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BRENDA CARIOLITA JAPIASSU MORAES – MEDICINA LEUCEMIAS BRENDA CARIOLITA JAPIASSU MORAES – MEDICINA • Leucemia é o câncer das células brancas do sangue (leucócitos) • As leucemias se dividem nos dois principais grupos de leucócitos: Leucemia linfoide. Tem comprometimento da linhagem linfoide e Leucemia mieloide: Tem comprometimento da linhagem mieloide • Patologicamente a leucemia é dividida em: Leucemia aguda. Caracterizada pelo crescimento rápido de células imaturas do sangue. Leucemia crônica. Caracterizada pelo aumento de células maduras, mas anormais. • Isso gera quatro tipos de leucemias: Leucemia Linfoide Aguda (LLA);Leucemia Linfoide Crônica (LLC); Leucemia Mieloide Aguda (LMA); Leucemia Mieloide Crônica (LMC). LEUCEMIA MIELOIDE AGUDA Conceitos • Doença clonal neoplásica heterogênea, caracterizada pela proliferação de precursores mieloides, resultando no seu acúmulo na MO/SP. • As células doentes são capazes de se dividirem e proliferarem, mas não são capazes de se diferenciarem em células hematopoéticas maduras (neutrófilos). → por isso a presença de blastos no sangue periferico • Embora tenham ocorrido consideráveis avanços no diagnóstico e na compreensão de fenômenos biológicos da LMA, a maioria dos indivíduos ainda morre da doença EPIDEMIOLOGIA • Leucemia mais comum nos adultos (80% das leucemias). BRENDA CARIOLITA JAPIASSU MORAES – MEDICINA • Idade média de 65 anos. • Sexo masculino mais frequentemente acometido pela doença (5:3). • Acomete todos os grupos étnicos, embora seja ligeiramente mais frequente nos caucasianos do que nos negros e hispânicos. • No Brasil, dados do MS demonstram que as leucemias (agudas e crônicas) ocupam o 8º lugar entre as neoplasias malignas mais prevalentes Classificação: De acordo com a OMS, a LMA está dividida em oito subtipos: Fisiopatologia básica PATOGÊNESE • A patogênese da LMA é desconhecida. • Origem: célula tronco leucêmica ou célula iniciadora da leucemia compartilha características biológicas com a célula tronco hematopoética, por isso é capaz de se autorrenovar e de se expandir em clones. Este mecanismo é responsável pela sustentação e propagação da LMA. • Heterogeneidade: resulta da capacidade variável dessas células- tronco primitivas diferenciarem-se e adquirirem marcadores fenotípicos específicos de cada linhagem. • Hipótese vigente: resultante da colaboração e da consequência de pelo menos duas classes de mutação (uma que confere vantagem proliferativa e a outra que interfere na diferenciação celular). ETIOLOGIA • Desconhecida na maioria dos pacientes. BRENDA CARIOLITA JAPIASSU MORAES – MEDICINA • Doenças genéticas: síndrome de Down, síndromes que cursam com falência medular congênita e situações clínicas de instabilidade cromossômica. • Exposição ambiental ou ocupacional a agentes carcinogênicos: benzeno, fumo, derivados de petróleo, radiação ionizante e drogas quimioterápicas Sinais e sintomas MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS • Habitualmente os sintomas que precedem a LMA são de curta duração (semanas, raramente meses) e, muitas vezes, inespecíficos. Dividida em 02 grupos de síndromes: falência medular e tumoral. 