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1 Enízia Simões 4°período Intolerância alimentar e Alergia alimentarIntolerância alimentar e Alergia alimentarIntolerância alimentar e Alergia alimentar APG 03 - “Como disse Drummond: e agora, Jose? ObjetivosObjetivosObjetivos 1. Compreender o processo imunológico relacionado a alergia 2. Estudar a etiologia, epidemiologia, fisiopatologia, manifestações clínicas, diagnóstico e tratamento da alergia e intolerância alimentar. 3. Identificar os alimentos desencadeantes da intolerância e alergia alimen- tar AlergiaAlergiaAlergia LEMBRAR:LEMBRAR:LEMBRAR: Hipersensibilidade imediata (tipo I)Hipersensibilidade imediata (tipo I)Hipersensibilidade imediata (tipo I). É causada por anticorpos IgE específicos para antígenos ambientais não microbianos e é o tipo mais prevalente de doença de hi- persensibilidade. As doenças de hipersensibilidade imediata, agrupadas como alergia ou atopia, são normalmente causadas pela ativação de células Th2 produtoras de interleucina-4 (IL-4), IL-5 e IL-13, e pela produção de anticorpos IgE que ativam mastócitos e eosinófilos e induzem inflamação Hipersensibilidade mediada por anticorpos (tipo IIHipersensibilidade mediada por anticorpos (tipo IIHipersensibilidade mediada por anticorpos (tipo II). Anticorpos IgG e IgM específicos para antígenos da superfície celular ou da matriz extracelular podem causar lesão tecidual ativando o sistema complemento, direcionando células para fagocitose por leucócitos, recrutando células inflamatórias e interferindo nas funções celulares normais Hipersensibilidade mediada por imunocomplexos (tipo IIIHipersensibilidade mediada por imunocomplexos (tipo IIIHipersensibilidade mediada por imunocomplexos (tipo III). Anticorpos IgM e IgG espe- cíficos para antígenos solúveis no sangue formam complexos com antígenos, e es- ses imunocomplexos podem se depositar nas paredes dos vasos sanguíneos em vá- rios tecidos, causando inflamação, trombose e lesão tecidual Hipersensibilidade mediada por células T (tipo IV)Hipersensibilidade mediada por células T (tipo IV)Hipersensibilidade mediada por células T (tipo IV). Nesses distúrbios, a lesão tecidual pode ser causada por linfócitos T CD4+, que secretam citocinas indutoras de infla- mação, ou CTLs CD8+, que matam as células-alvo. - Alergia é um tipo de reação imune (hipersensibilidade tipo I) - As reacções adversas a alimentos integram as alergias alimentares, media- das por um mecanismo imunológico - Alergia alimentar é uma forma de reacção adversa a alimentos que é cau- sada por uma resposta imunológica ao alimento, sendo que a maioria das aler- gias alimentares é mediada por uma resposta de hipersensibilidade tipo 1, com produção de Imunoglobulina E (IgE) - Diversas doenças humanas são causadas por respostas imunes a antígenos ambientais não microbianos e envolvem as citocinas do tipo 2, IL-4, IL-5 e IL- 13, IgE, mastócitos e eosinófilos. Na fase efetora dessas respostas, mastóci- tos e eosinófilos são ativados a liberarem rapidamente mediadores causado- res de permeabilidade vascular aumentada, vasodilatação e contração da musculatura lisa brônquica e visceral. Essa reação vascular é chamada hiper- sensibilidade imediata (tipo 1), porque se inicia rapidamente, dentro de minutos após o desafio com o antígeno, em um indivíduo previamente sensibilizado (imediata), tendo consequências patológicas (hipersensibilidade). Após a respos- ta imediata, há um componente inflamatório que se desenvolve mais lenta- mente - reação de fase tardia - caracterizado pelo acúmulo, principalmente, de eosinófilos e neutrófilos. Essas reações ão chamadas de alergia ou atopia e as doenças associadas são chamadas de hipersensibilidade HIPERSENSIBILIDADE DO TIPO IHIPERSENSIBILIDADE DO TIPO IHIPERSENSIBILIDADE DO TIPO I - As reações alérgicas requerem produção prévia de IgE alergênio-específica dependente de células T por células B, além da ligação da IgE aos mastócitos. A IgE dependente de células T auxiliares produzida em resposta ao alergênio se liga aos receptores Fc presentes nos mastócitos, em um processo deno- minado sensibilização de mastócitos. - A reexposição ao alergênio, então, ativa os mastócitos a liberarem mediado- res (histamina, heparina, citocina) que causam a reação danosa. (Causam o prcoesso inflamatorio) RESUMORESUMORESUMO Alergêno células dentriticas fagocita o antigeno (alergêno) células dentriticas apresenta o antigeno aos linfocitos T o linfocito T reconhece o antigeno e come- ça a produzir IL-4 a IL-4 ativa células B as células B produz IgE, que fica liga- do aos mastocitos quando tem uma REEXPOSIÇÃO ao antigeno tem a ativação dos mastócitos Sequência de eventos que ocorre na hipersensibilidade tipo ISequência de eventos que ocorre na hipersensibilidade tipo ISequência de eventos que ocorre na hipersensibilidade tipo I 2 Enízia Simões 4°período Efeitos biológicos dos mediadores da hipersensibilidade imediata.Efeitos biológicos dos mediadores da hipersensibilidade imediata.Efeitos biológicos dos mediadores da hipersensibilidade imediata. Intolerância alimentarIntolerância alimentarIntolerância alimentar *O termo reação adversa a alimentos é aplicado a qualquer reacção indesejável que ocorre após ingestão