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1 Sumário CONCEITO DE ESTADO .......................................................................................................................... 2 ELEMENTOS CARACTERIZADORES DO ESTADO ........................................................................ 3 DIFERENÇA ENTRE ESTADO E NAÇÃO ........................................................................................... 7 ESTADOS ANTIGOS E ESTADOS MODERNOS ............................................................................. 8 CONCEITO DE ESTADO O conceito de Estado é um dos mais importantes para o Direito Constitucional, uma vez que a Constituição, na verdade, cuida justamente da organização do Estado, definição de sua estrutura e exercício de seus poderes. Além disso, impossível falar-se em Constituição sem a existência de um Estado para respeitá-la e fazê-la cumprir. Por isso que Constituição e Estado são conceitos intimamente relacionados e de uma certa forma, interdependentes. Tanto que, comumente, nas faculdades de Direito, costuma-se anteceder o estudo do Direito Constitucional com o estudo das normas gerais relativas ao Estado. Primeiramente, deve-se ter em mente que o termo “Estado” aqui será usado especialmente como sinônimo de País, e não de Estado-Membro. Assim, fala-se em Estado Brasileiro, Estado Alemão, etc . Já a expressão “Estado-Membro” é usado para indicar as entidades componentes de uma Federação. Nesse último sentido é que falamos do Estado de São Paulo, do Rio de Janeiro, Bahia, etc. Embora vários sejam os conceitos que possam ser dados para o Estado, uma das prestigiadas é a de Max Weber, segundo quem “o Estado é uma instituição política que, dirigida por um governo soberano, detém o monopólio da força física, em determinado território, subordinando a sociedade que nele vive.” A partir dessa definição, podemos extrair aquilo que é o chamado de elementos ou componentes do Estado. 3 ELEMENTOS CARACTERIZADORES DO ESTADO Normalmente consideram-se que são quatro os elementos caracterizadores do Estado, sendo que todos devem estar presentes para que o mesmo possa ser considerado como tal. Esses elementos são: povo, território, poder e soberania. Na falta de algum desses elementos essenciais, considera-se que não haja um Estado de fato, mas sim o que se costuma chamar de um quase-Estado. Importante notar que alguns autores costumam identificar somente 3 (três) elementos caracterizadores do Estado, pois colocam como integrantes do mesmo elemento o poder e a soberania, explicitando que o primeiro diz respeito às relações jurídicas internas do Estado e o segundo às suas relações externas. Para maior clareza, porém, adotou-se a divisão quádrupla que veremos a seguir. a) Povo: é o elemento humano do Estado, sendo formado pelo conjunto de seus súditos, normalmente chamado de nacionais. Obviamente, não há Estado sem pessoas, uma vez que o próprio Estado não existe no mundo natural, sendo eminentemente uma construção da razão humana. Não se deve confundir o povo com um ajuntamento qualquer de pessoas em um local, o qual pode ser chamado de população. Isso porque o povo constitui-se em um conjunto de pessoas que estão sob um mesmo ordenamento jurídico, que estão sob a autoridade do Estado a que pertencem, não podendo ser entendido fora dessa dimensão jurídica. Nesse sentido, observa Jorge Miranda que “o povo não pode conceber-se senão como realidade jurídica, tal como a organização não pode deixar de ser a organização de certos homens, os cidadãos ou súditos do Estado” . 4 Por outro lado, e até em função disso, deve-se notar que aquelas pessoas que somente estão temporariamente no território nacional, ou que ali permanecem sem vinculação jurídica com o Estado, não fazem parte de seu povo, sendo normalmente chamados de estrangeiros. O vínculo jurídico que se estabelece entre o Estado e seu povo decorre da nacionalidade, a qual dota a ambas as partes de direitos e obrigações recíprocos, sendo que cabe a cada País definir os critérios para alguém seja seu nacional . b) Território: o território é o espaço físico ocupado pelo povo do Estado. Define a sua extensão física, o local onde o Estado exercerá o seu poder de forma soberana. Todo Estado precisa ter um território onde exercerá seu poder e sua soberania. Desta forma, observam Daury Cesar Fabriz e Cláudio Fernandes Ferreira que “é no espaço territorial que os homens reunidos em comunidade se assumem em sociedade política, compartilhando um objetivo político comum” . Existem casos de povos que, embora possuam uma forte ligação de identificação entre si, não possuem um território que lhes pertença de direito, sendo que, desta forma, não possuem um Estado, constituindo somente uma nação. Importante observar que o território abrange, além do espaço terrestre, também o espaço aéreo, o subsolo e o denominado “mar territorial”, o qual compreende uma faixa de águas costeiras de até 12 milhas náuticas (22 quilômetros) a partir do litoral, medida da linha de baixa-mar, a chamada maré baixa). 