Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL – UAB UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS – UNIMONTES Centro de Educação a Distância - CEAD Curso de Pedagogia RELATÓRIO FINAL DO ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO IV - DOCÊNCIA EM ESPAÇOS NÃO ESCOLARES- MONITORIA E DOCÊNCIA NA EDUCAÇÃO ESPECIAL E NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS – EJA Buritis - MG Agosto/ 2022 Anne Hevelyn Alves dos Reis RELATÓRIO FINAL DO ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO IV - DOCÊNCIA EM ESPAÇOS NÃO ESCOLARES- MONITORIA E DOCÊNCIA NA EDUCAÇÃO ESPECIAL E NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS – EJA Relatório apresentado ao curso de Licenciatura em Pedagogia ofertado pela Universidade Estadual de Montes Claros, no âmbito da Universidade Aberta do Brasil– UAB– como requisito para obtenção de notas da disciplina Estágio Curricular Supervisionado IV – Monitoria e Docência na Educação Especial e na Educação de Jovens e Adultos - EJA em 2022 Professora Orientadora de Estágio: Profª Ms. Dirce Efigênia Brito Lopes e Oliveira. Buritis - MG Agosto / 2022 Anne Hevelyn Alves dos Reis Profª Ms. Dirce Efigênia Brito Lopes e Oliveira Resumo Este texto apresenta um relato de experiência do momento vivenciado no estágio na Educação Inclusiva e Educação de Jovens e Adultos, disciplina integrante da grade curricular do curso de pedagogia da Universidade Estadual de Montes Claros, realizado na Escola Estadual José Gomes Pimentel. O estágio foi composto de dois momentos, o primeiro foi de observação, conhecemos a dinâmica da escola, o desenvolvimento das aulas e a realidade dos alunos. O segundo momento foi onde assumimos a regência da turma. O momento como um todo foi de extrema importância, pois, nos possibilitou um contato direto com a realidade vivenciada na Educação Inclusiva e na EJA e podemos observar o quanto estas modalidades de educação necessitam ser valorizada. Palavras-chaves: Educação inclusiva. Educação jovens e adultos. Sumário Introdução .............................................................................................................................................4 Caracterização da Escola ..................................................................................................................5 Educação Inclusiva .............................................................................................................................7 Observação e monitoria ( Educação Inclusiva) ..........................................................................9 Regência ..............................................................................................................................................12 Estudo de Caso ..................................................................................................................................16 Educação Jovens e Adultos-EJA ..................................................................................................20 Observação EJA ................................................................................................................................21 Regência (EJA) ..................................................................................................................................27 Metodologia ........................................................................................................................................29 Relato de experiência dos estágios I,II, II. ..................................................................................29 Considerações Finais ......................................................................................................................35 Referências .........................................................................................................................................37 APÊNDICE ...........................................................................................................................................39 ANEXOS .............................................................................................................................................451 4 Introdução Esse relatório tem a finalidade de apresentar informações que foram obtidas durante a realização do estágio supervisionado na Educação Inclusiva e na Educação Jovens e Adultos, será apresentada a análise do material adotado pela Escola Estadual José Gomes Pimentel, o Projeto Político Pedagógico da escola, caracterização, observação e regência da turma do 2º ano do Ensino Fundamental do turno vespertino, e na turma do 7° ano do Ensino Fundamental-Eja, turno noturno. O estágio foi realizado durante o mês de Maio. O Estágio Supervisionado IV, tem como Objetivo Geral: Proporcionar ao acadêmico condições de vivenciar a dinâmica da escola no seu processo pedagógico, político, social, visando instrumentalizá-lo para o exercício da docência da Educação de jovens e adultos e educação especial na perspectiva da educação inclusiva. Específicos: Apresentar e discutir o projeto de estágio situando tarefas e etapas a serem cumpridas; Analisar o contexto escolar e a sala de aula no qual o estágio será realizado. Refletir sobre a profissão docente a partir das experiências vivenciadas no estágio; Vivenciar e refletir sobre as atividades de gestão do ensino. Reconhecer as contribuições e os desafios do estágio supervisionado para a formação docente; Vivenciar a experiência do estágio com uma atitude investigativa. Discutir a importância do estágio na formação de professores; Discutir o processo ensino aprendizagem numa perspectiva multidisciplinar; Perceber o professor como profissional da reconstrução do conhecimento; Reconhecer estratégias inovadoras de ensino/aprendizagem relacionadas à educação de jovens e adultos, educação inclusiva nos anos iniciais do ensino fundamental; Identificar as ações do professor frente à docência da educação especial, suas especificidades e suas influências na educação de forma crítica e reflexiva; 5 Identificar as inovações e recursos educacionais necessários ao manejo de uma sala de aula inclusiva Sistematizar a elaboração e execução de projeto interdisciplinar; Elaborar o texto da pesquisa de campo; (entrevista) Elaborar relatório analítico final sobre a experiência do estágio. Há uma grande expectativa em relação ao estágio, pois é momento de colocar em prática aquilo que realizamos no decorrer do curso em teoria. É momento de conhecer de perto a realidade escolar, ouvir aqueles que já exercem a função e têm experiência para acompanhar na realização dos trabalhos, conhecer os desafios da passagem da vida acadêmica para a vida profissional, podendo assim adquirir experiência necessárias para a construção da identidade profissional docente. Caracterização da Escola O estabelecimento ensino da Escola Estadual José Gomes Pimentel está situado à rua São Domingos, 140 centro, na zona urbana, do município de Buritis- MG, CEP- 38660-000. Sua denominação visou homenagear aquele que muito contribuiu para o bem estar da comunidade buritisense nos aspectos sociais, políticos e econômico; o nobre cidadão JOSÉ GOMES PIMENTEL. A escola funciona nos três turnos: matutino, vespertino e noturno. Atende as modalidades do Ensino fundamental I, Ensino Fundamentla II, Ensino Médio Regular, Ensino Fundamental Educação de Jovens e Adultos- Anos Finais, Ensino Médio Educação de Jovens e Adultos- Ensino Médio. A Escola Estadual José Gomes Pimentel, quea princípio atendia apenas o Ensino Fundamental, hoje atende em torno de 972 alunos, com 10 salas na sua sede e 6 no segundo endereço Distrito de Serra Bonita (cedida pelo município), e no PA Assentamento Hugo da Silveira Heredia cedido pela comunidade local. Os segundos endereços são situados no Distrito de Serra Bonita, conta com 3 turmas do Ensino Médio atende a 76 alunos do Ensino Médio provenientes daquela região, e no PA Hugo Silveira Heredia localizado na região da Coopago conta com o Ensino Médio atendendo a 50 alunos todos oriundos daquela cominudade. O poerfil sócio-econômico desta escola é homogêneo, a maioria dos alunos 6 encontra-se situada na renda mínima, aproximadamente 40% dependem de programas do Auxílio Brasil. Atendem 121 alunos da Zona rural provenientes de distritos e vilarejos próximos. Para elevação do Índice de desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), desta escola conta com professoresefetivos habilitados em suas respectivas áreas de ensino. Existem também alguns pocos professores não habilitados designados atuando como docentes, devido à carência de profissionais em determinadas áreas de ensino. O Índice Socioeconômico da escola é considerado médio baixo. Esse Índice é calculado a partir dos questionários contextuais das avaliações do SIMAVE, respondidospela escola anualmente. A escola interpreta esse índice da seguinte forma: Sendo de baixa renda a família não oferece uma alimentação adequada e nem mesmo um acompanhamento de vida escolar. Com a saúde abalada e sem condições adequadas de moradia isso reflete na aprendizagem do aluno. A instituição passou por reforma apresentando hoje uma estrutura física onde conta com acessibilidade, sala de professores, refeitório, sala de especialista, sala de recursos informática, que poderia colabora e muito para melhores resultados. Ainda não conta com quadra esportiva coberta, para auxiliar nas atividades físicas e em outros eventos desenvolvidos pelos alunos. A Esola Estadual José Gomes Pimentel tem por objetivo a formação de cidadãos participativos, garantindo a aprendizagem de conhecimentos, habilidades e valores necessários à socialização e propiciando o domínio dos conteúdos