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FUNDAMENTOS E PRÁTICA NO ENSINO DA LÍNGUA PORTUGUESA INTRODUÇÃO Prezado aluno! O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta , para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 1 MORFOLOGIA A morfologia é a área da linguística que estuda a estrutura das palavras e como elas são formadas a partir de morfemas. O morfema é a menor unidade de significado de uma palavra, ou seja, a parte da palavra que contém um significado específico. Por exemplo, na palavra "amigo", podemos identificar dois morfemas: "amig" e "o". "Amig" é o radical da palavra, que transmite o significado básico de "amigo". Já o morfema "o" é um sufixo que indica o gênero masculino da palavra. A morfologia também estuda a formação de novas palavras a partir de outras, através de processos como a derivação e a composição. Por exemplo, a palavra "amizade" é formada a partir do radical "amig" da palavra "amigo", mais o sufixo "-ade", que indica a qualidade ou estado de algo. 1.1 Estrutura interna das palavras O léxico é tradicionalmente definido como o conjunto de palavras em um determinado idioma. Segundo a abordagem clássica, o estudo do vocabulário visa aprofundar o conhecimento das características e propriedades de cada palavra. Isso está no passado e no presente, porque há mudanças no espaço, no tempo e na história de uma língua, porque ela não é estática, ela se move gradativamente conforme a sociedade se desenvolve. Por exemplo, pense em palavras como: internet, imprimir, digitalizar, twittar. Há uma inserção no vocabulário português - alguns ainda não registrados oficialmente no momento - no senso comum. Na tradição dos estudos gramaticais, a morfologia se concentra no estudo das flexões. Os diversos processos de origem e mudança, assim como a expansão das palavras, cumprem funções pré-determinadas, transformam-se em estruturas morfológicas lexicais. Lembrando que a morfologia não existe por acaso, é a divisão gramatical mais antiga da história, entretanto foi reconhecida como tal apenas na segunda metade do século XIX. Os linguistas que se dedicaram aos estudos sobre morfologia não se consideravam morfólogos até então. Assim, o vocabulário representa um depósito de elementos designativos, pois fornece as unidades básicas para a construção dos enunciados e inclui também os processos de formação das palavras. O intuito deste estudo é fornecer para você, estudante, uma visão estruturada dos imprescindíveis processos de formação de palavras. É importante pensar de que forma o léxico se constitui na língua, como cada novo conceito passa a ser registrado. Entretanto, com isso, teríamos uma combinação de sequências que não daríamos conta de guardar na memória. Assim, para efeito máximo, a expansão do vocabulário passa pela formação de palavras. Ou seja, de fórmulas padronizadas para construir novas palavras a partir do que já está no vocabulário. De acordo com Basílio (2006, p. 10), o léxico/vocabulário é “ecologicamente correto" porque possui uma base de dados cada vez maior, mas utiliza materiais já existentes, reduzindo assim a dependência de memória e garantindo a comunicação automática. Por exemplo, em palavras como: computacional, globalização, etc., novas formas de palavras existentes são percebidos: o verbo computar, por exemplo, já existe e é usado como base para formação da palavra computador, com o auxílio do sufixo – ção, que também já existia, foi possível a formação da palavra computação. Para melhor compreensão, analise a Figura 1. Figura 1. Abordagens da morfologia, da semântica e da sintaxe. Fonte: Machado (2017). Classes de palavras As classes de palavras, ou categorias lexicais, envolvidas em processos de formação de palavras são: Substantivo Adjetivo Artigo Pronome Numeral Verbo Advérbio Conjunção Preposição Interjeição A classe das palavras denominadas substantivos é definida por suas características morfológicas, que são a apresentação e determinação das flexões em termos de gênero e número; além de seu atributo semântico designando organismos ou entidades; e sua propriedade sintática ocupa o núcleo do sujeito e complementos. A classe dos adjetivos é definida pela propriedade descritiva ou qualitativa dos organismos indicados pelo substantivo e, portanto, concordando em gênero e número com eles. Por outro lado, um verbo é definido como uma classe de palavras que denotam ações e relações (acontecimentos, estados, etc.) no tempo, tem como função um predicado e representam a variação do tempo e de modo. Advérbios são classes invariáveis de palavras que modificam verbos, adjetivos e outros advérbios e enunciados. Um artigo é o que precede um substantivo e tem como função determinar ou indeterminar o substantivo seguinte. Os artigos podem estar sujeitos a alterações por número e gênero. A classe de palavras conhecidas como pronomes inclui palavras que identificam o indivíduo no momento da comunicação, ou seja, destacam a pessoa na fala. Já um numeral, é um grupo de palavras que têm função quantitativa ou representam uma sequência para o processo de comunicação. Por sua vez, as conjunções conectam elementos na construção do discurso. E para que se tenha clareza na comunicação, dar-se-á também essa função à preposição, ou seja, uma palavra deve estar ligada a outra. Para segmentar as variações das palavras, é possível dividi-las em variáveis e invariáveis: Variáveis As palavras variáveis podem ser flexionadas em gênero e número (algumas, inclusive, em grau). São elas: Adjetivo Artigo Pronome Substantivo Verbo Invariáveis As palavras denominadas como invariáveis são aquelas que não sofrem variações em gênero ou número. Ou seja, independentemente da estrutura declarada, eles permanecem no mesmo formato. Os contextos não interferem e da mesma forma, os alinhamentos de texto não os modificam. São elas: Advérbio Conjunção Preposição Interjeição Fonte: adaptada, Bauer (1983). Podemos perceber neste exemplo que todas as palavras que fazem parte do enunciado, concordam em gênero e número, ou seja, estão no feminino singular de acordo com o núcleo do sujeito (colaboradora), exceto o advérbio de intensidade muito. Isso, como visto antes, é invariável. 1.2 Formação de palavras e suas implicações para o ensino O conhecimento acerca dos processos de formação de palavras (que pode ocorrer através da reflexão sobre o funcionamento da nossa língua portuguesa) possibilita que os indivíduos percebam que a língua existe como meio de comunicação entre homens; sendo que as significações linguísticas estão na base dessa comunicação. Quanto mais se compreende o funcionamento da língua como um sistema vivo e mutante, mais habilitados os sujeitos estarão para compreender o contexto no qual estão inseridos e aumentam-se as possibilidades de interpretação e amplia-se a noçãodo certo e do errado e passamos então a perceber a língua como algo que demarca historicamente um povo e um tempo. Diz-se com muita intensidade que vivemos na sociedade da comunicação e da informação, na qual a palavra dita e, sobretudo, escrita é utilizada com grande intensidade. As redes sociais modificaram as relações dos indivíduos com o uso da palavra, o domínio dela, por conseguinte, é possibilidade de ocupar diferentes espaços de forma adequada e fazendo uso da riqueza que a língua oferece. O processo de formação de palavras traz implicações para o ensino, uma vez que é preciso constante atualização e contextualização para que não se limite o espaço do aprendiz. Se você parar para pensar, podemos citar inúmeras novas palavras na nossa língua: agito, xingo, desmate, carreata, entre outras (ROCHA, 1998). A partir dessas novas criações podemos nos perguntar: por que algumas causam estranheza e outras não? Por exemplo, a palavra desmorrer, já que a forma desmerecer é aceita. Por que razão a palavra atingimento não é considerada como uma palavra existente na língua, mas possível de ser criada? Por que uma palavra proferida por uma figura pública causa tanto comentário? Pense na palavra imexível e o que ela gerou após ter sido pronunciada por um ministro do Estado. Por que no Rio Grande do Sul temos como forma consagrada lavagem e em Santa Catarina lavação? Estas e outras perguntas devem ser discutidas no âmbito da morfologia. No decorrer do processo de ensino é necessário levantar alguns questionamentos com os alunos: Qual o objetivo de formar novas palavras? De que maneira formamos novas palavras? Quando parece ser emergente apropriar-se de novas palavras ou de palavras de outras línguas? Quais são as partes integrantes de uma palavra? A partir de que critério(s) podemos dizer que uma palavra existe em uma língua? Portanto, para os processos de ensino e aprendizagem, uma teoria morfológica da língua objetiva pode definir como e quais novas palavras podem ser formadas. Assim, um falante que escuta uma palavra, quer seja pela primeira vez, tem capacidade de reconhecê-la como uma palavra de sua língua e assim permite a intuição sobre a estruturação dela e de seus possíveis significados. Dessa forma, uma teoria morfológica descreve esses fatos, sobretudo os mecanismos formais que criam novas palavras e a análise de palavras que já circulam nessa língua. É imperativo que a língua precisa ser ensinada na escola. A gramática normativa, então, traz as regras. Mas a norma não pode ser uniforme e rígida. Ela precisa ser elástica e contingente, evidenciando a sua adaptação de acordo com cada situação social específica em que está inserida. Pense: o professor fala em casa da mesma e exata forma que fala em sala de aula ou em uma conferência? Se a língua é variável no espaço e na hierarquia social, como definir uma única representação como a correta? Reflita sobre essa questão. 