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APOSTILA-COMPETÊNCIAS E ATRIBUIÇÕES DO INSPENÇÃO ESCOLAR

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COMPETÊNCIAS E ATRIBUIÇÕES DA 
INSPEÇÃO ESCOLAR 
 
 
2 
Sumário 
NOSSA HISTÓRIA .......................................................................................... 3 
1 - INTRODUÇÃO ........................................................................................... 4 
1.1 - ELEMENTOS HISTÓRICOS E EDUCAÇÃO DE QUALIDADE ............... 5 
1.2 - SUBSÍDIOS EM UMA SOCIEDADE MODERNA E TECNOLÓGICA ...... 8 
1.3 - DEMOCRATIZAÇÃO E ADEQUAÇÕES EDUCACIONAIS ................... 11 
2 - A LIDERANÇA PEDAGÓGICA DO INSPETOR: UMA AÇÃO POSSÍVEL 16 
3 - As diretrizes do trabalho do inspetor: a gestão pedagógica como eixo 
norteador .................................................................................................................. 18 
4 - As atribuições Administrativas e sua articulação com ações pedagógicas.
 ................................................................................................................................. 22 
5 - As atribuições na gestão Financeira ........................................................ 27 
6 - As atribuições pedagógicas. ..................................................................... 31 
7 - Formação continuada ............................................................................... 38 
7.1 - Estrutura da proposta de formação ....................................................... 39 
7.2 - Organização dos Módulos ..................................................................... 41 
7.3 - Avaliação ............................................................................................... 43 
7.4 - Considerações Finais ............................................................................ 44 
REFERÊNCIAS ............................................................................................. 46 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
NOSSA HISTÓRIA 
 
 
A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, 
em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-
Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo 
serviços educacionais em nível superior. 
A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de 
conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação 
no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. 
Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que 
constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de 
publicação ou outras normas de comunicação. 
A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma 
confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base 
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições 
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, 
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
1 - INTRODUÇÃO 
 
Essa apostila discute a importância do profissional da educação em Inspeção 
Escolar, suas atribuições e ações para garantir a qualidade da Educação. Objetiva 
identificar a evolução histórica do conceito de inspeção, descrever sobre a 
importância desse profissional no âmbito educacional. 
 
É imprescindível levar em consideração os diversos contextos históricos de 
atuação do inspetor, sua eficácia e repercussão no ambiente escolar. 
Consequentemente, refletir sobre essas intervenções e sobre os impactos no 
entendimento de aspectos relevantes que norteiam todo o sistema educacional. 
 
Pode-se criticamente refletir sobre a seriedade da função que exerce esse 
profissional e como o mesmo procede ou deveria proceder para contribuir, por meio 
de suas atribuições, prezando por uma educação de qualidade e uma escola 
democrática, cumpridora dos aspectos legais na sua totalidade, pois todos os 
envolvidos no processo educativo são participantes ativos. 
 
Sendo o inspetor um agente intercessor entre instituições escolares e órgãos 
reguladores, pois é notória a complexidade de sua função e, tendo em vista, os fatores 
históricos que ao longo da trajetória desse profissional foi estigmatizada e a 
funcionalidade de sua verdadeira essência na gestão educativa, é interessante refletir 
sobre o desencadeamento dos procedimentos que nortearam os atos desse 
profissional durante o seu decurso. 
 
Propendendo alcançar os objetivos elucidados foi realizada uma abordagem 
sob os princípios qualitativos em educação. Segundo Chizzotti (2000, p. 78) essa 
“abordagem qualitativa é uma designação que abriga correntes, se fundamenta em 
alguns pressupostos contrários ao modelo experimental e adota métodos e técnicas 
de pesquisa diferentes dos estudos experimentais.” Consequentemente, constitui 
uma abordagem dialógica entre os autores pesquisados para enriquecer as questões 
discutidas. 
 
 
5 
1.1 - ELEMENTOS HISTÓRICOS E EDUCAÇÃO DE QUALIDADE 
 
Entende-se que cada profissão tem a sua dimensão histórica, e conforme a 
sua trajetória ao longo do tempo e em cada época, a sua importância política, 
econômica e social. Para entendermos na atualidade o contexto social, é preciso 
conhecer o passado para compreender o presente e os seus paradigmas em 
discussão. 
 
Um dos paradigmas relaciona-se ao enfado burocrático da função, como 
podemos constatar, de acordo com Augusto (2010, p. 227) "o papel primordial 
desempenhado pelos inspetores, em Minas Gerais, nos dias atuais, atém-se à 
verificação da regularidade do funcionamento das escolas e da sua legalidade. Os 
inspetores se veem assoberbados de ações ligadas à fiscalização das ações legais.” 
Verifica-se que a Inspeção Escolar é uma função antiga que surge mundialmente com 
a laicidade da educação, ou seja, a separação das igrejas do Estado. Em cada 
localidade o inspetor tinha sua peculiaridade, variando de acordo com a situação 
social, as políticas públicas e econômicas de cada época, como também as 
implicações de suas atribuições para fiscalizar, verificar, analisar, controlar etc. 
 
A dinâmica educacional e a forma como a escola é gerida são fatores que 
influenciam diretamente a qualidade e a eficácia do trabalho docente. Contudo, será 
discutida a importância do inspetor nesse processo de qualidade da educação, de 
acordo com o conceito a seguir: 
 
O uso da palavra qualidade no contexto educacional remete diretamente aos 
fins da educação. No sentido absoluto, uma educação de qualidade seria, 
portanto, uma educação que cumpre com os seus objetivos. Aqui, a 
qualidade (boa) significa eficiência, meios adequados para atingir fins 
(GUSMÃO, 2013, p. 301). 
 
Excepcionalmente, desde o Brasil Colônia o inspetor era uma figura que 
atendia as exigências do poder e, posteriormente, do Estado de poder. Como a 
maioria da população pobre não tinha acesso às escolas, a preocupação era manter 
o domínio do que acontecia dentro delas, e verticalmente as regras sendo impostas. 
Nesse sentido, é importante ressaltar que o conceito de qualidade da educação está 
 
6 
totalmente desvinculado do que seja ensino e aprendizado de qualidade, conforme 
Gusmão (2013), no contexto acima. 
 
No Brasil uma parte da história do inspetor desenvolveu-se conforme descrito 
por Augusto: 
 
[...] em 1799 o serviço de inspeção era realizado por um professor de 
confiança do vice-rei, eram as aulas régias [...] eram verificados o 
funcionamento das escolas, os métodos de ensino, o comportamento dos 
professores e o aproveitamento dos alunos de 1759 a 1808, surge a escola 
leiga, ao lado da religiosa, [...]. Em 1892, ano da reforma Afonso Pena, são 
nomeados os inspetores ambulantes, por concurso. Esses deveriam se 
manter na proposta republicana, e sob a sua responsabilidade ficava a 
concessão ou a suspensão do dinheiro público para as escolas, bem como 
o recenseamento escolar. O Brasil, então província,foi dividida em dez 
circunscrições escolares, e os Inspetores Ambulantes atendiam as escolas 
nos municípios. Em 1906, com a Reforma João Pinheiro, o Brasil foi dividido 
em 40 circunscrições. A inspeção administrativa era competência dos 
inspetores escolares municipais, que não eram remunerados para a função. 
A inspeção técnica era exercida pelos inspetores ambulantes, remunerados 
pelo governo. Em 1927, no governo de Antônio Carlos, com a reforma 
Francisco Campos, foi criada a Inspetoria Geral de Instrução Pública, 
atuando junto ao Conselho Superior de Instrução. O ensino elementar, antigo 
primário era fiscalizado pelos inspetores municipais. De 1930 a 1961, todos 
os estabelecimentos de ensino médio e superior, ficam sujeitos à inspeção 
federal (AUGUSTO, 2010, p.76-77). 
 
No que tange à historicidade da inspeção, constatamos seu papel fiscalizador, 
vistoriador, refletindo o interesse minoritário na educação. Contribuindo assim, na 
efetivação das regulamentações e vistorias para o sistema que se implantava. 
 
O Inspetor Escolar promove a aplicação e regularização dos aspectos legais 
que orientam os agentes educacionais no cumprimento da democratização da 
Educação. Contudo, sua ação não se remete a um papel fiscalizador, mas vai muito 
além. Suas ações implicam na interpretação legal, como forma de coordenar o 
contexto educacional nas unidades escolares: aspectos administrativos, financeiros e 
pedagógicos no exercício das práticas de ensino-aprendizagem promovendo 
qualidade da educação. 
 
A profissão de Inspeção Escolar é regulamentada através do Decreto n. 19.890 
de 18 de abril de 1931, em seu artigo 51 e Decreto n. 21.241 de 4 de maio de 1932, 
artigo 63 a 86. Augusto (2010), afirma que com o decreto outras atribuições vão sendo 
inseridas na função desse profissional. A importância de elementos antes não 
 
7 
preconizados, agora são levados em consideração, como assiduidade, desempenho 
dos professores e sugestões sobre providências a serem tomadas pelo Departamento 
Nacional de Ensino. 
 
A partir de então podemos constatar que ao Inspetor era atribuída a importante 
missão de verificar e relatar sobre a qualidade do ensino. Partimos do pressuposto 
que nessa época esse conceito não era abrangente como na sociedade atual. 
 
