Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
AUDITORIA AMBIENTAL W B A 01 56 _v 2. 0 2 Eliana Menezes dos Santos Londrina Editora e Distribuidora Educacional S.A. 2020 AUDITORIA AMBIENTAL 1ª edição 3 2020 Editora e Distribuidora Educacional S.A. Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza CEP: 86041-100 — Londrina — PR e-mail: editora.educacional@kroton.com.br Homepage: http://www.kroton.com.br/ Presidente Rodrigo Galindo Vice-Presidente de Pós-Graduação e Educação Continuada Paulo de Tarso Pires de Moraes Conselho Acadêmico Carlos Roberto Pagani Junior Camila Braga de Oliveira Higa Carolina Yaly Giani Vendramel de Oliveira Henrique Salustiano Silva Mariana Gerardi Mello Nirse Ruscheinsky Breternitz Priscila Pereira Silva Tayra Carolina Nascimento Aleixo Coordenador Mariana Gerardi Mello Nirse Ruscheinscky Breternitz Revisor Caroline Hatada de Lima Editorial Alessandra Cristina Fahl Beatriz Meloni Montefusco Gilvânia Honório dos Santos Mariana de Campos Barroso Paola Andressa Machado Leal Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)__________________________________________________________________________________________ Santos, Eliana Menezes dos S237a Auditoria Ambiental/ Eliana Menezes dos Santos, – Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2020. 42 p. ISBN 978-65-5903-072-9 1. Auditoria interna. 2. Sistema de gestão ambiental. 3. ISO. I. Título. CDD 372.357 ____________________________________________________________________________________________ Raquel Torres – CRB 6/2786 © 2020 por Editora e Distribuidora Educacional S.A. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora e Distribuidora Educacional S.A. 4 SUMÁRIO Histórico das questões ambientais e adoção da auditoria ambiental nas organizações ________________________________________________________ 05 Normas aplicadas a auditoria ambiental ___________________________ 18 Planejamento e condução da auditoria ambiental interna __________ 35 Processo de certificação e o papel do auditor ambiental ____________ 51 AUDITORIA AMBIENTAL 5 Histórico das questões ambientais e adoção da auditoria ambiental nas organizações Autoria: Eliana Menezes dos Santos Leitura crítica: Caroline Hatada de Lima Objetivos • Conhecer a história e a evolução da questão ambiental. • Compreender o papel da auditoria ambiental em organizações. • Contextualizar os tipos de auditorias ambientais. 6 1. Introdução Nesta Leitura Digital, você estudará a evolução da auditoria ambiental e sua relação direta com o panorama histórico da conscientização e questões ambientais, bem como conhecerá a aplicabilidade e limitações das auditorias ambientais nas organizações privadas e/ou no setor público, podendo ser utilizada como instrumento de políticas públicas ou controle gerencial. A auditoria é um instrumento importante para a gestão ambiental, e possui diversas classificações que podem ser implementadas de acordo com o objetivo que se espera alcançar, seja de modo preventivo ou corretivo, aplicando-se às diversas organizações. É possível adotar aspectos mais restritos a uma área de atuação específica, como a auditoria de uma estação de tratamento de água ou esgoto, ou poderá ampliar e abranger aspectos operacionais e de controle em um polo petroquímico, por exemplo. 2. Evolução histórica da questão ambiental As mudanças e adaptações realizadas no meio ambiente com intuito de satisfazer as necessidades da humanidade, contribuíram com impactos no ambiente natural, e foram intensificados com a era da Revolução Industrial e com o crescimento das aglomerações urbanas. O processo de industrialização e o consumo de combustíveis fósseis, iniciados por volta de 1800, foram os percursores de contaminações antrópicas que atingiram o ser humano e o meio ambiente. A preocupação e a discussão acerca deste assunto, tornaram- se relevantes após a ocorrência de acidentes ambientais, como o lançamento de mercúrio pela indústria Chisso na Baía de Minamata, localizada no sul do Japão, onde a poluição da água levou à morte 7 centenas de pessoas da região (O GLOBO, 2016). Outro exemplo foi a explosão e liberação de resíduos radioativos da usina nuclear Mayak, em 1957, localizada nos Montes Urais, na Rússia, que provocou mortes e o desalojamento de 10 mil pessoas (AGÊNCIA EFE, 2011). Em 1962, foi lançado o livro Primavera Silenciosa (Silent Spring), da autora norte-americana Raquel Carson. Esta obra literária é considerada um marco histórico, pois denunciou o uso indiscriminado de pesticida Dicloro-Difenil-Tricloroetano (DDT), relacionando-o com os danos ambientais encontrados na fauna e flora. A publicação repercutiu investigações sobre o efeito do DDT e instigou a criação de legislação ambiental nos Estados Unidos, além de trazer à sociedade o despertar para a conscientização ambiental. Outros marcos históricos surgiram ao longo do tempo, e reforçam o início da preocupação com a temática ambiental, dentre eles a publicação, em 1972, do relatório Os Limites do Crescimento, elaborado pelo Clube de Roma, grupo composto por cientistas de diferentes áreas do conhecimento. Tal grupo discutiu o consumo dos recursos naturais com vistas ao esgotamento que, consequentemente, ocasionaria uma desestabilidade na sociedade. A Conferência de Estocolmo foi um evento organizado e intermediado pela Organização das Nações Unidas (ONU), que reuniu chefes de Estado de 113 países. As principais discussões foram as mudanças climáticas, a qualidade da água e a utilização de agrotóxicos. A reunião resultou na criação do Programa da ONU para o Meio Ambiente, e fez surgir os preceitos do desenvolvimento sustentável, além do Programa Internacional de Educação Ambiental das Nações Unidas para a Educação, Ciência e a Cultura (UNESCO), e do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA). Neste contexto, em resposta aos impactos ambientais que estavam resultando em mortes humanas, foram criadas políticas ambientais, agências e órgãos de proteção ambiental em alguns países, como a Environmental Protection Agency 8 (EPA) dos Estados Unidos, a Environmental Canada (EC), do Canadá, a Agência de Proteção Ambiental Alemã e a Swedish Environmental Protection Agency, da Suécia (PHILIPPI JUNIOR; ROMERO; BRUNA, 2014). No Brasil, diversos órgãos foram criados, dentre eles a agência brasileira de controle ambiental, fundada em 1968, no Estado de São Paulo, denominada Centro Tecnológico de Saneamento Básico, com alteração no nome em 2009, passando a se chamar Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB). Na esfera federal, foi criada a Secretaria Especial de Meio Ambiente (SEMA), órgão responsável pela execução de ações de conservação do meio ambiente e o uso racional dos recursos naturais, conforme disposto no Decreto nº 73.030 de 30 setembro de 1973. Em 22 de fevereiro de 1989, foi criado o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (IBAMA). Na esfera jurídica, a Política Nacional de Meio Ambiente (PNMA), instituída pela Lei nº 6.938/1981, formulada com o intuito de orientar as ações da União, dos Estados e dos municípios, bem como implantar a gestão ambiental no território brasileiro, em seu art. 2 (BRASIL, 1981) descreve que “o objetivo é a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida”. Ainda, ao longo de seu texto traz a definição do termo poluidor, bem como a imposição da reparação de danos causados ao meio ambiente, por meio da restauração natural e/ ou da indenização econômica. Diante dos acidentes ambientais, da criação e estabelecimento de leis mais rígidas sobre a questão ambientale dos questionamentos acerca do impacto das ações da humanidade sobre o planeta Terra, surgiu a necessidade da adoção da gestão ambiental nas instituições, buscando melhorar a relação entre as atividades realizadas pela organização e com o meio ambiente. Jabbour e Jabbour (2013), definem a gestão ambiental nas organizações como: 9 [...] a adoção de práticas gerenciais de planejamento e organização, de gestão operacional (em desenvolvimento de produtos e processos) e de comunicação que objetivam a melhoria da relação entre organização e o meio ambiente, reduzindo impactos e aproveitando os benefícios associados à melhoria do desempenho ambiental. (JABBOUR & JABBOUR, 2013, p. 7) A implantação de um sistema estruturado que permite avaliar os impactos ambientais de processos produtivos, atividades ou serviços das instituições, consagram o Sistema de Gestão Ambiental (SGA), cuja definição, segundo a ABNT NBR ISO 14001:2015 (ABNT, 2015) é: “parte do sistema de gestão usado para gerenciar aspectos ambientais, cumprir requisitos legais e outros requisitos, e abordar riscos e oportunidades”. O sistema de gestão ambiental possui princípios e elementos importantes descritos na ABNT NBR ISO 14001:2015, e a implementação do SGA se baseia na metodologia do ciclo PDCA (panejar, fazer, checar e agir), conforme observado na Figura 1. 10 Figura 1 – Principais elementos do Sistema de Gestão Ambiental (SGA) Fonte: adaptada de NBR 14001 (ABNT, 2015). A implantação do Sistema de Gestão Ambiental, requer o apoio da direção para que as etapas possam ser implantadas. As etapas que compõem o SGA dentro do ciclo PDCA, conforme ABNT NBR ISO 14001 (ABNT, 2015), são apresentadas a seguir: • Política ambiental: documento em que a organização apresenta suas intenções e princípios referentes ao meio ambiente, devendo traçar seus objetivos e metas. • Planejamento: contempla os aspectos ambientais, requisitos legais, objetivos e metas e os programas de gestão ambiental. 