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celiotomia e laparotomia Celiotomia é a abertura do abdome (abertura da cavidade abdominal pela região ventral). Laparotomia é a abertura do flanco (abertura da cavidade abdominal pela região lateral). Introdução É um dos procedimentos cirúrgicos mais utilizados na prática cirúrgica veterinária. É uma técnica fácil, relativamente segura, dependendo do caso. No caso das cirurgias abdominais eletivas, dificilmente apresentaram alguma complicação no pós-cirúrgico. Entretanto, os animais que irão passar por cirurgia abdominal de emergência apresentam maior chance de apresentar complicações, pois apresentam algumas situações: -Aumento da pressão intra-abdominal podendo ser causada por: ->Organomegalia; ->Peritonite; ->Sangue. Por conta desse aumento de pressão a chance de deiscência aumenta. A cirurgia abdominal com fins diagnósticos não é muito comum em pequenos quando comparadas aos grandes animais, pois existe uma facilidade de diagnosticar as afecções por exames de imagem (radiografia, ultrassom, tomografia, etc). A grande maioria de cirurgias abdominais em pequenos apresentam fins terapêuticos Indicações Conclusão diagnostica: consiste na coleta de algum material que está dentro do abdome do animal (citologia, Histopatologia ou microbiologia de tecidos, fluidos, etc). Determinação do prognóstico: é quando a gente precisa olhar a viabilidade dos tecidos (extensão de lesões em tecidos, origem de uma hemorragia, viabilidade tecidual após a correção cirúrgica de alguma lesão abdominal) Propósitos terapêuticos: trauma abdominal, hérnias na parede abdominal, controle de hemorragia ativa, eliminação e uma fonte de contaminação, remoção de massas intra- abdominais, remoção de obstruções de vísceras, orquiectomia de cães criptoquirdicos, etc. Anatomia aplicada a técnica cirúrgica Parede abdominal: -Pele; -Subcutâneo; -Linha alba (união de das fáscias dos músculos obliquo abdominal externo, obliquo abdominal interno, transverso do abdome e reto abdominal.) no meio do abdômen. OBS: quando a incisão é na linha alba, temos uma celiotomia mediana. Quando a incisão é no músculo temos a celiotomia paramediana. Linha alba É uma estrutura fibrosa que se localiza na porção ventral e central do abdome. OBS: quando se abre na linha alba é possível ter um acesso igual para o lado esquerdo e o direito. Tamanho: -Cão: 2 a 3 mm de diâmetro; -Gato: 4 mm de diâmetro. Divisão do abdome É dividido em: -Região epigástrica; -Região mesogástrica; -Região hipogástrica. Cada uma dessas regiões são dividas em dois quadrantes (esquerdo e direito). O acesso vai depender em qual estrutura ou local o cirurgião precisa chegar. Classificação da incisão de acordo com o sentido De acordo com o sentido podemos classificar em: -Mediana; -Paramediana. -Oblíqua; -Transversa; -Combinada. Celiotomia Mediana É caracterizada pela incisão da linha alba, além da pele e do subcutâneo (não faz incisão em músculos). A principal vantagem é que ela permite uma visualização visão bilateral e simétrica. Pode ser estendida cranialmente ou caudalmente (depende do local que se quer chegar). Como é feita? Com o animal em decúbito dorsal coloca-se os panos perpendiculares e paralelos. Com isso seguimos os seguintes passos: -Afasta a pele do animal com o indicador e o polegar; -Realiza-se a Incisão de pele e subcutâneo; -Identifica a linha alba e realiza a pulso-incisão (puxa com duas pinças de allis e faz a pulso- incisão); -Na abertura da pulso-incisão analisa se há aderência ao redor; -Amplia-se a abertura com tesoura a abertura. particularidades No caso de cães machos (pênis passa na linha média) deve-se aplicar no prepúcio clorexidine diluída em solução fisiológica e posteriormente limpar com gaze. Além disso cães machos deverão ser sondados antes da realização da celiotomia mediana. O desvio do pênis pode ser feito tanto para o lado esquerdo quanto para o direito. Esses processos não são necessários nas fêmeas e nos gatos. Síntese O primeiro plano de sutura da celiotomia mediana é a linha alba, podendo ser em padrão separado ou contínuo, desde que seja uma sutura de tensão. -Padrões separados: sultan (x), perto-longe- longe-perto, simples separado; -Padrões contínuos: reverdin (sutura festonada), simples contínuo. O fio, caso não tenha nenhuma contra indicação e problema, deverá ser feita com fio absorvível (ácido poliglicólico, poligalactina 910, etc). OBS: a sutura pode ser feita na bordinha da linha alba (4 a 10 mm). Quando se faz padrão separado no abdome, a distância entre os pontos deve ser menor (5 a 10 mm) para evitar hernias e contaminação da cavidade. Não pode apertar muito, pois pode ocasionar estrangulamento e não se deve incluir o ligamento falciforme na sutura. Celiotomia paramediana É caracterizada pela incisão paralela a linha alba, ou seja, incisão do músculo reto abdominal. Como é feita? Após a incisão da pele e subcutâneo, com as pinças de allis levanta-se o músculo reto abdominal e realiza a pulso-incisão, perfurando: -Bainha externa; -Músculo reto abdominal; -Baixa interna. O problema é que quando