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1 ÁREA DE CIÊNCIAS HUMANAS / GEOGRAFIA VESTIBULAR VILAS Módulo III PEDOLOGIA E GEOLOGIA: NOÇÕES BÁSICAS 2 ÁREA DE CIÊNCIAS HUMANAS / GEOGRAFIA VESTIBULAR VILAS Módulo III PEDOLOGIA O Solo O solo é a parte exterior da litosfera, sua espessura varia entre 30 cm e 40 cm, é um dos mais importantes recursos naturais, é composto por fragmentos de rocha formados pela alteração química (ocorre quando os minerais de uma rocha são quimicamente alterados ou dissolvidos) e física (ocorre quando a rocha é fragmentada por processos mecânicos que não mudam a sua composição química) da rocha-matriz e pela matéria orgânica produzida por organismo que nele vivem (fator biológico). Consideram-se dois fatores na formação do solo: 1 o A desintegração e decomposição das rochas. 2 o A incorporação e decomposição de organismos vivos. A rocha matriz, ou rocha mãe, ao sofrer ação de agentes atmosféricos (clima) decompõe-se através do intemperismo, ou também chamado meteorização, além do clima, outros fatores também são responsáveis pela formação do solo, como elementos orgânicos e a topografia. A natureza da rocha matriz controla o intemperismo e define o tempo de formação do solo. O regolito é a primeira parte do solo a ser formada, é o material decomposto que ainda não sofreu ação de agentes como ventos, clima... O intemperismo e a erosão são processos geológicos importantes no ciclo das rochas e nos sistemas da Terra, eles modelam a superfície e alteram os materiais rochosos assim, formando os solos. Perfil do Solo À medida que o solo se forma, camadas peculiares são desenhadas originando assim os horizontes ou camadas do solo. Imaginando-se um corte vertical que vai da superfície até o material rochoso (rocha matriz) o conjunto de horizontes forma o perfil do solo. Quando o solo é bem desenvolvido, apresenta 4 horizontes principais: O, A, B, C, todos sobre a rocha matriz (R). EVOLUÇÃO E PERFIL DE UM SOLO 3 ÁREA DE CIÊNCIAS HUMANAS / GEOGRAFIA VESTIBULAR VILAS Módulo III Horizonte Características O É o horizonte superficial. Pode conter mais de 20% de matéria orgânica (animal e vegetal) em diferentes graus de decomposição. A Apresenta maior quantidade de matéria orgânica decomposta e misturada com elementos minerais. Sofre perdas de minerais (ferro, alumínio) pela lixiviação (ação das águas). Nas áreas cultivadas, está em contato direto com a atmosfera. Contém as raízes dos vegetais. B Bastante intemperizado. Pouco afetado pela erosão natural e pela ação do homem. Pouca matéria orgânica, muita matéria mineral e cor geralmente vermelha ou amarela. Recebe materiais lixiviados do A. C Chamado de regolito, material decomposto, proveniente da rocha matriz. R Rocha matriz ou rocha não-alterada. Fontes: baseado em FONT-ALTABA, M. e ARRIBAS, A. San Miguel. Atlas de geologia. p. E-1; GUERRA, Antônio Teixeira. Dicionário geológico e geomorfológico. Rio de Janeiro, IBGE, 1972. Origem dos Solos Quanto à origem, os solos podem ser: eluviais ou zonais, Azonais ou Aluviais e Intrazonais. 1.Eluviais ou Zonais Quando os solos se formam no mesmo lugar a partir da degradação e da decomposição das rochas, o clima é o principal agente formador; são solos maduros, relativamente profundos, com horizontes A,B e C bem caracterizados. EXEMPLO: Massapê, terra roxa, laterítico, podzol, solontchac, prairie, tchernozion. 4 ÁREA DE CIÊNCIAS HUMANAS / GEOGRAFIA VESTIBULAR VILAS Módulo III Laterítico: Também chamado de Latossolo, domina em áreas de clima tropical, devido à intensa lixiviação e à laterização. É um solo pobre para a agricultura, sendo de coloração avermelhada, alaranjada ou amarelada. Tem profunda espessura e grande porosidade. Destina-se as pastagens, aparece no Amazonas ou Centro-Oeste. Pdzol: Comum nas áreas de coníferas, de clima temperado ou frio. De cor cinzenta, seus horizontes são bem definidos, podem chegar até a 30m de profundidade, é pobre em húmus (matéria orgânica). É fértil, porém, ácido é raro encontrar esse tipo de solo no Brasil, sendo mais comum em países como; Rússia, Ucrânia, Canadá, EUA e países Escandinavos. Solontchach: Comum em áreas de climas semiáridos quentes, sendo coberto pela Caatinga. Os horizontes são pouco individualizados, são ricos em sais minerais primários e pobres em húmus. São rasos, pedregosos e arenosos, e caso sejam devidamente irrigados, são viáveis á agricultura. Prairie: Abrange áreas de clima temperado subúmido onde a vegetação é de gramíneas (pradarias e estepes). É bastante fértil, apresentando coloração parda; é muito usado na sojicultura e triticultura. Predomina na Argentina e na América do Norte, Ucrânia e sul da Rússia. Tchernozion: Domina em regiões de clima semiárido e corresponde ao domínio das estepes semiáridas frias. É destinado basicamente a triticultura e aparece no centro sul da antiga URSS. É um solo extremamente fértil e de coloração escura. Terra roxa: Solo vulcânico resultante da degradação do basalto e diabásio. Tem cor castanho- avermelhada, tem boa espessura e desenvolve-se em clima tropical. Fértil, serve a cafeicultura, dominando principalmente no norte do Paraná e Planalto Paulista. Massapê: Originado da decomposição do granito, do gnaisse e às vezes do calcário, é usado principalmente para a plantação de cana, fumo e cacau. No Brasil, surge na zona da mata nordestina, recôncavo baiano e sul da Bahia. É rico em húmus e tem coloração escura. 2. Aluviais ou Azonais Quando os solos são formados a partir do transporte e acúmulo de materiais transportados pelas águas correntes e pelos ventos, podem ser chamados também de Litossolos. O fator determinante é a rocha matriz. Não são bem desenvolvidos e apresentam a sequência de horizontes A-C ou A-R, não possuem horizonte B. EXEMPLO: Solos de várzea e de deltas fluviais (pela água) e solos de Loess: Solos Intrazonais: O relevo ou a rocha matriz são os fatores determinantes na formação desse tipo de solo. Solo de várzea: É oriundo do acúmulo de aluviões transportados pelos rios. Serve principalmente a rizicultura e também, às culturas de subsistência. Este solo é presença marcante ao longo dos principais rios asiáticos, norte-americanos, sul-americanos e africanos. É de alta fertilidade e destina-se a cultivos temporários. Solo de Loess: É bastante fértil, sendo formado pelo acúmulo eólico de poeira amarelada. Abrange o sul da China, Planície do Mississipi (EUA) e os pampas argentinos. Serve a rizicultura, sojicultura, cotonicultura e triticultura. Classificação dos solos 1. Quanto à cor: Brancos: Solos brancos indicam ausência de ferro e matéria orgânica (húmus). Escuros: são ricos em húmus. Avermelhados ou alaranjados: indicam presença de óxido de ferro. Cinzentos: revelam a presença constante de água. 5 ÁREA DE CIÊNCIAS HUMANAS / GEOGRAFIA VESTIBULAR VILAS Módulo III 2. Quanto à estrutura Argiloso: são finos e pouco permeáveis. Arenosos: tem granulação maior e possuem boa permeabilidade. Argiloarenoso: apresentam granulométrica média. Fertilidade do solo Um organismo vivo Você pode imaginar o solo como um organismo vivo, que recicla detritos, promove crescimento, armazena e limpa a água e age como uma fonte básica de vida para todos os seres vivos. E como todos os seres vivos, o solo pode estar saudável ou não. Um solo saudável apresenta um equilíbrio de água, gases, frações minerais, ph neutro (6,5; 7,5), organismos vivos e matéria orgânica em decomposição. Juntos, estes componentes interagem para dar vida ao solo. Atualmente, falhas na composição do solo podem ser corrigidas pelo homem. Hoje, lugares desérticos, como o deserto de Neguev (Israel), ondemodernas técnicas de irrigação transformaram esses lugares em áreas extremamente produtivas. Conservação dos Solos São numerosas as razões para que os solos se tornem doentes e até estéreis. No entanto, a principal causa do declínio da qualidade é a remoção da vegetação de cobertura e o excessivo uso além fertilizantes artificiais. O excessivo uso de fertilizantes além de prejudicar os solos, contaminam águas superficiais e lençóis freáticos, já que o excedente de fertilizantes que não é utilizado pelas plantas é levado pela chuva até rios, lagos, cursos d’água... As queimadas das matas destroem micronutrientes e os micro-organismos necessários à saúde da terra. O produtor se ilude com a brotação mais rápida, sem saber que de cada cem plantas-mães apenas quarenta voltam a nascer. Preservando, restaurando e melhorando solos danificados. Os solos podem ser rapidamente restaurados e reconstituídos. A restauração do solo é fundamental para a produtividade e a saúde. Os métodos utilizados variam de acordo com o clima e com as características do local. No entanto, em qualquer situação, a matéria orgânica é o melhor aditivo para melhorar o solo. Muitas técnicas ajudam a melhorar a qualidade dos solos; uso de adubos minerais ou orgânicos em solos pobres de nutrientes, aplicação de calcário em terrenos com grande acidez (calagem), utilização adequada de máquinas agrícolas de acordo com o tipo de solo, conservar micro-organismos vitais a sua fertilidade, como por exemplo; minhocas e muitas outras técnicas. Um solo em agonia tem características básicas: ausência de cobertura vegetal, superfície exposta ao Sol, presença de voçorocas, forte evaporação da água contida no solo e perda de micro-organismos. 