A educação de qualidade visa à emancipação dos sujeitos sociais e não guarda 
em si mesma um conjunto de critérios que a delimite. É a partir da concepção de 
mundo, sociedade e educação que a escola procura desenvolver conhecimentos, 
habilidades e atitudes para encaminhar a forma pela qual o indivíduo vai se relacionar 
com a sociedade, com a natureza e consigo mesmo. A “educação de qualidade” é 
aquela que contribui com a formação dos estudantes nos aspectos culturais, 
antropológicos, econômicos e políticos, para o desempenho de seu papel de cidadão 
no mundo, tornando-se, assim, uma qualidade referenciada no social. Nesse sentido, 
o ensino de qualidade está intimamente ligado à transformação da realidade (CONAE, 
2013, p. 58 apud SOUSA, 2014, p.413). 
 
A qualidade da educação está intimamente associada ao conjunto sistêmico 
educacional. A inspeção é uma atividade profissional que necessita ser inovada, 
renovada, no alcance de objetivos mais significativos, idealizadores. Num sentido 
mais pertinente, um conjunto de ações ou intenções almejadas na carreira do inspetor 
que defina um patamar mais elevado e independente de ações no ambiente 
interescolar. “A conceituação e o dimensionamento da qualidade da educação escolar 
se constituem num complexo problema político e pedagógico, pois concentram 
leituras da sociedade, da escola e das relações que entre elas se estabelecem” 
(ALAVARSE; BRAVO; MACHADO, 2013, p. 19). Portanto, a ineficácia do inspetor em 
suas ações, remete a problemas futuros, tanto para o ensino, quanto para o 
funcionamento da escola. 
 
É importante investigar alguns fatores que diretamente influenciam as 
atribuições e ações da inspeção, em se tratando da efetivação e cumprimento de sua 
 
8 
postura diante da realidade da comunidade escolar. Serão tratados, na próxima 
seção, alguns aspectos norteadores da função do inspetor, visando mensurar suas 
atribuições na sociedade capitalista, globalizada e democrática. 
 
1.2 - SUBSÍDIOS EM UMA SOCIEDADE MODERNA E TECNOLÓGICA 
 
No cenário mundial contemporâneo há uma grande evolução tecnológica, 
marcada pelo avanço das Novas Tecnologias da Informação (TIC). Portanto, uma 
emergente mudança com o capitalismo e a globalização, logo, as informações são 
processadas aceleradamente, muitas vezes em tempo real. 
 
A sociedade pós-moderna acentua-se em suas características, num patamar 
movido pela sociedade capitalista de globalização emergente. A conquista 
econômica, política, social e cultural é desencadeada como forma de manter o 
domínio das grandes forças de poder contemporâneas. Marcada pelo 
desenvolvimento das tecnologias nas áreas da ciência, arte e principalmente de 
comunicação, o sujeito social e cultural, sofre grande influência das mídias 
eletrônicas. Uma performance de consumo é inculcada na mente das pessoas que, 
naturalmente, assimilam comportamentos na objetivação da expressão pessoal 
consumista. Consequentemente, a futilidade e polarização social vão culminando na 
emancipação do indivíduo, instalando um narcisismo cultural, um relativismo, uma 
indiferença, uma intelectualidade indeterminada, uma fragmentação, imediatismos de 
ações e informações, uma inversão dos valores. 
 
A contemporaneidade submete a vida social e cultural a condições adversas 
na produção do conhecimento. Nas instituições de ensino, as implicações na 
produção do saber científico intelectual induzem o Sistema Educacional a tomar 
novas decisões e novos formatos para atender a exigências da nova ordem mundial. 
Logo, a educação vai sendo direcionada a assumir papéis diferentes no exercício de 
sua função e na formação social e cultural do sujeito, pois o conhecimento é força de 
produção que abastece a sociedade capitalista na era da informação. Vale salientar 
que a velocidade das informações tem transformado a forma como os indivíduos 
adquirem conhecimento e, que o mesmo precisa ser selecionado e bem tolhido; eis 
 
9 
mais um desafio para a educação em conscientizar e formar um cidadão bem 
estruturado reflexiva e criticamente. 
 
Em 1996, com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação, o inspetor escolar é 
apresentado como um profissional da Educação e são regulamentadas suas 
atribuições no artigo 641. 
 
Consideram-se profissionais da educação escolar básica os que, nela 
estando em efetivo exercício e tendo sido formados em cursos reconhecidos, 
são: trabalhadores em educação portadores de diploma de pedagogia, com 
habilitação em administração, planejamento, supervisão, inspeção e 
orientação educacional, bem como com títulos de mestrado ou doutorado 
nas mesmas áreas (BRASIL, 1996, p. 21). 
 
A significativa construção para o desenvolvimento da educação e seu processo de 
democratização no que tange ao fator ideológico, tem no inspetor escolar um papel social 
fundamental. Pois, é o elo entre a escola e o sistema regulador que representa a ação do 
Estado e a aplicação das leis, ou seja, é ele quem zela pela qualidade educacional. 
Entretanto, os desafios enfrentados são uma constante, e o distanciamento da ação 
pedagógica vai resumindo-se a ações mais burocráticas. 
 
[...] a sua função seria estratégica à melhoria dos resultados escolares. O 
cotidiano de trabalho da inspeção consiste em ações, que não são 
significativas em relação ao processo educacional das escolas. A inspeção 
escolar no estado exerce ações administrativas, mais operacionais e formais, 
distanciadas e desvinculadas do processo político‑pedagógico da escola, 
sendo, muitas vezes, criticada por ser considerada pouco eficaz (AUGUSTO, 
2010, p. 314). 
 
 
É importante a compreensão real do significadoque exerce a inspeção, pois, 
a demonstração no contexto acima é o quanto suas ações têm desvencilhado do 
verdadeiro significado que agrega qualidade ao processo pedagógico e à gestão 
escolar. Seria necessário, através dessa reflexão, uma mudança de paradigma nas 
atribuições desse profissional. 
 
Ora, é preciso sair de uma situação que pede por melhoria. Sair, eis a 
questão. E para que tal saída se concretize face aos desafios, cumpre uma 
união de esforços, um pacto em que de comum acordo se opte por uma via 
de superação. Ficar no status quo é irracional. Buscar um pacto é a única 
saída racional (CURY, 2014, p. 1061). 
 
1 O dispositivo contido no artigo 64 da Lei nº 9.9394/96 não foi alterado pela Lei do Novo Ensino 
Médio (Lei nº 13.415/07). 
 
10 
 
 
É preciso salientar que os elementos indispensáveis para a eficácia da 
qualidade do processo educacional é uma condição efetivada também pelo inspetor. 
Dentro de um sistema que não funciona apenas com competências burocráticas, 
estamos em um novo tempo, com alunos de uma geração tecnológica e professores 
insatisfeitos. Ele exerce sua condição de agente político, quando em suas ações 
dinamiza apenas o teor da ideologia legal e burocrática capaz de guiar, subsidiar os 
sujeitos participantes da comunidade educacional. 
 
Consequentemente, reproduz, orienta, fiscaliza, vistoria, verifica por exigência 
do poder verticalizado. “A inspeção é a função, por excelência, que tem a incumbência 
e os meios legais de verificar se os parâmetros prescritos foram seguidos, como 
também a competência técnica para realizar tais ações” (AUGUSTO, 2010, p.79). 
 
O inspetor escolar tem um compromisso democrático e como especialista é 
detentor de uma responsabilidade primordial e complexa, suas atividades zelam pelo 
cumprimento das leis e organização dos setores da escola. “A sua função é 
intermediária entre o sistema e as escolas, daí a sua característica de exercer a 
comunicação bidirecional” (AUGUSTO, 2010, p. 66). 
 
A efetivação idônea do diálogo nas duas direções expõe a importância da 
inspeção nas referidas competências e habilidades que exerce. As argumentações 
apropriadas, a adequação dos questionamentos, a apropriação das reflexões como a 
aptidão de saber conduzir uma relação e um relacionamento interdependente entre 
escola e secretaria de educação. Faz parte de uma ação maior, a legitimidade do 
processo e progresso na democratização do ensino e da educação. 
 
Como forma de expressão política, a inspeção constitui elementos da gestão, 
pois, não podemos omitir que no Brasil a educação vai democratizando seus 
processos burocráticos. No que diz respeito ao que está implementado no papel, a 
prática vai consolidando-se a lentos avanços, ou seja, vão esbarrando-se na 
tradicionalidade dos sujeitos participantes. Contudo, as tecnologias são emergentes 
no cenário atual, não podemos estar alheios aos avanços da TIC, a escola brasileira 
 
11 
cumpre ou deveria cumprir democraticamente as soluções necessárias para atender 
os avanços. 
 
A sociedade contemporânea está marcada pela questão do conhecimento. 
E não é por acaso. O conhecimento tornou-se peça-chave para entender a 
própria evolução das estruturas sociais, políticas e econômicas de hoje. A 
ação gera saber, habilidade, conhecimento. Ensinar-e-aprender com sentido. 
Fala-se muito hoje em sociedade do conhecimento, às vezes com 
impropriedade (GADOTTI, 2003, p. 42). 
 
Há décadas, Gadotti (2003), já vislumbrava a necessidade de decodificar e 
selecionar as informações. Função da educação formal, preparar o aluno para essa 
competência, gerir o seu aprendizado e através dele adquirir os conhecimentos 
necessários para ser agente transformador do meio. Mas, a adequação para dentro 
dos muros escolares não acontece sem a intermediação da inspeção que orienta os 
profissionais, conforme novas leis vão surgindo, para organizarem todo o sistema que 
democraticamente precisa adequar-se. 
 
