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Prévia do material em texto

Distúrbios do 
Desenvolvimento
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof.ª Me. Alessandra Fabiana Cavalcanti
Revisão Técnica:
Prof.ª Dr.ª Jane Garcia de Carvalho
Revisão Textual:
Prof. Me. Luciano Vieira Francisco
Deficiência Física e Motora
• Introdução;
• Fatores Psicológicos Associados à Deficiência Física;
• A Dinâmica das Relações Familiares.
• Conhecer as características das pessoas com defi ciência física e motora, assim como 
a atuação do profi ssional psicólogo e a dinâmica das relações familiares. 
OBJETIVO DE APRENDIZADO
Defi ciência Física e Motora
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem 
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua 
formação acadêmica e atuação profissional, siga 
algumas recomendações básicas: 
Assim:
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e 
horário fixos como seu “momento do estudo”;
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma 
alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e 
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam-
bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão 
sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o 
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e 
de aprendizagem.
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Determine um 
horário fixo 
para estudar.
Aproveite as 
indicações 
de Material 
Complementar.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma 
Não se esqueça 
de se alimentar 
e de se manter 
hidratado.
Aproveite as 
Conserve seu 
material e local de 
estudos sempre 
organizados.
Procure manter 
contato com seus 
colegas e tutores 
para trocar ideias! 
Isso amplia a 
aprendizagem.
Seja original! 
Nunca plagie 
trabalhos.
UNIDADE Deficiência Física e Motora
Contextualização
A deficiência física e motora pode acontecer a qualquer momento na vida de 
uma pessoa, ou seja, congênita ou adquirida; ademais, de ambas as formas acarreta 
prejuízo na motricidade e mobilidade voluntária, na imagem e no esquema corporal.
A reação dos pais frente à notícia da deficiência de um filho é devastadora, uma 
vez que acaba com as expectativas e projetos de vida. Por outro lado, a família exerce 
um papel extremamente importante à pessoa com algum tipo de deficiência, na acei-
tação e, principalmente, para que essa pessoa possa se desenvolver nos diferentes 
aspectos em sua totalidade – físico, motor, social, educacional e emocional.
Dia do portador de deficiência física, disponível em: https://goo.gl/JsF48B
Ex
pl
or
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9
Introdução
O conceito de deficiência é amplo e complexo, envolvendo uma multiplicidade 
de significados (OMOTE, 2006); além disso, o termo deficiência vem sofrendo 
mudanças ao longo do tempo.
Assim, deficiência física é aquela que se relaciona ao corpo, acarretando dano, 
restrição da motricidade e mobilidade voluntária e/ou desvantagem. Refere-se, 
portanto, ao comprometimento do aparelho locomotor que compreende os siste-
mas ósteo-articular, muscular e nervoso.
As doenças ou lesões que afetam quaisquer desses sistemas, isoladamente ou em 
conjunto, podem produzir os quadros de limitações físicas e o grau de gravidade das 
variáveis, segundo o(s) segmento(s) corporal(is) afetado(s) e o tipo de lesão ocorrida 
(ENTRE AMIGOS, 2006).
Topograficamente podem ser classificadas como: 
• Plegia: em que ocorre a paralisação total do(s) membro(s) afetado(s), nos casos 
de Acidente Vascular Cerebral (AVC); 
• Paresia: diminuição de força do(s) membro(s), no caso da poliomielite – para-
lisia infantil.
Quanto à extensão da deficiência física, que se refere à estrutura, pode ser pe-
quena ou grande, além do grau de funcionalidade – leve, moderado ou grave. 
Ademais, a deficiência física e/ou motora pode ser aguda, nos casos de acidentes; 
ou crônica, no acometimento de doenças.