culturais básicos da leitura, escrita, da ciência, as artes e tecnologia, aprendizagens estas, que levarão o aluno a exercer seus direitos e deveres para atuar na sociedade. Para acompanhar a globalização faz se necessárias mudanças na visão da escola e do professor, deixando de ser transmissor de conhecimento e passa a ser mediador colocando o aluno como protagonista, um ser social em construção sujeito do seu próprio desenvolvimento, tornando-o participativo na escola e na sociedade. O planejamento pedagógico deve ser democrático, com a participação de todos os envolvidos no processo ensino e aprendizagem, tendo como maiores colaboradores os professores, mais ouvindo a comunidade escolar através de debates para enriquecer o planejamento, podendo ser modificado ou adequado às novas sugestões que surgirem. A aprendizagem é o foco principal do trabalho pedagógico que tem como 7 objetivo a preparação plena do educando através das atividades curriculares, estimulando-os a participar de exames, cursos e concursos da rede estadual de ensino bem como as entidades particulares,vestibulares, preparação esta voltada para o mundo do trabalho e o desenvolvimento para o exercícioda cidadania. O maior desafio da escola é romper a inércia da família e criar uma agenda positiva, que busque estratégias de aproximaçãqo criando na escola uma cultura de diálogo comos pais eresponsáveis através de palestras, comemorações e reuniões. A escola apresenta o Atendimento educacional Especializado (AEE), um serviço da educação especial que é voltado ao aluno com algum tipo de necessidade especial. Esse serviço identifica, elabora e organiza recursos pedagógicos e de acessibilidade, visando eliminar as barreiras para aplena participação do aluno, considerando suas necessidades específicas. As abordagens que a escola utiliza para considerar o estudante com deficiência, transtorno global de desnvolvimento e altas habilidades/superdotação como sujeitos dotados de direitos e desejos são: respeitando seu desenvolvimento, através do lúdico e de outras atividades observando seu desenvolvimento para adequar a realidade da sala de aula. Este trabalhoé feito em conjunto com o professor regente da turmae especialista de educação, pois a escola ainda não conta com sala de recursos. Educação Inclusiva Nas últimas décadas, mais especificamente a partir da Declaração de Salamanca em 1994 que a inclusão escolar ganhou impacto sendo tema constante em pesquisas e eventos científicos, cuja abordagem sobressai na perspectiva político-filosófica, bem como na forma de se implantar diretrizes presentes nesta declaração. Dentre as abordagens tratadas encontram-se as concepções de docentes e outros profissionais de educação referente à proposta da educação inclusiva e a participação destes profissionais neste processo, condição esta que se justifica pelo fato de que são estes profissionais que tem funções delimitadas e especificas na essência do sistema educacional, de modo que o ponto de vista destes é decisivo para que realmente o processo de educação inclusiva se concretize. É notável que os fundamentos teórico-metodológicos da inclusão escolar 8 estão apoiados na ideia de uma educação de qualidade para todos aos que nela estão inseridos, com respeito à diversidade, à singularidade dos alunos. Tal contexto foi observado com a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação – Lei 9394/1996 que preconiza a educação inclusiva em seu artigo 59, que menciona que os sistemas de ensino devem assegurar aos educandos com necessidades especiais, currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específicos para atender às suas necessidades. (BRASIL, 2014). Atualmente as escolas passam por um grande desafio pedagógico ao ter que trabalhar com a inclusão. A maior parte dos profissionais da educação não estam preparados e nem procuram se capacitar para lidar com esta nova realidade escolar. O professor por mais que tenha experiência precisa estar preparado para assumir uma situação criativa na hora de solucionar os problemas que irão aparecer. É crucial que as escolas precisam oferecer uma política de formação continuada para todos os profissionais da educação. Muitos profissionais trabalham com estas crianças com Necessidades Educacionais Especiais, inseguros, com falta de conhecimento, as inexperiências das atividades da NEE e o tempo insuficiente para o planejamento adequado. Efetivamente, tais aspectos podem ser minimizados com a formação continuada defendida como: A formação continuada estimula o aprendiz a desenvolver os trabalhos em equipe, ouvir outras opiniões, a considerar o contexto ao elaborar as proposta das soluções, tornando-o consciente do que ele sabe e do que precisa atender. (BRASIL 2010, p.30). A inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais não requer mudança somente de atitude do professor, mas sim uma reestruturação do sistema educacional, que vai desde a formação docente à flexibilização do currículo, metodologias e avaliação; além da valorização docente em termos de suas necessidades pessoais, como salários dignos; oferta de estrutura para a execução de suas funções docentes, bem como ampliação do número de profissionais, desse modo, o que se consta é que há um desafio significativo para que a inclusão escolar se concretize em sua essência, possibilitando que este público seja realmente incluído socialmente, além da mera definição formal preconizado pela teoria filosófica inerente à expressão. (Frias, 2010). Assim, a real concretização da educação inclusiva não se tende mais a criação de leis que objetivam essaperspectiva, mas sim que os direitos dos alunos com necessidades educacionais especiais sejam concretizados a partir do 9 pressuposto da igualdade. Deve-se consolidar a inclusão como um todo a partir da consciência, compreender que todos os indivíduos, independente de sua condição, merece ser tratado com dignidade, especiais ou não, de modo que não se podem incluir indivíduos por meio de leis se não houver um entendimento desta concepção, na realidade o que falta nesse processo de inclusão é a vontade. Observação e monitoria ( Educação Inclusiva) O início do estágio se deu no dia 3 de maio de 2022, fui á escola me apresentei como acadêmica do curso de Pedagogia, conversei com a diretora Geni Ramos sobre a possibilidade de está estagiando na escola, em uma turma com alunos de educação inclusiva. No mesmo momento a diretora me aceitou e me encaminhou a turma. A turma do 2° ano do Ensino Fundamental, conta com uma professora regente e uma professora de apoio, e 10 alunos na idade de 7 e 8 anos, sendo 3 desses alunos com necessidades especiais.As aulas acontecem no período vespertino. No primeiro dia de observação, apenas uma aluna de educação especial compareceu, a Larissa de 7 anos, que tem síndrome down. A aula se iniciou com a professora regente Fernanda fazendo correção das tarefas de casa dos alunos. Infelizmente a aluna Larissa e os outro alunos com necessidades especias, não realiza as mesmas atividades que os outros alunos, a professora de apoio Luzia, senta ao lado da aluna e apresenta uma ativdade para colorir. A aluna começa a pintar e para por várias vezes e fica observando ao redor. Logo depois os alunos vão para a aula de Educação Física, todos brincam com o auxílio do professor, a Larissa também participa, percebe-se que todos tratam ela muito bem, sempre ajudando-a. Em seguida acontece o recreio a professora de apoio fica acompanhando a aluna durante esse momento. Ela brinca com as colegas e observa as crianças correndo pelo pátio. Depois do recreio a Larissa volta a pintura do desenho, em um momento ela fica agitada e não quer mais colorir, tanto a professora regente como a de apoio conversa com ela para acalmá-la. A aluna fica o restante da aula sem realizar mais nenhuma atividade. A professora de apoio disse que quase todos os dias é essa rotina com a aluna, são poucas as atividades que ela realiza. As vezes 10 ela se esquiva na sua cadeira e não quer mais interagir. No segundo de estágio novamente comparece somente a Larissa, perguntei a professora se sabia o porque que os outros dois alunos não estava indo, ela disse que o menino estava doente e a outra menina, toma medicamentos muito fortes e as vezes não consegue ir á aula. A aula começa com a professora da turma dando boa tarde aos alunos e pedindo para que abrissem o livro de português para explicação da matéria. A aluna Larissa diz que está com fome e a professora entrega o lanche que ela traz de casa. As vezes a aluna levanta da cadeira e vai a mesa de um colega para pegar algum objeto, a professora de apoio a chama de volta para sua cadeira, mais logo ela levanta novamente e vai a mesa de outro colega, a professora a chama mais uma vez e pede para ela se sentar, ela fica agitada e começa a chorar, tanto a professora de apoio com a regente da turma tenta acalmá-la. Depois de alguns minutos ela se acalma e a professora de apoio começa conversar com ela, contar histórias e passa uma atividade de colorir, a aluna tem muita dificuldade de segurar o lápis, a professora vai perguntando as cores para aluna e ela responde corretamente. O recreio acontece com a mesma rotina do dia anterior. Depois do recreio a aluna brinca com peças de dominó ela empilha uma em cima da outra e assim ela fica o restante da aula, em momento algum ela consegue acompanhar as ativdades que a professora regente apresenta ao restante da turma. O terceiro dia de aula a outra aluna com necesidades especiais comparece a aula, ela tem Baixa visão, autismo e entre outras dificuldades, ela é bem comunicativa, gosta de contar história de sua casa. Essa aluna também tem didifuldade motora. A professora