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AULA 5 FINANÇAS CORPORATIVAS Profª Franciele Lourenço 2 INTRODUÇÃO As empresas devem possuir informações, dados numéricos e contábeis, expertise e outros tipos de apoio para terem condições de avaliar seus ativos (patrimônio) de uma forma mais clara, objetiva e que lhe proporcionem um bom entendimento a respeito da situação empresarial. Por isso, metodologias e modelos são postos em prática para se avaliar qual o valor contábil, o valor de mercado e o valor econômico das empresas. Então, estudar o modelo de avaliação de ativos baseados no Goodwill é relevante, por conta dos ativos difíceis de serem avaliados dada a sua intangibilidade. Outra notável forma de avaliação de ativos é aquela baseada nas Demonstrações dos Resultados, que são avaliados com base no volume de lucros e das vendas, ou seja, na relação preço/lucro. É essencial também compreender o modelo de precificação de ações, tendo por base o Patrimônio Líquido, os Recursos e o Produto/Serviço ofertado. E tratar o Modelo de Gordon baseando-se nos crescimentos constantes dos dividendos. E, por fim, mostrar os modelos de avaliação de ativos. TEMA 1 – MODELOS BASEADOS NO GOODWILL Há muito tempo as empresas são avaliadas, mas foi a partir de 1970 que a avaliação de desempenho de empresas passou a ser comumente utilizada. Já em 1980, a avaliação de empresas no Brasil foi impulsionada, principalmente, pela abertura econômica do país e pela necessidade de uma gestão estratégica, que atendesse aos preceitos da inovação tecnológica, das revoluções sociais e políticas, da computação, dos esportes, entre outros. Mas, afinal, você sabe qual o valor real de sua empresa? Pois bem, a avaliação de empresas, também chamada de avaliação econômico-financeira ou valuation, consiste na avaliação do valor da empresa perante o mercado, cujo objetivo é avaliar se a empresa possui condições de aproveitar as oportunidades de negócio, conhecer o perfil dos investidores e entrever as situações futuras que envolvam a tomada de decisão. Quanto ao conceito de valuation, o Sebrae (2019) diz: 3 Valuation é um termo de origem inglesa que significa, adaptado ao português, avaliação de empresas. Ao trabalhar com as percepções que a empresa possui dos investidores e clientes, o valuation envolve o julgamento da posição que ocupa no mercado e a previsão do retorno de investimento nas ações da empresa. Em sentido geral, a valuation estima o valor monetário dos seus ativos intangíveis. Independentemente de atividade, segmento ou porte, há vários métodos de garantir a confiabilidade dos resultados. Outra classificação é a do Goodwill, termo originado na Inglaterra, durante o século XVI, que significa a boa vontade, que muitos consideram uma operação de ágio ou um ativo intangível, por isso é difícil de ser mensurada, por conta da constituição de seu valor, mas também do estabelecer de sua vida útil. Complementando, a BLB Brasil (2017) explica que o ativo intangível “trata- se de um ativo não monetário identificável sem substância física ou incorpóreo (CPC 04), isto é, possui valor econômico, mas não tem existência física. Representa direitos de uso de um bem ou direitos associados a uma organização”. Para Schmidt e Santos (2002, p. 153): Goodwill é o termo utilizado, tanto nas normas internacionais quanto nas norte-americanas, para representar um conceito similar nas normas brasileiras ao ágio que surge na aquisição de investimentos avaliados pelo método da equivalência patrimonial com fundamento econômico em expectativa de lucros futuros. De que se trata o método de equivalência patrimonial? Ela diz respeito ao método de ajuste contábil, que visa estabelecer a porcentagem de retorno de