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Ana Paula Sales
Letícia Ferrarini Suerkamp
Murilo Ullrich Antunes de Lima
Sabrina de Mello Wittmann[footnoteRef:1] [1: Acadêmicos do 1º período de Medicina Veterinária da UNIMATER] 
O BEM-ESTAR ANIMAL 
INTRODUÇÃO
O bem-estar animal é uma preocupação ética e moral importante na sociedade atual. Trata-se de garantir que os animais sejam tratados com respeito, dignidade e compaixão, atendendo às suas necessidades físicas e emocionais. À medida que a conscientização e a compreensão crescem, espera-se que mais esforços sejam direcionados para a promoção do bem-estar animal em todos os aspectos da nossa interação com os animais.
Nos últimos anos, tem havido um crescente interesse e conscientização sobre o bem-estar animal em todo o mundo. O bem-estar animal refere-se à qualidade de vida experimentada pelos animais, levando em consideração seu estado físico, mental e emocional. A compreensão de que os animais merecem ser tratados com dignidade e respeito tem impulsionado a busca por práticas que promovam um cuidado ético e sustentável.
Assim, a forma como os animais são tratados em diferentes setores, como pecuária, domesticamente, pesquisa científica e entretenimento, tem sido objeto de debates e críticas. A exploração indiscriminada, o confinamento excessivo, a falta de cuidados adequados e a crueldade têm levantado preocupações significativas. Essas questões não só afetam o bem-estar dos animais, mas também têm consequências para a saúde humana, a segurança alimentar e o meio ambiente.
À medida que avançamos em direção a um futuro mais consciente e compassivo, é fundamental reconhecermos a interdependência entre o bem-estar animal, a saúde humana e a sustentabilidade ambiental. Ao promover um cuidado ético e sustentável para com os animais, estaremos construindo uma sociedade mais justa, equitativa e compassiva, em harmonia com todas as formas de vida.
Neste artigo, exploraremos as principais questões relacionadas ao bem-estar animal e como elas impactam diversos setores apoiados em alguns teóricos fundamentais para o tema como Broom (2010) e Molento (2006). Abordaremos as diferentes abordagens para promover o cuidado ético e sustentável dos animais, destacando os avanços recentes nessa área. Além disso, discutiremos a importância de políticas e regulamentações efetivas que garantam a proteção dos animais e incentivem práticas mais humanas.
 1 O BEM-ESTAR ANIMAL
O bem-estar animal é um conceito que se refere à qualidade de vida dos animais e ao seu tratamento ético. Envolve a garantia de que os animais tenham suas necessidades físicas, mentais e emocionais atendidas, bem como, a prevenção de qualquer forma de sofrimento desnecessário, incluindo a avaliação de sua saúde, comportamento, alimentação, abrigo e interação social, pois “com um bem-estar adequado, é possível oportunizar ao animal que se experimente sentimentos positivos. Caso contrário, os efeitos maléficos à saúde animal e ao seu bem-estar podem repercutir inclusive na própria manutenção de sua vida” (SILVA, 2020, p. 92).
Ao longo dos anos, a conscientização sobre o bem-estar animal tem aumentado significativamente em todo o mundo. Isso se deve em parte ao reconhecimento de que os animais são seres sencientes, capazes de sentir dor, prazer e emoções. Essa compreensão levou a um crescente desejo de proteger os animais de tratamentos cruéis e degradantes. A preocupação com animais foi impulsionada por movimentos sociais e pela conscientização da população sobre a importância de tratar os animais com compaixão e respeito. A implementação de políticas públicas e regulamentações que promovam o bem-estar animal, bem como a adoção de práticas mais humanitárias por parte da indústria de produção animal, são medidas importantes para garantir que os animais recebam o tratamento adequado que merecem.
O bem-estar animal é um conceito que abrange diversos aspectos, como a nutrição adequada, o acesso a água limpa e fresca, o conforto e a higiene das instalações onde os animais vivem, a prevenção e tratamento de doenças e lesões, a proteção contra condições climáticas extremas e a promoção de comportamentos naturais. Além disso, é importante considerar também a forma como os animais são manuseados, transportados e abatidos, para garantir que sejam tratados com respeito e dignidade em todas as etapas de sua vida.
