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APG 20 - GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA PRÉ-NATAL Magny Emanuele Lima – Medicina Objetivos 1. Discutir a assistência do Pré-natal. 2. Compreender os exames solicitados no pré-natal. 3. Compreender as orientações nutricionais e suplementação na gestação. Assistência ao pré-natal O Ministério da Saúde assegura a mulher o direito ao planejamento reprodutivo e atenção humanizada à gravidez, ao parto e ao puerpério (pós-parto) e, às crianças, o direito ao nascimento seguro e ao crescimento e desenvolvimento saudáveis. Os avanços na medicina contribuíram efetivamente para reduzir os índices de mortalidade, tanto materno como perinatal. A assistência pré-natal é um conjunto de medidas de natureza médica, social, psicológica e de cuidados gerais que visa propiciar à mulher gestante o desenvolvimento saudável da gravidez. A realização do pré-natal representa papel fundamental para a prevenção e/ou detecção precoce de patologias, tanto maternas como fetais, permitindo o desenvolvimento saudável do feto e reduzindo os riscos para a gestante. Consultas O pré-natal deve começar assim que a mulher descobre que está grávida. No Brasil, a partir desse momento, o Ministério da Saúde recomenda que sejam realizadas no mínimo seis consultas (uma no primeiro trimestre da gravidez, duas no segundo e três no terceiro), sendo ideal que a primeira consulta aconteça no primeiro trimestre e que, até a 34ª semana, sejam realizadas consultas mensais. Entre a 34ª e 38ª semanas, o indicado seria uma consulta a cada duas semanas (15 dias) e, a partir da 38ª semana, consultas toda semana até o parto, que geralmente acontece na 40ª semana, mas pode durar até 42 semanas. O atendimento proporcionado nessas consultas deve ser registrado e monitorado no Cartão da Gestante, pelos profissionais envolvidos, utilizado nas unidades básicas de Saúde e também pelos profissionais que a atenderão no parto. Por meio desse monitoramento, é possível fazer o acompanhamento, o diagnóstico e o tratamento de doenças pré-existentes ou das que podem surgir durante a gravidez. Durante o pré-natal, a gestante deve receber informações sobre seus direitos, hábitos saudáveis de vida (alimentação, exercícios) medicamentos necessários e os que devem ser evitados e as mudanças que ocorrem durante a gravidez. Também tem de receber informações sobre sinais de risco em cada etapa da gravidez, como lidar com dificuldades de humor, temores em relação à sua saúde e a saúde do bebê, enjoos, inchaço, manchas na pele, sinais de parto etc. A consulta pré-natal é composta de anamnese, exame físico e avaliação dos exames complementares. Nas gestantes de baixo risco, após a realização da primeira consulta, o retorno é agendado para 15 dias depois para avaliação dos exames complementares solicitados. As mulheres com gestações complicadas – como com gêmeos ou diabetes – costumam necessitar de consultas a intervalos de 1 a 2 semanas. Divisão dos trimestres: O primeiro trimestre estende-se até o final de 14 semanas, o segundo, até 28 semanas, e o terceiro começa com 29 semanas e vai até 42 semanas de gestação. Assim, cada um é formado por 14 semanas. Primeira consulta O ideal é iniciar o pré-natal mais precocemente possível. Quanto mais cedo o risco gestacional (baixo e alto) for calculado, mais rapidamente a gestante poderá efetivar as eventuais correções APG 20 - GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA PRÉ-NATAL Magny Emanuele Lima – Medicina necessárias e usufruir dos benefícios da assistência pré-natal precoce, já sabendo se será um pré- natal de baixo ou alto risco. Por isso, a primeira consulta deve objetivar determinar de forma adequada o estado atual da gestante, bem como fazer o diagnóstico de doenças preexistentes e estabelecer seus tratamentos. Assim, teria caráter preventivo e de orientação. Rastrear processos patológicos latentes, como cardiopatia, endocrinopatias e erros posturais, é de extrema importância. A presença do parceiro sexual na primeira consulta traz significativo diferencial. Não havendo possibilidade da presença do parceiro, um familiar também ajuda, dando confiança à gestante. O atendimento deve ser sempre realizado em ambiente que garanta segurança, privacidade e sigilo a gestante e parceiro, com escuta aberta e não julgadora, acolhimento das expectativas, conforto e apoio para resolução de conflitos. Anamnese Deve ser bem elaborada! Identificação: nome da gestante e do acompanhante, idade, etnia, estado civil, profissão, religião, nacionalidade, naturalidade e procedência, escolaridade. ! Nos extremos da vida reprodutiva (adolescência e após os 35 anos), as complicações obstétricas e a mortalidade perinatal são maiores. As gestantes adolescentes (menor que 19 anos) têm maior incidência de anemias, doença hipertensiva específica da gestação, prematuridade, menor adesão ao pré-natal, baixo peso ao nascer e desproporção cefalopélvica. A idade materna acima dos 35 anos está associada à maior incidência de malformações fetais e aneuploidias. Certas doenças apresentam maior incidência em mulheres negras (a exemplo da pré-eclâmpsia e da anemia falciforme). Algumas atividades