empresas que optam por investir em outras empresas, essa operação poderá render valores extras ou alavancagem financeira. Com isso, em termos jurídicos, três leis são importantes para o entendimento da equivalência patrimonial, são elas: • A Lei n. 1.598/77, Art. 21, que dispõe sobre o Investimento em Sociedades Coligadas ou Controladas, em resumo, aborda a avaliação do investimento pelo valor de patrimônio líquido da empresa investida. • A Lei n. 6.404/76, Art. 248, que dispõe sobre a Lei das Sociedades Anônimas, destacando algumas particularidades: No balanço patrimonial da companhia, os investimentos em coligadas ou em controladas e em outras sociedades que façam parte de um mesmo grupo ou estejam sob controle comum serão avaliados pelo método da equivalência patrimonial, de acordo com as seguintes normas: I - o valor do patrimônio líquido da coligada ou da controlada será determinado com base em balanço patrimonial ou balancete de verificação levantado, com observância das normas desta Lei, na 4 mesma data, ou até 60 (sessenta) dias, no máximo, antes da data do balanço da companhia; no valor de patrimônio líquido não serão computados os resultados não realizados decorrentes de negócios com a companhia, ou com outras sociedades coligadas à companhia, ou por ela controladas; II - o valor do investimento será determinado mediante a aplicação, sobre o valor de patrimônio líquido referido no número anterior, da porcentagem de participação no capital da coligada ou controlada; III - a diferença entre o valor do investimento, de acordo com o número II, e o custo de aquisição corrigido monetariamente; somente será registrada como resultado do exercício: a) se decorrer de lucro ou prejuízo apurado na coligada ou controlada; b) se corresponder, comprovadamente, a ganhos ou perdas efetivos; c) no caso de companhia aberta, com observância das normas expedidas pela Comissão de Valores Mobiliários. E a Lei n. 12.973/14, art. 76, que traz as disposições gerais sobre a tributação em bases universais: A pessoa jurídica controladora domiciliada no Brasil ou a ela equiparada, nos termos do art. 83, deverá registrar em subcontas da conta de investimentos em controlada direta no exterior, de forma individualizada, o resultado contábil na variação do valor do investimento equivalente aos lucros ou prejuízos auferidos pela própria controlada direta e suas controladas, direta ou indiretamente, no Brasil ou no exterior, relativo ao ano-calendário em que foram apurados em balanço, observada a proporção de sua participação em cada controlada, direta ou indireta. Em termos contábeis, o goodwill é calculado pela seguinte fórmula: Por isso, em termos da contabilidade financeira, o goodwill levantará os valores correspondentes aos ativos intangíveis (não monetários e intocáveis). Em vista disso, a dificuldade de mensuração econômica dos bens e do valor real das empresas, em geral, deu início aos preceitos do goodwill, pois sua fórmula leva em consideração, justamente, o quanto foi pago pela empresa e sua capacidade de gerar lucro, logo, avalia a relação entre tudo que foi gasto em sua aquisição e o patrimônio líquido (ativo – passivo). GOODWILL = PREÇO DE AQUISIÇÃO – CAPITAL PRÓPRIO DA EMPRESA 5 Figura 1 – Ativos Intangíveis – Goodwill Créditos: LIMEART/Shutterstock. Conforme Figura 1, são exemplos de ativos intangíveis: Patentes, Direitos autorais, Franquias, Dados do cliente, Softwares, Marca comercial, Boa vontade e a Marca. A Patente, segundo o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (2020), é: Um título de propriedade temporária sobre uma invenção ou modelo de utilidade, outorgado pelo Estado aos inventores ou autores ou outras pessoas físicas ou jurídicas detentoras de