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Fundamentos da metodologia científica Apresentação O conhecimento científico se distingue de outros tipos de conhecimento, como os do senso comum, e o de fé, pela forma como aborda os problemas relacionados aos fatos e fenômenos que os pesquisadores investigam. Assim, baseados em teorizações pertinentes de suas áreas científicas, são realizadas pesquisas que procuram seguir métodos rigorosos e técnicas ao longo de seus processos, dando legitimidade e objetividade aos resultados obtidos que compõem os relatórios produzidos pelos pesquisadores. Para que sejam validadas no universo científico, porém, as pesquisas científicas devem atender a normativas e diretrizes sobre os aspectos de planejamento, aplicação, redação textual e apresentação. Nesta Unidade de Aprendizagem, você aprenderá sobre os princípios que fundamentam a elaboração de pesquisas científicas, seus métodos, procedimentos técnicos e normativas necessárias para que cumpram com o rigor do conhecimento científico. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Reconhecer as características de uma pesquisa científica.• Identificar a aplicação dos diferentes métodos e técnicas de pesquisa.• Aplicar as diretrizes metodológicas e normativas na produção e na apresentação do conhecimento científico. • Desafio Ao definir ou se apropriar do método de pesquisa utilizado na ciência na qual é afiliado, cabe ao pesquisador selecionar técnicas de coleta de dados que se alinhem com os objetivos que pretende analisar e com o problema que pretende responder com a elaboração da pesquisa. Coloque-se no lugar de Rodrigo e, baseado nos estudos acerca da adequação necessária entre métodos e técnicas de pesquisa, comente sobre a situação do instrumento de coleta de dados utilizado, propondo soluções para o impasse apresentado. Infográfico Para ser legitimada pelo campo das ciências, uma pesquisa precisa, obrigatoriamente, atender a requisitos formais de planejamento, aplicação, redação e apresentação de seus resultados. Esses aspectos se aliam aos métodos científicos adotados pelo pesquisador. No Infográfico a seguir, você conhecerá as cinco principais características de uma pesquisa científica. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/13670565-9c37-4cab-b12c-1f324e97629e/6e9d78a3-6d5b-4235-9e1c-c133701d204f.png Conteúdo do livro A produção de pesquisas científicas é um processo que envolve etapas de tomada de decisão, planejamento, execução, análise e produção de relatórios. Ao longo dessas etapas, devem ser atendidos aspectos formais relativos a métodos, técnicas, normas e diretrizes particulares de cada ciência. Assim, cabe ao pesquisador conhecer essas regras, para que sua pesquisa científica venha a se tornar objetiva, precisa e alinhada com a fundamentação teórica pertinente e, no caso brasileiro, com as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), para que possa redigir e apresentar os documentos de suas pesquisas em anais de eventos, revistas impressas e periódicos científicos on-line. No capítulo Fundamentos da metodologia científica, da obra Método da pesquisa científica em ciências da religião, base teórica desta Unidade de Aprendizagem, você conhecerá os princípios que regem uma pesquisa científica e como elas se caracterizam e devem ser estruturadas, obedecendo critérios validados pela ciência. Também aprenderá sobre os métodos, técnicas e normas que envolvem a produção científica. Boa leitura. MÉTODO DA PESQUISA CIENTÍFICA EM CIÊNCIAS DA RELIGIÃO OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM > Reconhecer as características de uma pesquisa científica. > Identificar a aplicação dos diferentes métodos e técnicas de pesquisa. > Aplicar as diretrizes metodológicas e normativas na produção e na apre- sentação do conhecimento científico. Introdução A pesquisa científica reveste-se de características particulares em busca da produção de conhecimento. Essas características exigem objetividade, precisão, impessoalidade e rigor metodológico. Para que esses elementos possam ser evi- denciados nas pesquisas produzidas pela ciência, é necessário o estabelecimento de padrões, diretrizes e normas que possam instrumentalizar os pesquisadores em sua aplicação, redação e apresentação de seus resultados. No Brasil, essas normativas aplicadas em instituições de ensino superior costumam seguir as sugestões da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) (2020), as quais também são amplamente aceitas para a publicação de trabalhos científicos em periódicos impressos ou on-line (artigos, monografias, dissertações, teses). Neste capítulo, você aprenderá sobre as características que compõem uma pesquisa científica, identificando os métodos que podem ser utilizados, bem como as técnicas que contribuem para o alcance dos resultados almejados. Também conhecerá as diretrizes e a normativa que orientam a produção e apresentação do conhecimento científico desenvolvido em pesquisas. Fundamentos da metodologia científica Pablo Rodrigo Bes Pesquisa científica Desde as suas primeiras interações no campo social, o ser humano utiliza a pesquisa como um processo de observação, análise e aprendizagem a partir do exercício do pensamento reflexivo que essas experiências possibilitam desenvolver. Contudo, o ato de pesquisar associado com a vontade e neces- sidade de aprender pode valer-se de outros tipos de conhecimento, como o senso comum — ou conhecimento vulgar/popular —, o conhecimento filosófico/ religioso e o conhecimento científico. O conhecimento científico relaciona-se com a ciência que, por sua vez, pode ser entendida como “[…] todo um conjunto de atitudes e de atividades racionais, dirigido ao sistemático conhecimento com objetivo limitado, capaz de ser submetido à verificação” (TRUJILLO FERRARI, 1974, p. 8). Assim, cabe pontuar que a ciência costuma seguir as etapas