Apesar de muitas conquistas e idealismos, não se conseguiu, no Brasil, 
alcançar metas de suma importância, em questões até mesmo básicas para uma 
educação de qualidade. Aqui, ela é ainda marcada pelo descaso de nossos 
representantes, mas também, pela aculturação dos povos aqui existentes na época 
da colonização. 
 
 
1.3 - DEMOCRATIZAÇÃO E ADEQUAÇÕES EDUCACIONAIS 
 
Diante aos novos paradigmas educacionais e conforme as metas do Plano 
Nacional de Educação (PNE) que se referem aos avanços a serem alcançados até o 
ano de 2024, tem-se a adequação democrática de novas perspectivas no que diz 
respeito ao status quo de todo contexto educacional, na tentativa de minimizar as 
mazelas implícitas e explícitas da estagnação do sistema instaurado. 
 
O Plano Nacional de Educação aprovado por lei representa uma vitória da 
sociedade brasileira, porque legitimou o investimento de 10% do PIB em 
educação até o final do decênio e adotou o custo-aluno-qualidade. Afinal, a 
Meta 20 existe para garantir todas as outras metas que trazem as 
perspectivas de avanço para a educação brasileira, nas dimensões da 
universalização e ampliação do acesso, qualidade e equidade em todos os 
 
12 
níveis e etapas da educação básica, e à luz de diretrizes como a superação 
das desigualdades, valorização dos profissionais da educação e gestão 
democrática (BRASIL, 2014, p. 23). 
 
É tempo de mudanças e muita informação, estamos vivendo uma nova era de 
grandes evoluções e transformações. A sociedade e as ideologias conspiram para 
uma educação que atenda o novo aluno. E, consequentemente, que haja mudanças 
na maneira de ensinar e gerir a escola. O sistema educacional tem sofrido pela 
inadequação das demandas que se instalam. As políticas públicas ainda não são 
adequadas para a educação, a escola continua num padrão estrutural tradicional. 
Para Gadotti (2003), 
 
Mais do que a era do conhecimento, devemos dizer que vivemos a era da 
informação, pois percebemos com mais facilidade a disseminação da 
informação e de dados, muito mais do que de conhecimentos. O acesso ao 
conhecimento é ainda muito precário, sobretudo em sociedades com grande 
atraso educacional (GADOTTI, 2003, p. 43). 
 
Podemos perceber uma preocupação no que diz respeito às mudanças e 
adequações que abrangem as dimensões educativas. Os fatores sociais, 
econômicos, políticos implicam diretamente em como a escola deve educar e formar 
cidadãos. Não é satisfatório apenas ter velocidade instantânea de informações, mais 
importante é selecionar informação e gerar conhecimento. Praticar educação é além 
de tudo agir como cidadão ciente dos seus direitos e deveres civis, políticos e sociais, 
respeitando seus limites, a cultura, as diversidades, agindo com solidariedade na 
solução de problemas para o bem comum. 
 
A democracia foi uma conquista de lutas, é um regime de soberania do povo e 
para o povo, ou seja, de todos. Um compromisso com a liberdade, cidadania. Aplicar 
ou estabelecer normas e padrões são princípios, do latim “principium”, que significa 
“origem, causa próxima, início”. De acordo com as palavras do Dourado (2007), 
educação abrange diversos aspectos da vida em sociedade. 
 
A concepção de educação é entendida, aqui, como prática social, portanto, 
constitutiva e constituinte das relações sociais mais amplas, a partir de 
embates e processos em disputa que traduzem distintas concepções de 
homem, mundo e sociedade. Para efeito desta análise, a educação é 
entendida como processo amplo de socialização da cultura, historicamente 
produzida pelo homem, e a escola, como lócus privilegiado de produção e 
apropriação do saber, cujas políticas, gestão e processos se organizam, 
coletivamente ou não, em prol dos objetivos de formação. Sendo assim, 
políticas educacionais efetivamente implicam o envolvimento e o 
 
13 
comprometimento de diferentes atores, incluindo gestores e professores 
vinculadosaos diferentes sistemas de ensino (DOURADO, 2007, p. 923-
924). 
As discussões “a posteriori” passam pela questão da descentralização da 
escola na promoção de sua autonomia, dinamizando os processos da não 
concentração administrativa, financeira e pedagógica na gestão democrática. 
Descentralização associada ao princípio democrático, formando um pensamento na 
sociedade que, quanto mais descentralização, mais democracia. Desse modo, 
pressupõe-se que todos os envolvidos na dinâmica educacional, participam de todos 
os processos. Para Colares e Lima (2013): 
 
A gestão democrática tem seus pilares nos movimentos sociais de 
democratização e expressam as experiências e lutas por administrações e 
práticas coletivas, colegiadas e participativas nas escolas e sistemas de 
ensino. Tem como fundamento a humanização da formação do indivíduo e 
explicitação mediante o diálogo entre as pessoas na busca da solução dos 
conflitos de forma coletiva e solidária (COLARES; LIMA, 2013, p. 76). 
 
São notórias as inúmeras transformações e significativas mudanças que a 
educação tem sofrido no cenário atual. A criação de espaços que venham beneficiar 
as novas relações do inspetor entre a escola, escola com as superintendências de 
ensino e secretarias de educação. Compete à inspeção escolar democratizar a 
comunicação de todas essas instituições, pois, essa relação favorece a decisão 
coletiva para uma atuação efetiva dos agentes educacionais. 
 
Contudo, a figura desse profissional proporciona a politização do fator 
ideológico da legislação. Ele é a representação da ação do Estado e órgãos executivo 
e legislativo “in loco” nas instituições de ensino na verificação, aplicabilidade e 
adequação na práxis do sistema educativo. Enfim, promove a adequação formal das 
normas e pareceres, coordenando democraticamente todas as orientações e 
informações. 
 
Na realidade a escola como todo o sistema educacional, vem passando por 
transformações e reformas numa tentativa de se amoldar ao século XXI e às novas 
demandas sociais, econômicas e políticas. Principalmente, para atender a sociedade 
do conhecimento ou sociedade tecnológica. Os movimentos sociais ampliam os 
desafios emergentes no campo virtual, ou seja, para democratizar é imprescindível 
 
14 
estar acompanhando as necessidades do cenário atual. Mas, acompanhar não é 
suficiente, é necessário passar por transformações sucessivas. 
 
Historicamente, as adequações muitas vezes de fórum paliativo, vão 
delineando novos pressupostos. Na busca pelo que pretende atingir, surgem novos 
debates que expressam anseios e conflitos epistemológicos. Muitas vezes, esses 
processos assumem uma proporção que não pode ser adiada delimitando decisões 
e adequações iminentes. Conforme destacam Scheibe e Aguiar (1999, p. 232) 
 
[...] o curso de pedagogia destina-se à formação de um “profissional 
habilitado a atuar no ensino, na organização e na gestão de sistemas, 
unidades e projetos educacionais e na produção e difusão do conhecimento, 
em diversas áreas da educação, tendo a docência como base obrigatória de 
sua formação e identidade profissional”. [...] E ainda na organização de 
sistemas, unidades, projetos e experiências educacionais escolares e não 
escolares; na produção e difusão do conhecimento científico e tecnológico 
do campo educacional; nas áreas emergentes do campo educacional 
(SCHEIBE e AGUIAR, 1999, p. 232). 
 
Pensando nisso, mensurou-se que a organização interna da escola deve estar 
em concordância com suas normas e as leis que a regem. Qualquer alteração que 
não seja do conhecimento da gestão administrativa, pedagógica e da inspeção 
escolar acarreta prejuízos ao aluno e pode também comprometer seu funcionamento 
adequado. Portanto, com um ambiente democratizado, pode sofrer interferências 
inadequadas, fora de seu contexto rotineiro por falta de acompanhamento da gestão 
ou por desorganização profissional e estrutural. 
 
O descomprometimento dos profissionais responsáveis pelo bom desempenho 
de toda organização escolar pode causar falta de credibilidade em relação não 
apenas da administração escolar, mas também, do desenvolvimento pedagógico e 
colocar em dúvida a seriedade do trabalho realizado. Assim, quando o controle 
coletivo da educação perpassa por todos os autores que integram o panorama 
educacional e esse trabalho é realizado em parceria: equipe gestora/ inspeção 
escolar em uma consonância com troca de experiência e aprendizado, aluno somente 
tende a ser beneficiado em todo o processo educacional. 
 
É de suma importância que toda documentação escolar dos alunos esteja de 
maneira instituída, preparada, pois a acessibilidade dos mesmos transcorre desde a 
 
15 
gestão escolar, secretário, inspeção até conselhos de educação e secretarias de 
educação, como afirma Ribas (2016). Na sociedade atual o papel do inspetor escolar 
é assegurar o controle e garantir de forma participativa essa parceria articulada com 
a gestão da escola. Encontrando meios e dispositivos legais para garantir uma 
educação de qualidade e uma escola democrática, atualizada e adequada aos 
parâmetros institucionalizados. 
 
A escrituração escolar norteia a vida educacional do aluno, dando subsídios 
para que erros não sejam frequentemente cometidos, dificultando o manuseio dos 
documentos, penalizando o aluno e sua família. Mas, infelizmente encontramos 
situações que acontecem por descuido ou displicência dos profissionais e a falta do 
inspetor escolar nas instituições educacionais. 
 