direitos sobre a criação. Com este direito, o inventor ou o detentor da patente tem o direito de impedir terceiros, sem o seu consentimento, de produzir, usar, colocar a venda, vender ou importar produto objeto de sua patente e/ ou processo ou produto obtido diretamente por processo por ele patenteado.Em contrapartida, o inventor se obriga a revelar detalhadamente todo o conteúdo técnico da matéria protegida pela patente. Os tipos de Patentes e prazos de validade podem ser: Patente de Invenção, Patente de modelo de Utilidade e Certificado de Adição e Invenção, conceituados de acordo com o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (2020) como: Patente de Invenção (PI): Produtos ou processos que atendam aos requisitos de atividade inventiva, novidade e aplicação industrial. Sua validade é de 20 anos a partir da data do depósito. Patente de Modelo de Utilidade (MU): Objeto de uso prático, ou parte deste, suscetível de aplicação industrial, que apresente nova forma ou disposição, envolvendo ato inventivo, que resulte em melhoria funcional no seu uso ou em sua fabricação. Sua validade é de 15 anos a partir da data do depósito. Certificado de Adição de Invenção (CAI): Aperfeiçoamento ou desenvolvimento introduzido no objeto da invenção, mesmo que destituído de atividade inventiva, porém ainda dentro do mesmo conceito inventivo. O certificado será acessório à patente e com mesma data final de vigência desta. 6 Os Direitos autorais, segundo o Sebrae (2014), “são os direitos que todo criador de uma obra intelectual tem sobre a sua criação”. Esse direito é exclusivo do autor, de acordo com o art. 5º da Constituição Federal. São exemplos de direitos autorais, obras fotográficas, coreográficas, literárias, artísticas ou científicas; composições, letras, partituras e arranjos musicais; obras em quadrinhos e criação intelectual. As Franquias, de acordo com o Portal do Franchising (2021), “é um negócio cujo modelo de operação é copiado e transferido para outro ponto comercial com autorização de quem detém os direitos e criou aquele modelo inicial”. Perante a Lei n. 8.955/94, art. 2º, a Franquia empresarial é: O sistema pelo qual um franqueador cede ao franqueado o direito de uso de marca ou patente, associado ao direito de distribuição exclusiva ou semi-exclusiva de produtos ou serviços e, eventualmente, também ao direito de uso de tecnologia de implantação e administração de negócio ou sistema operacional desenvolvidos ou detidos pelo franqueador, mediante remuneração direta ou indireta, sem que, no entanto, fique caracterizado vínculo empregatício. O Banco de dados dos clientes e fornecedores são considerados goodwill, devido à estratégia de negócios e a capacidade de negociação que tal carteira pode oferecer à empresa. Os Softwares garantem a conversão dos dados brutos em informações, conhecimento e sabedoria para o negócio, além disso, proporcionam uma maior capacidade de produção, armazenamento, coleta e análise de informações, as quais beneficiam a tomada de decisão empresarial. A Marca comercial, segundo o Sebrae (2013), “é o DNA de uma empresa e é o que conecta o cliente ao produto”. É ela que indica o caminho a ser seguido, demonstra o diferencial competitivo e a identidade de uma empresa, dando condições de sobrevivência e satisfação das necessidades dos consumidores e sua continuidade. O próprio Goodwill, que é o levantamento do patrimônio líquido na aquisição, em relação à diferença entre o valor tangível dos ativos líquidos e o valor contábil líquido. A Marca, de acordo com o Dicionário Priberam, diz respeito ao ato ou efeito de marcar (marcação); Sinal de um objeto, para o fazer reconhecer; Sinal que serve de assinatura; Símbolo ou nome que identifica