6 ÁREA DE CIÊNCIAS HUMANAS / GEOGRAFIA VESTIBULAR VILAS Módulo III Fonte: Ricardo Azoury / Pulsar Fonte: Agliberto Lima / AE Queimadas, como esta em Rondônia, e a ação das chuvas e enxurradas (aqui na Cidade Tiradentes, Região Metropolitana de São Paulo, em 2000) são duas formas de degradação dos solos, bastante comuns no Brasil. Um solo em agonia tem características básicas: ausência de cobertura vegetal, superfície exposta ao Sol, presença de voçorocas, forte evaporação da água contida no solo e perda de micro-organismos. Laterização e erosão Os maiores problemas enfrentados pelos solos brasileiros são a laterização e erosão. Laterização Processo típico de áreas com uma estação seca e outra chuvosa. O solo sofre ação das chuvas, que removem sais minerais primários e ocasionam forte concentração de ferro e alumínio. A acidez do solo torna-se alta, formando a canga ou a laterita, que domina principalmente no centro-oeste. Erosão Pode ser produzida por ações naturais e atividades antrópicas, como queimadas de matas, monocultura repetitiva, desmatamento de encostas formando as ravinas. GEOLOGIA: NOÇÕES BÁSICAS A ciência que trata do estudo da constituição e da evolução física da Terra é a Geologia. Terra, um Planeta em Mutação. A aparente solidez da Terra esconde um turbilhão interior que remota à sua origem, há cerca de 4,5 bilhões de anos. Acreditasse que o planeta tenha se formado a partir de nuvens de poeira transformadas numa esfera pela ação da gravidade. A pressão e o calor intensos provocaram a fusão parcial do interior do planeta, dando origem a um “oceano” de magma derretido 200 a 400Km abaixo da superfície. Aos poucos, essa massa dividiu-se em camadas com a rocha menos densa formando uma crosta exterior e os materiais mais densos, ferro e níquel, aprisionados no núcleo central. Ainda hoje podemos observar manifestações da energia contida no interior da Terra, nos processos violentos e dinâmicos dos vulcões e terremotos (ou sismos). Tais fenômenos estão relacionados com as placas tectônicas, que formam a crosta terrestre e, no seu constante movimento, arrastam continentes e oceanos. 7 ÁREA DE CIÊNCIAS HUMANAS / GEOGRAFIA VESTIBULAR VILAS Módulo III A Terra e suas Camadas A TERRA É UM SISTEMA ABERTO QUE TROCA ENERGIA E MASSA COM SEU ENTORNO O SISTEMA TERRA É CONSTITUÍDO POR TODAS AS PARTES DE NOSSO PLANETA E SUA INTERAÇÕES. Fonte: Para entender a Terra. Bookman, p. 37. 8 ÁREA DE CIÊNCIAS HUMANAS / GEOGRAFIA VESTIBULAR VILAS Módulo III Principais componentes e subsistemas do sistema da Terra. As interações entre os componentes são governadas pela energia do Sol e do interior do planeta e organizadas em três geossistemas globais: o sistema do clima, o sistema das placas tectônicas e o sistema do geodínamo (O núcleo terrestre é metálico, sólido e gira numa velocidade diferente do manto pastoso que o reveste). Litosfera ou crosta terrestre: possui uma espessura de aproximadamente 70 Km, sendo subdividida em sial e sima. O sial é a parte mais externa da litosfera correspondendo ao solo e subsolo. É rica em silício e alumínio, além de apresentar muito granito. O sima é a região mais inferior da crosta, sendo comum a presença de silício e magnésio. Predominam as rochas de origem basáltica. A espessura da litosfera é variável. Sob os continentes varia de 20 a 70 Km sendo que a espessura máxima ocorre nos locais sob montanhas. Abaixo dos oceanos, a espessura varia de 5 a 15 Km. Manto: Encontra-se logo abaixo do Sima, tendo uma espessura de 1200 Km e temperatura em torno de 3.400°C. É formado por rochas mais pesadas, como magnésio, ferro e silício. A parte mais externa do manto é conhecida como astenosfera, composta por um material pastoso denominado magma. No manto, verificam-se os movimentos de convecção, pelos quais têm origem os terremotos e vulcanismo. Núcleo: Está subdividido em duas camadas: o núcleo externo, que tudo indica ser líquido e vai até cerca de 5150 km, e o Núcleo Interno, que é sólido e encontra-se formado por níquel e ferro, a elevadas temperaturas. O núcleo interno chega a 6378 km de profundidade, ou seja, é o raio do planeta. OBSERVAÇÃO: Teoria da isostasia defende a ideia que o sial estaria flutuando sobre o sima. Desse modo, quando um bloco continental é sobrecarregado, o sial afunda sobre o sima, enquanto regiões próximas sofrem elevação. Por isso, que o sima apresenta uma espessura máxima nos lugares abaixo das montanhas. 9 ÁREA DE CIÊNCIAS HUMANAS / GEOGRAFIA VESTIBULAR VILAS Módulo III http://domingos.home.sapo.pt/estruterra_4.html Eras Geológicas Após sua formação, a Terra passou por um longo período de resfriamento. As Eras Geológicas e seus períodos marcam o tempo decorrido, como a evolução dos seres vivos desde os seus primórdios até o aparecimento da humanidade. ESCOLA GEOLÓGICA DO TEMPO 10 ÁREA DE CIÊNCIAS HUMANAS / GEOGRAFIA VESTIBULAR VILAS Módulo III Fontes: A. T. Guerra e A. J. T. Guerra, Novo dicionário geológico-geomorfológico, p. 228; A Terra, série Atlas Visuais, p. 31; L. Marrero, La Tierra y sus recursos, p. 47. (Com adaptação). A Deriva dos Continentes e a Tectônica de Placas A teoria da deriva continental surgiu no século XX, foi confirmada pelos vestígios existentes nas rochas dos continentes e dos fundos oceânicos. Como exemplo, as plataformas continentais das margens do Brasil e da África Ocidental encaixam-se como peças de quebra-cabeça, tendo sido encontrados fósseis similares nos dois continentes. Essa e outras evidências comprovam a teoria segundo a qual há 200 milhões de anos existia um super continente (Pangeia) que as forças tectônicas fragmentaram, formando os continentes da atualidade. 11 ÁREA DE CIÊNCIAS HUMANAS / GEOGRAFIA VESTIBULAR VILAS Módulo III Um mundo em movimento As massas terrestres são placas da crosta continentalseparadas por placas do assoalho oceânico. Todas estão em movimento permanente e lento. Há 200 milhões de anos formavam um supercontinente chamado Pangeia dividido pelas forças tectônicas em dois continentes e depois nos atuais, menores continentes. Os limites das placas são de três tipos: Dorsais mesoceânicas (forças tectônicas afastam as placas uma da outra); zonas de colisão, onde uma placa mergulha sob a outra (subducção) e falhas transformantes (duas placas ou mais deslizam em direções opostas) TEORIA DA DERIVA CONTINENTAL Fonte: Stephane Groueff, O enigma da Terra, p. 255. Fonte: Para entender a Terra. Bookman, p. 49 Colisão de placas Em uma zona de colisão ou subducção a crosta terrestre é consumida quando uma placa mergulha sob a outra. Forma-se uma profunda fossa oceânica e a rocha fundida é impelida do interior dos vulcões. O Himalaia surgiu há 45 milhões de anos, quando as placas indiana e eurasiana colidiram e o fundo oceânico entre elas se dobrou, dando origem à cadeia de montanhas. O cume do Everest outrora ficava no fundo do mar. 12 ÁREA DE CIÊNCIAS HUMANAS / GEOGRAFIA VESTIBULAR VILAS Módulo III Tectonismo ou Movimentos Tectônicos O movimento entre placas fratura as rochas, provoca terremotos e permite que o magma do interior da Terra chegue à superfície, formando vulcões. Dos cerca de 600 vulcões ativos da Terra, a maioria formou-se nas áreas de colisão de duas placas. Uma dessas zonas envolve o Oceano Pacífico, originando falhas na Nova Zelândia e no Japão, e o Círculo do Fogo, que abrange vulcões desde o monte Erebus, na Antártida, passando pela orla do pacífico, até os Andes. Outros terremotos e placas se afastam, dando origem a novas rochas no fundo oceânico. Fonte: Para entender a Terra. Bookman, p. 57. 13 ÁREA DE CIÊNCIAS HUMANAS / GEOGRAFIA VESTIBULAR VILAS Módulo III Três tipos de limites convergentes. (a) Subducção de uma placa oceânica em outra placa oceânica, formando uma fossa profunda e um arco de ilha vulcânico. (b) Subducção de uma placa oceânica em uma margem continental, formando um cinturão de montanhas vulcânico na margem deformada do continente em vez de um arco de ilha. (c) Uma colisão de placa continente-continente, que amassa e espessa a crosta continental, formando altas montanhas e um amplo planalto. As placas tectônicas no Mundo. PLACAS TECTÔNICAS E DIREÇÃO DE SEUS DESLOCAMENTOS Fonte: Graça M. Lemos Ferreira, Moderno atlas geográfico, 3. ed., p. 49. MINERAIS E ROCHA Mineral é um elemento ou um composto químico encontrado naturalmente na crosta terrestre. Geralmente, os minerais são sólidos, exceto a água e o mercúrio em condições normais de temperatura e pressão. Possuem várias propriedades, entre as quais a mais importante é a estrutura, isto é, a maneira segundo a qual os átomos componentes estão dispostos. Quase todos os minerais têm estrutura cristalina, formando sistemas cúbicos, hexagonais, trigonais etc. Os minerais costumam ser classificados em dois grandes grupos: metálicos e não- metálicos. Cada um desses grupos pode admitir subdivisões, como as que aparecem na Tabela. Tabela Classificação dos minerais Minerais metálicos Abundantes (ferro, manganês, alumínio etc.) Escassos (ouro, prata, chumbo, zinco etc.) Minerais não-metálicos De usos químicos, fertilizantes e especiais (fosfatos, nitratos, enxofre, cloreto de sódio etc.) Materiais de construção (cimento, areia, cascalho, gesso, amianto etc.) Combustíveis fósseis (carvão, petróleo, gás natural, xisto etc.) Água (lagos, rios, lençóis subterrâneos etc.) 14 ÁREA DE CIÊNCIAS HUMANAS / GEOGRAFIA VESTIBULAR VILAS Módulo III As Rochas Todas as rochas da Terra pertencem a um de três grupos. Formam o primeiro grupo, as rochas ígneas ou magmáticas, que cristalizam-se a partir do magma. Quando o resfriamento é rápido e acontece na superfície da Terra, a rocha que se forma tem uma estrutura de grão fino, essas são chamadas extrusivas