Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
APG 22- LEITE FRACO OBJETIVOS: • Compreender os benefícios do aleitamento materno e sua composição • Entender os marcos do desenvolvimento neuropsicomotor e crescimento da criança (nutrição) ALEITAMENTO MATERNO DEFINIÇÃO Aleitamento materno é quando a criança recebe leite materno (direto da mama ou ordenhado) independentemente de receber ou não outros alimentos. Apesar de muitos estudos já comprovarem a importância do leite materno e da amamentação e de um grande número de profissionais serem favoráveis ao estímulo do aleitamento, a prevalência do aleitamento materno no Brasil está aquém das recomendadas. De forma a contribuir com a mudança deste contexto no Brasil e no mundo, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) atualizaram em 2018 o guia de apoio ao aleitamento materno nos hospitais chamado “Dez passos para o sucesso do aleitamento materno”. Apesar do guia enfatizar o papel dos hospitais, sabe-se da importância de que esse estímulo ao suporte ativo dos profissionais aconteça nos diversos níveis de atenção à saúde da gestante e posteriormente da mãe e da criança. DEFINIÇÕES DE ALEITAMENTO PELA OMS • Aleitamento materno exclusivo: Quando a criança recebe exclusivamente leite materno, seja ele ordenhado, diretamente da mama ou leite humano de outra fonte; • Aleitamento materno predominante: Quando além do leite materno a criança recebe água ou bebidas à base de água (chás, sucos de frutas); • Aleitamento materno complementado: Além do leite materno a criança recebe alimentos sólidos ou semissólidos com a finalidade de complementar e não de substituir o leite materno; • Aleitamento materno misto ou parcial: Quando a criança recebe leite materno e outros tipos de leite. BENEFÍCIOS DO ALEITAMENTO MATERNO Atualmente não resta dúvidas quanto à superioridade deste em relação aos outros, inclusive acerca da desvantagem da suspensão do aleitamento materno precocemente. Tem o impacto que mais nenhuma outra estratégia possui na redução da mortalidade infantil em crianças menores de 5 anos, podendo evitar até 13% das mortes de causas evitáveis nessa faixa etária em todo o mundo. • Melhor nutrição: o leite humano possui TODOS os NUTRIENTES essenciais para o completo desenvolvimento e crescimento da criança. • Menor custo financeiro: • Efeito positivo no desenvolvimento cognitivo: A maioria dos estudos comprova que as crianças amamentadas apresentam vantagem nesse aspecto, sobretudo, quando comparadas com não amamentadas de baixo peso ao nascimento. • Evita diarreia: a proteção contra diarreia diminui quando o aleitamento materno deixa de ser exclusivo. Crianças não amamentadas possuem um risco 3x maior de desidratarem e virem a óbito em decorrência da diarreia. • Evita infecção respiratória: A proteção contra infecções respiratórias se mantém constante nos primeiros 2 anos de vida, sendo maior quando a amamentação é exclusiva até os 6 meses, assim como diminui a gravidade dos episódios • de infecção respiratória, sobretudo, pneumonia, bronquiolite e otites. • Diminui o risco de alergias: : A amamentação exclusiva nos primeiros meses de vida diminui o risco de alergia à proteína do leite de vaca, dermatite atópica, asma e outras alergias. A exposição a doses de leite de vaca nos primeiros dias de vida parece aumentar o risco de alergia ao leite de vaca, por isso a importância de evitar o uso de fórmulas infantis. • Diminui o risco de hipertensão, colesterol alto e diabetes: segundo a OMS, indivíduos amamentados apresentam PAS e PAD mais baixas, menores níveis de colesterol total e risco 37% menor de desenvolver diabetes melitos tipo 2(DM2). Redução também de 15% de incidência de DM2 nas mães para cada ano de lactação • Proteção contra câncer de mama: a chance de desenvolver cai 4,3% a cada 12 meses de duração da amamentação. • Evita nova gestação: Nos primeiros 6 meses após o parto a amamentação é um método anticoncepcional com 98% de eficácia, desde que a mãe esteja amamentando exclusiva ou predominantemente e esteja em amenorreia. FISIOLOGIA DA AMAMENTAÇÃO E COMPOSIÇÃO DO LEITE MATERNO ANATOMIA DA MAMA A mama feminina é composta por glândulas túbulo- alveolares chamadas de lobos mamários (cerca 15 a 20 em cada mama), os quais são constituídos por lóbulos (entre 20-40). Cada