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1 TOXOLOGIA FORENSE E DROGAS 1 Sumário ..................................................................................................................... 3 1-INTRODUÇÃO ............................................................................................. 3 2 - TOXICOLOGIA FORENSE: ANÁLISES TOXICOLÓGICAS EM AMOSTRAS BIOLÓGICAS .................................................................................... 4 2. 1 - Toxicologia Forense: Triagem da amostra biológica ........................... 5 2.2 - Coleta de Sangue, Urina e Outros Tecidos.......................................... 6 3 - ENCONTRANDO O MOTIVO DA MORTE ............................................. 8 4 - ASPECTOS POST MORTEM DE RELEVÂNCIA TOXICOLÓGICA ....... 9 4.1 – Ação de microrganismos post-mortem .............................................. 11 5 - TÉCNICAS ANALÍTICAS COMUMENTE EMPREGADAS NA TOXICOLOGIA FORENSE ................................................................................... 12 6 - TOXICOLOGIA FORENSE CONTRIBUI COM O TRABALHO DA POLÍCIA CIVIL...................................................................................................... 14 6.1 - Drogas sintéticas ............................................................................... 15 6.2 – Análise Biológica ............................................................................... 16 7 - A QUÍMICA FORENSE NA DETECÇÃO DE DROGAS DE ABUSO .... 16 7.1 - Características gerais e classificação das drogas de abuso .............. 18 7.1.1. - Álcool Etílico (Etanol) ..................................................................... 19 7.1.2 – Cocaína .......................................................................................... 21 7.1.3 – Maconha ........................................................................................ 22 7.2 - CADEIA DE CUSTÓDIA .................................................................... 24 7.3 - Matrizes Biológicas para análise de Drogas de Abuso ...................... 25 7.4 - Métodos de Análises .......................................................................... 26 7.4.1 - Cromatografia Gasosa (GC) ........................................................... 26 7.4.2 - Espectrometria de Massas (MS) ..................................................... 26 7.4.3 - Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (HPLC) ........................... 27 BIBLIOGRAFIA .......................................................................................... 30 2 NOSSA HISTÓRIA A NOSSA HISTÓRIA, inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender a crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a INSTITUIÇÃO, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A INSTITUIÇÃO tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 3 1-INTRODUÇÃO A toxicologia forense tem a finalidade de identificar a presença de substâncias químicas em casos de investigação de violência, homicídios, suicídios, acidentes e uso de drogas de abuso. No Brasil o número de intoxicações e óbitos causados por substâncias químicas tais como, medicamentos, agrotóxicos e as drogas de abuso com motivos de interesse legal, nos últimos anos têm apresentado alto índice de notificação nos principais sistemas de registro de informação: o Sistema Nacional de Informações Tóxico- Farmacológicas (SINITOX) e Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), levando-se em conta os casos de subnotificação. Tendo como objetivo conhecer os tipos de drogas de abuso, mostrar seus efeitos adversos, e diante desses fatos este trabalho traz também alguns efeitos que estas substâncias causam no organismo humano, a identificação e as técnicas de análise das drogas de abuso que é de interesse da área da toxicologia forense. Para a 4 realização da presente revisão bibliográfica foi realizada uma busca na literatura baseada em trabalhos científicos. Pôde-se observar por meio dos estudos a importância da Toxicologia Forense no controle do uso abusivo das drogas visando à proteção do indivíduo e da sociedade. 2 - TOXICOLOGIA FORENSE: ANÁLISES TOXICOLÓGICAS EM AMOSTRAS BIOLÓGICAS A coleta de amostras é uma das fases mais difíceis e delicada do processo de exame toxicológico. As amostras de fios de cabelo e pelos são as mais complicadas de serem executadas, devido à complexidade da matriz. Para garantir o resultado preciso dos exames toxicológicos, é necessária a boa execução do trabalho do coletador. Ele deve ser ético e ter cuidado para não alterar o material colhido. Então, existe um protocolo que deve ser respeitado, começando pela correta identificação do doador por meio de documento oficial com foto e etiquetagem correta. Além disso, deve-se ter cuidado com a transferência segura da amostra até o laboratório de análise. Tudo isso para que possa comprovar a rastreabilidade da amostra coletada. Após garantir a devida condição para análise, contendo a assinatura do responsável pela coleta com a embalagem vedada sem sinais de alteração, o analista pode iniciar o exame para averiguar substâncias toxicológicas na amostra. 