Em cada estado do Brasil, é exercida uma autonomia com relação ao que deve 
ser estabelecido na educação local, não descumprindo o que é estabelecido pelo 
Ministério da Educação (MEC) e posteriormente pela LDB. No Estado de Minas 
Gerais existe um Caderno de Boas Práticas da inspeção que orienta e organiza o que 
deve estar sendo realizado e cumprido por parte dos profissionais inspetores. Essa 
publicação auxilia os inspetores escolares na área da gestão pedagógica, dão 
sugestão de estrutura no plano de trabalho para a melhoria dos resultados da escola 
e sugerem um relatório de acompanhamento da implementação das ações da escola. 
Possuem elementos de boas práticas e de ações concretas explicitadas, contendo 
três eixos fundamentais: 
 
• Conhecimentos, competências e habilidade: 
Dominar o conteúdo necessário para o bom desempenho da função; 
Aprimorar o conhecimento pedagógico, da legislação e dos materiais relacionados à 
escola. 
 
• Planejamento e reflexão coletiva: 
Atuar de forma organizada e produtiva; 
Planejar as ações pedagógicas em conjunto. 
 
 
16 
• Liderança e gestão pedagógica nas escolas: 
Orientar, acompanhar e avaliar o trabalho realizado nas escolas; 
Promover a liderança e a gestão pedagógica das escolas. 
 
Essa iniciativa faz parte do processo de desenvolvimento e estruturação do 
sistema educacional da rede estadual de ensino do estado. Veementemente, na 
democratização e adequação da singularidade da inspeção. Afinal, a preponderância 
do exercício de sua função legitima o poder dos órgãos normatizadores e 
principalmente do Estado, na continuidade de resolução das mazelas educacionais. 
 
Certamente a insatisfação no meio profissional, como mencionado no contexto 
do item dois pela citação de Augusto (2010) dá veracidade à frase: O que precisamos 
refletir sempre é sobre a continuidade da reprodução verticalizada de ordens e 
mudanças que não legitimam as reinvindicações da população, ou seja, do público 
escolar envolvido na interioridade e exterioridade das ideologias educacionais, 
marcadas por lutas e conquistas, decepções e idealismos. 
 
2 - A LIDERANÇA PEDAGÓGICA DO INSPETOR: UMA AÇÃO 
POSSÍVEL 
 
Abordamos a necessidade dos inspetores escolares atuarem de forma mais 
efetiva na liderança pedagógica junto às escolas, para garantir que essas 
instituições melhorem os seus resultados. Essa necessidade foi demonstrada 
apartir do fato dos resultados das avaliações externas apresentarem a 
necessidade de um acompanhamento mais efetivo dos inspetores junto às 
escolas, para garantir que, a partir desses resultados, as instituições possam 
criar estratégias diversificadas no atendimento aos alunos com baixo 
desempenho escolar. Preocupada com os resultados apresentados, por meio 
dos quais foi constatado que menos da metade dos alunos que estavam no 
terceiro ano de escolaridade não sabiam ler e escrever, a secretaria 
implementou o Programa de Intervenção Pedagógica/ Alfabetização no 
Tempo Certo. Esse programa redefine as atribuições do inspetor escolar, que 
 
17 
nas visitas às escolas, deve ter como prioridade a dimensão pedagógica, 
definida como acompanhamento, orientação e avaliação das práticas 
pedagógicas desenvolvidas no contexto escolar, sem esquecer as demais 
dimensões de seu trabalho (administrativa e financeira). 
 
A partir da pesquisa de campo, verificou-se que esses profissionais não 
dedicam maior tempo à gestão pedagógica, como propõe a SEE, e sim às 
demandas administrativas, por se sentirem sobrecarregados de demandas 
advindas do próprio sistema e de questões financeiras e administrativas. 
Esse paradoxo foi observado a partir das pesquisas realizadas, e também a 
partir das legislações que dispõem sobre as atribuições do inspetor, nas 
quais as questões administrativas estão claramente bem definidas. No 
entanto, as ações pedagógicas estão dispostas no Manual de orientação e 
no Caderno de Boas Práticas, os quais muitos afirmam não utilizarem em 
seus planejamentos. 
 
Um ponto importante observado nas pesquisas é que faltou, por parte 
do órgão central, promover encontros com os inspetores para discutir sobre 
a nova inspeção requerida pelo Estado. A não implantação de uma política 
de formação capaz de promover o debate sobre sua atuação dentro das 
novas demandas educacionais contribui para que os mesmos tenham uma 
prática não condizente com a proposta do sistema. 
 
Com o objetivo de contribuir para a melhor compreensão dos inspetores 
da redefinição de suas atribuições pelo sistema a partir da implementação do 
Programa de Intervenção Pedagógica/Alfabetização no Tempo Certo, 
apresento um Plano de Ação Educacional (PAE) que se constituirá de dois 
momentos. O primeiro será a organização das múltiplas ações definidas pela 
SEE nas três dimensões: administrativas, financeiras e pedagógicas em um 
único documento. Este será organizado de forma a propiciar que os 
inspetores elaborem seus planejamentos tendo como foco a liderança 
pedagógica requerida pelo sistema. Mas somente listar as inúmeras 
responsabilidades não garante a esses profissionais as competências 
necessárias ao exercício de uma liderança pedagógica na realização do 
 
18 
trabalho junto às escolas. Competência aqui entendida como a definida por 
Perrenoud (2000) que a define como sendo a ação eficaz na solução de um 
problema, utilizando os conhecimentos, mas não se limitando a eles. 
 
A capacidade de agir eficazmente em um determinado tipo de situação 
apoiando-se em conhecimentos, mas sem limitar-se a eles. A competência, 
não consiste na aplicação pura e simples de conhecimentos, modelos de 
ação ou procedimentos; inclui conhecimentos teóricos ou metodológicos, 
formas de atuar e atitudes. Para defini-las, é preciso relacioná-las a um 
conjunto de problemas ou tarefas (p.91-92). 
 
Entendendo a formação continuada em serviço como forma de aliar a 
teoria à prática, apresento no segundo momento uma proposta de formação 
para os inspetores escolares da Superintendência Regional de Ensino. O 
objetivo desta proposta é promover estudos que darão suporte ao 
desenvolvimento de suas atividades, coerentes com as novas necessidades 
advindas da política estadual, de forma a garantir que as escolas alcancem 
os resultados educacionais por elas propostos. 
 
O subitem a seguir trata da organização das atribuições dos inspetores 
escolares que não se esgotam nesse instrumento, visto a complexidade de 
demandas advindas das instituições escolares, mas pode contribuir para que 
esses atores estruturem seus planejamentos no atendimento a essas 
demandas, buscando a melhor estratégia para solucionar as dificuldades 
encontradas. 
 
 
3 - As diretrizes do trabalho do inspetor: a gestão pedagógica como 
eixo norteador 
 
Esse documento tem como objetivo colaborar para que os inspetores 
escolares, ao planejarem as ações de acompanhamento às escolas, 
vislumbrem possibilidades de ações pedagógicas nas atividades 
 
19 
consideradas de natureza administrativa, na complexa tarefa de assegurar a 
organização e funcionamento global das unidades de ensino. O eixo 
pedagógico volta-se para as questões relacionadas com o processo de 
ensino-aprendizagem. A SEE orienta que todas as formas de gestão devem 
estar direcionadas para o objetivo primordial da escola, que é o ensinar e o 
aprender. E destaca ainda que: 
 
Dar foco à Gestão Pedagógica é a exigência primordial da Escola 
que queremos hoje: tempo de avaliação externa, de constatação do 
desempenho do aluno e da Escola, de definição e de pactuação de 
metas, de Plano de Intervenção Pedagógica, de padrões básicos de 
ensino e de aprendizagem (MINAS GERAIS, 2008, p.15) 
 
Nesse sentido, romper com práticas meramente burocráticas torna-se 
necessário, visto que uma das atribuições dos inspetores é promover o 
fortalecimento da gestão pedagógica de toda equipe escolar, em especial os 
gestores, que são os principais articuladores de todas as atividades 
desenvolvidas nas unidades de ensino (MINAS GERAIS, 2008). 
 
A resolução CEE nº 457/2009, prevê que a inspeção escolar deve 
promover a correção e realimentação das ações desenvolvidas nas unidades 
escolares, tendo em vista a melhoria da educação. Na crença de essa 
melhoria pode ser assegurada na medida em que os inspetores tenha como 
eixo central a liderança pedagógica, as diretrizes foram elaboradas conforme 
mostra a figura 2. 
 
 
20 
 
 
As diretrizes ora propostas reúnem as funções pedagógicas, 
administrativas e financeiras definidas pelo sistema, visto que sua atuação 
deve estar voltada para o funcionamento global da escola. Têm como objetivo 
apontar uma nova linha de ação na qual possa contribuir para que os 
inspetores exerçam suas atribuições voltadas para as questões relacionadas 
aos fins pedagógicos da escola, que é garantir a aprendizagem dos alunos. 
As funções administrativas e financeiras se configuram como ações meio 
para o alcance do objetivo fim da escola. 
 