A ecologia animalista almeja a consecução de mudanças éticas significativas no tratamento que dispensamos aos animais, através de alterações comportamentais e jurídicas que sejam capazes de afetar positivamente as condições de vida dessas criaturas. O discurso em favor da salvaguarda dos interesses dos animais, todavia, não se revela homogêneo, ora incluindo os animais apenas no círculo da moralidade, ora considerando os animais sujeitos de direito (GORDILHO, SILVA, 2016, p. 06).
Além disso, para Broom (2010), há uma questão moral de quão baixo o grau de bem-estar deve estar para que seja considerado inaceitável. Contudo, um grau de inaceitabilidade não é definido. Sobre esse assunto, médicos veterinários e pesquisadores em bem-estar animal têm direito a apresentar uma opinião. 
O bem-estar animal abrange uma ampla gama de questões, desde a criação e abate de animais para consumo até a utilização de animais em pesquisas científicas, a experimentação animal, o entretenimento envolvendo animais, a exploração de animais para a produção de peles e muitos outros aspectos relacionados.
O bem-estar animal também pode ter impactos positivos na saúde e qualidade dos produtos de origem animal, uma vez que animais saudáveis e bem cuidados tendem a produzir carne, leite e ovos de melhor qualidade. Por isso, é fundamental que o bem-estar animal seja levado em consideração em todos os aspectos da produção animal, desde a criação até o abate e processamento dos alimentos.
O bem-estar animal segue os princípios das cinco liberdades que devem ser aplicados continuamente para o benefício dos animais. Os princípios fundamentam-se nos conceitos das cinco liberdades inicialmente propostos pelo conselho de bem-estar de animais de produção e modificado por Molento (2006a) conforme segue: (1) liberdade nutricional, (2) liberdade sanitária, (3) liberdade ambiental, (4) liberdade comportamental e (5) liberdade psicológica. (MOLENTO, 2006 apud SANTOS, 2014, p. 67).
Assim, a liberdade nutricional refere-se à disponibilidade e a qualidade do alimento e da água, considerando-se o estado fisiológico do animal; a liberdade sanitária inclui a ausência de injúrias e doenças; a liberdade ambiental considera a qualidade de espaço e das condições físicas do ambiente onde os animais são mantidos; a liberdade comportamental reflete a comparação entre o comportamento natural em ambiente similar ao nativo-evolutivo da espécie com o comportamento expresso em condições de análise; a liberdade psicológica refere-se à ausência de medo e estresse.
Além dos princípios das cinco liberdades que são fundamentais para garantir o bem-estar animal, aplicadas continuamente, é de grande valia considerar que, de acordo com Silva (2020, p. 90), “entender as relações entre humanos e bichos é fundamental para identificar pontos críticos onde essa interação pode prejudicar a sustentabilidade e o meio ambiente, bem como, garantir que a qualidade de vida seja preservada tanto para as gerações atuais quanto futuras de ambas espécies”. É crucial que esse cuidado seja tomado sem comprometer a saúde e o bem-estar de todos os envolvidos. Dessa forma, conhecer as comodidades alimárias promove a saúde ambiental como um todo.
De acordo com Broom (2010), alguns itens podem ser utilizados para se obter indicadores dos sentimentos positivos ou negativos dos animais:
I) indicadores fisiológicos de prazer; 
II) indicadores comportamentais de prazer; 
III) extensão na qual comportamentos altamente preferidos podem ser demonstrados; 
IV) variedade de comportamentos normais demonstrados ou suprimidos; 
V) extensão na qual processos fisiológicos e desenvolvimento anatômico normais são possíveis; 
VI) extensão deaversão comportamental demonstrada; 
VII) tentativas fisiológicas de se adaptar; 
VIII) imunossupressão; 
IX) prevalência de doenças; tentativas comportamentais de se adaptar; 
X) doenças comportamentais; 
XI) alterações cerebrais; 
XII) prevalência de danos físicos; 
XIII) habilidade reduzida de crescer ou se reproduzir; 
XIV) redução da expectativa de vida.