5 2. 1 - Toxicologia Forense: Triagem da amostra biológica No geral, o ensaio imunoenzimático é utilizado para a realização da triagem da amostra. Quando há necessidade de realização de mais um teste, este geralmente é realizado em cromatografia líquida ou gasosa, pois esse tipo de equipamento possui a sensibilidade necessária para a confirmação de substâncias toxicológicas presentes na amostra. Um passo importante é garantir a extração adequada das substâncias de interesse da amostra, para isso são utilizadas técnicas específicas para a detecção dessas substâncias, variando de acordo com o analito a ser monitorado e de acordo com o tipo de amostra a ser analisada. Esse tipo de procedimento tem essa metodologia empregada de acordo com os parâmetros internacionais, onde necessita-se de validação do método e garantia da exatidão e reprodutibilidade do dado encontrado, evitando assim erros e falsos positivos que podem comprometer o doador da amostra coletada. Em relação ao resultado após a análise das amostras, é importante saber interpretar o resultado obtido do teste. Para isso, se torna importante a interpretação de alguém que possua conhecimento no assunto para analisar o resultado, averiguando se houver biotransformações do analito na amostra. Um fato importante é que para cada tipo de amostra, há um tipo de mecanismo químico e bioquímico diferente, portanto é importante ter o conhecimento desses mecanismos, a fim de monitorar possíveis intermediários do analito que podem ser metabolizados e transformados pelo corpo. Assim, é importante garantir que a execução da coleta da amostra, assim como o emprego das técnicas analíticas de extração e detecção dos compostas sejam executadas conforme está estabelecido nos critérios de qualidadeque avaliam os resultados obtidos, evitando assim resultados divergentes. 6 2.2 - Coleta de Sangue, Urina e Outros Tecidos No caso de coletas in vivo, amostras como soro, urina, cabelo e conteúdo gástrico podem ser analisadas, enquanto que em situações de post-mortem é de maior relevância a análise de sangue, urina, conteúdo gástrico, humor vítreo e órgãos humanos, (especialmente o fígado, mas podem ser investigados também o rim, a bile, o pulmão, o baço, o músculo esquelético e o cérebro). Para escolher qual amostra será utilizada nas análises toxicológicas, é importante considerar a especificidade de cada situação, bem como o tipo de análise que se deseja realizar, isto é, o que será investigado, a partir das suspeitas levantadas. Isso variará de caso para caso, pois pode ocorrer de se precisar apenas de uma coleta em específico ou casos em que mesmo com várias amostras coletadas, ainda se terá determinada incerteza. Nesse sentido, somente as amostras de sangue não são suficientes quando se tem o corpo em condições de putrefação avançada, exumação do corpo ou morte por choque traumático. Assim, é preciso apelar para outras matrizes alternativas e complementares, a fim de que se tenha com exatidão a determinação analítica da quantidade do provável tóxico presente no sangue. 7 8 3 - ENCONTRANDO O MOTIVO DA MORTE Conforme a legislação europeia, em qualquer situação de suspeita de intoxicação e/ou em que a autópsia não foi suficiente para encontrar o motivo da morte, deve-se incluir à análise as seguintes amostras: sangue periférico; 9 urina; conteúdo gástrico; bile; fígado; rim. Uma vez que essas matrizes permitem a identificação de uma larga variedade de grupos tóxicos, como as substâncias psicoativas, os hipnótico-sedativos, os cardiotônicos, os analgésicos e as várias classes de pesticidas. Por fim, cabe destacar que para garantir a reprodutibilidade dos resultados, são feitos ensaios e, no mínimo, triplicata, sendo preciso então se ter uma quantidade de amostra considerável, onde o ideal é sempre realizar a coleta em excesso, garantindo assim o sucesso analítico dos resultados obtidos. 4 - ASPECTOS POST MORTEM DE RELEVÂNCIA TOXICOLÓGICA Quando as análises laboratoriais são feitas em situação de Post Mortem, essas são utilizadas com o intuito de investigar as causas da morte do indivíduo, por meio de amostras de fluidos corporais e outros tecidos coletados durante a autópsia. 10 Para isso, é preciso que as análises laboratoriais forenses sejam realizadas em um Instituto de Medicina Legal (IML). Isso se deve ao fato de se tratarem de situações legais, como nos casos de crimes, violência, suicídios, acidentes ou quaisquer outros tipos de negligência contra a vida. Salienta-se que nesse tipo de análise, o tempo é um fator determinante, visto que à medida em que se transcorre, torna-se cada vez mais complicado coletar amostras de qualidade para o ensaio laboratorial devido às alterações autolíticas e putrefação que ocorrem naturalmente após a morte. Dessa forma, as análises devem ser feitas rapidamente, pois isso evita que os processos de redistribuição e lise celular alterem as concentrações dos xenobióticos no organismo. Xenobióticos são substâncias estranhas ao corpo, que possuem a capacidade de alterar os mecanismos funcionais do sistema neuroendócrino e a toxicidade genética. Ainda nesse sentido, a concentração dos xenobióticos é dada de forma gradativa, o que pode interferir diretamente na interpretação dos resultados, visto que entre o intervalo do momento da morte e a amostragem para a autópsia as concentrações aumentam exponencialmente, logo quanto maior o tempo para a coleta da amostra, maior a concentração de xenobióticos nos tecidos circundantes. 