1.3 Contribuições históricas para os estudos de morfologia Toda gramática da língua portuguesa dedica um capítulo ao estudo da morfologia, quando se trata de gramáticas normativas. Quanto a linguística, ou seja, o estudo científico do funcionamento da linguagem, a morfologia como campo de estudo tem tido historicamente épocas de valorização e esquecimento também. Nos tempos da gramática estrutural, a morfologia era o centro das atenções e assim obteve muito êxito. Entretanto na época da linguística gerativo- transformacional, ela foi negligenciada em relação à sintaxe e à fonologia. De acordo com Bauer (1983): No momento, o estudo da formação de palavras está sujeito a alterações frequentes. Não há um corpo de doutrina pacificamente aceito nesse campo, de tal forma que os pesquisadores estão sendo obrigados a estabelecer a sua própria teoria e procedimentos à medida que caminham (BAUER, 1983, p. 7). No entanto, com o avanço da história das sociedades e os crescentes esforços para entender os fenômenos existentes no mundo, essa reflexão tem dado lugar a estudos cada vez mais aprofundados da morfologia. No contexto da língua portuguesa, os autores se dedicam a esse campo e ampliam a visibilidade e a importância do estudo científico da língua. Por exemplo, Margarida Basílio tem um trabalho relacionado publicado no Brasil, intitulado: “Estruturas Lexicais do Português: uma abordagem gerativa”, demonstrando assim o crescente interesse pela disciplina. Existem quatro escolas de estudo e análise da composição morfológica da linguagem: descritivismo, historicismo, estruturalismo e gerativismo. Para a gramática tradicional, esse tópico é menos relevante. No entanto, durante o período de influência do estruturalismo, mais atenção foi dada à teoria gerativista (Quadro 1). Quadro 1. Descrição do componente morfológico das línguas pelas quatro grandes escolas: Fonte: adaptada, Bauer (1983). No Brasil, por volta da década de 60 até o início da década de 70, podem ser vistos os primeiros passos para o fortalecimento dos estudos nesta área, com a obrigatoriedade do ensino da linguística nos cursos de Letras. Na segunda fase, a disciplina insere-se na área de graduação e pós-graduação que se desenvolveu no país no campo de pesquisas. As obras começaram a surgir, entre elas a do pesquisador Mattoso Câmara Júnior (1970, 1971). Assim, durante a década de 70, a morfologia voltou a ser reconhecida como objeto de estudo na Teoria Gerativa, com o nome de Noam Chomsky (1970), em destaque. Nesta fase de consolidação, não se pode evitar que, ao estudar a estrutura interna das palavras, a morfologia tenha dificuldade em determinar seu objeto de estudo. À medida que a pesquisa em torno desse tópico avança, melhores definições são estabelecidas, passando a trabalhar com as regras de formação de palavras. A partir dessa interpretação, historicamente, a ênfase na competência linguística é consolidada, ou seja, surge a capacidade de pensar não apenas sobre as formas de léxicos existentes, mas também, aprimora o estudo da ciência da linguagem a partir da avaliação do potencial da linguagem para formar uma nova, com o objetivo principal de atender às necessidades de comunicação. 2 FORMAÇÃO DE PALAVRAS A língua apresenta mecanismos linguísticos de funcionamento por meio dos quais se cria a oportunidade de formação de novas palavras. Se pensarmos no léxico, ou seja, naquele banco de dados de palavras que apresenta certa regularidade (BASÍLIO, 2004), constataremos que este conjunto fechado não é suficiente para a designação e a construção dos enunciados em língua portuguesa. Os falantes têm necessidade de identificar, classificar e nomear as coisas sobre as quais desejam comunicar algo. Na prática, é preciso um sistema dinâmico, o qual seja capaz de se expandir conforme são necessárias novas unidades de designação para uma construção plural de novos enunciados. A partir do momento em que se identificam novos objetos, novas práticas, novos sentimentos, entre outros, o léxico precisa ser ampliado para fornecer unidades de designação que sejam condizentes com a realidade dos falantes. Como exemplo desse processo, pensemos na palavra global. Hoje, fala-se em globalização, globalizar, etc. Todas essas novas palavras foram elaboradas pelas necessidades do contexto atual. Outro exemplo diz respeito à palavra internet. Hoje, temos o termo “internetês” como um neologismo para designar a linguagem específica utilizada no mundo virtual. De fato, o léxico não é apenas um conjunto de palavras. Como sistêmico dinâmico, apresenta estruturas a serem utilizadas em sua expansão (BASÍLIO, 2004). Essas estruturas, ou seja, os processos de formação de palavras, permitem a formação de novas unidades no léxico como um todo e, assim, a aquisição de novas palavras por parte de cada falante. Entretanto, a língua,como sistema de comunicação, não pode se resumir apenas ao aumento do número de símbolos. Fosse assim, o falante precisaria decorar uma série de novos símbolos: o sistema seria ineficiente e dependeria da memória do falante. Na realidade, o que temos é uma expansão do léxico a partir de processos de formação de palavras. 2.1 Flexão, derivação e composição A língua apresenta alguns mecanismos linguísticos por meio dos quais se formam novas palavras. Vamos conhecer a flexão, a derivação e a composição de palavras em língua portuguesa. Destacamos que o componente lexical de uma gramática, conforme Scalise (1994), é organizado em três blocos de regras. São eles: regras de composição, regras de derivação e regras de flexão. Flexão A primeira informação a considerar é que, no processo de flexão, são considerados o gênero, o número e o grau dos nomes e a pessoa, o número, o tempo e o modo dos verbos. Segundo Câmara Jr. (2001), os morfemas flexionais apresentam-se de maneira regular e sistemática. Portanto, vamos analisar o que acontece com a flexão nominal e verbal. Nos casos de flexão, lembre-se: Há regularidade; Há concordância; Não é opcional As desinências, ou morfemas flexionais, constituem classe fechada, obrigatória, e representam as noções gramaticais de gênero, número, modo, tempo e pessoa. Dessa forma, as classes de vocábulos que podem ser submetidos aos processos de flexão são os nomes e os verbos. Esses dois grupos de vocábulos são variáveis e englobam substantivos, adjetivos, pronomes, artigos, numerais e verbos. Segundo Margotti e Margotti (2008), podemos classificar as desinências nominais em: desinência de gênero (masculino e feminino); desinências de número (singular e plural). Já as desinências verbais classificam-se em: desinências modo- temporais (tempo e modo do verbo) e desinências de número e de pessoa. Para entender melhor, observe a Figura 1. Figura 1. Flexão nominal e verbal. Fonte: Adaptada de Margotti (2008). No processo de flexão, há regularidade, pois o nível sintático impõe normas de concordância. Os vocábulos subordinados devem concordar em gênero e número. Por exemplo, em uma estrutura em que há presença de vocábulos subordinados a um substantivo, eles deverão concordar com este em gênero e número. O mesmo ocorre com a presença do verbo em um enunciado: ele exige flexão de pessoa e número. O número do substantivo evidencia a regularidade. Por exemplo: menino, meninos; garoto, garotos. Dessa forma, o número do substantivo deve ser considerado como flexão. O gênero é indicado por critério sintático. Nos casos dos substantivos como livro, caneta, dente, o masculino e o feminino são determinados pelos anexos determinantes flexionais. Observe: O livro. Aquela caneta. Este dente cariado Mais detalhadamente, o nome pode ser formado por um morfema, ou seja, uma raiz, mas também pode ser ampliado por meio de morfemas flexionais (desinências de gênero e número). O número do substantivo deve ser considerado como flexão, pois, emitido determinado substantivo, podemos prever seu plural de forma regular. Para Rocha (1998), os casos de substantivos invariáveis são muito reduzidos e não impactam na análise linguística (por exemplo: o ônibus/os ônibus; o atlas/os atlas). Com relação ao gênero, é preciso análise sintática para indicação. É o caso dos exemplos anteriores: livro, caneta, dente, pijama, tribo. Estes são femininos ou masculinos pelos determinantes flexionados em um dos dois gêneros. O livro chato. A caneta vermelha. Aquele pijama listrado. Em verdade, há certos substantivos em que, além de o gênero poder ser assinalado por um determinante, pode ser indicado por marca morfológica. Observe: Aquele menino preguiçoso. Aquela menina preguiçosa. Um gato branco. Uma gata branca. Em seus estudos sobre formação de palavras, Rocha (1998) destaca que a quase totalidade dos substantivos em língua portuguesa não apresentam marca morfológica de gênero. Assim sendo, quase todos os substantivos pertencem a um gênero único, o qual é assinalado por um expediente sintático. Com relação à flexão e ao gênero, lembre-se de que gênero é uma noção gramatical atribuída a todos os substantivos. Por isso, temos: o lápis, o computador, o relógio, a caneta, a meia, a maré. Em português, podemos encontrar gêneros que variam, por exemplo o/a soja, o/a dinamite, o/a diabete. Alguns substantivos também são indiferentes quanto ao gênero, ou seja, podem aparecer tanto no masculino quanto no feminino. Estes são os casos de o/a analista, o/a sentinela. O que vai determinar o gênero é a concordância. Por último, temos também aqueles substantivos que designam tanto feminino quanto masculino. É o caso, por exemplo, de a onça, o jacaré, a cobra. Sobre a flexão verbal, observamos, nas gramáticas, que as noções de pessoa, número, tempo e modo são expressas nos verbos por meio de morfemas flexionais. Observe o exemplo: Estudávamos. Nessa ocorrência do verbo, -va- é um morfema denominado cumulativo, pois ele indica tempo e modo. A desinência -mos também é cumulativa e expressa noções de pessoa e de número. Seguindo a mesma lógica, e os preceitos de Câmara Júnior (2001), esses dois elementos (- va- e -mos) são classificados como morfemas flexionais, pois as desinências modo-temporais e número-pessoais apresentam regularidade e sistematização: quando enunciado o verbo, podemos constatar sua existência com marcas