Agora discorreremos sobre o bem-estar animal em seções específicas, tal como animais domésticos, animais de produção, usados em pesquisas científicas e para entretenimento humano, pois apesar de existirem muitos fatores que amparam as condições ideais, cada um desses setores abrange particularidades.
1.1 O BEM-ESTAR DOS ANIMAIS DOMÉSTICOS
Os animais domésticos são aqueles condicionados à convivência humana, como bichos de estimação, gado, animais de produção, entre outros que se enquadram na Tabela de Comparação de Espécies Domésticas do Ibama (2011), e devido sua evolução, “a diversidade genética dentro das espécies domésticas está refletida na variedade de tipos e raças que existem e na variação presente dentro de cada uma” (EGITO; MARIANTE; ALBUQUERQUE, 2002, p. 2) diferente dos animais selvagens que mesmo quando domados, não tem convívio social natural com humanos. Visto que, “selvagem” é definido pelo dicionário Oxford como “próprio das selvas, agreste” (OXFORD, 2023). 
 Dessa forma, o bem-estar dos animais domésticos é uma preocupação crescente na sociedade atual, pois aumenta o número de pessoas que os adquirem. Nesse sentido é importante que eles recebam cuidados adequados para viverem de forma saudável e feliz “afinal, não basta a proteção de um direito à vida, se este não puder ser concretizado dentro dos moldes da qualidade de vida, saúde e dignidade” (SILVA, 2020, p. 97).
Logo, os animais de companhia, como cães, gatos, pássaros e peixes, precisam de alimentação adequada, “é importante o proprietário estar atento a composição da ração que seu animal está ingerindo, pois o fator que influencia o desenvolvimento de doenças pode estar relacionado a nutrição do animal, dependendo da qualidade da ração utilizada” (WOLFARTH; JOHANN; ARALDI, 2011, p. 04). Além disso, precisam de água fresca, espaço confortável e exercícios físicos para manter uma vida saudável. É viável também que recebam carinho, atenção, tempo de qualidade, e essencialmente profilaxia (medidas preventivas para a preservação da saúde) a fim de evitar doenças e tratar eventuais problemas. À vista disso, as visitas ao médico veterinário devem ser frequentes e dentro de um calendário para realização de exames, vacinações e orientações necessárias, pois cada fase da vida precisa de cuidados específicos em consonância com cada comportamento.
Assim sendo, o bem-estar animal está diretamente relacionado ao comportamento de cada ser associado ao ambiente em que se insere. Por isso, além de um local limpo e de clima agradável, é necessário conhecer o perfil pessoal de cada cão, gato ou qualquer outra espécie em que se conviva, a fim de suprir a demanda das particularidades de seu espaço. Por exemplo: Um cachorro da raça Border Collie não se sente livre em um apartamento pequeno, pois de acordo com sua genética, ele possui extintos para pastoreio em uma fazenda. Esse fator está conectado às condições para o animal se expressar de acordo com seus hábitos herdados de ancestrais. Como, gatos que dormem em cima da geladeira devido a sua evolução de tigres que gostam de lugares altos. Reprimir tal ação do felino doméstico não trará resultados positivos para seu bem-estar, mesmo que tenha lógica visivelmente humana, visto que, animais não raciocinam dessa forma, por isso é importante a criação de um ambiente adaptado, como nichos em paredes.
Nesse prisma, adquirir um animal doméstico é uma responsabilidade que envolve cuidados diários e compromisso de longo prazo. Por isso, é importante estar ciente das necessidades e custos envolvidos e estar preparado para oferecer a melhor qualidade de vida possível para o animal, bem como, prevenção e traumas, proteção de medo e perigos da vida urbana. Essa é uma questão de respeito e amor pelos companheiros da sociedade, sendo de grande valia fortalecer a relação entre humanos e animais e promover uma convivência harmoniosa e respeitosa entre ambas espécies.