determinados produtos 7 comerciais; Empresa que detém o direito de fabricar ou comercializar esses produtos. Sendo assim, o Goodwill tem como objetivo avaliar o valor da empresa baseando-se nos custos de reposição ou no valor de liquidação. Portanto, a contabilidade deverá realizar ajustes, já que o patrimônio líquido é calculado com base em uma data específica. Mas, além dele, existem vários outros métodos de avaliação de um negócio, tal como mostra o Quadro 1. Quadro 1 – Principais métodos de avaliação de empresas FLUXO DE CAIXA DESCONTADO AVALIAÇÃO POR MÚLTIPLOS TRANSAÇÕES COMPARADAS CONTÁBIL VALOR PATRIMONIAL LIQUIDAÇÃO VALOR DE MERCADO Calcula o valor da empresa a partir dos resultados que poderá gerar no futuro. É o método mais aceito pelo mercado Avalia a empresa em comparação com outras de seu segmento a partir do faturamento, lucro líquido ou Ebitda. Muito usado em conjugação com o Fluxo de Caixa Avalia a empresa em comparação com o valor de venda de outras empresas do mesmo segmento. Mais usado em conjugação com o Fluxo de Caixa ou Múltiplos Estabelece o valor da empresa a partir do Patrimônio Líquido. Útil em casos de operações com grande ativo imobilizado e/ou dificuldades financeiras Apura o valor da empresa a partir da diferença entre ativos e passivos. Só é indicado para o cálculo do valor de empresa com prejuízo e sem perspectivas de melhoria futura Não é um método de valuation, mas de mensuração do desempenho de empresas de capital aberto com ações de alta liquidez, pela relação entre preço e volume de negociação de ações Fonte: Adaptado de D&R Negócios, 2018. É importante frisar que não há um modelo único e pré-determinado de avaliação de valor de uma empresa. Cada empresa avaliará seu negócio, conforme sua necessidade e realidade, conforme veremos detalhadamente a seguir: TEMA 2 – MODELOS BASEADOS NAS DEMONSTRAÇÕES DOS RESULTADOS Este modelo trata do estabelecer do valor empresarial, com base na investigaçao das Demonstrações dos Resultados do Exercício – DRE, que irá levantar o valor da empresa com base no desempenho das empresas (sociedades), levando-se em consideração a sua situação no mercado de ações, ou seja, o cálculo utilizado para esse modelo se faz pela seguinte fórmula: VALOR DA EMPRESA = PATRIMÔNIO LÍQUIDO A PREÇOS DE MERCADO + GOODWILL 8 Assim, o Modelo do Valor dos Lucros (PER) é utilizado no mercado de ações e indica a previsão dos lucros pagos por ação. Muller e Teló (2013, p. 101) comentam que: É um parâmetro que relaciona um valor de mercado (preço de uma ação) com um item puramente contábil (o lucro). Algumas vezes, uma taxa conhecida como PER relativa é também usada, sendo calculada pela divisão da PER da empresa pela PER do país, como fazem alguns analistas no mercado norteamericano. Portanto, suas limitações são de: o cálculo utilizar apenas o lucro contábil, não contabilizar o valor do dinheiro no tempo, nem ao menos seus riscos, e considerar a eficiência de mercado (Martins, 2001, p. 270, citado por Muller; Teló, 2003). Outro método é o Modelo do valor dos dividendos, nesse caso, os dividendos farão parte dos lucros propostos ou que já tenham sido pagos. E ainda, são consideradas duas formas de cálculo; na primeira, considera-se o valor esperado para a ação, calculado pela divisão do dividendo por ação ou pela projeção do crescimento do volume de dividendos: O Modelo dos Múltiplos de Vendas multiplica o seu volume de vendas por um multiplicador, ou seja, é a relação entre o preço de uma ação e outra variável qualquer de negócio. Entre as formas de cálculo mais utilizadas temos: o Preço/Lucro por ação (relação entre o capital investido e os lucros gerados); o Preço/Valor Patrimonial por Ação (valorização da empresa, com