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Diagnóstico bucal FLASHCARDS daAlém Odont Sabrina Nascimento Ribeiro Odontologia UFS Lagarto Materais com fins educativos. Não repassar sem a devida autorização. GRATUITO, consequentemente está proibido à venda. ANAMNESE ❖ Exame clínico = conjunto de procedimentos que devem ser realizados de forma disciplinada com o objetivo de chegar ao diagnóstico. ● Etapas do exame: 1. anamnese ou entrevista dialogada 2. exame físico ❖ Anamnese = etapa onde, por meio de uma conversa orientada a partir de alguns tópicos, obtemos informações relacionadas à história de vida do paciente e os aspectos subjetivos relacionados a doença em questão. ● Muito importante para que exista uma relação de confiança entre o paciente e o profissional. ● Esta deve ser realizada em um espaço que permita privacidade, calma, conforto e ausência de interrupções. ● Recomenda-se que os interlocutores (paciente e profissional) sentem se no mesmo nível para facilitar o contato visual frente a frente. Nesta fase inicial do exame, o profissional deve estar sem máscara. ● Expressões de aborrecimento, julgamento, impaciência e espanto devem ser evitadas. ● Respostas negativas devem ser apontadas de forma explícita. Por exemplo: se o paciente não tem histórico de alergia, deve-se colocar no tópico alergia: “Nega alergias”. Neste caso, o espaço deixado em branco pode ser interpretado como “essa pergunta não foi realizada. Um espaço vazio ou com um traço não deixa claro se a pergunta foi feita ou se a resposta foi “nunca tive”. ❖ DADOS A SEREM ABORDADOS: 1. Dados de identificação: ➢ Nome, números de contato telefônico, endereço, idade, sexo, raça e ocupação. 2. Queixa principal: ➢ Registro do motivo pelo qual o paciente procurou o profissional. Essa informação deve ser registrada nas palavras do paciente para não sofrer influência da interpretação do profissional. ➢ Quando o paciente relata algo que nos parece estranho, duvidoso, conflitante ou incoerente, podemos utilizar o acrônimo “sic” entre parênteses ao final da sentença. Um exemplo ilustrativo para esta situação poderia ser o caso de uma lesão muito grande (4cm) em que o paciente refere um tempo de evolução curto. Ex.: “essa ferida surgiu há 4 dias” (segundo informações colhidas - sic). ➢ 3. HISTÓRIA DA DOENÇA ATUAL: ➢ Aprofundamento do que obtivemos na queixa principal que pode ajudar bastante na elaboração das hipóteses de diagnóstico. ➢ Data dos primeiros sinais e sintomas. ➢ Descrição dos primeiros sinais e sintomas. ➢ Caracterização da sintomatologia. ➢ Desenvolvimento. ➢ Tratamentos realizados e seus resultados. ➢ Exames complementares realizados e seus resultados. ➢ Estado atual da doença. 4. História buco-dental ou história odontológica: ➢ Registrar como foram as experiências anteriores do paciente com outros cirurgiões dentistas. 5. História médica: ➢ Consiste na descrição das doenças atuais e anteriores que o paciente apresentou, bem como cirurgias realizadas, alergias, acidentes. Todo tratamento atual ou anterior deve ser descrito. 6. Antecedentes familiares: ➢ Identificação de doenças presentes na família, tanto crônicas quanto histórico de câncer pode ajudar na compreensão dos riscos a que o nosso paciente está exposto. 7. Hábitos nocivos, hábitos viciosos ou hábitos de exposição: ➢ Consumo de drogas, álcool, fumo, chimarrão e exposição à radiação ultravioleta (sol) de forma desprotegida. ➢ Deve-se detalhar duração (há quanto tempo), frequência (diária, semanal, mensal, anual) e nível de exposição (Por exemplo, em relação ao fumo: número de cigarros consumidos por dia). ➢ É importante saber se no passado ele fumou. EXAME FÍSICO ❖ Exame físico = etapa do exame clínico a partir da qual serão coletados os dados objetivos (sinais) relacionados à doença. ● O exame físico geral envolve avaliação de todas as partes possíveis do corpo, exceto a cabeça. ● Começa pela avaliação dos linfonodos: ● Três cadeias principais vão ter importância para a odontologia: a cadeia cervical superficial, que acompanha o músculo esternocleidomastoideo, os da região submandibular, e os submentonianos. ● A partir da palpação, será possível a identificação de linfonodos palpáveis, o que pode representar doenças inflamatórias (ativas ou não) ou neoplásicas. 1. Processo Inflamatório Ativo: Linfonodos palpáveis, móveis, superfície lisa, consistência fibroelástica e dolorosos. Significado: isso não quer dizer que esse processo inflamatório seja necessariamente no dente, pode estar no ouvido, no trato respiratório e regiões próximas; 2. Processo Inflamatório Anterior: Linfonodos palpáveis, móveis, de consistência lisa e fibroelástica, porém indolores. Significado: linfonodos residuais, indicando que em outro momento houve um processo inflamatório ativo que, após debelado, deixou linfonodos com fibrose sem que haja inflamação ativa. 3. Linfonodos metastáticos: Linfonodos fixos, rugosos, endurecidos e indolores. Significado: presença de um tumor maligno na região próxima, seja na boca ou não, que está se disseminando para os linfonodos que atuam como “sentinelas” da região. ❖ EXAME FÍSICO INTRABUCAL: ● Todas as regiões da boca devem ser incluídas nesse exame. ● Relativamente simples, dependendo de uma boa iluminação, espátulas de madeira e uma compressa de gaze ● O QUE PRECISAMOS AVALIAR? 1. Lábio e vestíbulo bucal. 2. Mucosa jugal bilateral. 3. Fundo de sulco inferior. 4. Fundo de sulco superior. 5. Palato duro. 6. Palato mole. 7. Orofaringe. 8. Assoalho bucal. 9. Língua. ● OBSERVAR: coloração, textura, simetria, tamanho. LESÕES FUNDAMENTAIS ❖ Lesões fundamentais = são o conjunto de termos que devem ser utilizados na descrição das lesões para destacar a sua principal característica. ● Serve para direcionamos o nosso raciocínio e termos condições de descartar algumas hipóteses de diagnóstico. ❖ Tipos de lesão: 1. Lesões planas ou elevadas: grupo que compreende lesões que têm como característica principal a alteração de cor e/ou que representam crescimentos sólidos. • Mácula/Mancha • Placa • Pápula/Nódulo 2. Aumentos de volume que contém líquido: • Vesícula • Bolha 3. Lesões envolvendo perda de substância: lesões causadas pela perda de substância ou mais especificamente de tecido. • Erosão • Úlcera ★ Mácula/mancha: ➔ Alteração de cor SEM alteração de superfície. ➔ Não apresentam elevação em relação aos tecidos adjacentes. ➔ Podem representar depósito de melanina produzida pelas células normais, pigmentos relacionados à implantação de corpos estranhos de forma intencional ou não, lesões tumorais, entre outras. ➔ Principais hipóteses: Leucoplasia, Cicatriz, Mácula melanótica, Névus, Pigmentação induzida por medicamentos, Tatuagem por amálgama, Melanoma, Hematoma. Como descrever: 1.Simetria; 2. Borda: regular (em linha reta) ou irregular; 3. Cor: homogênea (cor única) ou heterogênea (mais de uma cor ou diferentes intensidades); 4. Diâmetro; 5. Localização. Exemplo de descrição da mácula: Mancha acastanhada, mostrando simetria, borda regular, cor homogênea, medindo 3 mm de diâmetro localizada na mucosa de transição do lábio inferior. LESÕES FUNDAMENTAIS ★ Placa: ➔ Alteração de cor com alteração de superfície, ou seja, há