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@laismazzini Evolução Nos Sistemas De Produção E Novas Práticas A flexibilidade organizacional tem sido uma das variáveis mais importantes utilizadas nos processos organizacionais. De modo geral, o que se observa na prática, porém, é a grande dificuldade das organizações em alinhar seus processos de modo eficiente e estrategicamente viável, pois há forte pressão mercadológica em agregar valor aos produtos, além da necessidade evidente de redução de custos e eliminação de desperdícios. Melhorar o atendimento às necessidades dos clientes, flexibilização produtiva, redução de lead times, melhoria contínua, redução de custos, eliminação de desperdícios e agregação de valor são preceitos básicos para uma das metodologias organizacionais mais citadas no contexto empresarial e no acadêmico: a manufatura enxuta ou produção enxuta (FIGUEIREDO, 2006). A produção enxuta é uma filosofia de agregar valor através da eliminação dos desperdícios existentes na organização. O pensamento enxuto é uma filosofia operacional ou um sistema de negócios, uma forma de especificar VALOR, alinhar na melhor sequência as ações que CRIAM VALOR, realizar essas atividades sem interrupção toda vez que alguém solicita e realizá-las de forma cada vez mais eficaz, ou seja, fazer cada vez mais com cada vez menos, menos esforço humano, menos equipamento, menos tempo e menos espaço, e, ao mesmo tempo, aproximar-se cada vez mais de oferecer aos clientes exatamente o que eles desejam no tempo certo. Eliminam-se desperdícios e não empregos. A busca por produções mais enxutas (lean) sempre foi objeto de desejo das organizações e seus gestores. Podemos citar como exemplo Henry Ford, que possibilitou a produção em massa, obtendo um percentual elevado de produção por trabalhador, e disponibilizando no mercado produtos a preços baixos, ou seja, ele conseguiu economia em escala. Quais os princípios fundamentais da filosofia lean? 1. Valor: identificar o valor do ponto de vista do cliente. O que é importante para o cliente? 2. Fluxo de valor: entender o que realmente agrega valor em cada processo. Identificar o fluxo de valor e os desperdícios. Conhecemos detalhadamente nossos fluxos de valor? 3. Fluxo contínuo: estabelecer o fluxo contínuo de informações e materiais. Existem momentos em que o material ou informação para? Por quê? 4. Sistema puxado: fazer somente aquilo que é solicitado pelo cliente. Os produtos são produzidos somente quando necessários? 5. Busca da perfeição: melhorar, melhorar e melhorar. Sempre! Assumimos os desperdícios com naturalidade e indignação? Quando falamos em valor dentro da filosofia lean, não estamos nos referindo a valor financeiro, e sim a valores sob a ótica do cliente. Valores são as especificações explícitas ou implícitas que o cliente faz. Exemplo: menor custo, menor prazo de entrega, pontualidade, qualidade, estética, diversidade de modelos, ergonomia etc. @laismazzini “Valor é o grau de benefício obtido como resultado da utilização e das experiências vividas com um produto. É a percepção do cliente e das demais partes interessadas sobre o grau de atendimento de suas necessidades, considerando as características e atributos do produto, seu preço, a facilidade de aquisição, de manutenção e de uso, ao longo de todo o seu ciclo de vida. As organizações buscam criar e entregar valor para todas as partes interessadas. Isto requer um balanceamento do valor na percepção dos clientes, dos acionistas, da força de trabalho e da sociedade” (Definição do PNQ - Prêmio Nacional da Qualidade – 2004). O desperdício, na língua japonesa muda, é todo e qualquer recurso, ou atividade, que se gasta na execução de um produto ou serviço além do necessário (matéria-prima, materiais, tempo, energia, mão obra etc.). Trata-se de um “gasto” extra, aumentando os custos sem trazer qualquer tipo de melhoria (valor) para o cliente. Desperdício: “Qualquer atividade humana que absorve recurso, mas que não cria valor” (WOMACK; JONES, 2004). O foco do pensamento enxuto é identificar e eliminar imediatamente toda e qualquer perda no sistema. Os desperdícios podem ser classificados tradicionalmente em sete grupos, e alguns novos estudos (vertentes) demonstram o incremento de mais dois desperdícios. Vejamos quais são eles na Figura. Podemos classificar as atividades de três maneiras: 1. Atividades que agregam valor (AV): atividades que, aos olhos do cliente final, tornam o produto ou serviço mais valioso. O processo é essencial para produzir o produto/serviço. Ou, ainda, mede e monitora o processo com objetivos de melhoria. Exemplos em uma pizzaria: montar a pizza e assar agregam valor. @laismazzini 2. Atividades que não agregam valor (NAV): atividades que, aos olhos do cliente final, não tornam o produto ou serviço mais valioso e não são necessárias mesmo nas atuais circunstâncias. Exemplo de uma produção de brigadeiro, na qual contar o número de chocolate granulado por unidade de brigadeiro não agrega valor, sendo passível de diminuição e/ou eliminação. 3. Atividades necessárias que não agregam valor: atividades que, aos olhos do cliente final, não tornam o produto ou serviço mais valioso, mas que são necessárias, a não ser que o processo atual mude radicalmente. Como exemplo, podemos citar uma atividade que existe para antecipar algo que pode sair errado, o controle da qualidade e a inspeção de qualidade. Não significa que o produto e/ou serviço não deva ter qualidade; pelo contrário, o processo deve ser capaz e garantir a qualidade, e inspeção/controle é um retrabalho visando que o problema seja identificado internamente, mas não agrega valor, ou seja, aos olhos do cliente não é valioso. As empresas tradicionais que possuem um enfoque nas tarefas acabam propondo melhorias nas atividades que agregam valor, e os resultados têm uma representatividade pequena, pois, na maioria das empresas, o percentual de tempo ocupado por essa atividade é pequeno. No pensamento enxuto, o enfoque é justamente o inverso: atacar os desperdícios e atividades que não agregam valor. Principais ferramentas/técnicas que compõem essa filosofia e que podem nos auxiliar na eliminação dos desperdícios. Essas são apresentadas no Quadro e podem ser utilizadas em conjunto com outras ferramentas/técnicas estudadas nas seções anteriores, tais como: automação, poka-yoke, engenharia simultânea, layout celular, teoria das restrições e nivelamento da produção. @laismazzini @laismazzini Mas quais os ganhos da implementação da produção enxuta? Eliminar os desperdícios propicia resultados como: • aumento da produção; • redução de estoques; • redução dos prazos de entrega; • melhor aproveitamento de mão de obra; • lançamento de novos produtos. Esses resultados levam ao objetivo das organizações, desejado pela filosofia lean, que é o de agregar valor e reduzir os custos. Referência: Gestão da produção - Leonardo Ferreira.
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