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Vigas de Concreto Armado II-1 3.) Resistências caracteŕıstica e de projeto para Concreto e Aço 3.1) CONCRETO • aglomerante, agregados, água • Resistência caracteŕıstica fck • Resistência de cálculo fcd = fck γc γc = coeficiente de minoração estabelecido pela NBR-6118(γc = 1, 4) • Tensão de cálculo σcd = 0, 85fcd • Deformação limite na compressão εcd = 3, 5 o/o o • Módulo de Elasticidade (Young) Ec = 0, 85 x 5600 √ fck (MPa) • Coeficiente de Poisson (nu) ν = 0, 2 Sistemas Estruturais I Guido Damilano, Ph.D. – 2019 Vigas de Concreto Armado II-2 3.2) AÇOS PARA C.A. • tipos usuais: CA-25 → 25 kgf/mm2 CA-50 → 50 kgf/mm2 CA-60 → 60 kgf/mm2 • Resistência caracteŕıstica fyk • Resistência de cálculo fyd = fyk γs γs = coeficiente de minoração estabelecido pela NBR-6118(γs = 1, 15) • Deformação limite na tração εsd = 10, 0 o/o o • Módulo de Elasticidade (Young) Es = 210 (GPa) • Coeficiente de Poisson (nu) ν = 0, 3 Sistemas Estruturais I Guido Damilano, Ph.D. – 2019 Vigas de Concreto Armado II-3 3.3) CONCRETO ARMADO A ADERÊNCIA, que ocorre entre o concreto e o aço, é a caracteŕıstica fundamen- tal do Concreto Armado (C.A.). A RETRAÇÃO do concreto, durante o processo de cura, aumenta ainda mais a ADERÊNCIA. • Pesos espećıficos: Concreto → 2400 kgf/m3 Concreto Armado → 2500 kgf/m3 Sistemas Estruturais I Guido Damilano, Ph.D. – 2019 Vigas de Concreto Armado II-4 4.) Estado Limite Último para peças em Concreto Armado (CA) Estado Limite Último (E.L.U.) – ruptura do concreto por compressão (εcd = 3, 5 o/o o), ou deformação plástica excessiva da armadura tracionada (εsd = 10 o/o o). Assim, o E.L.U. ocorrerá em uma das seguinte situações: • εcd = 3, 5 o/o o e εsd < 10 o/o o • εcd = 3, 5 o/o o e εsd = 10 o/o o • εcd < 3, 5 o/o o e εsd = 10 o/o o Sistemas Estruturais I Guido Damilano, Ph.D. – 2019 Vigas de Concreto Armado II-5 5.) Flexão Simples 5.1) Armaduras longitudinais simples e dupla para vigas de seção retangular 5.1.1) Classificação das Seções quanto ao tipo de colapso Diagrama de Deformações concreto–aço. • bw – largura da seção transversal • h – altura da seção transversal Sistemas Estruturais I Guido Damilano, Ph.D. – 2019 Vigas de Concreto Armado II-6 • As – área da armadura de tração • A′s – área da armadura de compressão • A′c – área da seção transversal sob compressão • d – altura útil da seção transversal → distância entre as fibras mais comprimidas da seção e o CG da armadura de tração As • d′ – distância entre as fibras mais comprimidas da seção e o CG da armadura de compressão A ′ s • εcd – deformação de compressão do concreto • εscd – deformação de compressão do aço • εsd – deformação de tração do aço • L.N. – Linha Neutra • x – posição da linha neutra a partir das fibras mais comprimidas Do diagrama de deformação concreto–aço tira-se uma relação entre dados geométricos da seção (x e d) e as deformações que, por