incluindo a Coroa portuguesa, brasileiros, que atuavam como compradores e traficantes, e líderes africanos, que comercializavam adversários após serem vencidos em guerras. Gabarito: E 40. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio) Dentre as iniciativas empreendidas durante a gestão do primeiro governador-geral do Brasil, Tomé de Souza, pode-se destacar a) sua eficácia no combate e desarticulação da França Antártica, empreendimento conduzido pelos franceses com o intuito de lançar as bases de um projeto colonial no Brasil e intensificar a exploração do pau-brasil no litoral Sudeste. b) a fundação de São Paulo do Piratininga, onde foi iniciado o projeto de catequização dos nativos pelos jesuítas que desembarcaram no Brasil, e da cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, após a expulsão dos franceses da baía de Guanabara. c) a criação do Bispado de Salvador, o primeiro do Brasil, organizado no mesmo local ondeo governador lançou esforços para organizar o poder central da nova estrutura administrativa implementada pelo soberano português, D. João III. d) a assinatura do Tratado de Madri, que reconfigurou os limites originalmente previstos pelo Tratado de Tordesilhas, de 1494, conferindo à Coroa portuguesa o domínio de áreas que até então eram integravam a América Espanhola. e) a desistência dos franceses de contestar a soberania dos portugueses no Brasil, após serem derrotados por expedições guarda-costas em diversos pontos do território e verem frustradas suas tentativas de fundação de colônias no Rio de Janeiro e no Maranhão. Comentários - As alternativas A e E estão incorretas, afinal a França Antártica foi desarticulada durante a gestão do terceiro governador-geral do Brasil, Mem de Sá. As forças militares que impuseram a derrota aos invasores foram lideradas pelo sobrinho do governador, Estácio de Sá. - A alternativa B está incorreta, afinal a fundação do Rio de Janeiro se deu em 1565, após a expulsão dos franceses da baía de Guanabara. - A alternativa C é a resposta. Para facilitar a resposta, vejamos a tabela a seguir: Prof. Marco Túlio Aula 00: Curso de História para Colégio Naval 2022 AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 108 GOVERNADORES-GERAIS REALIZAÇÕES Tomé de Souza (1549-1553) ▪ Fundação de Salvador (1549) ▪ Criação do primeiro bispado do Brasil (1551) ▪ Implantação da pecuária, incentivo à monocultura do açúcar, busca por metais preciosos no interior do território. ▪ Trouxe consigo jesuítas encarregados de catequizar os nativos indígenas. Duarte da Costa (1553-1558) ▪ Vinda de novos jesuítas, entre eles, o padre José de Anchieta. Durante seu governo, foi criado o Colégio de São Paulo. ▪ Com apoio dos tupinambás, os franceses invadiram a baía de Guanabara e fundaram um povoamento batizado de França Antártica (1555-1567) Mem de Sá (1558-1572) ▪ Franceses expulsos do Rio de Janeiro, graças ao apoio de seu sobrinho, Estácio de Sá. ▪ Dizimou núcleos de indígenas Aimoré e Tamoio. - A alternativa D está incorreta. A assinatura do Tratado de Madri se deu em 1750, durante a gestão do rei D. José I de Portugal. - A alternativa E está incorreta, afinal a gestão de Tomé de Souza não logrou êxito em eliminar a presença de franceses e de outros estrangeiros no litoral brasileiro. Gabarito: C 41. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio) Em relação ao trato conferido aos povos indígenas pelo processo de ocupação e exploração da América Portuguesa, assinale a alternativa correta. a) durante o primeiro século de colonização, a presença dos portugueses não provocou alterações significativas na diversidade e na demografia das populações nativas, afinal ela se concentrou nas áreas litorâneas das regiões Nordeste e Sudeste. b) os portugueses lançaram mão do escambo, da escravização e do extermínio de povos indígenas para dar início ao desenvolvimento de atividades econômicas e garantir a posse da Coroa portuguesa sobre o território brasileiro. c) a partir do contato com as ideias iluministas francesas e do mito do “bom selvagem” de Rousseau, os colonos portugueses conciliaram a exploração econômica do território à ideia de tolerância no trato com os nativos brasileiros. d) por meio do contato pacífico estabelecido com os povos indígenas da América Portuguesa, sobretudo a partir da sustentação do escambo, os portugueses efetivaram a conquista do território sem enfrentar grande resistência dos ameríndios. e) a unidade linguística e cultural encontrada nos povos que habitavam o litoral e os sertões da América Portuguesa facilitou o processo de colonização, a partir da catequese e da civilização dos nativos. Comentários - A alternativa A está incorreta, afinal o processo de conquista da América pelos portugueses pode ser caracterizado como o início do extermínio de indígenas, seja pelas guerras de conquista, seja pelas doenças trazidas pelos colonos e desconhecidas pelos nativos. - A alternativa B é a resposta. Desde o período pré-colonial, a mão de obra indígena foi utilizada pelos portugueses no Brasil, seja por meio de trocas sem o uso de moedas, chamadas de escambo, seja pela escravização dos nativos, muito recorrente nos anos iniciais da colonização. Prof. Marco Túlio Aula 00: Curso de História para Colégio Naval 2022 AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 109 - A alternativa C está incorreta, afinal as manifestações culturais e as estruturais sociais, políticas e econômicas dos ameríndios não foram toleradas pelos portugueses, que buscaram impor sua cultura, a autoridade da Coroa portuguesa e seus interesses econômicos. - A alternativa D está incorreta, afinal o processo de ocupação da América pelos portugueses foi marcado por diversas guerras de conquista. Se de fato o primeiro contato estabelecido entre lusos e indígenas foi amistoso, durante a expedição cabralina, o mesmo não se pode dizer da colonização. Com isso, é preciso destacar que a ideia de colonização pacífica é um mito e não possui correspondência com a realidade histórica. - A alternativa E está incorreta, pois as culturas indígenas existentes no território estabelecido a Portugal pelo Tratado de Tordesilhas eram bastante plurais, tendo muitas delas resistido ao processo de colonização. Gabarito: B 42. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio) Desenvolvida durante o período colonial, a partir do século XVI, a atividade açucareira: a) consolidou o Nordeste como eixo econômico da Colônia, sendo baseada no latifúndio monocultor e escravocrata que se inseria no sistema português. b) foi desempenhada por pequenos, médios e grandes proprietários, o que permitiu a formação de camadas médias compostas por homens livres da sociedade açucareira. c) não estimulou a importação de escravizados africanos em suas primeiras décadas, afinal prevaleceu a adoção de mão de obra indígena nos latifúndios. d) contribui para a ocupação efetiva do interior do território brasileiro e a formação de uma sólida elite econômica composta pelos grandes senhores de engenho. e) estimulou a formação de um mercado integrado na América Portuguesa, pelo qual regiões como o Sudeste e Sul se especializaram no abastecimento da região açucareira. Comentários - A alternativa A é a resposta. A produção do açúcar no período colonial foi baseada no sistema de plantation, ou seja, na tríade monocultura, latifúndio e escravidão. - A alternativa B está incorreta, afinal a atividade açucareira foi baseada na grande propriedade, o que contribuiu para a formação de uma sociedade composta por um pequeno contingente de senhores de engenho e uma larga maioria de escravizados. - A alternativa C está incorreta, pois desde a primeira metade do século XVI a atividade açucareira estimulou o tráfico de escravizados da África para a América Portuguesa. - A alternativa D está incorreta, pois a empresa açucareira se concentrou no litoral da região Nordeste. Com isso, a ocupação do sertão foi pouco representativa durante o século XVI. - A alternativa E está incorreta, pois durante o auge da produção do açúcar no Nordeste, as demais regiões não apresentaram grande integração econômica. Gabarito: A 43. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio) Sobre o período pré-colonial é correto afirmar: a) a produção açucareira nas capitanias de Pernambuco e São Vicente, somada a produção algodoeira no Maranhão, contribuiu para que os limites estipulados pelo Tratado de Tordesilhas fossem superados pelos portugueses. Prof. Marco Túlio Aula 00: Curso de História para Colégio Naval 2022 AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 110 b) a administração do governador-geral Duarte da Costa estimulou a escravização de povos indígenas e a implantação de feitorias que, mais tarde, contribuíram para a implementação de engenhos de açúcar na região nordeste da América Portuguesa. c) o direito de exploraçãodas riquezas do território da América Portuguesa foi arrendado por um grupo de mercadores portugueses, representados por Fernão de Noronha, no início do século XVI. d) a extração de pau-brasil era destinada à exportação para a Europa e para a construção de fortificações militares no litoral da América Portuguesa e em possessões ultramarinas do Oriente. e) foi um período decisivo na história do Império Português, que não poupou esforços para reforçar seu aparato militar no território além-mar e derrotar os empreendimentos coloniais firmados por franceses e holandeses. Comentários - A alternativa A está incorreta, afinal as capitanias hereditárias foram formadas após 1530, durante o período colonial. - A alternativa B está incorreta, afinal o sistema de governo-geral foi implementado durante o período colonial. - A alternativa C é a resposta. Fernão de Loronha foi um cristão-novo que se tornou um dos primeiros grandes exploradores de pau-brasil na América Portuguesa durante o período pré-colonial. - A alternativa D está incorreta, afinal o pau-brasil era direcionado somente para o mercado europeu. Seu alto valor comercial era recorrente do pigmento avermelhado extraído da madeira, utilizado para o tingimento de tecidos. - A alternativa E está incorreta, afinal as invasões de holandeses e franceses em busca de territórios coloniais ocorreu durante o período colonial. Gabarito: C 44. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio) A decadência da lavoura açucareira no Nordeste brasileiro, ao final do século XII, foi decorrente a) da concorrência estabelecida pela lavoura canavieira das Antilhas, cultivada pelos holandeses após sua expulsão pelas guerras brasílicas. b) da substituição da lavoura canavieira pela lavoura algodoeira, sobretudo na região do Maranhão, em razão do desenvolvimento da indústria têxtil na Inglaterra. c) do desinteresse da aristocracia do açúcar em investir recursos na expansão dos engenhos, em razão de sua atenção se voltar ao grande comércio de escravos e outras mercadorias. d)a lavoura canavieira foi substituída pela lavoura cafeeira, em virtude de grande procura europeia deste produto. e) da crise da mão de obra decorrente das invasões holandesas, que desestruturaram as relações de trabalho no Nordeste e comprometeram o envio de cativos da África. Comentários - A alternativa A é a resposta. Após serem expulsos pela Insurreição Pernambucana, os holandeses se instalaram nas Antilhas, onde passaram a produzir um açúcar mais barato e de melhor qualidade em relação ao oferecido pelo Brasil. Com isso, o produto exportado pelo Nordeste passou a viver uma crise na produção. Prof. Marco Túlio Aula 00: Curso de História para Colégio Naval 2022 AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 111 - A alternativa B está incorreta, pois a atividade açucareira foi concomitante à algodoeira, sendo a última inicialmente voltada ao abastecimento interno, empregado na produção de vestuário para cativos e homens pobres da Colônia. - A alternativa C está incorreta, pois o caráter aristocrático não se mostrou inconciliável com a produção agrícola, uma vez que a “nobreza da terra” era composta pelos próprios latifundiários. - A alternativa D está incorreta, afinal a lavoura cafeeira só se tornou eixo econômico do Brasil no século XIX, durante o Brasil Império. - A alternativa E está incorreta. Embora o abastecimento de escravizados africanos no Nordeste tenha sido comprometido pelas invasões holandesas, essa não foi a razão da crise da produção de açúcar, ocorrida posteriormente. Gabarito: A 45. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio) Durante o século XVI, a Coroa buscou promover a centralização político-administrativa do Brasil a partir da a) transferência da capital para o Rio de Janeiro, durante o governo pombalino, com o intuito de reforçar a vigilância sobre a atividade mineradora no interior do território. b) instalação das capitanias hereditárias, em 1534, com o intuito de efetivar o domínio de Portugal sobre o território brasileiro e efetivar sua ocupação. c) criação das Câmaras Municipais, espaços ocupados por funcionários da Coroa que atuavam como seus representantes em nível local, os chamados “homens bons”. d) criação do Governo Geral, durante o reinado de D. João III, com a intenção de que atuasse em nome do rei e restringisse a autoridade dos capitães-donatários. e) criação do Conselho Ultramarino, que diminuiu as atribuições dos capitães-donatários, reduzidas a cobrança de tributos, e retirou a autonomia das Câmaras Municipais. Comentários - A alternativa A está incorreta, afinal a medida buscou