laborais são consideradas de risco gestacional e fetal. Estatísticas demonstram maior morbimortalidade materna e fetal entre as solteiras. As informações sobre a naturalidade e a procedência podem orientar o médico no sentido de rastrear a possibilidade de enfermidades capazes de influir consideravelmente na gestação (como doença de Chagas, esquistossomose, malária, Zika). HMA: Perguntar sobre a percepção da paciente a respeito de sua saúde atual, sua certeza de gravidez, e buscar eventuais queixas. Principais queixas: Náuseas e vômitos: são queixas comuns na primeira metade da gestação. Recomenda-se refeições em pequenas quantidades e fracionadas. O agravamento do quadro pode provocar desidratação, distúrbio hidroeletrolítico e cetose, o que é chamado hiperêmese gravídica. A terapia farmacológica de primeira linha centra- se na combinação de doxilamina (10 mg) e piridoxina (10 mg). Sialorreia: bromoprida colabora para alguma melhora; a ingesta de alimentos cítricos e gelados pode ajudar bastante. Pirose: na maioria dos casos, os sintomas são leves e aliviados por dieta fracionada e com pequenos volumes, evitando-se a ingesta de alimentos gordurosos, café, chá, mate, além do fumo. Medidas posturais indicadas são: evitar o decúbito horizontal logo após as refeições. O hidróxido de alumínio ou magnésio, isolados ou combinados, são os indicados. Não se administra bicarbonato APG 20 - GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA PRÉ-NATAL Magny Emanuele Lima – Medicina de sódio. Os bloqueadores H2 e os da bomba de prótons podem ser úteis. Constipação intestinal: consumir alimentos que formem resíduo (substâncias ricas em fibras, frutas cítricas, ameixa, mamão) e ingesta liberal de água. Caso a dieta e os exercícios físicos não sejam suficientes, devem-se prescrever laxativos; ou bisacodil, 1 comprimido à noite. Em casos de formação de bolus retoanal, pode-se prescrever sorbitol, 1 frasco por via retal. Varicosidades, edemas e hemorroidas: O tratamento para varizes e edemas geralmente limita-se a repouso periódico com elevação dos membros inferiores, uso de meia-calça elásticas. As varizes vulvovaginais, por vezes, sangram profusamente no parto, obrigando a operação cesariana; o tratamento esclerosante e o cirúrgico estão contraindicados na gravidez. Em caso de hemorroida, combater a constipação intestinal é a melhor maneira de prevenção, assim como evitar o atrito anal com papel higiênico. A dor e o edema em geral são aliviados por anestésicos tópicos, banho de assento. Cefaleia e dor nas costas: As cefaleias comuns são praticamenteuniversais. O paracetamol é adequado na maioria desses casos. As lombalgias em geral respondem bem ao uso de analgésicos, calor local e repouso. Quando necessário, é possível adicionar relaxantes musculares. Cãibras: Incidem, especialmente nos músculos da panturrilha, no 2° ou no 3° trimestre de gravidez, enquanto a paciente dorme ou está apenas deitada. O tratamento que se comprovou relevante foi a administração de cloreto de magnésio. Leucorreia: Durante a gestação, é comum o aumento da secreção vaginal; trata-se de um corrimento branco, leitoso e não produz irritação. Em caso de inflamação por cândida o corrimento está associado à coceira e ocorre dor à micção. O tratamento é feito com nitrato de isoconazol – 1 aplicação intravaginal ao deitar, por 7 noites. A vaginose bacteriana é causa de parto pré-termo. Em geral, o tratamento está reservado às grávidas sintomáticas. O tratamento deve ser oral, preferencialmente com clindamicina, durante 7 dias. A tricomoníase é tratada com metronidazol geleia vaginal – 1 aplicação intravaginal ao deitar, por 10 noites. Polaciúria, tonturas, vertigens, fadiga, sonolência também são comuns. Sempre que haver queixas, questionar: início, tempo de duração, intensidade, ciclicidade e fatores predisponentes. Antecedentes clínicos pessoais e familiares: condições de nascimento e infância, doenças comuns da infância, vacinações, alergias, cirurgias prévias, transfusões de sangue, tratamentos clínicos prévios à gestação e no decorrer da gravidez atual, doenças infectocontagiosas e crônicas, desvios nutricionais, uso crônico de medicamentos prescritos. Entre os antecedentes familiares, identificar se existem familiares hipertensos, diabéticos, com doenças autoimunes, cardiopatas, parentes de primeiro grau que apresentaram pré-eclâmpsia/eclâmpsia, gemelaridade, distócias no parto e doenças infectocontagiosas. Antecedentes ginecológicos e menstruais: inclui a idade da menarca, características dos últimos ciclos menstruais, como periodicidade e duração, tratamentos ginecológicos clínicos e cirúrgicos, métodos de anticoncepção e data do último exame colpocitológico. Saber sobre as parcerias sexuais pode ser um indicativo da necessidade de aprofundar os questionamentos sobre ISTs e os tratamentos já realizados. História obstétrica atual e pregressa: data da última menstruação (DUM), número de gestações e intervalo entre elas, evolução no pré-natal (aborto, diabetes, parto pré-termo, restrição de crescimento intraútero ou baixo peso ao nascer, pré-eclâmpsia/eclâmpsia, anomalias congênitas no recém-nascido, óbito fetal ou neonatal), via do parto e, se