São vários os fatores etiológicos da deficiência física, por exemplo:
• Tóxicas: durante ou após o parto – conta-
minação por chumbo, mercúrio, raios x, 
drogas lícitas ou ilícitas;
• Inflamatórias ou infecciosas: infec-
ções da mãe adquiridas durante o perío-
do de gestação ou do próprio indivíduo 
após o nascimento;
• Metabólicas: ausência de fixação de cál-
cio no organismo;
• Degenerativas: distrofias musculares pro-
gressivas ou não;
• Hereditárias: genéticas;
• Isquêmicas: são importantes pelo alto 
índice de ocorrências, caracterizadas pela 
falta de oxigênio no cérebro – anoxia. Figura 1
Fonte: iStock / Getty Images
9
UNIDADE Deficiência Física e Motora
Ademais, os sistemas orgânicos afetados são os seguintes:
• Cerebral: paralisia cerebral, esclerose múltipla, todas as encefalopatias – 
meningites, por exemplo;
• Espinhal: envolvem todos os acidentes de compressão ou seção da medula 
espinhal, poliomielite, má formação, degenerações medulares;
• Muscular: atuantes na musculatura – distrofias musculares;
• Ósteo-articular: más formações ou doenças congênitas – luxação coxo-
femoral, ausência congênita de membros, “ossos de vidro”, tuberculose 
óssea, amputações.
Figura 2
Fonte: iStock / Getty Images
Fatores Psicológicos Associados 
à Deficiência Física
O esquema e a imagem corporal têm sempre um sentido de relação com o objeto 
internalizado, significativamente associados a questões e gestos afetivos. Consideran-
do que o corpo da pessoa com deficiência física passa por sensações atípicas, a ma-
nipulação desse corpo corresponde a muitas dessas sensações, isto porque a pessoa 
deficiente é tolhida de toda a sua liberdade de agir e fazer o que estava acostumada.
Vive-se também o temor ao desconhecido, fenômeno que envolve longos pe-
ríodos de hospitalização, várias cirurgias, relação com a dor, instrumentalização – 
aspecto relacionado aos facilitadores de locomoção, tais como órteses e próteses, 
ou seja, qualquer peça que facilite e favoreça a locomoção. 
Confira charge de Jorge Barreto, ilustrando acessibilidade para deficientes físicios em lu-
gares públicos, disponível em: https://goo.gl/dqH6mKEx
pl
or
10
11
O indivíduo com a deficiência física corre o risco de ter a identidade manipulada, 
ou seja, de perder a própria identidade em virtude de ficar à mercê de outrem.
Mencionável também é o conceito de acolhida, relacionado à questão da visibi-
lidade e normalização, da busca ou de melhor ênfase no perfil com consequente 
estereótipo e identificação com a frustração.
Quanto antes a criança for inserida em um programa de estimulação precoce, 
melhor será para a aquisição do desenvolvimento. Caso isso não ocorra, poderá 
desenvolver-se bem abaixo de suas possibilidades, isto sem mencionar as contratu-
ras e deformidades, as quais se desenvolvem quando essa criança não é atendida 
de forma adequada.
Figura 3
Fonte: iStock / Getty Images
Por outro lado, quando a deficiência física for adquirida, precisamos pensar: 
quem é a pessoa? Afinal, aspectos da personalidade, desde o conceito de tempe-
ramento, limiar de frustração e tolerância – que, posteriormente, o meio adequará 
–, até os traços, as aptidões que definirão também as consequências ou as formas 
de lidar com a deficiência são características fundamentais de atenção. 
Na situação frente a deficiência, como esse indivíduo aciona e utiliza os seus meca-
nismos de defesa? Afinal, quando não são acionados, o sujeito potencialmente viverá 
angústia pura;enquanto outros poderão usar os mecanismos de defesa de forma di-
nâmica e adequada. Aliás, tal aspecto torna-se necessário à sobrevivência psicológica, 
dado que o sentido também o utiliza como elemento primordial, servindo de “trampo-
lim” para a pessoa alcançar os seus objetivos e projetos futuros.
Há outros indivíduos que empregam os mecanismos de defesa de forma rígida 
– o que ocorre em contexto de considerável fragilidade –, usando a cada período 
uma forma de defesa frente a deficiência; de modo que se atualmente se conforma 
por estar tetraplégico, amanhã pensará de outro modo.
11
UNIDADE Deficiência Física e Motora
Há aqueles que ficam descompen-
sados, casos em que o indivíduo pode 
entrar em depressão – não como uma 
fase, mas como um estado, dado que 
invariavelmente culmina com o suicídio. 
Outros aspectos também precisam 
ser observados como, por exemplo, os 
recursos adaptativos que a pessoa utili-
zará em contraposição aos mecanismos 
de defesa. 