de um alimento numa dose que é geralmente tolerada pela maioria dos indiví- duos, com produção de sinais e sintomas objectivamente reprodutíveis. As reacções adversas a alimentos envolvem tanto as intolerâncias alimentares como as alergias alimentares - Em 1995 a EEACI definiu uma classificação para as reações adversas a ali- mentos com base no mecanismo patogénico desencadeante . Assim, as rea- ções adversas a alimentos podem ser divididas em reações tóxicas e reações não tóxicas ou reações de hipersensibilidade. As reações tóxicas podem ocorrer em qualquer indivíduo, independentemente da sua sensibilidade indivi- dual e ocorrem por ingestão de alimentos contaminados com substâncias tóxi- cas. As toxinas podem estar presentes nos alimentos de forma natural, ser induzidas pelo processamento dos alimentos ou serem incorporadas como contaminantes ou aditivos. As reações adversas não tóxicas, por outro lado, integram as reacções mediadas por um mecanismo imune (alergias alimenta- res) e por um mecanismo não-imune (intolerâncias alimentares) - A intolerância alimentar, ou reacção de hipersensibilidade a alimentos não- alérgica, constitui um tipo de reacção adversa em que não está implicado um mecanismo imunológico. Este tipo de reacções é dose dependente e tende a provocar um efeito retardado (horas a dias), o que torna difícil identificar a causa subjacente - Os principais tipos de intolerâncias alimentares são: intolerância aos hidratos de carbono, intolerância às aminas biogénicas e intolerância aos aditivos ali- mentares. A intolerância à lactose constitui a intolerância alimentar mais co- mum na população - Apesar de as intolerâncias alimentares e alergias alimentares se manifesta- rem por sintomas semelhantes, os mecanismos fisiopatológicos responsáveis por cada uma destas reações são distintos. As intolerâncias alimentares po- dem resultar de diferentes tipos de mecanismos não imunológicos - As intolerâncias alimentares apresentam uma maior prevalência na popula- ção e podem atingir uma faixa etária diferente daquela em que geralmente ocorrem as alergias alimentares - As intolerâncias alimentares constituem um problema médico frequente, atingindo 15% a 20% da população e parecem estar relacionadas com diver- sas patologias sistémicas e do foro gastro-intestinal. Os mecanismos subja- centes e as implicações clínicas desta associação ainda são, em muitos casos desconhecidos e alvo de debate EpidemiologiaEpidemiologiaEpidemiologia - Tanto as alergias quanto as intolerâncias alimentares constituem um proble- ma médico comum - Cerca de 20% da população relata uma reacção adversa a alimentos - A prevalência das intolerâncias alimentares é difícil de prever, uma vez que podem estar implicados diferentes mecanismos fisiopatológicos. Contudo, esti- ma-se que entre 15% a 20% dosindivíduos sofrem de intolerância alimentar FisiopatologiaFisiopatologiaFisiopatologia - As intolerâncias alimentares implicam um mecanismo não imunológico. Os me- canismos fisiopatológicos responsáveis pelas intolerâncias alimentares consis- tem em: Defeitos enzimáticosDefeitos enzimáticosDefeitos enzimáticos – Intolerância enzimática: os erros inatos do meta- bolismo devidos a defeitos enzimáticos podem afectar a digestão e ab- sorção de hidratos de carbono, lípidos ou proteínas. O defeito enzimático pode ser primariamente gastrointestinal, causando alterações da diges- tão ou absorção (ex: deficiência de lactase), ou sistémico, como ocorre na intolerância hereditária à frutose. Reacções farmacológicasReacções farmacológicasReacções farmacológicas – Intolerância farmacológica: é causada por aminas vasoactivas (dopamina, histamina, tiramina, norepinefrina, fenileti- lamina e serotonina) e outras substâncias presentes nos alimentos, que manifestam actividade farmacológica. Em muitos casos existe uma rela- ção dose-efeito Intolerância alimentar indefinidaIntolerância alimentar indefinidaIntolerância alimentar indefinida: consiste na intolerância alimentar resul- tante de mecanismos não definidos, tais como as reacções a aditivos ali- mentares - As intolerâncias alimentares tendem a ocorrer mais tardiamente após a in- gestão do alimento causal (horas a dias) e manifestam-se geralmente por in- testino irritável, cefaleias, enxaquecas, fadiga, alterações do comportamento ou urticária. Podem também ocorrer sintomas de asma em alguns doentes, bem como uma reação anafilatóide, que sucede ocasionalmente Principal tipo de Intolerância alimentar - Intolerância à lactosePrincipal tipo de Intolerância alimentar - Intolerância à lactosePrincipal tipo de Intolerância alimentar - Intolerância à lactose - Estima-se, atualmente, que 70 a 75% da população mundial apresenta defi- ciência de lactase no transcorrer da vida, particularmente entre os 20 e 40 anos8. Embora haja intolerância à lactose em praticamente todos os grupos raciais, predominância ocorre entre populações da América do Sul, da Ásia e da África. Sua distribuição é semelhante entre sexos. - A intolerância à lactose é condição comum, decorrente da incapacidade de digestão de seus constituintes, glicose e galactose, pela baixa produção da en- zima lactaselactaselactase presente nas bordas em escova das células duodenais. - A