variadas de pessoa, número, tempo e modo. Com relação aos verbos, é necessário compreender que existem paradigmas distintos: Primeira conjugação: cant-a-r; salt-a-r; grit-a-r. Segunda conjugação: desc-e-r; corr-e-r; perd-e-r. Terceira conjugação: dirig-i-r; sum-i-r; ped-i-r. Portanto, as desinências verbais, conforme o que foi anteriormente explicitado, são cumulativas. Assim sendo, as desinências modo-temporais expressam modo e tempo dos verbos; enquanto as desinências número- pessoais indicam, respectivamente, número e pessoa. Observe o exemplo: Infinitivo impessoal: cant-a-r Primeira pessoa do plural: cant-á-va-mos Quando utilizamos o recurso da comparação, percebemos de forma direta que cantavam é segmentado da seguinte forma: cant–a–va–m. Desse modo, cant é radical, a é vogal temática, va é desinência modo-temporal e m é desinência número-pessoal. Portanto, quanto à flexão, todos os tempos e modos verbais apresentam desinências modo-temporais e desinências número- pessoais. São exceções apenas os tempos infinitivo impessoal, particípio e gerúndio; para estes, não há ocorrência de desinências número-pessoais. Derivação Com relação à derivação, é preciso considerar os casos em que são utilizados os sufixos derivacionais, ou apenas sufixos, como processo de formação de novas palavras e ampliação do léxico. Por exemplo: formiga, formigueiro; paquerar, paquerador. Nos processos de formação de novos vocábulos por derivação, os falantes têm liberdade, sem imposição gramatical. Utilizam-se prefixos e sufixos para formação de novos vocábulos. Nos casos de derivação, lembre-se: Há irregularidade. Não há concordância. Há opcionalidade. A derivação, como processo de formação de novas palavras, acontece quando um vocábulo formado por apenas um radical primário recebe afixos (prefixos ou sufixos). Exemplos: Panela + eiro = paneleiro Im + possível = impossível Difícil + mente = dificilmente No caso da derivação, o acréscimo de prefixos e sufixos realiza-se com a adição de um afixo a um radical, o qual pode ou não conter outros afixos. Pense, por exemplo, no vocábulo legalização. Este vem de legalizar, que, por sua vez, deriva de legal. Resumidamente, a derivação pode acontecer por acréscimo de prefixo, de sufixo ou prefixo e sufixo, modificando o tema oua classe gramatical. Quando é acrescentado ao mesmo tempo um sufixo e um prefixo a uma palavra já existente chamamos de derivação parassintética: espairecer (es- + pairar + -ecer) emagrecer (e- + magr + -ecer) entediar (en- + tédio + -ar) anoitecer (a- + noite + -ecer) Fonte: mundoeducacao.uol.com.br Derivação regressiva A derivação regressiva é um processo de formação de palavras na língua portuguesa que consiste na redução de uma palavra já existente, geralmente um verbo, para formar uma nova palavra, geralmente um substantivo, ou seja, há uma redução na palavra primitiva. Essa redução ocorre através da retirada do sufixo verbal da palavra original, gerando um substantivo que designa a ação ou o resultado da ação expressa pelo verbo. Por exemplo, a partir do verbo "pular", podemos formar o substantivo "pulo", que designa a ação de pular. Outros exemplos de derivação regressiva na língua portuguesa são: cantar → canto (ação de cantar) chorar → choro (ação de chorar) comer → começo (início de uma refeição) estudar → estudo (ação de estudar) dormir → sono (estado de dormir) É importante destacar que nem todos os verbos da língua portuguesa podem passar por esse processo de derivação regressiva, e que nem todas as palavras que se parecem com substantivos derivados são de fato formadas por esse processo. Derivação imprópria A derivação imprópria é um processo de formação de palavras na língua portuguesa que consiste em utilizar uma palavra de uma classe gramatical para outra classe gramatical, sem a adição ou retirada de qualquer afixo ou sufixo. Dessa forma, a palavra passa a ter uma função gramatical diferente daquela que normalmente lhe seria atribuída. Por exemplo, a palavra "garrafa" é normalmente um substantivo, mas pode ser utilizada como verbo na frase "ele garrafa suas emoções", indicando que a pessoa está contendo suas emoções, assim como uma garrafa contém líquidos. Outros exemplos de derivação imprópria na língua portuguesa são: Ele anda sem esperança. (verbo "andar" utilizado como substantivo) O trem apitou três vezes. (verbo "apitar" utilizado como transitivo direto) O queijo está ralado. (verbo "ralar" utilizado como particípio) É importante ressaltar que a derivação imprópria é uma das formas mais comuns de enriquecimento do vocabulário na língua portuguesa, permitindo uma maior flexibilidade no uso das palavras e uma comunicação mais rica e expressiva. No entanto, é preciso ter cuidado para não incorrer em erros de gramática ou de sentido ao utilizar esse recurso. Composição A composição, como processo de formação de palavras em língua portuguesa, ocorre quando se combinam dois ou mais radicais, ou seja, a composição, ocorre quando duas ou mais palavras se unem para formar uma nova. Esse processo pode ser feito por meio de palavras simples (monossílabas, dissílabas, trissílabas, etc.) ou palavras compostas já existentes na língua. Algumas palavras compostas são formadas por hífen, enquanto outras não. O processo de composição pode ocorrer por justaposição ou por aglutinação: dedo-duro; beija-flor; auriverde. A composição acontece com a união de vocábulos já existentes na língua, como em quebra-nozes. Entretanto, também pode ocorrer pela combinação de bases consideradas não autônomas. Diferentemente do processo de derivação, no qual se registra apenas um radical primário, nos processos de composição existem duas ou mais raízes. Entretanto, no processo de composição, os vocábulos existentes perdem a significação para formar um novo conceito e nomear outro objeto da língua. Tomemos o exemplo de beija-flor: separadamente, tem-se beija e flor; quando unidos por composição, indicam um pássaro, ou seja, criam um novo conceito. Vocábulos compostos comutam com aqueles simples, também ocorrendo o movimento contrário. Composição por aglutinação Ocorre quando os elementos ou palavras que formam os compostos aglutinam-se, ou seja, unem-se, ligam-se. Isso significa que pelo menos uma de suas partes perde sua integridade sonora ou ortográfica. Quando ocorre a aglutinação, as palavras sofrem alterações em seus elementos morfológicos, podendo haver perda ou troca de afixos ou sufixos. A palavra recém-formada pode perder acento e ter significados totalmente diferentes das usadas no processo de aglutinação. Outros exemplos de justaposição na língua portuguesa são: água + ardente = aguardente desta + arte = destarte plano + alto = planalto em + boa + hora = embora Composição por justaposição A justaposição é um processo de formação de palavras na língua portuguesa que consiste na união de duas ou mais palavras para formar uma nova com um significado diferente do que seria possível obter com as palavras isoladas. Nesse processo, as palavras são unidas sem a perda de suas características morfológicas, ou seja, seus radicais e sufixos são mantidos. Por exemplo, a palavra "guarda-chuva" é formada pela justaposição das palavras "guarda" e "chuva", criando um substantivo com um significado específico. Outros exemplos de justaposição na língua portuguesa são: Girassol (gira + sol) Amor-perfeito (amor + perfeito) Couve-flor (couve + flor) Passatempo (passa + tempo) Giramundo (gira + mundo) 2.2 Contribuições da gramática descritiva Conforme Bechara (2010), a renovação do léxico está associada à criação de novas palavras. Para este gramático, as múltiplas atividades dos falantes, no convívio em sociedade, favorecem a criação de palavras, de forma a atender necessidades culturais, científicas e comunicacionais. Nesse âmbito, encontramos os neologismos, como expressão efetiva dessa necessidade renovadora, e os arcaísmos, como aquelas palavras que, por falta de uso, deixam de ser utilizadas por determinada comunidade linguística. Em alguns casos, os arcaísmos permanecem, demarcando comunidades mais conservadoras. Conforme a gramática descritiva, os neologismos, ou criações novas, são inseridos na língua por diversos caminhos. O primeiro deles ocorre por meio dos elementos que já existem na língua, sendo estas palavras, prefixos ou sufixos. Eles podem combinar-se e emitir delimitações com significado usual ou mudança de significado. Como processos formais, temos a composição e a derivação, mas também os empréstimos. Estes ocorrem por incorporação de termos de outras línguas — traduzidos ou não — ao português. Portanto, podemos inferir que a gramática descritiva contribui na descrição e no registro das variedades linguísticas de certo momento de uma língua. Trata-se de uma abordagem sincrônica que descreve as unidades existentes na língua, as categorias linguísticas disponíveis, os tipos de construção que são possíveis e a função dos elementos. Indica, ainda, as condições de uso de cada um deles. Dessa forma, a gramática descritiva contribui para que os falantes compreendam a variedade da língua, não apenas da língua culta. Sendo assim, o que há de registro oral também é validado por essa abordagem. Evitando as noções de erro e de acerto, a gramática descritiva identifica as formas de expressão existentes em determinado tempo, evidenciando, portanto, que não há língua uniforme. 