ou vulcânicas. Algumas vezes rochas sofrem resfriamento no interior da crosta, essas são chamadas intrusivas ou plutônicas. As rochas sedimentares, o segundo grupo, são formados por acúmulo de areia, silte, argila, e outros sedimentos, compactados e cimentados pela pressão. Os agentes de erosão- água, vento, gelo e calor- podem dar formas fantásticas e essas rochas, como o Grand Canyon, no Arizona. As rochas sedimentares podem ser de três tipos: - Clásticas ou detríticas: Formadas por fragmentos de outras rochas. EXEMPLOS: Argila, areia, cascalho, folhelho e arenito. - Químicas: Resultam, geralmente, da dissolução e precipitação. EXEMPLOS: Sal-gema, estalactite e estalagmite. - Orgânicas: Originadas pela acumulação de vegetais e animais. EXEMPLOS: Carvão mineral e calcário. As rochas metamórficas, o terceiro grupo, são formadas de rochas já existentes transformadas pela pressão e calor. EXEMPLOS: Mármore, quartzito e graisse. Estrutura Geológica do Brasil Existem três tipos fundamentais de estrutura geológica no globo terrestre: os escudos cristalinos, as bacias sedimentares e os dobramentos (cordilheiras). Escudos cristalinos ou maciços antigos são estruturas geológicas muito antigas, ou pré-cambrianas, formadas por rochas cristalinas. São, portanto, estruturas rígidas, resistentes, estáveis e geralmente associadas à ocorrência de minerais metálicos. Como exemplos, podemos citar os seguintes escudos cristalinos: Escandinavo, Siberiano, Canadense, Sul- Africano, Guiano, Brasileiro e Patagônico. Bacias sedimentares são depressões preenchidas por detritos ou sedimentos provenientes das áreas circunvizinhas. As bacias formaram-se nas Eras Paleozóica, Mesozóica e Cenozóica e são importantes, principalmente devido à ocorrência de combustíveis fósseis, tais como petróleo, gás, carvão e xisto. São exemplos de bacias sedimentares: Amazônica, Pantanal, Paranaica, do Recôncavo Baiano, Parisiense, de Londres etc. Dobramentos modernos são as estruturas rochosas que sofreram a ação de forças tectônicas, resultando na formação de extensas e elevadas cordilheiras, tais como Himalaia, Andes, Alpes, Rochosas e outras, durante a Era Terciária (Cenozóica). Essas áreas são caracterizadas pelas instabilidades tectônicas, com ocorrência de terremotos e vulcanismos e também pela existência de elevadas altitudes. O território brasileiro é formado, fundamentalmente, por duas estruturas geológicas: os escudos ou maciços antigos e as bacias sedimentares. Não existem, portanto, os dobramentos modernos. A base estrutural do nosso território é de natureza cristalina, portanto muito antiga e rígida, embora a maior parte da superfície esteja coberta por terrenos sedimentares sob a forma de planícies, bacias, planaltos ou chapadas. Os afloramentos superficiais do 15 ÁREA DE CIÊNCIAS HUMANAS / GEOGRAFIA VESTIBULAR VILAS Módulo III embasamento cristalino só representam 36% do total da superfície do país, ao passo que as áreas sedimentares representam 64%. Escudos ou maciços antigos Abrangem 36% da superfície total do país e formam dois grandes blocos principais: o escudo das Guianas, no norte do país, e o escudo Brasileiro, nas porções central, oriental e sul do país. O escudo Brasileiro subdivide-se em seis núcleos: Sul-amazônico, Atlântico, Araguaio-tocantino, Bolívio-matogrossense, Uruguaio-sul-rio-grandense e Gurupi. Do total dos escudos (36%), cujos terrenos são cristalinos, temos: — Os terrenos formados no Arqueozoico e que correspondem a 32% e formam o chamado Embasamento ou Complexo Cristalino Brasileiro, a que estão associadas as rochas magmáticas e metamórficas, como o granito e o gnaisse, principalmente. — Os terrenos formados no Proterozoico e que correspondem apenas a 4% são, entretanto, de grande importância porquegeralmente aparecem associados às jazidas minerais tais como as de ferro e de manganês do Quadrilátero Ferrífero (MG), do maciço de Urucum (MS) e de Carajás (PA), as de bauxita de Oriximina (PA) e Ouro Preto (MG), as de cassiterita (RO) etc. Bacias sedimentares As bacias sedimentares, ou mais precisamente, os terrenos sedimentares, correspondem a 64% do território brasileiro, sendo que: — quanto à idade, podem ser do Paleozóico (São-franciscana e Paranaica), do Mesozóico (Parnaíba e do Recôncavo Baiano) ou do Cenozóico Terciário (Amazônica, Central e Costeira) e Quaternário (do Pantanal e Amazônica); — quanto à extensão, podemos agrupá-las em duas categorias: as grandes bacias (Amazônica, do Meio-Norte ou do Maranhão e Piauí, Paranaica, São Franciscana e do Pantanal) e pequenas bacias, geralmente alojadas em compartimentos de planaltos (bacias de São Paulo, Curitiba e Taubaté). As bacias são particularmente importantes porque podem apresentar recursos como petróleo, gás e carvão mineral. O petróleo é extraído tanto em bacias sedimentares continentais (Recôncavo Baiano, por exemplo) como em bacias marítimas (bacia de Campos, RJ). O carvão mineral é encontrado em terrenos sedimentares paleozóicos, principalmente no sul do país. 16 ÁREA DE CIÊNCIAS HUMANAS / GEOGRAFIA VESTIBULAR VILAS Módulo III Geomorfologia Geomorfologia é a “... ciência que estuda as formas de relevo, tendo em vista a origem, estrutura, natureza das rochas, o clima da região e as diferentes forças endógenas e exógenas que, de modo geral, entram como fatores construtores e destruidores do relevo terrestre.” (Guerra, 1989, pg. 204). O relevo terrestre e seus agentes O relevo corresponde às diversas configurações (formas) da superfície terrestre, como montanhas e planaltos, por exemplo. Ele resulta da atuação de dois conjuntos de fatores, chamados de agentes do relevo, que são os seguintes: • Agentes internos ou endógenos – são os geradores (construtores) das formas de relevo, sendo eles o tectonismo (horizontal e vertical), o vulcanismo e os abalos sísmicos. • Agentes externos ou exógenos – são os modeladores ou modificadores do relevo terrestre, representados pela ação do intemperismo (físico e químico), das águas correntes e marinhas, dos ventos, das geleiras, dos seres vivos, dentre outros. Agentes endógenos do relevo São processos estruturais que atuam do interior para a superfície da Terra, com intensidade, criando ou modificando a fisionomia do relevo. Tais processos relacionam-se com o movimento das placas tectônicas e a fenômenos magmáticos podendo, às vezes, ocorrer com grande violência e rapidez. 1. Tectonismo ou movimentos tectônicos ou Diastrofismo São movimentos lentos e prolongados provocados por forças do interior da Terra que atuam na crosta terrestre. O tectonismo pode ser de dois tipos: • Orogênese ou Tectonismo horizontal – quando as pressões, no interior da crosta, agem horizontalmente sobre as camadas de rochas mais plásticas, provocando o encurvamento (dobramento) dessas camadas, podendo originar montanhas e cordilheiras (relevo dobrado ou em dobras). São exemplos desse tipo de relevo os Andes (América do Sul), as Rochosas (América do Norte), os Alpes (Europa) e o Himalaia (Ásia), dentre outros. DOBRAMENTOS Fonte: FONT – ALTABA, M. e ARRIBAS, na Miguel A. Atlas de geologia p. D- 2. 17 ÁREA DE CIÊNCIAS HUMANAS / GEOGRAFIA VESTIBULAR VILAS Módulo III • Epirogênese ou Tectonismo vertical – quando as pressões, no interior da crosta, atuam verticalmente e lentamente sobre camadas de rochas resistentes e de pouca plasticidade, podendo provocar diversas rupturas e desnivelamentos das camadas do relevo. Quando ocorre a ruptura dessas camadas sem desnivelamento do terreno, diz-se que o mesmo está fraturado ou com fraturas. Já quando acontece a ruptura com soerguimento de um bloco e rebaixamento de outro, diz-se que ocorreu falhamento ou o terreno está com falhas. Fonte: FONT – ALTABA, M. e ARRIBAS, A San Miguel. Atlas de geologia. Rio de Janeiro, Livro Ibero-Americano, 1975. p.D- 3. 2. Vulcanismo Refere-se à atividade por meio da qual o magma é expulso do interior da Terra para a superfície. Vulcão é a montanha formada a partir das erupções – devido à solidificação do magma ao redor de onde ele é expelido para a superfície – com uma cratera por onde saem lavas, fragmentos de rochas em estado sólido, cinzas, gases e vapores. NÃO ESQUECER! Uma dobra é constituída por duas partes: Sinclinal = parte mais baixa, côncava. Anticlinal = parte mais alta, convexa. NÃO ESQUECER! Num relevo de falha, tem-se: Horst ou pilar = bloco soerguido; Graben ou fossa tectônica = bloco rebaixado. Forças descomunais provenientes do interior da Terra podem provocar falhas de milímetros ou de quilômetros nas rochas. Na Falha de San Andréas, na Califórnia (EUA), o movimento das placas tectônicas deixou marcas visíveis na paisagem (foto de 1995). 18 ÁREA DE CIÊNCIAS HUMANAS / GEOGRAFIA VESTIBULAR VILAS Módulo III A morfologia de um vulcão pode ser observada na figura abaixo: ESQUEMA GERAL DE UM VULCÃO 1. Edifício ou cone vulcânico: montanha formada pelo acúmulo de materiais magnéticos. 2. Cratera: cavidade superior (boca). 3. Chaminé ou conduto: abertura ou fenda pela qual os materiais são expelidos do interior para a superfície. 4. Caldeira ou câmara magmática: bolsão ou cavidade profunda preenchida pelo magma. 5. Lacólito: intrusão de magma com estreitamento inferior e alargamento da massa superior. 6. Material piroclástico: blocos, pedras, fragmentos de lava solidificada. 7. Gases sulfurosos. 8 Gêise: As rochas quentes do subsolo aquecem a água, aumentando a pressão. Jatos de água e vapor quentes são expelidos de forma contínua ou intermitente. 