cesárea, qual foi a indicação e há quanto tempo foi realizada, tempo do trabalho de parto, condições do recém-nascido e evolução APG 20 - GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA PRÉ-NATAL Magny Emanuele Lima – Medicina neonatal. Quando houver antecedente de abortamento, deve-se avaliar se o evento foi precoce ou tardio, espontâneo ou intencional, e se houve necessidade de intervenção. No caso de gestação ectópica, é importante analisar quais tratamentos foram instituídos. IG a partir da DUM: soma-se o número de dias decorridos entre a DUM e a data que está sendo feita a consulta. Divide o resultado por 7, obtém- se a idade gestacional em semanas. IG a partir da USG: a ultrassonografia no primeiro trimestre é o método mais acurado para estabelecer ou confirmar a idade gestacional. Essa idade é estimada através do comprimento cabeça-nádega. Para as gestações concebidas por tecnologias de reprodução assistida, a idade do embrião ou a data de transferência são usadas para definir a idade gestacional. Alguns fatores podem contribuir para erro de data, como incerteza da DUM, ciclos menstruais irregulares, gestação em uso de anticoncepcionais hormonais ou com intervalo menor que 3 meses da sua suspensão, ou gestação no curso do aleitamento materno. Regra de Naegele para calcular DPP: considera que a gravidez tenha duração média de 280 dias e, como dito, baseia-se na informação fundamentada da DUM. Pode ser feita somando- se 7 dias ao dia da última menstruação e subtraindo-se 3 meses. Definições Nuligesta: mulher que nunca engravidou e não está grávida no momento da consulta. Primigesta: mulher que se encontra atualmente na primeira gestação ou apresenta apenas uma gestação pregressa em sua vida. Multigesta: a partir da segunda gestação, seja ela atual ou pregressa e habitualmente discrimina-se, na terminologia, o número total de gestações da paciente, por exemplo secundigesta para quem já engravidou duas vezes. Nulípara: mulher que nunca tenha tido mais de 20 semanas de gestação. Pode não ter estado grávida, ter sofrido abortamentos espontâneos ou induzidos, ou ter passado por gravidez ectópica. Primípara: mulher que tenha parido uma única vez feto(s) nascido(s) vivo(s) ou morto(s) com idade gestacional estimada de 20 semanas ou mais. Multípara: mulher que tenha completado duas ou mais gestações com 20 semanas ou mais. A grande multípara é a mulher que apresentou mais de cinco gestações com mais de 20 semanas de evolução. A contagem da paridade não depende do número de fetos da gestação, da idade gestacional ou da ocorrência de feto vivo ou morto ao término da gestação. Os perigos para a mãe e para o concepto, na gravidez e no parto, são maiores nas primíparas e naquelas que pariram mais de 4 vezes. Os riscos reprodutivos estão reduzidos quando o intervalo entre os partos é de, no mínimo, 2 anos. Violência doméstica: Está associada a um aumento no risco de diversos eventos adversos perinatais, como parto pré-termo, restrição do crescimento fetal e morte perinatal. É recomendado o rastreamento de violência doméstica desde a primeira consulta de pré-natal; a seguir, pelo menos uma vez a cada trimestre; e novamente na consulta de pós-parto. Esse rastreamento deve ser realizado de forma privada, sem a presença de familiares ou amigos. Deve-se reconhecer as marcas e características do abuso, como hematomas, lesões não usuais, depressão, início tardio do pré-natal, absenteísmo elevado no pré-natal e cancelamento de visitas em cima da hora com justificativas curtas. Nesses casos, o trabalho deve ser coordenado com os serviços sociais. Identificação no uso de tabaco, álcool ou drogas ilícitas: O tabagismo na gestação é uma grande causa de elevadas taxas de abortamento, natimortos, baixo peso ao nascer e parto pré- termo. Também há risco duas vezes maior de APG 20 - GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA PRÉ-NATAL Magny Emanuele Lima – Medicina placenta prévia, descolamento prematuro da placenta e ruptura prematura de membranas em comparação com as não fumantes. O médico deve orientar e oferecer intervenções efetivas às gestantes tabagistas na primeira consulta e em todas as demais do pré-natal. O álcool etílico, é um teratógeno potente que causa uma síndrome fetal caracterizada por restrição do crescimento, anormalidades faciais e disfunção do sistema nervoso central. Mulheres grávidas ou que pretendem engravidar devem se abster de qualquer bebida alcoólica. Estima-se que 10% dos fetos são expostos a uma ou mais drogas ilícitas. Os agentes podem incluir heroína e outros opioides, cocaína, anfetaminas, barbitúricos e maconha. As sequelas bem documentadas são restrição de crescimento fetal, baixo peso ao nascer e síndrome de abstinência logo após o nascimento. Orientações Imunizações: Antes da vacinação, todas as mulheres em idade fértil devem ser avaliadas sobre a possibilidade de estarem grávidas. As vacinas com vírus vivos ou vivos atenuados (rubéola, sarampo, caxumba, pólio-oral [Sabin], varicela, febre amarela) estão contraindicadas na gravidez, devido ao risco teórico ao feto. Mulheresvacinadas com vírus vivos ou vivos atenuados devem ser aconselhadas a evitar a gravidez por pelo menos 1 mês. Vacinas