do método científico proposto por Descartes no século XVII, reforçada por pesquisadores de vários campos científicos ao longo das décadas posteriores, chegando ao conceito conhecido na contemporaneidade, que ainda conserva muitas de suas características iniciais. O filósofo Renée Descartes, com a obra O discurso do método, pu- blicada em 1637, fundou o método científico, baseando-se na ideia da dúvida, em que a verdade somente poderia ser comprovada a partir da aplicação de procedimentos rigorosos e racionais de experimentação. Para ele, não se admitia como verdadeiro o que não pudesse ser deduzido com a aplicação de algum método racional, matemático, o que hoje é conhecido como método cartesiano. A pesquisa científica possui um rigor específico relacionado com estrutura, diretrizes e normativas de produção específicas das ciências, com base em métodos considerados científicos que devem ser aplicados, obrigatoria- mente, para que essas pesquisas sejam legitimadas e validadas no universo científico. Dessa forma, podemos entender a pesquisa científica como um “[…] procedimento reflexivo sistemático, controlado e crítico, que permite descobrir novos fatos ou dados, relações ou leis, em qualquer campo do conhecimento” (ANDER-EGG, 1978, p. 28). Logo, a pesquisa científica propõe a análise de seus objetos a partir do desenvolvimento do senso crítico, que ocorre por meio da investigação de teorias existentes em diversos campos das ciências. Marconi e Lakatos (2003, p. 155) definem a pesquisa científica como “[…] um procedimento formal, com Fundamentos da metodologia científica2 método de pensamento reflexivo, que requer um tratamento científico e se constitui no caminho para conhecer a realidade ou para descobrir verdades parciais”. Assim, a pesquisa científica procura, a partir da aplicação de seus procedimentos metodológicos e das suas etapas pertinentes, possibilitar a reflexão frente às teorias que a fundamentam, alémde conhecer o objeto pesquisado e, sobre ele, produzir uma verdade científica que será utilizada em área específica. Com base no que aprendemos até o momento, é possível apontar algumas das características principais de uma pesquisa científica (GIL, 2002; MARCONI; LAKATOS, 2003; TRUJILLO FERRARI, 1974): � objetiva; � formal; � impessoal; � racional; � sistemática; � verificável; � empírica. Uma das principais características da pesquisa científica é a busca pela definição da verdade sobre os fatos ou objetos pesquisados, desconsiderando os aspectos sensoriais e emocionais do pesquisador ao longo do processo de preparação e aplicação. Assim, entende-se que o pesquisador deva ser neutro, atendo-se à produção do senso crítico. Trujillo Ferrari (1974) destaca que a pesquisa científica possui como principais características: � ser objetiva, procurando descrever a realidade observada de forma isenta aos desejos do pesquisador, perseguindo os objetivos iniciais que foram previamente estipulados na preparação da pesquisa; � ser racional, valendo-se da razão, ou seja, do processo reflexivo perante as teorizações que fundamentam o campo teórico do pesquisador, e não das emoções ou sensações; � ser sistemática, por valer-se de um método específico, um sistema de ideias organizadas, um processo a ser posto em prática, devidamente planejado por ocasião da elaboração de seu projeto inicial; � ser verificável, pois procura demonstrar a veracidade das informa- ções por meio de seus testes, da coleta e análise dos dados e demais procedimentos aplicados. Fundamentos da metodologia científica 3 Pela utilização do método científico, predominante em sua execução, a pesquisa científica pode ser vista como uma teoria da investigação que, sobretudo, aplica-se a problemas empíricos, que ocorrem de forma prática e objetiva, devendo ser verificados de forma impessoal pelo pesquisador. Sobre esse aspecto, Gil (2002, p. 28) comenta que: […] os problemas científicos não devem referir-se a valores. Não será fácil, por exemplo, investigar se “filhos de camponeses são melhores que filhos de operários” ou se “a mulher deve realizar estudos universitários”. Estes problemas conduzem inevitavelmente a julgamentos morais e, consequentemente, a considerações subjetivas, invalidando os propósitos da investigação científica, que tem a obje- tividade como uma das mais importantes características. Assim, o caráter empírico das pesquisas, também conhecidas como pes- quisas de campo, propõe a objetividade a partir de uma sequência de etapas a serem seguidas, que envolvem experiências, observações e coleta de dados. Esses procedimentos são muito utilizados em trabalhos científicos voltados para o universo acadêmico, como artigos, monografias, dissertações e teses. Pelas características que possui e pelo rigor metodológico que requer, a pesquisa científica costuma apresentar, segundo Marconi e Lakatos (2003), algumas etapas específicas que envolvem: preparação, produção das fases da pesquisa, execução da pesquisa e escrita do relatório da pesquisa. No Quadro 1, é possível observar os componentes de cada uma dessas etapas. Quadro 1. Etapas da pesquisa científica Preparação da pesquisa 1. Decisão 2. Especificação dos objetivos 3. Elaboração de um esquema 4. Constituição da equipe de trabalho 5. Levantamento de recursos e cronograma Fases da pesquisa 1. Escolha do tema 2. Levantamento de dados 3. Formulação do problema 4. Definição dos termos 5. Construção de hipóteses 6. Indicação de variáveis 7. Delimitação da pesquisa 8. Amostragem 9. Seleção de métodos e técnicas 10. Organização do instrumental de pesquisa 11. Teste de instrumentos e procedimentos Fundamentos da metodologia científica4 Execução da pesquisa 1. Coleta de dados 2. Elaboração dos dados 3. Análise e interpretação dos dados 4. Representação dos dados 5. Conclusões Relatório da pesquisa Escrita do relatório da pesquisa Fonte: Adaptado de Marconi e Lakatos (2003). O processo de planejamento geral de uma pesquisa científica envolve um esforço de preparação que a antecede, em que são tomadas decisões importantes que irão delinear os passos futuros, principalmente em relação à definição dos objetivos que o pesquisador pretende atingir. Acrescenta-se a isso o desenho geral da pesquisa, a criação da equipe que a colocará em prática, o levantamento dos recursos necessários e a confecção do crono- grama com as suas etapas. Na fase da pesquisa, o tema que será abordado é definido e delimitado, o levantamento de dados é realizado, o problema de pesquisa é formulado, assim como os termos de sua aplicação e as hipóteses que previamente o pesquisador julga serem possíveis de serem observadas. Pode ser realizada uma amostragem acerca do objeto a ser pesquisado, selecionam-se os méto- dos mais adequados, bem como as técnicas de pesquisa que serão utilizadas, organizando todo o instrumental que será posto em funcionamento ao longo do processo. Ao longo da execução da pesquisa, os dados são coletados e passam a ser analisados e interpretados. Também são construídas suas represen- tações, facilitando o entendimento das informações e convertendo-as em conhecimento. Como produto final da pesquisa, o relatório costuma detalhar todos os passos e achados relativos aos objetivos propostos naquela ciência específica. Esse esquema geral do planejamento de uma pesquisa científica pode ser alterado de acordo com as técnicas e os métodos utilizados que, por sua vez, relacionam-se com as diretrizes da ciência específica sobre a forma que seus pesquisadores devem atuar. Métodos e técnicas de pesquisa É importante pontuar que não pode haver ciência, pelas próprias caracterís- ticas que aprendemos sobre a pesquisa científica, sem a devida adoção de um método científico específico, uma vez que: Fundamentos da metodologia científica 5 […] o método é o conjunto das atividades sistemáticas e racionais que, com maior segurança e economia, permite alcançar o objetivo — conhecimentos válidos e verdadeiros —, traçando o caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando as decisões do cientista (MARCONI; LAKATOS, 2003, p. 83). Nesse caso, o método se encarrega de garantir que os objetivos alcançados sejam, de fato, científicos, ou seja, legitimados e aceitos pela ciência na qual o pesquisador atua. Os métodos podem ser divididos de forma mais ampla a partir da aborda- gem dos fenômenos e fatos pesquisados, bem como de forma mais restrita e relacionada com os objetivos da investigação a partir dos procedimentos a serem adotados. Por meio dessas tipologias, é possível verificar o quanto os métodos utilizados propõem técnicas particulares que se associam com as suas características. A tipologia do método de pesquisa a partir de sua abordagem dos problemas a serem pesquisados, de acordo com Marconi e Lakatos (2003), possui a seguinte classificação: método indutivo, método dedutivo, método hipotético-dedutivo e método dialético. O método indutivo “[…] cuja aproximação dos fenômenos caminha geral- mente para planos cada vez mais abrangentes, indo das constatações mais particulares às leis e teorias (conexão ascendente)” (MARCONI; LAKATOS, 2003, p. 106). É o método que costuma partir das questões mais particulares acerca do objeto ou fenômeno estudado para os pontos mais abrangentes e universais que existem nas teorias científicas sobre eles. Costuma valer-se de três fases: a observação dos fenômenos, a descoberta da relação entre eles e a consequente generalização dessas relações. O método dedutivo, por sua vez, procede no sentido inverso ao indutivo, pois “[…] partindo das teorias e leis, na maioria das vezes prediz a ocorrência dos fenômenos particulares (conexão descendente)” (MARCONI; LAKATOS, 2003, p. 106). Assim, a argumentação dedutiva procurará nas teorias científicas existentes na área pesquisada reforçar as premissas que o pesquisador traça sobre o objeto estudado, validando-as. No métodohipotético-dedutivo, ampliam-se as possibilidades do método dedutivo, uma vez que “[…] se inicia pela percepção de uma lacuna nos co- nhecimentos, acerca da qual formula hipóteses e, pelo processo de inferência dedutiva, testa a predição da ocorrência de fenômenos abrangidos pela hipótese” (MARCONI; LAKATOS, 2003, p. 106). Assim, as hipóteses formuladas pelo pesquisador quanto aos fatos e fenômenos observados podem vir a ser confirmadas ou não, a partir das inferências produzidas ao aplicar a pesquisa, valendo-se da teorização científica pertinente à sua área. Fundamentos da metodologia científica6 Já o método dialético diferencia-se de todos os demais por entender que os processos se encontram permanentemente em mudança, logo, esse método “[…] penetra o mundo dos fenômenos através de sua ação recíproca, da contradição inerente ao fenômeno e da mudança dialética que ocorre na natureza e na sociedade” (MARCONI; LAKATOS, 2003, p. 106). As mudanças e reconfigurações devem ser consideradas pelo pesquisador, constatando as contradições, negações e inovações que costumam se manifestar ao longo da pesquisa. A seguir, veremos como se classificam os métodos de abordagem da pesquisa científica de acordo com os procedimentos que serão adotados e as respectivas técnicas que costumam ser empregadas em cada uma dessas tipologias (CAPALBO, 1990; MARCONI; LAKATOS, 2003). Método histórico — Parte do princípio de que as atuais formas de vida social, as instituições e os costumes têm origem no passado, por isso é importante pesquisar suas raízes para compreender sua natureza e função. O método histórico consiste em investigar acontecimentos, processos e instituições do passado para verificar a sua influência na sociedade de hoje, pois as instituições alcançaram sua forma atual a partir de alterações de suas partes componentes, ao longo do tempo, influenciadas pelo contexto cultural parti- cular de cada