11 • Implementação e operação: deve elencar a estrutura organizacional e responsabilidade, treinamento e conscientização, comunicação, documentação do sistema de gestão ambiental, controle de documentos, controle operacional e atendimento a emergências. • Verificação e ação corretiva: etapa de identificar os aspectos indesejáveis e promover ações de mitigação dos impactos negativos, bem como avaliar o desempenho ambiental, buscando a melhoria contínua do sistema. Nesta fase está incluso o monitoramento e medições, não conformidades, ações corretivas e preventivas e os registros. • Revisão gerencial: é a etapa da análise crítica dos resultados e a execução da melhoria contínua. 3. A auditoria ambiental A auditoria ambiental, mesmo sendo um ato considerado voluntário ou compulsório, é vista como excelente ferramenta para a gestão ambiental a ser implantada nas instituições, pois o conjunto de ações desprendidas para aplicação da auditoria, proporciona um retrato da situação atual da organização. A ABNT NBR ISO 19011:2018 descreve a auditoria como “processo sistemático, independente e documentado para obter evidência objetiva e avaliá-la objetivamente, para determinar a extensão na qual os critérios de auditoria são atendidos” (ABNT, 2018, p. 1). O processo de auditoria envolve diversos atores, em que as principais partes envolvidas são o cliente, a parte interessada (que custeia a auditoria), o auditado (responsável por apresentar os processos que serão avaliados), e o auditor (profissional responsável pela condução da auditoria) (PHILIPPI JR.; ROMERO; BRUNA, 2014). A auditoria ambiental 12 é uma das ferramentas de gestão ambiental que contempla em seu programa as características apresentadas na Figura 2. Figura 2 – Características relevantes do processo de auditoria Fonte: adaptada de Hedstrom (1994 apud PHILIPPI JR.; ROMERO; BRUNA, 2014, p. 937). A entidade internacional de padronização e normatização, denominada International Organization for Standardization (ISO), é uma organização não governamental fundada em 1946 na Suíça, composta por diversos especialistas que compartilham conhecimento e estabelecem padrões (ISO, 2020). No Brasil, as normas aplicadas à auditoria são elaboradas e traduzidas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), uma entidade privada sem fins lucrativos, e membro fundador da International Organization for Standardization (ISO). A norma ISO, utilizada 13 para auditoria no território brasileiro, é a ABNT NBR ISO 19011:2018, que apresenta as diretrizes para a auditoria de sistemas de gestão. Existe um conjunto de normas que auxilia na implantação do sistema de gestão ambiental, denominado série ISO 14000. Cada norma que compõe esse grupo, tem características distintas; dentre elas destaca-se: • NBR ISO 14001:2015 – apresenta requisitos e orientações do Sistema de Gestão Ambiental. • NBR ISO 14004:2015 – apresenta diretrizes gerais para a implementação do Sistema de Gestão Ambiental. • NBR ISO 14006:2014 – apresenta diretrizes para implantar ecodesign. • NBR ISO 19011:2018 – apresenta requisitos da auditoria ambiental. • NBR ISO 14020:2004 – apresenta os princípios gerais para a rotulagem ambiental. • NBR ISO 14021:2004 – autodeclarações para a rotulagem ambiental. • NBR ISO 14024:2004 – declarações tipo II para a rotulagem ambiental. • NBR ISO 14025:2004 – declarações tipo III para a rotulagem ambiental. • NBR ISO 14031:2015 – apresenta avaliação de desempenho ambiental. • NBR ISO 14044:2015 – apresenta requisitos da avaliação do ciclo de vida. 14 • NBR ISO 14063:2009 – apresenta diretrizes da comunicação ambiental. 3.1 Classificações da auditoria Existem diferentes tipos de auditoria ambiental, sendo possível classificá-las quanto à natureza da parte auditora, quanto aos critérios, ou quanto aos objetivos que se espera alcançar (PHILIPPI JR.; ROMERO; BRUNA, 2014). Os conceitos empregados na auditoria, classificada de acordo com a parte auditora, derivam do sistema de qualidade, e se subdividem em três partes conforme a Figura 3. Figura 3 – Classificação de acordo com a parte auditora Fonte: adaptada de Philippi Junior, Romero e Bruna (2014, p. 940). 15 A classificação, de acordo com os critérios de auditoria, é empregada baseando-se em um padrão de referência: • Auditoria de conformidade legal: utilizada para verificar a adequação da organização com a legislação ambiental. Pode ser utilizada como prévia para o recebimento de agente fiscalizador em processo de renovação de licença de operação, por exemplo. • Auditoria de desempenho ambiental: compara os indicadores de desempenho ambiental, como o consumo de água e a geração de efluentes. • Auditoria de sistemas: é a auditoria do Sistema de Gestão Ambiental (SGA) implantado na organização, identificando o cumprimento dos procedimentos do SGA, seguindo os preceitos estabelecidos na ABNT NBR ISO 14.001:2015 (ABNT, 2015). O terceiro tipo de auditoria é classificado de acordo com os objetivos que se pretende alcançar. • Auditoria de certificação ambiental: realizada por empresas sem vínculo com a organização auditada, cujo objetivo é obter a certificação. • Auditoria ambiental de acompanhamento: é a auditoria que averigua se existem inconformidades ou pontos de melhorias. • Auditoria ambiental de correção (Follow-Up): averigua se as inconformidades foram solucionadas. • Auditoria de responsabilidade (Due Diligence): está relacionada com passivos ambientais existentes na empresa. Muito utilizada em processos de aquisições de outras organizações ou no descomissionamento de instalações industriais, processo de encerramento de indústrias. 16 • Auditoria ambiental de sítio: avalia o grau de contaminação de uma área. • Auditoria compulsória: utilizada para verificar o cumprimento legal de uma auditoria ambiental. A auditoria ambiental é um excelente indicador da situação do sistema de gestão ambiental implantada na instituição,podendo proporcionar os mais diversos benefícios, dentre eles a avaliação e melhoria contínua das atividades desenvolvidas pela organização, bem como a melhoria da imagem da marca, tornando-se uma vantagem diante dos concorrentes. É possível mensurar o desempenho ambiental a partir da auditoria, permitindo, assim, estabelecer relações financeiras entre as organizações, pois o resultado da auditoria permitirá avaliar custos de passivos ambientais, por exemplo. Outra forma da aplicabilidade da auditoria ambiental a partir das relações financeiras é subsidiar informações à contabilidade ambiental. O ramo ambiental dentro da contabilidade, ganhou destaque a partir da publicação, em 1997, do “relatório financeiro e contábil sobre passivo e custos ambientais” emitido pelo United Nations Intergovernmental Working Group of Experts on International Standards of Accouting and Reporting (ISAR), grupo de especialistas em padrões internacionais das Nações Unidas, no qual sugeriu-se um modelo que evidenciasse informações ambientais nas demonstrações contábeis das organizações (FERREIRA; SIQUEIRA; GOMES, 2012). O processo de auditoria, bem como outros instrumentos de avaliação, possui limitações, sejam elas operacionais, amostrais, impossibilidade de averiguar todos os equipamentos ou documentos da empresa, incapacidade de prever possível cenários, sendo possível apenas estimar os riscos inerentes a atividades desenvolvidas pela organização atrelada ao cenário atual em que se encontra (PHILIPPI JR.; ROMERO; BRUNA, 2014, p. 948). 17 O resultado da auditoria é uma excelente fonte de informações sobre a situação da organização; os dados coletados subsidiam gestores nas tomadas de decisão, e determinam ações corretivas e preventivas, contribuindo, também, com adoção de ações de melhoria contínua. Referências Bibliográficas ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR ISO 19011-2018 – Diretrizes para auditoria de sistemas de gestão. Rio de Janeiro: ABNT, 2018. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR ISO 14001-2015 – Sistema de Gestão Ambiental – requisitos e orientações. Rio de Janeiro: ABNT, 2015. AGÊNCIA EFE. Principais acidentes em usinas nucleares no mundo. G1, [s.l.], 20 de abril de 2011. Disponível em: http://g1.globo.com/mundo/noticia/2011/04/ principais-acidentes-em-usinas-nucleares-no-mundo.html. Acesso em: 18 set. 2020. BRASIL. Lex: Coletânea: legislação de Direito Ambiental: Política Nacional de Meio Ambiente – Lei 6.938. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2013. FERREIRA, Aracéli C. de S.; SIQUEIRA, José R. M. de; GOMES, Mônica Z. Contabilidade ambiental e relatórios sociais. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2012. ISO. OUR STORY BEGINS IN 1946. 2020. Disponível em: https://www.iso.org/about- us.html#4. Acesso em: 18 set. 2020 JABBOUR, Ana B. L. de S.; JABBOUR, Charbel J. C. Gestão Ambiental nas Organizações: fundamentos e tendências. São Paulo: Atlas, 2013. O GLOBO. Desastre de Minamata, crime ecológico que deixou marcas por décadas no Japão. O Globo, Rio de Janeiro, 2016. Disponível em: https://acervo.oglobo.globo. com/fatos-historicos/desastre-de-minamata-crime-ecologico-que-deixou-marcas- por-decadas-no-japao-10102255. Acesso em: 18 set. 2020. PHILIPPI JR., A.; ROMERO, M. A.; BRUNA, G. C. Curso de Gestão Ambiental. 2 ed. São Paulo: Manole, 2014. 18 Normas aplicadas a auditoria ambiental Autoria: Eliana Menezes dos Santos Leitura crítica: Caroline Hatada de Lima Objetivos • Conhecer as diretrizes da ABNT NBR ISO 14001:2015. • Compreender a importância da ABNT NBR ISO 9001:2015. 19 • Entender os requisitos da ABNT NBR ISO 19011:2018. 1. Introdução Neste material, você estudará as leis e normas aplicadas à auditoria ambiental e sua importância para a implementação do sistema de gestão. O sistema de gestão é composto por diversas normas, dentre elas temos a ABNT NBR ISO 14001:2015 (ABNT, 2015b) que contribui na melhoria do desempenho das organizações, pois insere a temática ambiental na estratégia das empregas. A adoção de práticas de gestão ambiental, como a redução de desperdícios no processo produtivo e/ ou utilização eficiente dos recursos, proporciona à organização uma melhor visibilidade no mercado em que atua, e uma adequação às exigências internacionais, podendo melhorar a competividade entre os concorrentes de mercado e contribuir na exportação de seus produtos. É importante para as intuições avaliarem o sistema de gestão implantado, pois a análise permite identificação da situação atual da gestão ambiental da empresa. Essa avaliação por ser realizada com a implementação de auditoria por meio das orientações estabelecidas na ABNT NBR ISO 19011:2018, versão corrigida de 2019 (ABNT, 2019). 