com vírus inativos (hepatites A e B, gripe [inclusive a H1N1], pólio-Sallk, raiva, vacinas bacterianas e toxoides [tétano, difteria]) podem ser aplicadas com segurança. Vacinas obrigatórias na gestação: Dtpa (a partir da 20° semana, com janela ótima para atingir o maior nível de anticorpos para proteger o bebê entre 27 e 36 semanas da gestação). Gripe trivalente, deve ser administrada no período sazonal, que é entre março e junho no Brasil. Mulheres com risco para hepatite B devem ser vacinadas na gravidez (3 doses). As vacinas de sarampo, caxumba, rubéola e varicela, contraindicadas na gravidez, poderão ser administradas no pós-parto. Higiene corporal e bucal: o banho de chuveiro é recomendado; pois o de imersão, quente, prolongado, predispõe a desmaios e vertigens. Irrigações vaginais estão proibidas. Deve ser estimulada uma boa higiene dental. A doença periodontal foi associada a parto pré-termo. As cáries dentárias não são agravadas pela gestação. Os tratamentos dentários não são contraindicados, incluindo as radiografias dos dentes. Vestuário: As roupas devem ser folgadas, confortáveis e compatíveis com o clima. Deve-se estimular o uso de meia-calça elástica de média compressão para gestantes, a fim de evitar as varizes e diminuir a dor por estase nos membros inferiores. Os sapatos mais indicados são os de salto anabela, com solado antiderrapante, pois, ao caminhar, estimulam naturalmente a circulação sanguínea nos membros inferiores. Emprego: Se não houver complicações, a maioria das mulheres poderá continuar trabalhando até o trabalho de parto. Contudo, alguns tipos de trabalho podem aumentar os riscos de complicação na gravidez. Assim, qualquer ocupação que submeta a gestante a esforço físico intenso deve ser evitada. Devem-se garantir períodos adequados de repouso. Deve-se aconselhar as mulheres que tenham tido complicações em gestações anteriores com risco de recorrência a reduzir o trabalho físico. Exercícios físicos: De modo geral, as gestantes não precisam limitar os exercícios, desde que não sejam excessivamente desgastantes e não impliquem risco de lesão. É recomendado que seja feita uma avaliação clínica completa antes de indicar um programa de exercícios. Não havendo as contraindicações, as gestantes devem ser estimuladas a realizar atividade física regular, de intensidade moderada, por pelo menos 150 minutos por semana. Porém, as APG 20 - GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA PRÉ-NATAL Magny Emanuele Lima – Medicina gestantes devem evitar atividades com alto risco de queda ou trauma abdominal. As atividades físicas mais adequadas são as caminhadas, a natação e a hidroginástica. Contraindicações de exercícios Doença significativa cardiovascular ou pulmonar. Risco significativo de trabalho de parto pré-termo: cerclagem, gestação múltipla, sangramento significativo, ameaça de trabalho de parto pré-termo, ruptura prematura de membranas. Complicações obstétricas: pré-eclâmpsia, placenta prévia, anemia, diabetes ou epilepsia mal controlados, obesidade mórbida, restrição de crescimento fetal. Tintura para cabelo, depilação e drenagem linfática: Após o primeiro trimestre, estão liberadas colorações que não contenham chumbo ou amônia. Quanto à depilação com cera e à drenagem linfática, não existem evidências de que possam causar algum tipo de dano se usadas durante a gravidez. Atividade sexual: Na ausência de complicações gestacionais (sangramento, placenta prévia, rotura prematura de membranas ovulares, entre outras), a atividade sexual na gestação não é contraindicada. Uso de automóvel e viagens aéreas: A parte inferior do cinto deve ser colocada abaixo do útero e a superior, entre as mamas e lateralmente ao útero. A Associação Brasileira de Medicina do Tráfego não recomenda que as gestantes dirijam a partir de 36 semanas de gestação, em condições de calor demasiado, quando os pés estão muito edemaciados, na presença de náuseas, vômitos, ameaça de abortamento, hipertensão e hemorragias. Não havendo qualquer complicação clínica ou obstétrica, as grávidas podem viajar com segurança até 36 semanas de gestação. Durante o voo, a gestante deve se manter hidratada, mover os membros regularmente e manter os cintos afivelados abaixo do abdome para se proteger de turbulências inesperadas. Recomenda-se o uso de meias elásticas. Exame físico Deve ser completo na primeira consulta da gestação. Inclui inspeção geral da pele, verificação de mucosas, temperatura, peso, estatura, ausculta cardíaca e respiratória, palpação do pescoço e abdominal e exame das extremidades. Avaliação nutricional: aferição do peso e da altura e o cálculo do índice de massa corpórea (IMC), que permitem conhecer o estado nutricional atual e subsidiar a previsão de ganho de peso até o final da gestação. *Sempre aferir a pressão arterial! Inspeção Cabeça - junto aos limites do couro cabeludo ocorre a formação de lanugem, bastante evidente, o que constitui o sinal de Halban. Em muitas gestantes nota-se uma pigmentação difusa ou circunscrita, mais nítida nas áreas muito expostas à luz (fronte, nariz e região zigomática), de tonalidade escura, que mancha a pele, denominada cloasma ou máscara gravídica. Pescoço – em função da