lactose constitui um hidrato de carbono dissacarídeo presente apenas no 3 Enízia Simões 4°período leite de mamíferos. A absorção de lactose requer hidrólise pela enzima lacta- se-florizina hidrolase, habitualmente denominada lactase, uma β-galactosidade responsável pela clivagem da lactose em glucose e galactose - Presente no leite e em alimentos processados, a lactose é um dissacarídeo, formado pela junção de dois monossacarídeos (glicose e galactose). - A lactase encontra-se na superfície apical dos enterócitos do intestino del- gado, nas extremidades das microvilosidades intestinais, principalmente a nível do jejuno - A intolerância a lactose é rara em crianças menores que 4 anos - Tem diminuição da atividade da lactase após o 3 ano de vida - Para que não ocorram sintomas de intolerância com a ingestão de lactose, é necessária apenas 50% de actividade de lactase. Assim, todos os indivíduos podem digerir alguma lactose e, apenas aqueles que apresentem um baixo ní- vel de lactase e que ingiram uma quantidade de lactose que ultrapasse a ca- pacidade de absorção, apresentam sintomas gastrointestinais e sistémicos - A malabsorção de lactose diz respeito ao mecanismo fisiológico que provoca intolerância à lactose e deve-se a um desequilíbrio entre a quantidade de lac- tose ingerida e a capacidade de hidrólise da lactase, com consequente passa- gem de lactose para o cólon - Nos cólons, as bactérias colônicas promovem sua fermentação para libera- ção de hidrogênio e formação de ácidos graxos de cadeia curta. Secreção ina- dequada, aumento de motilidade e produção de gases são fatores propician- tes de sintomas, com intensidades variadas e suas consequentes repercus- sões no paciente - A intolerância à lactose consiste numa síndrome clínica que se caracterizase caracterizase caracteriza por diarreia, dor abdominal, náuseas, flatulência e/ou distensão abdominal após a ingestão de lactose ou de substâncias que contenham este dissacarí- deo, devido à mal absorção de lactose - PODE SER DIVIDIDA EM DOIS TIPOS:PODE SER DIVIDIDA EM DOIS TIPOS:PODE SER DIVIDIDA EM DOIS TIPOS: Deficiência primária de lactaseDeficiência primária de lactaseDeficiência primária de lactase - Nesta condição ocorre uma diminuição da síntese de lactase após a fa- se de amamentação, com concentrações de lactase a nível da bordadura em escova dos enterócitos na idade adulta que atingem 10% do nível existente durante a infância. A deficiência primária de lactase ocorre in- dependentemente da continuação ou não do consumo de lactose e atinge 70% da população adulta em todo o mundo. (Pessoa tem presisposição a não produzir a lactase) Deficiência secundária de lactaseDeficiência secundária de lactaseDeficiência secundária de lactase -Se refere à perda de atividade da lactase em indivíduos com persistên- cia de lactase. Resulta de lesão da bordadura em escova do intestino del- gado por patologia do tracto gastrointestinal, nomeadamente gastroente- rite viral; giardíase, criptosporidiose e outras parasitoses; doença Celíaca; doença de Crohn; mal nutrição severa e atraso de crescimento. (Doenças que afeta a produção da lactase DIAGNÓSTICODIAGNÓSTICODIAGNÓSTICO - Sempre é importante realizar uma boa anamnese, para conhcer a história clinica do paciente. - O teste considerado de escolha é o do hidrogênio respiratóriohidrogênio respiratóriohidrogênio respiratório, que se reali- za após jejum de 8 a 10 horas e coletas, antes da administração de 50 g de lactose e após, consecutivamente, a cada 30 minutos, durante 3 horas, para determinação das concentrações de hidrogênio. O teste é considerado positi- vo, sugerindo deficiência de lactase, quando o aumento da concentração do hi- drogênio expirado é superior a 20 partes por milhão acima do basal - Outro teste, utilizado frequentemente no Brasil, é o de tolerância à lactose,tolerância à lactose,tolerância à lactose, com determinação dos níveis de glicemia em jejum e após administração decom determinação dos níveis de glicemia em jejum e após administração decom determinação dos níveis de glicemia em jejum e após administração de 50 g de lactose50 g de lactose50 g de lactose, nos tempos 0, 60 e 120 minutos. Considera-se o teste posi- tivo quando os níveis glicêmicos não ultrapassam 20 mg/dL do basal. Embora de fácil realização, sua sensibilidade é de 75% e especificidade de 96%, com falso-negativos em algumas condições - Teste de tolerância ao leite pode ser realizado com ingesta de 500 mL de leite e determinação glicêmica subsequente. O teste é indicativo de má absor- ção da lactose quando o aumento da glicemia é inferior a 9 mg/dL da aferida inicialmente. - Situações em que não estejam disponíveis testes laboratoriais permitem tentativa de exclusão de alimentos contendo lactose. Resolução dos sintomas pela sua retirada e sua recidiva após reintrodução de lactose são sugestivos de intolerância ao dissacarídeo TRATAMENTOTRATAMENTOTRATAMENTO - Princípio básico da terapêutica para intolerância à lactose é adequação ali- mentar pela restrição de leite ou de produtos que o contenham, ou utilização de lactase comercializada, capaz de permitir melhor qualidade de vida para esses pacientes, reduzir morbidade e possíveis complicações, - Recentemente, a