2. Noções da NBR ISO 14001 ISO é a sigla da entidade não governamental International Organization for Standardization (Organização Internacional de Padronização), responsável por desenvolver e atualizar as normas por ela emitida. No Brasil, o representante responsável pelas normas é a Associação Nacional de Técnicas (ABNT), juntamente com seus Comitês Brasileiros (ABNT/CB), Organismos de Normatização Setorial (ABNT/ONS) e Comissões de Estudos Especiais (ABNT/CEE). A ABNT NBR ISO 14001 20 é a responsável por orientar a implementação do sistema de gestão ambiental nas organizações, e passou por diversas atualizações desde sua criação em 1996. Cada atualização buscou melhorias na ferramenta de gestão, conforme podemos observar na Figura 1. Figura 1 – Evolução histórica da ABNT NBR ISO 14001 Fonte: adaptada de Dias (2019, p. 115). A ABNT NBR ISO 14001:2015 (ABNT, 2015b) estabelece requisitos mínimos para a implementação do Sistema de Gestão Ambiental (SGA) em uma organização, contribuindo na comparação entre o sistema de gestão implantado com a legislação ambiental vigente. Dessa maneira, poderá proporcionar o aprimoramento dos controles internos aplicados à instituição e, ao mesmo tempo, atender os limites estabelecidos na lei. Segundo Dias (2019), a ABNT NBR ISO 14001:2015 tem como objetivo: [...] conduzir a organização dentro do SGA certificável, estruturado e integrado à atividade geral da gestão, especificando os requisitos que deve apresentar e que sejam aplicáveis a qualquer tipo e tamanho de organização. [...] a norma ISO 14001, embora bastante detalhada na 21 exigência dos procedimentos que devem ser adotados para a implantação de um SGA, não estabelece metas e pode ser adotada por empresas de qualquer tipo e tamanho. (DIAS, 2019, p.111) A implementação do sistema de gestão ambiental pode garantir à empresa uma rastreabilidade documental da gestão, e ser capaz de subsidiar uma melhoria contínua no desempenho ambiental. Neste contexto, as empresas detentoras do certificado ABNT NBR ISO 14001:2015 (ABNT, 2015b) não podem ser consideradas ausentes de emissões de poluição frente as atividades que desempenham. A certificação apenas atesta que a instituição opera dentro de práticas adotadas segundo as normas NBR ISO, a fim de mitigar os impactos ambientais provocados por suas atividades e em conformidade com as normas ambientais. A ABNT NBR ISO 14001:2015 (ABNT, 2015b) possui componentes essenciais para a implementação do SGA. De acordo com a própria norma, os elementos são: • Política ambiental: parâmetro norteador das intenções da instituição, estabelecendo a estratégia ambiental da organização. Deve conter em seu texto elementos apropriados ao propósito e ao contexto da organização, descrevendo os objetivos ambientais, o comprometimento com a proteção ambiental e a prevenção da poluição, atendendo aos requisitos legais e o comprometimento com a melhoria contínua do sistema de gestão ambiental. • Liderança: o item 5 da norma ABNT ISO 14001:2015 apresenta a necessidade do comprometimento da alta administração quanto à prestação de contas referentes à eficácia do sistema, bem como disponibilização de recursos financeiros, sociais que forem necessários para a implementação do sistemade gestão ambiental. Apoiar e dirigir os colaboradores que contribuem na eficácia do processo, além de assegurar a comunicação à toda 22 organização acerca da importância do sistema de gestão ambiental também são essenciais para o SGA. • Planejamento: consiste em elencar e implantar procedimentos capazes de identificar os aspectos ambientais de suas atividades que interagem com o meio ambiente de maneira positiva ou negativa, garantindo que os aspectos geradores de impactos significativos possam ser mapeados em atendimento aos requisitos legais. • Implementação e operação: tem a finalidade de garantir as condições necessárias para o cumprimento dos requisitos estabelecidos na política ambiental da organização, bem como conduzir a execução dos programas definidos na etapa de planejamento (PESSOA et al., 2018). • Avaliação de desempenho: o item 9 da norma ABNT ISO 14001:2015, esclarece a importância da realização do monitoramento, medições e análises para caracterizar a eficácia e o desempenho do sistema de gestão ambiental, considerando os aspectos ambientais significativos, a determinação dos métodos que serão adotados na medição, análise e avaliação dos resultados, bem como o atendimento aos requisitos legais, estabelecendo a frequência da avaliação. A implementação da auditoria ambiental interna é um exemplo de avaliação de desempenho. O uso dessa ferramenta descreverá o cenário atual da instituição diante dos requisitos estabelecidos pela própria organização e da norma ABNT NBR ISO 14001:2015. Outra maneira de realizar a avaliação de desempenho é por meio da análise crítica da direção da organização, devendo ser realizado de maneira periódica com intervalos planejados. • Melhoria: é a oportunidade de a organização elencar a adoção de ações de melhoria estabelecidas nos objetivos do sistema de gestão ambiental. Nesta etapa, a instituição considera os resultados obtidos na avaliação de desempenho e propõem as 23 ações de melhoria contínua que podem ser ações corretivas ou adoção de instrumentos de prevenção da poluição. De acordo com Dias (2019), as organizações certificadas pela versão de 2004 da ABNT NBR ISO 14001, tiveram um prazo de três anos para adaptarem seu sistema de gestão ambiental às novas exigências legais estabelecidas pela atualização da ISO 14001:2015. 3. ABNT NBR ISO 14063:2009 A norma ABNT NBR ISO 14063:2009 (ABNT, 2009) estabelece diretrizes e exemplos de comunicação ambiental. Comunicar o desempenho, valores e ações adotadas pela organização frente a temática ambiental tem se tornado cada vez mais comum, e a exigência dessa abordagem tem crescido, principalmente entre os clientes mais consciente. De acordo com Oliveira (2014), o papel da comunicação organizacional é: [...] o resultado do desenvolvimento da gestão estratégica nas empresas, onde se busca, principalmente, resultados financeiros e o fortalecimento da imagem, a comunicação tem ganhado papel de destaque e a busca pela sua eficácia se mostra, não apenas necessária, mas essencial para o atendimento dos objetivos propostos pela empresa. (OLIVEIRA, 2014, p. 3) A norma ABNT NBR ISO 14063:2009 apresenta a definição da comunicação ambiental como um diálogo a ser realizado entre as partes interessadas, ilustrando de modo sugestivo um fluxo de comunicação ambiental dentro da organização. Os elementos estruturantes da norma de comunicação ambiental ABNT NBR ISO 14063:2009 (ABNT, 2009) são: escopo, termos e definições, princípios da comunicação ambiental, política da comunicação ambiental, estratégias da comunicação ambiental e atividades da comunicação ambiental. 24 Os cinco princípios norteadores da comunicação ambiental descritos na norma ABNT NBR ISO 14063:2009 (ABNT, 2009) são: • Transparência: fazer com que os processos, métodos, fontes de informação e suposições usadas na comunicação ambiental estejam à disposição das partes interessadas. • Propriedade: fazer com que a informação fornecida na comunicação ambiental seja pertinente para as partes interessadas. • Credibilidade: conduzir a comunicação ambiental de forma honesta, justa e fornecer informações que sejam verdadeiras. • Receptividade: assegurar que a comunicação ambiental seja aberta às necessidades das partes interessadas. • Clareza: assegurar que as abordagens e a linguagem da comunicação ambiental sejam compreensivas às partes interessadas. (ABNT, 2009. p, 2-3) A comunicação ambiental organizacional, ainda que seja uma ação voluntária, reflete as práticas adotas e a importância que a instituição atribui a temática ambiental dentro de sua estratégia de gestão. 4. ABNT NBR ISO 14031 A norma ABNT NBR ISO 14031:2015 (ABNT, 2015c) apresenta as diretrizes para avaliação de desempenho ambiental de uma organização. A norma de Avaliação de Desempenho Ambiental (ADA), pode ser aplicada em conjunto com a ABNT NBR ISO 14001:2015, fornecendo-lhe suporte ou sendo implementada separadamente. Buscar caminhos para entender, melhorar e demonstrar o desempenho 25 ambiental da organização pode ser uma estratégia importante para identificar setores que necessitam de melhorias (ABNT, 2015b). Os elementos que compõem a estrutura da ABNT NBR ISO 14031:2015 (ABNT, 2015) em termos práticos, conforme fluxo apresentado na norma são: • Planejar: fase que engloba o planejamento da avaliação de desempenho e seleção dos indicadores a serem utilizados na avaliação. • Executar: fase composta por coleta de dados, análise de conversão de dados, acesso a informações e relato e comunicações. • Verificar e agir: etapa que contempla a análise crítica e a melhoria da avaliação de desempenho ambiental. A avaliação de desempenho ambiental e a auditoria ambiental, como esclarece a própria ABNT NBR ISO 14031:2015, são ferramentas complementares. Os dados e informações coletados na auditoria ambiental, poderão subsidiar a ADA. 5. ABNT NBR ISO 19011:2018 A norma ABNT NBR ISO 19011:2002 consolidou as diretrizes para auditoria do sistema de gestão da qualidade e/ou ambiental. A atualização, em 2012, trouxe a alteração para todos os sistemas de gestão. A versão da norma em 2018, corrigida em 2019, traz no