11 4.1 – Ação de microrganismos post-mortem Um outro fator que deve ser levado em conta nas análises post-mortem é quanto a ação de microrganismos no corpo. Assim como o processo de fermentação da glicose. Esses processos fazem com que se produza uma quantidade de álcool no organismo. E é muito importante que isso seja levado em conta na hora da interpretação dos resultados obtidos. Pode haver casos em que os resultados apresentados gerem incertezas quanto à quantidade analítica das determinadas drogas analisadas nas amostras coletadas, 12 decorrente de um fenômeno conhecido como Redistribuição Post-Mortem (RPM), que nada mais é do que a difusão e redistribuição dos xenobióticos. Nessas ocasiões, é preciso então coletar múltiplas amostras de locais diferentes do corpo, a fim de realizar a comparação entre esses resultados e ter um panorama mais preciso e exato sobre o resultado. Para ajudar nas interpretações dos resultados, é fundamental que o analista tenha conhecimento sobre o indivíduo da autópsia. Informações como estilo de vida, antecedentes pessoais, histórico clínico, dose presumível do xenobiótico são muito importantes. Além disso, informações sobre o local em que o corpo foi encontrado, circunstâncias imediatas da morte, entre outras, também podem ajudar muito. 5 - TÉCNICAS ANALÍTICAS COMUMENTE EMPREGADAS NA TOXICOLOGIA FORENSE O procedimento analítico na Toxicologia Forense deve ser feito com todo cuidado e conhecimento, a fim de evitar resultados errôneos. Na figura 1 abaixo você acompanha a sequência dos procedimentos aplicados na análise das amostras. 13 Assim, com relação à parte analítica, primeiramente é feito um teste de triagem. Que tem por objetivo detectar diversas substâncias presentes na amostra coletada. Garantindo que seja feita uma triagem nas amostras negativas. Somente após isso que se dá início aos métodos analíticos de confirmação da substância suspeita. Dentre as principais técnicas de análise toxicológica forense, as com maior sensibilidade e especificidade são os imunoensaios, a cromatografia gasosa (GC) e a cromatografia líquida (LC). As técnicas cromatográficas apresentam diversos benefícios nesse tipo de análise toxicológica. Elas podem identificar e detectar drogas e compostos secundários, pois são técnicas analíticas de referência na Toxicologia Forense. Além disso, elas apresentam sensibilidade, seletividade e confiabilidade nos resultados gerados. O que promove uma análise satisfatória. 14 6 - TOXICOLOGIA FORENSE CONTRIBUI COM O TRABALHO DA POLÍCIA CIVIL Para que inúmeros crimes de tráfico de drogas sejam elucidados, a Polícia Civil do Estado do Ceará (PCCE) conta com o apoio do Núcleo de Toxicologia Forense (Nutof) da Coordenadoria de Análises Laboratoriais Forenses (Calf) da Perícia Forense do Estado do Ceará (Pefoce). É o Nutof o setor responsável por fazer exames e análises que revelam substâncias tóxicas/venenos e drogas em amostras brutas e biológicas em humanos vivos e não- vivos. O núcleo também é destaque na identificação de drogas sintéticas. A Toxicologia Forense da Pefoce produz, em média, 1.500 laudos de drogas brutas e cerca de 500 laudos de exames em amostras biológicas por mês. 15 Todo o material analisado nos laboratórios da Pefoce de drogas brutas são oriundos de inquéritos policiais e de investigações para o combate ao narcotráfico em nosso Estado. 6.1 - Drogas sintéticas Nos últimos anos, as drogas sintéticas estão cada vez mais sofrendo alterações químicas e exigindo mais estudose pesquisas para sua identificação, por este motivo são classificadas como ‘Novas Substâncias Psicoativas’ (NSP). Tais drogas já existem há alguns anos, mas estão sempre sendo modificadas para burlar as leis. Neste quesito das NSPs, a Pefoce se destaca na identificação das alterações das moléculas que compõem tais novas drogas devido a um grande investimento em equipamentos e capacitação dos peritos, que precisam sempre se atualizar em toxicologia forense para contribuir com a Segurança Pública na implementação de novos métodos de análises. De acordo com a perita criminal e coordenadora da Calf, Manuela Cândido, apesar das NSPs, no nosso Estado, os tipos mais comuns de drogas que chegam à Pefoce ainda são maconha, cocaína e suas variantes. 16 6.2 – Análise Biológica Os exames de amostras biológicas são feitos com conteúdo extraído de suspeitos e também de vítimas vivas e não vivas. No caso dos mortos, os testes são realizados por solicitação da Coordenadoria de Medicina Legal (Comel) para atestar a causa de mortes suspeitas de ingestão de tóxicos, por exemplo. Na Calf, em relação às amostras biológicas, as técnicas e os equipamentos utilizados pelos peritos do laboratório conseguem detectar, por exemplo, a presença de cocaína no sangue de alguém que morreu por overdose e, inclusive, quantificar a substância encontrada no organismo e fechar um caso de forma eficaz. 