Ressalta-se, porém, que essa proposta não representa novas 
atribuições a serem adicionadas às já existentes, mas uma organização para 
melhor compreensão por parte dos inspetores das diferentes possibilidades 
de atuação no desenvolvimento de seu trabalho, que abarca múltiplas e 
complexas situações que acontecem no interior das escolas. Cabe ao órgão 
central a competência de definir as atribuições dos servidores em geral. O 
problema é que a definição das atribuições dos inspetores foi fe ita a partir de 
 
21 
vários documentos. Em entrevista realizada com a gestora estadual do PIP 
em 19 de novembro de 2011, ela afirma que: 
 
Talvez na Resolução CEE nº 457/2009 não se tenha descrito de forma 
clara as ações pedagógicas, mas a gestão pedagógica do inspetor se faz 
presente. Seria interessante especificar melhor essa atuação, visto que a 
resolução descreve muito bem a gestão administrativa, mas as ações 
pedagógicas constam em outros documentos elaborados pela SEE. 
 
Essa necessidade também foi demonstrada na pesquisa realizada junto 
aos inspetores, que responderam não utilizar o Manual elaborado pela 
secretaria que descreve as ações a serem desenvolvidas por esses atores 
no exercício da gestão pedagógica junto às escolas. Nesse sentido, é que se 
propõe a organização dessas funções em um únicodocumento, elaborado a 
partir dos já existentes, conforme mostra a figura 3. 
 
 
 
 
 
22 
 
As referidas diretrizes não contemplam as ações consideradas como 
sendo de inspeção especial, visto que são ações que demandam o trabalho 
de dois ou mais inspetores e não retratam o serviço diário dos inspetores, 
mesmo sendo observado na pesquisa um grande número de registros 
referentes à inspeção especial. 
 
Para cumprir com os objetivos propostos, as diretrizes foram 
distribuídas em três momentos: 
 
1- As atribuições administrativas, que envolvem as questões relacionadas 
à regularidade e funcionamento da escola. 
 
2- As atribuições financeiras, que envolvem o acompanhamento dos 
recursos recebidos e sua aplicabilidade. 
 
3- As atribuições pedagógicas que envolvem as práticas pedagógicas 
desenvolvidas no contexto escolar. 
 
 
4 - As atribuições Administrativas e sua articulação com ações 
pedagógicas. 
 
Para acompanhar e orientar escolas nas questões relacionadas à 
gestão administrativa, o inspetor deve, no contexto atual, entendê-las como 
ações necessárias ao desenvolvimento da gestão pedagógica, visto que a 
última diz respeito à formação do aluno e, portanto, não há como as ações 
serem executadas de forma meramente burocrática. O quadro 6 apresenta a 
articulação entre as ações para cumprimento das atribuições administrativas. 
 
 
 
 
 
23 
 
 
1 - Conhecer a regularidade legal de funcionamento das escolas estaduais, 
situação legal e funcional do pessoal administrativo, técnico e docente. 
 
 
Ações administrativas 
 
 
Ações pedagógicas 
 
 
- Conhecer o estabelecimento de ensino 
verificando os atos autorizativos para 
secretariar, e lecionar nos casos em que 
não há funcionários habilitados para 
atendimento da demanda. 
 
- Orientar os diretores e secretários quanto 
à vida funcional dos servidores para 
garantir-lhes os direitos estabelecidos nas 
legislações. 
 
- Orientar secretários e assistentes quanto 
a: atos autorizativos da escola; 
autorização para Secretariar; habilitações 
dos servidores; autorizações para lecionar; 
 
 
 
 
 
- Acompanhar o desempenho dos 
profissionais que aí atuam. 
 
 
- Zelar para que as ações do pessoal 
administrativo sejam em prol do melhor 
atendimento à comunidade atendida. 
 
- Realizar capacitações para os 
profissionais da Escola cujo assunto 
seja a legislação vigente, com foco na 
gestão pedagógica. 
 
 
 
 
 
 
 
24 
 
2 - Conhecimento da situação do estabelecimento quanto a sua organização 
curricular. 
 
 
Ações administrativas 
 
 
Ações pedagógicas 
 
- Analisar as Matrizes Curriculares 
conforme o nível e a modalidade de ensino 
oferecido, observando a carga horária e 
componente curricular à luz das 
legislações vigentes. 
 
- Analisar e aprovar o Quadro de Pessoal 
necessário ao desenvolvimento do 
currículo elaborado pela escola, 
observando os quantitativos estabelecidos 
na legislação vigente. 
 
- Orientar a equipe gestora quanto ao 
preenchimento dos Diários de Classe, 
observando as matrizes curriculares e 
calendário escolar aprovado pela 
comunidade escolar. 
 
- Conhecer as atividades e ações 
implementadas nas escolas. 
 
- Analisar os resultados das avaliações 
internas com o especialista da Escola 
para manter o foco no desempenho dos 
alunos e no desenvolvimento do 
Processo Pedagógico. 
 
- Verificar os diários de classe 
orientando quanto aos ajustes 
necessários ao bom andamento do 
processo de ensino- aprendizagem 
 
- Visitar as escolas, participar de 
reuniões e eventos, visitar salas de 
aula, acompanhar o processo 
pedagógico, aproveitando a 
convivência para conhecer a escola e o 
trabalho aí realizado. 
 
 
 
 
 
 
25 
 
3 - Cumprimento das normas relativas à obrigatoriedade e gratuidade da 
educação básica em escolas oficiais. 
 
 
Ações administrativas 
 
 
Ações pedagógicas 
 
- Promover e participar junto aos gestores 
escolares de estudo das legislações 
nacionais e estaduais que normatizam a 
obrigatoriedade e gratuidade da educação 
básica. 
 
- Acompanhar o cumprimento dos 
dispostos nas legislações sobre a 
proibição de taxas em geral. 
 
- Divulgação da legislação pertinente ao 
assunto a toda comunidade escolar 
 
- Discutir as questões relacionadas à 
proibição de cobrança de taxas com 
todos os servidores da escola bem 
como estratégias que garantam a maior 
frequência escolar dos alunos. 
 
- Orientar aos gestores a promover 
reuniões com toda a comunidade 
escolar para esclarecimento quanto a 
gratuidade do ensino oferecido. 
 
- Favorecer e fortalecer, nas unidades 
escolares, encontros com cada 
segmento de forma sistematizada para 
realização de oficinas para melhor 
compreensão das legislações. 
 
 
 
 
4 - Verificar a regularidade no acesso, permanência e demais atos da vida 
escolar dos alunos. 
 
 
Ações administrativas 
 
Ações pedagógicas 
 
26 
 
 
- Acompanhar e orientar quanto ao 
cadastramento escolar 
 
- Orientar e verificar a organização do 
Arquivo Escolar, assegurando a 
autenticidade e fidedignidade da 
escrituração de documentos. 
 
- Acompanhar e fazer uso das informações 
disponíveis no SIMADE (Sistema Mineiro 
da administração escolar) validando e/ou 
orientando as escolas quanto a 
fidedignidade das mesmas. 
 
- Analisar e acompanhar as ações 
previstas nos calendários escolares, 
garantindo ao aluno a carga horária 
mínima estabelecida na LDB 
 
- Visitar a escola em todos os turnos de 
funcionamento, inclusive no Noturno. 
 
- Buscar soluções em conjunto para os 
problemas e desafios encontrados nas 
escolas. 
 
- Envolver a todos da escola, inclusive 
o Colegiado Escolar, na solução dos 
problemas garantindo a implementação 
das ações acordadas. 
 
- Visitar as escolas, participar de 
reuniões e eventos, visitar salas de 
aula, acompanhar o processo 
pedagógico, aproveitando a 
convivência para conhecer a escola e o 
trabalho aí realizado. 
 
- Informar-se sobre a escola, 
analisando os registros escolares e 
trocando informações com os colegas 
Analistas. 
 
 
- Intervir junto ao Professor, em ação 
conjunta, nas situações especiais e 
quando solicitado pelo Especialista. 
 
 
FONTE: Elaboração própria a partir da Resolução CEE 457/2009 
e Caderno de Boas Práticas. 
 
27 
 
 
O olhar pedagógico no acompanhamento das questões administrativas 
não retira dos inspetores escolares a competência de zelar pela correta 
aplicação das legislações no âmbito escolar. O olhar pedagógico permite que 
esses profissionais possam articular suas ações de forma a colaborar para a 
melhoria do processo pedagógico, exigindo uma contínua articulação entre o 
modo de pensar e de acompanhar o trabalho educacional, visto que as ações 
administrativas devem ser ações meio para o desenvolvimento do projeto 
pedagógico da escola (LÜCK, 2009). 
 
Ainda segundo a autora, a gestão administrativa ganha perspectivas 
dinâmicas e pedagógicas na medida em que envolve processos e práticas 
eficientes e eficazes de gestão dos serviços de apoio, recursos físicos e 
financeiros na realização do processo educacional. 
 
De acordo com a análise documental dos termos de visita do inspetor 
escolar, entendemos que as ações administrat ivas desempenhadas por 
esses profissionais no acompanhamento às escolas não estão todas 
dispostas no quadro 6, visto que sua atribuição nessa gestão torna-se muito 
abrangente quando lhe é delegada a responsabilidade de prestar “orientação, 
assistência e controle do processo administrativo das escolas e garantir a 
regularidade do funcionamento das escolas, em todos os aspectos” (AGUIAR, 
2005, p. 125). Sendo a escola um ambiente vivo e complexo, essas diretrizes 
poderão apontar caminhos para as demandas apresentadas em cada unidade 
escolar. 
 