época. Por exemplo, para compreender a noção atual de família e parentesco, pesquisa-se, no passado, os diferentes elementos constitutivos dos vários tipos de família, bem como as fases de sua evolução social. Método comparativo — Considera que o estudo das semelhanças e diferenças entre diversos tipos de grupos, sociedades ou povos contribui para a compre- ensão do comportamento humano. Esse método realiza comparações com a finalidade de verificar similitudes e explicar divergências existentes. Cita-se como exemplo os modos de vida rural e urbano no Estado de São Paulo. Método monográfico — Partindo do princípio de que qualquer caso que se estude em profundidade pode ser considerado representativo de muitos outros ou até mesmo de todos os casos semelhantes, o método monográfico consiste no estudo de determinados indivíduos, profissões, condições, insti- tuições, grupos ou comunidades, com a finalidade de obter generalizações. A investigação deve examinar o tema escolhido, observando todos os fatores que o influenciaram e analisando-o em todos os seus aspectos. Cita-se como exemplo o estudo do papel social da mulher ou dos idosos na sociedade. Método estatístico — Os processos estatísticos permitem obter, de conjuntos complexos, representações simples, bem como constatar se essas verificações simplificadas têm relações entre si. Assim, o método estatístico configura uma Fundamentos da metodologia científica 7 redução de fenômenos sociológicos, políticos, econômicos, entre outros, a termos quantitativos e manipulação estatística, que permite comprovar as relações dos fenômenos entre si e obter generalizações sobre sua natureza, sua ocorrência ou seu significado. Cita-se como exemplo a verificação da correlação entre nível de escolaridade e número de filhos. Método tipológico — Muito utilizado por Max Weber, é semelhante ao método comparativo. Ao comparar fenômenos sociais complexos, o pesquisador cria tipos ou modelos ideais, construídos a partir da análise de aspectos essenciais do fenômeno. A característica principal do tipo ideal é não existir na realidade, mas servir de modelo para a análise e compreensão de casos concretos, realmente existentes. Cita-se como exemplo o estudo de todos os tipos de governos democráticos, do presente e do passado, para estabelecer as características típicas ideais da democracia. Método funcionalista — Com base no funcionalismo proposto por Malinowski, pode ser considerado mais um método de interpretação do que de investiga- ção. Leva em consideração a formação da sociedade em partes diferenciadas, porém interdependentes e inter-relacionadas de modo a satisfazer as fun- ções necessárias para a vida. Cita-se como exemplo a análise das principais diferenciações de funções que devem existir em um pequeno grupo isolado em prol de sua sobrevivência. Método estruturalista — Desenvolvido por Lévi-Strauss, costuma partir da investigação de um fenômeno concreto, elevando-o ao nível do abstrato por intermédio da constituição de um modelo que represente o objeto de estudo, retornando, ao final, ao concreto, dessa vez como uma realidade estruturada e relacionada com a experiência do sujeito social. Cita-se como exemplo a verificação das leis que regem o casamento e o sistema de parentesco das sociedades primitivas, ou modernas, por meio da construção de um modelo que represente os diferentes indivíduos e suas relações. Método fenomenológico — Inspirado nas escritas de Husserl, Merleau-Ponty, Heidegger, Schultz, Sartre e Ricoeur, associa-se ao processo de conhecimento do homem e às questões de estrutura da sua consciência que, nesse caso, sempre teria uma intencionalidade. Considera a relação indissociável entre o sujeito e o mundo, entre a consciência e os seus objetos. Por exemplo, para analisar o fenômeno social da educação, devem ser considerados os contextos sociais envolvidos e que intervêm nesse processo. São diversos os métodos que podem ser utilizados para a realização das pesquisas científicas, os quais irão se associar com aquilo que o pesquisador Fundamentos da metodologia científica8 objetiva atingir com o seu esforço em pesquisar. Dentro de cada um desses métodos, poderão ser utilizadas técnicas de pesquisa diversas. Cabe ressaltar que a “[…] técnica é um conjunto de preceitos ou processos de que se serve uma ciência ou arte; é a habilidade para usar esses preceitos ou normas, a parte prática. Toda ciência utiliza inúmeras técnicas na obtenção de seus propósitos” (MARCONI; LAKATOS, 2003, p. 174). Essas técnicas podem ser analisadas a partir da forma como se aproximam dos documentos a serem utilizados pelos pesquisadores em busca de dados e informações sobre os objetos e fenômenos pesquisados, o que, inclusive, nomeará esses tipos de pesquisa. Algumas pesquisas utilizam técnicas de apropriação dos dados de forma direta, comumente percebidas em pesquisas de campo, em pesquisas reali- zadas em laboratório (experimentais) e em observações realizadas com o uso de instrumentos diversos de coleta de dados, como a entrevista, os formu- lários e os questionários. As pesquisas que se apropriam da documentação de forma indireta podem ser divididas em pesquisa documental e pesquisa bibliográfica (MARCONI; LAKATOS, 2003). A pesquisa bibliográfica é aquela “[...] desenvolvida com base em material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos. Embora em quase todos os estudos seja exigido algum tipo de trabalho dessa natureza, há pesquisas desenvolvidas exclusivamente a partir de fontes bibliográficas” (GIL, 2002, p. 44). Assim, na bibliografia existente, busca-se a fundamentação teórica que dará sustentação às pesquisas realizadas. A pesquisa documental, embora assemelhe-se à bibliográfica, diferencia- -se em relação às fontes utilizadas. Sobre esse aspecto, Gil (2002, p. 45) esclarece que: […] enquanto a pesquisa bibliográfica se utiliza fundamentalmente