7 - A QUÍMICA FORENSE NA DETECÇÃO DE DROGAS DE ABUSO A autoadministração de drogas tem se constituído em uma forma das pessoas buscarem efeitos prazerosos. É bem conhecido que o consumo abusivo de substâncias psicoativas, dentre elas o álcool, a cocaína e a maconha, tornou-se crescente nos últimos 10 anos, constituindo-se um dos fenômenos mais frequentes na população mundial (LIMA; SILVA, 2007; UHART; WAND, 2009). Drogas de abuso são substâncias químicas administradas com o objetivo de obter um efeito psicoativo recreativo, sem qualquer indicação terapêutica ou orientação médica a ponto de causar dependência física ou psicológica e/ou redução da capacidade de viver enquanto um membro produtivo da sociedade (RANG et al., 2004; ABRAMS, 2006). A maioria das drogas de abuso afeta o sistema nervoso central (SNC) e altera o estado de consciência acarretando modificações emocionais, alterações de humor, pensamento e comportamento. Trata-se de substâncias desencadeadoras de sensações agradáveis e/ou supressoras de sensações desagradáveis (ABRAMS, 2006; BRAUN, 2007). O álcool, por exemplo, é uma droga de abuso depressora do SNC que induz sensações como euforia, relaxamento, ansiedade, comprometimento das funções mentais e motoras, até torpor e sono e outros efeitos (ENOCH; GOLDMAN, 2002; BRAUN, 2007). 17 O abuso de álcool, maconha, cocaína e outras drogas, continuam sendo um dos grandes problemas de saúde pública, social, econômico e legal significativo. A autoadministração dessas drogas tem se constituído como uma forma de pessoas buscarem efeitos prazerosos, mas também está associada a grandes danos para a sociedade. Pesquisas mostram que pessoas dependentes de substâncias químicas como o álcool, maconha e cocaína, são mais suscetíveis à prática de crimes (SHBAIR et al., 2010 a,b; SHBAIR e LHERMITTE, 2010). A análise química, para a verificação do uso de drogas de abuso, vem sendo utilizada por diversos segmentos da sociedade e aplicada para verificar o uso de drogas no ambiente de trabalho, esporte, auxílio e acompanhamento de recuperação de usuários em clínicas de tratamento e com finalidade forense. Dentro das Ciências Forenses, a Química Forense tem por ofício realizar exames laboratoriais em vários tipos de amostras orgânicas e inorgânicas encaminhadas para fins periciais, a pedido de autoridades policiais, judiciárias e/ou militares (FASSINA et al., 2007). Cabe ao perito criminal proceder à análise, devendo seguir uma cadeia de custódia estrita. Cadeia de custódia é um processo para manter e documentar a história cronológica da evidência, além de garantir a idoneidade e o rastreamento das evidências utilizadas em processos judiciais. Nela, há um controle com a identificação nominal das pessoas envolvidas em todas as fases do processo (LOPES et al., 2006). A análise toxicológica para evidenciar o uso de drogas de abuso pode ser realizada em diferentes amostras biológicas, como urina, sangue, suor, cabelo, saliva entre outras (LIMA e SILVA, 2007). Os métodos analíticos mais utilizados na Química Forense para a determinação e quantificação de drogas em indivíduos e em seus fluidos e tecidos biológicos são os métodos cromatográficos como HPLC (cromatografia líquida de alta eficiência) e GC/MS (cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massas) (MERCOLINI et al., 2010; LANGEL et al., 2011). Estas técnicas vêm tornando-se cada vez mais necessárias, diante da criminalidade, pois separam e identificam de maneira detalhada e segura compostos químicos, aliadas a uma elevada sensibilidade, rapidez de análise e capacidade de estudo de amostras complexas na ciência forense (GALINDO, 2010). 18 7.1 - Características gerais e classificação das drogas de abuso A Droga, segundo a definição da Organização Mundial de Saúde – OMS é qualquer substância não produzida pelo organismo, mas que tem a propriedade de atuar sobre um ou mais de seus sistemas produzindo alterações em seu funcionamento. O uso continuado de drogas causa dano ao indivíduo, pois modifica, aumenta, inibe ou reforça as funções fisiológicas, psicológicas ou imunológicas do organismo de maneira transitória ou permanente (OBID, 2011). Segundo Rang et al. (2004, 2006) o que une as pessoas ao uso de drogas de abuso é o fato de produzirem efeitos agradáveis (hedônicos), que tendem a procurá-los para repetílos, uma ação que reflete o efeito, comum a todas as drogas que produzem dependência, da ativação dos neurônios dopaminérgicos mesolímbicos. Este efeito hedônico torna-se um problema quando a necessidade torna-se tão insistente a ponto de dominar o estilo de vida do indivíduo e prejudicar sua qualidade de vida. Além deste, o próprio hábito causa dano real ao indivíduo ou à comunidade. Exemplos deste são incapacidade mental e lesão hepática causada pelo