3 SUBSTANTIVO Substantivo é uma classe de palavras que designa seres, objetos, lugares, sentimentos, ideias, entre outros elementos que possuem existência real ou imaginária. Os substantivos são fundamentais na língua portuguesa, pois são utilizados para nomear e identificar todos os elementos que nos cercam, podem apresentar flexões de gênero, número e grau, podendo ser ou não precedidas de artigos ou pronomes. Observando os substantivos do ponto de vista funcional, de acordo com Machado (2017), pode-se concluir que eles se caracterizam pelo fato de serem o núcleo dos termos nominais em nossa língua. Desta forma, os substantivossão palavras que compõem: Fonte: adaptada de Machado (2017) CLASSIFICAÇÃO DOS SUBSTANTIVOS Substantivos concretos ou abstratos Os substantivos concretos nomeiam seres que têm existência própria sem depender de outro ser, ou de uma situação. Eles podem ser reais ou imaginários. Ex.: mesa, Deus, fada, bruxa, porta, etc. Quanto aos substantivos abstratos, nomeiam seres que possuem dependência de outros seres para que possam existir, ou seja, sua existência sempre está associada à de um outro ser, sendo, portanto, abstrações. ▶ Sujeitos (A festa estava ótima.) ▶ Objetos diretos (Peguei o bolo da festa.) ▶ Objetos indiretos (Dei o presente à criança.) ▶ Predicativos do sujeito (Você parecia criança ao ver a festa.) ▶ Predicativos do objeto (Considero você uma criança.) ▶ Complementos nominais (O choro do menino era horrível.) ▶ Adjuntos adnominais (Isto é choro de criança.) ▶ Adjuntos adverbiais (Saí com o rapaz.) ▶ Agentes da passiva (O vidro da janela foi quebrado pela criança.) ▶ Apostos (Minha vida, uma longa história, passou devagar.) ▶ Vocativos (Filho, arrume a cama!) Ex.: sombra, ódio, limpeza, doença, amor, liberdade, etc. ▶Substantivos próprios, comuns e coletivos Os substantivos próprios referenciam seres específicos de uma determinada espécie, tornando esses seres únicos dentro de um grupo maior (espécie). Ex.: Victor, Brumadinho, Rio de Janeiro, Alemanha. Os substantivos comuns nomeiam seres em geral, ou seja, todos de uma mesma espécie, não havendo, portanto, especificações. Ex.: homem, rua, estado, país. Os substantivos coletivos são aqueles que, mesmos estando no singular, nomeiam um grupo de seres/elementos da mesma espécie. Veja a seguir uma lista de substantivos coletivos. Cont. Fonte: adaptada Cunha (2017) SIMPLES E COMPOSTOS Os substantivos simples possuem um único radical. Ex.: porta, roupa, moça. Já os substantivos compostos são formados por mais de um radical. Ou seja, é formado por duas ou mais palavras que, juntas, têm o valor de um único substantivo. Ex.: pé de moleque, passatempo, beija-flor. PRIMITIVOS E DERIVADOS Substantivos primitivos são aqueles que não se originam de nenhum outro radical de nossa língua, ao contrário, eles é que dão origem a novas palavras. Ex.: sal, cama, foto, cabeça. E os substantivos derivados são aqueles que têm sua origem ligada a algum outro radical de nossa língua. Ex.: salário, camareira, fotografia, cabeçote. FLEXÃO DOS SUBSTANTIVOS A flexão dos substantivos é uma das principais formas de variação que uma palavra pode apresentar em uma língua. Um substantivo pode mudar conforme o gênero (masculino ou feminino), número (singular ou plural) ou grau (aumentativo ou diminutivo). ▶ Flexão de gênero Na língua portuguesa temos dois gêneros: masculino e feminino. São pertencentes ao gênero masculino os substantivos que podem ser antecedidos pelo artigo masculino. Leia a fábula: O lobo e o cordeiro, abaixo, e analise o uso dos substantivos masculinos. Como você pode perceber os substantivos masculinos na maioria das vezes estão acompanhados de um artigo definido ou indefinido “o cordeiro”, “o lobo”, “um pastor”, “um dos cães”. Mas lembre-se que, nem sempre a presença do artigo estará explícita no texto, cabendo ao leitor sua pressuposição. De acordo com Cunha (2017), há, ainda, alguns substantivos que podem causar dúvidas com relação ao gênero gramatical a que fazem parte. É o caso dos seguintes substantivos masculinos: o aneurisma, o champanha, o clã, o contralto, o diabete, o dó (compaixão), o eclipse, o eczema, o formicida, o gengibre, o grama (peso), o guaraná, o lança-perfume, o soprano, o telefonema. Formação do feminino A formação do gênero gramatical feminino na língua portuguesa ocorre de dois modos: através dos processos centrados nos radicais e pela flexão. Processo centrado nos radicais A diferenciação entre masculino ou feminino é clara, visto que a distinção é feita através dos radicais. Isso ocorre com os substantivos denominados “heterônimos”, ou seja, apresentam uma forma para o masculino e outra para o feminino. Observe: Boi – vaca Homem – mulher Cavalo – égua Há também a formação do feminino através do acréscimo das palavras “macho” e “fêmea” após o radical. Esses são os chamados substantivos epicenos. A girafa macha – a girafa fêmea O crocodilo macho – o crocodilo fêmea A tartaruga macho – a tartaruga fêmea É possível, ainda, a indicação do gênero de determinado substantivo através da anteposição de determinantes aos radicais. Nesse caso, os substantivos recebem o nome de “comuns de dois gêneros”. O eletricista – a eletricista O estudante – a estudante O selvagem – a selvagem Há também aqueles substantivos que a partir do seu gênero gramatical específico podem designar indivíduos de ambos os sexos. Veja: A criança O cônjuge A vítima Formação do feminino pela flexão (mudança na terminação da palavra) Castilho (2010), aponta que os casos em que ocorre a formação do feminino pela mudança na terminação da palavra, se diz que o masculino é o termo não marcado e que o feminino é o termo marcado. O morfema específico para determinar nomes femininos na língua portuguesa é o sufixo –a. Observe como ocorre a formação do feminino na língua através do acréscimo do sufixo – a: Suprime-se a vogal temática –o e acrescenta-se o morfema feminino –a. Menino – menina Aluno – aluna Gato – gata Acrescenta-se o morfema –a àqueles substantivos sem vogal temática na forma masculina e com o radical terminado em consoante. Professor – professora Doutor – doutora Chinês – chinesa Substantivos terminados em –ão formam o substantivo feminino quando terminados em –oa, –ã ou –ona: Leão – leoa Patrão – patroa Irmão – irmã Comilão – comilona Flexão de número Bechara (2006), esclarece que a flexão de número ocorre quando há manifestação do substantivo sobre a forma singular ou plural. As formas marcadas, em termos e flexão de número, pelo morfema –s são as do plural, e as não marcadas, as do singular. Vejamos as regras de formação do plural: Substantivos terminados em vogal ou ditongo. Regra geral: acrescenta- se o morfema –s. Bola – bolas Carro – carros Boi – bois ATENÇÃO – A mesma regra deve ser usada quando o substantivo terminar com a letra “m”. Neste caso, troca-se o “m” pelo “n” e acrescenta-se o morfema –s. Atum – atuns Álbum – álbuns Som – sons Regras especiais: Substantivos terminados em –ão. Os substantivos terminados em –ão fazem o plural de três formas: troca- se o –ão por –ões, troca-se o –ão por –ães ou acrescenta-se o morfema –s à forma singular do substantivo. Balão – balões Caminhão – caminhões Pão – pães Alemão - alemães Cidadão – cidadãos Mão – mãos Substantivos terminados em consoante Acrescenta-se –es à forma singular dos substantivos terminados em –r, – z ou –n. Açúcar = açúcares Xadrez = xadrezes Substantivos oxítonos terminados em –s recebem a terminação –es, mas se forem paroxítonos ou proparoxítonos são invariáveis. Freguês = fregueses Português = portugueses Lápis = os lápis Ônibus = os ônibus Substantivos terminados em –al, –el, –ol, –ul troca-se –l por –is. Jornal = jornais Papel = papéis Álcool = álcoois Azul = azuis Substantivos com terminações –il troca-se –l por –s, se oxítonos, e quando terminados em –el troca-se –l por –is, se paroxítonos. Fuzil = fuzis Projétil = projéteis Substantivos que fazem o diminutivo em –zinho e aumentativo em –zão exigem marcação de plural não somente do sufixo, mas também no radical (perde-se o –s do plural no radical): Papelzinho= papeizinhos (papéi (s)+ zinhos) Barzinho = barezinhos (bare (s) + zinhos) Substantivos compostos Nos substantivos compostos não ligados por hífen somente o segundo radical fica no plural. Aguardente = aguardentes Lobisomem = lobisomens Nos substantivos compostos ligados por hífen há três possibilidades de realização do plural: Somente o primeiro radical vai para o plural (quando os radicais são ligados por preposição ou quando o segundo elemento especifica o primeiro). Pé-de-cabra = pés-de-cabra Pimenta-do-reino = pimentas-do-reino Apenas o segundo radical vai para o plural (quando o primeiro radical é verbo ou palavra invariável). Guarda-chuva = guarda-chuvas Vice-presidente = vice-presidentes Ambos os radicais vão para o plural (compostos formados por palavras variáveis). Cartão-postal = cartões-postais Amor-perfeito = amores-perfeitos ▶ Flexão de grau Na língua portuguesa os substantivos podem ser utilizados no grau normal, aumentativo ou diminutivo. Para marcar a variação de grau são utilizados dois processos: Sintético: a partir do uso de sufixos aumentativos ou diminutivos acrescentados ao radical da palavra. Boca = boquinha = bocão Boneca = bonequinha = bonecona Analítico: através do acréscimo de um adjetivo que indique aumento ou redução da ideia de tamanho. Menino = menino pequeno = menino grande Carro = carro minúsculo = carro grande ATENÇÃO O uso do aumentativo e diminutivo podem indicar, além da redução ou aumento de tamanho, alterações no valor semântico do substantivo, manifestando assim a subjetividade da linguagem através de conotações afetivas ou depreciativas. Veja: Amorzinho = conotação afetiva Amigão = conotação afetiva Jornaleco = conotação depreciativa Mulherzinha = conotação depreciativa É preciso elucidar que o valor semântico do aumentativo ou diminutivo está intrinsecamente relacionado ao contexto de uso, assim, é necessário ter atenção ao contexto no qual estão sendo utilizadas as formas diminutiva e aumentativa. 