9. Fumarolas: nuvens ardentes provenientes da água superaquecida, com temperaturas que podem alcançar 800ºC. O Círculo de Fogo do Pacífico, principalmente, e o Círculo de Fogo do Atlântico são as áreas que concentram a maior parte dos vulcões no planeta. DISTRIBUIÇÃO MUNDIAL DOS VULCÕES Fonte: Adaptado de Atlas of the world. Nova Iorque, Oxford University Press, 1998.p. 10. 19 ÁREA DE CIÊNCIAS HUMANAS / GEOGRAFIA VESTIBULAR VILAS Módulo III Monte Saint Helens (Washington, EUA) em erupção, em 1980. Além das lavas, muitas vezes com temperaturas superiores a 1.000 ºC, são expelidas cinzas que cobrem extensas áreas. Fonte: Adaptado de POPP, José H. Geologia geral. Sãp Paulo,Livros Técnicos e Científi cos, 1988. p. 212 IMPORTANTE No Brasil, não existem vulcões ativos atualmente. Entretanto, diversas atividades vulcânicas ocorreram neste país em épocas geológicas passadas. Dentre elas, a mais recente aconteceu na Era Cenozoica (Terciário), originando as ilhas oceânicas brasileiras (Fernando de Noronha, Trindade, São Pedro e São Paulo). Durante a Era Mesozoica, o vulcanismo foi muito intenso no nosso país. NÃO ESQUECER! Gêiseres – são jatos de água quente e vapor em rupturas de terrenos vulcânicos. Tais jatos ocorrem em intervalos regulares de tempo e com grande força, sendo acompanhados, com frequência, por um som ruidoso. Regiões vulcânicas nos Estados Unidos, Chile, Nova Zelândia e Islândia são conhecidas mundialmente por seus campos de gêiseres. Campos de gêiseres El Tatio, Chile. Foto: C. M. Noce. 20 ÁREA DE CIÊNCIAS HUMANAS / GEOGRAFIA VESTIBULAR VILAS Módulo III 3. Abalos Sísmicos ou terremotos São movimentos naturais da crosta terrestre os quais se propagam por meio de vibrações (ondas sísmicas), podendo provocar drásticas mudanças nasuperfície terrestre num curto período de tempo. A intensidade dos terremotos é bastante variável. São dois os fatores que mais influem nessa intensidade: 1) distância entre o local de origem do terremoto, chamado de hipocentro ou foco, e o local onde ele se manifesta, denominado epicentro; e 2) heterogeneidade das rochas. Quanto maior for a referida distância, menor será a intensidade e, quanto mais resistentes forem as rochas, menores serão os danos. Origem e propagação dos terremotos. Fonte: PARKER, Steve, MORGAN, Sally e STEELE, Philip. Quase tudo sobre o mundo. São Paulo, Impala, 1998. p. 14. Origem e propagação dos terremotos. No local de origem ou hipocentro, as tensões acumuladas por longo período de tempo provocam a ruptura das camadas de rochas, às vezes seguida da formação de fraturas. Em consequência, ocorre uma propagação de ondas sísmicas ou tremores, que se manifestam em determinados lugares da superfície terrestre, constituindo o epicentro do terremoto. Os terremotos podem provocar efeitos de grandes proporções sobre o relevo, como deslizamentos, desmoronamentos, formação de fendas no solo, entre outros. Eles têm sua ocorrência relacionada a três tipos de causas que são as seguintes: Tectonismo – os maiores e mais violentos terremotos ocorrem nas bordas das placas tectônicas. Vulcanismo – os terremotos, geralmente de pequena intensidade, são provocados por explosões internas ou acomodações de materiais nos bolsões (vazios) que surgem após a expulsão do magma do interior do planeta. Desmoronamentos internos – terremotos, em geral locais e de pequena intensidade, costumam ser provocados por desmoronamentos de camadas de rochas no interior da Terra. A acomodação de camadas de sedimentos, em razão do seu próprio peso, pode CURIOSIDADES A Escala de Richter é a mais utilizada, atualmente, para a medição da intensidade dos abalos sísmicos. Tremores pequenos, sentidos num raio de poucos quilômetros e sem causar danos, têm magnitude da ordem de 3. Sismos moderados, que podem causar algum dano, têm magnitudes na faixa de 5 e 6. Os terremotos com grande poder de destruição têm magnitudes acima de 7. As maiores magnitudes já registradas, neste início de século e no passado, chegaram a 8,5 (terremotos no Himalaia em 1920 e 1950, e no Chile em 1960). Os sismógrafos são os instrumentos utilizados no registro da intensidade dos terremotos. 21 ÁREA DE CIÊNCIAS HUMANAS / GEOGRAFIA VESTIBULAR VILAS Módulo III provocar também terremotos locais e de pequena intensidade. Tal fato é a causa de alguns tremores de terra verificados no Brasil. Sismicidade Mundial. Mapa de epicentros do período 1964 a 1995 de sismos com magnitude ≥ 5,0 Fonte: U.S. Geological Survey. Efeitos de um terremoto ocorrido em Taiwan, em 1999. Foto: Reuters. Os terremotos e os tremores de terra podem provocar maremotos se ocorrerem próximos ao litoral ou no fundo submarino. Os maremotos, também chamados de raz de maré ou ainda tsunami pelos japoneses, são ondas extremamente violentas. Elas podem se fazer sentir a vários quilômetros da zona litorânea, como ocorreu, por exemplo, na Indonésia em 2004 (ver leitura complementar). AGENTES EXÓGENOS DO RELEVO Os agentes externos do relevo realizam um trabalho escultural ou de modelagem da paisagem terrestre, tendo atuação contínua e prolongada. A participação de cada um deles difere bastante a depender da área de atuação. Nas regiões de elevadas latitudes e altitudes, por exemplo, o trabalho do gelo na esculturação do relevo é muito mais notável e intenso do que o dos demais agentes. Os agentes externos modificam a fisionomia do relevo, provocando erosão (destruição) de rochas e solos, gerando sedimentos que são transportados pelos mesmos agentes e depositados (sedimentação) em locais mais baixos do terreno. CURIOSIDADES No Círculo de Fogo do Pacífico, situam-se cerca de 42% dos epicentros de terremotos do globo. Normalmente, 25% deles são verificados no Himalaia, Alpes, Atlas e Apeninos e, 23% em regiões de falhas, a exemplo da África oriental e dos Bálcãs. CURIOSIDADES O terremoto que ocorreu em Shensi (China) em 1556 provocou a maior mortalidade da história, com 830.000 mortos. Já o maior terremoto do século XX, com magnitude de 8,5, ocorreu no Sul do Chile em 1960. 22 ÁREA DE CIÊNCIAS HUMANAS / GEOGRAFIA VESTIBULAR VILAS Módulo III 1. Intemperismo ou Meteorização Corresponde ao conjunto de processos mecânicos, químicos e biológicos que ocasionam a desintegração e decomposição das rochas. Sendo assim, podemos observar os seguintes tipos de intemperismo: • Intemperismo físico – é o processo de desagregação sofrido pelas rochas ocasionado, principalmente, pela ação da temperatura. Esta provoca a dilatação e contração do material que compõe as rochas, fragmentando-as. Este intemperismo é predominante em regiões áridas e semi-áridas como, por exemplo, os desertos e o Semiárido Nordestino. • Intemperismo químico – é o processo de decomposição sofrido pelas rochas, sendo resultante, principalmente, da ação das águas que provoca a decomposição do material rochoso, removendo e transportando partículas de minerais em solução. Tal intemperismo é predominante em regiões úmidas do globo, a exemplo das florestas equatoriais e tropicais. OBSERVAÇÃO: Quando a ação bioquímica ou física de seres vivos ou da matéria orgânica proveniente de sua decomposição participa do processo intempérico, este é denominado intemperismo químico-biológico ou físico-biológico. 2. Ação das águas fluviais Dentre os agentes naturais, os rios são os maiores modificadores do relevo terrestre. Sua ação dá-se das seguintes formas: • Erosão fluvial – é a destruição causada pelos rios, ao longo do seu percurso, escavando a superfície terrestre e formando os vales que podem assumir várias formas (ser mais abertos, mais fechados). Estes podem ser extremamente escarpados, com margens abruptas, recebendo o nome de cañon (nome de origem espanhola). Podemos citar como exemplos o cañon do rio Colorado (oeste dos EUA) e o do São Francisco (nordeste brasileiro). • Acumulação fluvial – é o trabalho de deposição de sedimentos transportados pelos rios. Este pode originar várias feições morfológicas, como planícies aluviais (extensas áreas sedimentares próximas à desembocadura dos rios) e deltas (depósitos aluviais na foz de certos rios, originando ilhas e canais). Um exemplo disso é o delta do rio Parnaíba, na fronteira do Maranhão com o Piauí. NÃO ESQUECER! A ação e intensidade do intemperismo são controladas pelo clima (variação da temperatura e distribuição das chuvas), relevo (influência na infiltração e drenagem das águas pluviais), fl ora e fauna, tipo de rocha (apresentando resistência diferenciada ao intemperismo, segundo sua natureza) e tempo de exposição da rocha aos agentes intempéricos. IMPORTANTE O manto de intemperismo geralmente evolui, em suas porções superficiais, através dos processos pedogenéticos, para a formação dos solos. 23 ÁREA DE CIÊNCIAS HUMANAS / GEOGRAFIA VESTIBULAR VILAS Módulo III Nível d’água Sulcos ou ravinas Zona temporariamente encharcada Boçoroca O TRABALHO DAS GELEIRAS E DOS RIOS, MODELANDO PAISAGENS 3. Ação das águas pluviais Além dos rios, as águas de escoamento superficial originadas pelas chuvas, como as enxurradas e as torrentes (cursos d’água periódicos produzidos por fortes enxurradas) são importantes modificadores da paisagem. Elas podem provocar o aparecimento de duas feições bem características, a seguir: • Ravinas – sucos (escavações) produzidos nos terrenos. • Voçoroca, vossoroca ou boçoroca – escavação ou rasgão do solo ou de rocha decomposta, ocasionado pela erosão do lençol de escoamento superficial.OBSERVAÇÃO: A erosão decorrente das chuvas é denominada erosão pluvial. 