elevações em relação aos tecidos adjacentes, mas mais amplas em largura do que em altura. ➔ Neste grupo, podemos observar lesões benignas, desordens potencialmente malignas ou lesões malignas. ➔ Principais hipóteses: Candidíase, pseudomembranosa, Ceratose friccional, Líquen plano, Sífilis secundária, Leucoplasia, Mordiscamento crônico. ➔ Como descrever: Número: únicas ou múltiplas; Cor: branca, vermelha; Superfície: lisa ou irregular; Localização. ➔ EXEMPLO: Placa, única, coloração branca associada a áreas avermelhadas, superfície rugosa irregular, formato irregular, localizada na mucosa jugal esquerda. ★ Pápula/nódulo: ➔ Representam crescimentos sólidos com menos do que 5 mm de diâmetro (pápula) ou mais do que 5mm de diâmetro (nódulo). ➔ Podem ser solitários (únicos) ou múltiplos, estar associados a algum fator irritativo (biofilme bacteriano ou trauma) ou ter surgimento espontâneo. ➔ Lesões que se caracterizam pelo crescimento tecidual, incluindo lesões de natureza reacional/inflamatória e neoplasias, em particular as de natureza benigna. ➔ Principais hipóteses: Hiperplasia inflamatória, granuloma piogênico, fibroma ossificante periférico, lesão periférica de células gigantes, papiloma, lipoma, fibroma, carcinoma espinocelular. ➔ Como descrever: Consistência: mole, firme/ fibroelástica/ borrachóide ou dura; Base da lesão: pediculada (estreita) ou séssil (ampla); Cor; Presença de áreas avermelhadas ou ulceradas na sua superfície: sim ou não. ➔ EXEMPLO: Nódulo de base séssil, superfície integra, coloração semelhante a da mucosa adjacente, localizada na mucosa jugal, lado esquerdo, próxima a linha de oclusão. Diferentes hipóteses podem ser consideradas, como hiperplasia inflamatória, fibroma e lipoma. LESÕES FUNDAMENTAIS ★ Vesícula/Bolhas: ➔ Crescimentos que contém líquido medindo menos do que 3 mm de diâmetro (vesícula) ou mais do que 3 mm de diâmetro (bolha). ➔ Podem ser solitárias (únicas) ou múltiplas, estar associadas a algum fator irritativo (algum alimento ou trauma) ou surgir espontaneamente. ➔ Alguns casos mostram alterações sistêmicas associadas (febre, mal-estar, linfadenopatia) ou lesões semelhantes em outras partes do corpo, principalmente pele ou outras mucosas. ➔ Não inclui nenhum exemplo de desordem potencialmente maligna ou maligna. ➔ PRINCIPAIS HIPÓTESES: Doenças virais: Herpes; Doenças autoimunes: Pênfigo vulgar, Penfigóide benigno de mucosas; Lesões associadas a trauma: Mucocele, Rânula. ➔ Como descrever: Número: única ou múltiplas lesões; Localização; Ocorrência prévia de lesões semelhantes na boca; Presença de lesões semelhantes em outras partes do corpo; Episódio de trauma prévio. ➔ EXEMPLO: Nota-se presença de múltiplas vesículas (lado direito da foto) e de crostas (lado esquerdo da foto) na região peribucal. Paciente referiu que não tem lesões em outras partes do corpo, que elas aparecem 3 vezes por ano e que costuma perceber coceira antes de as lesões aparecerem. ★ Erosões/Úlceras ➔ São lesões em que o tecido epitelial foi parcial (EROSÕES) ou totalmente (ÚLCERAS) perdido. ➔ Podem ser solitárias (únicas) ou múltiplas, estar associadas a algum fator irritativo (trauma) ou ser a manifestação de doença autoimune, infecciosa ou, ainda, uma neoplasia maligna. ➔ PRINCIPAIS HIPÓTESES: Lesões traumáticas: Úlcera traumática; Doenças infecciosas: Candidíase; Herpes; Micoses profundas; Doenças imunologicamente mediadas: Líquen plano, Lúpus eritematoso, Penfigóide benigno de mucosas, Pênfigo vulgar, Tumores malignos: Carcinoma espinocelular ➔ Como descrever: Número: única ou múltiplas; Localização; Ocorrência prévia de lesões semelhantes: sim ou não; Presença de lesões em outras partes do corpo; Episódio de trauma prévio: sim ou não. ➔ Exemplo: Úlcera dolorosa única contornada por mucosa avermelhada localizada em mucosa labial. Paciente relata que já teve lesões semelhantes no lábio anteriormente, que não há lesões em outras partes do corpo e que não houve trauma na região. LESÕES BRANCAS BENIGNAS REACIONAIS: QUEIMADURAS 1. Queimaduras elétricas do tipo arco: ● Saliva atua como um meio de condução, e um arco elétrico flui entre a fonte elétrica e a boca. ● Calor extremo ocasiona uma grande destruição tecidual. ● Ex: mastigação da ponta fêmea de um fio de extensão ou da mordida de um fio elétrico exposto. 1. Queimaduras térmicas: ● Ingestão de alimentos ou bebidas quentes. ❖ Características Clínicas: 1. Queimaduras elétricas: ● Mais comum em crianças. ● Inicialmente se apresenta como uma área indolor, carbonizada e amarelada, que exibe pouco ou nenhum sangramento. ● Edema se desenvolve dentro de poucas horas e pode persistir por mais de 12 dias. ● Por volta do quarto dia, a área afetada se torna necrótica e membranas começam a se soltar. ● Sangramento pode ocorrer durante este período. 2. Queimaduras Térmicas: Em geral aparecem no palato ou na mucosa jugal posterior. Se apresentam como áreas de eritema e ulceração que costumam exibir remanescentes necróticos do epitélio na periferia. ❖ Tratamento e Prognóstico: 1. Queimaduras elétricas: ● Imunização contra o tétano, caso não esteja atualizada. ● Profilaxia antibiótica, geralmente penicilina, para prevenir infecção secundária nos casos graves. 2. Queimaduras Térmicas: ● Resolve-se sem a necessidade de tratamento. LESÕES BRANCAS BENIGNAS REACIONAIS: MORDISCAMENTO CRÔNICO Também chamada de morsicatio buccarum. Mordiscadas crônicas causam lesões localizadas geralmente na mucosa jugal (morsicatio buccarum). Mucosa labial (morsicatio labiorum). Borda lateral da língua (morsicatio linguarum). ❖ Características Clínicas: ● Pessoas sob estresse. ● Elevada prevalência em mulheres e em pacientes com mais de 35 anos de idade. ● Maior frequência bilateralmente na porção anterior da mucosa jugal. ● Podem ser unilaterais, combinadas com leões dos lábios ou língua. ● Áreas brancas da mucosa exibem uma superfície dilacerada e irregular. ● Paciente relata que é capaz de remover fragmentos de material branco da área envolvida ao longo do plano oclusal. ❖ Características Histopatológicas: ● Biópsia revela uma extensa hiperparaqueratose. ● Colonização bacteriana da superfície é usual. ❖ Diagnóstico: ● Apresentação clínica do morsicatio é suficiente para um diagnóstico presuntivo. ● Biópsia raramente é realizada. ❖ Tratamento e Prognóstico: ● Não há necessidade de tratamento e nenhuma complicação é ocasionada. ● Confecção de uma proteção acrílica bilateral conectada por um fio de metal labial pode promover a resolução rápida das lesões. LESÕES BRANCAS BENIGNAS REACIONAIS: CERATOSE FRICCIONAL ❖ Definição e etiologia: ● Aumento da produção de ceratina no tecido epitelial que reveste a mucosa como uma reação frente a agentes traumáticos crônicos. ● Causa: Fricção local causada por agente irritativo crônico como: aparelho ortodôntico, dentes fraturados, próteses removíveis, trauma de mastigação sobre rebordo edêntulo. ❖ Aspecto Clínico: ● Mancha ou placa de coloração branca e homogênea, assintomática, superfície lisa ou rugosa. ❖ Como estabelecer o diagnóstico: ● Diagnóstico clínico, confirmado quando a lesão desaparece no período de até 4 semanas após a remoção do agente irritativo que a causou. ❖ Conduta: ● Identificação e remoção do agente causador quando se observa regressão em algumas semanas. ● Quando a remoção do agente causador não é possível, recomenda-se controle clínico periódico e pode-se considerar a possibilidade de fazer biópsia para descartar alterações mais graves como as observadas em leucoplasias. LESÕES BRANCAS BENIGNAS REACIONAIS: ESTOMATITE NICOTÍNICA Relacionada ao uso do fumo, principalmente da forma invertida. ❖ Características clínicas: ● Desenvolve em áreas queratinizadas do palato duro, bem como nas regiões expostas à concentração do fumo. ● Inicialmente desenvolve-se como pontos avermelhados no palato duro, que posteriormente se tornam branco-acinzentados, opacificados e fissurados devido a hiperqueratose. ● Pontos centrais avermelhados são as aberturas dos ductos das glândulas salivares menores inflamadas. ❖ Diagnóstico: ● Clínico relacionado ao hábito de fumar. ❖ Tratamento: ● A lesão é totalmente reversível, uma vez que o hábito de fumar seja abandonado. ● Não necessita de demais intervenções. LESÕES BRANCAS BENIGNAS INFLAMATÓRIAS: CANDIDÍASE PSEUDOMEMBRANOSA ❖ Definição e etiologia: ● Infecção por fungos do tipo Candida (Candida albicans). ● Fator local ou sistêmico gera um desequilíbrio no meio bucal favorecendo o microrganismo. ❖ Características Clínicas: ● Placas múltiplasbrancas de contorno arredondado ou irregular, removíveis. Indolores mas alguns casos mostram ardência. Palato, língua e mucosa jugal são os sítios bucais mais afetados. ● O aspecto clínico e destacamento frente a raspagem confirmam o diagnóstico. ● É mais comum sobre próteses removíveis e costuma alternar áreas brancas com áreas vermelhas, que são regiões onde a pseudomembrana (placa branca) já desprendeu pelo trauma da mastigação. ❖ Tratamento: ● Eliminar os fatores predisponentes. ● Primeira escolha terapêutica são os antifúngicos tópicos (bochechos com nistatina e aplicação de miconazol gel). ● Em casos não responsivos à terapia tópica, justifica se uma investigação sistêmica mais detalhada e a prescrição de antifúngicos sistêmicos, usualmente o fluconazol. ● NISTATINA 100.000 UI/ml - suspensão oral ----14 frascos (60ml). Bochechar 15 ml (medida de 1 colher de sopa) por 2 minutos, 4 vezes ao dia, durante 2 semanas. Contra-indicações (Nistatina): -Pacientes diabéticos -Pacientes em tratamentos antineoplásicos ● MICONAZOL 2% - gel oral (Daktarin) --1 bisnaga Aplicar na superfície interna da prótese antes de colocá-la na boca. Repetir a aplicação 4 vezes ao dia durante 2 semanas. ● Fluconazol (100mg/dia, 7-14 dias), com duração do tratamento definida caso a caso. LESÕES BRANCAS BENIGNAS INFLAMATÓRIAS: CANDIDÍASE HIPERPLÁSICA CRÔNICA ❖ INTRODUÇÃO: ● Manifestação incomum da infecção pela Candida albicans. ● Alguns autores afirmam que é uma infecção por Cândida sobre uma leucoplasia. ❖ CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS: ● Placas brancas não removíveis por raspagem. ● Localizadas geralmente na região anterior da mucosa jugal (retrocomissura), apresentando-se bilateralmente. ❖ DIAGNÓSTICO: ● O diagnóstico é sugerido pela presença de placas nesta localização específica (retrocomissura). ● A distinção de leucoplasia é difícil. ❖ TRATAMENTO: ● Tratamento com antifúngicos tópicos. ● Nem sempre há remissão total das lesões. Neste caso indica-se biópsia parcial para avaliação das alterações microscópicas. ● NISTATINA 100.000 UI/ml - suspensão oral ----14 frascos (60ml). Bochechar 15 ml (medida de 1 colher de sopa) por 2 minutos, 4 vezes ao dia, durante 2 semanas. Contra-indicações (Nistatina): -Pacientes diabéticos -Pacientes em tratamentos antineoplásicos ● MICONAZOL 2% - gel oral (Daktarin) --1 bisnaga Aplicar na superfície interna da prótese antes de colocá-la na boca. Repetir a aplicação 4 vezes ao dia durante 2 semanas. ● Fluconazol (100mg/dia, 7-14 dias), com duração do tratamento definida caso a caso. LESÕES BRANCAS BENIGNAS INFLAMATÓRIAS: SÍFILIS SECUNDÁRIA ❖ INTRODUÇÃO: ● Manifestação da fase secundária da sífilis, geralmente geralmente precedida pelo estágio de cancro – sífilis primária. ❖ CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS: ● Placas brancas sensíveis. ● Mais comuns em língua, lábios, mucosa jugal e palato. ● Podem ser observadas lesões em pele (manchas vermelhas indolores, principalmente na palma das mãos e na planta dos pés. ● Sintomas: linfadenopatia indolor, dor de garganta, mal-estar, febre, dor de cabeça, dores musculares podem ser relatados. ❖ DIAGNÓSTICO: ● Importante perguntar a respeito do estágio prévio (sífilis primária), o que nem sempre é percebido pelo paciente. ● A associação das manifestações clínicas (lesões bucais, em pele, associadas aos sintomas sugerem a doença. ● Diagnóstico só é confirmado com os exames de sangue (VDRL e FTA-ABS). ❖ TRATAMENTO: ● Tratamento com penicilina, prescrito pelo médico infectologista. ● O dentista acompanha a involução das lesões bucais, o que costuma ser observado rapidamente se o paciente faz o tratamento adequadamente. LESÕES BRANCAS BENIGNAS INFLAMATÓRIAS: LEUCOPLASIA PILOSA ❖ INTRODUÇÃO: ● Manifestação da infecção pelo vírus do EBV, observada em quadros de imunodeficiência (por exemplo: pacientes HIV positivos). ❖ CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS: ● Estrias paralelas que podem se juntar formando placas localizadas em borda de língua bilateralmente. ❖ DIAGNÓSTICO: ● A presença de lesões com a característica descrita ao lado sugere fortemente o diagnóstico, confirmado se o paciente tiver imunossupressão confirmada. ❖ TRATAMENTO: ● A lesão não precisa de tratamento específico. ● Em pacientes HIV positivos, o controle da AIDS costuma induzir melhora nas lesões. LESÕES BRANCAS BENIGNAS INFLAMATÓRIAS: NEVO BRANCO ESPONJOSO Doença genética rara que se manifesta na boca, sendo transmitida como um traço autossômico dominante. Placas simétricas, difusas, espessas, corrugadas assintomáticas que se apresentam bilateralmente na mucosa jugal e que não saem à raspagem. Anamnese e exame físico. As lesões estão presentes desde o nascimento ou surgem até a adolescência. Mais membros da família costumam estar afetados. Não há necessidade de tratamento. LESÕES BRANCAS POTENCIALMENTE MALIGNAS QUEILITE ACTÍNICA❖ INTRODUÇÃO:● Alteração produzida pela exposição crônica à radiação ultravioleta (radiação solar). ● Potencialmente maligna, ou seja, com chance de transformar em carcinoma espinocelular. ❖ CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS: ● Perda de nitidez no limite entre pele e vermelhão do lábio. ● Placas, áreas descamativas, crostas, áreas erosivas indica casos mais graves, em que a biópsia parcial pode ser indicada para permitir a avaliação microscópica. ❖ DIAGNÓSTICO: ● Se baseia no aspecto clínico das lesões. ● A presença de úlceras pode indicar malignização. ● Biópsia incisional. ❖ TRATAMENTO: ● Nos casos de queilite actínica leve (sem placas, áreas erosivas ou de úlceras), os pacientes devem ser orientados a usar protetor labial com FPS 30 diariamente para se proteger dos efeitos da radiação ultravioleta e usar chapéu de aba larga ● (especialmente os pacientes que tem ocupação em ambiente externo ou que se expõe ao sol diariamente). ● Em