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Nesta webaula estudaremos as espécies de títulos de crédito. Vamos nos concentrar nos principais, aqueles que mais aparecem no dia a dia. São eles: a letra de câmbio, a nota promissória (Decreto nº 57.663/66 – Lei Uniforme de Genebra); a duplicata (Lei nº 5.474/68); e o cheque (Lei nº 7.357/85). Princípios cambiários Para que possamos bem compreender os títulos de crédito, como toda matéria do Direito, é preciso que você conheça alguns princípios relacionados a esta temática. São os chamados princípios cambiais ou cambiários. Princípio da cartularidade Vem da expressão “cártula”, segundo o qual o crédito encontra-se representado e materializado em um documento (um título). Um cheque ou uma nota promissória representam um crédito, inscrito em um documento, em um papel. Em alguns casos, no entanto, podemos falar em certa �exibilização do princípio da cartularidade. É o caso dos títulos de crédito eletrônicos. A chamada duplicata virtual é um título de crédito eletrônico e constitui uma exceção ao princípio da cartularidade. Princípio da literalidade Segundo este, somente possui validade para o Direito Cambiário aquilo que está literalmente escrito no respectivo documento (título). Então, se em um cheque lança-se o valor de cem reais, é este o valor que vale. Princípio da autonomia As relações cambiais são consideradas como autônomas e independentes entre si. Dessa maneira, eventual vício em uma relação atinente ao título não afetará outra. Legislação Empresarial Aplicada Títulos de crédito Você sabia que seu material didático é interativo e multimídia? Isso signi�ca que você pode interagir com o conteúdo de diversas formas, a qualquer hora e lugar. Na versão impressa, porém, alguns conteúdos interativos �cam desabilitados. Por essa razão, �que atento: sempre que possível, opte pela versão digital. Bons estudos! Classi�cação dos títulos de crédito Quanto ao modelo, o título pode ser vinculado ou livre. Vinculado é o título que precisa observar alguns requisitos especí�cos exigidos pela legislação, como a forma e a formatação. Há um padrão. Por exemplo, a duplicata e o cheque são títulos vinculados (possuem forma adequada segundo o estipulado pelo Conselho Monetário Nacional). Já o título livre não precisa de nenhuma forma especí�ca. A nota promissória é o grande exemplo. Qualquer pedaço de papel (que contenha as informações necessárias) pode servir para uma nota promissória (NEGRÃO, 2018). Fonte: Shutterstock. Quanto às hipóteses de emissão, o título pode ser causal, que precisa de uma causa especí�ca que dê razão para a sua emissão. É o caso da duplicata, que só pode ser emitida em duas situações: compra e venda mercantil ou decorrente de prestação de serviço. Também pode ser limitado, que não precisa de causa especí�ca; no entanto, podem haver algumas limitações. A letra de câmbio, por exemplo, não cabe no caso de uma compra e venda mercantil, pois para essa hipótese, segundo a legislação, é aplicável a duplicata. Por último, o título pode ser não-causal, isto é, prescinde de uma causa determinada para sua emissão, como são os casos, no geral, das �guras da nota promissória e do cheque. Características dos títulos de crédito Após vermos as características gerais dos títulos de crédito, caminharemos para o estudo dos principais títulos. Letra de câmbio A letra de câmbio, regulada pelo Decreto nº 57.663/66. Trata-se de um título resultante de relações de crédito entre duas ou mais pessoas, por meio do qual aquela designada como sacador determina a ordem de pagamento a uma outra pessoa, que é o sacado, seja em favor deste ou de terceira pessoa (que é o tomador ou bene�ciário), relativamente ao valor previsto e nas condições especi�cadas. Outro ato cambial importante é o aceite. O aceite nada mais é do que o ato pelo qual há concordância com uma ordem de pagamento dada, que é um ato privativo do sacado (ninguém mais pode aceitar, apenas ele). Se houver aceite, o sacado é aceitante. À vista (exigida a qualquer tempo). Data certa (�xada, por exemplo, para dali a 20 dias). A certo termo de data (é o número de dias a partir de uma data inicial, por exemplo, 20 dias a partir da emissão). A certo termo de vista (é o número de dias a partir da data do aceite). E quanto ao endosso, será que é possível na letra de câmbio? Será que é possível a transferência da letra de câmbio? Sim! Quem endossa, na letra de câmbio, é corresponsável pelo pagamento do título, pela sua solvência (SANCHEZ, 2018). Quanto ao vencimento, a letra de câmbio pode ser (SANCHEZ, 2018). Por �m, para executar o devedor principal e eventual avalista, na letra de câmbio, o prazo é de três anos (prazo prescricional) do vencimento; para codevedor ou avalista de codevedor, o prazo será de um ano contado do protesto. Nota promissória Trata-se de uma promessa pura e simples de pagamento feita pelo emitente a outra pessoa, bene�ciário, de quantia determinada, em seu favor ou de outra pessoa, nas condições especi�cadas no título. Assim como a letra de câmbio, a