4. Ação das geleiras (glacial) As geleiras são massas continentais de gelo com limites bem definidos, originadas pela acumulação e compactação por pressão de neve transformando em gelo. Elas se movimentam continuamente devido à gravidade, provocando mudanças significativas no relevo. Sua ação, nesse sentido, dá-se da seguinte forma: Morfologia de sulcos e boçorocas. • Erosão glacial – envolve a incorporação e remoção, pelas geleiras, de detritos ou partículas (rochosas) da superfície sobre a qual elas se deslocam. A água de degelo glacial NÃO ESQUECER! No alto curso do rio (onde se situa a nascente), predomina a erosão fluvial. Já no baixo curso (onde se situa a foz), verifica-se o predomínio da acumulação fluvial. Normalmente, a depender do rio, no médio curso há o transporte e a acumulação de sedimentos. 24 ÁREA DE CIÊNCIAS HUMANAS / GEOGRAFIA VESTIBULAR VILAS Módulo III também produz erosão mecanicamente (assemelhando-se à erosão fluvial) ou por ação química. A ação abrasiva do gelo resulta em modificação, por exemplo, do perfil dos vales fluviais de “V” para “U” em vales glaciais. Estes últimos são chamados de fiordes, presentes, dentre outros lugares, na costa do Chile. • Acumulação glacial – corresponde ao depósito de partículas de rochas e outros materiais que foram transportados pela língua da geleira (descida de uma geleira que sofreu derretimento) das vertentes das montanhas para sua base, onde são depositados. Ao longo do tempo geológico, esses depósitos formam as chamadas morenas ou morainas. Tipos de morenas em geleira de vale. a) mediana; b) lateral; c) terminal. 5. Ação Marinha O mar realiza um forte trabalho de destruição e construção do relevo das áreas litorâneas, modificando expressivamente as paisagens costeiras. A ação marinha pode se fazer através de: • erosão marinha – trabalho de destruição e construção feito pelo mar, também chamado de abrasão marinha. O exemplo mais evidente de forma de relevo resultante disso são as falésias (costas abruptas e escarpadas no litoral), que podem ser observadas na foto abaixo. Afloramento da Formação Barreiras. acumulação marinha – trabalho realizado pelo mar de deposição de sedimentos. Isso pode originar vários tipos de feições, tais como praias (depósitos de areias, com predomínio de grãos de quartzo), tômbolos (depósitos de areia que ligam uma ilha a um continente) e restingas ou cordões litorâneos (faixas de areia depositadas paralelas à costa, podendo originar lagunas ou lagoas costeiras). CURIOSIDADES Quando pedaços das geleiras continentais se desprendem, formam blocos de gelo que são transportados pelas correntes marítimas denominados icebergs. 25 ÁREA DE CIÊNCIAS HUMANAS / GEOGRAFIA VESTIBULAR VILAS Módulo III 5. Ação eólica ou dos ventos A ação eólica fica registrada no relevo seja de forma destrutiva (erosão) ou construtiva (sedimentação). Dessa forma, os ventos realizam as seguintes ações: • Erosão eólica – caracterizada pelos processos de deflação ou corrasão (trabalho executado pelos ventos sobre a superfície das rochas, carregando os detritos desagregados pela erosão mecânica) e abrasão (intenso processo de desgaste e polimento das feições do relevo provocado pelo impacto de partículas de areia transportadas pelo vento). Outro exemplo da ação do vento no modelado do relevo: a Taça, no Parque Estadual de Vila Velha, em Ponta Grossa (PR, 2001). • Acumulação eólica – a ação dos ventos de transporte e posterior deposição de partículas podem formar dunas, mares de areia e depósitos de loess. As dunas são montes de areia que podem ser classificadas em estacionárias (permanecem fi- xas) ou migratórias (se deslocam). Os mares de areia são grandes áreas cobertas de areia (dunas), a exemplo da Arábia Saudita com cerca de 1.000.000 km² da superfície cobertos por areia atualmente. Já os depósitos de loess consistem de sedimentos muito finos (argila e silte), homogêneos e comumente amarelados. No nordeste da China, os depósitos de loess atingem mais de 150 metros de espessura, embora apresentem uma média de 30 metros. Pequeno lago represado por duna transversal, exibindo marcas onduladas (direção preferencial do vento da direita para esquerda). Campo de dunas dos Lençóis Maranhenses (MA). Foto: I. D. Wahnfried. Erosão causada por enxurradas provocou o desabamento de parte da BR – 381 (Fernão Dias), na saída de Belo Horizonte (MG, 2002). O trabalho humano transforma a paisagem e provoca a erosão antrópica. acelerando os processos naturais. IMPORTANTE A erosão antrópica refere-se à intervenção humana na paisagem, modificando suas feições através da construção e/ou destruição de formas de relevo. Devido ao fato de acelerarem os efeitos dos processos naturais, tais ações são também chamadas de erosão acelerada. São exemplos disso a prática de desmatamento ou o corte de barrancos para a construção de estradas que aceleram a erosão superficial. 26 ÁREA DE CIÊNCIAS HUMANAS / GEOGRAFIA VESTIBULAR VILAS Módulo III Formas de Relevo Os principais tipos de relevo são os seguintes: 1. Planície – corresponde a uma extensão de terreno mais ou menos plano delimitado por aclives, onde os processos de deposição de sedimentos superam os de erosão. Em decorrência disso, as planícies são de natureza sedimentar. Ex: planície da bacia Congolesa (África). 2. Planalto – é uma extensão de terrenos elevados mais ou menos planos delimitados por declives, onde os processos erosivos predominam em detrimento dos deposicionais. Ex: planalto do Colorado (EUA). OBSERVAÇÃO: Chapada – denominação usada no Brasil para os planaltos sedimentares típicos que aparecem nas regiões Centro-Oeste (Guimarães, Parecis) e Nordeste (Araripe, Diamantina) do país. Chapadões – sucessão de chapadas. 3. Montanha – é uma grande elevação natural do terreno constituída por um agrupamento de morros. As montanhas podem ser originadas por dobramentos, falhamentos, vulcanismo (o cone vulcânico) ou erosão (restringe-se a morros testemunhos e são de pequena extensão). Quanto à idade, as montanhas podem ser jovens – originadas, de modo geral, no Terciário – preservando suas formas aguçadas (pontiagudas), ou podem ser velhas, com formas e altitudes bastante suavizadas e rebaixadas por terem sofrido vários ciclos de erosão. Como exemplo das primeiras, podemos citar os Andes (América do Sul) e os Atlas (África Setentrional) e, com relação a essas últimas, podemos mencionar as Montanhas Laurencianas (Canadá) e as montanhas da Serra do Mar (Sudeste brasileiro). OBSERVAÇÃO: a montanha típica é aquela formada por forças tectônicas orogenéticas. São exemplos os grandes dobramentos modernos, como o Himalaia. 4. Depressão – é uma forma de relevo que se apresenta em posição altimétrica inferior à das áreas vizinhas. Ela pode ser de dois tipos: • Depressão absoluta – área ou porção do relevo situada abaixo do nível do mar. Ex: Mar Morto (Oriente Médio – Ásia) situado a 395 metros abaixo do nível do mar. • Depressão relativa – área ou porção do relevo situada abaixo do nível das regiões que lhe estão próximas, com altitude acima do nível do mar. Ex: depressão do Tocantins (Brasil). REPRESENTAÇÃO DE UMA DEPRESSÃO RELATIVA 5. Cuesta – é uma forma dissimétrica de relevo constituída por uma sucessão alternada de camadas, com diferentes resistências ao desgaste, e que se inclinam numa direção, formando um declive suave no terreno de um lado, e um corte abrupto ou íngreme na chamada frente de cuesta de outro. Constitui-se como o tipo de relevo predominante nas bordas de bacias sedimentares e em velhas plataformas. A bacia de Paris (França)e a do Parnaíba (Brasil) são dois exemplos clássicos de estruturas de cuestas. Planalto Planície Escarpa Depressão relativa 27 ÁREA DE CIÊNCIAS HUMANAS / GEOGRAFIA VESTIBULAR VILAS Módulo III ESQUEMA REPRESENTATIVO DA ESCARPA E DA FRENTE DA CUESTA * Cornija: abrupto saliente capeado por camada de rocha resistente. 6. Morro Testemunho – refere-se a uma colina de topo mais ou menos plano situado adiante de uma escarpa de cuesta, mantido pela camada mais resistente. 7. Inselbergue – elevações residuais “ilhadas” que aparecem em regiões de clima árido e semiárido, resultantes de pediplanação (processo de aplainamento de extensas superfícies por agentes externos do relevo). 8. Serra – refere-se a terrenos acidentados com fortes desníveis. No Brasil, as serras designam, às vezes, acidentes variados, como escarpas de planaltos com altura de 50 a 100 metros. As serras brasileiras ora constituem escarpas de blocos falhados (a exemplo da Serra do Espinhaço); ora escarpas de erosão (como a Serra Geral); ora escarpas de chapadas residuais (como a Serra do Araripe); dentre tantas outras formações. Relevo Brasileiro O território brasileiro apresenta uma grande variedade morfológica, como planaltos, planícies, chapadas, serras e cuestas, dentre outras. Isso resulta, principalmente, da ação dos agentes exógenos – destacando-se a atuação da temperatura, dos ventos, das chuvas e dos rios – sobre estruturas geológicas de diferentes naturezas e, no geral, antigas. As formas atuais do relevo brasileiro foram esculpidas, principalmente, ao longo do período Terciário da Era Cenozoica. Pelo fato de se constituírem predominantemente por estruturas geológicas antigas que sofreram um longo tempo de atuação dos agentes modeladores do relevo, este possui formas bem trabalhadas pela erosão e com níveis altimétricos baixos predominando altitudes inferiores a 800 metros. 