base nos ativos em valores correntes); o Valor da Firma/EBITDA (somatório do Valor de Mercado; Valor das Dívidas), e Caixa e Equivalentes de Caixa, que irão resultar no lucro antes dos juros, lucros, impostos, depreciação etc. E, para que o modelo dos múltiplos seja adotado, deve-se analisar a situação de empresas em pares, a fim de se obter uma média de valor de mercado, considerando os prováveis riscos, as oscilações de preços, o DESEMPENHO DAS EMPRESAS = RECEITAS ANUAIS LÍQUIDAS (LUCRO) * PER (PREÇO/LUCRO) PATRIMÔNIO DA EMPRESA: 𝑽𝑽𝐨𝐨𝐨𝐨𝐨𝐨𝐨𝐨𝐨𝐨𝐝𝐝𝐨𝐨 𝐝𝐝𝐝𝐝𝐝𝐝𝐝𝐝𝐝𝐝𝐨𝐨𝐝𝐝𝐝𝐝𝐨𝐨𝐝𝐝 𝐨𝐨𝐝𝐝𝐞𝐞𝐨𝐨𝐞𝐞𝐞𝐞𝐝𝐝𝐨𝐨𝐝𝐝 𝐓𝐓𝐞𝐞𝐓𝐓𝐞𝐞 𝐝𝐝𝐨𝐨 𝐞𝐞𝐨𝐨𝐫𝐫𝐨𝐨𝐞𝐞𝐝𝐝𝐨𝐨 𝐨𝐨𝐝𝐝𝐞𝐞𝐨𝐨𝐞𝐞𝐞𝐞𝐝𝐝𝐞𝐞 – TX. CRESCIMENTO 9 crescimento, as imperfeições de mercado etc., com vistas a encontrar informações estratégicas para a tomada de decisão. TEMA 3 – MODELO DE PRECIFICAÇÃO DE AÇÕES A precificação de ações é realizada de duas formas, por meio da análise técnica e a análise fundamentalista. No caso da análise técnica, as ações serão valorizadas ou desvalorizadas, de acordo com a lei de oferta e procura, mas também é importante acompanhar os padrões de comportamento delas. De acordo com a Infomoney (2020), a análise técnica é “também chamada de análise gráfica, é uma forma de prever os movimentos das ações utilizando-se do histórico delas por meio do gráfico”. Mas devemos nos ater ao comportamento psicológico do investidor, que poderá “meter os pés pelas mãos”, quando seu psicológico estiver afetado, ou ainda se ele estiver em estado de êxtase, o que influenciará nos investimentos, já que se trata de um investimento de curtíssimo e curto prazos. Segundo a Infomoney (2020), “o objetivo central é identificar uma tendência, operar a favor dela e sair da operação ao verificar sinais de que essa tendência está sendo revertida”. Segundo a Figura 3, a precificação de ações pode ser composta pelo Patrimônio Líquido (sobras dos ativos e passivos), Recursos Naturais (empresas que trabalham com recursos naturais, considerados seus ativos, tais como o petróleo, a agricultura etc.) ou por Produtos (envolve princípios de administração, economia, markeing, do próprio mercado etc.). 10 Figura 3 – Precificação de Ações Fonte: Adaptado de Damodoran, 2005, p. 616. De acordo com a Infomoney (2020), existem três tendências principais que um ativo pode ter em um momento: • De alta (acumulação), caracterizada por um gráfico com topos e fundos ascendentes; • De baixa (distribuição), quando os topos e fundos estão cada vez mais baixos; • De lateralização, que é quando o preço do papel oscila dentro de uma banda bem definida sem subir ou cair muito. A análise técnica possui algumas críticas quanto à previsão de seu desempenho ou o histórico de sua performance, que, nesse caso, não leva em consideração as questões reais da empresa. Os day traders também são criticados por conta de seu imediatismo, dos riscos assumidos em curto prazo e pelo despreparo de muitos durante as operações. Os day traders fazem a análise de gráfico de linhas; gráfico de barras e candlestick, que são gráficos com o formato de velas (mostram a evolução dos preços apenas em seu fechamento, não levando em consideração as demais mudanças ocorridas durante o dia). Quanto à análise fundamentalista, esta leva em consideração a situação financeira, econômica e setorial, bem como as perspectivas de uma empresa, buscando informações quanto à governança corporativa, à imagem/reputação da empresa, concorrência, à análise histórica do desempenho econômico etc. PRECIFICAÇÃO DE OPÇÕES Patrimônio Líquido Recursos Naturais Produto 11 Portanto, os preços das ações oscilam, de acordo com o desempenho da empresa. TEMA 4 – MODELO DE GORDON O Modelo de Gordon, chamado de Modelo de Crescimento de Gordon ou