4 ARTIGO De acordo com Bechara (2006), o artigo é uma palavra que precede o substantivo e tem como função indicar se ele é definido ou indefinido. Os artigos definidos são "o", "a", "os" e "as", e são utilizados para referir-se a um substantivo de forma específica. A fé nas densas trevas, resplandece mais viva. Enquanto os artigos indefinidos são "um", "uma", "uns" e "umas", e são utilizados para referir-se a um substantivo de forma não específica. Uma fé nas densas trevas, resplandece mais viva. Na tirinha abaixo temos um exemplo de artigo definido e indefinido durante o diálogo, fica nítido a diferença entre /um/ e /o/. O artigo indefinido um – representa qualquer cachorro, enquanto o artigo definido o- se refere exatamente ao cachorro. Fonte: tudosaladeaula.com 4.1 Adjetivo O adjetivo é uma palavra que modifica ou qualifica o substantivo, indicando uma qualidade, característica ou estado. Por exemplo, na frase "o vestido vermelho é bonito", o adjetivo "vermelho" modifica o substantivo "vestido", indicando sua cor, enquanto o adjetivo "bonito" indica uma qualidade positiva. Na língua portuguesa, existem diversos tipos de adjetivos e sua formação pode variar de acordo com cada um deles. A seguir, algumas das principais formas de formação dos adjetivos: Adjetivos Primitivos: São palavras que não derivam de outras palavras, ou seja, são considerados a forma original do adjetivo, como "bonito", "triste", "feliz", "belo", entre outros. Adjetivos Derivados: São formados a partir de outras palavras, como verbos, substantivos e advérbios. A derivação pode ser por prefixação, sufixação ou por ambas, como por exemplo: "amigo" "amiga" (derivado por sufixo de gênero); "trabalho" "trabalhador" (derivado por sufixo de agente); "feliz" "felicidade" (derivado por sufixo de qualidade); "injusto" "justo" (derivado por prefixo negativo). Adjetivos simples: Apresentam um único radical, como por exemplo: bonito, feio. Adjetivos Compostos: São formados pela junção de dois ou mais adjetivos, como "azul-claro", "verde-escuro", "amarelo-canário", "branco-neve", entre outros. Adjetivos Pátrios: São formados a partir de nomes de países, cidades, regiões, continentes, como "brasileiro", "francês", "caribenho", "asiático", entre outros. Observe a tirinha: Fonte: tudosaladeaula.com Como você pôde perceber, na tirinha temos um exemplo de adjetivo derivado, no caso – intolerante – derivou do verbo tolerar, a derivação ocorreu por prefixação, sufixação. ▶Flexão dos adjetivos Do mesmo modo como são os substantivos, os adjetivos obrigatoriamente sofrem variações em gênero, número e grau, pois eles precisam acompanhar e corresponder ao substantivo que o determina. Assim, se o adjetivo que define um substantivo feminino é plural, ele também deve ser feminino e plural: As belas flores do campo. Flexão de gênero Os adjetivos não possuem gênero definido, eles assumem o gênero do substantivo que o determina. Logo, quanto ao gênero, pode-se dizer que eles se classificam como biforme ou uniforme. Adjetivos biformes e uniformes são dois tipos de adjetivos que se diferenciam pela forma como se flexionam em gênero (masculino/feminino) e número (singular/plural) na língua portuguesa. Os adjetivos uniformes são aqueles que apresentam uma única forma, tanto para o gênero masculino quanto para o feminino, como por exemplo "feliz", que não muda de forma quando utilizado para descrever um homem ou uma mulher: "o homem feliz" e "a mulher feliz". Já os adjetivos biformes apresentam uma forma para o gênero masculino e outra para o feminino, como por exemplo "bonito" (masculino) e "bonita" (feminino), que se flexionam de acordo com o gênero do substantivo que estão acompanhando: "o homem bonito" e "a mulher bonita" (respectivamente). De acordo com Cunha (2017), para a formação adjetivos femininos é preciso estar atento a algumas regras: A primeira regra básica é que nos adjetivos terminados em –o fazem o feminino trocando essa terminação por –a: Garoto educado = garota educada Adjetivos terminados em –u , -ês ou –or recebem o acréscimo do sufixo – a: Rapaz norueguês = moça norueguesa Alguns adjetivos terminados em –dor e –tor trocam essa terminação por –triz, ou substituem –or por –eira: Impulso motor = força motriz Homem trabalhador = mulher trabalhadeira Adjetivos terminados em –ão fazem o feminino com –ã ou –ona: Homem cristão = mulher cristã Menino comilão = menina comilona Os adjetivos que têm terminação em ditongo –eu fazem o feminino em – eia: Ator europeu = atriz europeia Os terminados em –éu formam o feminino em –ao: ilhéu = ilhoa É preciso mencionar também a exceção do adjetivo mau, que forma o feminino com a forma má. Quanto aos adjetivos compostos biformes, a maioria flexiona no gênero feminino apenas o segundo elemento: Consultório médico-dentário = clínica médico-dentária Flexão de número Os adjetivos constituem concordância com os substantivos que identificam; desta forma, se o adjetivo estiver acompanhando um substantivo no singular, ele será singular, da mesma forma, se o substantivo estiver no plural, o adjetivo também se flexiona no plural. A forma plural dos adjetivos simples é formada do mesmo modo dos substantivos simples. Em adjetivos compostos formados por dois adjetivos simultaneamente, apenas o segundo elemento é flexionado no plural: Clínica médico-dentária = clínicas medico-dentárias Acordo luso-brasileiro = acordos luso-brasileiros ATENÇÃO para as exceções! ▶ Azul-marinho (que é uniforme) e surdo-mudo, cujos dois elementos flexionam-se no gênero feminino (surda-muda). ▶ Os adjetivos uniformessão aqueles que apresentam uma forma única, tanto para o masculino como para o feminino. Ex.: especial, forte, insuportável, difícil. Flexão de grau Para Bechara (2006), quanto à variação de grau, os adjetivos modificam de acordo com os graus em que se encontram, comparativo ou superlativo, e variam através das formas sintéticas ou analíticas. Grau comparativo De acordo com Machado (2017), no grau comparativo há uma comparação entre características de dois ou mais seres. Essa comparação pode ressaltar igualdade, superioridade ou inferioridade, ocorrendo na maioria das vezes na forma analítica. Veja: Minha família é tão rica quanto a sua. (comparativo de igualdade) O namorado de Jéssica é mais chato que o de Camila. (comparativo de superioridade) A moto de Daniel é menos potente que a de Fernando. (comparativo de inferioridade) ATENÇÃO para as exceções! ▶ Azul-marinho e azul-celeste (invariáveis) e surdo-mudo, cujos dois elementos pluralizam-se (surdos-mudos). ▶ Adjetivos compostos referentes a cores, cujo segundo elemento é um substantivo, também são invariáveis: Tinta amarelo-ouro = tintas amarelo- ouro; blusa verde-água = blusas verde-água. Existem alguns adjetivos que apresentam forma sintética para externar o comparativo de superioridade, como é o caso de: bom e mau (melhor e pior), grande e pequeno (maior e menor). Grau superlativo Para Castilho (2010), o grau superlativo é uma das formas de grau que um adjetivo ou advérbio pode ter. É usado para indicar que algo ou alguém tem a qualidade em maior grau dentro de um conjunto ou categoria específica. Existem duas formas de grau superlativo: o grau superlativo relativo e o grau superlativo absoluto. O grau superlativo relativo é usado para comparar uma coisa ou pessoa com outras dentro do mesmo grupo. Por exemplo: "o carro mais rápido da concessionária", "a menina mais inteligente da turma". Já o grau superlativo absoluto é usado para indicar que algo ou alguém tem uma qualidade em maior grau, sem fazer comparação com outros. Ele é formado por meio de sufixos como "-íssimo" ou "-érrimo", que são acrescentados ao final do adjetivo ou advérbio. Por exemplo: "fortíssimo", "altíssimo", "rápidíssimo", "grandíssimo". 5 PRONOMES De acordo com Azevedo (2015), a linguagem é uma atividade essencialmente social. Para realizá-la, é preciso a formulação de discursos que somente são possíveis com a presença de um “eu” e um “outro”. Na linguagem, a presença das pessoas do discurso é diretamente marcada pela utilização dos pronomes. A principal função dos pronomes, portanto, é fazer referência às pessoas do discurso delimitando-as gramaticalmente. Assim, é possível definir o pronome como uma palavra invariável que identifica na língua os participantes do discurso: primeira pessoa (o ser que fala), segunda pessoa (o ser com quem se fala) e terceira pessoa (o ser de que se fala). Existem seis tipos de pronomes: pessoais e de tratamento, possessivos, demonstrativos, indefinidos, interrogativos e relativos. PRONOMES PESSOAIS Fazem referência direta e explícita às pessoas do discurso. ▶ PRONOMES PESSOAIS Fonte: adaptada de Azevedo (2015) ATENÇÃO! Alguns gramáticos e linguistas já incluem na 2ª pessoa os pronomes “você” e “vocês”, que, embora empregados com a forma verbal da 3ª pessoa, indicam a 2ª pessoa do discurso. 5.1 Pronomes de tratamento Conforme Cegalla (2014), os pronomes de tratamento são palavras que funcionam como pronomes pessoais e são utilizados para designar o interlocutor. É o contexto e o interlocutor que definem que pronome de tratamento deve ser utilizado para realização do discurso. A seguir você verá a reprodução de uma tabela contendo os principais pronomes de tratamento e suas abreviaturas. ▶ PRONOMES DE TRATAMENTO Fonte: adaptada de Azevedo (2015) 5.2 Pronomes possessivos São aqueles que fazem referência às pessoas do discurso indicando uma relação de posse material ou afetiva. Atente para o texto abaixo: No exemplo anterior é possível observar a utilização do pronome possessivo “seu” estabelecendo tanto uma relação de posse afetiva “seu diretor”, “sua secretária” quanto posse material “seu escritório”, “sua mesa”. Veja a seguinte tabela contendo os principais pronomes possessivos. Fonte: adaptada de Azevedo (2015) CUIDADO COM O “SEU”! Este caso aconteceu com um velho amigo. Ele, gerente de vendas de uma multinacional, ao voltar do almoço, encontrou sobre sua mesa um memorando interno no qual estava escrito: “Encontrei o seu diretor e resolvemos fazer uma reunião em seu escritório às 15h.” Imediatamente ligou para sua secretária e pediu que ela preparasse tudo para a tal reunião, principalmente a limpeza da mesa e mais algumas cadeiras. Às 15h em ponto, lá estava ele à espera do seu diretor. Às 15h10min, nada. Achou estranho, pois o diretor sempre exigiu muita pontualidade de todos. Às 15h15min, um telefonema. Era o diretor: “Que é que você está fazendo aí que ainda não veio para a reunião?” Só então ele entendeu que o “seu escritório” não era o dele próprio, mas sim o do diretor. Fonte: Nogueira (2015). 