lóbulo é composto por alvéolos envolvidos por células mioepiteliais. O leite produzido nos alvéolos é conduzido até os seios lactíferos por uma rede de ductos. Para cada lobo mamário há um seio lactífero com saída independente no mamilo. LACTOGÊNESE Dividida em 3 partes: fase I, II e III Na fase I, já durante a gestação, a mama é preparada para a amamentação, sobretudo, pela ação de alguns hormônios como o estrogênio responsável pela ramificação dos ductos lactíferos, e pelo progestogênio que forma os lóbulos e outros que contribuem para o crescimento mamário (lactogênio placentário, prolactina e gonadotrofina coriônica). Na segunda metade da gestação, os ácinos e alvéolos ficam distendidos devido ao acúmulo de colostro. A fase II da lactogênese ocorre após o nascimento da crianças e expulsão da placenta, quando ocorre uma queda acentuada do progestogênio, com consequente liberação da prolactina pela hipófise anterior. A hipófise posterior, por sua vez, produz ocitocina, a qual contrai as células mioepiteliais que envolvem os alvéolos expulsando o leite contido nos mesmos. Logo após o nascimento, a produção de leite é controlada principalmente por hormônios. Após o 3º/4º dia após o parto ocorre a “descida do leite”, processo que ocorre independente da criança realizar ou não a sucção. Com isso, inicia-se a fase III da lactogênese, chamada galactopoiese, a qual depende primordialmente da sucção do bebê e do esvaziamento da mama. O leite possui “peptídeos supressores da lactação” que inibem a produção do leite e ao serem removidos pelo esvaziamento da mama há a garantia da reposição do leite removido com o esvaziamento anterior. O leite de uma mamada é produzido, em sua maior parte, enquanto a criança mama por meio do estímulo da prolactina (esta é inibida pela dopamina, logo, nesse período, a dopamina tem sua liberação inibida) e da ocitocina. Esta última é liberada através de alguns estímulos: sucção da criança, visão, cheiro e choro da criança, motivação, tranquilidade e autoconfiança; ao passo que, estresse, ansiedade, dor, desconforto e medo inibem a ejeção do leite, prejudicando a lactação. COMPOSIÇÃO DE CARACTERÍSTICAS DO LEITE Com exceção do leite materno de mulheres desnutridas em que tanto qualidade e quantidade são inferiores, o leite possui uma composição semelhante para todas as mulheres que amamentam no mundo. Além disso, o leite de mães de recém-nascidos pré- termo tem mais calorias, lipídios, proteínas e lactose. Abaixo é possível observar as diferenças do leite materno a termo, pré-termo e leite de vaca. Apesar do leite de vaca ter mais proteínas do que o materno, a principal proteína deste é a caseína, a qual tem difícil digestão se comparada com a principal proteína do leite materno que é a lactoalbumina. • Nos primeiros 10 dias após o nascimento a secreção láctea é chamada colostro que contém mais proteínas, menos gordura e mais IgA secretória do que o “leite maduro”. Outra peculiaridade é a existente entre o leite que sai no início da mamada, chamado de “leite anterior” e o leite que sai ao final da mamada ou “leite posterior”. O leite posterior possui mais gordura, mais energia e, portanto, sacia mais a criança. Por esse motivo é importante esvaziar toda a mama durante uma mamada, bem como é importante explicar para as mães que não existe “leite fraco”, mas sim uma diferença de concentração de gorduraentre o leite que sai inicialmente e o que sai no fim. Com isso, no início da mamada devido ao alto teor de água e componentes hidrossolúveis o leite possui coloração de “água de coco”, no meio da mamada o leite tende a ter uma coloração branca opaca devido à caseína, enquanto que no final em virtude da concentração de pigmentos lipossolúveis o leite fica mais amarelado. • A principal imunoglobulina é a IgA secretória que atua contra microorganismos que colonizam superfícies mucosas (E.coli, Salmonella, rotavírus, poliovírus etc.). DESENVOLVIMENTO NEUROPSICOMOTOR As consultas pediátricas devem avaliar o desenvolvimento neuropsicomotor da criança. Algumas escalas foram desenvolvidas com o objetivo de guiar a avaliação profissional – como o teste de Gesell, o teste de triagem de Denver II, a escala de desenvolvimento infantil de Bayley, dentre outros. No Brasil, a Caderneta de Saúde da Criança, do Ministério da