casos de queilite actínica mais grave, além do protetor e chapéu, o uso de dexpantenol (bepantol creme, 1 vez/dia, à noite) é indicado para recuperar a hidratação do lábio a partir da remoção das áreas descamativas. ● Caso não haja reversão, áreas de placas, erosões ou úlceras devem ser biopsiadas, pois podem representar um carcinoma espinocelular inicial. ● O paciente com queilite deve realizar revisões periódicas para avaliar se está havendo progressão/agravamento. LESÕES BRANCAS POTENCIALMENTE MALIGNAS LEUCOPLASIA ❖ INTRODUÇÃO: ● Maior parte dos casos associado ao fumo. ❖ CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS: ● Lesão branca, não removível à raspagem que não pode ser caracterizada clínica ou patologicamente como outra doença. ● Manchas e/ou placas de coloração branca, únicas ou múltiplas, assintomáticas. ● Mais comuns em mucosa jugal, gengiva e vermelhão do lábio. ● Lesões em língua e assoalho bucal e de distribuição múltipla costumam ter comportamento mais agressivo. ❖ DIAGNÓSTICO: ● Clínico e de exclusão, ou seja, devemos descartar as outras hipóteses. ● Realizar biópsia parcial para avaliar microscopicamente a lesão para observar se há displasia epitelial ou se já se trata de carcinoma espinocelular em estágio inicial. ● TRATAMENTO: ● Se a biópsia parcial indicar presença de displasia epitelial, o ideal é remover toda a lesão. ● Casos com alterações mais brandas (hiperceratose, hiperplasia e acantose) podem acompanhados. ● Controle clínico periódico devido ao risco de transformação maligna - intervalos entre as consultas variam de 3 meses (casos com displasia) e 6 meses (sem displasia). ● Suspender a exposição aos fatores de risco (fumo e álcool). Mudanças no tamanho, no aspecto superficial e na cor das lesões sugerem agravamento e/ou transformação maligna, indicando necessidade de nova biópsia. LESÕES BRANCAS POTENCIALMENTE MALIGNAS LÍQUEN PLANO ❖ INTRODUÇÃO: ● Doença mucocutânea crônica imunologicamente mediada por linfócitos T. ● Pode acometer pele e mucosa bucal concomitantemente.● Causa desconhecida. ● O tipo de líquen plano que se manifesta como lesão branca é denominado de reticular. ❖ CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS: ● Numerosas estrias ou placas brancas. ● Assintomáticas. ● Frequente em mulheres de meia idade. ● Mucosa jugal e lingual bilateral são os sítios mais afetados. ● Apresenta curso crônico com períodos de remissão e exacerbação, quando podem aparecer áreas erosivas ou ulceradas e dor. ❖ DIAGNÓSTICO: ● Base no aspecto clínico das estrias e pelos exames histopatológico. ● Alguns casos exigem uso do exame imunofluorescência direta. ❖ TRATAMENTO: ● O líquen plano reticular é assintomático na maior parte dos casos, não havendo necessidade de tratamento. ● Os casos de líquen atrófico/erosivo, usualmente associada a dor ou ardência, são situações onde o tratamento com corticosteróides tópicos está indicado. ● Deve-se reavaliar o paciente a cada 6 meses. LESÕES BRANCAS MALIGNAS CARCINOMA ESPINOCELULAR ❖ CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS: ● Maioria lábio inferior. ● Índice baixo de metástases. ● Boa possibilidade de cura. ● A úlcera que se forma, a área branca que se intensifica ou, ainda, as tênues crostas que se destacam são um alerta. ● A crosta que se sobrepõe à úlcera no caso do carcinoma é encontrada tanto no lábio superior como no inferior. ● Além do diagnóstico precoce, a região também favorece o tratamento, que tem melhores resultados. LESÕES PIGMENTADAS Pigmentação fisiológica (racial) ❏ Comum em pacientes de pele escura (populações de origem africana, asiática e mediterrânea). ❏ Se deve à maior atividade dos melanócitos e não ao aumento do seu número. ❏ Se desenvolve nas duas primeiras décadas de vida e pode passar despercebida pelo paciente. ❏ Coloração é castanha com intensidade variável. ❏ Gengiva marginal é o sítio intrabucal mais afetado, sendo a pigmentação bilateral, bem demarcada, com aspecto de banda castanho escura que geralmente poupa a gengiva marginal. ❏ Pigmentação da mucosa jugal, palato duro, lábios e língua também pode ser vista, apresentando-se como manchas com bordas menos definidas. ❏ É assintomática e nenhum tratamento é necessário. LESÕES PIGMENTADAS Síndrome de Peutz-Jeghers ❏ Desordem genética rara associada com a mutação do gene LKB1, localizado no cromossomo 19. ❏ Se caracteriza pela presença de manchas mucocutâneas, pólipos hamartomatosos intestinais e um risco aumentado de câncer em vários órgãos, incluindo intestinos, estômago, pâncreas, mama e trato genital. ❏ As lesões pigmentadas são pontos pequenos e múltiplos em torno dos lábios. ❏ Lesões com o mesmo padrão aparecem na mucosa bucal, mucosa nasal, conjuntiva e reto, bem como na pele das extremidades. ❏ Indicada a avaliação do paciente por um médico gastroenterologista para confirmar o diagnóstico, fazer eventuais intervenções e monitorar o paciente em função do risco para desenvolver lesões malignas. LESÕES PIGMENTADAS Doença de Addison ❏ Também chamada de hipoadrenalismo primário (hipoplasia da adrenal). ❏ Deve se a destruição bilateral progressiva e auto-imune do córtex da adrenal por doença autoimune, infecção ou por doença maligna. ❏ A falta de hormônios adrenocorticais no sangue estimula a produção de hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) pela glândula ptuitária anterior. ❏ O aumento do ACTH induz o hormônio estimulante de melanócitos, resultando em pigmentação difusa na pele e na mucosa bucal. ❏ Manchas marrons difusas na gengiva, mucosa bucal, palato e língua, as quais podem lembrar pigmentações fisiológicas. ❏ As pigmentações da mucosa bucal se desenvolvem e progridem durante a vida adulta e usualmente são acompanhadas de manifestações sistêmicas como fraqueza, náusea, ❏ vômitos, dor abdominal, constipação ou diarreia, perda de peso e hipotensão. ❏ Pacientes devem ser encaminhados para avaliação médica, a partir da qual serão solicitados exames de laboratório para níveis de ACTH, cortisol plasmático e eletrólitos. ❏ Esta doença pode ser fatal se não tratada. ❏ O manejo envolve tratamento da causa do hipoadrenalismo e terapia de reposição com corticosteróides. LESÕES PIGMENTADAS Sarcoma de Kaposi ❏ É uma lesão maligna vascular multifocal vista predominantemente em indivíduos HIV-positivos. ❏ Seu aparecimento indica progressão da AIDS. ❏ O herpes vírus humano HHV8 (também chamado herpes vírus associado ao Sarcoma de Kaposi) tem sido implicado como a causa das lesões. ❏ Afeta comumente palato duro, gengiva e língua. ❏ Lesões iniciais são planas ou levemente elevadas (placas), de cor castanha ou roxa frequentemente bilaterais. ❏ Lesões avançadas aparecem como placas ou nódulos vermelho escuros ou arroxeados, que podem exibir ulceração, sangramento e necrose. ❏ Diagnóstico definitivo requer biópsia, que permite a visualização de uma proliferação de células fusiformes circundando espaços vasculares mal organizados, além de numeroso extravasamento de hemácias no exame histopatológico. LESÕES PIGMENTADAS Pigmentação por metais pesados ❏ Deve se aos níveis aumentados de metais pesados na circulação sanguínea (chumbo, bismuto, mercúrio, prata, arsênio e ouro). ❏ A