hipertrofia da tireoide, o pescoço apresenta circunferência aumentada, mais evidente por volta do 5° ou 6° mês. Glândula mamária – inspeção estática e dinâmica; palpação das glândulas mamárias, segmento axilar e axila; expressão mamária; identificação de proliferação das glândulas, aumento do volume, edema, vasodilatação (rede venosa de Haller), aumento da pigmentação da aréola primária, aparecimento da aréola secundária, hipertrofia das glândulas sebáceas do APG 20 - GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA PRÉ-NATAL Magny Emanuele Lima – Medicina mamilo (tubérculos de Montgomery), inversão de mamilos. A partir da 16° semana aparece secreção de colostro, percebida pela expressão papilar. Abdome - globoso ou ovoide. A cicatriz umbilical, antes como depressão, torna-se plana e, por vezes, até saliente. Nas multíparas, pode haver a diástase dos retos anteriores. Principalmente nas mulheres de pele mais escura, evidencia-se a linha nigrans. Na gestante, a inspeção também mostra o aparecimento de estrias. Membros inferiores – os membros podem exibir dilatação circunscrita de vasos sanguíneos, exagerados pela influência da gestação, ou mesmo varizes aumentadas. No fim da gravidez, observa-se edema. Sistema genital externo - pigmentação da pele mostra-se mais carregada, formando-se uma aréola escura em torno do ânus. A mucosa de rosada torna-se violácea ou azulada. Essas alterações são percebidas muito precocemente no vestíbulo e nas proximidades do meato urinário (sinal de Jacquemier-Chadwick). Palpação Altura uterina: tem o objetivo de avaliar o crescimento fetal de acordo com a idade gestacional, diagnosticar crescimentos excessivos ou inadequados. Com 12 semanas, a altura uterina está na sínfise púbica; com 16 semanas, está entre a sínfise púbica e a cicatriz umbilical; com 20 semanas, está na altura da cicatriz umbilical; Entre 20 semanas e 32 semanas, existe correlação entre a idade gestacional e a medida da altura uterina. Dessa forma, podemos diagnosticar patologias quando a altura uterina é maior que a idade gestacional (polidrâmnio, gemelar, macrossomia, moléstia trofoblástica gestacional, erro de data), ou quando é menor que a idade gestacional (oligoâmnio, restrição de crescimento intrauterino, erro de data, tabagismo, óbito fetal). Técnica: Solicitar a gestante o esvaziamento vesical prévio; posicionar a gestanteem decúbito dorsal, com o abdome descoberto; delimitar a borda superior da sínfise púbica e o fundo uterino; fixar a extremidade inicial (0 cm) da fita métrica, na borda superior da sínfise púbica, passando-a entre os dedos indicador e médio. proceder à leitura quando a borda cubital da mão atingir o fundo uterino; anotar a medida (em centímetros) na ficha e no cartão, marcando o ponto na curva da altura uterina. Consistência uterina: A palpação indicará consistência uterina elástico-pastosocística, característica do amolecimento da parede uterina. Percebem-se, durante a gestação, as contrações de Braxton-Hicks. Regularidade da superfície uterina: pela palpação pode-se reconhecer a superfície lisa e regular da parede do útero grávido normal ou a presença de nódulos e saliências, sugestivos de tumores miomatosos. Conteúdo uterino: para sistematizar a técnica da palpação, são consideradas as suas diversas fases - Manobras de Leopold-Zweifel: Primeiro tempo (situação): Delimita-se o fundo do útero com ambas as mãos deprimindo a parede abdominal com as bordas cubitais. As mãos dispõem-se encurvadas, procurando reconhecer, com a face palmar, o contorno do fundo do útero e a parte fetal que o ocupa. Na maioria dos casos, sente-se aí o polo pélvico ou o polo cefálico se o feto estiver em situação longitudinal, se estiver em situação transversal o fundo estará livre. Segundo tempo (posição): procura-se deslizar as mãos a partir do fundo uterino em direção ao polo APG 20 - GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA PRÉ-NATAL Magny Emanuele Lima – Medicina inferior do órgão, buscando-se sentir o dorso fetal e as pequenas partes ou membros. Essa manobra tem como objetivo determinar a posição fetal e pode até ajudar a identificar o melhor foco de ausculta dos batimentos cardíacos do feto (dorso). Terceiro tempo (apresentação): avalia a mobilidade do polo fetal inferior em relação ao estreito superior da bacia materna, determinando assim a apresentação fetal. Para isso o examinador precisa apreender o polo entre o polegar e o dedo médio da mão direita, realizando movimentos de lateralidade para indicar o grau de penetração da apresentação na bacia. Quando o polo fetal está alto e móvel durante o exame, o polo balança facilmente de um lado para outro. Agora, se o polo estiver mais insinuado, se encontrará fixo. Na maioria dos casos, sente-se aí o polo cefálico, verifica-se um corpo de superfície regular, resistente e irredutível, com duas regiões características, o occipital e a fronte. No caso de aí estar o polo pélvico, será mais volumoso que a cabeça, esferoide, de superfície irregular e resistente, mas redutível. Quarto tempo (insinuação): a única manobra realizada com as costas do examinador voltada para a cabeça da paciente. Nesse tempo, o examinador precisa posicionar suas mãos