nota promissória também está disciplinada no Decreto nº 57.663/66. Fonte: Shutterstock. Não há aceite na nota promissória, pois como é uma promessa não há ordem de pagamento. Logo, o devedor principal é o emitente da nota, isto é, o subscritor. O endosso é possível nos mesmos moldes da letra de câmbio. Da mesma forma, as mesmas regras do aval são aplicáveis à nota promissória. Quanto ao vencimento, poderá ser: À vista. Data certa. A certo termo de data. Quanto ao vencimento à certo termo de vista, o prazo não será contado a partir do aceite, porque não há aceite na nota promissória, porém será contado a partir do visto. Quanto à prescrição para executar judicialmente a nota promissória, seguem-se os mesmos prazos da letra de câmbio (VENOSA; RODRIGUES, 2017). Duplicata A duplicata está disciplinada na Lei nº 5.474/68. É uma ordem de pagamento causal, que resulta de uma compra e venda mercantil ou prestação de serviço. Há, assim, as �guras do sacador, sacado e do tomador bene�ciário. A duplicata (um espelho) contém todas as informações da fatura (que é elemento indispensável) (VENOSA; RODRIGUES, 2017). Na duplicata, o aceite é obrigatório. O sacado, por conseguinte, está obrigado a dar o aceite. Somente em algumas hipóteses, segundo os art. 8º e 21 da Lei nº 5.474/68, é que poderá haver recusa do aceite, quais sejam: Em caso de avaria, não recebimento da mercadoria e em caso de não prestação do serviço. Em caso de vício ou defeito de quantidade ou qualidade do produto ou serviço. E em caso de divergência quanto ao prazo, preço e condições de pagamento. Quanto ao endosso, o art. 25 da Lei nº 5.474/68 diz que se aplicam as mesmas regras já vistas da letra de câmbio. No que se refere ao aval, prevalece o entendimento de que se aplicam as mesmas regras da letra de câmbio. Já no que se refere ao vencimento, a duplicata pode ser: à vista ou com data certa, apenas. Na execução judicial de uma duplicata, temos duas situações. Se houver aceite, tudo bem. Se não houver aceite, nas situações informadas: Em caso de avaria, não recebimento da mercadoria e em caso de não prestação do serviço. Em caso de vício ou defeito de quantidade ou qualidade do produto ou serviço. E em caso de divergência quanto ao prazo, preço e condições de pagamento). É preciso que haja uma cumulação de elementos: duplicata, protesto e o comprovante de entrega da mercadoria ou da prestação do serviço. O prazo prescricional para executar o devedor principal ou avalista é de três anos do vencimento. Se é para executar codevedor ou avalista, o prazo será de um ano a partir do protesto (VENOSA; RODRIGUES, 2017). Cheque Trata-se de um título de crédito pelo qual uma pessoa, emitente ou sacador (correntista), a partir de prévia provisão de fundos em poder de banco ou instituição �nanceira congênere, designado como sacado, dá contra este uma ordem incondicionada de pagamento à vista, em seu próprio benefício ou em favor de terceiro, designado tomador bene�ciário(credor). Fonte: Shutterstock. O cheque é ordem de pagamento à vista. Mas imagine que seja pós-datado (usualmente pré-datado), para dali a cinco meses. Se o bene�ciário apresentar o título imediatamente, o banco (sacado) pagará da mesma maneira, pois é título de crédito à vista. Ocorre, no entanto, que essa apresentação antecipada é uma conduta desleal, pois o combinado foi outra data. Por tal motivo, segundo o Superior Tribunal de Justiça, caracteriza dano moral a apresentação antecipada do cheque (VIDO, 2019). Como não há aceite no cheque, havendo fundo disponível e apresentado o cheque, o banco ou instituição �nanceira deverá pagá-lo. Quanto ao endosso, segue as mesmas regras da letra de câmbio: assinatura no verso do cheque ou assinatura acompanhada de uma expressão identi�cadora no anverso. Também poderá ser em preto (identi�cado) ou em branco (sem identi�cação). Ademais, não há limitação para o endosso. Igualmente, não é possível o endosso parcial, apenas total. O aval também será possível, total ou parcial. Será, como visto, no anverso (com simples assinatura) ou no verso (assinatura acompanhada de expressão identi�cadora). Será em preto ou em branco, nas regras já estudadas (VIDO, 2019). Importante quanto ao cheque é a questão da apresentação para o respectivo pagamento. O prazo de apresentação será de 30 dias (se for da mesma praça) ou 60 dias (se for de praça diferente), contados da data da emissão. O estudo dos prazos é para �ns de contagem da prescrição, isto é, o tempo de que o credor dispõe para executar judicialmente o título. Mas atente-se: só é possível a execução do endossante se o cheque tiver sido apresentado dentro do prazo legal, segundo o art. 47, II, da Lei nº 7.357/85. E a sustação do cheque? Tem-se a chamada contraordem ou revogação, que é dada pelo emitente e somente produz efeitos depois do prazo de apresentação do cheque. A outra modalidade de sustação é a oposição ou simplesmente sustação. Neste caso, tanto o emitente quanto o portador legitimado terão tal possibilidade.
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