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1 Khilver Doanne Sousa Soares Material restrito, favor não reproduzir nem distribuir sua posse!!! Nenhum serviço de impressão e xerox pode redistribuir este material a outros clientes!!! Gestação Múltipla São aquelas que originam dois ou mais embriões, advindos de um ou mais de um zigoto. São menos de 5% de todas as gestações. Mas respondem por 15% dos partos prematuros extremos e 35% dos RN com peso <1500g. Gestações DIZIGÓTICAS são + comuns (70%) que as monozigóticas. As gestações múltiplas podem ser monozigóticas ou dizigóticas. Monozigóticas: são as que tem a fecundação de UM ÓVULO por UM ESPERMATOZOIDE, formando UM ÚNICO ZIGOTO, que se DIVIDE EM 2 EMBRIÕES! Dizigóticas: ocorrem quando 2 ÓVULOS são fecundados por 2 ESPERMATOZÓIDES, formando 2 ZIGOTOS, que originarão 2 EMBRIÕES! Córion: número de placentas! Âmnio: número de cavidades amnióticas! Sendo assim as gestas gemelares podem ser classificadas como monocoriônicas ou dicoriônicas, com relação ao número de placentas, e monoamnióticas ou diamnióticas, de acordo com o número de cavidades amnióticas. As gestações DIZIGÓTICAS são oriundas da fecundação de 2 ÓVULOS por 2 ESPERMATOZÓIDES e SERÃO SEMPRE dicoriônicas e diamnióticas!!! Ou seja, cada embrião tem placenta e cavidade amniótica separadas e material genético distinto! Segue essa lógica as gestações trizigóticas, quadrizigóticas. . . As gestações MONOZIGÓTICAS resultam da fecundação de UM ÚNICO ÓVULO por UM ÚNICO ESPERMATOZOIDE que se dividem após a formação do zigoto. Logo o MATERIAL GENÉTICO dos fetos é IDÊNTICO e seu SEXO É O MESMO! Aqui o tempo e divisão do zigoto determina a quantidade de placentas (corionicidade) e cavidades amnióticas (amniocidade). Dicoriônica e diamniótica: quando a divisão ocorre em até 72h da fertilização, com formação de duas placentas e duas cavidades amnióticas; Monocoriônica e diamniótica: quando a divisão ocorre entre o 4º ao 8º dia após a fecundação, com formação de uma placenta e duas cavidades amnióticas; Monocoriônica e monoamniótica: quando a divisão ocorre entre o 8º ao 13º dia da fecundação, com 2 Khilver Doanne Sousa Soares Material restrito, favor não reproduzir nem distribuir sua posse!!! Nenhum serviço de impressão e xerox pode redistribuir este material a outros clientes!!! formação de uma placenta e uma cavidade amniótica; Gêmeos conjugados: quando a divisão é tardia, entre o 14º ao 17º dia após a fecundação, com formação de uma placenta e uma cavidade amniótica e embriões coligados (gemelaridade imperfeita). Gestação monozigótica OBS.: NUNCA HÁ 2 placentas e apenas 1 cavidade amniótica. . . logo, NÃO EXISTE gestação dicoriônica e monoamniótica! O diagnóstico é feito no 1° trimestre da gestação através da ultrassonografia. O método + efetivo para avaliar amniocidade e corionicidade é a USG do 1° trimestre – entre 6 e 14 semanas. Entre 6 a 8 semanas, as gestações dicoriônicas apresentam dois sacos gestacionais e um septo espesso entre eles, e as monocoriônicas exibem um saco gestacional com dois embriões. Presença de um saco gestacional com dois embriões em gestação monocoriônica. 