álcool e pelo sério risco de dosagem excessiva com a maioria dos narcóticos e pela conduta criminosa que se manifesta quando um viciado necessita financiar o próprio hábito. As drogas que afetam o SNC, algumas vezes denominadas drogas de ação central, psicotrópicas ou psicoativas, são amplamente classificadas como depressores ou estimulantes ou também perturbadoras (RANG et al., 2004; OBID, 2011). Os depressores do SNC (álcool) produzem depressão geral do SNC semelhante aos agentes anestésicos voláteis, produzindo os efeitos familiares de intoxicação aguda (ABRAMS, 2006; RANG et al., 2004, 2006). A depressão leve do SNC é caracterizada por ausência de interesse no ambiente e incapacidade de concentrar-se em um tópico (pequeno tempo de concentração). À medida que a depressão progride, há letargia ou sono, diminuição do tônus muscular, diminuição da capacidade de se movimentar e diminuição da percepção de sensações como dor, calor e frio. A depressão acentuada do SNC produz inconsciência ou coma, perda de reflexos, insuficiência respiratória e morte (ABRAMS, 2006). 19 Os estimulantes do SNC, como a cocaína, produzem vários efeitos. O estímulo leve é caracterizado por vigília, alerta mental e diminuição da fadiga. O aumento da estimulação produz hiperatividade, loquacidade, nervosismo e insônia. A estimulação excessiva pode causar convulsões, arritmias cardíacas e morte (ABRAMS, 2006). As drogas perturbadoras (também conhecidas como psicotomiméticas, psicodélicas ou alucinógenas), como a maconha, afetam o pensamento, a percepção e o humor, sem causar estimulação ou depressão psicomotoramarcantes. Os pensamentos e as percepções tendem a se tornarem distorcidos e semelhantes a sonhos, ao invés de serem meramente nítidos ou entorpecidos e a mudança no humor é de modo provável mais complexa do que um simples desvio na direção da euforia ou da depressão. De modo geral, essas substâncias não alteram a velocidade dos estímulos cerebrais, mas causam perturbações na mente do usuário. A classificação destas drogas ainda é imprecisa e não há linha nítida divisória entre os efeitos, por exemplo, da cocaína e daqueles da dietilamida do ácido lisérgico (LSD) ou da maconha (RANG et al., 2004, 2006; OBID, 2011). O consumo de drogas é um dos problemas que mais afetam o contexto social atual. As drogas de abuso têm um papel importante nas atividades violentas. O crime é visto como uma fonte de recursos para a compra de drogas pelos usuários dependentes (OLIVEIRA et al., 2009). Um estudo realizado em 2005, envolvendo as 108 maiores cidades do Brasil pela Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (SENAD) em parceria com o Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (CEBRID) e o Departamento de Psicobiologia da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) revelou que o álcool desponta em 1º lugar na estimativa de mortes associada ao consumo de drogas, seguido de maconha e cocaína (OBID, 2011). 7.1.1. - Álcool Etílico (Etanol) O álcool também conhecido como etanol é um depressor do SNC e este é o órgão mais rapidamente afetado pelo álcool quando comparado a qualquer outro órgão ou sistema. Seu consumo é admitido pela sociedade e encarado de forma diferenciada, quando comparado com as demais drogas. É causador da violência associada à embriaguez, sendo um importante problema de saúde pública (OBID, 2011). 20 De acordo com Passagli (2009), o álcool se transformou na mais problemática das drogas desde o final do século XX e início do século XXI, e o seu consumo é um dos principais responsáveis pelas mortes ocorridas no mundo. É a substância mais ligada às alterações comportamentais provocadas por efeitos psicofarmacológicos, que resultam em crimes. É uma droga que no ser humano produz euforia, traduzida predominantemente por desinibição comportamental, hilariedade e expressões afetivas aumentadas. As manifestações acima podem ser determinadas geneticamente, psicossocialmente ou ambientalmente. Também são provenientes de diferenças individuais relacionadas à farmacocinética do álcool. A concentração alcoólica resultante do consumo de álcool no cérebro pode variar entre indivíduos e depende de parâmetros que incluem taxas de absorção no trato gastrointestinal, volume de distribuição corporal e taxa de metabolismo. Fatores inerentes a idade, sexo, peso corporal, tipo de bebida alcoólica, número de drinques por dia, ocasião e outras variáveis, também se tornam essenciais na análise dessa dependência química, que podem resultar em problemas sociais, considerável morbidade e mortalidade (FUCHS et al., 2006; UHART e WAND, 2009). O álcool é biotransformado no organismo em uma velocidade em torno de 0,2/kg de peso/hora e a sua absorção após a ingestão é rápida, limitando-se a irritação pela mucosa gástrica feita pelo mesmo. A passagem do álcool para a corrente sanguínea após a ingestão é iniciada em média 5 minutos depois, atingindo um pico de concentração em 30 a 90 minutos. O álcool é absorvido no estômago e, predominantemente, no intestino delgado (FUCHS et al., 2006; PASSAGLI, 2009). 