conseguinte, estão relacionadas com as propriedades dos materiais, a saber: Sistemas Estruturais I Guido Damilano, Ph.D. – 2019 Vigas de Concreto Armado II-7 Por semelhança de triângulos tem-se: x d− x = εcd εsd que resulta em: x d = 1 1 + εsdεcd Chamando x d = kx Então: kx = 1 1 + εsd εcd Assim, kx é o coeficiente que relaciona dados geométricos da seção (x e d) e grandezas que dependem das propriedades dos materiais (εsd e εcd). Sistemas Estruturais I Guido Damilano, Ph.D. – 2019 Vigas de Concreto Armado II-8 Quanto ao tipo de colapso, as Seções classificam-se em: • Seções Normalmente Armadas ou Seções Limite • Seções Sub-armadas • Seções Super-armadas Sistemas Estruturais I Guido Damilano, Ph.D. – 2019 Vigas de Concreto Armado II-9 5.1.1.1) Seções Normalmente Armadas ou Seções Limite O ELU ocorre por ruptura do concreto (εcd = 3, 5 o/o o). A armadura encontra-se tracionada no ińıcio do escoamento (εsd = εyd). (O ińıcio de escoamento do aço ocorre na deformação εyd). Neste caso, tem-se: x = xlim → kx = kxlim kxlim = 1 1 + εyd 3,5 o/oo Sistemas Estruturais I Guido Damilano, Ph.D. – 2019 Vigas de Concreto Armado II-10 Substituindo-se na equação anterior, para kxlim, os valores de εyd (deformação de escoamento) para cada tipo de aço usado em C.A., tem–se: Aço εyd ( o/oo ) kxlim CA–25 1,04 0,7709 CA–50 2,07 0,6284 CA–60 4,48 0,4386 Da tabela, tira-se que o valor máximo posśıvel para kxlim é 0, 7709, quando se usa o aço CA–25. Sistemas Estruturais I Guido Damilano, Ph.D. – 2019 Vigas de Concreto Armado II-11 5.1.1.2) Seções Sub-Armadas O ELU ocorre por ruptura do concreto com a armadura tracionada já em fase de escoamento. Há duas possibilidades: • Domı́nio 2: εsd = 10 o/o o e εcd < 3, 5 o/o o • Domı́nio 3: εyd < εsd < 10 o/o o e εcd = 3, 5 o/o o Para ambos os domı́nios x < xlim → kx < kxlim Sistemas Estruturais I Guido Damilano, Ph.D. – 2019 Vigas de Concreto Armado II-12 5.1.1.3) Seções Super-Armadas O ELU ocorre por ruptura do concreto (εcd = 3, 5 o/o o) antes da armadura tracionada atingir o ińıcio do escoamento. Para este caso x > xlim → kx > kxlim Sistemas Estruturais I Guido Damilano, Ph.D. – 2019 Vigas de Concreto Armado II-13 5.1.2) Seções Retangulares com Armadura Simples 1. Equações Gerais A área comprimida da seção é dada pela relação A ′ c = bwy. A tensão de compressão no concreto é dada por σcd = 0, 85fcd, e a correspondente resultante de compressão é Rcc. Da mesma forma, a tensão de tração no aço é dada por σsd, e a correspondente resultante de tração é Rst. Sistemas Estruturais I Guido Damilano, Ph.D. – 2019 Vigas de Concreto Armado II-14 O momento fletor de cálculo é dado por Md = γfMk sendo γf o coeficiente de majoração (usualmente γf = 1, 4) • Equações de Equiĺıbrio ΣFH = 0 → Rcc = Rst ΣM = 0 → γfMk = ZRcc • Compatibilidade de deformações kx = x d = 1 1 + εsd εcd • Coeficiente k6 Do equiĺıbrio de momentos: γfMk = ZRcc (1) Sendo: Z = d− 0, 5y = d− 0, 4x Como: x = kxd → Z = d− 0, 4kxd = d(1− 0, 4kx) Sistemas Estruturais I Guido Damilano, Ph.D. – 2019 Vigas de Concreto Armado II-15 A resultante Rcc é dada por Rcc = [0, 85 fcd] [bw y] Ou seja, Rcc = [0, 85 fck γc ] [bw 0, 8 x] E, como: x = kxd → Rcc = 0, 85 fckγc bw 0, 8 kx d Que resulta: Rcc = 0, 68 kx fck γc bw d Substituindo Z e Rcc na equação (1): γf Mk = [d (1− 0, 4 kx)] [0, 68 kx fck γc bw d] (2) Rearranjando os termos da equação (2): bw d 2 γc γf Mk = 1 (1− 0, 4 kx) 0, 68 kx fck E multiplicando-se ambos os termos por 1, 4 x 1, 4 = 1, 96 (1, 4/γc) bw d 2 (γf/1, 4) Mk = 1, 96 (1− 0, 4 kx) 0, 68 kx fck Sistemas Estruturais I Guido Damilano, Ph.D. – 2019 Vigas de Concreto Armado II-16 Definindo: k6 = 1,96 (1−0,4 kx) 0,68 kx fck (3-a) E, obviamente: k6 = (1,4/γc) bw d 2 (γf/1,4) Mk (3-b) Da equação (3-a) obtém-se a equação de 2o grau: kx 2 − 2, 5 kx + 7, 2059 k6 fck = 0 (4) que apresenta duas ráızes. No entanto, a única ráız que interessa neste caso é aquela dada por: kx = 1, 25− √ 1, 5625− 7,2059k6 fck (5) (Lembre-se que o máximo valor posśıvel para kxlim é 0,7709) Sistemas Estruturais I Guido Damilano, Ph.D. – 2019 Vigas de Concreto Armado II-17 A solução da equação (5) pode apresentar 3 possibilidades: kx ≤ kxlim → Armadura Simples kx > kxlim kx = N oComplexo } → ArmaduraDupla • Coeficiente k3 Usando-se a equação de equiĺıbrio de momentos γf Mk = Z Rcc combinada com a equação de equiĺıbrio de forças Rcc = Rst Pode-se escrever γf Mk = Z Rst (6) Sendo: Z = d (1− 0, 4 kx) E: Rst = σsd As Tem-se: γf Mk = [d (1− 0, 4 kx)][σsd As] Sistemas Estruturais I Guido Damilano, Ph.D. – 2019 Vigas de Concreto Armado II-18 Isolando-se a incógnita As: As = 1 σsd (1− 0, 4 kx) γf Mk d Multiplicando-se o lado direito da equação por 1,41,4: As = 1, 4 σsd (1− 0, 4 kx) γf 1, 4 Mk d Definindo-se k3 =1, 4 σsd (1− 0, 4 kx) Melhor uso se faz da capacidade do aço quando a tensão considerada for a tensão de cálculo, ou seja, σsd = fyd. Assim: k3 = 1,4 fyd (1−0,4 kx) (7) E a área de armadura será calculada pela expressão As = k3 γf 1,4 Mk d (8) Sistemas Estruturais I Guido Damilano, Ph.D. – 2019 Vigas de Concreto Armado II-19 A tabela, a seguir, apresenta as tensões caracteŕısticas e as tensões de cálculo para os aços usados em C.A. Aço fyk (tf/cm 2) fyd (tf/cm 2) CA–25 2,50 2,17 CA–50 5,00 4,35 CA–60 6,00 5,22 É importante esclarecer que somente os valores em módulo de Mk devem ser usados nas equações. Os sinais + ou − apenas indicam a região da viga que sofre esforços de tração. Sistemas Estruturais I Guido Damilano, Ph.D. – 2019 Vigas de Concreto Armado II-20 A tabela, a seguir, apresenta as espessuras usuais de cobrimento para proteção das barras de aços usadas em C.A. contra a oxidação e outros efeitos nocivos, de acordo com a agressividade do meio onde se localizará a estrutura a ser constrúıda (Ver NBR-6118). Classe Cobrimento Nominal (mm) de agressividade Lajes Vigas/Pilares I 20 25 II 25 30 