5.3 Pronomes demonstrativos Para Almeida (2009), os pronomes demonstrativos são aqueles que fazem referência às pessoas do discurso estabelecendo, entre elas e os seres por eles designados, uma relação de proximidade ou distanciamento, no tempo e no espaço. ▶ Pronomes demonstrativos Fonte: adaptada de Azevedo (2015) 5.4 Pronomes indefinidos Fazem referência à terceira pessoa do discurso de uma maneira indefinida, vaga, imprecisa ou genérica. Comprei muitos livros. Gostaria de ler alguns livros interessantes. Os pronomes indefinidos podem ser variáveis ou invariáveis: Fonte: adaptada de Azevedo (2015) 5.5 Pronomes interrogativos São usados nas perguntas diretas ou indiretas. São eles: que, quem, qual, quanto. Que são pronomes interrogativos? (pergunta direta) O professor perguntou aos alunos o que são pronomes interrogativos. (pergunta indireta) 5.6 Pronomes relativos Segundo Cunha (2017), os pronomes relativos são aqueles que fazem referência a algum elemento anteriormente mencionado no texto, considerando o seu antecedente, com o qual estabelecem uma relação de natureza anafórica. Comprei um livro de Machado de Assis que tem alguns contos muito interessantes. Este é o meu pai, a quem devo as orientações que me ajudaram a definir o rumo da minha vida. ▶ Pronomes relativos Fonte: adaptada de Azevedo (2015) 5.7 Degrau pronominal: como os pronomes ajudam a construir o sentido das frases Conforme Cunha (2017), o pronome tem a capacidade de promover remissão (sua natureza é, como se diz, fórica). A natureza fórica é a responsável pelo processo de referência e de substituição em um texto. Pronomes Exofóricos: Os pronomes exofóricos são pronomes que se referem a elementos que estão fora do texto ou da fala em que são utilizados. Eles são chamados de exofóricos porque sua referência não é encontrada dentro do próprio texto, mas em elementos que estão no contexto externo à produção linguística. Um exemplo comum de pronome exofórico é o pronome "aquela", que se refere a algo que foi mencionado anteriormente, mas que não está presente no texto ou na fala em que o pronome é utilizado. Por exemplo: "Ontem, vi uma casa muito bonita. Aquela era de madeira e tinha um jardim encantador". Pronomes Endofóricos: Se a comunicação exige substituição de um termo por pronome: “Você precisa conhecer as últimas novidades, a elas vão impressionar”. Eles se referem a elementos que estão dentro do próprio texto ou discurso em que são utilizados. São chamados de endofóricos porque sua referência é encontrada dentro do próprio contexto linguístico. Um exemplo comum de pronomeendofórico é o pronome "este", que se refere a algo que foi mencionado anteriormente no próprio texto ou discurso. Por exemplo: "Ontem eu vi uma casa muito bonita. Este era o meu sonho de infância". Há ainda funções anafóricas e catafóricas responsáveis pelo processo remissivo em um texto: Anafórica: Quando retomam um termo, oração ou expressão: “Preguiça: esse é o seu problema.” Catafórica: Quando anunciam o termo que virá: “Este é o seu problema: preguiça.” De acordo com Cunha (2017), como agentes articuladores, os pronomes têm nuances que ajudam a construir o sentido de um texto. Daí a crítica a quem, nas escolas, trabalha com essa categoria gramatical limitando-se à classificação ou a exercícios de correção. Afinal, os pronomes podem oferecer ao usuário da língua muitas possibilidades de modular um texto. O referido autor explica que é por meio da interlocução que os pronomes fazem referência aos participantes de um discurso. Por remissão textual, fazem alusão a pessoas ou a coisas que participam dele. Considerando que muitos podem ter dúvidas de como identificar as palavras com as quais ocorre a próclise, Azevedo (2015), alinha as mais frequentes: Palavras negativas e advérbios (não, nem, nunca, ainda, assaz, bastante, bem, já, jamais, mais, mal, muito, menos, pouco, quanto, quase, quem, quiçá, sempre, só, talvez, tanto, etc.); Conjunções, principalmente subordinativas (quando, enquanto, se, que, etc.); Pronomes relativos (que, quem, cujo, etc.); Pronomes indefinidos (tudo, alguém, nada, etc.); Pronomes pessoais retos (eu, tu, etc.) em muitos casos; Ou... Ou, ora ... Ora, etc. (das orações coordenadas sindéticas alternativas). Cegalla (2004), esclarece que, quanto a ênclise, usa-se em poucos outros, nos quais sempre haverá formalidade. Tanto que se procura adotar uma forma em que seja possível utilizar a próclise. Ou se torna o sujeito explícito ou se muda a disposição da frase, pois ninguém pedirá num almoço de família “passe-me a terrina de feijão” e, sim, um informal “me passe o feijão”. Em frase iniciada por verbo: Dê-me o livro. Enchi-me de coragem. Com infinitivo impessoal: Decidiram considerá-los inocentes. Resolveram aumentar-lhe o salário. Com verbo no gerúndio, se não precedido por “em”: Virando-se, pisou no que não devia. Com o verbo no imperativo afirmativo, em uso literário e artificial: Deixai-a seguir em paz. Com infinitivo e gerúndio: Em locuções com o verbo principal no infinitivo (desinência -ar, -er, -ir, -or) ou no gerúndio (-ndo), a frase flui melhor com o pronome antes do verbo principal: Precisam nos avisar. Ela quer me enciumar. Em textos formais, ou se antecipa o pronome ao verbo auxiliar ou se usa a ênclise ao verbo principal. Com gerúndios: “Estou a lixar-me para o povo” x “Estou-me lixando para o povo”. Se o pronome estiver sem hífen junto do verbo auxiliar, a informalidade aumenta: Eles devem avisar-nos. Ela quer enciumar-me. Eles devem-nos avisar. Ela quer- me enciumar. Eles devem nos avisar. Ela quer me enciumar. Com particípio: Jamais se coloca o pronome átono após o particípio (desinência -do: amado, comido, partido, exceto alguns irregulares: dito, feito, posto, etc.). Com particípio, o pronome se liga ao verbo auxiliar. A formalidade é marcada pelo hífen ligando o pronome em ênclise ao verbo auxiliar. No texto menos formal, evita-se o hífen: Haviam-lhe contado que o Congresso é baba. Haviam lhe contado... Eles lhe haviam contado... Com o/a/os/as: Aqui, o pronome se antecipa ao verbo auxiliar; a menos que a construção tenha infinitivo ou gerúndio, caso em que será melhor colocar o pronome depois deles. Se a ênclise for ao infinitivo, o pronome assume as formas variantes lo/la/los/las, colocações que sempre parecerão artificiais: Eles não a tinham de convocar. Eles não tinham de convocá-la. As variantes -no, -na, -nos, -nas são exclusivas de registros formais ou ultraformais e surgem sempre após as formas verbais terminadas por vogal ou ditongos nasais (-am; -em): Tragam-nos aqui. Cunha (2017), aponta que é frequente o uso do pronome oblíquo átono “lhe” em vez de “o” e “a” (e seus plurais) com verbos transitivos diretos, que rejeitam preposição. Pelo padrão formal, o lhe é complemento de verbos transitivos indiretos, preposicionados. Então, não fica bem dizer, ou escrever: Eu lhe amo. Conheceu-lhe na rua... Quero lhe abraçar. A melhor forma é: Eu a amo, conheceu-o na rua, quero abraçá-la. O que vale, claro, é a adequação da linguagem à circunstância, ao momento, ao meio e ao interlocutor. Por isso, a verdade pode estar no “eu te amo”, “eu lhe quero” naturais da linguagem descontraída regional. Só não fica bem usar a linguagem coloquial em conversa ou texto formais. O “lhe” adequado à regência verbal Muitos redatores pingam pronomes distraidamente (forma indiscutível entre parênteses): “Não sabem o que lhes aguarda” (os aguarda). “Apresentou-lhe ao senador” (Apresentou-o). “Não sabem o que lhes espera...” (o que os espera). Mas há casos adequados à regência: Deu-lhe um mimo. Fez-lhe um agrado. Apresentou-lhe o senador. Trouxe-lhe um presente. Verbos que rejeitam o “lhe” Há verbos que rejeitam o “lhe”, mesmo transitivos indiretos: aludir, aspirar, assistir (= presenciar), recorrer. Usa-se “a ele”, “a ela”, “a você”: Amava a mulher, por isso aludia a ela com frequência. O cargo de prefeito era bom: todos aspiravam a ele. O parto foi difícil; assisti a ele preocupado. Recorreu a você, pois não havia outro jeito. Conforme Almeida (2009), os pronomes têm um papel na articulação e na força retórica dos textos, pois promovem vínculos propositais entre os agentes do discurso. O pronome de tratamento “você” no lugar do pessoal “tu”, por exemplo, gera entre os participantes do discurso uma relação mais estreita, pois a flexão em 2ª pessoa (tu) por tempos esteve presente em discursos distantes da fala cotidiana. A substituição do pessoal “nós” pela expressão “a gente” sinaliza afeto. Já o artigo indefinido antes do pronome indefinido pode incidir em redundância ou soar pejorativo: “Um certo dia vi um terrível acidente.” (redundância) “Um certo prefeito roubou o dinheiro público.” (pejorativo) O possessivo “seu” ultrapassa a noção de posse se usado como tratamento (“Fique tranquilo, seu João”) ou assume valor de substantivo (“Fique junto aos seus”). Sua posição na frase muda o sentido: “Recebi suas informações” (= informações vindas de você) “Recebi informações suas” (= informações sobre você) Há vezes em que o possessivo “perde” a noção de posse e adquire papel intensificador (“Não faça isso, seu maluco!”). Em outras, o oblíquo tem função de possessivo (“Chutou-me a perna” = chutou minha perna). Demonstrativos não se limitam a indicar posição no tempo ou espaço, mas também imprecisão (“Um dia desses irei com você”; “João deve ter seus 40 anos”). NUMERAL Como o próprio nome já enuncia, e conforme Cegalla (2004), nesta classe de palavras agrupam-se os termos que dizem respeito aos números. Essas palavras são instrumentalizadas para quantificar substantivos ou indicar posições numéricas ou ordinais de algo ou alguém. A representação gráfica do numeral pode se dar de forma simbólica, pelo número, ou em sua escrita por extenso. Esta classe de palavras divide-se em: numerais cardinais, numerais ordinais, numerais multiplicativos, numerais