21 As análises forenses do material biológico para determinação do álcool podem ser o sangue e ar exalado, não podendo negar o potencial das amostras de saliva. A técnica para determinação de álcool no sangue é a GC, técnica esta eficaz para análise de qualquer substância volátil, tendo a matriz sólida ou líquida (PASSAGLI, 2009). 7.1.2 – Cocaína A cocaína é um alcalóide extraído das folhas de uma planta encontrada exclusivamente na América do Sul, a Erythroxylum coca. É um potente anestésico local e potente estimulante do SNC, razão pela qual é utilizada como droga de abuso. A cocaína pode chegar ao consumidor sob a forma de um sal, o cloridrato de cocaína, que é solúvel em água e utilizado para ser aspirado ou dissolvido em água para uso intravenoso, ou sob a forma de base, o crack, que é pouco solúvel em água, mas que é volatilizado quando aquecido (CEBRID, 2011). É bem estabelecido que a cocaína exerce seu potente efeito estimulante do SNC sobre sinapses dopaminérgicas e noradrenérgicas, dando aos seus usuários um sentimento de alerta e de autoconfiança aumentados, uma sensação de vigor e euforia e uma diminuição do apetite. É também uma droga simpatomimética por 22 resultar em efeitos periféricos que mimetizam a ativação da divisão do Sistema Nervoso Vegetativo (SNV) (BEAR et al., 2002, 2010). A cocaína é uma droga de efeito rápido e de breve duração, em dez a quinze segundos os primeiros efeitos são percebidos e duram em torno de cinco minutos. Consumir bebidas alcoólicas junto com cocaína produz consequências mais graves do que o uso separadamente das mesmas, pois o álcool aumenta a fissura pela cocaína, podendo causar intoxicação grave, aumentando o risco de morte súbita (OBID, 2011). A benzoilecgonina é o principal metabólito encontrado na urina (40%), podendo ser detectada dois a três dias após a exposição. Os métodos cromatográficos usados como testes confirmatórios por usuários de cocaína são o HPLC e a GC/MS, sendo o último o método mais fidedigno (PASSAGLI, 2009). 7.1.3 – Maconha A maconha é o nome dado às folhas e flores secas da planta Cannabis sativa, preparada como uma mistura para fumar; em outro estado, haxixe é a resina extraída. A planta é utilizada há séculos para fins recreacionais e medicinais. A Cannabis sativa contém em média 400 substâncias químicas e pelo menos 60 alcalóides conhecidos como canabinóides. Entre eles, o THC é o mais ativo e principal responsável pelos efeitos produzidos pela maconha (RIBEIRO et al., 2005; FUCHS et al., 2006). Esta é um dos agentes ilícitos mais utilizados no Brasil (CARLINI et al., 2002). O ∆ 9 -tetraidrocanabinol (THC) é uma substância química ativa fabricada pela própria maconha. O composto é altamente lipofílico e assim penetra muito fácil no sangue e pode agir produzindo mudanças na membrana celular. Metade do THC se perde na queima quando se fuma a maconha e em média 2,5 mg por cigarro são consumidos (SILVA, 2003; RANG et al., 2004; CEBRID, 2011). 23 Existem predominantemente duas formas de uso: via oral e inalatória (pulmonar), sendo a via pulmonar a mais utilizada pelos usuários, por ter um início de ação rápido. Quando fumado, o THC é rapidamente absorvido, sendo prontamente distribuído para o cérebro e outros órgãos. O THC é biotransformado no fígado pelas enzimas citocromo P450, formando um metabólito 11-hidroxi-∆ 9 THC, que é mais ativo do que o próprio THC, através da hidroxilação do carbono da posição 11; e posteriormente esta hidroxila é oxidada a um ácido carboxílico, formando 9-carboxi-∆ 9 THC, o qual é conjugado com o ácido glicurônico e excretado na urina. A principal via de eliminação do THC é fecal (65%) (PULCHERIO et al., 2002; PASSAGLI, 2009). A maconha quando fumada, atinge seu efeito entre zero e dez minutos e tem seu pico de ação após trinta minutos, os efeitos são atenuados após 45 a 60 minutos. O THC atua principalmente sobre o SNC, produzindo uma mistura de efeitos psicotomiméticos (alucinógenos) e depressores, além de vários efeitos autônomos periféricos mediados centralmente (RANGEL, 2004; RANG et al., 2006; OBID, 2011). Os principais efeitos subjetivos em um indivíduo consistem em: uma sensação de relaxamento e bem-estar, semelhante ao efeito do álcool, mas sem agressãoconcomitante; e uma sensação de consciência sensorial aguçada, com sons e visões que parecem mais intensas e fantásticas. Estes efeitos são semelhantes aos produzidos pelo LSD, mas geralmente menos pronunciados. Pessoas relatam que o tempo passa muito lentamente. As sensações alarmantes e as alucinações 24 paranóides que frequentemente ocorrem com o LSD são raramente experimentadas com a maconha (RANG et al., 2004, 2006). Além disso, dentre os efeitos centrais merecem destaques os de prejuízo da memória, prejuízo da coordenação motora (p.ex., desempenho de dirigir), apetite aumentado, entre outros. Já os efeitos periféricos são a taquicardia, vasodilatação (marcante nos vasos da esclera e da conjuntiva), indução da pressão intraocular e broncodilatação (FUNCHS et al., 2006; RANG et al., 2006). Em doses elevadas, a maconha apresenta no indivíduo comportamentos de ansiedade, confusão, paranóia, agressividade e psicose tóxica (OBID, 2011). A GC/MS é o método mais eficaz para confirmação dessa droga de abuso (RANGEL 2003, 2004; OBID, 2011). 