Saúde, disponibiliza uma sistematização para a avaliação do desenvolvimento da criança até os 3 anos de idade, contendo os principais marcos do desenvolvimento, facilitando o acompanhamento dos ganhos no desenvolvimento neuropsicomotor conforme a criança vai crescendo. Por outro lado, é essencial que o pediatra saiba conduzir a consulta de forma individualizada, levando em consideração diversos fatores sociais, familiares e ambientais que possam influenciar esse processo. Observar a forma que a mãe a segura, se existe contato visual e verbal de forma afetuosa entre ela e a criança, se a criança faz busca visual ou tem interesse pelo ambiente ao redor, se a criança está em bom estado de higiene e se a mãe ou cuidador presta atenção às orientações. Para ajudar na memorização dos marcos, vamos primeiro contextualizar alguns aspectos do desenvolvimento dos bebês. No lactente nascido a termo, ao nascimento há mielinização no tronco cerebral dorsal, pedúnculos cerebelares e perna posterior da cápsula interna. A substância branca cerebelar se mieliniza por volta do primeiro mês e se completa no 3º. Já a substância branca subcortical do córtex parietal, frontal posterior, temporal, e calcarina está parcialmente mielinizada aos 3 meses. A mielinização significa a aquisição de movimentos mais coordenados e complexos nas estruturas e domínios influenciados pelas regiões encefálicas mielinizadas. MARCOS DO DESENVOLVIMENTO 15 DIAS Preensão palmar: flexão dos dedos à pressão na palma da mão. Preensão plantar: flexão dos dedos dos pés após pressão na base dos artelhos (dura mais tempo até 10 a 1 meses de vida) Reflexo de sucção: é desencadeado pela estimulação dos lábios, gerando sucção vigorosa, e sua ausência significa disfunção neurológica grave. reflexo da busca: estimulado por colocação dos dedos nas comissuras labiais da criança (criança rotaciona a cabeça como se buscasse pelo alimento), desaparece mais precocemente – aos 2 meses. Reflexo cutâneo plantar: caracterizado pela extensão do hálux após estímulo na lateral do pé. Ocorre até o 13º mês, a partir do qual a resposta a esse estímulo deve ser a flexão – sendo a extensão considerada patológica Reflexo de Moro: realiza-se uma queda súbita da cabeça da criança, amparada pela mão do examinador. Isso desencadeia extensão e abdução dos membros superiores, seguidas de choro. Deve ser sempre simétrico. É incompleto até o 3º mês e não deve existir após os 6 meses; Reflexo tônico-cervical (do Esgrimista): rotação da cabeça para um lado, com extensão dos membros do lado contralateral e flexão dos membros do lado ipsilateral. Exame realizado bilateralmente e deve ser simétrico. Desaparece até os 3 a 4 meses de vida. Reflexo da Marcha: o bebê inclina o tronco após apoio plantar. As pernas se cruzam uma à frente da outra. Presente até os 2 meses de vida. Reflexo de Colocação (Placing): desencadeado pelo estímulo tátil do dorso do pé, segurando o bebê pelas axilas. O pé irá se elevar como se estivesse subindo uma escada. Também dura até os dois meses de vida. 0-2 MESES DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO No primeiro mês de vida a única forma de comunicação é o choro alto e repetido, associado às necessidades primárias do bebê. No segundo mês, a criança começa a emitir alguns sons que não o choro. DESENVOLVIMENTO SOCIOEMOCIONAL A criança interage com o outro desde os primeiros momentos de vida. É um ser social e depende do outro para sobreviver. Seu objetivo principal é atingir o controle homeostático com o ambiente, e aos poucos ele vai se tornando alerta e consciente sobre o responsável pelos seus cuidados. O sorriso social inicia- se entre o primeiro e segundo mês de vida. DESENVOLVIMENTO COGNITIVO Começa a prestar atenção aos rostos, a seguir as coisas com os olhos e a reconhecer as pessoas a distância ESTÁGIO DE 2 A 4 MESES • Desaparecimento gradativo dos reflexos primitivos • Desenvolvimento motor é craniocaudal • Movimentos mais intencionais • Manter a cabeça firme ao ser segurado pelo tronco • Começa a estender a mão da direção do eu lhe interessa. DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO Nessa fase o bebê já apresenta reciprocidade afetiva, vista pelo sorriso social, ao ser estimulado afetuosamente. Ele olha direta e demoradamente para a mãe ao ser amamentado, reage