28 ÁREA DE CIÊNCIAS HUMANAS / GEOGRAFIA VESTIBULAR VILAS Módulo III BRASIL: HIPSOMETRIA Graça Maria Lemos Ferreira, Moderno atlas geográfico, p. 4. Existem três classificações bastante difundidas do relevo brasileiro. A seguir podemos ver cada uma delas com suas principais características. a) Classificação do relevo brasileiro, segundo Aroldo de Azevedo Criada em 1940 por Aroldo de Azevedo (professor do Departamento de Geografia da USP), esta classificação leva em conta a altimetria do relevo, definindo planaltos como possuindo mais de 200 metros de altitude e, planícies como possuindo menos de 200 metros de altitude. Nota-se, com isso, que Aroldo de Azevedo valorizou a terminologia geomorfológica na classificação das grandes unidades do relevo. CURIOSIDADES O ponto mais alto do Brasil é o Pico da Neblina com 3.014 metros de altitude, localizado no Amazonas, próximo à fronteira com a Venezuela. NÃO ESQUECER! Não existem dobramentos modernos no território brasileiro pelo fato de o mesmo situar-se no interior da placa litosférica Sul-Americana. Assim como, na sua parte continental, não existem formas oriundas da atuação recente de vulcanismo. 29 ÁREA DE CIÊNCIAS HUMANAS / GEOGRAFIA VESTIBULAR VILAS Módulo III Para caracterização das unidades menores, ele considerou as características geológicas (ver figura abaixo). DIVISÕES DO REVELO BRASILEIRO, SEGUNDO AROLDO DE AZEVEDO Fonte: Aroldo de Azevedo, O Planalto Brasileiro e o problema de classificação de suas formas de relevo, in Boletim da AGB, 1949, p. 43 – 50. OBSERVAÇÃO: nesta classificação do relevo, os planaltos respondem por 59% e as planícies por 41% da área territorial do Brasil. b) Classificação do relevo, segundo Aziz N. Ab’Sáber O geógrafo Aziz N. Ab’ Saber (professor do Departamento de Geografia da USP) propôs uma nova divisão do relevo brasileiro em 1962. Ele manteve grande parte da proposta elaborada por Aroldo de Azevedo, acrescentando, entretanto, novos conhecimentos a respeito do relevo, como o acréscimo de novas unidades. Todavia, Aziz partiu de uma definição de planalto e planície diferente da utilizada por aquele autor, considerando o primeiro como uma área onde os processos de erosão superam os de sedimentação e, o segundo como uma área onde os processos de sedimentação superam os de erosão, independentemente da altimetria. Segundo Aziz, o Brasil é composto por dez grandes unidades de relevo. Neste, os planaltos representam cerca de 75% e as planícies 25% do território do país (ver fi gura abaixo). CLASSIFICAÇÕES DO RELEVO BRASILEIRO CURIOSIDADES Aziz Ab’Sáber contou com o uso da aerofotogrametria (medições precisas do terreno por meio de fotografia aérea), em algumas regiões, como suporte na divisão do relevo brasileiro. 30 ÁREA DE CIÊNCIAS HUMANAS / GEOGRAFIA VESTIBULAR VILAS Módulo III Fonte: Aziz Nacib Ab’Sáber, O relevo brasileiro e seus problemas, in Aroldo de Azevedo (org.), Brasil – a terra e o homem, volume I, As bases físicas, p. 155. Caracterização geral do relevo brasileiro 1. Planalto das Guianas – Localizado ao norte da planície e terras baixas amazônicas, corresponde ao escudo cristalino das Guianas. Muito antigo, foi desgastado pela erosão, apresentando altitudes modestas, exceto na região serrana (fronteira com as Guianas e a Venezuela), onde estão os montes Roraima (2.875m), Trinta e Um de Março (2.992m) e o Pico da Neblina (3.014m), ponto culminante do território brasileiro. Nas terras fronteiras com a Venezuela e a Colômbia, no planalto das Guianas, está sendo implantado o projeto Calha Norte, que tem por objetivo razões geopolíticas e geoestratégicas, além da exploração de minérios (ouro, urânio, manganês) e de madeira. 2. Planalto Brasileiro – Estende-se desde o sul da Amazônia até o Rio Grande do Sul. É formado por terrenos cristalinos, sedimentares e vulcânicos. Dada sua diversidade, é dividido em planalto Central, planalto do Maranhão-Piauí, planalto Nordestino, planalto Meridional e serras e planaltos do Leste e Sudeste. 3. Planalto Central – Abrange as terras da região Centro-Oeste, do sul da Amazônia, da parte ocidental da Bahia e de Minas Gerais. Seus terrenos são sedimentares (chapadas dos Veadeiros, Parecis e Guimarães) e cristalinos (planaltos Goiano, Norte-matogrossense e Sul- amazônico). No planalto Central, encontram-se a cidade de Goiânia e o Distrito Federal. Os cerrados são dominantes e as principais atividades econômicas são a pecuária, a grande lavoura e a mineração. 4. Planalto do Maranhão-Piauí – Apresenta planaltos rebaixados, cuestas e tabuleiros, como o Planalto de Ibiapaba. 5. Planalto Nordestino – Apresenta também cuestas e depressões periféricas. Destacam-se as chapadas da Borborema, Baturité, Araripe e Apodi. 31 ÁREA DE CIÊNCIAS HUMANAS / GEOGRAFIA VESTIBULAR VILAS Módulo III ANOTAÇÕES: 6. Planalto Meridional – Abrange terras dos Estados de São Paulo, sul do Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Seus terrenos estão situados na bacia sedimentar Paranaica, que sofreu na Era Terciária sucessivos derrames de lavas básicas, originando basaltos e diabásicos. O planalto Meridional subdivide-se em planalto arenito- basáltico e depressão periférica. No planalto arenito-basáltico situam-se os férteis solos de terra roxa oriundas da decomposição do basalto e do diabásico. Nas bordas do planalto, formaram-se escarpas, suavemente inclinadas em direção à depressão periférica, as chamadas cuestas. Possuem solos vulcânicos chamados de Trapps. 7. Serras e planaltos do leste e sudeste – Correspondem ao planalto Atlântico do sudeste com os “mares dos morros”, o planalto Atlântico da Bahia, a serra do Mar e da Mantiqueira, a serrado Espinhaço e a Chapada Diamantina. As Planícies 32 ÁREA DE CIÊNCIAS HUMANAS / GEOGRAFIA VESTIBULAR VILAS Módulo III 1. Planície Amazônica: É uma extensa planície sedimentar disposta no sentido Leste- Oeste, localizada entre o Planalto Guiano e o Planalto Central. Nem toda essa área é de planície, pois ocorrem também os baixos “platôs”. A planície é dividida em: terra firme ou “caatê”, várzea (onde se planta arroz, juta e seringueira) e igapó. A planície em si mesma está representada pela zona da várzea. 2. Planície do Pantanal: Localiza-se a oeste do MS. É de formação recente (Quaternária). É atravessada pelo rio Paraguai, que inunda a planície temporariamente, formando o lago Xaraiés. No Paraguai, é denominada de Chaco. Destaca-se, na região, o Maciço do Urucum, o qual é rico em ferro e manganês. 3. Planície Costeira: Ocupa faixas ao longo do litoral. É de formação recente (Terciário e Quaternário). Destacam-se, nesta planície, as Baixadas Santista e Fluminense, além de inúmeras praias, restingas, falésias, tômbolos, recifes e dunas. OBSERVAÇÃO: Planície Gaúcha: Situa-se no extremo sul do país. Nela, as restingas aparecem em quantidade, especialmente na lagoa dos Patos e Mirim. A vegetação é de campos. CLASSIFICAÇÃO DO RELEVO BRASILEIRO, SEGUNDO JURANDYR ROSS Essa classificação é produto da aerofotogrametria, onde um radar instalado na “barriga” de um avião fotografou todo o Brasil entre 1970 a 1985, por meio do Projeto Radambrasil. A partir dessa classificação, o Brasil passa a contar com 28 unidades geomorfológicas, tendo como grande novidade o aparecimento do conceito de depressão. Vejamos, a seguir, as principais características do nosso relevo, segundo Jurandyr Ross: • Os planaltos são a forma de relevo predominante no país, ocorrendo em número de onze. • No Brasil só ocorrem depressões relativas como, por exemplo, a Depressão do Vale do Paraíba do Sul (entre as Serras do Mar e Mantiqueira). • Nossos territórios são formados por planaltos, depressões e planícies. • As depressões são em número de onze, constituindo-se na segunda forma de relevo. As principais depressões são: √ Depressão Marginal Norte-Amazônica. √ Depressão Marginal Sul-Amazônica. √ Depressão Sertaneja. √ Depressão do São Francisco. √ Depressão Periférica do Paraná. • As planícies ocupam pequena parte de nosso relevo. • A planície do Rio Amazonas (nome atual), limita-se a uma estreita faixa de terras planas que margeiam o rio Amazonas e seus afluentes. CURIOSIDADES O Projeto RADAMBRASIL fotografou todo o território brasileiro por meio de um radar instalado na base de um avião de 1970 a 1985. Disso resultou um detalhado e completo levantamento da geologia, geomorfologia e dos recursos naturais (hidrografia, solos, vegetação, minérios, dentre outros). 33 ÁREA DE CIÊNCIAS HUMANAS / GEOGRAFIA VESTIBULAR VILAS Módulo III Cortes esquemáticos referentes às linhas A-B, C-D e E-F, aqui indicadas, são apresentados nas próximas figuras. CURIOSIDADES No planalto das Guianas, em áreas próximas à fronteira do Brasil com a Venezuela e a Colômbia, está sendo implantado o projeto Calha Norte cujos objetivos referem-se à exploração de minérios (ouro, urânio, manganês) e a razões geopolíticas e geoestratégicas. 34 ÁREA DE CIÊNCIAS HUMANAS / GEOGRAFIA VESTIBULAR VILAS Módulo III Fonte: ROSS, Jurandyr L. S. Nova Escola. São Paulo, Abril, out. 1995. p.14. REFERÊNCIAS ADAS, Melhem, Panorama Geográfico do Brasil: Contradições, impasses e desafi os socioespaciais; Sérgio Adas (colaborador) 3a ed. São Paulo: Moderna, 1998. COELHO, Marcos de Amorim; TERRA, Lygia. Geografia Geral e do Brasil. Volume único. São Paulo: Moderna, 2003. COELHO, M. A.; TERRA, L. Geografia Geral: o espaço natural e socioeconômico. 4ª ed. São Paulo: Moderna, 2001. IBGE. Atlas geográfico escolar. Rio de Janeiro: IBGE, 2002. MOREIRA, J. C.; SENE, E. Geografia Geral e do Brasil: espaço geográfico e globalização. São Paulo: Scipione, 2004. OLIVEIRA, C. Dicionário cartográfico. 2. ed. Rio de Janeiro: IBGE, 1983. PRESS, Frank [et al] Para entender a Terra. 