A questão da autoestima, anterior à 
aquisição da deficiência, tem como ca-
racterística o autoespelho, a forma como 
o indivíduo se vê e percebe, na emergên-
cia da situação da deficiência física, vin-
culada à ferida narcísica.
Figura 5
Fonte: iStock / Getty Images
Outro aspecto diz respeito à religiosidade, que necessariamente não tem relação 
com a prática religiosa; o indivíduo passa a usar a religiosidade a serviço da nega-
ção da deficiência e/ou do meio no qual está inserido.
Qual era o status social ou profissional, papéis desempenhados pelo sujeito no 
momento da ocorrência da deficiência? Esses elementos também influenciarão na 
forma de lidar e aceitar a sua nova condição física, assim como as atividades, os 
hobbies e prazeres, as expectativas e os projetos de vida anteriores à deficiência. 
Figura 4
Fonte: Wikimedia Commons
12
13
No âmbito das relações familiares e sociais, qual lugar ocupa? Quais papéis essa 
pessoa tem dentro da família, além de atitudes familiares frente a deficiência, em 
termos de acolhimento ou rejeição.
Para o deficiente físico fica também a questão das perdas reais, efetivas e as 
perdas virtuais, estas que se referem a tudo que efetivamente perdeu, tal como a 
dos mecanismos de descarga emocional em que, por exemplo, grita ou fala pala-
vrões considerados “pesados” – comumente o familiar se esquece de que já fazia 
isso antes da deficiência, mas agora o considera como revoltado justamente pela 
atual condição.
A perda da fonte de recompensa e prazer nem sempre é efetiva, isso porque 
muitas vezes é o próprio indivíduo que abre mão desse aspecto por conta da pró-
pria deficiência.
Figura 7
Fonte: iStock / Getty Images
Figura 6
Fonte: iStock / Getty Images
Outras perdas que podem ser efetivas correspondem à autonomia e indepen-
dência física e econômica, dado que algumas pessoas passam a depender do outro 
sem que isso seja necessário – mas existem aqueles que efetivamente ficarão de-
pendentes por conta da limitação física real.
A perda do – amor do – outro é mais uma ausência que pode se fazer real, efeti-
va; embora em outros casos pode acontecer apenas no campo virtual, pois ocorre 
quando o próprio deficiente abre mão de seu amor pelo outro, acreditando que 
esse não mais lhe amará nesta nova condição.
Assim, o processo de reabilitação torna-se necessário para que o indivíduo con-
siga se reencontrar, consigo, com os seus desejos, suas fantasias e expectativas. 
Se possível, deve-se trabalhar também o seu reencontro com o cotidiano, a fim de 
que possa levar adiante os seus projetos pessoais. 
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UNIDADE Deficiência Física e Motora
A Dinâmica das Relações Familiares
Considerando que a família é o primeiro grupo no qual o indivíduo é inserido, 
não se pode negar a sua importância já que, segundo Buscaglia (1997), a família é 
uma força social que tem influência na determinação do comportamento humano 
e na formação de sua personalidade. 
O nascimento de uma criança pode gerar mudanças e alterar toda a estrutura e 
dinâmica familiar. Segundo Bradt (1995, p. 206), “[...] não existe nenhum estágio 
que provoque mudança mais profunda ou que signifique desafio maior para a famí-
lia nuclear e ampliada do que a adição de uma criança ao sistema familiar”.
Figura 8
Fonte: iStock / Getty Images
A chegada de um novo membro na família é sempre um momento de expectati-
vas e de reestruturação na trama familiar, são mudanças que ocorrem nos aspectos 
emocional, comportamental, físico, social e econômico. A dimensão afetiva também 
se constrói histórica e socialmente, desde a perspectiva da chegada de um bebê à 
instalação de um sentimento de pertencimento desse novo membro da família. 
Muitos são os motivos que levam um casal a planejar o nascimento de um filho 
ou a se organizar para recebê-lo. Mesmo quando a criança não é planejada, alguns 
fatores determinarão o lugar que ocupará nesse círculo. Ademais, a decisão de ter 
um filho está relacionada ao momento de vida dos progenitores, estes que proje-
tam uma criança em suas mentes e, desde o princípio da gravidez, fantasiam sobre 
o sexo do bebê, o seu desempenho na escola, a carreira e orientação sexual que 
terá etc. Assim, mesmo antes do nascimento do bebê, este já existe nos pensamen-
tos, nas fantasias e nos desejos de seus pais.