5 - As atribuiçõesna gestão Financeira 
 
Os recursos financeiros destinados às escolas devem convergir para a 
aprendizagem do aluno. O quadro 7 apresenta as atividades a serem 
desenvolvidas relacionadas nesta gestão articulada à gestão pedagógica. 
 
 
28 
Quadro 7– A articulação das ações administrativas e pedagógicas no 
desempenho das atribuições financeiras. 
 
 
1 - Situação dos prédios, instalações, equipamentos e material didático 
adequado aos níveis e modalidades de ensino. 
 
 
Ações administrativas 
 
 
Ações pedagógicas 
 
- Visitar todas as dependências físicas da 
escola. 
 
- Orientar a gestão quanto à solicitação de 
recursos financeiros para a execução de 
pequenos reparos na rede física. 
 
- Comunicar ao setor de patrimônio/rede 
física da SRE sobre as possíveis 
irregularidades encontradas nos prédios 
escolares para as devidas providências. 
 
- Orientar a direção escolar quanto ao bom 
uso dos recursos disponíveis (água, luz, 
telefone), conservação do patrimônio 
público, cumprimento das rotinas de 
limpeza e zelo pela manutenção dos bens 
patrimoniais, do prédio e mobiliário 
escolar. 
 
- Orientar a direção e especialistas 
quanto à elaboração de ações de 
integração escola comunidade, com o 
objetivo de promover a participação de 
todos no processo escolar. 
 
- Oportunizar à comunidade escolar 
refletir sobre o ambiente escolar 
conservar-se limpo e em perfeitas 
condições de funcionamento para 
cumprir sua função de ensinar e 
possibilitar aprender. 
 
- Observar as atividades ou posturas 
praticadas dentro da escola, e sempre 
que necessário intervir, aplicando 
medidas saneadoras com o objetivo de 
garantir que os espaços escolares 
sejam utilizados de forma a promover a 
aprendizagem dos alunos. 
 
 
29 
- Observar a adequação entre o espaço 
físico e a execução do PPP. 
 
- Orientar a gestão da escola e 
especialistas quanto à utilização do 
mobiliário e equipamentos pelo corpo 
docente e discente no processo de 
ensino aprendizagem 
 
 
 
 
2 - Conhecimento do funcionamento da caixa escolar. 
 
Ações administrativas 
 
 
Ações pedagógicas 
 
 
- Estudo das legislações referentes à 
utilização e prestação de contas de 
recursos financeiros repassados às 
escolas. 
 
- Orientar os membros do colegiado 
escolar e do conselho fiscal quanto à 
responsabilidade de cada órgão na 
execução do projeto, no controle financeiro 
e na elaboração da prestação de contas 
dos recursos transferidos por intermédio 
de termos de compromisso pela SEE. 
 
 
 
- Visita à sala de aula verificando as 
condições desse ambiente em relação 
à limpeza, recursos disponíveis e 
condições do mobiliário e equipamento 
disponível para o desenvolvimento das 
práticas pedagógicas. 
 
 
- Ajudar as escolas a fazer uso correto 
do material pedagógico, de informática 
e outros adquiridos pela escola. 
 
 
- Orientar o Diretor da Escola a discutir, 
com a comunidade escolar, a respeito 
 
30 
- Verificar se os membros que compõem o 
colegiado e o conselho fiscal estão de 
acordo com o que define a legislação. 
 
- Reunir sempre que necessário com a 
comunidade escolar promovendo estudos 
sobre o funcionamento da Caixa Escolar 
para que a comunidade possa contribuir no 
acompanhamento da aplicação dos 
recursos financeiros pela escola. 
 
- Verificar e acompanhar a aplicação dos 
recursos financeiros recebidos e/ou 
diretamente arrecadados bem como o 
processo de prestação de contas 
elaborado pelas escolas, alertando os 
diretores quanto a observâncias das 
normas estabelecidas pela SEE. 
 
- Solicitar planilha dos termos recebidos 
contendo valor, vigência e data da entrega 
do processo de prestação de contas para 
otimizar para melhor acompanhamento dos 
recursos financeiros recebidos pela 
escola. 
 
- Solicitar aos diretores a apresentação de 
documento fiscal de todo material e 
equipamentos adquiridos pela escola bem 
como constatar a existência ou não do bem 
adquirido. 
 
da aquisição de materiais de consumo 
necessários ao desenvolvimento de 
ações voltadas para o bom 
desempenho escolar dos alunos. 
 
- Refletir junto à equipe gestora quanto 
aos recursos pedagógicos disponíveis 
e à efetiva utilização desses recursos 
pelos profissionais da escola em prol 
da aprendizagem dos alunos. 
 
 
31 
- Verificar a quantidade e a qualidade da 
merenda oferecida aos alunos (utensílios 
utilizados na confecção e consumo), 
solicitando a reposição quando necessária. 
 
 
FONTE: Elaboração própria a partir da Resolução CEE 457/2009; Resolução 
SEE 2245/2012 e Caderno de Boas Práticas. 
 
 
A proposta é que o inspetor possa planejar suas ações de forma a 
promover o acompanhamento das ações relacionadas ao aspecto financeiro, 
identificando junto aos gestores escolares seu objetivo maior, que é a 
melhoria da qualidade do ensino ofertado. Seu acompanhamento não se 
esgota apenas nesse documento. O ideal é que, a partir dessa proposta, os 
inspetores possam buscar outras estratégias de acompanhamento e, a partir 
das reflexões sobre sua ação, contribuir para que de fato os recursos 
adquiridos sejam utilizados de forma a promover a formação dos alunos. 
 
 
6 - As atribuições pedagógicas. 
 
As demandas pedagógicas advindas da implementação do Programa 
de Intervenção Pedagógica/Alfabetização no Tempo Certo exigem um serviço 
de inspeção capaz de assegurar que as escolas elaborem e executem a sua 
proposta pedagógica tendo como centro de suas atividades o aluno. De 
acordo com Lück (2009, p. 21), “os alunos são as pessoas para quem a 
escola existe e para quem deve voltar as suas ações, de modo que todos 
tenham o máximo sucesso nos estudos que realizam para sua formação 
pessoal e social”. Essa mudança de concepção exige que, ao realizar as 
tarefas, os inspetores priorizem aquelas que tenham maior relevância na 
formação do aluno, como as questões relacionadas ao currículo, avaliação, 
metodologias de ensino, entre outras. 
 
32 
 
Direcionar o trabalho para essas e outras questões pedagógicas 
demanda dos inspetores uma maior apropriação de suas atribuições 
relacionadas à gestão pedagógica, conforme apresenta o quadro 8. As ações 
apresentadas no quadro são entendidas pelo sistema como aquelas que, ao 
serem realizadas pelos inspetores, contribuem para a melhoria dos 
resultados educacionais. 
 
Quadro 8– Responsabilidades dos inspetores na área da gestão pedagógica. 
 
 
 
1 - Orientar e acompanhar o trabalho das escolas estaduais como um todo, com 
foco no processo pedagógico e no desempenho escolar dos alunos. 
 
 
 Buscar soluções em conjunto para os problemas e desafios encontrados nas 
escolas 
 Recomendar à escola a exposição e divulgação de seus resultados e metas, 
em local de boa visibilidade e fácil acesso para os professores e para a 
comunidade. 
 Promover e participar das discussões sobre os resultados da aprendizagem 
dos alunos, objetivando ajudar e estimular a implementação do PIP na 
escola. 
 Tomar iniciativa em busca da melhoria dos resultados pedagógicos da 
escola, orientando e acompanhando a implementação das ações de 
intervenção pedagógica, junto ao Especialista e Diretor. 
 Fazer uma avaliação criteriosa dos trabalhos pedagógicos da escola, 
orientando e acompanhando as ações para correção dos rumos. 
 
 
 
 
 
33 
 
 
 
 
 
 
2 - Orientar a elaboração do Plano de Intervenção Pedagógica e acompanhar 
sua execução nas escolas estaduais. 
 
 
 Acompanhar a participação da comunidade escolar na reorganização do 
Plano de Intervenção Pedagógica das escolas no dia D. 
 
 Estudar o Plano de Intervenção Pedagógica (PIP) da escola, discutir e 
acompanhar a sua implementação. 
 
 Tomar conhecimento do PIP da escola através da análise de documentos, 
participação em reuniões, entrevistas com o Diretor e Especialista, entreoutros. 
 
 Discutir com o colega Analista sobre o PIP da escola, analisando e 
sugerindo intervenções pedagógicas. 
 
 Participar, junto à escola, da implementação do PIP, buscando a melhoria 
dos resultados da aprendizagem dos alunos. 
 
 Orientar o Diretor da escola quanto à obrigatoriedade da realização das 
reuniões de Módulo II, conforme legislação para promover o planejamento 
coletivo das atividades a serem desenvolvidas junto aos alunos. 
 
 
 
 
 
34 
 
3 - Orientar e verificar a utilização dos materiais didático-pedagógicos de apoio 
na sala de aula enviados pela SEE às escolas. 
 
 
 Acompanhar a utilização dos materiais de apoio na sala de aula, como os 
Cadernos da SEE/CEALE, do Guia do Alfabetizador, CBC e de outros 
recursos didático-pedagógicos. 
 
 Orientar a equipe gestora (especialistas e diretores) quanto à utilização dos 
guias do diretor e do especialista para melhor direcionamento das ações 
desenvolvidas por esses profissionais. 
 