prefácio da própria norma ABNT (2019) as principais alterações realizadas em relação a edição anterior. São elas: - inclusão da abordagem baseada sobre a gestão de um programa de auditoria incluindo riscos do programa de auditoria; 26 - ampliação da orientação sobre a gestão de um programa de auditoria, incluindo riscos do programa de auditoria; - ampliação da orientação para conduzir uma auditoria, particularmente na Seção sobre planejamento da auditoria; - ajuste na terminologia para refletir o processo e não objeto (“coisa”); - remoção do Anexo contendo requisitos de competência para auditar disciplinas específicas do sistema de gestão (devido ao grande número de normas particulares de sistemas de gestão, não seria prático incluir requisitos de competência para todas as disciplinas); - ampliação do Anexo A para fornecer orientação sobre (novos) conceitos de auditoria, como contexto organizacional, liderança e comprometimento, auditorias virtuais, compliance e cadeia de suprimento. (ABNT, 2019, p. 7) Os elementos que estruturam a ABNT NBR ISO 19011:2018 são definidos conforme Figura 2. Figura 2 – Estrutura da ISO 19011:2018 27 Fonte: adaptado de ABNT (2019). A ABNT NBR ISO 19011:2018 (ABNT, 2019) estrutura-se em itens norteadores, e quando implementados, garantem uma auditoria eficiente, demonstram as não conformidade a serem tratadas pela instituição, e subsidiam as decisões da administração da organização que poderão propor ações corretiva ou mitigadora. Cada item elencado na estrutura tem seu papel na implementação da auditoria dos sistemas de gestão que poderá ser da qualidade, meio ambiente, saúde e segurança ou mesmo sistema de gestão integrado: • Escopo: fornece orientações quanto à aplicação da norma. • Termos e definições: abordam os significadosde diversas terminologias utilizadas ao longo do texto. • Princípios: refere-se às condutas a serem seguida pelos auditores. 28 • Gerenciamento de um programa de auditoria: contempla as orientações para a gestão da auditoria. • Condução da auditoria: elenca as etapas e atividades a serem desempenhadas. • Competência e avaliação de auditores: trata da confiança no processo de auditoria, relacionadas à capacidade de aplicar conhecimento, e às habilidades técnicas e experiência na área a ser auditada. Dentre as orientações abordadas na ABNT NBR ISO 19011:2018 (ABNT, 2019) os princípios da auditoria têm papel fundamental, e devem ser seguidos pelos auditores no momento da condução e gerenciamento do programa de auditoria. O conjunto de elementos que determinam a conduta esperada pelos auditores são baseadas nos seguintes princípios: • Integridade: caraterística esperada referente à idoneidade dos auditores quanto à honestidade, responsabilidade e dedicação, bem como o desempenho da atividade com imparcialidade. • Apresentação justa: apresentar as conclusões e relatórios com veracidade de informações, sendo retratada opiniões divergentes entre a equipe de auditoria e o auditado. • Devido cuidado profissional: caracteriza-se pela capacidade do auditor em fazer julgamentos ponderados, ou seja, agir de maneira diplomática e cautelosa. • Confidencialidade: necessidade de discrição no uso e proteção das informações coletadas no decorrer da auditoria. • Independência: imparcialidade e objetividade na análise e conclusões durante a execução da auditoria, de forma que as 29 atividades possam ser conduzidas ausente de viés tendenciosos e/ ou conflitos de interesse. • Abordagem baseada em evidências: adoção de métodos racionais e planejados, de forma que possam ser verificados e disponibilizados no momento da auditoria. Alguns documentos existentes no setor podem ser considerados evidências; um exemplo é a forma como determinado funcionário executa uma tarefa. Essa ação pode ser avaliada mediante análise de manuais ou instrução de trabalho que contêm a descrição de como a atividade deve ser realizada. Dessa forma, mesmo que haja alteração do funcionário, o serviço continua sendo realizado do mesmo modo. • Abordagem baseada em risco: assegurar que a condução da auditoria seja focada em assuntos inerentes ao alcance do programa de auditoria. 6. Semelhança entre a ABNT NBR ISO 14001:2015 e ABNT NBR ISO 9001:2015 A última revisão realizada na norma ABNT NBR ISO 14001:2015 atribuiu uma estrutura semelhante à ABNT NBR ISO 9001:2015, pontos comuns como escopo, referencias normativas, termos e definições, contexto organizacional, liderança, planejamento, suporte, operação, avaliação de desempenho e melhoria são itens encontrados em ambas as normas. Essa similaridade entre as duas normas facilita a aplicação de uma auditoria ambiental interna de sistemas de gestão integrado, caso seja a vontade da organização. A norma “conhecer a ABNT NBR ISO 9001:2015” e sua aplicação, podem colaborar para a auditoria ambiental interna, em termos de cooperação entre os departamentos de meio ambiente e qualidade, visto que algumas organizações adotam a unificação das equipes de auditoria de primeira parte. A ABNT NBR ISO 9001:2005 é 30 parte integrante do conjunto de normas que compõem e série ISO 9000, responsável pela gestão da qualidade nas organizações (ABNT, 2015a). A norma da qualidade, pode ser aplicada em conjunto com outras normas, por exemplo a ABNT NBR ISO 14001:2015 – Sistema de Gestão ambiental (ABNT, 2015b), pois ambas se assemelham quanto ao uso do método PDCA (do inglês: plan – do – check – act). Entretanto, a diferença é o objetivo aplicado à gestão da qualidade e a outra a gestão ambiental. As organizações que almejam a certificação da ABNT NBR ISO 9001:2015, precisam cumprir os requisitos exigidos na presente norma, que podem trazer benefícios significativos para as instituições. Segundo a ABNT (2015a): “a adoção de um sistema de gestão da qualidade é uma decisão estratégica para uma organização que pode ajudar a melhorar seu desempenho global e a prover uma base sólida para iniciativas de desenvolvimento sustentável.” A implementação da gestão da qualidade nas organizações, poderá se subsidiar no uso das diversas normas que compõem a série ISO 9000. As principais são: • ABNT NBR ISO 9000:2015 – apresenta os fundamentos e vocabulários do Sistema de gestão da qualidade. • ABNT NBR ISO 9001:2015 – apresenta os requisitos do sistema de gestão da qualidade. • ABNT NBR ISO 9004:2019 – apresenta orientação para alcançar o sucesso sustentado da gestão da qualidade. • ABNT NBR ISO 10005:2007 – apresenta as diretrizes para os planos da qualidade. • ABNT NBR ISO 10004:2013 – apresenta diretrizes para o monitoramento e medição da satisfação do cliente. 31 A ABNT NBR ISO 9001:2015 tem um papel importante na melhoria da qualidade dos processos, podendo funcionar como instrumento que contribui para a correção de processos ineficientes e inerentes a atividades desenvolvidas em uma organização. Segundo Carpinetti e Gerolamo (2019) o objetivo da implementação do sistema de gestão da qualidade é “a redução de riscos da não conformidade no atendimento de requisitos dos clientes e a consequente melhoria da eficácia e eficiência da organização, contribuindo para com a satisfação dos stakeholders”. Os stakeholders são as partes interessadas da organização. Outra tradução para o termo é “público de interesse”, ou seja, todos aqueles que influenciam ou estão envolvidos com a gestão, por exemplo, alta administração, acionistas, órgão públicos entre outros. A norma ABNT NBR ISO 9001:2015 possui um conjunto de requisitos que deverão ser atendidos, semelhante à ABNT NBR ISO 14001:2015. Os princípios norteiam e alicerçam a norma, e são compostos por elementos, conforme apresentado na Figura 3. Figura 3 – Princípios da ABNT NBR ISO 9001:2015 32 Fonte: adaptada de ABNT (2015a). Os requisitos fundamentais baseados nos princípios da ABNT NBR ISO 9001:2015 (ABNT, 2015a) a serem implementados na organização podem ser observados a seguir: • Contexto da organização: entender, avaliar e analisar o contexto em que a organização está inserida, considerando fatores internos e externos que possam interferir em seu funcionamento. O contexto da organização, também deve contemplar as necessidades e expectativas das partes interessadas, ou seja, identificar todos os envolvidos que se importam com a organização, bem como os objetivos que cada um almeja alcançar. A norma ABNT NBR ISO 9001:2015, elenca a necessidade de determinar o escopo do sistema de gestão ambiental e o sistema de gestão da qualidade e seus processos. 33 • Liderança: entendido como um papel importante em termos de atitude e comprometimento dos líderes. A liderança é responsável por avaliar e revisar a política da qualidade, realizar uma análise crítica do sistema de gestão, bem como se comprometer na definição dos papéis organizacionais (CARPINETTI; GEROLAMO, 2019). • Planejamento: o item 6 da norma esclarece a necessidade da organização considerar o contexto em que a instituição está inserida, as necessidade das partes interessadas, além de adotar ações para abordar riscos e oportunidades, ou seja, prever o gerenciamento dos efeitos desejais e indesejáveis que possam impactar a organização. • Apoio: o item 7 da norma apresenta requisitos que envolvem os recursos de pessoas, infraestrutura, ambiente para operação de processos e para o monitoramento. Devem ser consideradas as limitações internas e a obtenção de ajuda externa. A organização deve determinar as competências necessárias dos envolvidos na implantação e que podem comprometer o desenvolvimento do sistema. A instituição, também deverá prover conscientização e comunicação pertinentes ao sistema de gestão da qualidade. É previsto nesta cláusula de suporte que as informações sejam documentadase que haja controle, estando disponíveis de maneira adequada para o uso, em formato digital e impresso, por exemplo. • Operação: requisito 8 da norma que esclarece a necessidade de a organização planejar, implementar e controlar as etapas do processo, pois a etapa da operação será a execução do que foi planejado. Ou seja o item da norma aborda o esclarecimento dos pontos elencados nos itens anteriores com o intuito de fornecer um produto ou serviço em conformidade. • Avaliação de desempenho: é o momento em que se analisa e avalia o percurso da organização diante da implementação do 34 sistema de gestão da qualidade. Os itens dessa etapa, englobam a avaliação e satisfação do cliente, o monitoramento, medição, análise e avaliação, auditoria interna e análise crítica da direção. • Melhoria: é o requisito 10 da norma em que se estabelece a importância de a organização selecionar e adotar ações de melhoria que podem ser corretivas ou inovadoras, por exemplo. Conhecer as noções básicas que são estabelecidas na norma ABNT NBR ISO 9001:2015, bem como da ABNT NBR ISO 14001:2015, pode contribuir no trabalho em equipe, principalmente nas organizações que almejam a certificação, seja da qualidade, ambiental ou ambas. Referências Bibliográficas ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR ISO 9001:2015 – Sistemas de Gestão da Qualidade–Requisitos. Rio de Janeiro: ABNT, 2015a. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR ISO 14001:2015 – Sistema de Gestão Ambiental – requisitos e orientações. Rio de Janeiro: ABNT, 2015b. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR ISO 14031:2015 – Avaliação de desempenho ambiental–Diretrizes. Rio de Janeiro: ABNT, 2015c. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR ISO 14063:2009 – Diretrizes da Comunicação Ambiental. Rio de Janeiro: ABNT, 2009. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR ISO 19011:2018, versão corrigida de 14.05.2019 – Diretrizes para a auditoria de sistemas de gestão. Rio de Janeiro: ABNT, 2019. CARPINETTI, Luiz C. R.; GEROLAMO, Mateus C. Gestão da Qualidade ISO 9001:2015: requisitos e integração com a ISO 14001:2015. São Paulo: Atlas, 2019. DIAS, Reinaldo. Gestão Ambiental: responsabilidade social e sustentabilidade. 3. ed. Rio de Janeiro: Atlas, 2019. JORNAL GRANDE BAHIA. A história da Kodak, a pioneira da fotografia que parou no tempo. Jornal Grande Bahia, Feira de Santana, 14 de outubro de 2017. Disponível em: https:// www.jornalgrandebahia.com.br/2017/10/a-historia-da-kodak-a-pioneira-da-fotografia-que- parou-no-tempo/. Acesso em: 26 set. 2020. OLIVEIRA, Carlos R. de. Comunicação Ambiental como Estratégia Organizacional. CoMtempo, São Paulo, v. 1, n. 6, jun. 2014. Disponível em: , Acesso em: 30 set. 2020. 35 Planejamento e condução da auditoria ambiental interna Autoria: Eliana Menezes dos Santos Leitura crítica: Caroline Hatada de Lima Objetivos • Conhecer as etapas da auditoria. • Compreender a importância do planejamento ambiental. • Entender o processo que envolve a condução da auditoria. 36 1. Introdução Nesta Leitura Digital, você irá conhecer o planejamento e a condução de uma auditora ambiental interna. Estudará as etapas que envolvem o processo de implementação da auditoria, incluindo o planejamento, o programa de trabalho, a execução e o relatório de execução. A auditoria ambiental interna é um instrumento importante que contribui na verificação das ações e programas que compõem o sistema de gestão ambiental (SGA). Na ABNT NBR ISO 14001:2015, a auditoria é definida como “processo sistemático, independente e documentado, para obter evidência de auditoria e avaliá-la objetivamente, para determinar a extensão na qual os critérios de auditoria são atendidos” (ABNT, 2015, p. 5). As auditorias internas são realizadas de acordo com os preceitos estabelecidos na ABNT NBR ISO 19011:2018 (ABNT, 2019), e são classificadas de acordo com o objetivo que se pretende alcançar. Dentre os tipos existentes de auditoria, têm-se: a auditora de acordo com a parte auditora; auditoria de conformidade legal; auditoria de certificação; auditoria ambiental de correção; auditoria de responsabilidade; auditoria de sítio e; auditoria compulsória. No contexto ambiental, a auditoria interna avalia o sistema de gestão ambiental (SGA) implantado na organização em função do escopo e objetivos definidos pela organização. 2. A auditoria interna O processo da auditoria ambiental interna é descrito no item 9.2 da ABNT NBR ISO 14001:2015 (ABNT, 2015). A norma apresenta a exigibilidade da implantação do processo de auditoria com intervalos planejados. É recomendado a avaliação das conformidades diante dos 37 requisitos criados pela organização ou estabelecidos em normas e leis, bem como os planos estabelecido no sistema de gestão ambiental, sendo necessário a análise da efetividade e eficácia dos planos. A norma ABNT NBR ISO 14001:2015 (ABNT, 2015) estabelece a necessidade de criação do programa de auditoria, que deverá conter critérios, escopo, seleção da equipe de auditores, definição das atividades e áreas que serão visitadas, e os registros das informações que irão evidenciar a implementação da auditoria. 3. Planejamento da auditoria A etapa de planejamento caracteriza-se como a fase de pré-auditoria, que envolve a definição e o estabelecimento de diversos pontos que irão influenciar na condução dos trabalhos, bem como no resultado que será apresentado no relatório de conclusão da auditoria. Os itens a serem abordados no planejamento tem o intuído de facilitar a condução e conclusão das etapas que envolvem o processo da auditoria (PHILIPPI JR.; AGUIAR, 2014, p. 957). Os elementos mais importantes são: • Definição do objetivo: envolve o resultado que se espera alcançar com a implementação da auditoria. É definido pela direção da organização ou partes interessadas. • Definição do escopo: inclui o contexto em que a organização está inserida e o objeto da auditoria, tais como os programas dos controles ambientais que compõem o sistema de gestão ambiental. • Definição dos critérios da auditoria: requisitos elencados pela organização. Será analisado de acordo com o tipo de auditoria e o resultado que se espera alcançar, como o monitoramento do sistema de gestão ambiental na busca de conformidades e pontos 38 de melhorias. Poderá, também, ser o atendimento aos padrões normativos, caso o objetivo seja a implementação de auditoria de conformidade legal. • Definição da equipe de auditores e auditados: definir os papéis de cada auditor envolvido na auditoria, bem como definir a capacidade técnica mínima necessária que os auditores deverão possuir. É possível, nesta etapa, elencar os custos com cursos e treinamentos para a equipe de auditores. • Definição dos recursos: são necessários para a condução da auditoria e deverão contemplar recursos humanos, financeiros para as despesas que envolvem a execução e finalização da auditoria. Dentre eles, é possível ter despesas financeiras com transporte dos futuros auditores internos na realização do curso de aperfeiçoamento, material para impressão do relatório, necessidade de aquisição de equipamentos de comunicação e de segurança, dentre outras despesas. • Informações preliminares: é a etapa utilizada para coletar dados necessários que irão nortear a situação atual da organização, bem como contribuir para a delimitação de áreas ou aspectos que precisarão de atenção durante a execução da auditoria ambiental interna. Dependendo do aspecto ambiental, a situação pode ou não significar risco aos objetivos da organização e, portanto, requer prioridade durante a verificação in loco. É possível, por exemplo, analisar o inventário de fontes de poluição da organização em conjunto com o fluxo de processo e a planta da unidade, e perceber que no inventário não foi mencionada a caixa de gordura do refeitório ou caixa separadora de água e óleo da área de abastecimento de mercadorias.Essa situação iria exigir atenção do auditor interno durante a visita para identificar a existência ou não destes elementos. Priorizar áreas não significa negligenciar os demais setores. Outras fontes de informações são as licenças ambientais, relatórios das manutenções corretivas, 39 preventiva e preditivas de todos os equipamentos da organização, mapa de riscos, registros de acidentes, entre outros. Cabe, neste item, verificar a existência de fluxogramas dos resíduos gerados na organização, visando nortear a visita de campo. • Elaboração de questionário norteador: é utilizado na condução da auditoria. É comum adotar o modelo checklist que contemplará dados coletados na etapa das informações preliminares. O questionário servirá, também, de suporte/registro das informações e observações da visita de campo e subsidiará o relatório final. É comum que este questionário apresente dados como o nome organização, data da auditoria, o item da norma ABNT NBR ISO 14001:2015 que está sendo avaliada, setor da organização e campo de observações ou informações adicionais. • Estabelecimento de cronograma e das atividades dos auditores: envolve a montagem de um plano de ação, com as atividades que serão realizadas em campo. Na etapa de planejamento, conforme norma ABNT NBR ISO 14001:2015 (ABNT, 2015), a organização estabelece ações para abordar aspectos significativos, os requisitos legais e a identificação dos riscos e oportunidades. É importante lembrar que o auditor responsável pela condução do processo precisa de conhecimento a respeito dos requisitos legais a qual a organização está sujeita, dos aspectos técnicos de controles operacionais de meio ambiente, para assim conduzir melhor o processo de auditoria. Estabelecidos os elementos do planejamento, norteadores da condução do processo de auditoria, cabe ao auditor dar início aos trabalhos de campo. 