7.2 - CADEIA DE CUSTÓDIA A Cadeia de Custódia é usada para documentar e manter a história da evidência, cronologicamente. Todas as amostras recebidas na área de Química Forense são evidências e estão relacionadas com a necessidade de posteriores exames laboratoriais, para determinação/quantificação de drogas e só poderão ser aceitas como meios de prova se a coleta, manuseio e a análise das amostras observarem condições mínimas de segurança, de modo a garantir a integridade do material a ser examinado e a idoneidade dos meios empregados. Todo procedimento realizado entre a comunicação do fato para a autoridade competente e a requisição do exame deve obedecer a um rigoroso sistema de cadeia de custódia (LOPES et al., 2006; DEL-CAMPO, 2008). A responsabilidade dos profissionais envolvidos na cadeia de custódia não tem apenas uma implicação legal, mas moral, sendo que o destino das vítimas e réus dependem do resultado da perícia (LOPES et al., 2006). 25 7.3 - Matrizes Biológicas para análise de Drogas de Abuso A análise de drogas de abuso tem por finalidade detectar indícios de exposição ou consumo de substâncias tóxicas, existindo dois tipos de testes laboratoriais: os baseados em fluídos corporais e em amostras de queratina (cabelos ou pelos). Os fluídos corporais possuem uma janela de detecção muito pequena, em média 2 a 3 dias dependendo da droga analisada, com exceção da maconha que pode chegar a 20 dias. Já as amostras de queratina possuem uma janela de detecção mais longa, podendo chegar a 6 meses (OBID, 2011). As análises de drogas de abuso, descritas na Tabela 1 abaixo, em matrizes biológicas (sangue, urina, cabelos, unha, etc.), além da preservação e integridade da amostra, precisam ainda garantir a confidencialidade do exame, dada a gravidade de se imputar a alguém o uso de substância entorpecente. Todas essas amostras precisam ser corretamente identificadas e terem cuidados especiais de conservação (DEL- CAMPO, 2008). 26 7.4 - Métodos de Análises As técnicas de análise toxicológica das drogas de abuso variam desde os clássicos métodos não instrumentais, tais como reações volumétricas ou colorimétricas, até outros mais sofisticados para os quais se recorre à tecnologia apropriada, podendo ser simples ou acoplada, como as técnicas espectrofotométricas e cromatográficas (ex: GC/MS e HPLC), (RANGEL, 2003, 2004). 7.4.1 - Cromatografia Gasosa (GC) A GC é uma das técnicas analíticas mais utilizadas, ela possui um alto poder de resolução. É muito atrativa devido à possibilidade de detecção em escala de nano a picogramas, ou seja, tem grande sensibilidade, podendo separar misturas complexas com até 200 compostos muito semelhantes. A limitação deste método é a necessidade de que a amostra seja volátil ou estável termicamente, embora amostras não-voláteis ou instáveis possam ser derivadas quimicamente (SKOOG et al., 2002). A amostra é vaporizada e introduzida em um fluxo de um gás adequado denominado de fase móvel ou gás de arraste, o fluxo de gás com a amostra vaporizada passa por um tubo contendo a fase estacionária (FE) (coluna cromatográfica), onde ocorre a separação da mistura (SKOOG et al, 2002). 7.4.2 - Espectrometria de Massas (MS) A MS é uma técnica usada para o estudo das massas de átomos, moléculas ou fragmentos de moléculas. Para se obter um espectro de massa, as moléculas no estado gasoso ou as espécies dissolvidas a partir da fase condensada são ionizadas. Os íons obtidos são acelerados em um campo elétrico e separados de acordo com a razão entre sua massa e sua carga elétrica (HARRIS, 2008). 27 A MS é um método de identificação dos diferentes átomos que compõem uma substância. Um espectrômetro de massa bombardeia uma substância com elétrons para produzir íons, ou átomos eletricamente carregados. Os íons atravessam um campo magnético que curva suas trajetórias de modos diferentes, dependendo de suas massas. O campo separa os íons em um padrão de espectro de massa. A massa e a carga dos íons podem ser medidas por sua posição no espectro. O espectro de massas está frequentemente associado a outra técnica, usualmente a GC ou HPLC, ele funciona como detector da frente cromatográfica. Nestas condições, pequenas quantidades, reprodutíveis, da amostra entram no espectrômetro de massas ao eluir da coluna e a análise quantitativa torna-se possível (VOGEL, 1981). 