 Sugerir aos professores e especialistas que visitem o Centro de Referência 
Virtual do Professor (CRV) através do site www.educacao.mg.gov.br ⇒ link 
Centro de Referência do Professor, para manter-se atualizado nas questões 
relacionadas à sua prática diária e/ou fazer uso das atividades disponíveis . 
 
 
 
 
 
4 - Orientar e acompanhar projetos da SEE em execução nas escolas estaduais. 
 
 Conhecer os projetos e programas em execução nas escolas. 
 
 Participar dos repasses dos encontros de nível Central, buscando também 
capacitar-se nos temas pedagógicos e nos materiais específicos dos 
projetos como Escola de Tempo Integral, do PIP e demais Projetos da SEE. 
 
 Monitorar a execução dos projetos, em conjunto com o colega Analista, 
acompanhando-os desde a implementação até a avaliação. 
 
 
35 
 Recomendar à escola quanto ao planejamento das atividades desenvolvidas 
nos projetos implementados estarem articuladas às necessidades dos 
alunos. 
 
 Fazer uma avaliação criteriosa dos trabalhos pedagógicos da escola, 
orientando e acompanhando as ações para correção dos rumos. 
 
 
 
5 - Atuar em conjunto com a equipe da escola estadual no desenvolvimento do 
processo pedagógico com vistas à melhoria do desempenho dos alunos e, 
consequentemente, garantir o cumprimento das metas acordadas. 
 
 
 Recomendar à escola a exposição e divulgação de seus resultados e metas, 
em local de boa visibilidade e fácil acesso, para os professores e a 
comunidade. 
 
 Incentivar o Diretor da escola a discutir com a comunidade escolar os 
resultados dos alunos nas avaliações externas e participar, conjuntamente, 
destes eventos de conscientização e de parceria para o atingimento das 
metas. 
 
 
 Tomar iniciativa em busca da melhoria dos resultados pedagógicos da escola, 
orientando e acompanhando a implementação das ações de intervenção 
pedagógica, junto ao Especialista e Diretor. 
 
 
 
 
 
 
 
36 
 
6 - Avaliar o desempenho das escolas estaduais dentro dos critérios gerais 
estabelecidos, analisando os resultados das avaliações externas do Proalfa e Proeb. 
 
 
 Informar-se sobre a escola, o desempenho de seus profissionais e dos 
alunos, analisando os Boletins do PROALFA e PROEB, os registros 
escolares e trocando informações com os colegas Analistas. 
 
 Discutir os resultados das avaliações externas, primeiramente na SRE, em 
conjunto com os colegas Analistas. 
 
 Discutir estes resultados em reuniões com o Diretor e a equipe da escola, de 
forma clara, buscando conscientizar e gerar ações para melhoria do 
processo pedagógico. 
 
 Promover e participar das discussões sobre os resultados da aprendizagem 
dos alunos, objetivando ajudar e estimular a implementação do PIP na 
escola. 
 
 Tomar iniciativa em busca da melhoria dos resultados pedagógicos da 
escola, orientando e acompanhando a implementação das ações de 
intervenção pedagógica, junto ao Especialista e Diretor. 
 
 Priorizar, para as visitas de orientação e acompanhamento, as escolas com 
baixo rendimento nas avaliações externas. 
 
 
 
 
7 - Assessorar e orientar as Secretarias Municipais de Educação na gestão pedagógica 
das escolas municipais. 
 
 
37 
 Visitar as Secretarias Municipais de Educação, orientando quanto ao 
desenvolvimento do processo pedagógico e quanto aos projetos da SEE/MG 
desenvolvidos também nas Escolas Municipais. 
 
 Realizar capacitações, em conjunto, para as Escolas Estaduais e Municipais. 
 
 Visitar e acompanhar Escolas Municipais, em conjunto com a Equipe 
Pedagógica Municipal, quando solicitado. 
 
 Realizar, em conjunto com os colegas Analistas, repasse de orientações, 
encontros e capacitações para os Especialistas da rede Municipal. 
 
 
FONTE: Elaborado a partir do Manual de orientação aos Técnicos e 
inspetores das Superintendências Regionais de Ensino (2007) e Caderno de 
Boas Práticas da Equipe Regional das SRE de Minas Gerais, parte II: boas 
práticas dos inspetores escolares na área da gestão pedagógica (2010). 
 
Não há como os inspetores desenvolverem a liderança pedagógica 
junto às escolas sem ter clareza dessas suas atribuições. Observou-se na 
pesquisa que, na implantação do PIP, essas atribuições não foram bem 
delineadas, visto que os inspetores têm como norte de sua atuação a 
Resolução nº 457/2009 do Conselho Estadual de Minas Gerais. Ao dispor 
sobre as competências pedagógicas, o mesmo as define como: 
 
Ter conhecimento da situação do estabelecimento quanto à [...] 
observância das diretrizes e normas curriculares, garantia do padrão de 
qualidade do ensino, construção e implementação da proposta pedagógica, 
cumprimento do regimento escolar e resultado das avaliações institucionais 
e desempenho dos alunos (MINAS GERAIS, 2009, p.1). 
 
Observa-se que essas atribuições são colocadas de forma ampla, e, 
portanto, podem promover uma atuação não muito eficaz por parte dos 
 
38 
inspetores, no que diz respeito ao processo pedagógico desenvolvido nas 
escolas. Segundo Augusto (2010): 
 
Ter conhecimento não significa agir, participar, dar sugestões, enfim, 
orientar, apoiar, propor alternativas às escolas em suas ações, no sentido de 
alcançar os seus propósitos educacionais, atuando como instituições sociais 
encarregadas da educação pública . O que significa “ter conhecimento?” Estar 
informado, saber como é, o que é, o que deve ser feito em relação a alguma 
coisa. A expressão “Ter conhecimento” não significa uma ação de orientação 
e apoio, em si, uma atuação preceptora, diagnóstica e interventora (p.92). 
 
Nesse sentido, as diretrizes proporcionam o redimensionamento da 
prática dos inspetores, na medida em que esses profissionais passam a 
estruturar seus planejamentos tendo claro de que forma podem contribuir 
para o alcance de bons resultados escolares. Nunca é demais esclarecer que 
as diretrizes ora propostas visam contribuir para ampliar o diálogo a respeito 
da nova inspeção requerida pelo sistema após a implementação do Programa 
de Intervenção Pedagógica/Alfabetização no Tempo Certo . 
 
7 - Formação continuada 
 
A proposta de formação continuada decorre das necessidades dos 
profissionais em apropriar-se das questões relacionadas à gestão 
pedagógica desenvolvida nas escolas. Através da pesquisa, percebe-se que, 
apesar da maioria dos inspetores ser graduada em pedagogia, essa formação 
precisa ser aperfeiçoada para que os inspetores escolares possam atuar 
dentro da dimensão pedagógica. Exercer a liderança pedagógica junto às 
escolas exige desses profissionais competências e habilidades que permitam 
reconhecer as diferentes formas e processos de aprendizagem. Essa 
proposta baseia-se na concepção de que não basta somente identificar os 
problemas enfrentados pelas escolas nas questões relacionadas ao processo 
ensino aprendizagem, mas refletir juntamente com a equipe escolar sobre “os39 
objetivos almejados e os meios a serem usados para atingi -los” (TARDIF, 
2000, p.7). 
 
Analisando as funções que os inspetores exercem no acompanhamento 
às escolas, percebemos que o mesmo exerce forte influência junto aos 
gestores dessas instituições. No contexto atual, sua liderança pedagógica 
junto às escolas é requerida pelo sistema, visto que é na gestão pedagógica 
que se desenvolve a articulação entre as diferentes estratégias de ensino e 
os resultados pretendidos. Compreendemos que, para nortear as escolas no 
desenvolvimento do processo educativo, bem como na superação de suas 
dificuldades, os inspetores escolares precisam estar continuamente em 
busca de conhecimentos. Esses devem relacionar-se não apenas às 
legislações, mas também às novas abordagens educacionais necessárias à 
mudança de foco de sua atuação. 
 
Nesse sentido, propõe-se a formação continuada para os inspetores, 
possibilitando-lhes desenvolver seu trabalho em conformidade com as 
políticas atuais, ou seja, priorizando as questões relacionadas à dimensão 
pedagógica de sua atuação. 
 
7.1 - Estrutura da proposta de formação 
 
A pesquisa demonstrou que a área pedagógica é a que tem recebido 
menor atenção por parte dos inspetores quando estes visitam as unidades 
de ensino, o que contradiz as orientações do sistema estadual de ensino, que 
determinam que a gestão pedagógica deve ser o eixo de trabalho de todos 
os profissionais da SEE/SRE/escolas. Na tentativa de mudar essa realidade, 
propomos uma formação continuada para os inspetores escolares, na qual 
serão abordadas questões relacionadas ao cotidiano desses profissionais, 
que devem ter o olhar global das ações desenvolvidas no contexto escolar. 
Isso demanda o aperfeiçoamento dos conhecimentos nas três dimensões de 
sua atuação: administrativa, pedagógica e financeira. 
 
 
40 
Para alcançar o objetivo a que se destina, a proposta é que a formação 
continuada aconteça em três momentos que se complementam: encontros 
presenciais, estudos individuais e atividades práticas. 
 
Nos encontros presenciais são previstas aulas ministradas e oficinas 
que possibilitem ao inspetor romper com as práticas tradicionais que não 
mais são exigidas no contexto atual. Os estudos propostos nos módulos 
presenciais serão realizados na primeira semana de cada mês, com carga 
horária mensal de oito horas, totalizando uma carga horária de 64 horas 
presenciais. 
 