causa mais comum para o aumento dos níveis sanguíneos destes metais é a exposição ocupacional a seus vapores. ❏ Em crianças, fontes de exposição possíveis incluem água ou tinta contaminadas com chumbo, ou drogas contendo chumbo ou prata. ❏ Raramente observado em boca e aparece como uma linha azulada ou preta ao longo da margem gengival, parecendo ser proporcional ao grau de inflamação gengival associada ao acúmulo de placa. ❏ Outros sítios bucais também podem ser envolvidos. ❏ Reconhecer e tratar a sua origem e evitar efeitos tóxicos sistêmicos severos. LESÕES PIGMENTADAS Pigmentação induzida por drogas ❏ Diversos medicamentos podem causar pigmentação em mucosa bucal. ❏ Pode envolver acúmulo de melanina, depósito da droga ou de um dos seus metabólitos, síntese de pigmentos sob influência de drogas ou deposição de ferro após dano dos vasos. ❏ Cloroquina e outros derivados da quinina - as alterações de cor variam de azul a cinza ou de azul a preta e, na maioria dos casos, apenas o palato duro está envolvido. Estes medicamentos são utilizados no tratamento da malária, arritmia cardíaca e em uma variedade de doenças imunológicas, incluindo lúpus eritematoso discóide, lúpus eritematoso sistêmico e artrite reumatoide. ❏ Minociclina é uma tetraciclina sintética no tratamento de acne refratária de longo prazo - pode causar pigmentação no osso alveolar, ❏ podendo ser vista como mancha acinzentada por toda a mucosa que recobre as gengivas, particularmente na maxila anterior; pigmentação na língua e, eventualmente, na esclerótica (membrana fibrosa externa do globo ocular) e nas unhas. ❏ Não requer nenhum tipo de tratamento e costuma ser reversível após suspensão do uso da droga. LESÕES PIGMENTADAS Pigmentação pós inflamatória ❏ Doenças inflamatórias de mucosa de longa duração, particularmente o líquen plano, podem causar pigmentação de mucosa. ❏ Mais frequente em indivíduos de pele escura. ❏ Áreas múltiplas de pigmentação, de coloração castanha a preta, que são notadas junto a lesões reticulares ou erosivas de líquen plano. ❏ A patogênese da pigmentação pós-inflamatória permanece incerta. Histologicamente, há aumento da produção de melanina pelos melanócitos e acúmulo nos macrófagos presentes na lâmina própria. ❏ Não é necessário nenhum tipo de tratamento. LESÕES PIGMENTADAS Melanose do fumante ❏ O hábito de fumar causa pigmentação em pacientes de pele clara e acentua a pigmentação castanha (melanose) em pacientes de pele escura. ❏ Aumento da produção de melanina, que confere defesa biológica contra agentes nocivos presentes no tabaco. ❏ Observada em 21,5% dos fumantes. ❏ A intensidade da pigmentação é relacionada a duraçãoe a quantidade de cigarros consumidos. ❏ Mulheres são mais comumente afetadas do que homens, o que sugere provável efeito sinérgico entre fumo e hormônios sexuais. As lesões variam de cor marrom a preta e, na maioria dos casos, envolvem a porção anterior da gengiva labial seguida da mucosa jugal. ❏ Usualmente desaparece dentro de 3 anos após cessação do fumo. ❏ A biópsia deve ser realizada caso haja superfície elevada, aumento da intensidade do pigmento ou se a pigmentação surge em um sítio inesperado. LESÕES PIGMENTADAS Hemangioma e malformação vascular ❏ Hemangioma - é uma proliferação benigna de células endoteliais que contornam canais vasculares. ❏ Hemangioma tende a regredir com o avanço da idade, mas a malformação vascular persiste por toda a vida. ❏ Lesão pode ser plana ou levemente elevada e varia de cor de vermelho a arroxeada, dependendo do tipo de vaso envolvido (capilares, veias ou artérias) e a profundidade da lesão nos tecidos. ❏ Diascopia ou vitropressão deixa a lesão mais pálida - diascopia positiva (empalidecimento) geralmente indica que o sangue está dentro de espaços vasculares e que o mesmo está sendo deslocado da lesão pela pressão. ❏ Alguns regridem espontaneamente a medida em que a criança cresce. ❏ Dos casos em que não se observa regressão, a maior parte é assintomática e permanece estável ao longo da vida. ❏ Tratamento pode ser empregado quando o paciente apresenta dor, refere hemorragias recorrentes ou queixa estética - oleato de monoetanolamina a 5% (Ethamolin), sendo recomendada a injeção de volume semelhante ao da lesão em cada sessão. Após cada sessão, aguarda-se 14 dias para que o efeito máximo seja alcançado. ❏ Após este período, uma nova aplicação pode ser realizada caso haja necessidade. ❏ Malformação vascular - é uma anomalia estrutural dos vasos sanguíneos sem proliferação celular. ❏ As duas lesões são anormalidades de desenvolvimento que surgem na infância. LESÕES PIGMENTADAS Varizes ❏ São veias anormalmente dilatadas. ❏ Vistas principalmente em pacientes com mais do que 60 anos. O sítio intraoral mais comum é o ventre da língua. ❏ Múltiplas elevações de consistência mole, coloração azulada ou arroxeada, que perdem a coloração quando exercida a pressão. ❏ Se a variz contém trombo, se apresenta como um nódulo de consistência firme, azulada/arroxeado que não muda de cor à pressão. ❏ Trombos são mais comuns no lábio inferior e na mucosa jugal. Como se trata de uma variação do padrão de normalidade relacionada ao envelhecimento, nenhum tratamento é necessário. LESÕES PIGMENTADAS Tatuagem por amálgama e pigmentações por outros corpos estranhos ❏ Se apresenta como uma lesão plana (mancha) azulada ou acinzentada de dimensões variáveis. ❏ A gengiva e a mucosa alveolar são os sítios mais comuns, mas estas lesões também podem envolver o assoalho de boca e a mucosa jugal. ❏ Nenhum sinal de inflamação está presente na periferia da lesão e o resultado da diascopia deve ser negativo. ❏ Podem ser observadas como grânulos radiopacos em radiografia intrabucais. ❏ Caso haja dúvida, uma biópsia pode ser realizada e a avaliação microscópica vai permitir a identificação de partículas de amálgama no tecido conjuntivo. ❏ Outro tipo de pigmentação por corpo estranho a se considerar é o grafite, que pode ser introduzido na mucosa a partir de um acidente envolvendo um lápis. ❏ Mais frequentemente na mucosa palatina de crianças, aparecendo como uma mancha irregular com cor que varia de cinza a preta. ❏ A história de acidente traumático envolvendo injúria na região confirma o diagnóstico. ❏ Caso contrário, uma biópsia deve ser realizada para excluir a possibilidade de melanoma. LESÕES PIGMENTADAS Mácula melanótica/Mácula melanocítica ❏ Lesão pigmentada benigna. ❏ Comum no lábio inferior, e que pode ser vista em sítios intrabucais como gengiva, mucosa jugal e palato. ❏ São lesões causadas pelo aumento da produção de melanina sem aumento do número de melanócitos. ❏ Usualmente menores do que 1 cm em diâmetro e mostram limites bem definidos. Frequentemente são lesões únicas, mas lesões múltiplas também podem ser vistas. A sua coloração varia de marrom claro a marrom escuro, sendo homogênea em toda a lesão. ❏ Mais comuns em mulheres e adultos jovens. Seu comportamento é benigno e não apresenta risco de transformação em melanoma. ❏ Biópsia usualmente é realizada para estabelecer o diagnóstico e descartar melanoma, especialmente em casos envolvendo palato, onde o melanoma é mais frequente. ❏ Nenhum tratamento é necessário após o estabelecimento do diagnóstico. LESÕES PIGMENTADAS Nevus pigmentado ❏ São causas raras de pigmentação focal e representam tumores benignos das células produtoras de melanina (melanócitos/células névicas). ❏ Se apresentam tanto com coloração marrom quanto com coloração azul. ❏ Histologicamente, se caracterizam pela presença de um acúmulo de células névicas (melanócitos) na camada basal do epitélio, no tecido conjuntivo ou em ambos. ❏ Com base na localização das células, as lesões são classificadas como: 1. Nevus juncional são lesões planas de coloração marrom escuro, pois as células névicas proliferam na ponta das cristas epiteliais. 