3 Khilver Doanne Sousa Soares Material restrito, favor não reproduzir nem distribuir sua posse!!! Nenhum serviço de impressão e xerox pode redistribuir este material a outros clientes!!! Presença de dois sacos gestacionais em gestação dicoriônica. A partir de 9 semanas, já é possível observar o âmnio com maior precisão, podendo definir a amnionicidade pela visualização ou não da membrana amniótica. A corionicidade entre 9 e 14 semanas é determinada pelas características da membrana amniótica: Monocoriônica/monoamniótica: não há membrana entre os fetos; Monocoriônica/diamniótica: a membrana entre os fetos é fina, formando o sinal do T; Dicoriônica/diamniótica: a membrana entre os fetos é espessa, formando o sinal do lambda ou Twin Peak – caracterizando dicorionicidade. Após o 1° trimestre se torna difícil identificar os sinais de lambda e do T, pois as placentas ficam muito fundidas. O organismo da gestante passa por acentuadas alterações. Elas apresentam volume sanguíneo 500ml maior que na gestação única; o débito cardíaco está 20% maior; há maior dificuldade respiratória pelo aumento uterino importante, além de compressão das vias urinárias causa dilatação da pelve renal! Além disso, nas gestações múltiplas, há maior propensão à hiperêmese, anemia e infecção urinária. Complicações Para a gestante, há maior risco de pré- eclâmpsia, diabetes, anemia, complicações hemorrágicas, edema pulmonar e óbito, sendo o risco de morte materna duas vezes maior para essas mulheres. O principal risco para o feto é a prematuridade, mas também há risco maior de restrição de crescimento e anomalias fetais. Além disso, as gestações monocoriônicas apresentam complicações específicas que não ocorrem nas gestações dicoriônicas, como síndrome da transfusão feto-fetal, sequência anemia-policitemia, gêmeo acárdico (sequência TRAP – perfusão arterial reversa gemelar), enovelamento de cordão e gêmeos conjugados. Prematuridade É a principal complicação fetal das gestações múltiplas e ocorre em 30% a 50% dos casos, sendo maior nas gestações monocoriônicas. 4 Khilver Doanne Sousa Soares Material restrito, favor não reproduzir nem distribuir sua posse!!! Nenhum serviço de impressão e xerox pode redistribuir este material a outros clientes!!! A profilaxia com progesterona vaginal em gestações gemelares está indicada no caso de colo curto (≤ 25 mm). CERCLAGEM e PESSÁRIO não estão indicados nas gestações gemelares! Assim como a internação hospitalar e repouso no leito. Tocolíticos, corticoide, sulfato de magnésio e antibioticoprofilaxia na prematuridade seguem a mesma indicação das gestações únicas. Óbito Fetal Quanto maior a idade gestacional, mais a morte de um dos fetos pode afetar a sobrevida/complicações para o outro sobrevivente. As consequências para o feto que permanecer vivo SÃO IMEDIATAS, logo, a resolução da gestação após a morte de um feto não traz benefícios. No entanto, diante da iminência de óbito em um dos fetos de gestação monocoriônica, sugere-se resolução da gestação se ela se encontrar acima de 26 semanas. Já nas gestações dicoriônica, o risco para o feto sobrevivente é mínimo e pode-se adotar a conduta expectante. Malformações Fetais A avaliação morfológica dos fetos é essencial no acompanhamento das gestações gemelares, incluindo a realização de ecocardiograma fetal. Restrição de Crescimento Fetal Nas gestas monocoriônica esse acometimento é ainda mais frequente. A partir de 28 semanas, se observa um ritmo de crescimento menos acelerado desses fetos quando comparado com a gestação única. Por qual motivo? Inserção anômala do cordão umbilical no leito placentário, pré-eclâmpsia, anomalias congênitas e síndrome da transfusão feto-fetal. A restrição pode ocorrer em ambos ou em apenas 1 feto. Se um dos fetos apresenta peso 20% menor que o outro, já há crescimento discordante. SE HÁ CRESCIMENTO DISCORDANTE OU RESTRIÇÃO DO CRESCIMENTO, esses fetos devem ser acompanhados com avaliação ultrassonográfica e Dopplervelocimétrica seriada. Restrição de Crescimento Fetal Seletiva Nestes