1) Síndrome da falência medular: • tecido hematopoético normal é substituído por células blásticas leucêmicas, com redução dos constituintes normais do sangue • Diminuição da produção de hemácias: anemia (palidez, astenia, vertigem, dispneia). • Redução dos neutrófilos: infecções, muitas vezes, sem foco definido. • Redução das plaquetas: sangramentos cutâneo-mucosos, púrpuras, petéquias, equimoses, epistaxe, gengivorragia, hemorragias oculares e SNC. 2) Síndrome tumoral: • representada por infiltração de órgãos, cursando com hipertrofia gengival, adenomegalias, hepato/esplenomegalia, infiltração de pele e neuro-menínges causando meningite leucêmica e paralisia de pares cranianos • Leucostase: elevação abrupta da leucometria e infiltrados pulmonares, dispneia, sangramento pulmonar e de SNC (alta mortalidade). • Sarcoma mieloide (sarcoma granulocítico): pode ocorrer em qualquer sítio fora da medula óssea, sendo mais frequente na pele, linfonodos, trato digestivo, partes moles e testículos. • Dor óssea: achado pouco comum, exceto nas leucemias agudas da infância. Diagnóstico Considerada uma urgência médica (não representa risco imediato de vida) devido à alta mortalidade em função da anemia, trombocitopenia (sangramentos SNC) e neutropenia (sepse, choque séptico , falência de múltiplos órgãos). Avaliação clínica: antecedentes familiares, antecedentes pessoais (exposição ocupacional ou uso de drogas/agentes imunossupressores, BRENDA CARIOLITA JAPIASSU MORAES – MEDICINA doenças pré-existentes (HAS, DM, insuficiência renal, ICC, doenças pulmonares crônicas. - maior risco de toxicidade com a quimioterapia). Exame físico: • Avaliar estado geral, potenciais riscos e intercorrências relacionadas: infecções, abscessos, cor anêmico, sangramento em fundo de olho, infiltração de pele, partes moles, exame neurológico. • Na suspeita de abscessos perirretais e vaginais em neutropênicos, devem ser evitados exames invasivos, pois a manipulação poderá disseminar bactérias e propiciar septicemia. Avaliação laboratorial: • HMG com análise diferencial dos leucócitos: células blásticas no SP. • Ao diagnóstico, 75% dos pacientes apresentam trombocitopenia. • Funções renal, hepática e hemostática e sorologias. • Outros: DHL, glicose, ácido úrico, cálcio e parasitológico • Função cardíaca: raio X de tórax, ECG e ecocardiograma Mielograma: Presença >20% de blastos MO. A porcentagem conta com os: Mieloblastos, monoblastos, megacarioblastos são incluídos na contagem das células blásticas. Biópsia de medula óssea: realizada em pacientes que apresentem punção seca da MO, idosos com componente hipoplásico ou na suspeita de leucemias secundárias. Exames para o acompanhamento da leucemia pós diagnóstico: Cariótipo: exame responsável pelo estudo das alterações cromossômicas, deve ser feito para uma melhor classificação da LMA. FISH (Hibridização Fluorescente in Situ): avalia os cromossomos, e detecta as alterações pequenas não visualizadas. Ele é bastante sensível e pode detectar uma célula anormal em meio a 700 células normais. PCR (reação em cadeia da polimerase): por meio de uma amostra de sangue ou MO, pode encontrar aproximadamente uma célula anormal em meio a um milhão de células normais. Citogenética, imunofenotipagem e biologia molecular: avaliam especificamente os cromossomos e o grau de resistência da doença, facilitando na escolha do tratamento ideal. Exames de imagem: detectar hepatoesplenomegalias (USG, TC, RM) Tratamento Tratamento de suporte: BRENDA CARIOLITA JAPIASSU MORAES – MEDICINA • Visa compensar o paciente sob o aspecto clínico, tratar infecções e minimizar riscos da síndrome de lise tumoral. Obs: é obrigatório tratar a infecção antes de iniciar a quimio • Antibióticos de amplo espectro, hidratação, transfusão de hemoderivados Quimioterapia: • É o tratamento mais utilizado. Vários medicamentos extremamente potentes no combate ao câncer são utilizados com o objetivo de destruir, controlar