Método de Gordon e Shapiro visa à projeção de crescimento constantes dos dividendos elaborado em 1956 por Myron Gordon e Eli Shapiro. Também conhecido como “modelo de crescimento perpétuo”, a menção à perpetuidade vem da forte premissa de projeção do crescimento do valor dos dividendos ad infinitum (isto é, ao longo do tempo – leia-se: à eternidade). Ele é uma hipótese essencial para que possamos projetar os fluxos de caixa futuros da firma (Blb Brasil, 2021) O modelo diz respeito à precificação de fluxos de caixa descontado que pressupõe um crescimento constante, ou seja, o fluxo de dividendos ao valor presente serve para descobrir o preço justo da ação. O modelo é de fácil aplicação, podendo ser calculado pela seguinte fórmula: Onde, K = é a taxa mínima de retorno que o investidor deve esperar para a ação G = é a taxa de crescimento dos dividendos ao longo dos anos Sendo assim, as variáveis principais que serão utilizadas para o cálculo são: os dividendos por ação do próximo ano; a taxa mínima de retorno esperada pelo investidor e a taxa de crescimento dos dividendos no futuro. Portanto, devemos considerar as seguintes características: • A taxa de crescimento deve ser constante a longo prazo; • A taxa de retorno deve permanecer constante; • O custo do capital próprio (retorno sobre o patrimônio líquido) deve ser maior que a taxa de crescimento dos dividendos. Há ressalvas, por exemplo, a imprevisibilidade dos valores que serão pagos pelos dividendos, que segundo o modelo, irão crescer constantemente. Cabe aqui sua primeira limitação prática, tendo em vista que a taxa de crescimento é difícil de ser estimada. PREÇO = 𝑫𝑫𝑫𝑫𝑽𝑽𝑫𝑫𝑫𝑫𝑫𝑫𝑫𝑫𝑫𝑫𝑫𝑫𝑫𝑫 𝑷𝑷𝑫𝑫𝑷𝑷 𝑨𝑨ÇÃ𝑫𝑫 𝑲𝑲−𝑮𝑮 12 Outro fator é que a rentabilidade e as expectativas de retorno mudam constantemente, assim, o custo do capital próprio precisa ser superior à taxa de crescimento dos dividendos, por isso, é difícil sua determinação, já que a rentabilidade e as exigências por parte dos acionistas mudam constantemente. Suas principais limitações indicam que ele não pode ser utilizado como um único instrumento de avaliação e nem aplicado em empresas com expectativas e/ou dificuldades financeiras. Além disso, se os dividendos não forem distribuídos, o modelo será ineficaz. Para que a empresa possa fazer uma avaliação devida, os fluxos de caixa também deverão refletir o valor de todos os ativos, inclusive os que não geram fluxo de caixa, afinal, com a venda e aquisição de ativos, a estrutura de capital e as políticas de dividendos também se alteram, o que dificulta a projeção dos fluxos de caixa futuros. Assim, percebe-se que o modelo de Gordon poderá ser aplicado apenas em casos em que a empresa tenha certa solidez financeira e com expectativa de crescimento. TEMA 5 – AVALIAÇÃO DE ATIVOS A avaliação de ativos corresponde à análise dos bens de uma empresa, em dado período. Sendo assim, a avaliação dos ativos fixos pode ser realizada da seguinte maneira: • Determina-se os valores reais e atuais dos bens; • É necessária uma documentação que comprove os dados, tais como um laudo técnico, plantas etc.; • Realiza-se uma vistoria, que servirá de apoio para a identificação real do bem; • Define-se uma taxa de depreciação, considera-se a vida útil econômica do bem e desconta-se o valor residual. Na avaliação a valor justo, utiliza-se a comparação de dados de mercados semelhantes, assim como a avaliação da vida útil, a depreciação e a realização do Teste de Impairment, também conhecido como Avaliação de Recuperabilidade de Ativos, que consiste, segundo a BLB Brasil (2021), na “deterioração de um 13 ativo, ou seja, a queda na capacidade de gerar rentabilidade futura que determinado ativo possui”. Portanto, os benefícios da avaliação