das contribuições dos diversos autores sobre determinado assunto, a pesquisa documental vale-se de materiaisque não recebem ainda um tratamento analítico, ou que ainda podem ser reelaborados de acordo com os objetos da pesquisa. Por exemplo, um pesquisador que queira estudar o índice de rotatividade dos colaboradores de uma empresa e utiliza suas fichas de empregado e seus cartões-ponto para complementar suas análises. A pesquisa de campo, por sua vez, “[…] é aquela utilizada com o objetivo de conseguir informações e/ou conhecimentos acerca de um problema, para o qual se procura uma resposta, ou de uma hipótese, que se queira comprovar, ou ainda, descobrir novos fenômenos ou as relações entre eles” (MARCONI; LAKATOS, 2003, p. 186). Realizar uma pesquisa de campo não significa simples- Fundamentos da metodologia científica 9 mente sair a campo para coletar dados, pois exige que se tenham claros, ao se observar os fenômenos ocorrendo espontaneamente, quais serão as técnicas de coleta de dados empregadas e como serão realizados os seus registros. A pesquisa experimental, também conhecida como pesquisa de laboratório em seus primórdios, costuma ter ampla aceitação no campo científico por valer-se de métodos quantitativos, considerados mais exatos e objetivos, uma vez que “[…] consiste em determinar um objeto de estudo, selecionar as variáveis que seriam capazes de influenciá-lo, definir as formas de controle e de observação dos efeitos que a variável produz no objeto” (GIL, 2002, p. 48). Para que se aplique a pesquisa experimental, o pesquisador precisa poder manipular ao menos uma das características dos elementos que está estudando, além de ser capaz de conduzir alguns controles sobre esses objetos de estudo, o que geralmente se faz a partir de um grupo de controle. Um dos aspectos importantes a serem considerados em relação às técnicas utilizadas em pesquisas é o qualitativo ou quantitativo envolvido. Cabe salientar que a ciência teve, ao longo de boa parte do século XX, uma tendência a valorizar mais os métodos quantitativos, por sua objeti- vidade e capacidade de fornecer dados exatos, neutros e imparciais, típicos da utilização de métodos matemáticos. Com o avanço das ciências sociais, as pesquisas científicas passaram a considerar os aspectos qualitativos em seus instrumentos e técnicas, entendendo que o seu rigor e sistematização também poderiam produzir ciência. Hoje, temos a utilização da associação de ambas, em pesquisas de natureza qualiquantitativas. Um bom exemplo de pesquisa qualitativa é a pesquisa-ação, em que o pesquisador se envolve de modo colaborativo e participativo com o fenô- meno que está pesquisando. Sobre esse tipo de pesquisa, Gil (2002, p. 55) comenta que: […] tem sido objeto de bastante controvérsia. Em virtude de exigir o envolvimento ativo do pesquisador e a ação por parte das pessoas ou grupos envolvidos no problema, a pesquisa-ação tende a ser vista em certos meios como desprovida da objetividade que deve caracterizar os procedimentos científicos. De certa forma, esse é o mal-estar produzido por ciências que entendem ser possível, e até inevitável, o envolvimento do pesquisador com o objeto pesquisado. A pesquisa conhecida como estudo de caso possui importância e caráter contemporâneos e, segundo Gil (2002, p. 54), “[…] consiste no estudo profundo Fundamentos da metodologia científica10 e exaustivo de um ou poucos objetos, de maneira que permita seu amplo e detalhado conhecimento, tarefa praticamente impossível mediante outros delineamentos já considerados”. Assim, o estudo de caso pode valer-se de inúmeros documentos, de fontes primárias e secundárias, procurando, a partir da sua análise, frente à teoria pertinente, produzir uma visão global dos problemas que a pesquisa objetifica, propondo possíveis soluções. Existe uma relação importante entre os métodos a serem utilizados e as técnicas que serão postas em prática pelo pesquisador em busca dos seus objetivos. Assim, é importante que o pesquisador saiba como a ciência em que atua concebe a pesquisa, quais são os métodos que os pesquisadores da área utilizam e de quais técnicas os pesquisadores desse campo científico costumam se apropriar, pois serão decisivas para que o percurso metodológico da pesquisa possa legitimar os seus resultados. Produção e apresentação dos conhecimentos científicos Definido o método mais amplo utilizado pela ciência do pesquisador na pro- dução de suas pesquisas, ele irá enquadrar os seus esforços em algum dos procedimentos metodológicos específicos, aqueles que mais contribuam com a busca pelos objetivos de pesquisa. Para isso, o pesquisador irá valer-se de decisões quanto a abordagens mais quantitativas ou qualitativas, bem como da escolha das técnicas mais apropriadas em cada fase da pesquisa. Todavia, para que venha a tornar-se aplicável e para que alcance os seus objetivos, a pesquisa científica necessita ser planejada minuciosamente, o que costuma ser feito a partir da construção de um projeto de pesquisa. O projeto de pesquisa científico irá delinear as principais etapas que serão postas em prática pelo pesquisador para que ele venha a produzir ciência em sua área de conhecimento, tornando-se amplamente aplicável aos mais diversos trabalhos científicos que costumam existir no ambiente acadêmico. Esses trabalhos podem ser artigos, monografias, dissertações e teses, e associam-se com os níveis de graduação e pós-graduação que os estudantes estejam cursando, ampliando as ações e intenções da pesquisa quanto maior for a titulação almejada. A Figura 1 mostra as etapas que devem compor um projeto de pesquisa. Fundamentos da metodologia científica 11 Figura 1. Etapas da construção de um projeto de pesquisa. Fonte: Adaptada de Marconi e Lakatos (2003). A partir do esquema demonstrado pela Figura 1, percebe-se que a pes- quisa se inicia com a deleção de um tópico ou tema que