1.2 O BEM-ESTAR DOS ANIMAIS DE PRODUÇÃO
Uma das principais preocupações no bem-estar animal é o tratamento adequado dos animais nas indústrias de produção de alimentos, que são resultado de uma questão importante e complexa, pois abrange várias áreas, como a pecuária, a avicultura e a suinocultura. Muitos animais de criação são mantidos em condições de confinamento intenso, o que pode levar ao estresse, doenças e lesões. Nos últimos anos, tem havido um movimento crescente em direção a práticas de criação mais humanas, como o aumento do espaço para os animais, o acesso a áreas externas e uma dieta adequada.
 Assim, uma série de diretrizes e regulamentações foram desenvolvidas para promover o bem-estar dos animais de produção. Essas diretrizes podem variar de acordo com o país e a região, mas geralmente incluem requisitos relacionados ao espaço adequado para os animais, qualidade da alimentação, acesso a água limpa, prevenção e tratamento de doenças, bem como a minimização do estresse e sofrimento durante o manejo e o transporte.
 Conforme afirmado por Molento (2005, p.03) “o bem-estar dos animais de produção é determinado, na prática, pelo sistema de criação e manejo praticado pelos pecuaristas, que por sua vez é determinado largamente pelos sinais econômicos que os produtores recebem do mercado”. Assim, além das regulamentações governamentais, muitas empresas e organizações do setor têm implementado programas de certificação e boas práticas de bem-estar animal. Essas iniciativas buscam garantir que os animais sejam tratados de forma adequada e que os produtores sigam padrões específicos de cuidado e manejo. 
Existem diferentes abordagens para o bem-estar dos animais de produção. Algumas visam melhorar as condições de vida dos animais dentro dos sistemas de produção existentes, enquanto outras promovem sistemas de produção alternativos, como a criação ao ar livre ou a agricultura orgânica. Cada abordagem tem vantagens e desafios, e a escolha depende de diversos fatores, incluindo as características da espécie animal, a viabilidade econômica e as demandas do mercado.
É importante ressaltar que o bem-estar animal não apenas beneficia os próprios animais, mas também pode ter impactos positivos na qualidade dos produtos de origem animal, na segurança alimentar e na sustentabilidade ambiental. Além disso, o bem-estar dos animais de produção tem se tornado um critério importante para muitos consumidores na hora de escolher os alimentos que consomem.
 Em resumo, o bem-estar dos animais de produção é uma preocupação crescente e está sendo abordado por meio de regulamentações governamentais, programas de certificação e conscientização dos consumidores. A busca por melhores condições de vida para os animais de produção continua a evoluir, levando em consideração diversos aspectos, como saúde, comportamento e qualidade de vida dos animais.
Vale lembrar que a melhoria do bem-estar animal na produção de alimentos também pode ter benefícios econômicos para os produtores: “À medida que a sociedade passa a reconhecer o sofrimento animal como um fator relevante, pode-se inferir ao bem-estar animal (BEA) um valor econômico” (MOLENTO, 2005, p.02).
Assim, animais saudáveis e felizes tendem a ter melhor desempenho e produtividade, resultando em maior rentabilidade para o produtor. Além disso, a adoção de práticas sustentáveis de criação de animais, como a redução do uso de antibióticos e a implementação de sistemas de produção mais eficientes, pode contribuir para a redução dos impactos ambientais da produção de alimentos de origem animal. Em resumo, o bem-estar animal é uma questão complexa e multifacetada, que envolve aspectos éticos, econômicos e ambientais, e sua promoção é essencial para garantir a qualidadede vida dos animais de produção e a sustentabilidade do setor agropecuário.
1.3 USO DE ANIMAIS EM PESQUISAS CIENTÍFICAS
	
O bem-estar animal também envolve a promoção de práticas mais éticas em relação ao uso de animais em pesquisas científicas. Esforços têm sido feitos para minimizar o uso de animais sempre que possível, por meio do desenvolvimento de métodos alternativos. Quando o uso de animais é inevitável, é fundamental garantir que eles sejam tratados com dignidade e respeito, reduzindo ao mínimo qualquer desconforto ou sofrimento.