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Figura 9
Fonte: iStock / Getty Images
Soifer (1984) enfatiza a presença dos sonhos típicos da gestação, que são espe-
cíficos a cada fase da gravidez. Esses sonhos, em geral, associam-se ao estado 
emocional da gestante com relação ao momento gestacional em que se encontra. 
Algumas sonham com uma criança idealizada, dentro de seus valores, ou seja, bo-
nita como o bebê da propaganda televisiva, esperta como o filho da vizinha etc.; 
mas outras têm verdadeiros pesadelos em relação a esse ser ainda desconhecido e 
que, por vezes, é sentido como ameaçador (REGEN, 1993, p. 18).
O lugar da criança na família é determinado pelas expectativas que os progenito-
res têm sobre a qual. Para Amiralian (1986), a decisão de ter um filho se relaciona 
diretamente à realização de de-
sejos dos pais, de suas necessi-
dades e com as gratificações e 
recompensas que a criança po-
derá lhes trazer: algumas podem 
ser geradas como substitutas de 
realizações não alcançadas pelos 
pais, ou quando estes têm pouco 
contato social, ou ainda limitadas 
atividades extradomésticas; po-
dem ser geradas também para 
tentar encobrir um momento de 
crise, falta de intimidade do casal 
ou como resolução de conflitos.
O momento em que os pais 
recebem a confirmação do diag-
nóstico de algum tipo de defici-
ência no filho é traumatizante, 
pois sofrem muito e geralmente 
não dispõem da oportunidade Figura 10
Fonte: iStock / Getty Images
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UNIDADE Deficiência Física e Motora
de contar com alguém para ouvir o seu sofrimento; isto porque durante a gravidez 
é projetada na criança que nascerá uma série de expectativas e desejos conscien-
tes, inconscientes e que, segundo esses progenitores, a criança com deficiência 
não concretizará. Logo, a sensação de culpa, frustração ou infelicidade que os pais 
sentem os tornam incapazes de acreditar no que lhes acontece em relação ao filho 
que virá.
A dificuldade de aceitar a situação leva à tentativa de negação do diagnóstico, 
gerando expectativas irreais em relação à criança, fazendo com que surjam planos 
inadequados à sua necessidade. A intensidade da negação varia, dependendo em 
que parte, o quanto a deficiência é perceptível.
Por outro lado, a família pode sentir-se estigmatizada, passando por uma de-
sestruturação inicial que terá a sua intensidade diretamente proporcional ao está-
gio de desenvolvimento em que estiver na ocasião do nascimento do filho. Assim, 
para se reestruturar, necessitará do apoio das pessoas de suas relações, ou seja, 
familiares, amigos e vizinhos, estes que podem auxiliar na crença de seus pró-
prios recursos, favorecendo a autoestima e diminuindo o estresse.
Figura 11
Fonte: iStock / Getty Images
Segundo Silva e Dessen (2001),a família passa por um processo de supera-
ção até que aceite a criança com a deficiência. Para que isso ocorra, torna-se 
extremamente importante que o ambiente familiar seja propício à efetiva inclusão 
dessa criança.
Buscaglia (1997) destaca que, mesmo depois do impacto inicial, a presença de 
uma criança deficiente exige que o sistema familiar se organize para atender às ne-
cessidades desse filho, pois o grau de comprometimento da criança deficiente oca-
siona a manutenção do vínculo com a família – principalmente com os pais – por 
toda a vida, não apenas os sobrecarregando, mas, principalmente, preocupando-
-os com relação ao futuro dessa criança. Dito de outra forma, todos os planos de 
vida serão avaliados à luz das necessidades infantis, dada a importância de uma 
aceitação realista da situação.
16
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Figura 12
Fonte: iStock / Getty Images
Os pais necessitam encontrar uma razão ao acontecido, atribuindo-lhe um 
sentido. Assim, algumas famílias se desestruturam porque, ao irem em busca das 
mencionadas razões ao acontecido, podem começar a competir pelo amor e/ou 
atenção do filho; podem negligenciá-lo, culpando um ao outro pela deficiência do 
filho, ou a própria criança pela tensão vivida no seio familiar. 