irá pautar o trabalho desenvolvido pelo pesquisador. Dentro desse tema específico, cabe definir um problema que deverá ser investigado com o intuito de ser resolvido pela aplicação da pesquisa. Marconi e Lakatos (2003, p. 159) destacam que “[…] definir um problema significa especificá-lo em detalhes precisos e exatos. Na formulação de um problema, deve haver clareza, concisão e objetividade. A colocação clara do problema pode facilitar a construção da hipótese cen- tral”. Assim, a escrita do problema, geralmente feita de forma interrogativa, fornece condições para que o pesquisador estabeleça suas hipóteses acerca do objeto ou do fenômeno que venha a pesquisar. A hipótese “[…] é uma suposição que antecede a constatação dos fatos e tem como característica uma formulação provisória: deve ser testada para determinar sua validade” (MARCONI; LAKATOS, 2003, p. 161). Dessa forma, as hipóteses deverão ser tes- tadas de maneira empírica pelo pesquisador, podendo vir a ser comprovadas ou refutadas ao longo da pesquisa. A coleta de dados é o momento em que serão aplicadas as técnicas sele- cionadas de acordo com o método escolhido para a realização da pesquisa científica. Conforme acrescentam Marconi e Lakatos (2003, p. 165), a coleta de dados é a “[…] etapa da pesquisa em que se inicia a aplicação dos instru- mentos elaborados e das técnicas selecionadas, a fim de se efetuar a coleta dos dados previstos”. Entre as técnicas referentes aos instrumentos de coleta de dados, considera-se: “1. Coleta documental; 2. Observação; 3. Entrevista; 4. Fundamentos da metodologia científica12 Questionário; 5. Formulário; 6. Medidas de opiniões e de atitudes; 7. Técnicas mercadológicas; 8. Testes; 9. Sociometria; 10. Análise de conteúdo; 11. História de vida” (MARCONI; LAKATOS, 2003, p. 166). Essas técnicas deverão ajustar-se ao tipo de pesquisa, aos objetivos que se pretende atingir, às normativas e prescrições teóricas e metodológicas de cada ciência em particular, o que exigirá a utilização de instrumentos com caráter mais quantitativo, qualitativo, ou mesmo a mistura desses dois gêneros e a utilização de vários instrumentos diferentesque venham a complementar-se. Uma pesquisa de cunho estruturalista e positivista poderá valer-se primordialmente de instrumentos de coleta de dados mais objetivos, quantitativos, como os questionários e formulários que apresentam perguntas e respostas com escalas a serem preenchidas pelos pesquisados. Nesse caso, procura-se o estabelecimento de uma coleta de dados exata, precisa e objetiva sobre as respostas. Caso o pesquisador seja de uma corrente de pesquisa pós- -estruturalista, que entende não haver uma neutralidade entre pesquisador e objeto, irá valer-se de instrumentos de coleta de dados qualitativos, entendendo que o pesquisador está implicado na pesquisa, logo, acaba produzindo junto aos pesquisados tais dados. Na contemporaneidade, ambas as pesquisas, com coleta ou produção de dados, possuem valor e se caracterizam pelo rigor metodológico adotado. Realizada a coleta de dados, parte-se para a etapa de elaboração, feita a partir da seleção e tabulação das respostas, o que contribuirá para a sua análise. Assim, o cruzamento de suas informações frente à fundamentação teórica pertinente é fundamental para que se realizem as análises necessárias sobre as relações entre o fenômeno/objeto estudado e os demais fatores envolvidos. De acordo com Trujillo Ferrari (1974, p. 178), essas relações são “[…] estabelecidas em função de suas propriedades relacionais de causa-efeito, produtor-produto, de correlações, de análise de conteúdo, etc.”. Dessa forma, a capacidade de análise e interpretação dos dados provenientes da pesquisa está relacionada diretamente com o aporte teórico que o pesquisador possui, bem como com os níveis de conhecimento sobre o tema abordado, o que se consolida a partir da construção de uma boa fundamentação teórica pelo pesquisador acerca do tema, do problema e do objeto ou fenômeno que pretende pesquisar. Finalizando a pesquisa, são redigidas as conclusões do estudo empreendido, destacando os objetivos alcançados e aqueles não contemplados, produzindo o relatório da pesquisa que, segundo Selltiz et al. (1965, p. 517), deverá apresentar os seguintes tópicos: Fundamentos da metodologia científica 13 a) Apresentação do problema ao qual se destina o estudo. b) Processos de pesquisa: plano de estudo, método de manipulação da variável independente (se o estudo assumir a forma de uma experiência), natureza da amostra, técnicas de coleta de dados, método de análise estatística. c) Os resultados. d) Consequências deduzidas dos resultados. Após um panorama inicial sobre os fundamentos da metodologia científica e sobre algumas particularidades da pesquisa que é produzida no âmbito das ciências, faz-se necessário focar a redação textual. No Quadro 2, estão descritas as qualidades básicas da redação do texto científico. Quadro 2. Qualidades básicas da redação de um texto científico Impessoalidade A escrita deve ser impessoal. Convém, para tanto, que seja redigida na terceira pessoa. Referências pessoais, como “meu projeto”, “meu estudo” e “minha tese” devem ser evitadas. São preferíveis expressões como: “este projeto”, “o presente estudo”, entre outros. Objetividade O texto deve ser escrito em linguagem direta, evitando-se que a sequência seja desviada com considerações irrelevantes. A argumentação deve apoiar-se em dados e provas e não em considerações e opiniões pessoais. Clareza As ideias devem ser apresentadas sem ambiguidade, para não originar interpretações diversas. Deve-se utilizar vocabulário adequado, sem verbosidade, sem expressões com duplo sentido e evitar palavras supérfluas, repetições e detalhes prolixos. Precisão Cada palavra ou expressão deve traduzir com exatidão o que se quer transmitir, em especial, no que se refere a registros de observações, medições