De acordo com o Guia Brasileiro de Produção, Manutenção ou Utilização de Animais em Ensino ou Pesquisa Científica, os métodos alternativos são aqueles que se baseiam no princípio dos 3R’s (em português, reduzir, refinar e substituir), os quais visam reduzir o número de animais utilizados, refinar a severidade do procedimento a fim de diminuir o sofrimento e estresse animal, e substituir o organismo vivo, por meio de cultura de células e tecidos, ensaios bioquímicos, órgãos em chip ou pela diminuição da escala filogenética utilizando seres não vertebrados.
Em 24 de Fevereiro de 2023 o Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal (CONCEA) publicou a normativa N° 58 que proíbe o uso de animais no desenvolvimento de produtos de higiene e cosméticos que utilizam ingredientes de eficácia comprovada em sua fórmula, e torna obrigatório uso de métodos alternativos para controle de qualidade e segurança na produção de itens com ingredientes de eficácia não comprovada. Essa normativa não é válida para desenvolvimento de vacinas e medicamentos. 
No entanto, quando não é possível a substituição do organismo vivo, se faz necessário implementar um planejamento de enriquecimento ambiental visando promover o bem-estar animal dentro do laboratório. Nesse sentido, é indispensável adotar medidas adequadas de transporte, manejo, alojamento, ambiente (temperatura, luz e umidade) e alimentação para cada espécie, como também, é essencial a capacitação técnica da equipe e o conhecimento da biologia e etiologia da espécie utilizada. “Se o bem-estar for comprometido, a credibilidade dos resultados será reduzida, tornando-os impublicáveis, o que resulta no uso desnecessário de vidas” (CONCEA, 2023, p. 23-26).
1.4 USO DE ANIMAIS PARA ENTRETENIMENTO HUMANO
O bem-estar animal não se limita apenas aos animais de criação e à pesquisa científica, mas também se estende a outros contextos, como o entretenimento envolvendo animais. O uso de animais em batalhas contra seus semelhantes ou seres humanos é milenar, e pode ser notado desde a época da Roma Antiga, onde milhares de pessoas dirigiam-se até grandes arenas, como o Coliseu, para aplaudir a selvageria de humanos contra animais. Entretanto, práticas similares continuam existindo na Idade Contemporânea, contudo, de maneira dissimulada. 
Percebe-se que, atualmente, as grandes arenas foram substituídas por picadeiros, ou seja, a área central onde determinados circos apresentam seus animais ao público. Todavia, diferente dos romanos, o público atual não busca entretenimento com barbáries explícitas contra animais, mas sim buscam um comportamento anormal para os animais selvagens (leões, ursos, elefantes e macacos, normalmente). Apesar disso, tanto quanto os romanos antigos, o público contemporâneo é condescendente com o sofrimento animal quando aceita a barbárie imposta aos animais por seus domadores apenas para que um animal selvagem se comporte de modo antinatural: subindo em uma bola ou andando apenas sobre os membros pélvicos, por exemplo. Situações onde animais estão submetidos a limitação de espaço e espancamentos por parte de seus tratadores, pode ocasionar grave desestruturação social e severas anormalidades comportamentais
Do mesmo modo, zoológicos não cumprem um papel adequado na segurança da vida animal, como foi relatado por Sobral (2021), no caso de um zoológico no município de Salete-SC, o qual foi interditado em 2011 depois da fuga de um elefante asiático e que durante a fiscalização do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, os agentes encontraram vários animais desnutridos e machucados, evidenciando maus-tratos, além de diversas irregularidades na estrutura do local. De acordo com o Ibama, o índice de mortalidade chegava a 75%.