casos, enquanto um feto apresenta níveis normais, o outro tem peso abaixo do esperado alterações na Dopplervelocimetria e no líquido amniótico. Peso fetal estimado < percentil 3 faz esse diagnóstico. Se um dos fetos também apresenta pelo menos 2 dos seguintes pontos, determina- se RCF: Peso fetal < percentil 10 Discordância de peso fetal ≥ 20% IP da arterial umbilical do menor feto > percentil 95 Circunferência abdominal < percentil 10 Restrição do crescimento fetal NÃO É A MESMA COISA que síndrome da transfusão feto-fetal!!! Síndrome da Transfusão Feto-Fetal É uma complicação exclusivadas gestações monocoriônicas e diamnióticas. Essa complicação caracteriza-se pelo desbalanço de sangue entre as circulações dos dois fetos, causado pela presença de anastomoses vasculares arteriovenosas placentárias profundas, que permitem a transferência de sangue de um feto (doador) para o outro (receptor). Como diagnosticar? Geralmente entre 15 a 26 semanas de gravidez pela discrepância no volume de líquido amniótico, com oligoâmnio no feto doador e polidrâmnio no feto receptor. Também ocorre anemia, restrição de crescimento e oligúria do gêmeo doador, enquanto o feto receptor apresenta policitemia, sobrecarga cardíaca e até hidropisia. 5 Khilver Doanne Sousa Soares Material restrito, favor não reproduzir nem distribuir sua posse!!! Nenhum serviço de impressão e xerox pode redistribuir este material a outros clientes!!! Pode-se lançar mão de: amniodrenagem, cirurgia a laser, septostomia e feticídio seletivo. O principal tratamento na síndrome da transfusão feto-fetal é a coagulação a laser das anastomoses arteriovenosas por fetoscopia. A classificação de Quintero estadia a STFF e guia a melhor conduta. 1. Estágio I: pode ser feita amniodrenagem; 2. Estágio II: a partir daqui a cirurgia a laser tem melhores resultados! Estágios II, III e IV são considerados GRAVES! Se não for realizada a cirurgia à laser, a morte de um dos fetos ocorre em mais de 90% dos casos + grande chante de danos neurológicos no feto vivo (entre 50-100% chance)!!! _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ ____________________________________________________ 6 Khilver Doanne Sousa Soares Material restrito, favor não reproduzir nem distribuir sua posse!!! Nenhum serviço de impressão e xerox pode redistribuir este material a outros clientes!!! Sequência Anemia-Policitemia Também se caracteriza pelo desbalanço de sangue entre as circulações dos dois fetos e presença de anastomoses vasculares arteriovenosas placentárias, porém em menor intensidade que a STFF. Logo, não se observa as mesmas alterações que na STFF. O que ocorre é aumento do fluxo da artéria cerebral média num dos gêmeos + sua diminuição no outro – causando respectivamente anemia fetal e policitemia. NÃO HÁ restrição do crescimento NÃO HÁ alteração do volume do líquido amniótico Entre os tratamentos propostos, existem: conduta expectante, indução do parto, transfusão intrauterina para o feto doador e exsanguineotransfusão parcial para o feto receptor, feticídio seletivo ou ablação a laser das anastomoses por meio de fetoscopia. A escolha dependerá da IG, gravidade da doença e demais fatores presentes! Gêmeo Acárdico É uma complicação exclusiva das gestações monocoriônicas, decorrente da sequência TRAP (twin reverse arterial perfusion - perfusão arterial reversa gemelar), representando o grau extremo de anormalidade vascular nessas gestações. O gêmeo acárdico não possui um coração funcional, recebendo sangue do gêmeo normal, pela presença de anastomoses arterioarteriais. A perfusão desigual