5 A definição dos territórios de cada Estado pode ser feita por meio de tratados internacionais, especialmente com países vizinhos, ou por meio da consolidação de uma situação fática, com o passar do tempo, embora conflitos envolvendo delimitações de território não sejam incomuns. c) Poder ou Governo: o poder ou governo pode ser definido capacidade do Estado de gerir-se, de criar leis e fazê-las cumprir pelos seus súditos e por todos aqueles que estejam em seu território. No exercício do poder, o Estado detém o que se chama de monopólio da força, que é a possibilidade, que só o Estado tem, de usar da coação física para assegurar o cumprimento da lei, o que se manifesta, por exemplo, na possibilidade de prender criminosos ou de penhorar bens para pagamento de dívidas de credores. O conjunto de normas criadas e aplicadas pelo Estado é denominado de ordenamento jurídico, o qual encontra sua base fundamental justamente na Constituição Federal – ou Constituição Nacional, no caso dos Estados Unitários. A não capacidade de exercício de Governo descaracteriza o Estado, que passa a constituir-se então um mero ajuntamento de pessoas, ainda que possuam objetivos, características ou atividades em comum. Assim, por exemplo, um conjunto de clãs independentes que habitem uma determinada região comum não constituirão um Estado, se não houver uma ligação jurídica que os una sob uma mesma autoridade. É justamente o Poder ou Governo, como elemento formador do Estado, que demonstra a estreita relação entre Direito e Estado, uma vez que este não existe sem aquele, e aquele é produto deste e depende do mesmo para ser aplicado efetivamente. d) Soberania: representa a independência do Estado em relação a outros Estados. Ela pode ser vista sob duas óticas: a interna e a externa. 6 Internamente, relaciona-se a soberania com a exteriorização da vontade popular, base do regime democrático, permitindo que o Estado determine suas escolhas e aprove a aplique suas leis com exclusividade em seu território, sem interferências externas, fazendo com que seu ordenamento jurídico seja o único a ser aplicado em seus limites, exceto quando, por ato voluntário, permita de forma excepcional a aplicação do direito estrangeiro em seu próprio território. Externamente, a soberania manifesta-se nas relações do Estado com outros Estados soberanos, por meio de decisões independentes e que permitam defender prioritariamente os interesses de seus próprios cidadãos. De acordo com o Direito Internacional, um Estado só será considerado como tal se conseguir o reconhecimento de sua soberania por parte dos demais países. É por isso que uma das primeiras providências tomadas por alguma região que declara sua independênciade um Estado é a tentativa de obter o reconhecimento internacional, uma vez que enquanto tal não ocorrer, qualquer tentativa de criação de um novo Estado será vista como uma luta interna promovida por um movimento rebelde. Deve-se destacar, por outro lado, que os chamados protetorados – que antigamente costumavam receber o nome de “colônias” – não possuem soberania no sentido estrito do termo, estando subordinados à autoridade e proteção de um Estado estrangeiro, particularmente no que se refere à política externa, embora normalmente possua autonomia para organizar seu próprio governo. Por conta disso, os protetorados não são considerados Estados, no sentido técnico da palavra. Um exemplo de protetorado é Porto Rico, o qual se submete à proteção norte- americana, sendo considerado um “território não incorporado” dos Estados Unidos. 7 DIFERENÇA ENTRE ESTADO E NAÇÃO Embora muitas vezes sejam termos tomados como sinônimos, tecnicamente não se deve confundir Estado com Nação. Enquanto o Estado foi conceituado acima, a Nação pode ser definida como um agrupamento de pessoas que possuem entre si laços que identificam essas pessoas entre si e as diferenciam dos demais agrupamentos humanos. Ou seja, numa nação, seus indivíduos possuem uma relação que os individualiza e permite que os mesmos sejam considerados como um grupo específico e distinto. Esses laços podem ser, entre outros: um idioma específico comum, mesmas características étnicas, costumes semelhantes, uma mesma religião, entre outros. Desta forma, podem existir nações que não constituem um Estado organizado, por lhe faltar algum dos elementos estudados no item anterior, como ocorre atualmente com os curdos e até, 1947, com os judeus. Por outro lado, pode também ocorrer de, em um mesmo Estado, existirem nações distintas, mas que estão subordinadas ao mesmo ordenamento jurídico. Nesse sentido, costuma-se falar em diversas “nações indígenas” que habitam a Amazônia. Da mesma maneira, pode haver nações que se subdividem em mais de um Estado, como se pode falar, por exemplo, dos povos bálticos, que apesar de compartilharem de diversas características comuns, formam diversos países no leste da Europa. 8 ESTADOS ANTIGOS E ESTADOS MODERNOS Embora os Estados existam desde a Antiguidade, houve profundas mudanças em sua organização ao longo do tempo e especialmente na relação entre esses e o povo. Os Estados antigos caracterizavam-se entre outras coisas, por serem normalmente autocráticos, com o poder concentrado fortemente nas mãos de uma única pessoa ou de um pequeno grupo, excluindo-se a maior parte do povo das decisões políticos. Além disso, normalmente se utilizavam da religião como instrumento de legitimação do poder, não havendo, na maioria das vezes, clara distinção entre política e religião. Outra característica marcante dos Estados antigos é a sobrevalorização do coletivo em detrimento do individual, sendo que o indivíduo somente tendia a ser visto como parte do todo maior, havendo pouco espaço para liberdades individuais, como a religiosa, de pensamento ou mesmo a econômica. No século XVIII começam a se consolidar o que se convencionou chamar de Estados Modernos, os quais, em contraposição aos Estados absolutistas de então, especialmente na Europa tinham na participação popular e na defesa das liberdades individuais duas de suas principais características. A separação entre Governo e Igreja também é sempre realçada como uma das peculiaridades do Estado Moderno. 9 Na idade contemporânea, o Direito passa a substituir a religião como fonte de legitimação do poder, o qual entende-se pertencente ao povo, e não mais ao governante, como antes se assumia. CONCEITO DE ESTADO ELEMENTOS CARACTERIZADORES DO ESTADO DIFERENÇA ENTRE ESTADO E NAÇÃO ESTADOS ANTIGOS E ESTADOS MODERNOS
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