2. Nevus intramucoso e 3. Nevus composto. ❏ Há uma variante do nevus pigmentado chamada de nevus azul, que caracterizase pela proliferação de melanócitos fusiformes nas camadas profundas do epitélio, o que justifica a coloração azulada da lesão. ❏ Idade média dos pacientes no momento da remoção das lesões é 35 anos. ❏ Pode ser difícil diferenciar clinicamente entre nevus e um melanoma em fase inicial, especialmente no palato, sítio mais comum para ambas. Recomenda-se que estas lesões sejam removidas cirurgicamente e enviadas para exame histopatológico. LESÕES PIGMENTADAS Melanoma ❏ O melanoma é raro, somando menos do que 1% de todas as malignidades bucais. ❏ Caracterizado pela proliferação de melanócitos malignos ao longo da junção epitélio-conjuntivo, bem como no interior do tecido conjuntivo. ❏ Localização mais comum é o palato, seguido pela gengiva. Contudo, outras regiões da boca também podem ser afetadas. ❏ Geralmente encontrado entre a 4ª e 7ª décadas de vida. ❏ Incidência maior em homens do que em mulheres. Clinicamente, pode se apresentar como: (1) uma mancha marrom ou preta assimétrica, de crescimento lento e com bordas irregulares; (2) massa/nódulo de crescimento rápido com ulceração, sangramento, dor e destruição óssea; (3) alguns melanomas não produzem pigmento, levando a uma maior dificuldade no estabelecimento do diagnóstico (melanoma amelanótico). ❏ Frequentemente fatal. ❏ O tratamento recomendado envolve cirurgia radical com margens de segurança. ❏ A quimioterapia e a radioterapia são ineficazes contra este tipo de tumor, o que dificulta ainda mais o manejo desta doença. ❏ O prognóstico para é muito pior e a taxa de sobrevida em 5 anos é 15%. ❏ A melhor forma de melhorar o prognóstico é a detecção precoce. Os melanomas em boca tendem a ser mais agressivos dos que acometem a pele. LESÕES PROLIFERATIVAS DE NATUREZA REACIONAL MUCOCELE ★ INTRODUÇÃO: ➔ Lesão extremamente comum. ➔ Causada pela ruptura de um ducto de uma glândula salivar, levando ao acúmulo de mucina/muco no interior dos tecidos moles. ➔ Gera uma resposta inflamatória nos tecidos adjacentes. ★ CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS: ➔ Consistência pode ser mais firme, sugerindo uma lesão sólida; OU flutuante, natureza bolhosa da lesão e o diagnóstico se torna mais fácil. ➔ Mais frequente em pacientes jovens, mas não é exclusiva desta faixa etária. Tumefação com tamanho que varia de poucos milímetros a vários centímetros. ➔ Coloração depende da profundidade da lesão, sendo as mais superficiais translúcidas/azuladas e as mais profundas de coloração semelhanteà observada na mucosa normal adjacente. ➔ A localização preferencial é o lábio inferior, mas podemos ver lesões em mucosa jugal, ventre de língua e palato mole. ➔ É recorrente. ★ DIAGNÓSTICO/ TRATAMENTO: ➔ A conduta é a biópsia excisional (total) seguida de exame histopatológico, exames complementares que possibilitarão alcançar o diagnóstico definitivo. ➔ Tendo como hipótese mucocele, recomenda-se, na biópsia excisional, a remoção das glândulas salivares menores localizadas em torno da lesão, minimizando o risco de recorrências. LESÕES PROLIFERATIVAS DE NATUREZA REACIONAL RÂNULA ★ INTRODUÇÃO: ➔ Mucocele localizada em assoalho bucal. ★ CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS: ➔ Extravasamento de muco tem origem na glândula sublingual, no ducto da glândula sublingual ou em glândulas salivares menores presentes no assoalho de boca. ➔ Tumefação azulada, flutuante, que usualmente tende a atingir vários centímetros, podendo causar a elevação da língua. ★ TRATAMENTO: ➔ O tratamento consiste na remoção ou marsupialização da glândula sublingual. ➔ Outras lesões devem ser consideradas como diagnósticos diferenciais nesta região anatômica, especialmente cisto dermóide e cisto epidérmico. LESÕES PROLIFERATIVAS DE NATUREZA REACIONAL HIPERPLASIA INFLAMATÓRIA ★ INTRODUÇÃO: ➔ Lesão reacional causada por um trauma de baixa intensidade. ➔ Próteses desadaptadas, próteses com câmara de sucção, dentes fraturados e hábitos nocivos (trauma crônico/de repetição). ★ CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS: ➔ Apresenta crescimento lento, a localização é variável e depende diretamente do trauma. ➔ Pode apresentar superfície tanto lisa quanto irregular/lobulada. ➔ O tamanho é variável e pode ir de poucos milímetros até vários centímetros. ★ DIAGNÓSTICO/ TRATAMENTO ➔ A conduta é a remoção total do tecido hiperplásico, que deve ser encaminhado à análise histológica para confirmar o diagnóstico, e remoção do fator irritante que gerou a lesão, a fim de evitar recorrência. LESÕES PROLIFERATIVAS DE NATUREZA REACIONAL FIBROMA OSSIFICANTE PERIFÉRICO ★ INTRODUÇÃO: ➔ Representa um crescimento de tecido mole com focos de tecido mineralizado no interior. ★ CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS: ➔ Coloração semelhante a da mucosa normal adjacente ou pálida (mais esbranquiçada). ➔ A superfície se apresenta lisa ou lobulada e a lesão pode ser tanto séssil quanto pediculada. ➔ A consistência pode variar de acordo com a proporção de material calcificado no interior da lesão. ➔ Alguns casos é possível perceber o endurecimento à palpação. ➔ A radiografia periapical pode sugerir a presença de material calcificado no interior. ➔ Crescimento da lesão é lento e pode causar deslocamento dos dentes próximos. ★ DIAGNÓSTICO/ TRATAMENTO: ➔ Biópsia excisional seguida de exame histopatológico. LESÕES PROLIFERATIVAS DE NATUREZA REACIONAL GRANULOMA PIOGÊNICO ★ INTRODUÇÃO: ➔ Representa um crescimento de tecido mole ricamente vascularizado. ★ CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS: ➔ A lesão apresenta coloração avermelhada, sendo a sua superfície friável e, em muitos casos, ulcerada. ➔ Lesões mais antigas podem apresentar um grau de fibrose maior e assim perder a sua coloração vermelha intensa. ➔ Base da lesão pode ser tanto séssil quanto pediculada. ➔ Na radiografia periapical usualmente não observam-se alterações e não há o deslocamento dos dentes. ➔ Mais comum em gengiva, mas pode ocorrer em outras localizações como mucosa labial, jugal e língua. ★ DIAGNÓSTICO/ TRATAMENTO: ➔ Biópsia excisional seguida de exame histopatológico. LESÕES PROLIFERATIVAS DE NATUREZA REACIONAL LESÃO DE CÉLULAS GIGANTES ★ INTRODUÇÃO: ➔ É idêntica à lesão central de células gigantes do ponto de vista microscópico. ➔ É importante definir através da avaliação clínica (exames clínico e radiográfico) se a lesão tem origem intra-óssea ou se cresceu a partir dos tecidos moles. ➔ O diagnóstico diferencial para o