4a ed. Porto alegre: Bookman, 2006. SENE, E; MOREIRA, J. C. Geografia geral e do Brasil: espaço geográfico e globalização. São Paulo: Scipione, 1998. SILVA, B. C. N. [et al]. Atlas Escolar da Bahia: espaço geo-histórico e cultural. 2ª ed. João Pessoa: Grafset, 2004. VEJA, São Paulo. Abril, V. 43, no 3, Janeiro, 2010. 35 ÁREA DE CIÊNCIAS HUMANAS / GEOGRAFIA VESTIBULAR VILAS Módulo III LEITURA COMPLEMENTAR O DIA EM QUE O MUNDO ACABOU Com a força de trinta bombas atômicas, o grande terremoto que sacudiu o Haiti destroçou a capital, Porto Príncipe, causou um número ainda "inimaginável" de mortos, vitimou brasileiros e deixou o país, já paupérrimo, mais arrasado do que nunca. Quando o mundo acabou no Haiti, às 4h53 da tarde de terça-feira, o mais terrível foi que, por algum tempo, os mortos viveram. Com a força infernal de trinta bombas atômicas, o terremoto aconteceu no pior lugar possível. Seu coração de terrível poder, o epicentro, praticamente coincidiu com as ruas e encostas esquálidas de Porto Príncipe, a capital. Pouca coisa resistiu. Os casebres, os prediozinhos precários, os escassos edifícios mais imponentes. O topo da catedral, com suas duas torres, desapareceu. O arcebispo morreu. O Congresso ruiu, com o presidente do Senado lá dentro. Hospitais, escolas, hotéis. Uma universidade inteira tragou 1000 viventes. No palácio presidencial, em pomposo estilo francês, foi como se uma foice gigante tivesse ceifado o prédio, na horizontal, e ele se reacomodasse, alguns metros mais abaixo. "Estou andando sobre corpos", disse Elisabeth Preval. A mulher do presidente, depois de escapar do choque mortífero que tudo engolfou. Zilda Arns, uma campeã da humanidade na luta para salvar crianças da desnutrição, não conseguiu escapar. Da mesma forma que quase duas dezenas de militares brasileiros da força da ONU no Haiti. O prédio de cinco andares ocupado pelos funcionários civis da ONU também veio abaixo, com mais de 200 pessoas dentro, entre as quais o segundo no comando, o carioca Luiz Carlos da Costa. 36 ÁREA DE CIÊNCIAS HUMANAS / GEOGRAFIA VESTIBULAR VILAS Módulo III SISMÓLOGO EXPLICA MAREMOTO QUE PROVOCOU MILHARES DE MORTES NA ÁSIA da BBC Brasil 27/12/2004 Pelo menos 300 mil pessoas morreram depois que ondas gigantes provocadas por um tremor atingiram áreas costeiras no sul e no leste da Ásia. O sismólogo Brian Baptie, um dos especialistas da British Geological Survey , explicou como a onda - ou tsunami - foi criada. Em termos geológicos, o que aconteceu? Sumatra, no noroeste da Indonésia, fica na junção das placas tectônicas. A superfície da Terra é formada por várias placas tectônicas diferentes, e elas estão todas se movendo. A placa que fica sob o Oceano Índico está se movendo mais ou menos para o nordeste, o que faz com que ela se colida com Sumatra. E, na medida em que a colisão ocorre, a placa do Oceano Índico é pressionada sob Sumatra e, com a pressão, ela se rompe. E é isso o que causa o tremor. Este abalo sísmico é um dos mais fortes já registrados. Houve uma ruptura ao longo da fissura de cerca de 1.000 km de comprimento, e isso gera um deslocamento vertical de cerca de dez metros. O deslocamento no leito marinho gerou este enorme tsunami. Como a onda se desenvolve? Há um enorme deslocamento vertical no leito do mar como resultado do tremor, e isso movimenta um enorme volume de água. Pode-se imaginar que, se a ruptura é de 1.000 km de comprimento com um deslocamento de dez metros no leito do mar, isso envolve centenas de quilômetros cúbicos de água e resulta em uma ondaque atravessa o oceano. Nas profundezas do oceano, a altura da onda pode ser de poucos metros, talvez cinco ou dez metros, e ela se move a umas poucas centenas de quilômetros por hora. Isto significa que ela se move relativamente devagar se comparado com as ondas sísmicas do tremor, e ela chegou horas depois às áreas costeiras que estão em volta de todo o Oceano Índico. Na medida em que a onda tsunami se aproxima do litoral, ela diminui de velocidade porque a água fica mais rasa e, com isso, a altura da onda aumenta bastante. Quando ela atinge a praia, pode ter de dez a vinte metros. Por que não houve aviso de que isto estava acontecendo? Há um sistema de alerta para tsunamis no Oceano Pacífico porque há um precedente histórico em que vários maremotos causaram tsunamis como este durante o século 20. Mas não há precedente real para um tsunami como este no Oceano Índico. Então, esta é a primeira vez que isto acontece e não há sistema de alerta. Pode haver mais ondas de escala semelhante? É pouco provável que ocorram mais tsunamis do mesmo tamanho. O que normalmente acontece quando você tem um grande tremor é que eles continuam por vários dias. Eles costumam ser um pouco menores do que o principal abalo, embora não seja impossível que possa ocorrer mais um. Mas pode haver abalos sísmicos, e eles podem criar tsunamis menores. TERREMOTO EM MINAS É O 1a A REGISTRAR MORTE NO PAÍS, AFIRMA ESPECIALISTA da Folha Online 09/12/2007 - 17h52 O terremoto de 4,9 graus na escala Richter no norte de Minas Gerais é o primeiro a registrar uma morte, segundo o Obsis (Observatório Sismológico de Brasília), da UnB (Universidade de Brasília). 37 ÁREA DE CIÊNCIAS HUMANAS / GEOGRAFIA VESTIBULAR VILAS Módulo III O tremor foi sentido na comunidade rural de Caraíbas, distante 35 km de Itacarambi (MG), segundo o governo de Minas. Uma criança de cinco anos morreu esmagada pela parede de sua casa, que não resistiu ao abalo e caiu. Outras duas pessoas tiveram traumatismo craniano e quatro foram internadas com ferimentos leves. Segundo o governo de Minas, o tremor ocorreu na madrugada deste domingo e atingiu também, de forma mais leve, a cidade de Itacarambi e alguns pontos de Manga e Januária. Informações preliminares do Cedec (Coordenadoria Estadual de Defesa Civil) mostram que no total 60 casas foram atingidas. A Cedec informou que as famílias que tiveram suas casas destruídas serão removidas. Elas receberão cestas básicas, colchões e cobertores. A coordenadoria estuda ainda se outras remoções serão necessárias. Inédito Segundo o chefe do Obsis e professor de sismologia da UnB, Lucas Vieira Barros, o tremor no norte de Minas é o primeiro a provocar morte desde o início das medições feitas pelo observatório, em 1968. Barros afirma que a região é conhecida por falhas geológicas e dentre as possibilidades que podem ter provocado o tremor em Minas está a de um afundamento em uma caverna. Ele e outros dois técnicos da UnB devem chegar na manhã desta segunda-feira (10) para avaliar o que de fato ocorreu. Em maio, o Obsis já havia registrado um tremor de 3,5 graus no local e chegou a avisar a Defesa Civil para eventuais problemas, mas nenhuma ocorrência grave foi registrada. Em outubro deste ano, os técnicos do Obsis instalaram seis estações sismográficas para monitorar a região norte de Minas. A análise desses equipamentos deve auxiliar os técnicos a descobrir o que teria provocado o tremor. SAIBA MAIS SOBRE A ESCALA RICHTER da Folha Online 06/03/2007 - 20h20 A escala de medida de energia sísmica liberada por terremotos conhecida como Richter surgiu em 1935, idealizada pelo sismólogo americano Charles F. Richter. Após recolher dados de inúmeras ondas sísmicas liberadas por terremotos, Richter criou um sistema para calcular as magnitudes dessas ondas. A escala Richter foi inicialmente criada para medir apenas a magnitude de tremores no sul da Califórnia, utilizando um equipamento específico – o sismógrafo Wood-Anderson. Apesar da limitação original e do surgimento de vários outros tipos de escalas para medir terremotos, a escala Richter continua sendo largamente utilizada hoje. A primeira escala Richter apontou o grau zero para o menor terremoto passível de medição pelos instrumentos existentes à época. Atualmente, a sofisticação dos equipamentos tornou possível a detecção de tremores ainda menores do que os associados ao grau zero, e ocorre a medição de terremotos de graus negativos na escala Richter. Teoricamente, a escala Richter não possui limite. De acordo com o Centro de Pesquisas Geológicas dos Estados Unidos, aconteceram três terremotos com magnitude maior do que nove na escala Richter desde que a medição começou a ser feita. De acordo com outras fontes, como a enciclopédia Britannica, tal marca nunca foi alcançada. Veja a tabela abaixo: 38 ÁREA DE CIÊNCIAS HUMANAS / GEOGRAFIA VESTIBULAR VILAS Módulo III ENTENDA OS EFEITOS DOS TERREMOTOS Os sismólogos usam a escala de magnitude para representar a energia sísmica liberada por cada terremoto. Veja abaixo tabela com os defeitos típicos de cada terremoto em diversos níveis de magnitude. Escala Richter Efeito do terremoto Menos de 3,5 Geralmente não é sentido, mas pode ser registrado. 3,5 a 5,4 Frequentemente não se sente, mas pode causar pequenos danos. 5,5 a 6,0 Ocasiona pequenos danos em edificações. 6,1 a 6,9 Pode causar danos graves em regiões onde vivem muitas pessoas. 