fracionários e numerais coletivos. O que difere o numeral um do artigo um é que, no contexto semântico, o artigo indica uma indefinição do substantivo, enquanto o numeral indica a quantidade do substantivo. Classificação dos numerais: Convencionou-se classificar os numerais da seguinte forma: Numerais cardinais Os numerais cardinais designam o númeroou a quantidade de seres. Ou seja, indica uma quantidade exata de algo, como "um", "dois", "três", "quatro", "cinco", etc. Eles são usados para contar objetos ou pessoas, por exemplo: "Eu tenho dois gatos". Atenção! Podem cair mil à tua esquerda, dez mil à tua direita. (Livro de Salmos na Bíblia Sagrada). Observe na charge abaixo o numeral contabilizando a quantidade de pássaros desatentos e a quantidade de pássaros que o gato devorou: Fonte: antenadosnaescrita.webnode. Numerais ordinais Os numerais ordinais indicam a ordem dos seres em uma sequência, primeiro, segundo, terceiro... Quando o segundo sol chegar, para realinhar as órbitas dos planetas (O segundo sol — Nando Reis). Observe a charge a seguir, a mãe de Armandinho ordenando pela quarta e sexta vez que ela vá para o banho: Fonte: brainly.com.br Numerais multiplicativos Para Azevedo (2015), os numerais multiplicativos são aqueles que indicam aumento proporcional através dos múltiplos da quantidade tomada por base, triplo, dupla, dobro, sêxtuplo, décuplo, duodécuplo, tercio décuplo. Para você ser aprovado no concurso deve estudar o dobro de horas que está estudando. Observe a charge a seguir a palavra dobro indica o aumento dos gastos dos políticos com o dinheiro público se comparado a última eleição. Fonte: portalodia.com Numerais fracionários Conforme Cunha (2017), os números fracionários são aqueles que indicam a diminuição proporcional, por meio de frações, da quantidade tomada como base, terço, quinto, oitavo, sexto, um terço, três quartos. Quem sabe eu ainda sou uma garotinha, Esperando o ônibus da escola sozinha Cansada com minhas meias três quartos Rezando baixo pelos cantos Por ser uma menina má Quem sabe o príncipe virou um chato Que vive dando no meu saco Quem sabe a vida é não sonhar. (Malandragem — Cássia Eller) Observe a fala da Mônica com a Magali sobre a divisão da melancia, ela usa um numeral fracionário “um quarto” indicando em quantas partes a fruta deve ser partida. Fonte: brainly.com.br Numerais coletivos De acordo com Almeida (2009), os numerais coletivos designam um conjunto de seres, assim como os substantivos coletivos, mas possuem como particularidade a capacidade de demarcar com exatidão a quantidade de seres que pertencem àquele conjunto, dúzia, cento, dezena. O homem disse para o amigo: — Breve irei a tua casa e levarei minha mulher. O amigo enfeitou a casa e quando o homem chegou com a mulher, soltou uma dúzia de foguetes. (Sociedade — Carlos Drummond de Andrade) Observe no exemplo a seguir que houve a utilização do numeral coletivo “dúzia” que demarca a quantidade de donuts. brainly.com.br A tabela a seguir contém os principais numerais: Fonte: adaptada Azevedo (2015) 7. VERBO Verbo é a palavra que pode variar em número, pessoa, modo, tempo e voz, indicando ações, processos, estados, mudanças de estado e manifestações de fenômenos da natureza. A estruturação de um verbo se dá a partir de três elementos básicos: radical, vogal temática e desinências. O radical é a parte fundamental do verbo, uma base a partir da qual ele se edifica morfologicamente. Ele contém a significação do termo. Radical: AND- (and-ar), CORR- (corr-er), PART- (part-ir). A vogal temática é a partícula que se une ao radical, a fim de que este possa se ligar às desinências e, desta maneira, promover a conjugação dos verbos. Ao produto da junção do radical à vogal temática, dá-se nome de tema (tema = radical + vogal temática). Tema: ANDA- (anda-r), CORRE- (corre-r), PARTI- (parti-r) É a vogal temática que determinará a conjugação a qual o verbo pertence: na primeira conjugação, agrupam-se os verbos cuja vogal temática é -A — falar, amar, beijar, dançar —; na segunda conjugação, estão os verbos cuja vogal temática são -E ou -O — correr, ler, ter, pôr —; finalmente, na terceira conjugação, figuram os verbos cuja vogal temática é -I — partir, definir, ir. As desinências são elementos que, juntamente ao tema (radical + vogal temática), facultam as conjugações. Podem ser de dois tipos: Modo-temporais: indicam o modo e o tempo em que uma ação ocorre. Número-pessoais: indicam o número e a pessoa. Exemplo: Andávamos: va → desinência que indica o tempo pretérito perfeito do modo indicativo mos → desinência que indica 1ª pessoa do plural (nós) Correrei: re → desinência que indica tempo futuro do presente do modo indicativo i → desinência que indica 1ª pessoa do singular (eu) Partamos a → desinência que indica o tempo presente do modo subjuntivo mos → desinência de 1ª pessoa do plural A classe dos verbos é a que tem o maior número de flexões em nossa língua. Os verbos podem ser classificados como regulares, irregulares, defectivos ou abundantes. Essa classificação toma por critério as flexões verbais, e não o significado dos verbos. Estes flexionam-se em número (singular e plural), pessoa (1ª, 2ª e 3ª), modo (indicativo, subjuntivo, imperativo), tempo (presente, pretérito, futuro) e voz (ativa, passiva, reflexiva) (AZEVEDO, 2015). Verbos regulares — Verbos cujo radical não se altera; seguem um modelo de conjugação. Exemplos: falar, torcer, tossir. Verbos irregulares — Verbos cujo radical altera-se na conjugação; não seguem um paradigma de conjugação como os regulares. As irregularidades aparecem no radical, nas terminações ou em ambos. Exemplos: dar, caber, medir. Observação: se a alteração do radical é muito profunda, esses verbos passam a ser chamados de verbos anômalos, casos dos verbos ser e vir. Verbos defectivos — Verbos que não se conjugam em todas as pessoas, tempos e modos. Essas pessoas nas quais os verbos não se flexionam simplesmente inexistem. Verbos abundantes — São aqueles que permitem ao falante duas ou mais maneiras de flexão. Exemplos: aceitado/aceito, inserido/inserto, segurado/ seguro. Compreender melhor as classes gramaticais, como o numeral, o pronome e o verbo são de suma importância para o estudo da língua portuguesa, especialmente para os estudos da morfologia vernácula. Os pronomes e os numerais, como acessórios linguísticos, complementam o sentido das sentenças. Os verbos são o cerne das orações, a alma das línguas, os termos que dão movimento e vida aos textos (CUNHA; ALTGOTT, 2004). Flexões verbais Assim como explica Almeida (2009), os verbos podem apresentar variação de número, pessoa, modo, tempo e voz. ▶Número As formas verbais podem variar quanto ao número, pois podem apresentar-se no singular ou no plural, a depender da relação que se estabelece entre elas e das formas nominais a que se referem. Se fazem referência a um ser apenas, estão no singular, mas se a referência for a mais de um ser, estarão no plural. Assim, enquanto TRABALHA é uma forma verbal no singular, TRABALHAM é uma forma verbal no plural. ▶Pessoa De acordo com Cegalla (2004), marcam-se também formalmente, nas formas verbais, as chamadas pessoas do discurso que já estudamos na seção sobre os pronomes. Assim, a forma verbal estará: Na primeira pessoa se fizer referência à primeira pessoa do discurso, a pessoa que fala (eu trabalho, nós trabalhamos); Na segunda pessoa se fizer referência à segunda pessoa do discurso, a pessoa com quem se fala (tu trabalhas, vós trabalhais); Na terceira pessoa se fizer referência à terceira pessoa do discurso, a pessoa de quem se fala, ou seja, o referente do discurso (ele/ela trabalha, eles/elas trabalham). ▶Modo Os modos indicam a atitude do falante com relação ao conteúdo de seus enunciados. São três os modos em que se podem manifestar as formas verbais: Indicativo (o conteúdo do enunciado é tomado, pelo falante, como certo). Nos versos a seguir, retirados de um poema de cordel, observe como o locutor enunciasobre a personagem Marina dando as informações sobre ela como certas. (...) Marina era uma moça muito rica e educada o pai dela era um barão duma família ilustrada mas ela amou a Alonso que não possuía nada. (...) (Silva, 1883). Subjuntivo (o conteúdo do enunciado é tomado pelo falante como duvidoso, hipotético, incerto em termos de probabilidade de ocorrência). Nos versos da música a seguir, conforme Azevedo (2015), é, possível ver a utilização do modo verbal subjuntivo no título da música, bem como no primeiro e segundo versos, nos quais o eu lírico levanta a possibilidade de que o interlocutor ao qual se refere irá trabalhar apenas “se quiser”. Logo estabelece a possibilidade, a dúvida, a incerteza de que a ida ao trabalho se concretize. VOCÊ VAI SE QUISER Você vai se quiser... Você vai se quiser... Não se deve obrigar a trabalhar, Mas não vai dizer depois Que você não tem vestido Que o jantar não dá pra dois Todo cargo masculino Desde o grande ao pequenino Hoje em dia é da mulher E por causa dos palhaços Ela esquece que tem braços Nem cozinhar ela quer Os direitos são iguais, Mas até nos tribunais A mulher faz o que quer Cada um que cate o seu Pois o homem já nasceu Dando a costela à mulher (Azevedo, 2015). ▶ Imperativo (o conteúdo do enunciado expressa uma atitude de ordem, conselho, súplica). Na propaganda a seguir a utilização do verbo “pedir” no modo imperativo tem como finalidade incentivar o consumo de um chocolate. Fonte: ulturamix.com ▶Tempo Conforme Almeida (2015), tomando-se como ponto de referência o momento da enunciação, os fatos expressos pelo verbo podem referir-se a um momento presente, passado (pretérito) ou, ainda, a um momento futuro. O modo indicativo apresenta os tempos seguintes: Presente: Expressa um fato que ocorre no momento atual, isto é, no instante em que ocorre. No próximo poema, é possível notar a utilização de verbos no tempo presente, ressaltando a noção de que o tempo presente aponta o fato no momento em que ele se