Figura 13
Fonte: iStock / Getty Images
A maioria dos pais se sente despreparada para lidar com o evento da deficiên-
cia, de modo que um dos aspectos mais discutidos pelos progenitores diz respeito 
à forma pela qual os profissionais da saúde dão a notícia: relatam sentimentos de 
descaso e falta de sensibilidade desses profissionais, especialmente quando anun-
ciam, aos pais, a deficiência do bebê recém-nascido (MARCHESE, 2002). 
Muitos pais não têm acesso às informações e, por consequência, não conse-
guem seguir as orientações dos profissionais sobre as peculiaridades do quadro 
clínico e os cuidados inerentes à condição – e que se fazem necessários. Precisam 
entender e aprender a lidar com um novo corpo de conhecimento relacionado ao 
diagnóstico e sistema de apoio disponível (FIUMI, 2003). 
17
UNIDADE Deficiência Física e Motora
É muito comum que, inicialmente, os pais não acreditem no diagnóstico e pro-
curem negar, de diversas maneiras a existência da deficiência a si e às demais 
pessoas que os cercam; chamamos esse momento de fase de negação, na qual 
a família não se encontra preparada para conviver com algo dessa natureza, até 
porque esperavam um bebê saudável, sem problemas. Em virtude disso, ocorre um 
choque frente o inesperado, que suscita dúvidas quanto a um futuro imprevisível. 
Algumas famílias se lançam em uma interminável busca por outros diagnósti-
cos que possam negar a constatação inicial, de modo que muitos especialistas são 
consultados e diagnósticos são comparados. Resultados que se apresentam mais 
incômodos são preteridos pelos mais amenos. Com essas atitudes, buscam a ne-
gação de uma realidade que se mostra como algo assustador. Fecham-se na sua 
própria dor, negando-se, muitas vezes, o contato com outras pessoas. Ademais, 
apresentam dificuldade de interagir com o bebê.
O trabalho construtivo do profissional nesse momento pode evitar reações ina-
dequadas na família que, em muitas circunstâncias, tem atitudes mais prejudiciais 
do que a própria deficiência em si. Logo, aceitar a tristeza que advém dessa perda 
do filho idealizado e se permitir um período de luto pode auxiliar os pais a se li-
bertarem dessa fase a fim de pensarem no filho que está ali, para que seja possível 
estabelecer um vínculo afetivo apesar de suas limitações, recebê-lo como é – em 
uma aceitação ativa, que é um mecanismo que poderá levá-lo a um crescimento e 
enriquecimento no nível emocional.
Quando a família já elaborou a perda da “criança saudável” e começou a tentar 
descobrir maneiras de se adequar ao novo momento existencial, Fiamenghi Jr. e 
Messa (2007) chamam essa condição de fase de adaptação, afinal, passa-se a bus-
car maiores informações acerca do diagnóstico, não mais para negar a existência 
da deficiência, mas para melhor entendê-la. Iniciam uma tentativa para estabelecer 
contatos com outras famílias que compartilham do mesmo caso. Geralmente, res-
tabelecem o seu vínculo social com as amizades antigas, diminuindo o isolamento. 
Os profissionais têm um papel importante nessa etapa, aproveitando o momen-
to em que a família demonstra necessidade de informação e apoio. Assim, serão 
cruciais ao ajudá-la a identificar e compreender as necessidades desse filho. Por 
outro lado, muitos profissionais não dão oportunidade aos pais falarem sobre os 
sentimentos que surgem durante o diagnóstico; caso conseguissem expor as suas 
dúvidas e fantasias, teriam oportunidade de ajuda no teste da realidade, reduzindo 
as suas distorções e conexões irreais entre o passado e presente.
Existem também os profissionais que dão considerações inexatas sobre o real 
potencial da criança, ficando em um dos extremos – muito pessimistas ou deveras 
otimistas –; em ambos os casos, os pais se iludem, não lhes sendo mostrado o es-
forço que será necessário empreender tanto por si como pela criança quanto, por 
exemplo, à sua reeducação/reabilitação.