7,0 a 7,9 Terremoto de grande proporção, causa danos graves. de 8 graus ou mais Terremoto muito forte. Causa destruição total na comunidade atingida e em comunidades próximas. Esta tabela é “aberta”, portanto não é possível determinar um limite máximo de graus. Ainda que cada terremoto tenha uma magnitude única, os efeitos de cada abalo sísmico variam bastante devido à distância, às condições do terreno, às condições das edificações e de outros fatores. NÚMERO DE MORTOS POR TERREMOTO NO CHILE CHEGA 795, DIZ BACHELET da Folha Online 02/03/2010 - 16h05 O número de mortos no terremoto de 8,8 graus na escala Richter que atingiu o Chile no último sábado (27) subiu de 763 para 795, anunciou nesta terça-feira a presidente chilena, Michelle Bachelet. Ela deu as declarações durante visita a Curicó, cidade no sul do país afetada pelo tremor, segundo o site do jornal chileno "El Mercurio". Pouco antes, um funcionário do escritório nacional de emergências (Onemi), ligado ao governo, disse que havia 763 mortos. Os desabrigados continuam em 2 milhões, segundo o governo chileno. Além dos mortos, cerca de 500 pessoas ficaram feridas, disse o governo hoje. Essa é a primeira vez que o numero de feridos pelo tremor é informado oficialmente. O ministro da Saúde, Alvaro Erazu, disse a jornalistas que ao menos cem pessoas se encontram em estado grave. Cerca de 500 mil casas foram destruídas, de acordo com informações anteriores divulgadas por Bachelet. "Estamos enfrentando uma catástrofe gigantesca, que irá exigir um esforço de recuperação gigantesco", disse após encontro com ministros no palácio La Moneda. Pessoas recolhem objetos que sobreviveram ao terremoto nas ruas de Talcahuano, no Chile. Em Concepción, a maior cidade da área próxima do epicentro, muitas ruas da cidade ficaram cobertas de escombros e centenas de detentos escaparam da penitenciária após o tremor. Em 1960, o Chile foi atingido por um terremoto de magnitude 9,5, um dos mais fortes já registrados. O tremor devastou a cidade de Valdivia, matou 1.655 pessoas e causou um tsunami que atingiu a Ilha da Páscoa, distante 3.700 quilômetros da costa chilena. A onda continuou e chegou ao Havaí, Japão e Filipinas. As ondas que chegaram nas Filipinas demoraram cerca de 24 horas para atingir o país. 39 ÁREA DE CIÊNCIAS HUMANAS / GEOGRAFIAVESTIBULAR VILAS Módulo III O terremoto deste sábado foi sentido em São Paulo e também nas Províncias argentinas de Mendoza e San Juan. Uma série de abalos subseqüentes atingiram a região costeira do Chile. Saques A presidente Bachelet condenou nesta terça-feira os saques e violência registrados nas áreas mais afetadas pelo terremoto e afirmou que os criminosos "receberão todo o rigor da lei". Bachelet se reuniu nesta manhã com os comandantes das Forças Armadas para coordenar o envio de ajuda às zonas mais afetadas pelo terremoto, no centro-sul do país. A presidente pediu ainda a compreensão dos chilenos, já que "nunca antes na história do Chile" houve um terremoto tão devastador. "O que nos preocupa é levar segurança e tranqüilidade à população. Entendemos perfeitamente as angústias e as necessidades das pessoas, mas sabemos perfeitamente que há ações delinqüentes de pequenos grupos que estão provocando enormes danos materiais. Isso não vamos aceitar", disse. Brasileiros A Embaixada do Brasil continua buscando informações sobre um brasileiro que estaria desaparecido em Concepción, cidade mais afetada pelo terremoto. Estamos tentando localizar, mas estamos tendo dificuldade especialmente porque o comunicação com a região está bem complicada", disse o embaixador do Brasil no país, Mario Vilalva. O diplomata conversou com a Folha Online por telefone de Santiago. Mapa mostra a região atingida por tremor no Chile; terremoto foi o maior no país em 25 anos. Segundo ele, outro problema é que as informações que chegam à embaixada não são ofi- ciais, o que dificulta a busca porque há poucos detalhes sobre o desaparecido. Vilalva diz ainda que a embaixada já investigou três suspeitas de brasileiros entre as vítimas, que não se confirmaram. O único caso que ainda não foi encerrado é desse brasileiro que estaria em Concepción. A situação na cidade é crítica: ainda não foi implementado um canal de distribuição de alimentos e, apesar da forte presença militar nas ruas, os saques prosseguiam. Voos Um novo avião da FAB (Força Aérea Brasileira) deverá trazer mais brasileiros do Chile na próxima quinta-feira, segundo o embaixador. Na madrugada de hoje, uma aeronave trouxe 30 brasileiros. O avião modelo Hercules, C-130, irá transportar aparelhos de hemodiálise, telefones satélites, um hospital de campanha da Marinha, além de técnicos em avaliação de estrutura -- parte do material foi doado por empresas e a outra pertence a FAB. No retorno ao Brasil, será possível trazer 70 pessoas. Ao todo, mais de mil brasileiros procuraram a embaixada do Brasil no Chile desde sábado, quando o terremoto de magnitude 8.8 atingiu o Chile. Eles buscam desde informações sobre o terremoto até orientações sobre como agir. 40 ÁREA DE CIÊNCIAS HUMANAS / GEOGRAFIA VESTIBULAR VILAS Módulo III PRESIDENTE DO HAITI DIZ QUE “QUASE 170 MIL” CORPOS JÁ FORAM RECOLHIDOS da Folha Online 27/01/2010 - 19h55 O presidente do Haiti, René Préval, anunciou nesta quarta-feira que os corpos de “quase 170 mil” vítimas do terremoto de 12 de janeiro já foram recolhidos, um número superior ao último balanço fornecido pelas autoridades. “Muitos esforços foram feitos em 15 dias. A Companhia Nacional de Equipamento já retirou quase 170 mil mortos das ruas e removeu grande parte dos escombros para facilitar a circulação”, disse. Segunda-feira, o ministro da Saúde, Alex Larsen, disse esperar um balanço final de 150 mil mortos após o terremoto, destacando que as autoridades já tinham contado 90 mil. À agência de notícias Reuters, Préval confirmou ainda que as eleições legislativas do Haiti programadas para 28 de fevereiro estão adiadas por tempo indeterminado. “A campanha eleitoral deveria ser aberta amanhã, mas por razões óbvias isto não poderá acontecer.” Os escritórios do Conselho Eleitoral desabaram com o forte terremoto que matou até 200 mil pessoas. Membros da ONU (Organização das Nações Unidas) que trabalhavam com o grupo morreram e materiais da eleição ficaram soterrados, afirmou Préval. “Por razões humanas e técnicas, é óbvio que o processo eleitoral não poderá proceder como o planejado. [...] Agora temos que discutir com os vários partidos o que irá acontecer, e qual será o próximo plano.” Préval disse que não se candidatará à reeleição. Seu atual mandato acaba em 11 de fevereiro de 2011. Hoje, agências da ONU presentes no Fórum Econômico de Davos pediram que seja doado ao Haiti “dinheiro vivo e não mercadorias”. “No que diz respeito a mercadorias há duas exceções: os haitianos necessitam desesperadamente de comida pronta para consumir e barracas”, diz Catherine Bragg, do órgão humanitário da ONU (Ocha, na sigla em inglês). Ela lembrou que se aproxima a temporada de chuvas no país. Em Washington, o FMI (Fundo Monetário Internacional) aprovou a entrega, ainda nesta semana, de US$ 114 milhões em ajuda emergencial ao Haiti. “As necessidades do Haiti são imensas e urgentes”, falou o diretor-geral do Fundo, Dominique Strauss-Kahn, em uma nota. “O aumento das somas enviadas pelo Fundo (...) contribui para ajudar nos gastos que o país tem, permitindo que o governo local pague importações de primeira necessidade sem esgotar as reservas do Haiti”, acrescentou. Especial A Catástrofe Do Haiti | No Edição: 2097 | 15.Jan - 21:00 | Atualizado em 18.Jan.10 - 16:22 O TREMOR QUE MATOU UM PAÍS Com um terço de sua miserável população atingida por um terremoto, o Haiti virou um dos mais graves casos de emergência humanitária da história e corre o risco de mergulhar, de novo, na selvageria. Claudio Dantas Sequeira e Luiza Villaméa TERRA ARRASADA - A capital Porto Príncipe, onde imperam a destruição e o caos. 41 ÁREA DE CIÊNCIAS HUMANAS / GEOGRAFIA VESTIBULAR VILAS Módulo III Sete mil corpos já foram enterrados em valas comuns. Milhares de outros estão sob escombros ou empilhados pelas ruas da capital Porto Príncipe. Feridos e desabrigados caminham a esmo em busca de socorro. A água se tornou o bem mais precioso no Haiti arrasado por um terremoto com capacidade destrutiva equivalente à de 25 bombas atômicas. Com epicentro a apenas 15 quilômetros de Porto Príncipe, o fenômeno registrado às 16h53 locais da terça-feira 12 multiplicou uma miséria secular. No dia seguinte à catástrofe “inimaginável”, como definiu o presidente René Préval, ele mesmo foi encontrado na rua por uma equipe da rede americana CNN em aparente estado de choque. Préval sintetizou então o sentimento de uma nação: “Não tenho onde dormir.” No dia seguinte, Préval ajudou a enterrar os primeiros corpos resgatados dos escombros. Com um terço da população de nove milhões de habitantes atingido pela catástrofe, o Haiti virou um dos mais graves episódios de emergência humanitária da história. Tragédia sem fim. O cenário é de absoluto terror. No país sem infraestrutura, os já precários sistemas de energia, de comunicação e de abastecimento de água entraram em colapso. Como o Haiti não tem Defesa Civil, os esforços iniciais de resgate foram feitos por funcionários da ONU, militares e cidadãos comuns, a maioria desesperada em busca de familiares desaparecidos. À medida que o tempo passa, aumentam os riscos de que epidemias se alastrem. Quando todos os mortos forem enterrados e os feridos tratados é que se começará a dimensionar o legado dessa tragédia sem fim. “A situação vai piorar. Muitas outras pessoas vão acabar morrendo”, afirma o radialista haitiano Carel Pedre. Algumas, no momento, querem apenas resgatar aqueles que amam. É o caso do vendedor ambulante Lionnel Dervil, pai de quatro filhos: “Eu só quero o corpo da minha mulher. Sei que estão ocupados tratando dos sobreviventes, mas há uma divisão cheia de corpos onde não consigo chegar”. VALA COMUM - Corpos amontoados, busca heroica e saques
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