resulta em MUITAS alterações estruturais (extremidades inferiores bem desenvolvidas, com tórax e crânio ausentes, ou ser apenas uma massa de tecido, etc.). O feto normal pode apresentar polidrâmnio e sinais de insuficiência cardíaca, que é responsável por 50% a 70% dos óbitos nesses casos. O tratamento consiste em ocluir o fluxo para o gêmeo acárdico por ligadura endoscópica, 7 Khilver Doanne Sousa Soares Material restrito, favor não reproduzir nem distribuir sua posse!!! Nenhum serviço de impressão e xerox pode redistribuir este material a outros clientes!!! coagulação a laser do cordão umbilical ou embolização dos vasos umbilicais com álcool absoluto. Gestação Monoamniótica Correspondem a 1% das gestas monozigóticas. Tem risco de mortalidade de 50 a 70%! Principais complicações: enovelamento do cordão umbilical, a presença de malformações fetais, a prematuridade e o óbito fetal súbito. Gêmeos Conjugados! Ocorre pela demora da separação da massa embrionária, após o 14° dia da fecundação. Isso só ocorre em gestas monozigóticas, monocoriônicas e monoamnióticas. Gestação Trigemelar! As complicações são as mesmas das gestações gemelares, com maior incidência de partos prematuros. A via de parto preferível é a cesárea. Acompanhamento Pré-Natal Tem mais consultas e mais ultrassonografias periódicas. Aqui realiza-se a pesquisa MENSAL de anemia materna. Acompanhamento ultrassonográfico nas gestas DICORIÔNICA: mensal a partir de 16 semanas Acompanhamento ultrassonográfico nas gestas MONOCORIÔNICAS: quinzenal a partir de 16 semanas pelo risco de STFF. Profilaxia de prematuridade? Fazer progesterona vaginal se colo < 25mm ou história de prematuridade! Rastrear anomalias cromossômicas através de USG morfológica do primeiro trimestre (11 a 13 semanas). OBS.: em gestas DIZIGÓTICAS calcula-se o risco fetal de forma INDIVIDUAL; em gestas MONOZIGÓTICAS, calcula-se UM RISCO FETAL para AMBOS OS FETOS. Pelo alto risco de pré-eclâmpsia, as gestantes aqui devem receber profilaxia com 8 Khilver Doanne Sousa Soares Material restrito, favor não reproduzir nem distribuir sua posse!!! Nenhum serviço de impressão e xerox pode redistribuir este material a outros clientes!!! aspirina de baixa dose (100 a 150 mg/dia) entre 12 a 36 semanas e suplementação com carbonato de cálcio (1,5 a 2 g/dia). Assistência ao Parto da Gestação Múltipla Nas gestações dicoriônica pode-se esperar o parto no termo – ALGUNS ESTUDOS SUGEREM não ultrapassar 38 semanas. Para gestações monocoriônicas diamnióticas, a resolução da gestação deve ocorrer entre 36 a 38 semanas, quando não há complicações. Já as gestações monocoriônicas e monoamnióticas não devem ultrapassar 33 semanas. A via de parto nas gestações monocoriônicas e monoamnióticas deve ser a cesárea, pelo risco de entrelaçamento de cordões. Nas gestações diamnióticas é possível o parto vaginal. QUANDO É POSSÍVEL O PARTO VAGINAL?!? Quando o primeiro gemelar é cefálico e apresenta peso estimado entre 1500g e 4000g; SE, o primeiro gemelar NÃO É CEFÁLICO ou apresenta PESO ESTIMADO MENOR QUE O 2° GEMELAR (c/ diferença >ou=500g) ou o peso estimado dos fetos é <1500g ou há CICATRIZ UTERINA PRÉVIA cesárea! Quando se opta pelo parto vaginal e o segundo gemelar está em apresentação transversa, deve ser feita a versão fetal interna para apresentação pélvica. Se não for possível e o primeiro nascimento já tiver ocorrido por parto normal cesárea! _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ Referências Estratégia MED. Obstetrícia. Gestação múltipla. Curso Extensivo. 2023.
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