sobre as fossas ilíacas, aprofundando-as na pelve como se estivesse “escavando”, indo em direção ao hipogástrio, à procura do polo fetal inferior. Assim como no primeiro tempo, ao achar o polo inferior, é necessário determinar através das características qual é a parte fetal localizada. Ausculta Objetivo: constatar, a cada consulta, a presença, o ritmo, a frequência e a normalidade dos BCF. A ausculta dos BCFs é mediante ao sonar Doppler, que pode ser empregado a partir de 10 a 12 semanas. É normal a frequência cardíaca fetal entre 120 e 160 bpm. O polidrâmnio, a grande espessura da parede abdominal, a implantação anterior da placenta, a obesidade e a contração uterina podem dificultar a ausculta. Procurar o ponto de melhor ausculta dos BCF na região do dorso fetal. Na apresentação cefálica, ele estará abaixo da cicatriz umbilical; na apresentação pélvica acima da cicatriz umbilical; na situação transversa, estará na direção da cicatriz umbilical. Controlar o pulso da gestante para certificar-se de que os batimentos ouvidos são os do feto, já que as frequências são diferentes; APG 20 - GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA PRÉ-NATAL Magny Emanuele Lima – Medicina Contar os BCF por 1 minuto, observando sua frequência e ritmo; Registrar os BCF na ficha perinatal e no cartão da gestante; Avaliar os resultados da ausculta dos BCF Toque O toque vaginal deve ser reduzido ao mínimo de vezes necessário. Pode ser unidigital, bidigital ou manual (excepcional). É de boa técnica fazer o toque vaginal na paciente com a bexiga e o reto esvaziados, com as mãos rigorosamente lavadas e revestidas de luvas esterilizadas, estando a paciente em posição litotômica ou ginecológica. Durante a gestação, o toque combinado torna possível definir o volume uterino quando o órgão ainda não se encontra acessível à palpação abdominal, sendo importante para o diagnóstico da gestação. Exame especular Deve ser realizado na primeira consulta de pré- natal e sempre que houver queixa de perda de líquido amniótico, sangue ou leucorreia. Por meio dele, verificam-se as características da parede vaginal e do colo uterino, bem como a presença de mácula rubra ou pólipos cervicais, que, muitas vezes, são causas de sangramento na gestação. Bastante frequente na gestação pelo PH ácido e hiperestrogenismo, a candidíase caracteriza-se por conteúdo vaginal branco, grumoso, aderido às paredes vaginais. A vaginose bacteriana por conteúdo vaginal branco acinzentado e bolhoso resulta em teste das aminas positivo; já a tricomoníase apresenta-se como conteúdo amarelado, bolhoso e profuso. Uma vez diagnosticadas, devem ser tratadas. A citologia oncótica deve ser realizada se a gestante não a tiver feito recentemente. Qualquer lesão cervical, vaginal ou vulvar suspeita deve sugerir colposcopia e biópsia, se indicado. Exames complementares Solicita-se na primeira consulta de pré-natal: tipo sanguíneo ABO e fator Rh, Pesquisa de anticorpos irregulares, hemograma, sorologias para rubéola, toxoplasmose, hepatites B e C, sífilis e para vírus da imunodeficiência humana (HIV), glicemia em jejum, hormônio estimulante da tireoide (TSH), urina tipo I, urocultura, protoparasitológico de fezes (três amostras), colpocitologia oncótica (Papanicolaou), cultura de estreptococo do grupo B e ultrassonografia. Tipagem ABO e fator Rh: Se a gestante for Rh- negativo, é imprescindível identificar o tipo sanguíneo do parceiro. Se o parceiro também for Rh-negativo, a pesquisa é encerrada, se Rh- positivo, deve-se solicitar o Coombs indireto. Se o resultado for negativo, é preciso repetir o exame mensalmente a partir de 20 semanas. Se for positivo é seguido o protocolo de aloimunização Rh. Quando o tipo sanguíneo do parceiro é desconhecido, a propedêutica é a mesma realizada em caso de parceiro Rh-positivo. Hemograma: Considera-se o valor de hemoglobina (Hb) maior ou igual a 11g/dl como ausência de anemia na gravidez; entre 11 e 8 g/dl como anemia leve a moderada; e menor de 8 g/dl como anemia grave. Neste caso, recomenda-se que a paciente seja acompanhada no pré-natal de alto risco. Na gestação, é esperada leucocitose à custa do aumento dos neutrófilos, com a contagem total de leucócitos não excedendo 14.000/mm. É esperada uma queda discreta no número de plaquetas como consequência da hemodiluição. Glicemia em jejum e teste de tolerância a glicose oral de 75mg: Valores de glicemia em jejum abaixo de 92 mg/dL são considerados normais. Nesse caso, recomenda-se a aplicação universal do teste de tolerância à glicose oral de 75 g entre 24 e 28 semanas. Os valores de normalidade da curva glicêmica são: jejum: < 92 mg/dL, 1 hora APG 20 - GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA PRÉ-NATAL Magny Emanuele Lima – Medicina após sobrecarga: < 180 mg/dL e 2 horas após sobrecarga: < 153 mg/dL. Valores de glicemia em jejum entre 92 e 125 mg/dL definem o diagnóstico de diabetesmellitus gestacional, enquanto valores de 126 mg/dL ou maiores determinam o diagnóstico de diabetes não diagnosticado previamente à gravidez. Nessa situação, solicita- se a hemoglobina glicada (HbA1C) com os objetivos de avaliar o risco de malformação fetal e confirmar o diagnóstico de diabetes mellitus. Caso