de apoio apresenta as duas alunas uma atividade dos dias das mães e pede para colorirem bem bonito para entregar para a mãe. A Larissa não quer colorir a professora conversa com ela e logo ela começa a pintar, a outra aluna está pintando o desenho e dizendo que a mãe vai gostar muito. A aluna Larissa não é muita de conversar, na maioria das vezes conversa quando é perguntado algo para ela, ela mostra seu desenho para a colega que senta a sua frente e a colega elogia sua pintura. A professora de apoio levam as meninas para dar uma voltada ao pátio, a Eloisa a todo o momento conversando e a Larissa uma vez ou outra que faz algum comentário. A professora diz que essa é a rotina com os alunos, pois todos têm dificuldades motoras, cognitivas. Não conseguem reconhecer as letras, nem os 11 numerais, por mais que ela reforce para apresentar os números e o alfabeto através das atividades lúdicas, os alunos não apresenta nenhum resultado. Os alunos dessa escola que precisa de aompanhamento com AEE, fazem uma vez por semana acompanhamento na sala de recursos em outra escola. Volta para sala depois do recreio e as alunas foram fazer ativdades de pontilhado, infelizmente não conseguem desenvolver com sucesso essa atividade, pois não conseguem controlar a motricidade. As alunas passam o resto da aula brincando com peças com desenhos de animais, uma hora ou outra a professora pergunta o nome do animal que aparecem na peça. As alunas conseguem dizer o nome. O quarto dia as duas alunas compareceram, a professora de apoio entrega uma atividade para colorir e colar papel crepom, a Larissa não quer fazer, fica boa parte da aula mexendo no caderno e não quer pintar mesmo quando as duas professoras e até mesmo eu tento conversar com ela. A outra aluna termina de colorir e pede a professora as peças de dominó que tem figuras geométricas, a professora diz que ela gosta de ficar brincando com as peças, ela não gosta de seguir as regras da brincadeira gosta de fazer do seu jeito. Veio o recreio e as alunas brincam com as colegas dentro da sala, de roda e correr atrás uma das outras. Depois do recreio a Larissa resolve pintar a atividade e colcar o papel crepom, a aluna apresenta dificuldades em enrolar o papel crepom, a Eloisa pede a professora mais papel crepom para colar na sua atividade. As alunas passam o restante da aula envolvida nessa atividade. No quinto dia de observação, as alunas começam a aula colorindo uma atividade, estão interagindo com os colegas, conversando e mostrando o desenho, a professora regente da turma elogia a atividade das alunas. Os alunos vão para quadra esportiva para a aula de educação física, brincam de boliche e de jogar bola. Voltam para a sala e vão brincar com as peças de dominó e com o jogo da memória, sem seguir regras do seu modo. A professora pede para encontrar as figuras iguais e algumas elas encontram sem dificuldades. Vão para o recreio e brincam com os colegas de sala. Depois do recreio continuam brincando com as peças e assim seguem até o final da aula. Interagindo com os colegas e as professoras, também me incluem na brincadeira. Foi muito interessante essa fase da observação. Observa-se que a turma em geral é entrosada e dinâmica, os alunos de 12 necessidades especiais são compreensivos uns com os outros, gostam de atividades lúdicas, pinturas, trabalhos com colagem. O que podemos perceber é que por mais que os alunos de necessidades especiais não conseguem realizar atividades conforme seu nivel de escolaridade. As professoras poderiam trabalhar algumas atividades com os alunos de ensino regular, exercícios no qual iriam inserir os alunos especiais no aprendizado. Pois os alunos Portadores de NecessidadesEspeciais necessitam de um cuidado e uma preparação diferenciada por parte dos professores, e para isso, é necessário que esses professores tenham uma qualificação adequada para essa área. É de extrema importância um planejamento flexível que se adapte de acordo com a necessidade e capacidade de cada um, o professor situa-se como mediador e facilitador na organização dos alunos, de forma que possibilite uma melhor interação, mesmo em níveis tão diferentes, incluindo a todos. Regência No período da regência, no primeiro dia foi feito a construção do projeto de intervenção. Foi elaborado um projeto para trabalhar de forma lúdica para que assim os alunos de necessidades especiais educacionais pudessem ter bons resultados, incluindo também os alunos regulares em algumas atividades para que haja a interação social. Durante a construção do projeto foi realizado a entrevista com a professora de apoio. A professora Luzia José da Silva Rocha é formada em Normal Superior com especialização em Educação Especial. Tem 32 anos de atuação na rede de ensino. Foi perguntada a professora se na sua formação teve alguma disciplina para trabalhar com necessidades especiais, e ela respondeu que sim, que teve disciplina de psicomotricidade e estágio em educação especial. Foi questionado também se o trabalho desenvolvido acontece com parceria com a professora regente da turma e respondeu que sim, que as atividades realizadas pelo professor regente são adaptadas para a realidade dos alunos especiais. Quando perguntada sobre o atendimento dos alunos especiais no ensino regular, ela disse respondeu que por mais que existam leis sobre o tema, ainda acontece de forma muito relapsa, pois a escola na maioria das vezes não são adaptadas. Também foi perguntado como é desenvolvido o trabalho pedagógico com os alunos especiais e quais recursos ela mais utiliza para trabalhar com esses alunos. Foi respondido que o planejamento é bimestral e é feito de forma exploratória, levando em consideração as debilidades do aluno. Trabalha o físico, 13 lúdico, mente e corpo. Foi também perguntado quais são as principais dificuldades para trabalhar com os alunos especiais e a resposta foi a falta de participação e interação dos pais, pois para a professora o trabalho tem que ser exploratório (recíproco). Outra questão que foi perguntado, foi quem elaborada o PDI dos alunos especiais e qual o papel do PDI para o desenvolvimento do trabalho com os mesmo. E a professora respondeu que quem elabora o PDI são professores e especialista e o papel do PDI é avaliar o desenvolvimento e conduta dos alunos e acrescentar. Também foi questionado sobre as dificuldades que a professora tem para adaptar/flexibilizar o material pedagógico relativo ao conteúdo estudado na sala de aula e a professora respondeu que a maior dificuldade é que às vezes o resultado é muito demorado que os educadores chegam a descrença, pois o objetivo não é alcançado. Outra questão levantada foi como é realizado a avaliações desses alunos e como é a participação da família. A professora respondeu que infelizmente a família não tem muita participação no aprendizado do aluno, muita das vezes somente mandam para a escola, e sobre como é feita as avaliações ela respondeu que as avaliações são adaptadas conforme a realidade do aluno, mas levando em conta as conquistas do dia a dia. Depois de finalizada a entrevista, no final da aula, projeto foi apresentado á professora de apoio e professora regente e aprovado por elas para ser aplicado. No primeiro dia de aplicação do projeto. Conversei com as alunas e perguntei se elas gostariam de brincar de massinha. Elas gostaram da ideia. Foi apresentado as alunas a farinha de trigo a água e sal, e colocado em uma bacia pedi para elas colocarem as mãos e começar a amassar, a Larissa disse que não porque iria sujar as mãos. Então coloquei minhas mãos e comecei a amassar e disse a ela para fazer o mesmo que depois iríamos lavar as mãos. As alunas começaram a amassar com muita dificuldade e fui auxiliando para misturar os ingredientes, depois acrescentei um pouco de um pacote de suco de laranja e conforme ia mexendo foi criando cor na massa, perguntei a elas que cor ficou a massinha e responderam que era laranja. Depois da massinha pronta falei para brincarem com a massinha. A Larissa pegava grande quantidade e ia separando em pedacinhos. Falei com ela para fazer bolinhas e ela fazia com dificuldades, peguei um pedaço da massinha e fui fazendo partes de um bonequinho e dizendo para ela fazer o mesmo. Mesmo com toda 14 dificuldade ela conseguiu fazer seu bonequinho. A aluna apresenta grande dificuldade motora, tanto como fina e grossa. Depois de algum tempo brincando com a massinha ela não quis mais. A Eloísa ficou fazendo várias bolinhas, de vários tamanhos e dizendo que eram biscoitos e fazia de conta que colocava para assar e depois distribuía entre nós para dizer que comia. Ela tem muita imaginação e gosta de brincar e faz de conta. Depois fomos dá uma volta no pátio da escola. Depois fomos à biblioteca e li um livro de literatura infantil, O Pedro Coelho. Elas se mostravam atentas à história contada. No final da história perguntei se elas gostaram e disseram que sim, a Eloísa disse que o Pedro é muito levado que até parece a irmã dela. Depois fomos para o recreio. Ao voltar do intervalo as alunas foi realizar uma avaliação bimestral, a professora pediu para que auxiliasse a aluna Eloísa. A avaliação era para passar por cima dos pontilhados. Avaliação que a aluna fez com dificuldade pois não tem muito controle da motricidade e como sua visão é debilitada isso também atrapalha muito. E assim foi o restante da aula. No segundo dia a professora pediu para que auxiliasse a Larissa em outra avaliação, era para realizar uma pintura, a aluna estava um pouco indisposta. Fui conversando com ela e criando uma história descontraída sobre a figura do peixe que era para ser colorido. Assim depois de algum tempo a aluna coloriu. Depois de terminar a avaliação apliquei novamente