 Ademais, poucos esforços estão sendo feitos para promover alternativas livres de crueldade, como shows que utilizam animais robóticos ou projetos de conservação que visam proteger os habitats naturais dos animais em vez de mantê-los em cativeiro.segundo Sobral (2021), circos e zoológicos são ambientes no qual os animais são exibidos e tratados como objetos, sem preocupações com a sua vivência em habitat ou com a socialização com membros da sua espécie. Portanto, a melhor alternativa é que animais vivam em santuários, onde o foco deixa de estar nos seres humanos ou em lucros gerados por visitas. Essa mudança no tratamento dos animais, de acordo com Moreira (2017), não objetiva a não convivência humana com esses, mas introduz novas formas de relacionamento que sejam benéficas para ambas. 
2 LEGISLAÇÃO BRASILEIRA
No Brasil, existem várias leis e regulamentos que abordam e amparam o bem-estar animal. Algumas das principais legislações são:
Lei de Crimes Ambientais (Lei nº 9.605/1998): Esta lei estabelece punições para aqueles que praticam maus-tratos a animais, impondo multas e até mesmo detenção.
Constituição Federal (Artigo 225): A Constituição Federal inclui a proteção do meio ambiente e dos animais como um dever do Estado e de todos os cidadãos. 
Lei de Proteção e Defesa dos Animais (Lei nº 9.605/1998): Essa lei estabelece normas para a proteção e defesa dos animais, proibindo práticas que causem sofrimento ou maus-tratos. Ela também regula a utilização de animais em atividades de ensino e pesquisa.
Lei de Controle de Zoonoses (Lei nº 13.426/2017): Essa lei estabelece diretrizes para o controle de zoonoses e proteção da saúde pública, incluindo medidas para garantir o bem-estar dos animais.
Normativa do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) nº 1.138/2016: Essa normativa estabelece diretrizes para o bem-estar animal em todas as atividades relacionadas à medicina veterinária, como criação, reprodução, transporte e abate de animais.
Lei do Vaqueiro (Lei nº 13.364/2016): Essa lei reconhece a vaquejada como uma prática esportiva e cultural, mas impõe regras para garantir o bem-estar dos animais envolvidos na atividade.
É importante ressaltar que essas são apenas algumas das principais legislações brasileiras relacionadas ao bem-estar animal. Além disso, existem também regulamentos específicos para diferentes setores, como transporte de animais, pesquisa científica e criação de animais para consumo. É fundamental consultar a legislação atualizada e específica de cada área para obter informações mais detalhadas.
CONCLUSÃO
Em conclusão, este artigo científico abordou o tema do bem-estar animal, destacando sua importância e os diversos aspectos relacionados a ele. Ao longo do estudo, examinamos a definição e os principais componentes do bem-estar animal, assim como os diferentes métodos de avaliação utilizados para medir e monitorar o seu estado.
Ficou evidente que o bem-estar animal é uma preocupação crescente em nossa sociedade, impulsionada por uma maior conscientização sobre a forma como os animais são tratados em diferentes contextos, como na agricultura, na pesquisa científica e até mesmo como animais de companhia. 
No decorrer do estudo, também discutimos como um bom estado de bem-estar animal está intrinsecamente ligado à saúde física e mental dos animais, além de ter implicações diretas na qualidade e segurança dos produtos de origem animal.
Considerando todos esses aspectos, é essencial que continuemos a investir em pesquisas científicas, educação e desenvolvimento de práticas e políticas que promovam o bem-estar animal. Além disso, é importante incentivar a adoção de abordagens mais éticas e sustentáveis na produção animal, buscando alternativasque minimizem o sofrimento dos animais e promovam um ambiente mais saudável e equilibrado.
Ao promover o bem-estar animal, não apenas estamos cumprindo nosso dever moral para com outras espécies, mas também estamos contribuindo para a construção de um mundo mais justo, ético e sustentável. O bem-estar animal não deve ser encarado como uma opção, mas sim como uma responsabilidade compartilhada por todos nós, indivíduos, instituições e governos.
Portanto, é fundamental que continuemos a aprimorar nossa compreensão do bem-estar animal, implementando medidas e políticas que garantam um tratamento humano e compassivo para com os animais em todos os setores. Somente dessa forma poderemos construir uma sociedade mais compassiva, respeitosa e consciente em relação aos animais que compartilham nosso planeta.
REFERÊNCIAS
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