utilização de probióticos demonstrou-se útil para melhora dos sintomas nesses pacientes, principalmente com cepas específicas, imple- mentando o efeito de reposição da enzima aos que apresentam deficiência Alergia alimentarAlergia alimentarAlergia alimentar - As alergias alimentares decorrem de um mecanismo imunológico. - Considerada atualmente um problema de saúde pública, a alergiaalimentar é definida como uma doença consequente a uma resposta imunológica anômala, que ocorre após a ingestão e/ou contato com determinado(s) alimento(s) EpidemiologiaEpidemiologiaEpidemiologia - Os dados sobre a prevalência de alergia alimentar, ao redor do mundo, são conflitantes e variáveis a depender de: idade e características da população avaliada (cultura, hábitos alimentares, clima), meca?nismo imunológico envolvi- do, método de diagnósto, tipo de alimento, regiões geográficas, entre outros - A prevalência das alergias alimentares varia com a idade, sendo mais fre- quente em crianças. Cerca de 0,5% a 3,8% das crianças apresentam uma alergia alimentar, em comparação com 0,1% a 1% dos adultos. A prevalência é, no entanto, superior em indivíduos atópicos (cerca de 10%). - É mais comum em crianças e a sua prevalência parece ter aumentado nas últimas décadas em todo o mundo ClassificaçãoClassificaçãoClassificação - As reações de hipersensibilidade aos alimentos podem ser classificadas de acordo com o mecanismo imunológico envolvido: Mediadas por IgEMediadas por IgEMediadas por IgE - Decorrem de sensibilização a alérgenos alimentares com formação de 4 Enízia Simões 4°período anticorpos específicos da classe IgE, que se fixam a receptores de mas- tócitos e basófilos. Contatos subsequentes com este mesmo alimento e sua ligação a duas moléculas de IgE próximas determinam a liberação de mediadores vasoativos e citocinas Th2, que induzem às manifestações clínicas de hipersensibilidade imediata. Reações mistas (mediadas por IgE e hipersensibilidade celular) Reações mistas (mediadas por IgE e hipersensibilidade celular) Reações mistas (mediadas por IgE e hipersensibilidade celular) - Neste grupo estão incluídas as manifestações decorrentes de mecanis- mos mediados por IgE associados à participação de linfócitos T e de cito- cinas pró-inflamatórias. Reações não mediadas por IgEReações não mediadas por IgEReações não mediadas por IgE - As manifestações não mediadas por IgE não são de apresentação ime- diata e caracterizam-se basicamente pela hipersensibilidade mediada por células. Embora pareçam ser mediadas por linfócitos T, há muitos pontos que necessitam ser mais estudados nesse tipo de reações. - Demora pra se manifestar Fatores de riscoFatores de riscoFatores de risco - Pesquisas reconheceram que apenas a exposição aos alérgenos não deter- mina o aumento global na incidência da doença e, assim, a identificação de possíveis fatores de risco pode ajudar a elaborar recomendações preventi- vas para indivíduos considerados de baixo, médio e alto risco para alergia - Uma série de fatores de risco têm sido associados à alergia alimentar, tais como ser lactente do sexo masculino, etnia asiática e africana, comorbidades alérgicas (dermatite atópica), desmame precoce, insuficiência de vitamina D, redução do consumo dietético de ácidos graxos poliinsaturados do tipo ômega 3, redução de consumo de antioxidantes, uso de antiácidos que dificulta a di- gestão dos alérgenos, obesidade como doença inflamatória, época e via de ex- posição aos potenciais alérgenos alimentares e outros fatores relacionados à Hipótese da higiene * A insuficiência de vitamina D foi associada a risco aumentado para a sensibilização ao amendoim. Comorbidades alérgicas são fatores de risco para o desenvolvimento de alergia alimentar. Estudos indicam que a alergia alimentar pode predispor à asma, e, da mesma forma, a asma pode predispor à alergia alimentar - A predisposição genética, associada a fatores de risco ambientais, culturais e comportamentais, formam a base para o desencadeamento das alergias ali- mentares em termos de frequência, gravidade e expressão clínica Os filhos de gestantes que fumaram na gravidez apresentam níveis elevados de IgE e eo- sinofilia no sangue do cordão umbilical, sugerindo que este irritante respiratório pode ser indu- tor de desvio Th2 e consequentemente, de doença alérgica Mecanismos de defesa do trato gastrintestinalMecanismos de defesa do trato gastrintestinalMecanismos de defesa do trato gastrintestinal - O trato gastrintestinal (TGI) é o único órgão onde existe uma convivência harmônica entre grande número de micro-organismos e o sitema imunológico além de ter a capacidade de receber diariamente grande quantidade de antí- genos alimentares sem que haja um processo inflamatório que cause danos - Os mecanismos de defesa podem ser classificados como inespecíficos e es- pecíficos - Os mecanismos de defesa inespecíficos englobam: a barreira mecânica re- presentada pelo próprio epitélio intestinal e pela junção firme entre suas células epiteliais, a flora intestinal, o ácido gástrico, as secreções biliares e pancreáticas e a própria motilidade intestinal. Um elemento importante da de- fesa inespecífica é representado pelo muco, que recobre as células epiteliais e contém diferentes