e análises. As ciências possuem nomenclatura técnica específica, o que confere precisão ao texto. Fundamentos da metodologia científica14 Coerência As ideias devem ser apresentadas em uma sequência lógica e ordenada. Poderão ser utilizados tantos títulos quanto forem necessários para as partes dos capítulos; sua redação, porém, deverá ser uniforme, iniciando-se ou com verbos ou com substantivos. O texto deve ser elaborado de maneira harmoniosa. Concisão O texto deve expressar as ideias com poucas palavras. Convém, portanto, que cada período envolva, no máximo, duas ou três linhas. Períodos longos, abrangendo várias orações subordinadas, dificultam a compreensão e tornam pesada a leitura. Simplicidade A simplicidade, paradoxalmente, constitui uma das qualidades mais difíceis de serem alcançadas na redação de um relatório ou monografia. Devem ser utilizadas apenas as palavras necessárias. Fonte: Adaptado de Gil (2002). Além desses aspectos que condicionam a redação textual científica, existem as normas da ABNT (2020), que regulam os aspectos de estrutura e formatação da escrita dos trabalhos científicos. Essas normativas são sugestões que costumam ser seguidas pelas instituições de ensino superior visando aprimorar as técnicas apresentadas em seus trabalhos acadêmicos. Nesse caso, deverão ser aplicadas para que as pesquisas científicas sejam legitimadas e possivelmente divulgadas em anais de eventos, revistas e periódicos científicos. São várias as normas que se relacionam com a produção e apresentação da pesquisa científica, por exemplo (ABNT, 2020): NBR 14724/2011 — refe- rente aos trabalhos acadêmicos (monografias, dissertações e teses) com especificações sobre a escrita e apresentação; NBR 10520/2002 — explicita as características exigidas para a apresentação das citações no corpo dos artigos, monografias, teses e dissertações; NBR 6022/2018 — refere-se a informações e documentos sobre os artigos científicos apresentados em periódicos científicos impressos; NBR 6023/2018 — estabelece os elementos que devem compor, bem como sua devida ordem nas referências utilizadas; NBR 15287/2011 — delineia os princípios gerais para a elaboração dos projetos de pesquisa científica. Fundamentos da metodologia científica 15 Para conhecer a ABNT e, especificamente, as normas voltadas para a produção, estrutura e apresentação das pesquisas científicas que fazem parte da ABNT, acesse o site oficial da organização (ABNT, 2020). A metodologia científica é importante para que o pesquisador siga as diretrizes metodológicas que pautam a ciência em que atua, fornecendo-lhe condições de produzir sua pesquisa de forma legítima, bem como apresentar seus resultados de forma estruturada para serem aceitos e validados no universo acadêmico. A partir da aplicação de métodos, técnicas e normativas, a produção da pesquisa, sua redação textual e a forma como virão a ser apre- sentadas ao público podem gerar conhecimento científico, diferenciando-se de outros formatos de conhecimento existentes. Referências ANDER-EGG, E. Introducción a las técnicas de investigación social: para trabajadores sociales. 7. ed. Buenos Aires: Humanitas, 1978. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). Catálogo. 2020. Disponível em: http://www.abnt.org.br/normalizacao/abnt-catalogo. Acesso em: 5 out. 2020. CAPALBO, C. Fenomenologia e educação. Fórum Educacional, v. 14, n. 3, p. 41–61, jun./ ago. 1990. Disponível em: http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/fe/article/ download/61119/59327. Acesso em: 5 out. 2020. GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002. MARCONI, M. A.; LAKATOS, E. M. Fundamentos de metodologia científica. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2003. SELLTIZ, C. et aI. Métodos de pesquisa nas relações sociais. São Paulo: Herder, 1965. TRUJILLO FERRARI, A. Metodologia da ciência. 2. ed. Rio de Janeiro: Kennedy, 1974. Os links para sites da Web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu funcionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os editoresdeclaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links. Fundamentos da metodologia científica16 Dica do professor Uma das partes importantes e necessárias da pesquisa científica, responsável por instrumentalizar o pesquisador para que possa lidar com os achados empíricos, comprovando ou refutando suas hipóteses iniciais, é a fundamentação teórica. Na Dica do Professor, você verá o papel que exerce a teoria em relação aos fatos e fenômenos que são objetos das pesquisas científicas. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/7af3c8dab78b42adb9799076cab9eb48 Exercícios 1) Pode-se definir a pesquisa científica como um "procedimento reflexivo sistemático, controlado e crítico, que permite descobrir novos fatos ou dados, relações ou leis, em qualquer campo do conhecimento" (ANDER-EGG, 1978, p. 28). A partir da citação do autor, pode-se afirmar que: A) pode existir pesquisa científica em qualquer área de conhecimento sem, no entanto, existir um esforço de planejamento. B) entre os atributos necessários para que o pesquisador realize uma pesquisa científica, está o fato de incluir suas emoções naquilo que pesquisa. C) a pesquisa científica necessita de rigor metodológico para que se torne sistemática e proporcione o pensamento crítico e racional. D) cabe ao pesquisador da ciência descobrir as verdades que já estão postas e, para isso, basta observar os fatos e fenômenos ocorrendo. E) o ato de pesquisar cientificamente isenta o pesquisador de buscar conhecimentos prévios acerca da área em que aplica a pesquisa. Para que possa ser realizada, a pesquisa científica necessita de um procedimento metodológico que possa definir ao pesquisador como procederá ao longo da sua aplicação. Analise os métodos a seguir e os exemplos de sua aplicação e associe a primeira e a segunda colunas, de forma a estabelecer