reforçar o controle da metrópole sobre a exploração do ouro, em 1763. - A alternativa B está incorreta, afinal o sistema de capitanias hereditárias incumbiu a terceiros a responsabilidade de ocupar e desenvolver os domínios coloniais lusos, conferindo amplos poderes a cada donatário. - A alternativa C está incorreta, afinal as Câmaras Municipais eram órgãos de deliberação de questões locais, sem integrar a administração colonial. - A alternativa D é a resposta. Em 1548, o rei D. João III criou o cargo de governador-geral, figura que centralizava a administração colonial ao atuar como intermediador entre donatários e a metrópole, além impulsionar do processo de colonização. A capitania da Bahia foi escolhida como sede do governo- geral, pois se localizava em uma região central da América Portuguesa, facilitando a comunicação com as demais capitanias. - A alternativa E está incorreta. Embora a criação do Conselho Ultramarino possa ser vista como uma medida centralizadora, ela só ocorreu em 1643 (séc. XVII), durante o reinado de D. João IV. Gabarito: D 46. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio) Prof. Marco Túlio Aula 00: Curso de História para Colégio Naval 2022 AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 112 Em março de 1630, os holandeses tomaram o Recife – e lá ficaram até a sua expulsão, em 1654. Ao longo desse quarto de século de ocupação batava, os sete anos conhecidos como o “tempo de Nassau” (1637 a 1644) marcaram o apogeu do domínio holandês no Brasil por meio da Companhia das Índias Ocidentais. BUENO, Eduardo. Brasil, uma história: cinco séculos de um país em construção. São Paulo: Leya, 2012. p. 92. Adaptado. São características do tempo de Nassau no Nordeste brasileiro, EXCETO: a) a promoção de reformas urbanísticas em Recife, a partir da construção de novos edifícios, pontes, jardins e praças, além de buscar conter a poluição dos rios pelo bagaço da cana. b) incentivo à produção artística e científica, que legou à posteridade um grande registro iconográfico da paisagem, das plantas, dos animais e dos indígenas do Brasil. c) restrição de crédito aos senhores de engenho em seus anos finais, o que causou indignação das elites e estimulou a formação de articulações em favor da expulsão dos holandeses. d) reativação do fornecimento de escravizados, anteriormente paralisado em razão do domínio holandês de portos estratégicos no comércio dos cativos embarcados para o Brasil. e) garantia de tolerância às religiões católica, protestante e judaica, o que permitiu a implantação da primeira sinagoga das Américas, em Recife. Comentários Para facilitar a resposta, anota esse bizu sobre as principais medidas do governo Nassau: Gabarito: C 47. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio) Em 1534, o rei D. João III ordenou a divisão da América Portuguesas em grandes faixas de terras, as capitanias-hereditárias, que foram entregues aos cuidados dos chamados donatários. São elementos que contribuíram para o insucesso deste sistema administrativo, exceto: A) altos recursos necessários para promover a exploração e desenvolvimento do território B) a centralização excessiva da gestão dos territórios coloniais pelos capitães-donatários GOVERNO NASSAU –Características: ❑ Reativação econômica: Nassau concedeu créditos aos senhores de engenho e reativou o tráfico de escravizados da África para o Brasil. ❑ Tolerância religiosa: católicos, judeus e protestantes dispunham de considerável liberdade para professar sua fé no Brasil holandês, onde foi fundada a primeira sinagoga das Américas. ❑ Reforma urbanística: Nassau investiu na urbanização de Recife a partir da construção de casas, pontes, jardins e praças. Criou a cidade de Maurícia, hoje bairro da capital pernambucana. ❑ Estímulo à vida cultural: Nassau patrocinou médicos, artistas, astrônomos e naturalistas no Nordeste, tendo muitos deles se dedicado ao estudo da fauna e flora locais. Prof. Marco Túlio Aula 00: Curso de História para Colégio Naval 2022 AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 113 C) hostilidade dos grupos indígenas que resistiam à dominação portuguesa D) dificuldade de comunicação entre capitanias e também entre o Brasil e a metrópole E) solo impróprio ao cultivo do açúcar e de outros gêneros em algumas capitanias Comentários - As alternativas A e C estão corretas. A maioria dos donatários sequer tomou posse de seus domínios na América, enquanto outros não lograram êxito em lidar com tantas atribuições em territórios tão vastos. Os elevados custos demandados para a exploração das terras fizeram com que muitos desanimassem do empreendimento, ao mesmo tempo em que a resistência dos indígenas dificultava a ocupação da América Portuguesa. - A alternativa B é a resposta, afinal o sistema de capitanias hereditárias consistia em delegar a administração da América Portuguesa a terceiros. A centralização administrativa só ocorreu a partir de 1548, com a instituição do governo-geral. -A alternativa D está correta, pois o isolamento entre as capitanias e também com a metrópole dificultava a povoação do território e a obtenção de auxílio no enfrentamento de adversidades. - A alternativa E está correta, pois inicialmente as capitanias de Pernambuco e São Vicente foram as únicas a prosperarem com o açúcar, principal fonte de riqueza da metrópole durante o século XVI, enquanto outras não demonstraram ter o solo propício para o cultivo da cana sacarina. Gabarito: B 48. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio) Palmares foi o mais significativo e o mais simbólico dos quilombos não apenas do Brasil mas das Américas. Em nenhum outro lugar a resistência dos escravos fugidos foi tão longa, bem-sucedida e organizada como nos doze mocambos erguidos na serra da Barriga, no sertão de Alagoas, a 90 mil quilômetros de Maceió. BUENO, Eduardo. Brasil: uma história: cinco séculos de um país em construção. São Paulo: Leya, 2012. p. 130. Com base em seus conhecimentos sobre o Quilombo de Palmares, julgue as afirmativas abaixo: I. Palmares foi habitado não somente por negros de origens étnicas distintas, mas também por indígenas e até brancos fora da lei, resultando em uma população composta por milhares de pessoas. II. Zumbi liderou a resistência nos anos finais de Palmares, recusando-se a negociar com o governador de Pernambuco. Morto em 1695, tornou-se símbolo de resistência negra. III. Ao longo de quase um século de lutas, Palmares foi atacado dezenas de vezes, sendo destruído apenas em fevereiro de 1694, por uma expedição liderada por Borba Gato. Assinale a opção correta. a) As afirmativas I, II e III são verdadeiras. b) As afirmativas I e II são verdadeiras. c) As afirmativas I e III são verdadeiras. d) Apenas a afirmativa