7.4.3 - Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (HPLC) A HPLC é uma técnica que possibilita as análises e separações de uma ampla gama de compostos com alta eficiência. Tem sido utilizada em várias áreas da ciência. As separações em HPLC podem se dar por adsorção, partição ou ambos os meios A versatilidade dessa técnica reside no grande número de fases estacionárias existentes (SKOOG et al, 2002). As fases móveis utilizadas em HPLC devem possuir alto grau de pureza e estarem livres de oxigênio ou outros gases dissolvidos, sendo filtradas e desgaseificadas antes do uso, além disso, a bomba deve proporcionar ao sistema, uma vazão contínua sem pulsos e com alta reprodutibilidade, possibilitando a eluição da fase móvel a um fluxo adequadamente. As válvulas de injeção usadas possuem uma alça de amostragem para a introdução da amostra com uma seringa e duas posições, uma para o preenchimento da alça e outra para sua liberação para a coluna. As colunas utilizadas em HPLC são geralmente de aço inoxidável, com diâmetro interno de cerca de 0,45 cm para separações analíticas e na faixa de 2,2cm para reparativas. O comprimento das colunas variam de 10- 30 cm, e essas são reaproveitáveis, sendo empacotadas com suportes de alta resolução. O detector mais utilizado para separações por HPLC é o detector de ultravioleta. O registro de dados pode ser feito através de um registrador, um integrador ou um microcomputador (VOGEL, 1981; GALINDO, 2010). 28 Segundo Skoog et al (2002), a comparação entre a HPLC e CG (Tabela 2) diz que ambos os métodos são eficientes, altamente seletivos e amplamente aplicados, exigem de uma pequena quantidade de amostra, podendo ser não destrutivos. A HPLC com MS (HPLC-MS) é atualmente a tecnologia de maior eficiência na química aplicada à criminalística. A HPLC-MS permite detectar uma variedade de substâncias ilegais no combate ao crime organizado entre elas o álcool, maconha e cocaína, como também obter um perfil químico das drogas apreendidas, detectando tanto a droga quanto seus interferentes que a constituem (OLIVEIRA et al., 2009; GALINDO, 2010). É de extrema importância o processo de amostragem, visto que existe uma boa variedade quanto ao tipo de matriz que pode ser analisada. Esse cuidado ajuda a reforçar os resultados encontrados.Nesse sentido, é fundamental uma apropriada seleção da amostra a se analisar. Assim como cuidado no momento da coleta, posterior armazenamento e conservação da matriz biológica de estudo. Essas etapas serão cruciais para garantir resultados confiáveis e exatos. Ainda assim, as técnicas analíticas para a interpretação dos resultados vem se modernizando cada dia mais. Hoje muitos métodos clássicos não são mais indicados, visto que devemos gerar análises de alta sensibilidade. Tudo isso se faz necessário para que seja possível uma detecção adequada dos analitos (drogas e metabólitos). 29 Lembrando que na maioria das vezes eles estão em baixa concentração e presentes em matrizes complexas. Além disso, destaca-se que não basta a geração dos resultados, sendo essencial interpretá-los adequadamente. Todas as variáveis envolvidas devem ser levadas em consideração. Isso envolve os resultados toxicológicos, até o local da coleta e as informações acerca do indivíduo. Por fim, o consumo abusivo dessas substâncias é hoje parte integrante da sociedade moderna. Essas drogas também são conhecidas como substâncias psicoativas, capazes de alterar os estados mentais, atuam sobre o SNC e são e dividas em três grupos: depressoras, como o álcool, estimulantes, como a cocaína, e perturbadoras ou alucinógenas, como a maconha. Para a análise destas, faz-se necessário o uso de várias matrizes biológicas, como urina, sangue, cabelo, saliva entre outras. Cabe ao perito criminal proceder às análises, obedecendo sempre uma cadeia de custódia. Os métodos analíticos mais utilizados para a determinação e quantificação de drogas em indivíduos e em seus fluidos e tecidos biológicos são os métodos cromatográficos como HPLC, GC e MS. Entretanto, o método que possui mais vantagens adicionais é a HPLC, visto que nela há duas fases cromatográficas de interação seletiva com as moléculas da amostra e a GC somente uma fase e maior variedade de possíveis mecanismos de separação. A HPLC acoplada ao MS é atualmente a tecnologia de maior eficiência química aplicada à criminalística. Estas técnicas de separação detectam e identificam de maneira detalhada e segura compostos químicos, aliadas a uma elevada sensibilidade, rapidez de análise e capacidade de estudo de amostras complexas na ciência forense. Sendo assim, pode-se observar por meio dos estudos apresentados, a importância da Química Forense no controle do uso ilegal ou abusivo das drogas visando à proteção do indivíduo e da sociedade. 30 BIBLIOGRAFIA Leonardo Fernandes Martins, Laisa Marcorela Sartes, Tatiana de Castro Amato. Epidemiologia do uso de substâncias psicotrópicas em Minas Gerais e no Brasil. Acesso: http://www.aberta.senad.gov.br/anexo/epidemiologia-do-uso-de- substancias-psicotropicas-no-brasil-dados-recentes Acesso em 06 jan. 2020 PASSAGLI, M.; Toxicologia forense – teoria e prática. 5.ed. Campinas-SP: Editora Millennium, 2018. 522p. ISBN: 978-85-7625-354-9. PLANETA, Cleopatra S.; CRUZ, Fábio C.. Bases neurofisiológicas da dependência do tabaco. Rev. psiquiatr. clín., São Paulo , v. 32, n. 5, p. 251-258, 2005. São Paulo (Cidade). Secretaria Municipal da Saúde. Coordenadoria de Vigilância em Saúde. Divisão de Vigilância Epidemiológica. Núcleo de Prevenção e Controle das Intoxicações. 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