o projeto. Nesse dia apresentei um dado com figuras geométricas. Fui falando o nome de cada figura. A Larissa infelizmente não consegue reconhecer as figuras, e a Eloísa conhece somente o círculo. Depois no chão, coloquei imagem das figuras geométricas e pedi as alunas para jogar o dado a figura que caísse para cima a criança deveria pisar na imagem correspondente que estava no chão. Mesmo não sabendo o nome da figura a Larissa conseguia identificar qual era a figura, sempre reforçava o nome da figura para ela. A aluna gostou muito da atividade desenvolvida, dava uma pausa e logo retornava. A Eloísa já não gostou muito da atividade, acredito que devido a sua dificuldade de enxergar atrapalhou um pouco. Ficamos nessa atividade até a hora do recreio. Depois do recreio fomos brincar de cantiga de roda, juntamente com os outros alunos da turma. Cantamos cantigas como Meu pintinho amarelinho, Marcha soldado, onde fazíamos os gestos das cantigas. Mesmo com suas limitações as alunas de necessidades especiais cantam e gesticulavam conforme sua capacidade. Ficamos assim até o final da aula. No terceiro dia a aula a Larissa chegou à sala de aula muito nervosa, não 15 queria conversar com ninguém. Por orientação da professora há deixamos um pouco para ela se acalmar e começar a interagir. Depois de algum tempo fui até ela é comecei a conversar. No início ela não queria ficou agitada e me afastei, depois fui conversando com ela mostrando um livro de literatura e ela começou a se envolver. Depois chamei a aluna para fazermos uma atividade. Fomos para a quadra da escola e colocamos os cones para as alunas derrubarem com as bolas. Elas ficavam muito felizes quando conseguiam derrubar o cone de beliche. Percebi que a aluna Eloísa é um pouco competitiva. Depois colocamosalguns obstáculos para que as alunas pudessem atravessar. Fui auxiliando as alunas e elogiando a cada obstáculo vencido. Veio o recreio e as alunas brincaram com os colegas na sala. Depois do recreio entreguei as alunas um pequeno balão com maisena dentro, para elas apertarem e trabalhar a motricidade. E alguns minutos antes de finalizar a aula juntamente com o restante da turma, foi realizado a brincadeira de morto-vivo. Por mais que as alunas não conseguiam acompanhar a turma, elas ficaram felizes pela brincadeira com os colegas. No quarto dia as alunas chegaram bem animadas. Apresentei a elas o jogo da memória. As peças foram colocadas com as figuras à mostra para facilitar para as alunas. Pedi para a Larissa pegar por uma figura e dizer o que era. Ela disse que era um pirulito, perguntei se gostava de pirulito e ela disse que sim, que gostava de muitos pirulitos. Então pedi a ela para procurar a outra figura de pirulito e assim ela fez. Fomos brincando e dialogando sobre cada figura que ela pegava, de vez em quando dávamos uma pausa e depois retornávamos. O mesmo foi feito com a Eloísa, ela é bem comunicativa, toda hora ela contava uma história da sua casa e assim eu ia contornando para voltar para a atividade do jogo da memória, ela encontrava as figuras com certa dificuldade por causa da sua dificuldade de enxergar, ela tinha que pegar as figuras e chegar bem perto do rosto para poder ver o que era. Veio o recreio e as alunas ficaram sentadas observando os colegas brincar no pátio. Um ou outro chamavam elas para brincar a Larissa foi brincar, mais a Eloísa não quis. Depois do intervalo apresentei uma folha de papel em branco e tintas guache para as alunas desenharem. A pintura foi feita com o dedo, perguntava a elas a cor que estavam usando e elas respondiam corretamente. Finalizado o desenho perguntei a Eloísa o que ela tinha desenhado, ela disse que era uma casa, uma árvore. E a Larissa disse que um pirulito. Elogiei o desenho, disse que ficou lindo. As alunas ficaram muito felizes e a Larissa foi mostrar para os colegas e 16 professoras o desenho. Chegou o fim da aula e as alunas levou o desenho para casa, quando a mãe da Larissa chegou para buscá-la mostrou o desenho que tinha feito. A mãe elogiou o desenho da filha. No quinto dia da regência quando chegamos era dia de aula de educação física. Os alunos foram para quadra de esportes. Chegando lá chamei os alunos para brincar de roda. Brincamos também de brincadeiras como “ Carrocinha de flor” e morto-vivo. Os alunos da turma reconhecem as limitações dos colegas especiais, e sempre os auxilia. Depois fomos para a sala de aula e contei uma história para os alunos. Depois fiz perguntas sobre a história, perguntei a aluna Eloísa se ela gostou da história e ela disse que sim. Pedi para ela dizer sobre a história e ela contou com seu jeito. Depois deixei espaço em aberto para os alunos interagir sobre a história contada e foi um momento prazeroso. Veio o recreio e as alunas brincaram com os colegas sobre a brincadeira da “Carrocinha de flor,” os alunos adoraram essa brincadeira, a maioria não conhecia. Depois do recreio, tracei linhas no chão, fiz linha reta e também de zag-zag, e um círculo também para eles pisarem. A Larissa conseguiu realizar essa atividade de maneira satisfatória. A Eloísa já apresentou um pouco de dificuldade. Até mesmo alguns alunos de ensino regular apresentou dificuldade na linha de zig-zag. Depois levei a Larissa para a biblioteca e conversei com ela, se ela gostava da escola, ela disse que sim. Perguntei o que ela mais gostava de fazer na escola. Ela disse pintar e brincar. A aluna não é muito de conversar, na maioria das vezes só conversa quando é perguntado algo a ela. Na mesa da biblioteca tinha um pote com blocos, a aluna ficou brincando com eles. Esse foi o último dia da regência, No final da aula despedi das alunas, disse a elas que gostei muito de está com elas. Despedi também dos demais alunos e das professoras. Agradeci a oportunidade de poder realizar o estágio com elas e pela liberdade que me deram para aplicar as atividades. Estudo de Caso Para realizar este estudo de caso, adotou-se uma abordagem qualitativa. Como estratégia realizou observações a respeito de uma aluna com Necessidades Educacionais Especiais-Síndrome Down em aulas do ensino regular. A pesquisa qualitativa, segundo Leal e Souza (2006, p. 17), “considera que há 17 uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, isto é, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito que não pode ser traduzida em números”. Em relação ao uso do estudo de caso, Yin (2005, p. 20) diz: O estudo de caso “surge do desejo de se compreender fenômenos sociais complexos. Ou seja, o estudo de caso permite uma investigação para se preservar as características holísticas e significativas dos acontecimentos da vida real. A Síndrome de Down é definida como sendo consequência de uma alteração genética, que pode ocorrer durante ou após a concepção. Essa alteração genética caracteriza-se pela presença a mais do autossomo 21. Isso significa que ao invés de o indivíduo apresentar dois cromossomos 21, ele apresenta três, o que se denomina, em genética, de trissomia simples. Todo o desenvolvimento e a maturação do organismo e inclusive a cognição do indivíduo são alterados com essas alterações genéticas conferindo características específicas relacionadas a essa síndrome (SCHWARTZMAN, 2007). De acordo com Schwartzman (2007): As características comportamentais dos indivíduos com síndrome de Down, geralmente são calmos, bem-humorados com prejuízos cognitivos, afetivos, mas que em alguns casos podem apresentar variações comportamentais. Assim, a personalidade varia muito de indivíduo para indivíduo, podendo apresentar distúrbios de comportamento. A atitude de um sujeito com síndrome de Down pode variar de acordo com o seu potencial genético e as características culturais do meio em que convive. Pessoas com síndrome de Down têm crescimento físico mais lento e a maioria tem deficiência mental leve a moderado. Algumas pessoas não são atrasadas mentalmente e ficam entre o limítrofe e o baixo a médio alcance da capacidade intelectual, mas outras podem ter deficiência mental grave. (SCHWARTZMAN, 2007). Destaca-se que entre as dificuldades a serem consideradas: Desenvolvimento cognitivo e da linguagem, que é um atraso no desenvolvimento da linguagem, Dificuldade em identificar as regras gramaticais e sintáticas de uma língua. Também apresenta dificuldade em falar a uma velocidade que não corresponde à velocidade própria ao ato de compreender e falar. Essas dificuldades de linguagem podem afetar outras habilidades cognitivas. (Bissoto, 2005) Várias lesões que afetam pessoas com síndrome de Down podem afetar desenvolvimento e aprendizado. A direção do desenvolvimento é muito diferente. A 18 educação e o ambiente que essas crianças recebem desde o primeiro ano. Portanto, generalizações sobre suas habilidades de aprendizagem podem estar erradas. No entanto, pode-se concordar com a relativa estabilidade observada em crianças com Síndrome de Down as seguintes condições: Falta de iniciativa, dificuldade em manter o foco e tendências distraído. (MOELLER, 2006). Os profissionais precisam entender que existe um processo de desenvolvimento é especial para todos por causa de crianças especiais, como aquelas com síndrome de Down, que não fazem estratégias espontâneas, é um fato que deve ser considerado em seu processo de aprendizagem, pois essa criança terá muitas dificuldades, como resolver problemas e encontrar soluções por conta própria. Larissa, portadora da Síndrome de Down, tem sete anos que se encontra abaixo do peso, com olhos puxados, com um andar que parece sempre querer chutar o chão. É uma menina que gosta de pintare é muito cuidadosa com seus materiais. Ela foi observada durante as aulas de ensino globalizado do segundo ano do Ensino Fundamental, quando