40 3.1 A auditoria ambiental e a matriz de risco É possível utilizar a matriz de risco como ferramenta que irá auxiliar o planejamento da auditoria ambiental interna. A princípio, é preciso compreender a definição de risco e diferenciá-lo do conceito de perigo. Diversos são os conceitos atribuído ao termo risco, no setor financeiro, por exemplo, o termo está relacionado a perdas e incertezas. Oliveira e Pinheiro (2018, p. 50) descrevem risco como “dispersão de resultados inesperados decorrentes do movimento de variações financeiras, assim, o desvio tanto positivo como negativo deve ser considerado como fonte de risco”. O risco também pode ser associado a uma percepção humana que determina o modo como o indivíduo irá agir diante de determinada situação, considerando muitas vezes sua experiência de vida e uma avaliação subjetiva da aceitação do risco. Quando o risco é pequeno se comparado aos benefícios que se espera alcançar, tende-se a tolerá-lo (AQUINO; PALETTA; ALMEIDA, 2017). Diante do exposto é importante diferenciar risco do conceito de perigo. Embora exista uma relação entre ambos, o perigo retrata a potencialidade da ocorrência do risco. A NR 10 que trata da segurança em instalações e serviços em eletricidade (BRASIL, 1978, p.12), define perigo como “situação ou condição de risco com probabilidade de causar lesão física ou dano à saúde das pessoas por ausência de medidas de controle”. Assim, ao observarmos o termo risco no contexto das organizações, é possível identificar o conceito mais atrelado à probabilidade da ocorrência de determinado evento e os possíveis impactos que possam surgir, independentemente de ser positivo, como uma oportunidade, ou negativo, significando uma ameaça. Dessa forma, adotar medidas de controle pode ser uma maneira eficaz de gerenciar riscos as quais as organizações estão expostas diante da atividade que desempenham. 41 As atividades realizadas por uma empresa pequena ou grande sempre apresentará risco, seja ele baixo ou alto o importante é conhecer, analisar e gerir os riscos inerentes ao seu processo. Oliveira e Pinheiro (2018) defendem que: [...] conhecer os riscos, comprovar se existem ferramentas, decisões ou ações que possam reduzi-los ou eliminá-los e calcular os custos associados a essas iniciativas são algumas das questões que o gestor deve considerar antes de empreender ou conduzir qualquer atividade. (OLIVEIRA; PINHEIRO, 2018, p. 50) A matriz de risco e suas análises, quando elaborada para o sistema de gestão ambiental, tem o papel de elencar os riscos das atividades da organização, bem como os riscos atrelados ao contexto que ela está inserida, podendo, também, contribuir para a prevenção de acidentes ambientais e permitir a exploração de oportunidades diante dos riscos positivos encontrados. A matriz é o resultado das ferramentas implantadas no gerenciamento de risco de uma organização. Assim, algumas organizações constroem sua matriz de risco e a utilizam como ferramenta para a tomada de decisão. A construção da matriz de risco é realizada considerando a probabilidade da ocorrência de determinado evento e o impacto a ele associado. De acordo com o item 6.4 da norma ABNT NBR ISO 31000:2018 (ABNT, 2018), o processo para a avaliação do risco consiste em: • Identificação do risco: encontrar, reconhecer e descrever fatores que possam interferir no objetivo, finanças ou mesmo o processo da organização. • Análise de risco: etapa responsável por compreender todos os elementos associados ao risco, tais como probabilidade do evento, natureza e magnitude de impacto, cenários possíveis, adoção de métodos de controle e a eficácia de controlar o risco. 42 • Avaliação do risco: etapa de comparação dos resultados e decisão sobre quais riscos serão tolerados e quais deverão receber ações da organização. O modelo comum utilizado para representar a matriz de risco é composto por um eixo que apresenta a probabilidade de ocorrência de um evento e, no outro eixo, o impacto relacionado. A norma ABNT NBR ISO 31000:2018 (ABNT, 2018) recomenda monitoramento contínuo e a análise crítica do processo de gestão de riscos. Eles devem integrar de maneira estratégica a gestão de desempenho, medições e relatórios da organização. Dessa forma, o instrumento de auditoria ambiental interna pode contribuir para o monitoramento de risco e apontamento de melhorias no uso da matriz de risco, com o objetivo de analisar os aspectos e impactos ambientais de cada processo da instituição elencados no sistema de gestão ambiental, podemos notar uma interação entre a área de gerenciamento de risco da organização e o sistema de gestão ambiental. As ações referentes aos riscos e oportunidades que as organizações estão sujeitas foram inseridas na norma ABNT NBR ISO 14001:2015 (ABNT, 2015), onde estabeleceu-se que a etapa do planejamento do sistema de gestão ambiental deve contemplar ações para abordar riscos e oportunidades, relacionados aos seus aspectos ambientais, requisitos legais e outros requisitos relacionados ao contexto da organização e as necessidades das partes interessadas. Dessa forma, a matriz de risco pode contribuir para a auditoria ambiental interna no planejamento e execução, conforme pontos estabelecidos na norma ABNT NBR ISO 19011:2018 (ABNT, 2019): • Etapa de planejamento: o objetivo da auditoria poderá utilizar os aspectos e impactos significativos elencados na matriz de risco da organização, bem como avaliar a capacidade do auditado de 43 determinar risco e oportunidades e identificar e implementar ações eficazes para abordá-los. • Etapa de execução da auditoria: a matriz poderá contribuir para verificar a eficiência dos controles adotados pela organização para mitigar risco. O auditor interno não é responsável pela construção da matriz de risco, porém, é necessário que ele tenha visão de risco e oportunidades para planejar e conduzir a auditoria ambiental, conforme recomenta a norma ABNT NBR ISO 19011:2018 (ABNT, 2019). Cabe a organização apresentá-la dentro do sistema de gestão ambiental elencandoos riscos e oportunidades, como menciona a norma ABNT NBR ISO 14001:2015 (ABNT, 2015). O auditor pode recomendar à direção da organização que faça a construção da matriz de risco. 4. Condução do processo de auditoria A auditoria se inicia com a reunião de abertura da auditoria. Nela, são apresentados os atores envolvidos no processo, como o auditor, facilitadores e auditados. Nesta reunião, são relatados os locais que serão auditados, bem como a explicação dos objetivos da auditoria. Este processo é observado na Figura 1. 44 Figura 1 – Etapas de execução da auditoria Fonte: adaptada de ABNT (2019). Seguir cada etapa que envolve a execução da auditoria é fundamental para a condução do processo. Assim, permite-se esclarecer os papeis de cada membro da equipe de auditores, a importância da auditoria para a organização e para os setores auditados e apresentar o método adotado que será implementado. É na fase da reunião de abertura que o auditor poderá esclarecer se haverá a necessidade de teste de avaliação de processo. Por exemplo, em caso de dúvidas, o auditor poderá abrir a torneira do chuveiro e lavar olhos para verificar se a água residual está sendo direcionada para algum ralo ou caixa de contenção. É preciso conhecer o funcionamento de toda a unidade que será auditada, devendo-se, portanto, realizar uma visita inicial, mesmo nos casos de auditorias internas realizada por funcionários da própria organização. É preciso lembrar que os colaboradores que irão realizar a auditoria pertencem ao quadro de funcionários de outro departamento da empresa, portanto desconhece a área auditada. 45 Realizada a visita de reconhecimento dos setores, é o momento de iniciar a parte prática da auditoria. Existem diversas técnicas para a coleta de informações a serem observadas e verificadas em cada departamento. Por exemplo, ao adotar a técnica da entrevista com um funcionário que abastece as linhas de produção, é possível verificar se os resíduos provenientes de embalagens são deixados na linha de produção ou se retornam para o almoxarifado e dessa forma comparar com o fluxo de resíduos do setor. Outra técnica é observar as informações contidas na instrução de trabalho e a forma como ela é executada. Por exemplo, a instrução de trabalho do processo de prensagem do lodo da estação de tratamento de efluente, requer que o resíduo contenha a menor quantidade possível de água, com o intuito evitar vazamentos durante o transporte. Neste caso, o auditor poderá observar se o tempo de prensa estabelecido na instrução está sendo cumprido e se as “tortas” de lodo possuem teor de umidade, ou seja, se ainda estão líquidas. Considerando que os setores auditados possuem ciência da possibilidade da realização de testes durante a auditoria ambiental interna, o auditor poderá requerer do operador da área de resíduos que ele realize a pesagem de algum material no setor, a fim de verificar se a balança funciona, ou mesmo se o operador segue o procedimento de operação da área. Essa e as demais técnicas de coleta de dados precisam estar descritos no escopo da auditoria e esclarecidos na reunião inicial (PHILIPPI JR.; AGUIAR, 2014). É durante a realização das vistorias que se observa o cumprimento dos requisitos estabelecidos pela organização, além dos pontos de melhorias que poderão ser descritos como recomendações no relatório final da auditoria. A reunião de encerramento é a apresentação dos resultados e constatações observadas ao longo do processo de condução da auditoria ambiental interna à direção do auditado. Cabe salientar a 46 necessidade de realizar uma comunicação clara e objetiva com intuito de reduzir dúvidas e contestações quanto às situações não conforme. Ao planejar a reunião de encerramento, é importante que o auditor interno contemple elementos como descrever como foi a realização do evento, enfatizar a adequada receptividade dos setores auditados, apresentar as práticas positivas desempenhadas pela organização e relatar as constatações observadas consideradas como desvios do objetivo do sistema de gestão ambiental. Mattos e Gehlen (2018, p.