granuloma piogênico é extremamente difícil apenas com base nos achados clínicos. ★ CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS: ➔ Lesão restrita à gengiva ou rebordo alveolar. ➔ Radiograficamente, pode haver uma erosão do tecido ósseo, causada pelo crescimento da lesão. ➔ A coloração varia do vermelho ao vermelho azulado. ➔ A base pode ser séssil ou pediculada. ➔ A superfície pode ser lisa, lobulada e até mesmo ulcerada, geralmente em decorrência de algum trauma. ★ TRATAMENTO: ➔ Biópsia excisional seguida de exame histopatológico LESÕES PROLIFERATIVAS DE NATUREZA TUMORAL FIBROMA ★ INTRODUÇÃO: ➔ Representa o tumor de tecido mole que tem origem nos fibroblastos. ★ CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS: ➔ Maior frequência na mucosa jugal, mas pode se desenvolver em qualquer localização da boca. Nódulo liso, bem delimitado, de coloração semelhante a da mucosa adjacente, base séssil ou pediculada. ➔ Em alguns casos, a lesão pode apresentar coloração mais branca, decorrente de trauma crônico na superfície da lesão. ➔ Pacientes negros podem apresentar fibromas com a superfície pigmentada, decorrente da pigmentação racial (melanose). ➔ Usualmente as lesões não excedem 1,5 cm. ★ DIAGNÓSTICO/ TRATAMENTO: ➔ Biópsia excisional seguida de exame histopatológico. LESÕES PROLIFERATIVAS DE NATUREZA TUMORAL LIPOMA ★ INTRODUÇÃO: ➔ Representa o tumor de tecido mole que tem origem nos adipócitos (células de gordura). ★ CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS: ➔ Nódulo séssil ou pediculado, bem delimitado, de superfície lisa, mais comum na mucosa jugal e vestíbulo. ➔ Lesões mais superficiais são amareladas, mas os tumores localizados profundamente podem apresentar coloração idêntica à da mucosa normal. ➔ A maioria das lesões apresentam menos de 3 cm de diâmetro, mas algumas podem ser maiores. ➔ Lesões observadas em assoalho bucal, por exemplo, podem dificultar o fechamento da boca. ➔ Boia quando colocada no frasco com formol. ★ DIAGNÓSTICO/ TRATAMENTO: ➔ Biópsia excisional seguida de exame histopatológico. LESÕES PROLIFERATIVAS DE NATUREZA TUMORAL HEMANGIOMA ★ CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS: ➔ Pode apresentar limites mal definidos. ➔ Apresentam coloração arroxeada em decorrência da extensa vascularização na área. ➔ Superfície é irregular. ★ DIAGNÓSTICO: ➔ Manobra é a diascopia/vitropressão, na qual realizamos uma pressão sobre a lesão com uma lâmina de vidro - a pressão irá causar a diminuição do aporte sanguíneo e como consequência a lesão fica esbranquiçada. ➔ Não é recomendado que seja feita a biópsia ou remoção cirúrgica, uma vez que não sabemos a extensão da lesão, se a incisão for feita sobre a lesão, haverá hemorragia intensa. ★ TRATAMENTO: ➔ Escleroterapia - injeção de agentes esclerosantes como o oleato de monoetanolamina (Ethamolin®) ou a solução hipertônica de glicose (50% ou 75%). ➔ A esclerose é feita gradualmente ao longo de sessões espaçadas, e leva à regressão e, em alguns casos, até a remissão completa da lesão. ➔ O intervalo entre as sessões é 14 dias, a fim de aguardar pelo efeito máximo de cada aplicação. ➔ Em outras situações, a decisão pode ser pelo acompanhamento, sem nenhum tipo de intervenção, especialmente se não há queixa de hemorragia frequente ou queixa estética. LESÕES PROLIFERATIVAS DE NATUREZA TUMORAL LINFANGIOMA ★ INTRODUÇÃO: ➔ Possui características clínicas peculiares e, em muitos casos, é possível realizar o diagnóstico somente pelo exame clínico. ➔ Aproximadamente 50% dos linfangiomas já estão presentes no momento do nascimento e o restante se desenvolve nos primeiros anos de vida. ★ CARACTERÍSTICAS: ➔ Qualquer local da mucosa pode ser afetado. Vistas com mais frequência nos dois terços anteriores da língua, podendo causar macroglossia. ➔ É mal delimitada e superficial, com superfície pedregosa lembrando “vesículas” transparentes agrupadas, podendo mostrar coloração semelhante à da mucosa normal ou arroxeada. ★ DIAGNÓSTICO/ TRATAMENTO: ➔ Noscasos em que não for possível fechar o diagnóstico clinicamente, uma biópsia incisional poderá ser necessária para que o diagnóstico seja estabelecido. ➔ Podem ser extensas, impedindo a remoção cirúrgica completa. LESÕES PROLIFERATIVAS DE NATUREZA TUMORAL PAPILOMA ★ INTRODUÇÃO: ➔ Representa o tumor benigno com origem nas células do epitélio de revestimento da mucosa. ➔ Seu desenvolvimento está diretamente ligado com a infecção pelo papiloma vírus humano (HPV). ★ CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS: ➔ Nódulo exofítico, séssil ou pediculado, com projeções superficiais que podem ser pontudas ou rombas. ➔ Pode variar de branca a semelhante à da mucosa. ➔ Costuma ser uma lesão pequena (em torno de 5 mm) e solitária. ➔ Muito semelhante ao condiloma acuminado, lesão menos comum mas também associada ao HPV. ★ DIAGNÓSTICO/ TRATAMENTO: Biópsia excisional seguida de exame histopatológico para confirmar o diagnóstico. LESÕES PROLIFERATIVAS DE NATUREZA TUMORAL TUMOR BENIGNO DE GLÂNDULA SALIVAR ★ INTRODUÇÃO: ➔ Lesões proliferativas em boca podem representar tumores de glândula salivar benignos ou malignos. ★ CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS: ➔ Localizações mais frequentes são o palato e a mucosa labial superior, mas qualquer local com presença de glândulas salivares menores pode ser acometido. ➔ Adenoma pleomórfico a principal delas. ➔ Apresenta crescimento lento, expansivo e a mucosa que recobre a lesão não apresenta alterações. ★ DIAGNÓSTICO/ TRATAMENTO: ➔ Biópsia incisional seguida de exame histopatológico. LESÕES PROLIFERATIVAS DE NATUREZA MALIGNA CARCINOMA ESPINOCELULAR ★ INTRODUÇÃO: ➔ É a neoplasia maligna mais comum da cavidade bucal. ➔ A manifestação clínica mais comum desta neoplasia é uma úlcera em cavidade bucal, podendo também ter a manifestação clínica de um nódulo. ➔ Essa hipótese deve ser considerada em pacientes que estão expostos aos fatores de risco (fumo e álcool para o câncer intra-bucal e exposição a raios UV para o câncer de lábio). ★ CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS: ➔ O nódulo exofítico pode ter superfície fungiforme, papilar ou verrucosa, e a sua coloração pode variar entre semelhante à mucosa, avermelhada (associada a erosão) ou ainda esbranquiçada. Uma característica importante é que a massa se apresenta firme a palpação, em decorrência da infiltração das células malignas. ➔ Histórico de crescimento rápido também aumenta a suspeita de uma neoplasia maligna. ★ DIAGNÓSTICO/ TRATAMENTO: ➔ Biópsia incisional seguida de exame histopatológico. ➔ Caso confirmado o diagnóstico, o paciente deve ser encaminhado para o cirurgião de cabeça e pescoço. LESÕES PROLIFERATIVAS DE NATUREZA MALIGNA TUMOR MALIGNO DE GLÂNDULA SALIVAR ➔ Entre os tumores malignos os mais comuns podemos citar o carcinoma adenóide cístico e o carcinoma mucoepidermóide. ➔ Ambos podem se apresentar clinicamente como lesões proliferativas, ou seja, lesões nodulares. ➔ Quando o aumento de volume apresenta coloração mais azulada, podemos suspeitar que a lesão produz muco, e que favorece a hipótese de carcinoma mucoepidermóide. LESÕES VESICOBOLHOSAS Mucocele ★ Lesão muito comum principalmente em crianças. ★ Surge a partir do rompimento do ducto excretor de uma glândula salivar menor, seguido pelo derramamento de mucina que fica acumulada no interior do tecido conjuntivo. ★ Principal fator etiológico é o trauma local que pode ser referido pelo paciente ou responsáveis. ★ Observa-se aumento de volume de coloração azulada ou translúcida, assintomática, que ocorre com maior frequência na mucosa labial inferior, pode ocorrer no palato e no ventre de língua. ★ O aspecto clínico associado à história de remissão e recorrência, aliado ao exame histopatológico, confirma o diagnóstico definitivo. ★ O tratamento consiste na remoção da lesão e das glândulas salivares menores circunvizinhas, que provavelmente foram as responsáveis pelo surgimento de lesão. LESÕES VESICOBOLHOSAS Rânula ★ Representa um fenômeno de extravasamento de muco. ★ Ocorre na região de assoalho de boca devido à ruptura de um ducto da glândula sublingual (glândula salivar maior). ★ Fator etiológico é o trauma local, que pode ser referido ou não ter sido percebido pelo paciente. Observa-se aumento de volume em assoalho de boca de coloração azulada ou translúcida, geralmente assintomático. ★ Lesões mais profundas podem ter uma coloração semelhante a da mucosa adjacente. ★ Lesões extensas podem elevar a língua. ★ O diagnóstico é baseado nos aspectos clínicos da lesão. ★ O tratamento é variado: Uma opção é a remoção da lesão juntamente com a glândula. Outra alternativa é criar, cirurgicamente, uma nova via de drenagem para a saliva chegar na cavidade bucal, procedimento chamado marsupialização. ★ Uma abordagem proposta mais recentemente é a micromarsupialização, a partir da qual se passa o fio de sutura através da lesão para criar uma via de drenagem e induzir a formação de epitélio em torno do fio, como se fosse um novo ducto excretor. LESÕES VESICOBOLHOSAS Herpes Labial Recorrente ★ Doença infecciosa causada pela infecção pelo vírus do herpes simples tipo I (HSV-1). ★ A infecção inicial se dá pelo contato com lesões peribucais ativas. ★ Cerca de 45% das pessoas infectadas desenvolve a reativação do vírus, desencadeada por fatores como estímulos locais, exposição solar, imunossupressão, estresse, e alterações hormonais. ★ Essa reativação é o herpes labial recorrente, que se caracteriza por lesões que afetam a região de transição entre pele e vermelhão de lábio. ★ Os pacientes podem apresentar sinais e sintomas prodrômicos, que precedem a manifestação clínica em um período de 4 a 6 horas, tais como: prurido, ardência, dor e eritema na região. ★ Clinicamente, as lesões se iniciam como múltiplas vesículas, que se rompem no intervalo de 24 a 48 horas, ★ formando úlceras, que ressecam e tornam-se crostas que, em um período de 7 a 10 dias, involuem sem deixar nenhuma cicatriz. ★ O diagnóstico é clínico baseado na história de recorrência e nas características descritas. ★ O tratamento envolve o uso de antivirais tópicos ou sistêmicos. ★ Enfatizamos que a efetividade destas terapêuticas é maior quando o tratamento se inicia no momento dos sinais prodrômicos ou surgimento das primeiras vesículas. USO EXTERNO (APLICAÇÃO TÓPICA) Aciclovir 50mg/g creme ...1 bisnaga Aplicar uma camada sobre a lesão 5 vezes ao dia. Iniciar antes de as vesículas se romperem, e repetir o procedimento diariamente até a cicatrização da lesão. USO INTERNO (VIA ORAL): Aciclovir 200mg ...1 cx (25 comprimidos) Tomar 1 comprimido de 2 a 5 vezes ao dia durante 5 dias. Valaciclovir 500mg ...1 cx (10 comprimidos Tomar 1 comprimido via oral a cada 24h por 5-7 dias). LESÕES VESICOBOLHOSAS Pênfigo Vulgar ★ Doença auto-imune mucocutânea crônica que se caracteriza pela formação de bolhas intra-epiteliais. ★ A etiologia é desconhecida, mas sabe-se que há produção de auto-anticorpos (IgG) reativos contra proteínas dos desmossomos e impedem a adesão entre as células epiteliais gerando a bolha intra-epitelial e levando o destacamento do epitélio de superfície. ★ Pacientes na quarta e quinta décadas de vida. ★ Formação de bolhas que se rompem facilmente, deixando áreas ulceradas e dolorosas. ★ As lesões bucais precedem o surgimento das lesões cutâneas em 60% dos casos. Uma manobra clínica que pode nos auxiliar no diagnóstico de uma lesão como esta é o sinal de Nikolsky, que caracteriza-se pela tração delicada da mucosa clinicamente não afetada. Se, após alguns minutos, houver desprendimento da mucosa e produção de uma ferida, considera-se o sinal de Nikolsky positivo. ★ Necessidade de descartar outras lesões autoimunes, especialmente o penfigóide benigno de mucosas. ★ O diagnóstico final será obtido com a somatória das informações do exame clínicoinicial e do exame histopatológico de uma biópsia parcial/incisional. ★ Em alguns casos, se faz imunofluorescência direta, exame em que se pesquisa a presença dos auto-anticorpos no material da biópsia. ★ O tratamento consiste na administração de corticóides tópicos e/ou sistêmicos, podendo ser associados ao uso de imunomoduladores. ★ O prognóstico para os pacientes com pênfigo vulgar é reservado visto que, mesmo com a doença controlada, vários pacientes têm que manter o uso de terapia com corticóide de manutenção e, portanto, efeitos adversos a esse tratamento podem surgir, dentre eles tumores em função da imunossupressão. LESÕES VESICOBOLHOSAS Penfigóide Benigno das Membranas Mucosas ★ Doença auto-imune, mucocutânea, vesicobolhosa que afeta predominantemente as mucosas bucais e conjuntivas. ★ A causa é desconhecida, mas sabe-se que a doença ocorre devido ao acúmulo de auto-anticorpos (imunoglobulinas) ou componentes do complemento ao longo da membrana basal do epitélio, levando a formação de bolhas entre o epitélio e o conjuntivo. ★ Lesões bucais normalmente são crônicas e persistentes, e se apresentam como úlceras superficiais precedidas por bolhas. ★ Bolhas raramente são vistas porque são frágeis e de curta duração. ★ O sinal de Nikolsky é positivo. ★ As lesões podem deixar cicatrizes, especialmente as lesões oculares, bastante comuns ao longo do curso da doença. ★ É uma doença de adultos/idosos e mais frequente nas mulheres. ★ Diagnóstico definitivo: biópsia incisional e exame histopatológico, muitas vezes sendo necessária também a imunofluorescência direta. Tratamento: imunossupressores e imunomoduladores tópicos e sistêmicos. Envolvimento exclusivo de gengiva, situação em que a aplicação tópica de corticóides pode controlar a doença de maneira eficaz. LESÕES VESICOBOLHOSAS Angina Bolhosa Hemorrágica ★ Se caracteriza por bolhas e/ ou vesículas contendo sangue. ★ O paciente pode ou não referir dor. ★ A etiopatogênese parece ser multifatorial, associando se a microtraumatismos, suscetibilidade individual e uso crônico de corticóides inalatórios. ★ Tendem a ser mais observadas em adultos acima da 5ª década de vida, e localizam-se principalmente em palato mole e mucosa jugal. ★ As bolhas se rompem naturalmente, resultando numa ulceração que repara não deixando cicatriz. ★ O diagnóstico é clínico, mas, em alguns casos de recorrência ou mais atípicos, a biópsia pode ser realizada. ★ Não possui tratamento específico e o prognóstico é muito bom. REFERÊNCIAS:
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