a correta relação entre elas: I - Método histórico. II - Método comparativo. III - Método monográfico. IV - Método estatístico. V - Método fenomenológico. ( ) Como a escolarização obrigatória no Brasil afeta a identidade e a subjetividade das crianças? ( ) Quais foram os fatores que ocasionaram a reconfiguração do trabalho que se tem hoje? 2) ( ) De que maneira estudam hoje, durante a pandemia mundial, as crianças das escolas públicas e das escolas privadas? ( ) Qual é o papel das famílias na educação escolar do século XXI? ( ) Existe correlação entre os anos de estudo na educação superior e o nível salarial dos sujeitos? A) V, I, II, III, IV. B) I, II, III, IV, V. C) II, III, IV, V, I. D) III, I, V, IV, II. E) IV, V, II, I, III. 3) Existem várias técnicas que permitem que o pesquisador se aproprie dos dados que necessita para realizar sua pesquisa científica, o que acaba nomeando essas pesquisas. Assim, tem-se: a pesquisa bibliográfica, a pesquisa documental, a pesquisa de campo, a pesquisa experimental e a pesquisa-ação. Sobre esses tipos de pesquisa, analise as alternativas a seguir e marque as verdadeiras (V) e as falsas (F): ( ) Na pesquisa bibliográfica, procura-se analisar algum tipo de documento que tenha sido produzido e que se relacione ao problema de pesquisa proposto. ( ) Pode-se considerar como pesquisa documental aquela realizada nos livros existentes, onde se busca construir a fundamentação teórica sobre o tema pesquisado. ( ) A pesquisa de campo é caracterizada pela ida do pesquisador até o local onde os objetos ou fenômenos estão ocorrendo, para buscar informações de forma estruturada. ( ) Pesquisa experimental é aquela na qual, por métodos quantitativos, o pesquisador manipula uma característica dos objetos, para verificar o comportamento das demais. ( ) É considerada pesquisa-ação aquela em que existe o envolvimento do pesquisador, sua participação ou colaboração com o fenômeno que está pesquisando. A) V, V, F, F, F. B) F, F, V, V, V. C) V, F, V, F, V. D) F, V, F, V, F. E) V, F, F, F, V. 4) Um projeto de pesquisa científica tem algumas etapas específicas que permitem ao pesquisador que planeje e organize os seus esforços e procedimentos em relação ao tempo, a aplicação e a produção dos resultados obtidos com a pesquisa. Sobre o projeto de pesquisa, analise as asserções a seguir e marque a alternativa que apresenta a correta relação sobre elas: I - Entre as etapas da construção do projeto de pesquisa científica, a elaboração do problema de pesquisa é uma que exige grande atenção por parte do pesquisador. Porque: II - A partir do problema de pesquisa formulado, serão estabelecidos os objetivos, as hipóteses, os métodos e as técnicas que o pesquisador colocará em funcionamento em relação ao fenômeno que observa. A) A asserção I é uma proposição verdadeira e a asserção II é uma proposição falsa. B) As asserções I e II são proposições falsas e não complementares. C) As asserções I e II são verdadeiras e a asserção II é uma justificativa correta da asserção I. D) A asserção I é uma proposição falsa e a asserção II é uma proposição verdadeira. E) A asserção I e II são proposições verdadeiras, mas a asserção II não justifica a asserção I. 5) João Pedro se considera um cientista social, pois tem dedicado sua vida a pesquisar as relações entre as pessoas, com suas diferentes culturas e maneiras de se apropriar das realidades locais ao longo dos últimos anos. Ao escrever os relatos de suas pesquisas, procura subverter as normas de redação textual, expressando-se em primeira pessoa e deixando de seguir quaisquer normativas em relação à estrutura e aos procedimentos de sua pesquisa. Maurício, amigo de João Pedro, sugeriu que ele publicasse as suas pesquisas, porém João Pedro está encontrando muita dificuldade em fazer isso. Após a leitura desse caso, analise as alternativas e marque aquela que se associa corretamente à postura de João Pedro e suas pesquisas. A) João Pedro está com o entendimento correto acerca da postura do pesquisador e a elaboração das pesquisas científicas, pois exigem criatividade e inovação. B) A postura de pesquisador de João Pedro, aliada às questões do senso comum em detrimento dos aspectos metodológicos, lhe garante credibilidade científica. C) O pesquisador João Pedro encontra dificuldades em publicar os resultados de sua pesquisa pelo excelente grau de senso crítico que tem desenvolvido ao pesquisar. D) Para que a pesquisa de João Pedro seja científica, precisa ser objetiva, racional e crítica, valendo-se de procedimentos e normativas na execução e redação de seus resultados. E) Como uma pesquisa científica se trata de uma questão prioritariamente subjetiva e pessoal de cada pesquisador, João Pedro deve persistir e terá êxito nesse formato adotado. Na prática A produção de pesquisas científicas necessita, obrigatoriamente, que sejam utilizadas as diretrizes que caracterizam esse tipo de pesquisa e as normativas referentes à sua execução e aos aspectos de sua redação textual e da apresentação em trabalhos acadêmicos. Neste Na Prática, você acompanhará as explicações do professor Carlos aos estudantes de sua turma de Ensino Superior, onde utiliza a monografia para focalizar a estrutura e as qualidades necessárias na redação científica. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/460cb406-8ecd-4ce6-94e4-9c25f6c456cc/76e3d1a1-9e05-42e0-a832-a8ebeec570bd.png Saiba + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: O que a pesquisa científica tem a ver com você? Neste vídeo, elaborado pela Associação dos Pesquisadores Científicos do Estado de São Paulo, você poderá perceber como a pesquisa científica realizada nas várias instituições apresentadas produz resultados benéficos em nossavida cotidiana. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://www.youtube.com/embed/FxBdTsKXAQo
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