mucinas. O muco auxilia na formação de uma primeira li- nha de defesa e facilita a aderência de bactérias através de componentes de sua parede celular, promovendo sua eliminação pela peristalse Para se manter a integridade da barreira epitelial se faz necessária uma regulação preci- sa em sua estrutura e função, de modo a promover um balanço entre os mecanismos pró e anti-inflamatórios que ocorrem no TGI - Entre os mecanismos de defesa específicos encontramos aqueles relacio- nados à defesa imunológica do TGI, que podem ser encontrados em três ní- veis, a saber: (1) Barreira epitelial intestinal; (2) Lâmina própria; e (3) Sistema imunológico do trato gastrintestinal (GALT - tecido linfoide associado ao tubo digestivo). Este último faz parte de um grande sistema de imunidade de muco- sas (MALT- tecido imune associado às mucosas), que entra em contato com o meio externo, sendo considerado o maior órgão linfoide do organismo. - Pode-se considerar as funções do sistema imunológico de mucosas levando em conta locais indutores e locais efetores, sendo os indutores aqueles onde a entrada de antígenos pelas superfícies mucosas ativam os linfócitos naive e os de memória, tanto T quanto B, presentes nos tecidos linfoides organizados, como classificados acima. Por outro lado, os sítios efetores são representa- dos pelos linfócitos presentes na lâmina própria e nos que permeiam as célu- las epiteliais *Na lâmina própria estão localizadas a maioria das células imunológicas: as que já entraram em contato com antígenos anteriormente Manifestações ClínicasManifestações ClínicasManifestações Clínicas - Os sintomas de intolerância alimentar e de alergia alimentar são semelhan- tes. - Os sintomas de alergia alimentar geralmente desenvolvem-se imediatamente após a ingestão do alimento implicado e estes podem ser cutâneos, gastro-in- testinais, respiratórios ou sistémicos. MANIFESTAÇÕES CUTÂNEASMANIFESTAÇÕES CUTÂNEASMANIFESTAÇÕES CUTÂNEAS - Entre as manifestações cutâneas de hipersensibilidade alimentar, destacam- se: urticária, angioedema e dermatite atópica - A pele é a sede mais frequente de sinais e sintomas. Eczema ato ́pico exa- cerbado por alimentos tem sido descrito em crian- ças, mas é incomum em adultos. Igualmente raros, sa ̃o os casos de urtica ́ria cro ̂nica associados a aler- gia alimentar. A urticáriaurticáriaurticária é caracterizada pela presença de pápulas eritematosas bem delimitadas na pele, de contornos geográficos com halo central e, em geral, intensamente pruriginosas. As lesões resultam do extravasamento de líquido oriundo de pequenos vasos ou de capilares à derme superficia O angioedema é o inchaço de áreas de tecido subcutâneo que, por vezes, afeta a face e a garganta. O processo é semelhante ao da urticária, mas há acometimento de porções mais profundas da pele. - Uma das manifestações mais controversas de alergia alimentar é a derma- tite atópica, pela dificuldade do estabelecimento de causalidade entre ingestão do alimento e piora das lesões e pela complexidade da fisiopatologia da doença MANIFESTAÇÕES GASTINTESTINAISMANIFESTAÇÕES GASTINTESTINAISMANIFESTAÇÕES GASTINTESTINAIS - As manifestaçõesgastrintestinais na alergia alimentar podem ser variadas na dependência dos mecanismos fisiopatológicos envolvidos: mediados por IgE ou não mediados por IgE - Os distúrbios gastro-intestinais apresentam geralmente um mecanismo mis- to, mediado e não-mediado por IgE, como ocorre na esofagite e/ou gastroen- terite eosinofílica alérgica. SINDROME DA ALERGIA ORAL SINDROME DA ALERGIA ORAL SINDROME DA ALERGIA ORAL - Acomete basicamente a orofaringe - As manifestações clínicas têm início logo após a exposição ao alérgeno e in- cluem edema, hiperemia, prurido e sensação de queimação nos lábios, língua, palato e garganta. Os sintomas costumam ser breves. Raramente ocorre dis- fagia, náuseas e dor abdominal, edema de glote e anafilaxia HIPERSENSIBILIDADE GASTRINTETSINAL IMEDIATAHIPERSENSIBILIDADE GASTRINTETSINAL IMEDIATAHIPERSENSIBILIDADE GASTRINTETSINAL IMEDIATA - Hipersensibilidade gastrintestinal imediata (ou anafilaxia gastrintestinal) ca- 5 Enízia Simões 4°período racteriza-se por náuseas, vômitos, dor abdominal e diarreia que aparecem em minutos ou até duas horas após a ingestão do alérgeno - As manifestações gastrintestinais acompanhadas por outras manifestações alérgicas acometendo a pele e/ou o pulmão caracterizam a anafilaxia. O tra- tamento deve ser imediato, e as manifestações clínicas diminuem após a ad- ministração de adrenalina * A anafilaxia gastrointestinal (mediada por IgE), que se manifesta geralmente por náuseas, vómitos, diarreia e dor abdominal tipo cólica ESOFAGITE EOSINOFÍLICAESOFAGITE EOSINOFÍLICAESOFAGITE EOSINOFÍLICA - Constitui a síndrome mais comummente associada à alergia alimentar e é definida por sintomas esofágicos (disfagia, impactação alimentar e perda pon- deral em adolescentes; irritabilidade, diminuição do rendimento e distúrbios do sono em crianças), associados a eosinofilia esofágica isolada grave e ausência de refluxo gastroesofágico patológico (documentado por pH normal do esófa- go distal ou ausência de resposta a elevadas doses de inibidores da bomba de protons) - A esofagite eosinofílica representa uma