ou inibir o crescimento das células doentes. • São eles: citarabina, ciclofosfamida, cladribina, daunorrubicina, etoposídeo, fludarabina, idarrubicina, mitoxantrona. • São administradas na veia por cateter central, para evitar irritações e extravasamentos (por meio do cortocat) 1ª etapa: indução da remissão • Visa reduzir a população de células leucêmicas para abaixo do nível de detecção citológica. Uma vez feito o diagnóstico, a indução deve ser iniciada o mais precocemente possível. • Inclui citarabina por 7 dias + daunorrubicina/idarrubicina por 3 dias. Resulta em mielossupressão significativa,com infecção ou sangramento. 2ª etapa: remissão • Considerada quando há recuperação dos parâmetros hematológicos após a quimioterapia de indução. • Caso o paciente não tenha alcançado a remissão completa poderá ser submetido à reindução. 3ª etapa: terapia pós-remissão • Terapia de consolidação. Transplante alogênico de células precursoras hematopoéticas: poderá ser uma alternativa, a depender das características da doença, quadro do paciente, idade, doador BRENDA CARIOLITA JAPIASSU MORAES – MEDICINA LEUCEMIAS CRÔNICAS Conceitos • Doença mieloproliferativa crônica decorrente da mutação adquirida da célula progenitora hematopoética. • Acúmulo de leucócitos na medula óssea e sangue periférico • Anormalidade cromossômica: cromossomo Philadelphia. Gerado da translocação entre os genes localizados na posição 34 do braço longo do cromossomo 9 (ABL) e na posição 11 do braço longo do cromossomo 22 (BCR). • Esta fusão é denominada translocação BCR/ABL ou translocação t(9;22). Presente em mais de 90% dos casos de LMC (LLA/LMA) • Leucemias crônicas: LMC (leucemia mieloide crônica) E LLC (leucemia linfoide crônica) • Insuficiência da MO: anemia, neutropenia e trombocitopenia • Infiltração de órgãos: fígado, baço, LNF, meninges, cérebro, pele, testículos • Causas: radiação ionizante, produto químico (benzeno), poluição, vírus (HTLV), genéticas Epidemiologia • Incidência: 1 a 2 casos para cada 100 mil pessoas por ano. • Representa 15% das leucemias em adultos. • Sexo: discreto predomínio sexo masculino. Mulheres parecem apresentar vantagem na sobrevida. • Idade ao diagnóstico: 55 anos. A incidência aumenta progressivamente com a idade, sendo que menos de 10% dos casos ocorrem antes dos 20 anos. Fases clínicas : Crônica, acelerada e crise blástica. 1) Crônica, acelerada e crise blástica. • Normalmente a doença é diagnosticada na fase crônica. • Fase Crônica: <10% blastos • 20-40% assintomáticos ou oligossintomáticos ao diagnóstico. • Hepatoesplenomegalia • SP: leucocitose com desvio a esquerda (aumento de granulócitos imaturos), Hb normal ou discreta anemia. Em geral plaquetas normais ou elevadas. 2) Fase acelerada • 10-29% de blastos • Em 3 a 5 anos evolui para fase acelerada • Perda progressiva da diferenciação celular 3) Fase blástica • Acima de 30% de blastos • Quadro clínico semelhante a LMA. BRENDA CARIOLITA JAPIASSU MORAES – MEDICINA • Sobrevida muito curta. Fisiopatologia básica • Cromossomo Philadelphia: considerado um marcador citogenético. • A perda do cromossomo pós tratamento é um indício de remissão da doença. • Hiperatividade da quinase: induz as células a se proliferarem de modo descontrolado, levando o clone maligno a ter vantagem proliferativa sobre as células normais • Origem: t(9;22) Genes: ABL (9q34) e BCR (22q11) Gene de fusão: BCR- ABL • Genes: ABL (9q34) e BCR7 • 22q11 • Gene de fusão: BCR-ABL Sinais e sintomas • Esplenomegalia (95%) • Fadiga (83%) • Adenopatia (64%) • Perda de peso (61%) • Hepatomegalia (48%) • Anorexia (38%) • Dor abdominal (33%) • Febre (11%) Diagnóstico Hemograma: leucocitose e intensa granulocitose com desvio à esquerda. Plaquetas podem estar normais ou elevadas e Hb geralmente é >10g/dL. Mielograma/ biopsia MO: investigação de anormalidades registradas no HMG. Testes Citogenéticos: identificação do número de células que contem o cromossomo Ph através de cariotipagem ou FISH (hibridização fluorescente). Testes Moleculares: confirmação da presença do BCR-ABL por PCR (reação em cadeia). Identifica a presença de qualquer célula Ph + pela detecção de quantidades bem pequenas do gene bcr-abl. Tratamento Hidroxiuréia: não é primeira escolha; normalizam a leucometria, evitam complicações decorrentes da hiperleucocitose e controlam as manifestações clínicas da doença. Não modificam a história natural da doença, e a grande maioria dos pacientes progride para a crise blástica. BRENDA CARIOLITA JAPIASSU MORAES – MEDICINA Interferon alfa: seu uso é limitado por conta dos efeitos colaterais e altas doses. importante melhora na sobrevida global. A maioria dos pacientes usando monoterapia com interferon alfa atingia remissão hematológica, mas apenas de 13 a 27% atingiam resposta citogenética completa. A maioria dos pacientes não tolera o interferon por causa dos efeitos colaterais (dores musculares, febre, dor de cabeça, fadiga, náuseas, vômitos. Inibidores da tirosinoquinase: a introdução dos ITQs dirigidos contra o BCR-ABL revolucionou o tratamento da LMC. A primeira molécula introduzida na prática clínica foi o mesilato de imatinibe. - Imatinibe (Glivec®), Dasatinibe e Nilotinibe (nilotinibe não é disponível no BR) inibidores de BCR-ABL atualmente aprovados para o tratamento de pacientes com LMC. Todos inibem outras tirosina-quinases além do BCR-ABL. Imatinibe: tratamento de primeira linha padrão para a LMC-FC devido as suas altas taxas de resposta duradouras e melhor perfil de tolerância quando comparado aos tratamentos padrões anteriores. Inibe a ação da TQ no gene BCR-ABL. O uso de imatinibe associou-se a altas taxas de resposta: resposta citogenética completa em 57% e resposta hematológica completa em 96% dos pacientes. - Benefício na sobrevida livre de progressão e a sobrevida global. - Se intolerância ou resistência ao Imatinibe: Dasatinibe e Nilotinibe. Transplante alogênico de células progenitoras hematopoéticas: única opção curativa para pacientes com LMC. Entretanto, em função da alta incidência de morbidade e mortalidade associada a esse procedimento, em especial quando um doador aparentado idêntico não está disponível, torna esta indicação mais restrita. Atualmente, com os excelentes resultados obtidos com os ITQ, o Tx tem sido reservado como terapia de segunda ou terceira linha. Na ausência de contraindicações e na existência de doador aparentado HLA-idêntico, o Tx pode ser indicado para pacientes em FA e CB, e que falharam com o tratamento de primeira linha com ITQ. Prognóstico • Antes da utilização de inibidores da tirosina quinase: 05 a 10% dos pacientes com tratamento morriam em até 02 anos após o diagnóstico; 10 a 15% morriam a cada ano depois disso. A sobrevida média era de 4 a 7 anos. Com o uso de inibidores da tirosina quinase: sobrevida > 90% em 5 anos após o diagnóstico para LMC na fase crônica. BRENDA CARIOLITA JAPIASSU MORAES – MEDICINA • A maioria (90%) das mortes ocorreu após a fase blástica ou acelerada da doença. • A sobrevida média após a crise blástica é de 3 a 6 meses ou mais, se a remissão foi alcançada.
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