Os estudos individuais serão feitos através de materiais organizados 
pelo formador com o objetivo de promover o conhecimento teórico-
metodológico que permita a esses profissionais acompanhar as atividades 
escolares com maior segurança e, ainda, promover uma nova cultura junto à 
comunidade escolar sobre o papel da escola. Essa nova cultura embasa-se 
no que Lück defende ser a boa escola. De acordo com a auto ra, “boa escola 
é aquela em que os alunos aprendem, alargam seus horizontes e 
desenvolvem competências para a vida.” (LÜCK, 2009, p. 93). É preciso, 
portanto, que os inspetores escolares aprimorem seus conhecimentos 
relacionados às questões vivenciadas no cotidiano escolar. 
 
As atividades de vivências práticas visam a garantir um enriquecimento 
da relação teoria e prática na vida profissional dos participantes, tendo em 
vista as diferentes realidades que compõem seu campo de atuação. 
 
A escolha deste processo metodológico de formação continuada se 
orienta a partir do entendimento de que a formação em serviço contribui para 
vencer os desafios existentes entre a multiplicidade de competências e a 
dinâmica constante existentes nas práticas cotidianas dos inspetores 
escolares (LÜCK, 2009). Nessa mesma linha, a autora afirma que "[...] de 
nada valem as boas ideias se não forem colocadas em ação; os programas 
de formação, para serem eficazes deverão ser realizados de modo a articular 
teoria e prática, constituindo-se uma verdadeira práxis [...]” (LÜCK, 2000, 
 
41 
p.30). A seguir, trataremos dos assuntos abordados em cada módulo, a carga 
horária total de cada um bem como suas respectivas ementas. 
 
7.2 - Organização dos Módulos 
 
Módulo I - Estudo das atribuições do inspetor a partir das diretrizes 
propostas 
 
Carga horária: 12 horas (8 horas presenciais e 4 horas de estudo individuais). 
 
Ementa: Terá enfoque nos processos e práticas de gestão do trabalho 
pedagógico, buscando através das reflexões delinear melhor as ações que 
envolvem as dimensões financeiras, administrativas e pedagógicas de forma 
integrada. Estudo dos conceitos de gestão. Identificar os novos paradigmas 
educacionais a partir da LDBEN 9394/96. Discutir as formas de 
monitoramento das ações educativas no conceito escolar. Refletir sobre o 
planejamento do trabalho do inspetor como forma de otimização da prática 
cotidiana. 
 
Módulo II - Políticas Públicas e Legislação Educacional 
 
Carga horária: 30 horas (16 horas presenciais; 6 horas de estudos individuais 
e 8 horas práticas). 
 
Ementa: Refletir sobre a educação no contexto da Constituição Federal de 
1988, da Constituição Estadual de Minas Gerais de 1989 e LDBEN 9394/96 
e das resoluções e orientações estaduais. Abrangerá processos que 
enfatizem a importância do envolvimento, do comprometimento e da 
participação de toda a comunidade escolar. Buscar fortalecer a escola como 
instituição democrática e igualitária, a partir de um processo permanente de 
construção de autonomia; Refletir sobre as políticas implementadas, 
principalmente o Programa de Intervenção Pedagógica/ Alfabetização no 
Tempo Certo. 
 
42 
 
Módulo III - Gestão Pedagógica: Parte I 
 
Carga horária: 30 horas (16 horas presenciais; oito horas de estudos 
individuais e 16 horas práticas). 
 
Ementa: O enfoque será dado nos processos e práticas de gestão do trabalho 
pedagógico, buscando através das reflexões que serão propostas, formas 
para assegurar o sucesso da aprendizagem dos alunos. Importância do 
Módulo II no planejamento das práticas pedagógicas dos professores. O 
papel do inspetor no PIP. O currículo escolar e as avaliações externas e 
internas. A importância da elaboração coletiva do PPP. 
 
 
 
Módulo IV - Gestão Pedagógica: Parte II 
 
Carga horária: 30 horas (16 horas presenciais; oito horas de estudos 
individuais e 16 horas práticas). 
 
Importância do Plano de Intervenção: da elaboração à execução. A ação 
mediadora do inspetor no Programa de Intervenção Pedagógica. A 
importância do Planejamento coletivo do trabalho integrado inspetor/analista. 
O monitoramento dos processos e resultados educacionais. 
 
Módulo IV - Gestão Administrativa e Financeira 
 
Carga horária: 30 horas (8 horas presenciais; 6 horas de estudos individuais 
e 16 horas de atividades práticas) 
 
Ementa: O objetivo é propiciar um exercício prático de acompanhamento das 
questões relacionadas à gestão dos recursos materiais e humanos como 
meio de melhorar o serviço pedagógico oferecido. Análise da organização 
dos registros escolares; a utilização adequada das instalações e 
 
43 
equipamentos; a preservação do patrimônio escolar e a captação e aplicação 
de recursos didáticos e financeiros. 
 
7.3 - Avaliação 
 
A avaliação da proposta de formação será por meio do monitoramento 
das ações do inspetor a partir da leitura dos termos de visita. O 
monitoramento é imprescindível para que seja analisado se as ações 
desenvolvidas pelos inspetores estão sendo realizadas de acordo com o 
proposto no plano de formação. 
 
Pretende-se que esse monitoramento seja feito de forma integrada ao 
coordenador da inspeção, que tem como função acompanhar o trabalho 
desenvolvido pelos inspetores junto às escolas. Essa forma de 
acompanhamento visa a refletir junto aos inspetores sobre a necessidade de 
(re)planejamento das ações, caso o foco das orientações às escolas ainda 
seja nas questões administrativas. O que vai demonstrar a mudança de 
práticase posturas desses profissionais junto às escolas será o efetivo 
acompanhamento e registros das orientações nas questões relacionadas ao 
processo de ensino aprendizagem. 
 
Os plantões semanais também servirão para indicar ações de melhoria 
no processo de formação, tendo em vista que é o momento em que os 
inspetores refletem junto aos pares sobre as dificuldades encontradas na 
realização das ações propostas. Propõe-se, ainda, ao final da formação, 
realizar nova pesquisa quantitativa, por meio da aplicação de questionários, 
com o objetivo de verificar se o programa de formação propiciou aos 
inspetores a adoção de novas posturas no acompanhamento das ações 
desenvolvidas nas instituições de ensino. 
 
 
 
 
 
44 
7.4 - Considerações Finais 
 
Nessas considerações finais, não se pretende encerrar o debate sobre 
a liderança pedagógica do inspetor escolar. Uma reflexão sobre a 
importância dessa liderança parte da constatação de que esse ator tem entre 
suas atribuições assegurar que as unidades escolares prestem serviços 
educacionais de qualidade, traduzidos pelo Programa de Intervenção 
Pedagógica/ Alfabetização no Tempo Certo como sendo de maior assistência 
aos alunos que apresentam baixo desempenho escolar. 
 
A intenção desse trabalho foi refletir sobre a atuação do inspetor nas 
questões pedagógicas reconhecidas como relevantes para que as políticas 
educacionais sejam implementadas nas instituições de ensino de forma a 
melhorar a qualidade do ensino oferecido. Para isso, analisamos essa 
atuação a partir da implementação do Programa de Intervenção 
Pedagógica/Alfabetização no Tempo Certo, que define como eixo central do 
trabalho do inspetor a gestão pedagógica. 
 
Foi possível perceber que são inúmeras e complexas as atribuições 
desses profissionais, pois os mesmos têm como responsabilidade garantir 
que as ações administrativas, financeiras e pedagógicas desenvolvidas no 
interior das escolas sejam articuladas entre si em prol de um objetivo maior 
que é a aprendizagem dos alunos. Heloisa Lück defende que uma ação pode 
ter a natureza pedagógica quando tem por objetivo promover aprendizagens. 
Mas ela se torna intencional na medida em que 
 
[...] há uma ação consciente, orientada por uma intenção clara, 
inspirada por finalidades elevadas de formação do ser humano como 
cidadão e, por conseguinte, orientada por valores cuja realização se 
assenta sobre saberes profissionais sólidos e ações competentes 
(LÜCK, 2009 p. 98). 
 
Para que o inspetor possa contribuir na formação integral dos alunos, 
assegurando-lhes sucesso em seu percurso escolar, há necessidade de 
reconstrução nos saberes e fazeres desses profissionais, que têm como 
desafio os múltiplos olhares sobre a escola como um todo. Um dos desafios 
 
45 
que se impõem ao inspetor escolar na atualidade está em romper práticas 
enraizadas, que se faziam necessárias em contextos anteriores às políticas 
ora implementadas. 
 
Face a isso, consideramos ser a formação continuada uma importante 
estratégia de colaboração para o exercício de reflexão crítica sobre as 
práticas educativas do inspetor, possibilitando a construção permanente de 
uma identidade pessoal e profissional, sob a perspectiva de uma cultura 
educacional cada vez mais voltada para a melhoria do ensino oferecido. 
Espera-se que, concluída a formação, o inspetor seja capaz de 
acompanhar as práticas pedagógicas desenvolvidas no contexto escolar de 
forma mais efetiva, visto que a melhoria do ensino perpassa por práticas que 
levem os alunos ao sucesso escolar por meio de uma aprendizagem efetiva 
e significativa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
46 
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