enfermidade crônica e mediada imunologicamente do esôfago, caracterizada clinicamente por manifestações de disfunção esofagiana e histologicamente por inflamação predominantemen- te eosinofílica *Caso o mecanismo desencadeante da alergia alimentar seja não-mediado por IgE, as manifestações clínicas podem incluir proctocolite ou enterocolite induzi- das por proteínas alimentares, distúrbios que ocorrem mais frequentemente em latentes, após ingestão de proteínas do leite ou da soja. A proctocolite in- duzida por proteínas alimentares manifesta-se por diarreia, com sangue nas fezes, anemia e perda ponderal. A enterocolite induzida por proteínas alimen- tares causa vómitos, diarreia, desidratação grave, podendo provocar choque cardiogénico. A enteropatia induzida por proteínas alimentares caracteriza-se por atrofia das vilosidades intestinais e um infiltrado inflamatório da mucosa, com consequente síndrome de má-absorção REFLUXO GASTROESOFÁGICO POR ALERGIA ALIMENTARREFLUXO GASTROESOFÁGICO POR ALERGIA ALIMENTARREFLUXO GASTROESOFÁGICO POR ALERGIA ALIMENTAR - Muitos lactentes nos primeiros meses de vida apresentam sintomas de re- fluxo gastroesofágico (RGE), especialmente regurgitações, vômitos ocasionais e algum grau de desconforto. Esses sintomas, acompanhados de boa aceita- ção alimentar e ganho ponderal adequado, caracterizam o RGE fisiológico, de ocorrência muito comum e potencialmente autolimitado até o final do primeiro ano de vida. Há situações, em que os sintomas de RGE são mais expressivos, tais como vômitos propulsivos, regurgitações frequentes, má aceitação ali- mentar, choro excessivo, arqueamento de tronco e desaceleração do ganho ponderal, que podem caracterizar a doença do RGE ou o RGE secundário à alergia alimentar CONSTIPAÇÃO INTETSINAL POR ALERGIA ALIMENTARCONSTIPAÇÃO INTETSINAL POR ALERGIA ALIMENTARCONSTIPAÇÃO INTETSINAL POR ALERGIA ALIMENTAR - A alergia alimentar pode provocar dismotilidade digestiva, incluindo constipa- ção intestinal MANIFESTAÇÕES RESPIRATÓRIASMANIFESTAÇÕES RESPIRATÓRIASMANIFESTAÇÕES RESPIRATÓRIAS - A inalação direta do alérgeno alimentar pelo trato respiratório pode gerar quadros raros de asma ou rinite, induzidos por alimento - As manifestações respiratórias de alergia alimentar podem incluir asma, edema laríngeo ou rinoconjuntivite *A asma desencadeada por alergia alimen- tar na ̃o é frequente. REAÇÃO RESPIRATÓRIA A ALIMENTOS COMO COMPONENTE DE ANAFILAXIAREAÇÃO RESPIRATÓRIA A ALIMENTOS COMO COMPONENTE DE ANAFILAXIAREAÇÃO RESPIRATÓRIA A ALIMENTOS COMO COMPONENTE DE ANAFILAXIA - A reaça ̃o anafila ́tica acontece, de modo geral, dentro da primeira hora de- pois da exposiça ̃o ao alimento. O episo ́dio anafila ́tico ou é su ́bito, ou anunciado por sintomas menores, como sensaça ̃o de calor, parestesia na boca, descon- forto abdominal, urtica ́ria, ansiedade, dispneia, dentre outros, apo ́s ingesta ̃o do nutriente. Por todo o mundo, o alimento mais relacionado com a reaça ̃o anafila ́tica fatal é o amendoim, contudo va ́rios outros alimentos podem causar anafilaxia. - É a situação mais comum entre as manifestações respiratórias e pode ma- nifestar-se como edema de laringe e/ou crises de asma de intensa gravidade. Se os sintomas representam risco de morte, devem ser prontamente reco- nhecidos e tratados. Os sintomas tipicamente incluem prurido em orofaringe, angioedema, estridor, tosse, dispneia, sibilos e disfonia. A presença prévia de asma crônica tem sido um indicador de maior gravidade da reação alérgica ali- mentar, com risco de anafilaxia fatal ðA anafilaxia é a forma mais grave de reação de hipersensibilidade (alergia), a qual caracteriza-se por intensa constrição dos bronquíolos e brônquios, con- tração do músculo liso e dilatação dos capilares. Podem ocorrer respostas anafiláticas potencialmente fatais em indivíduos altamente alérgicos a picadas de insetos, pólen, alimentos, fármacos como penicilina ou outros agentes. Em muitos casos, apenas uma injeção de epinefrina em tempo hábil, que reverte rapidamente a ação da histamina sobre a contração do músculo liso e a dilata- ção capilar, pode evitar a morte. RINITE ALÉRGICARINITE ALÉRGICARINITE ALÉRGICA - Algumas vezes a rinite é atribuída à alergia alimentar, e tipicamente pode ocorrer associada a sintoma cutâneos ou do trato gastrintestinal. ENXAQUECAENXAQUECAENXAQUECA - A enxaqueca é acontecimento frequente em pacientes alérgicos. Entretan- to, os alimentos comumente associados a ̀ enxaqueca alérgica sa ̃o aqueles co- nhecidos por conter aminas farmacolo ́gicas vasoativas – como cafei ́na, tira- mina, triptamina e serotonina –, que podem desencadear cefaleia vascular, carac- terizando mecanismo na ̃o imunolo ́gico para o feno ̂meno. DiagnósticoDiagnósticoDiagnóstico - O diagno ́stico de alergia alimentar é auxiliado por quatro métodos principais: dietas de exclusa ̃o, dietas de provocaça ̃o, testes imunolo ́gicos e biopsia intesti- nal. Nenhum deles é suficientemente sensi ́vel e especi ́fico para fornecer o di- agno ́stico de certeza, mas podem fornecer fortes evidências. - Outro ponto importante para auxiliar no diagnóstico é uma história clínica bem detalhada. HISTÓRIA CLÍNICAHISTÓRIA CLÍNICAHISTÓRIA CLÍNICA - A avaliação inicial de um doente com reação