III 35 40 IV 45 50 Sistemas Estruturais I Guido Damilano, Ph.D. – 2019 Vigas de Concreto Armado II-21 Assim estima-se a altura útil da seção de uma viga pela expressão: d = h− c sendo: d = altura útil h = altura total da seção c = cobrimento nominal Observe, na figura acima, a diferença entre a altura útil real e a estimada. Sistemas Estruturais I Guido Damilano, Ph.D. – 2019 Vigas de Concreto Armado II-22 • Armadura longitudinal mı́nima As seções dimensionadas com armadura simples devem receber, na região de compressão, uma armadura mı́nima, dada pela expressão: Asmin = ρmin Ac sendo: Ac = bw h e ρmin obtido da tabela abaixo ρmin (%) Forma da Seção fck do Concreto (MPa) 20 25 30 35 40 45 50 Retangular 0,150 0,150 0,173 0,201 0,230 0,259 0,288 T (compressão no mesa) 0,150 0,150 0,150 0,150 0,158 0,177 0,197 T (tração no mesa) 0,150 0,150 0,153 0,178 0,204 0,229 0,255 Circular 0,230 0,288 0,345 0,403 0,460 0,518 0,575 Sistemas Estruturais I Guido Damilano, Ph.D. – 2019 Vigas de Concreto Armado II-23 • Armadura longitudinal máxima Asmax = 4% Ac sendo: Ac = bw h Sendo AsTOTAL a soma de todas as áreas de armaduras longitudinais na seção, ou seja: AsTOTAL = As + Asmin → Armadura Simples AsTOTAL = Asmin + Asmin → Armadura Simples ou AsTOTAL = As + As ′ → ArmaduraDupla Tem-se que, obrigatoriamente AsTOTAL ≤ Asmax ou Asmax ≥ AsTOTAL Sistemas Estruturais I Guido Damilano, Ph.D. – 2019 Vigas de Concreto Armado II-24 Exemplos: 1. Calcule a armadura As de tração para uma seção sujeita ao momento fletor positivo de 414, 00 tf.cm, sendo conhecidos: γc = γf = 1, 4, fck = 200 kgf/cm 2, aço CA-50; a seçã tem dimensões bw = 0, 20 m e h = 0, 40 m com o cobrimento da armadura igual a 2, 0 cm. Solução: → considera–se a altura útil como d = h− cobrimento = 40− 2 = 38 cm → Para aço CA-50 fyd = 4, 35 tf/cm2 10 PASSO Cálculo do coeficiente k6: k6 = (1, 4/γc) bw d 2 (γf/1, 4) Mk = (1, 4/1, 4) x 20 x 382 (1, 4/1, 4) x 414 = 69, 7585 cm2/tf 20 PASSO Cálculo do coeficiente kx: kx = 1, 25− √ 1, 5625− 7, 2059 k6 fck = 1, 25− √ 1, 5625− 7, 2059 69, 7585 x 0, 200 = 0, 2273 Como kx = 0, 2273 < kxlim = 0, 6284 =⇒ Armadura Simples!!! Sistemas Estruturais I Guido Damilano, Ph.D. – 2019 Vigas de Concreto Armado II-25 30 PASSO Cálculo do coeficiente k3: k3 = 1, 4 fyd (1− 0, 4 kx) = 1, 4 4, 35 (1− 0, 4x0, 2273) = 0, 3540 cm2/tf 40 PASSO Cálculo da armadura As: As = k3 ( γf 1, 4 ) ( Mk d ) = 0, 3540 ( 1, 4 1, 4 ) ( 414, 00 38 ) = 3, 8567 cm2 Duas verificações necessariamente têm que ser realizadas: 1. Armadura mı́nima Asmin = ρmin Ac = 0, 150% x (20 x 40) = 1, 20 cm 2 Como Asmin < As (a armadura calculada), a armadura total na seção será: AsTOTAL = As + Asmin = 5, 0567 cm2 2. Armadura máxima Asmax = 4% Ac = 4% x (20 x 40) = 32, 00 cm 2 Como AsTOTAL < Asmax as armaduras empregadas na seção são aquelas calculadas e representadas na figura esquemática ao lado. Sistemas Estruturais I Guido Damilano, Ph.D. – 2019