II e III são verdadeiras. e) Nenhuma das afirmativas é verdadeira. Comentários - A afirmativa I está correta. O quilombo de Palmares começou a ser formado na Serra da Barriga, atual Alagoas, no início do século XVII, sendo totalmente destruído somente em 1694. Além disso, acredita-se que tenha sido o quilombo mais populoso do Brasil, alcançando uma população de 20 mil habitantes, incluindo negros fugidos e nascidos no local, indígenas e brancos fora da lei. Prof. Marco Túlio Aula 00: Curso de História para Colégio Naval 2022 AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 114 - A afirmativa II está correta. No século XX, Palmares transformou-se em um evento-símbolo da luta dos escravos e das populações negras brasileiras de um modo geral, assim como em ícone da construção de outras histórias e memórias no país. - A afirmativa III está incorreta, afinal Palmares foi destruída por uma expedição liderada por Domingos Jorge Velho. Estando corretas as afirmativas I e II, a alternativa B é a resposta. Gabarito: B 49. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio) Em 1574, os cativos chegados da África representavam apenas 7% da força de trabalho escravo no engenho, contra 93% dos índios. Em 1591, eram 37%. Por volta de 1638, já compunham a totalidade, incluindo os cativos recém-chegados da África e os crioulos, ou seja, escravos descendentes de negros nascidos no Brasil. GOMES, Laurentino. Escravidão: do primeiro leilão de cativos em Portugal à morte de Zumbi dos Palmares, volume 1. Rio de Janeiro: Globo Livros, 2019. p. 129. Foram elementos que contribuíram para a predominância da escravidão africana durante o período colonial, exceto: a) dizimação dos nativos por epidemias. b) oposição jesuíta à escravidão indígena. c) indisposição dos índios ao trabalho braçal. d) domínio de certas técnicas pelos africanos. e) barreiras culturais dos nativos quanto ao trabalho agrícola. Comentários Segundo o historiador Gilberto Cotrim (2016, p. 296), são aspectos que contribuíram para a predominância da escravidão africana no Brasil: ▪ Barreiras culturais – Para os povos indígenas, a agricultura era uma tarefa atribuída às mulheres, o que criou resistências à escravidão por homens em diversas culturas; ▪ Epidemias – O contato com os europeus deu início a uma verdadeira guerra bacteriológica, levando milhares de indígenas à morte por gripe, varíola e outras doenças. ▪ Domínio de técnicas pelos africanos – o conhecimento da atividade mineradora, da fundição e da grande lavoura por algumas culturas africanas estimulou o tráfico negreiro para o Brasil. ▪ A oposição jesuítica à escravidão indígena levou a Coroa a criar empecilhos legais em diversos momentos, contribuindo para que colonos optassem por investir na compra de cativos africanos. Feitas essas considerações, a alternativa C é a resposta. A narrativa de que os indígenas eram preguiçosos ou inaptos ao trabalho braçal é equivocada, afinal diversas atividades do cotidiano dos ameríndios incluía o uso da força, como a pesca, a caça e a fabricação de diversos utensílios. Gabarito: C 50. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio) Espalhados pelo Atlântico, portugueses e espanhóis detinham o monopólio das expedições oceânicas, sendo seguidos por outras nações a partir do início do século XVI, especialmente a França e a Inglaterra. Entretanto, os dois reinos ibéricos já haviam decidido a partilha do mundo antes mesmo que outras nações começassem a se aventurar nos novos territórios: em 1493, com a bênção do papa Alexandre VI, foi editada a Bula Intercoetera, substituída no ano seguinte pelo Tratado de Tordesilhas. Prof. Marco Túlio Aula 00: Curso de História para Colégio Naval 2022 AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 115 VICENTINO, Claudio; DORIGO, Gianpaolo. História geral e do Brasil, v. 2. São Paulo: Scipione, 2013. p. 23. Adaptado. O Tratado de Tordesilhas, firmado em 1494 entre por Portugal e Espanha, buscou estabelecer os territórios coloniais ultramarinos desses dois países. Assinale a alternativa que oferece a melhor descrição do acordo: a) os espanhóis ficariam com todas as terras descobertas até a data de assinatura do Tratado, e as terras descobertas depois ficariam com os portugueses. b) os domínios espanhóis e portugueses seriam separados por um meridiano estabelecido a 370 léguas a oeste das ilhas de Cabo Verde. c) a IgrejaCatólica, como patrocinadora do Tratado, arrendaria as terras descobertas pelos portugueses e espanhóis nos quinze anos seguintes. d) Portugal e Espanha administrariam juntos as terras descobertas, para fazerem frente à ameaça colonialista da Inglaterra, da Holanda e da França. e) portugueses e espanhóis seriam tolerantes com os costumes e as religiões dos povos que habitassem as terras descobertas. Comentários - A alternativa A está incorreta, pois o Tratado foi firmado a partir dos territórios já descobertos por espanhóis e portugueses. - A alternativa B é a resposta. Insatisfeitos com os domínios estabelecidos pela bula Inter Coetera (1493), Portugal sugeriu a criação de uma nova linha imaginária, situada a 370 léguas de Cabo Verde. Dessa forma, os lusos também poderiam garantir sua porção de terras no Novo Mundo, o que foi acatado pelos espanhóis. Em 7 de junho de 1494 foi assinado o Tratado de Tordesilhas, que designou terras a leste para Portugal e a oeste para Espanha. - A alternativa C está incorreta, uma vez que o Tratado não estipulou terras à Igreja. - A alternativa D está incorreta, pois os domínios assegurados a cada uma das monarquias pelo Tratado foram administrados somente por elas, sem a interferência da outra. - A alternativa E está incorreta, pois as monarquias ibéricas assumiram o compromisso com a Igreja de disseminar a fé católica, reprimindo ideias e comportamentos considerados heresias. Gabarito: B 51. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio) A partir da segunda metade do século XVI, verificou-se a imposição de diversos mecanismos administrativos pela Coroa Portuguesa no Brasil, entre os quais pode-se destacar: a) o sistema de capitanias-hereditárias, implementado em 1534 e que buscou estimular a ocupação do território a partir da centralização do poder na cidade de Salvador. b) o governo-geral, introduzido em 1548 pelo monarca D. João III e em substituição ao modelo de capitanias-hereditárias, sendo nomeado como primeiro governador o fidalgo Estácio de Sá. c) as câmaras municipais, nas quais predominavam os chamados “homens bons” da Colônia e que desfrutavam de ampla autonomia administrativa em relação ao domínio luso. d) o Conselho Ultramarino, que reviu a excessiva centralização administrativa imposta pelo governo-geral ao atribuir maiores poderes administrativos aos donatários. Prof. Marco Túlio Aula 00: Curso de História para Colégio Naval 2022 AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 116 e) o ouvidor-mor e o provedor-mor, auxiliares do governo-geral e que eram responsáveis pela aplicação da justiça e pela administração das finanças da colônia, respectivamente. Comentários - A alternativa A está incorreta, afinal o sistema de capitanias-hereditárias era descentralizado, ou seja, a Coroa legou a terceiros a incumbência de ocupar e desenvolver a colônia no território brasileiro. Vale destacar que a cidade de Salvador foi criada pelo governador-geral, Tomé de Souza. - A alternativa B está incorreta, afinal o governo-geral não substituiu o sistema de capitanias- hereditárias, que continuou a existir até a Era pombalina. Além disso, o primeiro governador- geral do Brasil foi o fidalgo Tomé de Souza. - A alternativa C está incorreta, afinal as câmaras municipais não dispunham de ampla autonomia administrativa. Eram espaços de governança local, ou seja, decidiam sobre questões como o abastecimento das vilas e a organização de expedições para combater grupos indígenas. - A alternativa D está incorreta. O caráter centralizador da administração colonial foi reforçado pelo Conselho Ultramarino, órgão criado por D. João IV em 1640. Ele limitou ainda mais a influência política dos capitães-donatários, subordinados aos governadores-gerais. Além disso, as competências das Câmaras Municipais foram reduzidas pela criação dos juízes de fora, nomeados pelo próprio rei para presidir suas sessões. - A alternativa E é a resposta. Em 1548, o rei D. João III criou o cargo de governador-geral, figura que centralizava a administração colonial ao atuar como intermediador entre donatários e a metrópole, além impulsionar do processo de colonização. Ele contava com um quadro de auxiliares, entre os quais pode-se destacar: ▪ Ouvidor-mor → responsável pela aplicação da Justiça; ▪ Provedor-mor → responsável pela administração fazendária colonial; ▪ Capitão-mor → responsável pela defesa militar da costa. Nota do professor: O processo seletivo do CN dá grande enfoque à administração do Brasil no período colonial. Fique atento aos mecanismos que destacamos nesta questão. Gabarito: E 52. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio) Sobre o processo de expansão ultramarino empreendido por Portugal, assinale a alternativa correta: a) a superação do cabo bojador, por Gil Eanes, em 1433, representou um dos mais importantes marcos das Grandes Navegações, na medida em que introduziu novas tecnologias marítimas. b) a tomada de Ceuta, em 1415, simbolizou o marco inicial da expansão, na medida em que possibilitou a acumulação de riquezas para a continuidade da empresa marítima. c) o pioneirismo luso no expansionismo pode ser justificado pela formação de uma sólida burguesia nacional, que fez deste empreendimento uma iniciativa estritamente particular. Prof. Marco Túlio Aula 00: Curso de História para Colégio Naval 2022 AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 117 d) devido às condições marítimas desfavoráveis, os portugueses abandonaram o projeto de circunavegação da África e alcançaram às Índias ao rumarem para o Oeste. e) a expedição cabralina de 1500 pode ser encarado como o desfecho da Era das Navegações Lusas, na medida em que concluiu o Périplo Africano iniciado por Bartolomeu Dias. Comentários - A alternativa A está incorreta, pois a viagem de Gil Eanes comprovou ser o cabo Bojador, mais do que qualquer coisa, um obstáculo mental no imaginário europeu, afinal diversas lendas medievais de que monstros marinhos habitavam a região amedrontavam os navegadores. - A alternativa B é a resposta. O marco inicial do expansionismo português se deu com a ocupação da cidade de Ceuta, em 1415. Liderada pelo infante D. Henrique, quinto filho de D. João I, a empreitada foi motivada por razões estratégicas, afinal dali haviam partido os mouros, setecentos anos antes, para dominar os cristãos da Península Ibérica. - A alternativa C está incorreta, pois as grandes navegações foram um projeto nacional, ou seja, contou não somente com a coordenação Estado, mas com o entusiasmo de setores comerciais, da Igreja e das camadas populares. - A alternativa D está incorreta, pois os portugueses alcançaram as Índias por meio do Périplo Africano – nome dado às viagens de circunavegação da África pelos lusos. - A alternativa E está incorreta, pois o Périplo Africano foi concluído por Vasco da Gama, em 1498. Gabarito: B 53. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio) Quando falamos em “Guerra dos Bárbaros” nos referimos aos conflitos dos povos generalizados como Tapuia do sertão nordestino. A própria documentação colonial, quando fala de sublevações indígenas, se utiliza esta denominação. Segundo [o historiador Pedro] Puntoni, “a Guerra dos Bárbaros foi igualmente tomada pela historiografia como uma confederação das tribos hostis ao Império Português, um genuíno movimento organizado de resistência ao colonizador”. VICENTINO, Claudio; DORIGO, Gianpaolo. História geral e do Brasil, v. 2. São Paulo: Scipione, 2013. p. 91. Também conhecido como Guerra dos Bárbaros, foi um conflito entre tapuias e colonos ocorrido no território que corresponde ao atual sertão nordestino, entre a Bahia e o Maranhão. Trata-se da a) Confederação dos Tamoios b) Confederação dos Cariris c) Guerras Guaraníticas d) Cabanagem e) Balaiada Comentários - A alternativa A está incorreta. A Confederação dos Tamoios se deu entre 1554 e 1567, no litoral norte paulistae sul fluminense, sendo impulsionada pela união de caciques para fazer frente à colonização e à escravidão imposta pelos portugueses. O termo Tamuya, que em tupinambá significa “mais antigo”, era utilizado para denominar essas lideranças, sendo replicado pelos portugueses para denominar a revolta. Cunhambebe, Pindobuçú, Koakira, Araí e Aimberê foram os principais nomes do movimento, que contou com a participação de indígenas tupinambá (Tupiniquins, Aimorés e Temiminós). Prof. Marco Túlio Aula 00: Curso de História para Colégio Naval 2022 AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 118 - A alternativa B é a resposta. A Confederação dos Cariris foi um movimento ocorrido na região Nordeste da Colônia, entre 1638 e 1713. O processo de colonização lusa e a instituição da escravidão enfrentou resistências dos nativos Kiriri, que foram reprimidos com expedições bandeirantistas. - A alternativa C está incorreta. As Guerras Guaraníticas foram uma reação dos indígenas aldeados e liderados pelos jesuítas diante da tentativa de removê-los para os domínios espanhóis, onde poderiam ser submetidos ao regime de escravidão. Apesar de derrotados, muitos permaneceram na região de Sete Povos, o que levou à anulação do Tratado de Madri. - As D e E estão incorretas. A Cabanagem e a Balaiada não foram movimentos essencialmente indígenas, além de terem ocorrido no período colonial. Gabarito: B 54. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio) Conhecedores profundos do terreno e bem adaptados à natureza tropical, portugueses como Matias de Albuquerque, indígenas como Felipe Camarão e negros como Henrique Dias idealizaram uma tática de luta baseada na guerra de guerrilhas. BUENO, Eduardo. Brasil, uma história: cinco séculos de um país em construção. São Paulo: Leya, 2012. Adaptado. A desestruturação do domínio holandês no Nordeste do Brasil, resultado das lutas empreendidas de décadas de batalhas que ficaram conhecidas como “Guerra Brasílica”, apresentou como consequência para o Brasil a) o fim da União Ibérica e a restauração do trono português. b) a crise na economia açucareira, em razão da concorrência do açúcar antilhano. c) a revogação dos tratados de fronteira firmados entre Portugal e Países Baixos. d) o investimento na busca de metais preciosos, em razão do fim da produção do açúcar. e) o aumento da autonomia da região açucareira, como estímulo da Coroa em se reaproximar dos senhores de engenho. Comentários - A alternativa A está incorreta. A União Ibérica se encerrou em 1640, ao passo que a expulsão dos holandeses do Nordeste se deu em 1654. - A alternativa B é a resposta. Após serem expulsos do Brasil, os holandeses passaram a produzir açúcar nas Antilhas, na América Central, que se demonstrou mais competitivo que o brasileiro no mercado europeu. - As alternativas C e D estão incorretas, afinal não foram consequências da expulsão dos holandeses do Nordeste açucareiro. - A alternativa E está incorreta. Nenhuma região da Colônia dispunha de autonomia no período. Gabarito: B 55. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio) Das formas de escravização indígena consideradas legítimas mantiveram-se, com raras exceções, durante quase todo o período colonial: as guerras justas e as expedições de resgate. Ambas eram regulamentadas por leis que variavam conforme as disputas e as pressões dos interessados. ALMEIDA, Maria Regina Celestino de. Os índios na história do Brasil. Rio de Janeiro: Ed. FGV, 2010. p. 84. Prof. Marco Túlio Aula 00: Curso de História para Colégio Naval 2022 AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 119 Em relação ao trabalho indígena na América Portuguesa, assinale a alternativa correta. a) O caráter rudimentar do trabalho indígena, que não incluía o domínio do cultivo de espécies vegetais ou da domesticação de animais, atravancou o desenvolvimento da Colônia. b) A mão de obra indígena foi menos explorada no mundo colonial que a mão de obra africana, afinal ela permaneceu restrita aos casos de guerra justa decretadas contra povos hostis. c) Com a afirmação do tráfico de escravos africanos no Atlântico, a exploração da mão de obra indígena caiu em desuso no Brasil por se mostrar menos rentável para a Coroa. d) A mão de obra indígena foi largamente explorada no processo de ocupação da região Nordeste, mas seu uso foi restrito nas atividades econômicas da região Centro-Sul. e) Os jesuítas buscaram segregar os indígenas em comunidades para evitar que fossem utilizados como escravos na Colônia, o que não significa que seu trabalho não fosse explorado. Comentários - A alternativa A está incorreta, pois os indígenas tinham o conhecimento sobre o cultivo de espécies de plantas, que foi apropriado pelos colonizadores. - A alternativa B está incorreta, afinal a mão de obra indígena foi explorada nas comunidades jesuíticas e de maneira ilegal pelos colonos. - A alternativa C está incorreta, pois a escravidão indígena permaneceu durante todo o período colonial, sobretudo em regiões afastadas dos eixos econômicos do Brasil. - A alternativa D está incorreta, afinal a mão de obra indígena foi largamente utilizada na região Centro- Sul, incluindo por bandeirantes. - A alternativa E é a resposta. Os jesuítas mantiveram alguns indígenas isolados em aldeias, onde eram submetidos ao ensino da fé cristã, da língua portuguesa e de trabalhos manuais com baixa remuneração. Assim sendo, eram contra a escravização dos nativos, mas não da exploração de sua mão- de-obra. Gabarito: E 56. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio) A União Ibérica, que se estendeu entre os anos de 1580 a 1640, representou o domínio do Império Português pela Coroa de Espanha durante os reinados de Filipe II e Filipe III. Sobre esse período, assinale a alternativa correta: A) A dominação castelhana por toda a Península Ibérica, há muito almejada pelos lusos, se deu por meio da vitória do rei espanhol, Felipe II, nos conflitos travados contra o rei D. Sebastião, da dinastia de Avis, que até então detinha a Coroa portuguesa. B) A conquista do Nordeste açucareiro pelos Países Baixos, entre 1630 e 1654, foi uma consequência direta da dominação espanhola sobre Portugal, afinal impôs o afastamento dos holandeses do comércio do açúcar no Nordeste, o que estimulou represálias. C) A intervenção espanhola na sucessão do trono português foi motivada pelo interesse da dinastia filipina de exercer sua hegemonia sobre o Prata, assegurada a partir do domínio da América Portuguesa – e consequentemente, da margem oriental do Rio Uruguai. D) A dominação espanhola legou diversas transformações positivas ao mundo colonial, como a introdução de um novo órgão administrativo, o Conselho Ultramarino, que reforçou a centralização iniciada com a criação do governo-geral. Prof. Marco Túlio Aula 00: Curso de História para Colégio Naval 2022 AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 120 E) O processo de restauração e consolidação de uma nova dinastia em Portugal, a de Bragança, a partir de um acordo de paz ratificado entre os governos luso e espanhol, o que deu fim de maneira pacífica, ao domínio castelhano na porção portuguesa da Península Ibérica. Comentários - A alternativa A está incorreta, pois os portugueses não apoiaram a dominação empreendida pela dinastia filipina. Além disso, em 1578 o rei português D. Sebastião foi morto em combate contra os árabes no Marrocos, durante a Batalha de Alcácer-Quibir. - A alternativa B é a resposta. Após acumular as Coroas lusa e espanhola, Filipe II e seus sucessores não interviram na administração da América Portuguesa, mas impuseram aos lusos a necessidade de tomar como inimigos os holandeses, que recentemente haviam se tornado independentes da Coroa espanhola. Isso atrapalhava a participação desses estrangeiros no refino e comércio do açúcar, o que os levou a criar, em 1624 a Companhia das Índias Ocidentais, a fim de obterem seus próprios territóriosdo outro lado do Atlântico. - A alternativa C está incorreta, afinal a União Ibérica foi decorrente dos direitos dinásticos sobre o trono português, reivindicados por Felipe II. - A alternativa D está incorreta, pois a criação do Conselho Ultramarino se deu durante o reinado de D. João IV, em 1640, após o fim da União Ibérica. - A alternativa E está incorreta, pois o fim da União Ibérica se através da Guerra de Restauração. Gabarito: B 57. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio) No Brasil, desde, 1504, tem-se notícias de comerciantes traficando pau-brasil ao longo da costa brasileira. Mas, foi somente em 1555 que tiveram início as incursões de conquista no Brasil, com a fundação de uma colônia que serviu de refúgio para calvinistas protestantes franceses. A conquista durou cerca de 12 anos, quando foram expulsos, em 1567, pelos portugueses. JOAN, Botelho. Conhecendo e debatendo a história do Maranhão. São Luís: Gráfica e Editora Impacto, 2019. p. 49. A respeito das invasões francesas durante o período colonial, assinale a alternativa correta: a) a primeira tentativa de fundação de uma colônia pelos franceses se deu em um contexto em que Portugal ainda não havia lançado esforços para dar início à ocupação do Brasil. b) em 1612, Daniel de la Touche comandou uma ofensiva na região do Maranhão, onde fundou a cidade de São Luís, sede da colônia nomeada de França Equinocial. c) o processo de desarticulação da chamada França Antártica se deu durante a União Ibérica, quando os franceses foram expulsos do Brasil pelos portugueses e seus aliados tupinambás. d) pouco tempo depois de serem expulsos do Maranhão, os franceses empreenderam uma nova tentativa de fundar uma colônia, dessa vez na baía de Guanabara. e) a colônia fundada pelos franceses no Rio de Janeiro ficou conhecida como França Equinocial, enquanto aquela criada anos depois, no Maranhão, foi batizada de França Antártica. Comentários - A alternativa A está incorreta, pois o processo de colonização do Brasil se inicia em 1530 – 25 anos antes da formação da França Antártica. - A alternativa C está incorreta, pois a destruição da França Antártica antecede o período denominado de União Ibérica. Além disso, os portugueses eram aliados dos indígenas tupiniquim, ao passo que os franceses tinham os tupinambás como aliados. Prof. Marco Túlio Aula 00: Curso de História para Colégio Naval 2022 AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 121 - A alternativa D está incorreta, afinal a primeira tentativa de fundação de uma colônia francesa no Brasil se deu na Baía de Guanabara, e, posteriormente, no Maranhão. - A alternativa E está incorreta, pois a colônia da baía de Guanabara era chamada de França Antártica, enquanto a do Maranhão ficou conhecida como França Equinocial. - A alternativa B é a resposta. Para facilitar segue um breve texto que conta sobre as duas tentativas dos franceses de estabelecerem colônias no Brasil – ambas desarticuladas pelos portugueses: As invasões francesas no Brasil Em 1555, os franceses invadiram a América Portuguesa e fundaram o forte Coligny, em uma das ilhas da baía de Guanabara, Rio de Janeiro. A colônia francesa, chamada de França Antártica, durou apenas cinco anos, sendo derrotada pelo terceiro- governador geral, Mem de Sá, em 1560. Os invasores, contudo, continuaram a intervir na região com o intuito de participar do comércio de pau-brasil. Em 1612, Daniel de la Touche comandou uma ofensiva na região do Maranhão, onde fundou a cidade de São Luís, sede da colônia nomeada de França Equinocial. O novo empreendimento se estendeu nos três anos seguintes, quando os portugueses conseguiram expulsar os invasores do Brasil. Gabarito: B 58. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio) Determinei que pusessem sua cabeça em um poste no lugar mais público desta praça, para satisfazer os ofendidos e justamente queixosos e atemorizar os negros que supersticiosamente julgavam Zumbi um imortal, para que entendessem que esta empresa acabava de todo com os Palmares. GOMES, Laurentino. Escravidão: do primeiro leilão de cativos em Portugal à morte de Zumbi dos Palmares, volume 1. Rio de Janeiro: Globo Livros, 2019. P. 420. O trecho acima foi extraído de uma carta encaminhada pelo governador Melo e Castro ao rei de Portugal, em março de 1696.Com base na descrição oferecida acima, é correto afirmar que: a) a punição ao líder de Palmares enfraqueceu outras experiências quilombolas no período. b) o desaparecimento de Zumbi estimulou teses sobre a sobrevivência de Palmares. c) a construção de Zumbi como um mito foi iniciada no contexto da repressão à Palmares. d) o suplício de Zumbi buscou combater práticas religiosas da comunidade afro-brasileira. e) a violência empreendida contra o quilombo encerrou as práticas de resistência à escravidão. Comentários - A alternativa B está incorreta, pois não era a ideia da sobrevivência de Palmares que circulava no imaginário da população afro-brasileira, mas sim a imortalidade de Zumbi. - As alternativas A e E estão incorretas, afinal outras experiências de resistência à escravidão ocorreram no Brasil após a destruição de Palmares. - A alternativa D está incorreta, pois a punição aplicada contra Zumbi buscava conter a experiência de Palmares e desencorajar outras ações de resistência similares promovidas por escravizados. - A alternativa C é a resposta. Apesar da destruição de Palmares, a ideia de Zumbi como um mítico e imortal guerreiro permaneceu no imaginário de escravos no período colonial. Mais recentemente, essa figura histórica foi resgatada como símbolo de resistência do movimento negro. Prof. Marco Túlio Aula 00: Curso de História para Colégio Naval 2022 AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 122 Gabarito: D 59. (EsFCEx – Exército Brasileiro – CFO/QC / 2019) Na América portuguesa, em consequência da ofensiva francesa e do declínio do trato asiático, foram tomadas em 1534 medidas para o povoamento e a valorização do território. (ALENCASTRO, Luiz Felipe de. O Trato dos Viventes: formação do Brasil no Atlântico Sul. São Paulo: Companhia das Letras, 2000, p. 20). As medidas mencionadas na afirmativa acima referem-se aos sistemas de administração que Portugal empregou no Brasil no século XVI. Em ordem cronológica, a partir de 1534, tais sistemas foram A) Feitorias e Governo Geral. B) Capitanias Hereditárias e Governo Geral. C) Governo Geral e Feitorias. D) Governo Geral e Capitanias Hereditárias. E) Feitorias e Capitanias Hereditárias. Comentários - As feitorias eram entrepostos fortificados pelos portugueses ao longo da costa brasileira no período pré-colonial, com o intuito de depositar o pau-brasil retirado pelos indígenas. Dessa maneira, as alternativas A, C e E estão