Consequentemente e mais tarde, esses mesmos pais poderão vir a ter sentimen-
tos de hostilidade para com os profissionais que diagnosticaram a deficiência do 
18
19
filho, entre outras razões, devido à frustração e decepção frente ao déficit da crian-
ça; a tendência a culparem os profissionais de não serem milagrosos o suficiente, 
após perceberem as reais condições do pequeno, o que cobrará maior esforço à 
sua reabilitação e/ou reeducação; isto porque quando os pais/familiares são bem 
orientados e informados, tendem a responder melhor ao tratamento.
A rede de apoio e os serviços disponibilizados para tratamento e acompanhamen-
to da pessoa com deficiência parecem favorecer a adaptação da família, esta que 
necessita ser atendida com recursos e profissionais adequados. 
Figura 14
Fonte: iStock / Getty Images
Pelchat e colaboradores (1999) constataram que o programa de intervenção 
precoce pode auxiliar de forma significativa na adaptação dos pais nos primeiros 
dezoito meses de vida da criança, já que podem se adequar à deficiência do filho, 
sentindo-se menos ameaçados por sua situação parental – além de experienciarem 
menos estresse emocional, ansiedade e até mesmo depressão.
Para os profissionais, dizer aos pais sobre a deficiência de um filho pode ter 
impacto devastador, quer seja nos próprios progenitores, tal como nos familia-
res; o mesmo também pode acontecer com o profissional, considerando que este 
pode se sentir inseguro sobre como auxiliar pais/familiares no enfrentamento do 
problema. Enfim, todos acabam por vivenciar o choque, os medos com relação ao 
evento – deficiência –; além disso, a ansiedade gerada ao imaginar quais serão as 
suas implicações futuras é um ponto a ser considerado.
Portanto, o psicólogo que atua junto às famílias que tem algum ente próximo 
que seja deficiente, deverá, primeiramente, entender que a presença dos familiares 
é de fundamental importância ao desenvolvimento da criança. Além disso, necessi-
tará considerar que o meio exerce fator relevante na determinação das caracterís-
ticas comportamentais e atitudinais do pequeno.
19
UNIDADE Deficiência Física e Motora
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Leitura
O filho sonhado e o filho real
https://goo.gl/o6os2i
O que é deficiência física?
https://goo.gl/BafUBr
Os pais das crianças com deficiência: reflexões acerca da orientação em reabilitação motora
https://goo.gl/gF7okB
Para incluir é preciso transformar como se ensina
https://goo.gl/qXbjan
20
21
Referências 
AMIRALIAN, M. L. T. M. Psicologia do excepcional. São Paulo: EPU, 1986. 
BRADT, J. O. Tornando-se pais: famílias com filhos pequenos. In: CARTER, B.; 
MCGOLDRICK, M. As mudanças no ciclo de vida familiar: uma estrutura para 
a terapia familiar. Trad. Maria Adriana Veríssimo Veronese. 2. ed.Porto Alegre, 
RS: Artmed, 1995. 
BUSCAGLIA, L. Os deficientes e seus pais. Trad. Raquel Mendes. 3. ed. Rio de 
Janeiro: Record, 1997. 
ENTRE amigos. 2006. Disponível em: <http://www.entreamigos.com.br>. Aces-
so em: 12 abr. 2012.
FIAMENGHI JR, G. A.; MESSA, A. A. Pais, filhos e deficiência: estudos sobre as 
relações familiares. Psicol. Cienc. Prof., Brasília, DF, v. 27, n. 2, jun. 2007.
FRANÇA, R. M.; BATISTA, S. M. Família de pessoas com deficiência: desafios e 
superação. Revista de Divulgação Técnico-Científica do ICPG, v. 3, n. 10, jan./
jun. 2007.
REGEN, M. Mães e filhos especiais: relato de experiência com grupos de mães 
de crianças com deficiência. Brasília, DF: Corde, 1993. 
SÁ, S. M. P.; RABINOVICH, E. P. Compreendendo a família da criança com 
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16, n. 1, abr. 2006.
SILVA, N. L. P.; DESSEN, M. A. Deficiência mental e família: implicações para o 
desenvolvimento da criança. Psicologia: Teoria e Pesquisa, v. 17, n. 2, p. 133-
141, 2001. 
SOIFER, R. Psicologia da gravidez, parto e puerpério. Porto Alegre, RS: Artes 
Médicas, 1984.
21

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