´60) sugerem que “a pauta de encerramento de auditoria e o relatório devem ressaltar tanto os pontos negativos como os positivos identificados, já que a auditoria não é apenas um agente fiscalizador”. Na reunião de encerramento o auditor interno deve abordar as não conformidades encontradas que precisam ser corrigidas em virtude dos riscos que apresentam para a organização. Neste momento, poderão ser alinhadas com a direção do auditado as possíveis ações de melhorias referentes aos desvios encontrados em cada setor. O auditor interno poderá enfatizar a importância do sistema de gestão ambiental para a empresa, pois permite melhor compreensão sobre os impactos positivos ou negativos inerentes a atividades desempenhadas pela organização e que a adoção de ciclos de auditorias ambientais internas pode contribuir para a melhoria contínua dos processos inerentes a instituição. 4.1 Documentos, dados e registros ambientais Analisar os documentos pertinentes ao sistema de gestão ambiental é essencial na implementação da auditoria ambiental. É importante conhecer os planos e programas que compõem o sistema de gestão ambiental antes e após a visita de campo da auditoria, pois ele auxilia na aplicação prática da implementação do sistema, bem como comprova o cumprimento da norma. (PHILIPPI JR.; AGUIAR, 2014). 47 Existem diversos documentos a serem observados, entre eles procedimentos interno, licenças ambientais vigentes e seus condicionantes, cronogramas, planos de gerenciamento ambiental, registros ambientais, entre outros. Os registros ambientais são fatos que ocorreram em determinado momento da organização, devendo ser registrados e não alterados. Por exemplo, se a organização produziu 20 toneladas de resíduos industriais em um mês, essa informação consta-se registrada no plano de gerenciamento de resíduos sólidos da organização, como o inventário dos resíduos e no manifesto de carga; no mês seguinte, esse volume pode variar, mas o registro do mês anterior não pode ser alterado. Os diversos tipos de documentos que compõem um sistema de gestão estão listados na Figura 2. Figura 2 – Diferentes tipos de documentos que compõem o sistema de gestão Fonte: adaptada de Philippi Jr. e Aguiar (2014, p. 962). 48 Os tipos de documentos elencados anteriormente são válidos para todos os sistemas de gestão, e o modo como estará disposto para consulta, dependerá da gestão de documentos adotado pela organização. 4.2 Comunicação e disponibilidade de acesso à informação A norma ABNT NBR ISO 19011:2018 (ABNT, 2019) prevê no item 6.4.4 a possibilidade e/ou necessidade de estabelecer comunicações entre a equipe de auditores, ou mesmo relatar informações às partes interessadas. Essa comunicação e troca de informações entre os auditores poderá ocorrer em horários pré-estabelecidos que poderão, após o encerramento do período de coleta de informações daquele dia ou turno de trabalho, momento que se avalia as situações de não conformidades (PHILIPPI JR.; AGUIAR, 2014). A disponibilidade de acesso às informações, depende de vários fatores, dentre eles o objetivo, escopo e critérios da auditoria. A norma ABNT NBR ISO 19011:2018 (ABNT, 2019) esclarece que as informações coletadas dependerão do método escolhido para a realização da auditoria que foi definido na etapa de planejamento da auditoria, visto que os métodos dependem da interação ou não de relações humanas, e quanto ao local auditado, poderá ser remoto ou presencial. Ao final do processo de auditoria, é necessário realizar uma reunião de encerramento onde será abordado as informações coletadas nas entrevistas, não conformidades e observações identificadas. 5. Relatório final Finalizada a etapa de execução da auditoria, o relatório final entregue caracteriza a comunicação dos dados levantados, mostrando a situação do sistemade gestão ambiental da organização, bem como 49 as recomendações de melhorias. Dessa maneira, a formalização dos resultados da auditoria, por meio, do relatório norteará as tomadas de decisões pela administração da organização. A norma ABNT NBR ISO 19011:2018 (ABNT, 2019) recomenda que, no relatório final, sejam apresentadas as informações coletadas de maneira clara, objetiva, e que representem a situação real da organização. Como estrutura do relatório, a norma recomenda a inserção de pontos considerados relevantes como: 1. Identificação da organização. 2. Setores auditados. 3. Objetivo da auditoria. 4. Escopo. 5. Identificação da equipe de auditores. 6. Local e datas da auditoria. 7. Critérios da auditoria. 8. As constatações e evidencias registradas. 9. Conclusões. 10. Declaração de confidencialidade. 11. Lista de opiniões divergentes. A ABNT NBR ISO 19011:2018 (ABNT, 2019), também elenca outros pontos e informações que poderão ser acrescidas ao relatório final, dentre elas o plano de auditoria, um resumo do processo de auditoria e os obstáculos encontrados. O relato das não conformidades encontradas durante a condução do processo de auditoria, precisam ser retratadas. Faz-se necessário, então, apontar o requisito não atendido em detrimento à norma, lei ou procedimento, bem como demonstrar as evidências observadas. É importante ressaltar que outros pontos poderão ser inseridos no relatório, sendo necessário que se mantenha a clareza e objetividades das informações apresentadas. A auditoria interna do sistema de gestão 50 ambiental se faz necessário como ferramenta capaz de identificar a aplicação prática dos requisitos estabelecidos em norma, leis e do próprio sistema de gestão ambiental implantado na organização. Os resultados obtidos após a execução da auditoria ambiental são capazes de subsidiar as ações dos gestores para correção de possíveis não conformidades e/ou adotar pontos de melhorias do sistema de gestão. Referências Bibliográficas AQUINO, Afonso R. de; PALETTA, Francisco C.; ALMEIDA, Josimar R. de. Risco Ambiental. São Paulo: Blucher, 2017. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR ISO 14001-2015: Sistema de Gestão Ambiental – requisitos e orientações. Rio de Janeiro: ABNT, 2015. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR ISO 31000-2018: Gestão de risco - Diretrizes. Rio de Janeiro: ABNT, 2018. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR ISO 19011-2018: Diretrizes para auditoria de sistemas de gestão, versão corrigida de 2019. Rio de Janeiro: ABNT, 2019. BRASIL. Câmara dos Deputados. NR 10 – Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade. 1978. Disponível em: http://www.ccb.usp.br/arquivos/ arqpessoal/1360237189_nr10atualizada.pdf. Acesso em: 5 jan. 2021. MATTOS, João G. de; GEHLEN, Rubens Z. da C. Certificação. Porto Alegre: Sagah, 2018. OLIVEIRA, Virgínia I. de; PINHEIRO, Juliano L. (org.). Gestão de riscos no mercado financeiro: uma abordagem prática e contemporânea para as empresas. São Paulo: Saraiva, 2018. PHILIPPI JUNIOR, Arlindo; AGUIAR, Alexandre de O. Auditoria Ambiental. Curso de Gestão Ambiental. 2. ed. Barueri: Manole, 2014. about:blank about:blank 51 Processo de certificação e o papel do auditor ambiental Autoria: Eliana Menezes dos Santos Leitura crítica: Caroline Hatada de Lima Objetivos • Conhecer o processo de certificação do SGA. • Entender a diferença entre certificadoras e acreditadores. • Conhecer as habilidades técnicas e pessoais de um auditor interno. 52 Introdução Nesta Leitura Digital, você estudará o papel do auditor interno, as habilidades técnicas e pessoais que são necessárias para realizar a atividade, bem como aspectos importantes relativos ao comportamento do profissional que irá conduzir o processo da auditoria interna ambiental. Serão apresentados conceitos importantes referentes aos termos de certificação e acreditação, além da diferença entre os termos apresentados. A norma ABNT NBR ISO 19011:2018 (ABNT, 2019) recomenda que os gestores da auditoria, no momento da escolha dos funcionários, considerem as habilidades necessárias e fundamentais que os auditores devem possuir. As habilidades técnicas e pessoais para ser um auditor são fundamentais para a condução da auditoria, e a ausência dessas habilidades poderá comprometer a condução do processo. A ausência de alguns atributos, como a coerência e a visão sistêmica, poderá comprometer a qualidade da coleta e análise de dados, e a compilação do relatório final. 2. O papel do auditor interno O processo de auditoria interna, poderá contemplar a avaliação de mais de um sistema de gestão. Dessa forma, a equipe de auditores será multidisciplinar, ou seja, formado por pessoas com conhecimento em diversas áreas, como, meio ambiente, qualidade, segurança do trabalho, entre outros. É previsto na norma ABNT NBR ISO 14001:2015 (ABNT, 2015) essa multidisciplinaridade, conforme descrito no item 5 da norma: [...] um programa de auditoria seja estabelecido, o qual pode incluir auditorias que abordem uma ou mais normas de sistema de gestão ou 53 requisitos, conduzidas separadamente ou em combinação. (ABNT, 2015, [s.p.]) É importante ressaltar que os colaboradores que exercerão o papel de auditores internos e desempenharão uma função importante e fundamental na condução da auditoria. Eles têm o objetivo de adicionar melhorias ao processo da organização, e não se comportar como um caçador de fraudes ou mesmo delator de erros. Segundo Philippi Jr., Romero e Bruna (2014, p. 942.), o papel básico de um auditor interno é “coletar informações por meio de entrevistas, exame de documentos e observação, compará-las com os critérios da auditoria e relatar o resultado ao cliente”. A equipe de auditores internos, poderá ser formada por colaboradores internos do quadro de funcionários da própria organização, colaboradores da matriz da organização (sem vínculo direto com a filial), ou por auditor externo, contratado exclusivamente pela organização por meio