de ativos fixos a valor justo refletem em um maior conhecimento, empregado na tomada de decisões estratégicas, facilidade de negociações de bens; capacidade de avaliação e osicionamento do mercado; cumprimento de exigências fiscais, entre outros. Além disso, o laudo técnico de avaliação de ativos fixos tem o objetivo analisar o mercado, adotando metodologias que venham a tratar dados e identificar resultados que avaliem, identifiquem e caracterizem os bens avaliados. Então, as mais importantes formas de avaliação de ativos são: • Custo histórico: esse método não considera as variações ocorridas nos preços, ou seja, envolve a relação de compra entre vendedor e comprador;• Custo histórico corrigido: é o método que leva em consideração variações nos preços do ativo, em decorrência da inflação, realizando-se uma correção por meio de um indicador; • Custo corrente: é aquele que considera os valores que deveriam ser pagos por tal ativo, se sua aquisição se desse no momento atual; • Custo corrente corrigido: é aquele que leva em consideração a reposição e as variações de preços que possam ocorrer com o ativo; • Custo de reposição futuro: ocorre quando o ativo que se encontra em estoque sofre atualização ao preço atual, reduzindo-se as possíveis perdas. E ainda, há aqueles ativos considerados por seu valor de saída, considerado o valor pago pela negociação, divididos em: • Valor líquido realizável: utilizado na venda do ativo. Obtido pela diferença entre o preço de venda e seu custo; • Valor de liquidação: utilizado para avaliação dos bens no momento de sua liquidação – é considerado como venda forçada de ativos, por conta do encerramento das atividades empresariais; • Equivalente de caixa corrente: são aqueles que podem ser convertidos rapidamente em dinheiro, considerado o valor presente de mercado; • Valor presente do fluxo de benefícios futuros: baseiam-se em premissas de oportunidades e conquistas futuras, tais como o fluxo de caixa descontado, avaliação relativa ou avaliação de direitos contingentes. 14 Logo, os tipos de avaliação irão comtemplar os seguintes itens: Instrumentos de curto e longo prazo; Estoques; Ativos Imobilizados; Diferidos, Intangíveis e Direitos; conforme veremos a seguir. E ainda, as avaliações podem ser realizadas de acordo com o tempo, são elas a avaliação imediata, anual e de longo prazo. A avaliação de ativos imediata corresponde à avaliação de ativos com valor alto e que tenham urgência em ser negociados. Portanto, são aqueles que conseguem honrar com seus compromissos de curto prazo, assim, levam-se em consideração os passivos circulantes (dívidas de curto prazo). A avaliação de ativos anuais trata de bens que têm seus valores alterados conforme o mercado. Em sua maioria é composto por ativos imobilizados a valor justo, de acordo com as exigências do Comitê de Pronunciamentos Contábeis, do pronunciamento Técnico da CPC 46. O objetivo da mensuração do valor justo é estimar o preço pelo qual uma transação não forçada para a venda do ativo ou para a transferência do passivo ocorreria entre participantes do mercado na data de mensuração sob condições atuais de mercado. A mensuração do valor justo requer que a entidade determine todos os itens a seguir: (a) o ativo ou passivo específico objeto da mensuração (de forma consistente com a sua unidade de contabilização); (b) para um ativo não financeiro, a premissa de avaliação apropriada para a mensuração (de forma consistente com o seu melhor uso possível); (c) o mercado principal (ou mais vantajoso) para o ativo ou passivo; (d) as técnicas de avaliação apropriadas para a mensuração, considerando-se a disponibilidade de dados com os quais se possam desenvolver informações que representem as premissas que seriam utilizadas por participantes do mercado ao precificar o ativo ou o passivo e o nível da hierarquia de valor justo no qual se classificam os dados. Logo, são avaliados anualmente, principalmente, por conta de mensuração da vida útil do bem. E, a avaliação de ativos de longo prazo irá considerar as oscilações ou estabilidades que o ativo poderá apresentar em intervalos de anos, por se tratar de uma avaliação de longo prazo. 