adversa a alimentos consiste numa história clínica detalhada e num exame físico cuidadoso. Deve-se escla- recer: Qual o alimento responsável e a quantidade ingerida; O tempo decorrido entre a ingestão do alimento e o desenvolvimento dos sintomas; Se a ingestão do alimento possivelmente implicado provocou sintomas se- melhantes noutras ocasiões Se são necessários determinados factores para que se produzam os sintomas, tais como exercício, álcool e consumo de fármacos; O intervalo de tempo entre a última reacção adversa; Quais os sintomas causados e se foi administrada algum tipo de medica- ção ao doente (anti-histamínicos, corticosteróides, epinefrina); Se o doente apresenta outras alergias- A história familiar pode também ser útil no diagnóstico, sendo que as alergi- as alimentares estão habitualmente relacionadas com história familiar de ato- 6 Enízia Simões 4°período pia (asma, eczema, febre dos fenos) *O exame clínico deve permitir avaliar a pele, o sistema gastro-intestinal e respiratório DIETA DE EXCLUSÃODIETA DE EXCLUSÃODIETA DE EXCLUSÃO - É o método mais utilizado para a confirmaça ̃o do diagno ́stico. - Consiste em excluir do regime alimentar, por 2 semanas, os nutrientes sus- peitos e reintroduzi-los um a um. Assim, chega- se ao desaparecimento dos sintomas, quando o alimento res- ponsa ́vel pela alergia é afastado da dieta. - Antes do teste, o paciente deve ser mantido em sua dieta usual por 10 a 14 dias. Durante esse tempo, sa ̃o registrados, em um dia ́rio nutricional, tipo e quantidade dos nutrientes ingeridos e ocorrência e cara ́ter das reaço ̃es ad- versas. O dia ́rio auxilia na identificaça ̃o dos alimentos a serem eliminados inicial- mente. - Na evidência de intolera ̂ncia alimentar especi ́fica, a orien- taça ̃o inicial con- siste em eliminar os alimentos envolvidos. Se a eliminaça ̃o na ̃o ocasiona desa- parecimento dos sintomas, ou se existem suspeitas mu ́ltiplas de hipersensibili- dade, pode-se lançar ma ̃o das dietas oligoalergênicas, desprovidas de alergêni- os alimentares mais comuns DIETA DE PROVOCAÇÃODIETA DE PROVOCAÇÃODIETA DE PROVOCAÇÃO - É o teste que melhor identifica reaça ̃o adversa ao alimento. E ́ dieta de prova e tem, portanto, finalidade diagno ́stica, sendo considerado padra ̃o-ouro, con- firmando 40 a 60% das histo ́rias de reaça ̃o adversa a alimentos. - Deve ter curta duraça ̃o, sem os requisitos de uma alimentaça ̃o corretamen- te balanceada - Consiste na oferta progressiva do alimento suspeito e/ou placebo, em in- tervalos regulares, sob supervisão médica para monitoramento de possíveis reações clínicas, após um período de exclusão dietética necessário para reso- lução dos sintomas clínicos - Histo ́ria de anafilaxia generalizada contraindica o teste - O teste possibilita a confirmaça ̃o de alergia a determina- do nutriente quan- do a histo ́ria cli ́nica, as dietas de exclusa ̃o ou os testes cuta ̂neos sugerem o diagno ́stico, mas o quadro permanece sem esclarecimento. Deve ser realizado em forma de estudo duplo-cego controlado: o paciente e o médico na ̃o sabem o momento em que se administra o alimento testado ou o placebo EXAMES COMPLEMENTARESEXAMES COMPLEMENTARESEXAMES COMPLEMENTARES Exames LaboratoriaisExames LaboratoriaisExames Laboratoriais - Não existem critérios bem definidos para o diagnóstico de alergias ali- mentares. - Os dois testes de primeira linha utilizados no diagnóstico de alergias ali- mentares detectam a presença de IgE específica dos alimentos e são o teste de hipersensibilidade cutânea imediata e a determinação dos níveis de IgE específica no soro *Investigação de sensibilização IgE específica: a determinação da IgE específica auxilia apenas na identificação das alergias alimentares mediadas por IgE e nas reações mis- tas, e este é um dado fundamental Testes cuta ̂neos Entre os testes disponi ́veis, os cuta ̂neos sa ̃o os que demons- tram a presença de IgE de maneira mais simples. Suspenso ̃es aquosas de extra- tos alimentares sa ̃o aplicadas a ̀ pele do ante- braço, que, posteriormen- te, sofre escarificaço ̃es ou punturas. Se o hospedeiro apresenta IgE contra o alimento testado, for- ma-se, no local de exposiça ̃o, uma pa ́pula eritematosa em 10 a 15 min. TratamentoTratamentoTratamento NA URGÊNCIA E EMERGÊNCIANA URGÊNCIA E EMERGÊNCIANA URGÊNCIA E EMERGÊNCIA - A história de ingestão de alimento suspeito, em paciente com antecedentes de reações clínicas anteriores desencadeadas pelo mesmo alimento, deve ori- entar a interrupção imediata da ingestão ou do contato com o alimento envol- vido. O tratamento deve estar voltado para o alívio dos sintomas desencadea- dos. Os casos mais graves ou com história prévia de anafilaxia deverão ser mantidos em observação contínua, até o alívio dos sintomas, ou mesmo deve- rão ser hospitalizados. Nesta fase, é importante que se identifique o paciente que está evoluindo para reação mais grave: edema de glote e/ou choque ana- filático, e se observem os critérios de definição para anafilaxia para o imedia- to uso de epinefrina intramuscular *Na presença de quadro cutâneo isolado, urticária e/ou angioedema, raramente é necessária a administração de epinefrina intramuscular - Na presença de sintomas respiratórios isolados, o tratamento deve ser