estava presente nas aulas com os colegas com idade entre sete e oito anos, em uma turma de dez alunos. Percebeu-se que ela não participa de forma atuante nas aulas, não interage com o conteúdo, pois não compreende o que está sendo desenvolvido. Sua participação na aula é nula, isto é, ela não se manifesta nem acompanha os colegas nas atividades diárias. Necessita de uma professora de apoio para poder realizar as atividades e mesmo assim, não são todas as atividades propostas pela professora de apoio que ela consegue fazer. Durante a realização das atividades apresentas pela professora, observa-se reações e sentimento da aluna frente às atividades propostas. Sua postura é quase sempre a mesma: aparentemente calma, sem demonstrar felicidade, ou sinal de cansaço, mas, às vezes, demonstra desinteresse. Nas atividades com maior grau de dificuldade para ela, apresenta um sentimento de chateação. Quando ela demonstrava esse tipo de atitude à professora de apoio, a incentiva auxiliando-a na execução da tarefa solicitada. A professora usava palavras de incentivo, falando baixinho e sempre questionando se estava entendendo a 19 atividade, buscando identificar as dificuldades manifestadas por Larissa. No decorrer da fase de observação, Larissa apresentou um ótimo relacionamento com todos os colegas, inclusive nas brincadeiras em momentos de recreação, bem como com os mediadores, já que manifestava maior controle emocional e comportamental. Dentre as atividades que a Larissa realizou, é importante destacar aquelas que mais apresentaram grau de dificuldade foram: reconhecer as letras e números. Ela demonstrou não possuir coordenação motora desenvolvida para pintar, conforme o esperado para uma criança no segundo ano do Ensino Fundamental. O que se observa neste ambiente de sala de aula que não há essa flexibilização curricular. É como se houvesse duas propostas pedagógicas. Uma direcionada aos alunos “normais” e outra à aluna com Síndrome de Down. Tanto é que, se não fosse o auxílio permanente da professora de apoio ela não realizaria nenhuma atividade em sala de aula. Assim, ela se encontra afastada das demais crianças, mesmo estando dentro da sala de aula, não sendo integrada ao contexto da prática pedagógica. Ela trabalha isoladamente somente com o auxílio da professora de apoio. Portanto, deve-se ter em mente que as escolas inclusivas atendem às expectativas da educação e da sociedade como um todo, pois é, segundo Carvalho (2008, p. 12) “uma escola para todos, com todos, mas uma escola que, além da presença física, assegure e garante aprendizagem e participação”. Durante a realização do trabalho de observação e pesquisa, descobriu-se que Segundo Carvalho (2008) define a escola do aluno não incluía o aluno, pois ela não está recebendo uma formação adequada de acordo com suas dificuldades. Isso porque, além de incluir socialmente, ela precisa, e muito, de um acompanhamento dedicado, para que consiga desenvolver a coordenação motora para escrever para que verbalmente possam expressar seus conhecimentos. Isso traz grandes dificuldades, especialmente em Coordenação de movimento. É aceitável que ela não acompanhe as aulas do segundo ano do ensino Fundamental com seus colegas de sala de aula, pois apresenta limitações na coordenação e na memorização das letras e números. Por esse motivo, seria interessante um trabalho mais voltado ao lúdico com materiais concretos, pois 20 através da observação pode-se perceber que ela trabalha com mais interesse quando pode manipular objetos ou jogos pedagógicos. Sendo assim, constatou-se que a aluna com Síndrome de Down, embora recebendo um atendimento individualizado, não está incluída na turma, pois realiza suas atividades de maneira isolada, contando com o auxílio da professora de apoio. Acredita-se que seria importante que a professora regente da turma em trabalho conjunto com a professora de apoio, realizasse atividades de socialização em que a aluna SD tivesse que interagir com os colegas na realização das tarefas. Portanto, só existirá inclusão a partir do momento que houver a mudança de concepção; quando educadores passarem a focar nas capacidades da criança com síndrome de Down em vez das dificuldades; quando o Estado assumir politicamente um compromisso com a educação, efetuar políticas públicas baseadas na realidade da educação inclusiva, disponibilizar constante formação continuada aos educadores, e quando os mesmos assumirem de fato, o papel de mediadores sociais entre a criança com síndrome de Down e o conhecimento (Cunha e Vilarinho, 2007). Educação Jovens e Adultos-EJA A história da EJA no Brasil está diretamente ligada a Paulo Freire, que segundo Nascimento (2013), conduziu os projetos de alfabetização de jovens e adultos e se tornou exemplo e inspiração na América Latina e na África, de gerações de professores, militantes políticos, teólogos e cientistas sociais. A metodologia de Paulo Freire contraria a tradição em que o professor é o dono do saber, para ele, o conhecimento é uma troca mútua de experiências em que tanto os alunos como o professor aprendem; o aluno deve ir além de aprender a ler e escrever e dar continuidade aos estudos, e nesse processo, deve ocorrer à interação professor- aluno considerando o contexto sociocultural do aluno e sua realidade. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB nº 9.394/96 aborda a EJA como modalidade “[...] destinada àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos nos ensinos fundamental e médio na idade própria e constituirá instrumento para a educação e a aprendizagem ao longo da vida” (BRASIL, 1996, s/p), ou seja, o objetivo dessa modalidade é ser uma educação de equiparação e integração, que visa acelerar o processo de escolarização. 21 Os alunos da EJA são, geralmente, trabalhadores que vivem de subempregos ou estão fora do mercado de trabalho e em busca de qualificação, que abandonaram o estudo por motivos pessoais, como cansaço devido a rotina trabalho-estudo, ou, pelas deficiências do sistema educacional, através de metodologias e recursos pedagógicos inapropriados. Por isso, os objetivos dos alunos da EJA são diferentes dos alunos do ensino regular, eles buscam melhores oportunidades no mercado de trabalho para ter uma melhor qualidade de vida para si e para família. Assim, os objetivos da EJA e dos alunos dirigem-se para um ponto em comum, temos o sistema visando formar trabalhadores mais capacitados e estudantes que buscam uma melhor qualidade de vida, ou simplesmente manter o emprego que já possuem. Essa relação entre escolaridade e organização social é notória com a mudança do perfil de mercado, pois a empregabilidade atualmente só é garantida por meio da escolaridade. Diante disso Ferreira (2008, p. 6) afirma que: a função dessa modalidade de ensino é “[...] atender prioritariamente, à classe trabalhadora, portanto, a EJA não pode ser pensada de forma desarticulada do mundo do trabalho”. O adulto não volta à escola para aprender o que deveria ter aprendido quando criança, mas pela razão do atual mercado de trabalho exige qualificação. Uma vez que os estudantes da EJA são constituídos principalmente de trabalhadores, ao invés de apenas atentar-se para que o aluno conclua o ensino básico e comprove sua escolaridade para ocupar uma função no mercado, é fundamental que o professor problematize as condições dos trabalhadores e instigue o pensamento crítico e atuante dos estudantes. Observação EJA O início do estágio do Eja foi ao dia 4 de maio, no dia anterior fui a escola e conversei com a supervisora, e ela autorizou o estágio na turma do 7° ano do Ensino fundamental. A turma do 7 ano tem 12 alunos matriculados,mais infelizmente a frequência diária é de somente 5 alunos. A idade varia de 18 aos 50 anos de idade. No primeiro dia de observação foram 5 alunos, as aulas assistidas foram de geografia, onde a professora estava fazendo da matéria. Foram revisados conteúdos sobre: paisagem, lugar, o que é Geografia, território, diferenças entre as regiões. 22 A segunda foi de ciências, a professora explicou a matéria sobre: gases da atmosfera e placas da litosfera e aplicou uma atividade sobre esse conteúdo. Em seguida teve a aula de história onde a professora explicou sobre o Feudalismo e aplicou uma atividade. Os alunos que estavam presentes eram participativos, sempre perguntavam para esclarecer dúvidas sobre algo que não entendiam. No segundo dia compareceram 7 alunos a professora de português aplicou atividade sobre sílaba tônica e fez a correção. Infelizmente alguns alunos apresenta dificuldade e a professora dá uma dica para chamar a palavra para saber qual é a sílaba mais forte. Em seguida veio a aula de geografia e a professora mais uma vez revisou a matéria para aqueles alunos que não estavam na aula anterior. Depois teve outra aula de português e a professora começou a revisão para a prova, explicou mais uma vez sobre sílaba tônica, oxítona, paroxítona e proparoxítona. Onde ela deu vários exemplos de palavras e também pediu os alunos para falar palavras com sílabas oxítonas, paroxítonas e proparoxítonas. Também explicou sobre palavras terminadas em AM ou ÃO. Depois teve aula de história e a professora fez a correção da atividade da aula anterior e fez revisão para a prova. Algo que me chamou a atenção foi como alguns alunos não respeitam o professor, chegam e vão embora da sala de aula sem nenhuma explicação. Conversando com a professora de geografia ela disse que infelizmente é assim, e que os professores não pode fazer nada para impedir e que fazem o possível para ajudarem até mesmo os que são desinteressados. No terceiro dia compareceram 7 alunos, na aula de português a professora aplicou uma interpretação de texto e