for suturar, não pode suturar o músculo, pois o ele é um monte de fibra, desta maneira quando passamos a agulha a fibra abre, consequentemente o nó corre por essa abertura e a sutura abre. Nesse caso como não tem fáscia, realiza-se a sutura das bainhas. A celiotomia paramediana apresenta desvantagens quando comparada a mediana, são elas: -Sangra mais; -O animal sente dor no pós-operatório e depois um desconforto (incisão do músculo); -É mais difícil suturas. Síntese Apresenta a mesma recomendação de fio e padrão de sutura feitas na incisão mediana. Sempre devemos incluir sempre a fáscia externa do músculo reto abdominal e não se deve incluir o músculo na sutura. Não tentar incluir o peritônio na sutura (aumenta a chance de aderência abdominal. Classificação da incisão de acordo com a situação De acordo com o a situação podemos classificar em: -Pré-umbilical: quando a incisão é feita cranial a cicatriz umbilical (entre apêndice xifoide e cicatriz umbilical). Da acesso à região epigástrica; -Retroumbilical: quando a incisão é feita abaixo da cicatriz umbilical (entre a cicatriz umbilical e o púbis). Da acesso à região hipogástrica; -Pré-retroumbilical: quando a incisão se estende cranialmente e caudalmente a cicatriz umbilical (desde o apêndice xifoide até o púbis). Atinge a região epi, meso e hipogástrica. -Hipocondríaca ou paracostal (acesso ao rim): a incisão está se situada caudal a última costela (realizada em decúbito lateral); -No flanco: a incisão está situada em um ponto equidistante entre a asa do íleo e a última costela (decúbito lateral). O tipo de incisão vai depender de onde se que acessar. PRÉ-OPERATÓRIO anamnese Anamnese criteriosa, indicação cirúrgica, evolução da doença ou trauma, vacinação, vermifugação, morbidades, alergias, etc. Exame físico -Atenção aos sistemas cardiovasculares, respiratórios, renal e hepático; -Palpação abdominal; -Obesidade: pode aumentar as chances de ocorrer deiscência, pois toda a gordura do abdome repousa sobre a sutura; -Caquexia: como o animal está com uma falta de proteínas, o processo de cicatrização fica comprometido (deiscência). Caso possível, o animal precisa ter a obesidade e a caquexia controlados antes de realizar a cirurgia (nem sempre dá). Exames complementares -Dependerá da suspeita; -Se não for uma cirurgia eletiva de abdome, pelo menos deverá ser realizado um exame de imagem; -Existem pacientes que necessitaram de mais exames. PRÉ-OPERATÓRIO imediato Jejum Se possível (em casos de cirurgia eletiva é necessária, já em casos de urgência): -8 a 12 horas de sólidos; -4 horas de líquido. Devemos tomarcuidado com pacientes pediátricos (principalmente) e geriátricos. Tricotomia Deve ser ampla, no mínimo desde a cartilagem xifoide até o púbis estendendo-se lateralmente até o flanco para celiotomia mediana. Antissepsia Nos machos deve-se realizar a lavagem do prepúcio com soluções antissépticas e sondagem. Pós-operatório O pós-operatório dependerá do órgão que foi operado e da condição clínica previa. De maneira geral: -Controle de dor (também depende da condição clínica prévia e do órgão operado); -Uso de colar elizabetano no cão macho principalmente; -Acompanhar a motilidade intestinal. OBS: existe uma alteração denominada de íleo paralítico, que ocorre por um manejo excessivo no intestino do animal. Consequentemente, o intestino para de ter peristaltismo e começa a reter muito gás, causando desconforto abdominal no animal. Animais nessa condição deverão permanecer internados, pois pode levar a complicações. Complicações Complicações gerais As complicações gerais compreendem os problemas que podem ocorrer em qualquer procedimento cirúrgico. Temos: -Infecção: geralmente ocorre por uma assepsia insatisfatória. Pode evoluir para sepse e o tratamento é a utilização dos antimicrobianos; -Dor: relacionado a manipulação excessiva dos tecidos e edema; -Deiscência: relacionada a uma baixa técnica de síntese (aperta de mais ou de menos, ou utiliza um fio errado). Complicações relacionadas a celiotomia ou laparotomia Qualquer complicação que ocorra em uma incisão abdominal pode resultar em eventração (extravasamento das vísceras para o tecido subcutâneo) e evisceração (extravasamento das vísceras para fora do corpo). Nos casos de peritonite, a infecção e o aumento da pressão intra-abdominal podem culminar com eventração e evisceração mesmo com a realização de uma técnica operatória correta. Causas de evisceração e eventração Erro técnico: -Colocação da sutura em local inadequado; -Aperto deficiente do nó (nó frouxo ou muito apertado); -Área de sutura incompleta (muito distante uma sutura da outra); -Material de sutura inadequado; -Infecção. Terapia concomitante: -Corticosteroides (retarda o processo de cicatrização); Enfermidades concomitantes: -Hiperadrenocorticismo (retarda a cicatrização); -Hipoalbuminemia (deficiência de proteína); -Obesidade. Manejo pós-operatório: -Falha na restrição de atividades (por 15 dias); -Falha na prevenção de interferências na sutura; -Dor pós-operatório resultando em tensão abdominal.
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