ini- ciado com a nebulização de agente broncodilatador, que deverá ser mantido, sobretudo nos pacientes com antecedentes de asma, por no mínimo 5 dias - A alergia alimentar é a principal causa de anafilaxia tratada em serviços de emergência nos Estados Unidos, especialmente na população mais jovem. - Principais agentes terapêuticos utilizados no tratamento da anafilaxia Manter sinais vitais: checar as vias aéreas, respiração... Adrenalina: Beta2- Agonistas: Para reversão do broncoespasmo Anti-histamínicos Oxigênio (O2): manter saturação de O2. ELIMINAÇÃO DO ALERGÊNIO DA DIETAELIMINAÇÃO DO ALERGÊNIO DA DIETAELIMINAÇÃO DO ALERGÊNIO DA DIETA - Uma vez estabelecido o diagnóstico de alergia alimentar, a única terapia comprovadamente eficaz é a exclusão dietética do alérgeno implicado nas ma- nifestações clínicas - Definido o alergênio, através das dietas de prova (exclusa ̃o e provocaça ̃o), deve ser ele eliminado do regime alimentar. - A abstença ̃o do nutriente para o qual o paciente é sensibilizado é a principal alternativa de ali ́vio da sintomatologia cli ́nica. Entretanto, essa abordagem nem sempre é ta ̃o simples quanto parece. Quando um u ́nico nutriente é definido como responsa ́vel e na ̃o faz parte do carda ́pio habitual, sua exclusa ̃o é fa ́cil. Se os alimentos de- terminantes de alergia sa ̃o variados e de consumo fre- quente, o êxito terapêutico é reduzido, e uma das alternativas é fornecer ao paciente dieta oligoalergênica balanceada, contendo taxas suficientes de pro- tei ́na PREVENÇÃO DE REAÇÃO ALÉRGICAPREVENÇÃO DE REAÇÃO ALÉRGICAPREVENÇÃO DE REAÇÃO ALÉRGICA - Ainda na ̃o se conhece medicamento comprovadamente eficaz na prevença ̃o de hipersensibilidade alimentar. - Os anti-histami ́nicos, bloqueadores dos receptores H1, podem ser u ́teis na terapia sintoma ́tica, mas na ̃o previnem a reaça ̃o alérgica. Os anti-histamínicos aliviam parcialmente os sintomas da síndrome da alergia oral e os sintomas cutâneos decorrentes de reações mediadas pela IgE, porém não são capazes de bloquear as manifestações sistêmicas mais grave - O cetotifeno pode ser u ́til por suas propriedades inibidoras da liberaça ̃o de mediadores qui ́micos, mas é ainda pouco estudado em alergia alimentar. - Aos inibidores da si ́ntese de prostaglandinas, como a ́cido acetilsalici ́lico e ou- tros anti-inflamato ́rios na ̃o esteroides, tem sido atribui ́da a propriedade de prevenir sintomas gastrintestinais induzidos por alimentos, mas na ̃o as mani- festaço ̃es de etiologia comprovadamente alérgica. - Os agentes citoprotetores, como pirenzepina, sucralfato e rosaprosol, asso- ciados a anti- histami ́nicos, parecem ter também efeito profila ́tico em reaço ̃es adversas aos alimentos. O leite materno exerce efeito protetor em crianças, prevenindo a sensibili- 7 Enízia Simões 4°período zaça ̃o e a consequente reaça ̃o alérgica por (a) fornecer IgA secreto ́ria, célu- las imunorreativas, fatores anti-bacterianos e antivirais; (b) promover o de- senvolvimento de flora intestinal composta por bifidobactérias gram-positivas, inibindo o desenvolvimento de enterobactérias gram-negativas; (c) reduzir a exposiça ̃o a outros tipos de leite e protei ́nas aler- gênicas. Aleitamento ma- terno exclusivo até os 4 a 6 meses de idade reduz a incidência de reaço ̃es alérgicas no primeiro ano de vida. Reatividade cruzada entre alérgenosReatividade cruzada entre alérgenosReatividade cruzada entre alérgenos -Estudos de biologia molecular documentam que vários alérgenos podem pro- duzir reações cruzadas entre os alimentos. As reações cruzadas ocorrem quando duas proteínas alimentares compartilham parte de uma sequência de aminoácidos que contêm um determinado epítopo alergênico. *Tropomiosina do camarão ou profilinas de plantas são exemplos de alérgenos com ampla distribuição, facilitando a reatividade cruzada Os alimentos podem provocar reacções cruzadas, ou seja, alimentos dife- rentes podem induzir respostas alérgicas semelhantes no mesmo indivíduo. As reacções cruzadas podem ocorrer entre diferentes tipos de alimentos ou en- tre alimentos e outros antigénios não alimentares, tais como o pólen Alimentos que são mias propensos ao desenvolvimento de alergiaAlimentos que são mias propensos ao desenvolvimento de alergiaAlimentos que são mias propensos ao desenvolvimento de alergia Principais alimentos: Leite Soja Ovo Trigo Amendoim Peixe Crustáceos Castanhas Milho ReferênciasReferênciasReferências - DANI, Renato; PASSOS, Maria do Carmo F. Gastroenterologia Essencial, 4ª edição . Grupo GEN, 2011 - ABBAS, Abul K. Imunologia Celular e Molecular. Grupo GEN, 2019 - RODRIGUES, M. L. R. Intolerâncias alimentares. Artigo de revisão. Faculdade de medicina da universidade de Coimbra, 2011 - SOLÉ et. al. Consenso Brasileiro sobre Alergia Alimentar: 2018 - Parte 1 - Etiopatogenia, clínica e diagnóstico. Documento conjunto elaborado pela Socie- dade Brasileira de Pediatria e Associação Brasileira de Alergia e Imunologia. - SOLÉ et. al. Consenso Brasileiro sobre Alergia Alimentar: 2018 - P arte 2 - Diagnóstico, tratamento e prevenção. Documento conjunto elaborado pela So- ciedade Brasileira de Pediatria e Associação Brasileira de Alergia e Imunologia.
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