incorretas. - A alternativa B é a resposta. Em 1534, a Coroa portuguesa replicou o sistema de colonização empregado nas ilhas de Açores e da Madeira na América, denominado capitanias-hereditárias. O território foi dividido em extensas faixas de terras, as capitanias, e entregues a particulares para que pudessem povoá-las. Em 1548, o rei D. João III criou o cargo de governador-geral, figura que centralizava a administração colonial ao atuar como intermediador entre donatários e a metrópole, além impulsionar do processo de colonização. - A alternativa D está incorreta, pois apresenta a ordem inversa da real sequência cronológica dos sistemas administrativos adotados pela Coroa na América Portuguesa. Gabarito: B 2005 " [ . . . ] Su.bmetido durante três séculos à potência européia que maneja o maior mercado de escravos, o .Brasil converte-se no maior importador de escravos do Novo Mundo. . ." (Alencastro, Luiz Felipe de - O Trato dos Viventes: formação do Brasil no Atlântico Sul - São Paulo: Companhia das Letras, 2000.) As razões que levaram a utilização de escravos africanos como mão-de-obra nas lavouras açucareiras do Brasil foram (A) a redução consideráveldo número de índios no litoral e a oposição da Igreja Católica que combatia a escravização indígena. (B) as dificuldades enfrentadas pelos índios em se adaptar ao trabalho na lavoura e a fácil adaptação dos negros ao trabalho pesado. (C) a política de estado de preservação dos povos indígenas e os grandes lucros gerados para a Coroa portuguesa com a venda dos escravos africanos. (D) o déficit populacional em Portugal e fato do negro ser mais dócil que o índio, aceitando o seu estado de escravo. (E) a instituição prévia do emprego da mão-de-obra escrava em Portugal e a preguiça do índio no trabalho na lavoura. Prof. Marco Túlio Aula 00: Curso de História para Colégio Naval 2022 AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 123 2005 "Numa primeira aproximação, o si s tema colonial apresentase-nos como o conjunto das relações entre as metrópoles e suas respectivas colônias, num dado período da história da colonização: na Época Moderna, entre o Renascimento e a Revolução Francesa. Parece-nos conveniente chamar essas relações, seguindo a tradição de vários historiadores, Antigo Sistema Colonial da era mercantilista." (NOVAIS, Fernando A. - Estrutura e dinâmica do Antigo Sistema colonial (séculos XVI-XVIII) - São Paulo: Brasiliense, 1998.) Uma das bases do Antigo Sistema Colonial mencionado pelo historiador Fernando A. Novais foi a plantation que, no que diz respeito ao Brasil, durante o Período Colonial, pode ser definida como: (A) pequena propriedade, policultura de gêneros agrícolas voltados para o mercado interno e a utilização do trabalho livre assalariado. (B) grande propriedade, monocultura voltada para o mercado externo e mão- de-obra assalariada livre. (C) monocultura voltada para o mercado externo, utilização do trabalho compulsório e pequena propriedade. (D) utilização de mão-de-obra escrava, grande propriedade e monocultura voltada para o mercado externo. (E) utilização de mão-de-obra escrava, grande propriedade e policultura de gêneros agrícolas voltados para o mercado interno. 2010 "As Câmaras Municipais, encarregadas da administração local, foram sendo estruturadas paralelamente à formação das primeiras vilas." A atuação das Câmaras, controladas pelos homens-bons, abrangia diversos setores, como o abastecimento, a tributação e a execução das leis.[ ...] Assim, as Câmaras Municipais constituíam poderosos órgãos da administração colonial. (Cotrim, Gilberto. História Global- Brasil e Geral. 8. ed. São Paulo: Saraiva,2005.p.203.) A categoria dos homens-bons refere-se aos • A contratadores, homens de prestígio, que eram autorizados a cobrarem impostos e o dízimo. • B homens da sociedade colonial que se notabilizaram por fazer grandes obras de caridade. • C administradores enviados pela coroa portuguesa com o objetivo de fiscalizar a arrecadação do quinto. • D homens encarregados dos assuntos da justiça, auxiliares diretos dos governadores-gerais. • E proprietários de terras, de escravos ou de gado que em muitas cidades exerciam o poder político. Prof. Marco Túlio Aula 00: Curso de História para Colégio Naval 2022 AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 124 12. CONSIDERAÇÕES FINAIS Terminamos nossa primeira aula! O período colonial é extremamente recorrente nas provas do Colégio Naval, então espero que você tenha se atentado os principais pontos do módulo! Veja novamente: ❑ O período pré-colonial e a exploração do pau-brasil. ❑ A economia e sociedade do açúcar; ❑ A presença estrangeira nos domínios lusos ❑ A administração da América Portuguesa. ❑ As especificidades da escravidão indígena e africana, e as formas de resistência existentes; Bom, se todos os tópicos listados estiverem tranquilos, nosso objetivo foi cumprido! Agora, se pintou aquela dúvida, volte às nossas aulas, e reveja o conteúdo. Persistindo os sintomas, me procure no Fórum de Dúvidas! Estou à disposição para ajudá-lo! Abraços, Prof. Marco Túlio @profmarco.tulio @profmarcotulio /marcotulio.gomes.186 13. REFERÊNCIAS ALGRANTI, Leila Mezan. Famílias e vida doméstica. In: SOUZA, Laura de Mello e (org.). História da vida privada no Brasil: cotidiano e vida privada na América portuguesa. São Paulo: Companhia das Letras, 1997. BUENO, Eduardo. Brasil: uma história: cinco séculos de um país em construção. São Paulo: Leya, 2012. COTRIM, Gilberto. História global. 11ª ed. São Paulo: Saraiva, 2016. FAUSTO, Boris. História concisa do Brasil. 2ª ed. São Paulo: EDUSP, 2006. FREI VICENTE DO SALVADOR. História do Brasil, livro primeiro. Disponível em: <http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/2010/sugestao_leitura/2011/historia/4vicente _salvador.pdf>. Acesso em: 17 jun. 2019. FREITAS NETO, José Alves de; TASINAFO, Célio Ricardo. História geral e do Brasil. São Paulo: Harbra, 2006. Prof. Marco Túlio Aula 00: Curso de História para Colégio Naval 2022 AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 125 MATTOS, Regiane Augusto de. História e cultura afro-brasileira. São Paulo: Contexto, 2020. MELLO, Edvaldo Cabral de (org.). O Brasil Holandês: (1630-1654). São Paulo: Penguin Classics, 2010. MONTEIRO, John Manuel. Os negros da terra: índios e bandeirantes nas origens de São Paulo. São Paulo: Companhia das Letras, 2004. PEREIRA, Julia da Rocha. Rede da indústria do açúcar: a construção do território de Igarassu-Pe. Disponível em: < http://portal.iphan.gov.br/uploads/ckfinder/arquivos/VI_coloquio_t2_rede_industria_acucar.pd f>. Acesso em: 25 abr. 2019. SCHWARCZ, Lilia Moritz; STARLING, Heloisa Murgel. Brasil: uma biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.