em seguida fez a correção, percebe-se a grande dificuldade dos alunos em interpretar um texto. Em seguida na aula de geografia a professora explicou matéria sobre: população, diversidade e desigualdade. Onde explicou sobre os quilombolas, indígenas e sobre desigualdade social no Brasil. Depois teve aula de história e a professora aplicou uma atividade de 23 cruzadinha sobre o feudalismo e aplicou a prova para os alunos que não fizeram. A realidade da turma é que muitos alunos só comparecem na aula quando tem avaliação e depois de fazer vão embora e não acompanham mais o restante da aula. No quarto dia de observação a professora de português explicou sobre Fala formal e informal. Alguns alunos apresentou dificuldades no conteúdo. E a professora apresentou exemplos mais fáceis de compreender. Nesse dia teve duas aulas de português seguida uma da outra e então a professora aplicou uma atividade para fazer em grupo onde os alunos deveriam colar figuras ou desenhar situações que encontrasse a linguagem formal e informal. No começo alguns alunos não queriam se agrupar mais depois de algum tempo resolveram e fizeram a atividade com bons resultados. Percebe-se que alguns têm dificuldades na escrita correta das palavras e assim um aluno ia auxiliando o outro e até a professora ia auxiliando. No final da aula estava satisfeitos com o resultado do trabalho. Logo em seguida teve aula de ciências e q professora fez a correção da atividade da aula anterior sobre gases da atmosfera. Os alunos reclamam de não se aprofundar nos conteúdos, que muitas vezes quando começam a aprender tem que finalizar e começar outro conteúdo. Infelizmente essa é a realidade do Eja. No quinto dia de observação na aula de português aplicou mais uma atividade de linguagem formal e informal e fez a correção. Os alunos compreenderam bem esse conteúdo depois da atividade feita em grupo. A próxima aula foi de ciências a professora explicou o conteúdo sobre Matéria e energia, ela apresentou materiais, variados; plástico, madeira destacando suas características e usos no dia-a-dia. Os alunos encontraram dificuldades em compreender esse conteúdo. A outra aula foi de português novamente, ela explicou matéria sobre Funções da Linguagem (referencial denotativa, evolutiva ou expansiva, conotativa ou apelativa e função poética). Ela apresentou exemplos de como empregar de forma adequada das funções de linguagem em contexto diferente. E também deu exemplos de formas clara das diferentes funções da linguagem. No sexto dia de observação a aula de geografia aplicou uma atividade sobre a matéria na aula interior, antes ela fez um apanhado para os alunos relembrar. 24 Depois que os alunos terminaram ela fez a correção da atividade. A quantidade de alunos frequentes na turma são 5 alunos, mesmo assim, tem aluno que vai somente para passar o tempo. No sétimo dia de observação foi realizada a entrevista com o aluno e a professora de português. O aluno entrevistado foi o João, ele tem 50 anos de idade. Ele disse que teve que parar os estudos para ajudar os pais no sustento da casa. Ao ser perguntado porque decidiu voltar a estudar, ele disse para ter oportunidade de um emprego melhor. E disse que estudar no Eja é a oportunidade que tem de poder terminar mais rápido os estudos e está na escola mesmo depois de um dia de trabalho. Também disse que as aulas são interessantes e que tem uma boa relação com os professores. Perguntamos sobre o que ele acha das avaliações e ele disse que não vê problema no modo que as avaliações são aplicadas. Também disse que sofreu muito pela falta dos estudos, pois pela falta de conhecimento dependia muito de outras pessoas. E ao ser perguntado se já pensou em desistir dos estudos e a resposta foi não. Que por mais que é difícil está na escola todos os dias, mesmo cansado de um longo dia de trabalho e sono, não pensa em desistir. O João é um dos alunos presentes na turma, sempre pronto para aprender, questiona os professores quando não compreende. A professora entrevistada foi a de Língua Portuguesa. A professora Fernanda é formada em letras e é concursada pelo estado. Foi perguntado qual a forma para o professor atuar no Eja e ela respondeu Graduação em qualquer licenciatura plena. Pedimos para ela falar sobre sua experiência como professor do Eja e ela disse que tem sido muito desafiador, pois é a primeira vez que trabalha com essa modalidade. Foi questionado qual material é adotado nessa modalidade e a respostas foi que os professores não usam livros didáticos, que fazem adaptações com apostilas e livros disponíveis na biblioteca da escola. Também foi perguntado sobre a evasão escolar, o que atribui a isso acontecer e sobre a frequência dos alunos. Então foi respondido que a evasão 25 escolar acontece e os alunos alegam que é por causa da sobrecarga de trabalho e isso os deixam cansados para estudar. A frequência escolar é irregular. Muitos só comparecem na semana de provas. Ao ser perguntada sobre as dificuldades de ser professor do Eja e se atuar no Eja foi opção. A resposta foi que a maior dificuldade é a heterogeneidade, pois os alunos são estudantes de nível escolares muito diferentes. E atuar não Eja não foi uma opção, no caso dela foi preciso para completar a carga horária. Foi pedido para falar de como funciona o Eja na escola que atua e como é feita a seleção dos professores para essa modalidade, se há algum critério. E a resposta foi que os alunos procuram a escola, fazem a matrícula e passam a estudar. Alguns passam por uma avaliação para certificar o nível em que pararam. E não há nenhum critério para atuar nas aulas, os professores escolhe a aula e turma que estão disponíveis. Também foi levantada a questão se a escola tem uma equipe pedagógicapara orientação dos professores do Eja e como acontece essa orientação. E a professora responde que há uma equipe pedagógica, a pedagoga e uma coordenadora. Há orientação acontece nos encontros semanais e nas intervenções quando são necessárias. Foi perguntado se cada professor tem a liberdade de fazer seu plano de ensino e ela respondeu que sim. Cada um faz seu planejamento bimestral de acordo com o que já vem pronto da SEE e a BNCC. Foi perguntado como são as aulas usualmente do Eja e quais são os procedimentos mais comuns na sala de aula. A resposta foi que as aulas são expositivas, atrativas, sempre visando e motivando o aluno. As atividades são de leitura, escrita e esporadicamente filmes e jogos. Ao ser perguntado como era a relação da direção/ professores com os alunos, a resposta foi que o relacionamento é muito bom. Também foi perguntado qual a faixa etária dos alunos do Eja é ela disse que têm de jovens a idosos. E por último foi perguntado qual estratégias que a professora utiliza para ajudar os alunos a superar as dificuldades e a resposta foi que ela busca sempre valorizar a participação do aluno, fazendo avaliações mais qualitativa do que quantitativa, sendo também empática e valorizando o esforço e dedicação de cada aluno. 26 Durante o estágio na EJA, observamos os professores que atuam nesta modalidade de educação são os mesmos que atuam no ensino regular e que a metodologia utilizada na EJA, também é a mesma que se usa no ensino regular. Em termos de capacitação dos professores para trabalhas com na EJA não observamos nenhum esforço por parte dos responsáveis por isso. Também não tivemos conhecimento de nenhum material pedagógico de uso exclusivo com os alunos da EJA na escola em que fizemos o estágio. Um dos maiores desafios enfrentados pela EJA em nosso município e provavelmente, em todo o país, é o alto índice de evasão escolar. Na turma em que vivenciamos o período de estágio, por exemplo, dos 12 alunos matriculados, apenas 5 frequentavam as aulas. Podemos observar um claro desinteresse de grande parte dos alunos pelas aulas e pela escola. Podemos perceber claramente que o público que é atendido pela EJA possui características muito próprias. Estas particularidades fazem da EJA uma modalidade de educação extremamente desafiadora. Deste ponto de vista, concordamos com Moura (2009), quando nos alerta que sem a devida qualificação os professores desenvolvem práticas pedagógicas que ignoram tais especificidades e peculiaridades dos sujeitos em processo de escolarização, o que os leva a optar por metodologias que não envolvem os alunos na dinâmica das aulas. Deixando claro que, que não se trata de crucificar os professores da EJA pelos insucessos dos alunos. Pelo contrário, busca-se alertar para aquilo que o professor não está tendo acesso, principalmente, capacitação e condições dignas de trabalho. Lopes (2009), nos fala algo interessante que observamos em nosso tempo, que é a falsa ideia de que qualquer professor é professor da EJA, ou seja, que estes não necessitariam de formação para atuar nesta modalidade, quando na verdade observamos exatamente o contrário. Estes professores carecem e muito de capacitação tanto inicial quanto continuada para atuar bem junto a este público específico que são os jovens, adultos e até mesmo idosos. Outro fato que observamos durante o estágio na EJA foi, que os professores que atuam nesta modalidade, são profissionais que tem jornada dupla ou até mesmo tripla. Quando chegam à sala de aula da EJA, já estão extremamente cansados e 27 somam seu cansaço ao dos alunos o que torna o desenvolvimento das aulas um desafio nada fácil. Regência (EJA) Durante a observação foi visto que os alunos apresentam dificuldades na escrita correta das palavras, a leitura e interpretação. Por isso fez-se necessário uma aplicação de um projeto para trabalhar com esses alunos. No primeiro dia da regência foi feito um projeto interdisciplinar para assim abranger outras disciplinas e