desenvolve. Observe os grifos nossos. Pretérito imperfeito: Expressa um fato ocorrido anteriormente ao momento atual, mas que não foi completamente finalizado, ou uma ação habitual e contínua que acontecia no passado. Ele estava ouvindo música no momento que ocorreu o terremoto. Ele fumava quando era jovem. Pretérito perfeito: Expressa um fato que ocorreu em um momento anterior ao presente e que foi totalmente terminado. As crianças jogaram bola ontem. Pretérito mais que perfeito: Expressa um fato ocorrido antes de outro fato que já está terminado, por isso alguns gramáticos chegam a afirmar que esse tempo se refere a um tempo passado mais que passado. Marina já terminara o dever quando seus amigos a chamaram para brincar. Futuro do presente: Indica um fato que deve ocorrer em um tempo posterior ao momento atual. As crianças farão prova de matemática amanhã. Futuro do pretérito: Indica um fato que poderia ter acontecido após um ocorrido em um tempo passado. Eu teria ido ao show ontem se não tivesse chovido tanto. ▶ O modo imperativo apresenta três formas: Imperativo afirmativo: Utiliza-se o modo imperativo afirmativo com a segunda pessoa do discurso, expressando uma ordem, pedido, conselho, etc. que se deseja que tal pessoa realize. Vá pegar o lixo! Imperativo negativo: Também utilizado para indicar ordem, pedido, súplica, conselho de ações ou atitudes que se espera que o ser com quem se fala não realize. Não compre mais nada, meu dinheiro está no fim! ▶ Modo subjuntivo, que apresenta três tempos: Presente: Indica um fato incerto, uma possibilidade, uma hipótese no presente. Talvez eu cante. Pretérito imperfeito: Indica a possibilidade de um fato ter acontecido ou não. Se eu falasse mais alto de repente ele teria me ouvido. Futuro: Indica a possibilidade de um fato vir a acontecer. Quando eu falar poderei ser ouvida. 7.1 Interjeição Conforme explica Azevedo (2015), as interjeições são expressões linguísticas de utilização predominantemente coloquial com forte valor conotativo, pois elas exprimem sensações e estados emocionais. Vale ainda ressaltar sobre as interjeições que elas recebem influência direta do contexto em que ocorrem. Assim, apesar de serem classificadas de acordo com o sentimento que denotam, uma mesma interjeição pode possuir valores semânticos diferentes de acordo com o contexto de uso. Observe nos exemplos a seguir como a interjeição “ai” pode ter diferentes sentidos: Ai, ai, ai! Mãe, me ajuda que eu caí do balanço! (denota dor) Ai, ai! Quem me dera poder estar contigo! (denota saudade) Ai! Um rato! (denota medo) As interjeições costumam ser classificadas de acordo com o sentimento que traduzem. Atente para uma lista de interjeições e locuções interjetivas, de acordo com a circunstância emotiva na qual o falante se encontra: Fonte: adaptada Azevedo (2015) Advertência: cuidado! calma! sentido! atenção! devagar! olha lá! Afugentamento: fora! rua! xô! passa! Animação: vamos! força! firme! coragem! avante! Alegria: ah! oba! oh! Alívio: ufa! ah! Apelo, chamamento: olá! alô! socorro! psiu! ei! ou! Aplauso: bis! bravo! mais um! boa! Concordância: claro! sim! tá! tá bom! Desaprovação: credo! francamente! sinceramente! puxa! Desejo: tomara! se Deus quiser! com fé em Deus! Dor, lástima: ai! ui! que pena! ai de mim! ah! oh! Dúvida: como assim? o quê? epa! qual? o quê? peraí! opa! Espanto: puxa! uai! ué! mesmo? oh! Saudação: olá! alô! salve! adeus! Silêncio: silêncio! psiu! quieto! Surpresa, admiração: caramba! cruz! putz! que legal! nossa! vixe! opa! 8 PREPOSIÇÃO E CONJUNÇÃO Azevedo (2015), explica que as preposições e conjunções são classes de palavras invariáveis e têm como função estabelecer conexão entre os termos das orações ou entre as próprias orações, e, por isso, são conhecidos como conectivos que garantem coesão dos enunciados. Preposições: são palavras que estabelecem a ligação entre os elementos de uma oração. As principais preposições da língua portuguesa, também chamadas de preposições essenciais são: a, ante, até, após, com, contra, de, desde, em, entre, para, per, perante, por, sem, sob, sobre, trás. Além de exercerem a função sintática de conexão no interior das orações, Cegalla (2004), completa que as preposições também fornecem uma carga semântica muito importante para a construção de sentido dos enunciados. Dessa forma, é possível afirmar que as preposições indicam noções de sentido que auxiliam na construção do significado de um enunciado. Veja alguns exemplos de algumas preposições e o valor semântico que elas transmitem em dado contexto: Fonte: adaptada Camara Junior (2004) Conjunções Conforme Camara Junior (2004), as conjunções, assim como as preposições, são palavras invariáveis e possuem a função de conectivos, porém a ligação por elas efetuada ocorre entre orações, sendo consideradas, portanto, conectores interfrásicos. Além disso, as conjunções, assim como as preposições, também são responsáveis pela construção do sentido de um enunciado. Na propaganda a seguir é possível observar a utilização da conjunção “mas” estabelecendo a ligação – conexão – entre as orações e construindo uma relação lógico-semântica de oposição em ambos os enunciados em que ela foi utilizada. As conjunções são classificadas em conjunções coordenativas e conjunções subordinativas. Fonte: brainly.com.br COORDENATIVAS: são as que ligam termos da oração ou orações independentes. Podem ser: Aditivas: exprimem relação de soma, adição: e, nem, mas também, mas ainda. Ela tem o maior colégio e o maior cursinho do Brasil. Adversativas: exprimem relação de contraste, oposição: mas, contudo, porém, todavia, entretanto. A noite estava chuvosa, mas a moça foi à festa.Alternativas: exprimem relação de alternância ou exclusão: ou, ou… ou, já… já, quer… quer, ora… ora. Ou tudo se resolve, ou não nos casaremos mais. Conclusivas: exprimem relação de conclusão: logo, portanto, por isso, por conseguinte, pois (posposto ao verbo). O professor não compareceu à reunião, portanto perdeu a classe. Explicativas: exprimem relação de explicação: pois (anteposto ao verbo), que, porquanto, porque. Seja rápido, porque não temos muito tempo. SUBORDINATIVAS: são as conjunções que ligam orações sintaticamente dependentes, uma oração principal a uma oração subordinada. Podem ser: Integrantes: integram à oração principal as orações subordinadas substantivas que funcionam como algum de seus elementos: que, se Espero que se restabeleça rápido. Causais: exprimem uma relação de causa; provocam um determinado fato. As principais conjunções são: porque, como, pois, que, já que, uma vez que, visto que. Observação: quando a oração subordinada vier antes da principal. A árvore caiu porque o vento foi muito forte. Comparativas: exprimem uma relação de comparação; comparam um fato mencionado na oração principal. As principais conjunções são: como, tão… como (quanto), menor (do) que, etc. O Brasil é tão rico quanto os outros países. Concessivas: exprimem uma relação de concessão; admitem um fato contrário à oração principal. As principais conjunções são: embora, conquanto, ainda que, ainda quando, se bem que, etc. Não a aceitou como mulher, se bem que a amasse. Condicionais: exprimem relação de condição ou hipóteses necessárias para que se realize algo mencionado na oração principal. As principais conjunções são: se, caso, contanto que, exceto se, a menos que, etc. Iremos ao campo, se a sala cooperar. Conformativas: exprimem uma relação de conformidade cujos fatos estão de acordo com o que foi colocado na oração principal. As principais conjunções são: Conforme, como, consoante e segundo. A viagem foi feita conforme combinamos. Consecutivas: exprimem uma relação de consequência daquilo que foi declarado na oração principal. As principais conjunções são: tanto… que, tão… que, que, de forma que, etc. A falta de honestidade foi tão grande que as escolas públicas ficaram sem verbas. Finais: exprimem uma relação de finalidade do que se declarou na oração principal. As principais conjunções são: a fim de que, para que, porque. Ela fez tudo para que eu fosse despedido. Proporcionais: exprimem uma relação de proporcionalidade; estabelecem relações de proporção de acordo com o que acontece na oração principal. As principais conjunções são: à proporção que, à medida que, ao passo que, enquanto, quanto mais… mais, etc. Quanto mais andava, mais eu me distanciava do acampamento. Temporais: exprimem uma relação ou circunstância de tempo. As principais conjunções são: quando, enquanto, assim que, logo que, desde que, etc. Minha vida perdeu algo desde que meu pai se foi. 8.1 Advérbio Os advérbios têm como função principal promover uma caracterização mais precisa do processo verbal. Nesse sentido, indicam as circunstâncias em que o processo verbal se realiza. Veja: Meus livros estão aqui (circunstância de lugar). Eduardo talvez pare de comer pipocas (circunstância de dúvida). De acordo com Almeida (2009), os advérbios, embora tenham como principal função a caracterização dos processos verbais, são empregados também em relação a adjetivos e a outros advérbios, como intensificadores do sentido expresso por essas palavras. Observe na propaganda a seguir como o advérbio “bem” intensifica o adjetivo “gelada”. Fonte: brainly.com.br Classificação dos advérbios A classificação dos advérbios e locuções adverbiais obedece a um critério de ordem semântica, pois eles são classificados de acordo com a circunstância ou a ideia que exprimem em relação aos verbos, adjetivos ou outros advérbios. Fonte: adaptada Almeida (2009) REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA, N. T. Gramática de língua portuguesa para concursos, vestibulares, ENEM, colégios técnicos e militares. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2009. AZEVEDO, R. Português básico. Porto Alegre: Penso, 2015. BASÍLIO, M. Formação e classe de palavras no português do Brasil. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2006. BAUER, L. 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