da terceirização do serviço de auditoria. A composição da equipe da auditoria, dependerá dos requisitos estabelecidos pela própria organização descritos no programa de auditoria. Está previsto como uma recomendação normativa no item 5.5.4 da ABNT NBR ISO 19011:2018 (ABNT, 2019) que os responsáveis pelo gerenciamento do programa de auditoria interna façam a indicação das pessoas que irão compor a equipe de auditores, bem como quem será o auditor-líder, considerando que os selecionados possuam habilidades necessárias para alcançar o objetivo da auditoria. Dessa forma, cada organização poderá apresentar uma equipe de auditores internos com características específicas e inerentes à sua gestão ambiental. O item 5.5.4 da norma ABNT NBR ISO 19011:2018 (ABNT, 2019), recomenda que os gestores do programa de auditoria observem se os colaboradores selecionados para compor a equipe de auditores 54 possuem competências necessárias para alcançar os objetivos da auditoria. Diante da quantidade de auditores é importante que a equipe de modo geral apresente: Competência global necessária [...] para alcançar os objetivos de auditoria levando em conta o escopo e os critérios de auditoria; Asseguramento da objetividade imparcialidade para evitar qualquer conflito de interesse durante o processo de auditoria; Capacidade [...] para trabalhar é interagir eficazmente com os representantes do auditado. (ABNT, 2019, p. 16) A norma ABNT NBR ISO 19011:2018 (ABNT, 2019), também contempla a possibilidade da utilização de auditores em treinamento que estarão sob a direção e orientações do auditor, e atuarão como observadores. Pode-se, ainda, realizar a substituição de alguns deles caso observado conflitos de interesse ou com a possibilidade de afetar o desempenho da auditoria interna. É importante que a condução da auditoria seja considerada uma ferramenta eficaz e eficiente, portanto, faz-se necessário garantir a independência do auditora fim de se estabelecer a imparcialidade na condução do processo, na coleta de informações e nos apontamentos. Em auditorias internas compostas por colaboradores da organização, recomenda-se que os auditores não possuam vínculo com o setor que está sendo auditado. As organizações que possuem mais de uma unidade podem, por exemplo, escolher funcionários da matriz para conduzir o processo da filial. Entretanto, situações em que a organização não possui funcionários independentes do setor a ser auditado, necessita que o auditor reforce a atenção para que seus apontamentos e conclusões possuam clareza, objetividade e ausência de relatos tendenciosos. 2.1 Competências dos auditores internos Desenvolver-se na carreira de auditor interno, requer deste profissional o investimento constante no aprimoramento das habilidades pessoais e 55 técnicas, exigindo dedicação aos estudos e treinamentos para manter-se sempre atualizado. O item 7.2.3 da norma ABNT NBR ISO 19011:2018 (ABNT, 2019) prevê os conhecimentos e habilidades importantes a serem observados em qualquer auditor, independentemente do sistema de gestão que ele audite. As competências genéricas necessárias podem ser observadas na Figura 1. Figura 1 – Conhecimentos e habilidades do auditor interno Fonte: adaptada de ABNT (2019). As habilidades e conhecimentos a serem desempenhados em cada uma das áreas descritas no interior dos círculos apresentados na Figura 1, permitem um melhor desempenho do auditor interno. Entretanto, requer dele a capacidade de ampliar outras competências específicas 56 que serão necessárias para a condução da auditoria interna. Dessa forma, ao escolherem seus colaboradores para compor o grupo de auditores internos, as organizações precisam considerar essas habilidades e competências importantes na condução da auditoria. Em observância da ausência de competências necessárias, a organização poderá optar por realizar um treinamento dos futuros auditores internos. 2.2 Comportamento dos auditores internos Espera-se que o auditor interno possua uma postura adequada às atividades que irá desempenhar no papel de condutor da auditoria interna. A norma ABNT NBR ISO 19011:2018 (ABNT, 2019), elenca atributos necessários de comportamento que garantem o atendimento aos princípios da auditoria. As competências pessoais são: • Ética – auditor com atributos de justiça e honestidade. • Mente aberta – aceita pontos de vista diferentes. • Diplomático – sensibilidade na tratativa com as pessoas. • Observador – analisar criteriosamente o ambiente. • Perceptível – entender as situações. • Versátil – adaptabilidade a diferentes situações. • Tenaz – persistente e focado. • Decisivo – alcança conclusões. • Autoconfiante – ações independentes enquanto realiza interações com outros. 57 • Capaz de agir com firmeza – atuação responsável. • Aberto a melhorias – disposto a aprender. • Culturalmente sensível – observa e respeita a cultura do auditado. • Colaborativo – interage de maneira eficaz com os membros da equipe de auditores e os auditados. As competências pessoais são essenciais para a condução adequada da auditoria interna, entretanto, é preciso buscar outras habilidades, por exemplo, a comunicação assertiva, que permita transmitir informações de maneira clara e objetiva. Dessa forma, é importante ressaltar que a conduta adotada pelo auditor durante a coleta de informações poderá comprometer todo o processo da auditoria. É essencial manter um bom relacionamento entre auditor e auditado, conforme descrevem Mattos e Gehlen (2018): A sintonia irá ditar o ritmo do trabalho e, por vezes, será determinante para o resultado, [...] pois é comum o auditor encontrar dificuldades, barreiras e pré-conceito das pessoas em relação ao seu trabalho. (MATTOS; GEHLEN, 2018, p. 104) Durante as entrevistas, o auditor tem a oportunidades de coletar informações, identificar riscos que podem comprometer o objetivo da organização, complementar lacunas da documentação ou reconhecer pontos de melhorias que poderão ser apontados no relatório final. As entrevistas como fonte de coleta de informações, a depender do estágio da condução da auditoria interna (MATTOS; GEHLEN, 2018), podem ser: • Entrevista informal: pode ocorrer durante a reunião de abertura dos trabalhos. São conversas informais entre auditor e auditado, que podem fornecer dados de outro departamento diferente do que está sendo auditado. Por exemplo, após a realização de algum teste como a pesagem de resíduos para verificar a balança, 58 o colaborador comenta sobre como a balança funciona, quando é feita a manutenção ou mesmo informa dados sobre outro equipamento, como citar a eficiência, capacidade e manutenção da prensa de resíduos. • Entrevista formal: realizada ao final da coleta de informações de campo e utilizada quando se suspeita de situações desconformes e que podem comprometer o objetivo da organização. É uma situação que precisa ser mais bem estruturada, sendo necessário a preservação dos direitos do entrevistado. Muitas vezes, faz- se necessário o acompanhamento do departamento jurídico da organização. Por exemplo, durante um teste para verificar o manuseio de produtos químicos da estação de tratamento de efluente, o auditor ambiental interno é informado pelo operador que é comum reduzir o consumo de insumos adicionados ao efluente, pois é uma recomendação dada pelo supervisor da estação para que haja insumos até a próxima entrega. Essa situação, precisará ser confortada com diversas informações, dentre elas as notas fiscais de compra de produtos, registros que a estação de tratamento de efluente funcionou, bem como alertar a alta direção para verificar a necessidade da entrevista formal do supervisor. Em situações onde for importante fazer uso da auditoria formal será necessário, antes das entrevistas, esclarecer ao auditado o motivo da entrevista, que ele não é obrigado a responder as perguntas e que a entrevista será gravada, como forma de registrar a conversa entre auditor e auditado. 2.3 A distribuição de papéis e responsabilidades na auditoria interna A implementação do processo de auditoria interna requer o envolvimento de diversos atores que irão conduzir e gerenciar a 59 auditoria. A norma ANBT NBR ISO 19011:2018 (ABNT, 2019), classifica os seguintes papéis a serem desempenhados. • Gestor: estabelece a extensão do programa de auditoria, as restrições existentes, os riscos e oportunidades que podem afetar a auditoria, seleciona os colaboradores para compor a equipe, atribui papéis e apoia a equipe de auditores, além de assegurar recursos financeiros e de pessoas, monitora e criticar o programa de auditoria. • Auditor-líder: planeja a auditoria baseada em risco, atribui responsabilidades, atividades e funções para cada membro da equipe. • Membros da equipe de auditores: coleta e analisa as informações referentes às suas atribuições, registrando-as e disponibilizando para o auditor-líder. • Guias e observadores: acompanham a equipe mediante autorização do auditor-líder. O papel de observador é auxiliar a equipe de auditoria e sem influenciar o processo ou os integrantes da auditoria. É previsto no item 6.4.2 da norma ANBT NBR ISO 19011:2018 (ABNT, 2019) algumas responsabilidades que poderão ser desempenhadas pelos guias, dentre elas, testemunhar em nome do auditado e auxiliar na coleta de informação. A delimitação de papéis e distribuição de responsabilidades é parte integrante do planejamento da auditoria que contribui para a condução do processo. 60 3. Certificação ambiental e a auditoria ambiental É preciso compreender a diferença entre Sistema de Gestão Ambiental (SGA) e a Certificação Ambiental. A norma ANBT NBR ISO 14001:2015 (ABNT, 2015) define que o SGA é uma estrutura implementada na organização com o intuito de monitorar, avaliar e controlar os impactos inerentes as atividades, buscando-se melhorar o desempenho ambiental, atendimento
Compartilhar