assim os alunos obter um melhor resultado. Depois de elaborado o projeto foi apresentado aos professores de português, história, geografia e ciências. Onde os mesmos aprovaram para aplicação na turma do 7° ano. No segundo dia o projeto foi apresentado a turma. Durante o projeto seria trabalhado três texto com interpretação abrangendo as disciplinas de português, história, geografia e ciências. Nesse dia foi trabalhado um texto que tem por título “Trabalho penoso sustenta avanço da cana”. Onde trabalhou a interdisciplinaridade de geografia foi um texto importante de se trabalhar, pois os alunos estavam estudando sobre desigualdade social, e também sobre encontros vocálicos na disciplina de português. No primeiro momento foi feita a leitura do texto, onde foi pedido para que cada aluno lesse um parágrafo do texto. Depois da leitura foi levantado um debate sobre o texto, do que ele se trata e a opinião dos alunos foi muito importante, nesse momento todos os alunos interagiram bem. Depois foi feita a atividade de interpretação do texto, foi solicitado que os alunos tentassem fazer a atividade respondendo na maneira que teria entendido o texto. Em seguida foi realizada a correção do texto, percebeu que na interpretação do texto os alunos não apresentaram dificuldades, acredito que devido termos debatido bastante antes de iniciar a atividade contribuiu para uma boa interpretação. Mais na parte da gramática houve um pouco de dificuldade, onde deveriam trocar palavras por pronomes. No terceiro dia foi apresentado outro texto com conteúdo de história. O título do texto “Relações entre o homem e o trabalho”. Texto esse que havia relação com o assunto trabalho na aula anterior, pois retrata a realidade dos trabalhos. Foi feito o 28 mesmo processo da aula anterior. Foi realizada a leitura do texto, onde cada aluno presente lia uma pequena parte do texto para que assim todos pudessem participar da leitura. Depois foi feito um debate e os alunos comentaram que o texto tinha semelhança com o texto trabalhado na aula anterior. Depois os alunos realizaram a atividade respondendo as questões propostas. Depois feita à correção, nesse texto os alunos tiveram bons resultados. A última questão era para os alunos falarem qual profissão desejam para seu futuro, foi um momento interessante, pois ali eles se abriram e expressaram o motivo de estarem mesmo com dificuldades dentro de uma sala de aula depois de anos fora da escola. Alguns disseram que queriam somente um emprego melhor, outros queriam seguir para uma faculdade. Pois como foi apresentado no texto da aula anterior, somente o ensino médio completo não é garantia de um serviço com condições melhores. Essa aula com certeza foi muito prazerosa, pois foi possível ver que a desigualdade social no nosso país é muito difícil às vezes até mesmo para quem tem estudos. No quarto dia foi trabalho um texto intitulado “O que é uma sequoia?”. Foi trabalho a interdisciplinaridade de ciências. Foi feito a leitura com os alunos e depois os alunos responderam a atividade proposta. Em seguida foi feita a correção do texto percebemos que os alunos apresentaram dificuldades na interpretação do texto pois o mesmo exigia muita atenção para não fazer confusão nas respostas. Depois foi apresentado outro texto “Verde no verde”, que também foi trabalho a interpretação de texto. Após a leitura foi feito um debate sobre o tema abordado no texto e em seguida os alunos realizaram a interpretação do texto. No quinto dia foi feito a correção do texto da aula do dia anterior. Os alunos conseguiram realizar a interpretação com sucesso. Depois foi o momento de finalizar o projeto. Percebemos que a dificuldade de interpretação é presente, mais ao ser trabalhado com mais frequente e de preferência com a interdisciplinaridade, essa dificuldade pode ser superada.Ler e interpretar um texto são possível, basta atenção e também debates para que haja uma interação e criação de opiniões. Assim foi finalizado o estágio na Eja, foi um momento de grande aprendizado e de superação, pois se trabalhar com alunos com idades diferentes e adultos traz certo medo, mais ocorreu de forma satisfatória. 29 Metodologia A metodologia utilizada foi à observação participante nas aulas atreladas as leituras e estudos bibliográficos que tratam acerca da prática pedagógica e, ainda, sobre a importância do estágio na formação do pedagogo, favorecendo, desse modo, novos direcionamentos pedagógicos para a educação infantil, além de servir como embasamento para as práticas de construção e reconstrução do conhecimento docente. Relato de experiência dos estágios I,II, II. O estágio é uma atividade curricular que acontece para auxiliar na formação inicial dos alunos e que vai além de cumprir as exigências acadêmicas, possibilitando-nos uma ampliação no campo da formação enquanto professores. Diante disso, o estágio serve-nos enquanto oportunidade de relacionarmos teoria e prática, constatando que as mesmas são indissociáveis, principalmente no que tange ao processo de mediação do conhecimento junto ao trabalho pedagógico na escola. Miguel Zabalza (2015, p. 80-92) afirma que os estágios curriculares supervisionados nos cursos de Ensino Superior surgem como “[...] elo na formação de professores com a Educação Básica e, não raro, despertam questionamentos de ordens diversas: prática, teórica, teórico-prático, bem com contexto profissional.” Os Estágios oferecem, portanto, os desdobramentos do processo de formação, seus sentidos e significados. Estes questionamentos tomam tanto os estudantes quanto os professores orientadores, supervisores ou professores regentes. Para ele, o estágio pode propiciar, “[...] oportunidades não só de aprender coisas úteis para o futuro desempenho profissional dos estudantes, mas que possibilita melhorar como pessoa, preocupar-se com o contexto, conhecer-se melhor, poder experimentar essa preocupação por si mesmo.”. (ZABALZA, 2015, p. 83) O primeiro estágio supervisionado foi na Educação Infantil. Foi realizado na escola Municipal Antonino Cândido Lopes, onde a mesma atende as modalidades de Educação Infantil e Ensino Fundamental (1º período ao 5º ano) cujo horário de funcionamento são os turnos matutino e vespertino. Contava no momento 30 com um número aproximadamente 272 alunos. Na época que foi realizado o estágio se encontrava sob a direção do professor Ismael Carneiro Magalhães e vice-diretora a professora Rubenice Faria Mesquita Morato. A escola se caracteriza como uma instituição de origem Municipal, com espaço físico determinado, composta por hierarquia funcional, onde a sociedade participa direta e indiretamente, o ensino aprendizagem é sua principal função. O período de realização desse estágio aconteceu no início da pandemia da Covid-19. Foi um grande desafio, pois além de ser o primeiro estágio, o mundo estava vivenciando algo novo e inesperado. A Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais oficializou no dia 13 de Maio de 2020 o Regime de estudo não Presencial para rede estadual de ensino. Com o intuito de amenizar os efeitos da necessidade de suspensão das aulas presenciais devido a pandemia da Covd-19. Diante desse cenário de distanciamento social, a Secretaria Estadual de Educação, como forma de impedir o retrocesso de aprendizagem, por parte dos alunos, e a perda do vínculo com a escola, o que poderia levar a evasão e abandono, bem como permitir que os alunos mante-se uma rotina básica de atividades escolares, mesmo afastados do ambiente físico da escola, visa também mitigar prejuízos à aprendizagem dos alunos. Houve a elaboração do Regime de Estudo não Presencial. As atividades pedagógicas não presenciais aconteciam por meio digitais (vídeo-aulas, redes sociais) pela adoção de material impresso, com orientações pedagógicas distribuídas aos alunos e seus pais ou responsáveis. Os Pets eram entregues no início do mês. O Plano de Estudo Tutorado (PET) [...] é uma das ferramentas do Regime de Estudo não Presencial, desenvolvido pela Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais. Ele será ofertado aos alunos da rede pública como alternativa para a continuidade no processo de ensino e aprendizagem neste período em que as aulas estiverem suspensas por tempo indeterminado como medida de prevenção da disseminação da Covid-19 em Minas Gerais (SEE/MG, 2020). O diretor Ismael Carneiro, juntamente com a supervisora pedagógica Cléia Vanusa, disponibilizou todos os documentos e materiais pedagógicos para análise e conhecimento dos recursos, disponíveis da escola. Pude perceber que a escola é bem organizada com profissionais capacitados e que procuram fazer o melhor para o bom funcionamento da escola. Tive acesso ao PPP da escola que é plano global da escola. Nele são apresentadas um conjunto de diretrizes organizacionais, 31 operacionais e pedagógicas que expressam e orientam suas práticas, documentos e demais planos, como o Regimento Escolar, Plano de Ensino- 11 Aprendizagem e Projetos Escolares, conforme prevê a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB. No inicio houve certo receio tanto da minha parte como da escola, pois era algo que não sabíamos lidar. Lembro que o diretor me encaminhou para a professora Regiane do 2° período da turma do matutino, eram 18 alunos entre 5 e 6 anos de idade. A professora me passou a modo como estava sendo trabalhado com os alunos, me colocou no grupo de whatsapp da turma para que pudesse ajuda-la a auxiliar os alunos nas atividades que eram propostas nos pets. Os planejamentos são de acordo com a BNCC, porém os planos são flexíveis para readaptar com o nível da turma devido aos imprevistos da pandemia, a professora teve que se inventar com novas formas de trabalho. O contexto