a HbA1C apresente valores superiores a 6,5%, confirma-se o diagnóstico. TSH: O rastreamento para tireoidopatias na gestação é realizado com dosagem de hormônio estimulante da tireoide (TSH). Caso haja alteração, a pesquisa é complementada com dosagem de tiroxina (T4). Consideram-se níveis de TSH abaixo de 2,00 como normais durante a gravidez. Sorologia sífilis: O risco de acometimento fetal varia de 70 a 100%, dependendo da fase de infecção da gestante, bem como do trimestre da gestação. O diagnóstico de sífilis no início do terceiro trimestre permite o tratamento até 30 dias antes do parto, que é o tempo mínimo para considerar o recém-nascido tratado intra útero. O diagnóstico pode ser feito com exames não treponêmicos, sendo o mais utilizado o VDRL, assim como testes treponêmicos, como o FTAAbs. O Ministério da Saúde preconiza o rastreamento pelo VDRL e, se positivo, indica a realização do FTA-ABs para confirmação. Se o FTA-ABs for negativo, deve-se investigar colagenoses. O VDRL é um teste rápido e tem baixo custo. Sorologia toxoplasmose: investigação inicia-se pela detecção dos anticorpos IgG e IgM por meio do método Elisa. Para gestantes suscetíveis (IgG e IgM negativas), deve orientar medidas de prevenção e repetir sorologia no próximo trimestre. Gestantes com pesquisa de IgG positiva e IgM negativa são consideradas imunes e não necessitam da repetição do exame. A infecção aguda é caracterizada pela soroconversão das imunoglobulinas em pacientes suscetíveis, sendo necessário encaminhamento das pacientes para tratamento e acompanhamento em serviço especializado. HIV: é realizado pelo método Elisa, que detecta anticorpos para HIV. Segundo o Ministério da Saúde, o resultado positivo no Elisa exige coleta de segunda amostra. Somente quando novamente positivo na segunda amostra, é realizado o exame de Western Blot para confirmação diagnóstica. Diante do resultado positivo, a gestante será acompanhada pelo especialista conforme protocolo. Diante de resultado negativo, o exame é repetido obrigatoriamente no terceiro trimestre, independentemente de qualquer situação de risco, visando aos cuidados pré e pós-parto. Hepatite B: o rastreamento do vírus da hepatite B é feito na primeira consulta de pré-natal, pela dosagem de HBsAg. Se negativo, repete-se no terceiro trimestre; se positivo, faz-se a pesquisa dos outros antígenos e seus respectivos anticorpos. Hepatite C: o rastreamento reserva-se às gestantes de risco, que são: as usuárias de drogas injetáveis, presidiárias, mulheres HIV positivas ou com parceiros HIV positivos, mulheres expostas a hemoderivados ou que receberam transfusão de sangue, bem como gestantes com alteração da função hepática, com múltiplos parceiros ou tatuadas. Rubéola: Gestante com IgG positivo significa contato prévio com esse vírus, e o risco de transmissão vertical é mínimo. Gestantes com IgG negativo são suscetíveis e, portanto, devem ser vacinadas após o parto. O MS não estabelece o rastreamento de rotina para a rubéola durante a gravidez. Urina tipo 1 e urocultura: São avaliadas as características gerais, a presença de elementos anormais e a microscopia do sedimento. A urocultura solicitada na primeira consulta tem por objetivo o rastreamento da bacteriúria assintomática, condição que deve ser tratada em gestantes. Protoparasitológico de fezes: identificará os protozoários e parasitas para que se proceda ao tratamento adequado, se possível ainda na APG 20 - GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA PRÉ-NATAL Magny Emanuele Lima – Medicina gravidez, segundo o permitido pelo protocolo específico. Colpocitologia oncótica: pode ser colhida rotineiramente na primeira consulta, independentemente de outras queixas e sem riscos para a gestação. Essa coleta permite que o obstetra observe se há ectopia ou outras lesões cervicais, vaginais ou vulvares. Cultura para estreptococo do grupo B: Trata-se de bactéria que faz parte da flora vaginal e intestinal e que se associa ao aumento da morbimortalidade perinatal. Pode ser transmitida ao recém-nascido durante o parto, levando a pneumonia, meningite e septicemia. A pesquisa é feita com material coletado por swab no introito vaginal e perianal. O exame deveria ser realizado para todas as gestantes entre 35 e 37 semanas de gestação para que seja realizada profilaxia da infecção neonatal antes do parto. Ultrassonografias: Entre os principais benefícios estão a datação correta da gestação, o diagnóstico da gestação não evolutiva, o diagnóstico precoce da gestação múltipla, a detecção de malformações fetais, o diagnóstico das alterações placentárias, do cordão umbilical e do crescimento fetal. US obstétrica transvaginal: até 10 semanas; US morfológica do 1° trimestre: Deve ser realizada entre 11ª e 14ª semanas, de preferência na 12ª semana, com o objetivo de detectar a síndrome de Down (89%) e a trissomia do 18 (95%). Com transluscência nucal. A avaliação por ultrassonografia do osso nasal eleva o índice de detecção de síndrome de Down para cerca de 95%. US morfológica do 2° trimestre: deve ser realizado entre 20ª e 24ª semana, preferencialmente na 22ª semana. Faz dopplerfluxometria das artérias renais e avalia colo uterino por via