15 REFERÊNCIAS ATIVO Intangível. BLB Brasil, 25 jul. 2017. Disponível em: <https://www.blbbrasil.com.br/blog/ativo-intangivel/>. Acesso em: 16 dez. 2021. ANÁLISE técnica de ações: aprenda a interpretar gráficos e índices. Infomoney, 12 jul. 2020. Disponível em: <https://www.infomoney.com.br/guias/analise- tecnica/>. Acesso em: 16 dez. 2021. AUDITORIA Independente. BLB Brasil, 3 dez. 2016. Disponível em: <https://www.blbbrasil.com.br/servico/teste-de-impairment/>. Acesso em: 16 dez. 2021. BRASIL. Decreto Lei n. 1.598, de 26 de dezembro de 1977. Diário Oficial da União, 28 dez. 1977. _____. Lei n. 12.973, de 13 de maio de 2014. Diário Oficial da União, 14 maio 2014. _____. Lei n. 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Diário Oficial da União, 17 dez. 1976. _____. Lei n. 8.955, de 15 de dezembro de 1994. Diário Oficial da União, 16 dez. 1994. CONHEÇA o valuation e saiba quanto vale sua empresa. Sebrae, 13 set. 2019. Disponível em: <https://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/conheca- o-valuation-e-saiba-quanto-vale-sua- empresa,290732f8d0cbf410VgnVCM1000004c00210aRCRD>. Acesso em: 11 nov. 2021. COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS. Pronunciamento Técnico CPC 46. Disponível em: <http://static.cpc.aatb.com.br/Documentos/395_CPC_46_rev%2014.pdf>. Acesso em: 16 dez. 2021. DAMODARAN, A. Avaliação de Investimentos – Ferramentas e técnicas para a determinação do valor de qualquer ativo. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2005. GITMAN, L. J. Princípios de administração financeira. 10. ed. São Paulo: Pearson Addison Wesley, 2004. 16 IMPORTÂNCIA da marca para sucesso do negócio. Sebrae, 20 nov. 2013. 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O que são direitos autorais. Sebrae, 17 fev. 2014. Disponível em: <https://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/o-que-sao-direitos- autorais,9acecdbc74834410VgnVCM1000003b74010aRCRD>. Acesso em: 16 dez. 2021. PATENTES. Instituto Nacional da Propriedade Industrial, 13 maio 2020. Disponível em: <https://www.gov.br/inpi/pt-br/servicos/perguntas- frequentes/patentes#patente>. Acesso em: 16 dez. 2021. SCHMIDT, P.; SANTOS, J. L. dos. Avaliação de ativos intangíveis. São Paulo: Atlas, 2002. VALUATION: saiba tudo sobre os principais métodos de avaliação de empresas, sua importância, aplicações, benefícios e quanto custa esse serviço. D&R Negócios, 15 maio 2018. Disponível em: <https://dernegocios.com.br/valuation- avaliacao-de-empresas/>. Acesso em: 16 dez. 2021. Fonte: Adaptado de D&R Negócios, 2018. Suas principais limitações indicam que ele não pode ser utilizado como um único instrumento de avaliação e nem aplicado em empresas com expectativas e/ou dificuldades financeiras. Além disso, se os dividendos não forem distribuídos, o modelo será inef... Para que a empresa possa fazer uma avaliação devida, os fluxos de caixa também deverão refletir o valor de todos os ativos, inclusive os que não geram fluxo de caixa, afinal, com a venda e aquisição de ativos, a estrutura de capital e as políticas de ... Assim, percebe-se que o modelo de Gordon poderá ser aplicado apenas em casos em que a empresa tenha certa solidez financeira e com expectativa de crescimento.
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