era socializar e alfabetizar de forma lúdica. As atividades de imprevistos à pandemia, todo o trabalho estava sendo realizado com apostilas, (PET) usando whatsApp para sanar as dúvidas. Era trabalhada as disciplinas de português, matemática e conhecimentos gerais. Os procedimentos eram somente atividades xerocadas. A forma de participação acontecia através de atividades e vídeos. Recordo que auxiliei a professora na correção dos pets e via como as dificuldades dos alunos e pais para realização das atividades propostas. A professora também ficava um pouco perdida em como avaliar esses alunos, pois percebia que era uma situação difícil, e ficava preocupada em como o aprendizado desses alunos estavam sendo prejudicados. Por mais que foi um momento difícil, trouxe aprendizados para minha formação, pois percebi que devemos sempre está inovando na educação, e está preparado para novas situações. Recordo ainda que as dificuldades eram muitas, os alunos eram somente assistidos por whatsapp, e infelizmente muitos pais não tinham internet ou aparelhos com acesso a internet. Dos dezoito alunos somente dez os pais tinham whatsApp. Muitos pais não têm estudos ou não tem tempo para ensinar os filhos e acabavam deixando de entregar as atividades ou respondiam para os filhos. E com isso os objetivos não eram alcançados. A relação professor/aluno e escola/família se resumia em o professor elaborar as atividades e os pais buscar no inicio de cada 32 mês. Os alunos eram avaliados através das atividades, e provas enviadas para casa. Onde o Semec teve que elaborar novo método avaliativo através de relatório. O segundo estágio supervisionado foi realizado nas Séries Iniciais do Ensino Fundamental, ( 1° ao 3° ano). Continuei meu estágio na mesma escola, pois já conhecia a realidade e ainda permanecia o período de pandemia, o processo foi o mesmo, as atividades eram através das apostilas impressas queeram entregues no início de cada mês. As orientações e dúvidas eram sanadas no momento de entrega dos pets ou através do grupo de whatsapp da turma. No ano de 2021 a escola se encontrava sob nova direção a professora Liliane Aparecida Ferreira Costa e vice-diretora a professora Yolanda Magalhães Rodrigues. Depois de conversar com a diretora ela disse que poderia continuar meu estágio na escola pois já conhecia a realidade e como forma de me evitar transtornos em busca de uma nova escola. O estágio foi realizado na turma do 2º ano do turno matutino. Que se encontrava sob a regência da professora Vandete Ferreira Passos Ramos, a turma contava com 23 alunos. Uns desenvolviam mais rápidos, outros mais lentos, variava com a maturidade de cada um. Há maior dificuldade que era encontrada na turma, é o pouco estudo dos pais, tempo para ensinar os filhos, falta de acesso à internet, pelo razão de residir em fazenda, o que acabava resultando no atraso na entrega da apostila de atividades do aluno. Recordo que a turma do 2º ano era bem participativa, os alunos, a professora e pais interagiam bastante, todos os dias a professora Vandete disponibilizava um vídeo de Bom dia onde tinha data, dia da semana, tempo, mensagem de incentivo e temas transversais, geralmente ela também enviava um áudio incentivando e elogiando os alunos e esclarecendo dúvidas quando algum pai/responsável ou até mesmo o próprio aluno perguntava no grupo. Acredito que por a professora incentivar e sempre pedir fotos e vídeos dos alunos, acabava incentivando a todos. É como Weisz diz no seu batismo de fogo, ...,independente do fato de que as crianças venham de uma família pobre ou não, o que importe realmente é a ação pedagógica do professor, e esta dependerá da sua concepção de aprendizagem. É possível enxergar o que o aluno já sabe a partir do que ele produz e pensa no que fazer para que aprenda mais. Nas últimas décadas muitas pesquisas pontuam uma concepção de aprendizagem que é resultado da ação do aprendiz. Dessa forma, a função do professor é criar condições 33 para que o aluno possa exercer a sua ação de aprender participando de situações que favoreçam a atividade mental, ou seja, o exercício intelectual.(2000, p.) Duas ou três duas vezes na semana a professora Vandete aplicava uma atividade complementar e nos sábados letivos, também é trabalhado atividade complementar. A avaliação acontecia através das atividades da apostila e atividades complementares que é colocada no grupo, e a participação no grupo, com postagem das fotos ou vídeos das atividades sendo realizadas. Para mim esse estágio contribuiu muito para minha formação acadêmica, pois ver o entusiasmo da professora com os alunos me despertou mais ainda a vontade de trabalhar com a educação. Nesse estágio auxiliei a professora na correção e elaboração dos pets, acompanhei nas entregas dos pets. Também pude realizar a regência mais segura de mim, pois tinha perdido um pouco do medo e vergonha, os alunos e pais me receberam bem no grupo e interagiram de forma satisfatória comigo. O terceiro estágio supervisionado foi nos Anos Iniciais do ensino Fundamental (4° e 5 ° ano). O estágio foi realizado na Escola Municipal Professor Anatólio, está localizada na Comunidade de Vila Serrana, município de Buritis MG. A escola recebeu esse nome em homenagem ao primeiro professor, Senhor Anatólio Barbosa de Jesus. A realidade da escola é uma clientela de meio rural, oriunda de Assentamentos da região (INCRA), a maioria sem acesso aos meios de comunicação, sem saneamento básico e rede de esgoto, que dependem dos recursos advindos do governo federal (bolsa família) e Fazendas, como também da Vila, sendo famílias convencionais (pai, mãe e filhos), e não convencionais (padrasto, madrasta, avós, tio ou tia), cujo responsáveis pelas crianças trabalham comumente, dividindo tarefas e compromissos. A grande maioria dos alunos utilizam o Transporte Escolar. O processo de seleção de professores e demais funcionários da escola, corresponde ao quadro efetivo ou contratados, lotados através da Secretaria Municipal de Educação e Cultura. A escola atende as modalidades de ensino da Educação Infantil até ao 9° ano do Ensino Fundamental. Entrei em contato por whatSap com a diretora Cláudia Cardoso Matos, que é formada em pedagogia e está na direção da escola desde 2017. Ela prontamente me atendeu e se colocou a disposição para me ajudar. 34 Encaminhou-me para a pedagoga Rosilene Queiroz para poder ter acesso aos documentos da escola. Os professores desta unidade escolar são compromissados em desempenhar o seu papel e respeitam o ritmo de aprendizagem das crianças, pois adotam metodologias ativas e participativas baseados na teoria construtivista e partem das primícias que construir conhecimento é mais que transmitir informações. O PPP foi atualizado em outubro de 2020 devido a Pandemia da Covi-19. Ao realizar a análise do PPP, percebe-se que a escola é bem organizada com profissionais capacitados e que procuram fazer o melhor para o bom funcionamento da escola. A Escola Municipal Professor Anatólio, seguia determinações da Lei nº 9394/96, que estabelecia as Diretrizes e Bases da Educação Nacional, bem como as orientações do Currículo de Referência de Minas Gerais, voltadas para a BNCC (Base Nacional Comum Curricular) vigente em todo país. De acordo com a Resolução CEE n° 474, a realização de atividades pedagógicas não presenciais visavam, em primeiro lugar, que se evitasse o retrocesso de aprendizagem, por parte dos estudantes, e a perda do vínculo com a escola, o que poderia levar à evasão e abandono, bem como permitir que os estudantes mantivessem uma rotina básica de atividades escolares, mesmo afastados do ambiente físico da escola. Além disto, visava mitigar prejuízos à aprendizagem dos estudantes. Entretanto, podem não ser acessíveis, a todos, de forma equânime, podendo ser necessárias ações reparatórias, no futuro, evitando o aumento da desigualdade e promovendo a equidade. A Escola Municipal Professor Anatólio desenvolveu suas atividades remotas guiando-se pelas orientações advindas da SEE/MG, SRE de Unaí e Secretaria Municipal de Educação e Cultura de Buritis – MG. Os professores eram orientados a fazerem a correção dos trabalhos e registrá-los em um caderno, descrevendo a quantidade de erros e acertos do aluno, em cada etapa. O estágio aconteceu na turma do 5° ano que tinha 14 alunos, que se encontrava sob a regência da professora Clécia Cardoso Matos. Ela me colocou no 35 grupo de whatssapp da turma, mais infelizmente a interação era quase nula no grupo, porque poucos alunos que tinham acesso a internet, e a professora para evitar exclusão de alunos preferia não realizar atividades complementares no grupo. Recordo da professora regente falando sobre os alunos e da dificuldade do distanciamento social, onde impossibilitava conhecer o aluno para melhor entender e atender as suas necessidades escolares. Durante o período desse estágio, as aulas presenciais retornaram, pude acompanhar de perto a realidade de como se encontrava a educação depois de dois anos de pandemia, os professores perdidos e alunos também, percebeu-se como a educação ficou fragilizada. Percebe-se o quanto os alunos estavam necessitados de um professor de corpo presente para ajuda-lo. Auxiliei a professora no que pude para tentar reparar um pouco das dificuldades que eram enfrentadas pelos alunos. Muitos conteúdos os alunos tinham esquecidos e a professora tentava relembrar. E como o período de aulas presenciais esse ano foi curto, poder ajudar o professor regente a sanar as dúvidas foi de grande valor profissional para minha pessoa. A realização desse estágio foi de um aprendizado mútuo, pois permitiu olhar para a prática do estágio com um olhar integrador de concebe-lo como um
Compartilhar