vaginal. Tem como finalidade avaliar problemas físicos, cardíacos e renais. O estudo do fluxo das artérias uterinas maternas tem como objetivo identificar pacientes com risco de desenvolvimento de pré-eclâmpsia grave, assim como de identificar fetos com maior risco de crescimento intrauterino restrito. O objetivo de avaliar a medida do colo uterino é estimar o risco de parto prematuro. Um colo de tamanho normal tem mais de 25 mm; valores abaixo disso aumentam o risco relativo de parto prematuro em 7,7 vezes. US obstétrica com dopplerfluxometria: Deve ser realizado entre 34 e 36 semanas e tem como objetivo avaliar o crescimento fetal, a quantidade de líquido amniótico e a placenta de acordo com o tempo de gestação. Nutrição gestacional O estado nutricional da mulher deve ser avaliado, idealmente, no período pré-concepcional. A incidência de complicações na gestação é maior nos extremos do ganho de peso. O ganho inferior ao ideal para a faixa de IMC está associado à restrição do crescimento fetal e ao parto prematuro. A obesidade está associada a riscos significativamente maiores de hipertensão gestacional, pré-eclâmpsia, diabetes gestacional, macrossomia, parto cesáreo e outras complicações. Macronutrientes Calorias: a gravidez exige 80.000 kcal adicionais, principalmente nas últimas 20 semanas. No primeiro trimestre não há necessidade de aumento dessa ingesta. As recomendações de aumento de calorias ingeridas no segundo e no terceiro trimestres são de 340 kcal/dia e 452 kcal/dia, respectivamente. Proteínas Há recomendação de ingesta proteica de 1,1 g/kg/dia nas gestantes, uma vez que a unidade APG 20 - GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA PRÉ-NATAL Magny Emanuele Lima – Medicina feto-placentária consome aproximadamente 1 kg de proteínas durante a gestação. Carboidratos A recomendação diária de consumo de carboidratos aumenta de 130 g/dia para 175 g/dia, em função das necessidades fetais. Lipídios A ingesta de ácidos graxos poli-insaturados de cadeia longa tem mostrado efeitos benéficos no desenvolvimento neurológico e ocular dos recém- nascidos, devendo ser usada no último trimestre da gravidez, sob a forma de alimentação baseada em peixes oleaginosos, com baixacontaminação mercurial ou mesmo comprimidos, contendo ômega 3 e a ômega 6. Micronutrientes Ferro As necessidades de ferro impostas pela gravidez e pela excreção materna são de cerca de 7 mg/dia. Poucas mulheres têm reservas ou ingestão de ferro suficientes para suprir tal quantidade. Os sais de ferro, provenientes apenas da dieta, passam a ser insuficientes após 20 semanas para a maioria das gestantes. Nesse caso, recomenda- se sua suplementação desde 16 semanas de gestação até 8 semanas após o parto. É recomendada a suplementação de 40-60 mg/dia de ferro elementar, que corresponde a 200- 300 mg de sulfato ferroso. Iodo A ingesta recomendada é de 220 μg/dia. Recomenda-se o consumo de farinhas e sal iodados. A deficiência grave de iodo na gestante predispõe ao cretinismo endêmico, caracterizado por distúrbios neurológicos múltiplos e graves. Zinco A deficiência grave de zinco pode levar a perda de apetite, crescimento menor que o ideal e deficiência na cicatrização de feridas. Durante a gravidez, a ingestão diária recomendada é de cerca de 12 mg. Cálcio Estudos apontaram para a diminuição na incidência da pré-eclâmpsia com a suplementação de cálcio em áreas de baixa ingesta. A suplementação de 600 mg/dia só é recomendada para gestantes que não consumam produtos lácteos. Ácido fólico O fechamento do tubo neural se dá ao redor da 6ª semana de gestação, e existem evidências de que o ácido fólico é essencial na prevenção dos defeitos de fechamento de tubo neural, como espinha bífida ou meningomielocele. Na população de baixo risco recomenda-se a dose diária de 0,4mg = 400 mg/dia de ácido fólico. Nas populações de alto risco para DTN, a dose é de 4 mg/dia. Seu uso deve ser iniciado um mês antes da gravidez e continuado até a 12ª semana gestacional. Vitamina A Sua ausência/deficiência está relacionada a abortamento, microcefalia, distúrbios oculares e da visão fetal. A dose diária recomendada é de 2700 ui. Seu suplemento diário, em doses menores que 10.000 ui, está relacionado à redução na anemia materna e à cegueira noturna. Doses diárias maiores que 10.000 ui podem ser teratogênicas. Outras As gestantes veganas necessitam de maiores doses de suplementação de vitaminas B12 e D. A vitamina B6 é recomendada para gestantes com nutrição inadequada. A necessidade de vitamina C na gestação é de 80 a 85 mg/dia e pode ser obtida pela alimentação. Estratificação de risco no pré-natal A estratificação de risco gestacional deve ser atualizada em todos os atendimentos programados e sempre que for identificada nova situação. A estratificação de risco gestacional é definida a partir de fatores de risco, sendo agrupada de acordo com: APG 20 - GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA PRÉ-NATAL Magny Emanuele Lima – Medicina Condições individuais e socioeconômicas e familiares. História reprodutiva anterior. Condições e intercorrências, clínicas ou obstétricas, na gestação atual. SINAIS DE ALERTA
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