positivamente ao ser estimulado, sorrindo e emitindo grunhidos, demonstra satisfação nas atividades prazerosas, como aninhar-se ao corpo do cuidador. Desenvolvimento cognitivo Nessa fase, o bebê repete comportamentos que lhe pareçam agradáveis, ainda está focado em descobertas do seu próprio corpo, como chupar o dedo, colocar objetos na boca, ouvir os próprios sons, apertar as próprias mãos, permitindo saber se ele está feliz ou triste, responde ao afeto, pega o brinquedo com uma mão, usa as mãos e os olhos juntos, como ver um brinquedo e estender a mão para pegá-lo, segue coisas em movimento com os olhos de um lado para o outro, observa rostos de perto e reconhece pessoas familiares e coisas a distância. ESTAGIO DE 4 A 6 MESES Nesse momento do desenvolvimento são mais serenos, pacíficos, sem cólicas, sorrindo com mais frequência, iniciando um interesse maior pelo rosto humano, com os membros superiores, inferiores e a cabeça mais em linha média, fixando mais o olhar, melhor controle do tônus cervical, explorando os movimentos e objetos, ou seja, já vendo e percebendo um mundo a sua volta. Desenvolvimento motor Aos 4 meses a criança já consegue segurar objetos e quando está em decúbito ventral levanta a cabeça de forma firme, apoiando-se nos antebraços. Apresenta postura simétrica, mãos abertas, reflexo palmar já praticamente ausente e brinca com as duas mãos. Aos 6 meses apresenta mudança de posição de forma ativa (o bebê já rola com facilidade) e consegue levar objetos sozinha à boca. Consegue sentar, apoiando-se para a frente com as mãos ou um apoio, sustenta o peso com membros inferiores, agarra o cubo com as mãos, tenta pegar objetos pequenos e brinca com os pés. Em relação aos reflexos primitivos: os reflexos da procura ou voracidade e de preensão palmar a partir dos 4 meses desaparecem, e os movimentos vão se tornando voluntários. O reflexo de Moro começa a desaparecer e persiste até no máximo os 6 meses de vida. O tônico-cervical persistente nessa idade já representa uma possível lesão cerebral grave. Desenvolvimento da linguagem e da comunicação Aos 4 meses a criança emite alguns sons (“gugu”, “eee”), vocaliza socialmente, grita e sorri. Aos 6 meses, consegue emitir sílabas isoladas, com combinação de consoante e vogal (“ba”, “ga”), e consegue obter a localização da fonte sonora. Desenvolvimento socioemocional Nessa etapa do desenvolvimento infantil há um aumento da reciprocidadesocial entre a criança e o cuidador. Os bebês são agora capazes de antecipar a intenção do cuidador e acompanham seus movimentos. Com 6 meses manifestam expectativa do horário de comer, sentem o afastamento dos cuidadores, sorriem quando estimulados de forma ativa e intencional, bem como se decepcionam ao ser frustrados, fazendo caretas ou chorando. Desenvolvimento cognitivo Demonstra estar feliz ou triste, responde ao afeto de forma mais adequada, usa as mãos e os olhos juntos, como ver um brinquedo e estender a mão para pegá- lo, observa rostos de perto e reconhece coisas a distância.3,5,6,8 ESTÁGIO DE 6 A 9 MESES A segunda fase do primeiro ano de vida da criança é marcada por mudanças muito rápidas. As relações de troca com o adulto surgem mais frequentemente e seguem modificando a arquitetura cerebral. Desenvolvimento motor Após os 6 meses, o bebê consegue sentar-se sozinho, sem ajuda ou com mínimo suporte de um adulto, e ficar um bom tempo sem cair para os lados ou para a frente. Percebe a forma e a textura das coisas, sendo capaz de levar pedaços de alimentos à boca. A criança tenta se locomover, às vezes apenas balançando o corpo para a frente e para trás com os quatro membros no solo, com o tronco e a cabeça elevados ou até mesmo rastejando com o abdome rente ao solo. Já é capaz de virar de prono para supino e vice-versa, usando o rolar como forma de locomoção por volta de 8 meses. Aprende a transferir-se de deitado para sentado com apoio. Alguns lactentes, com 9 meses, conseguem engatinhar ou ficar de pé com apoio e se deslocam de um lado para o outro, por exemplo, apoiando-se no sofá. Nessa fase, a criança rola em todas as direções, inclusive durante o sono, o que requer muita atenção por parte de seus cuidadores. Desenvolvimento da linguagem e da comunicação Após os 6 meses, a criança passa a reconhecer seu nome e se vira para tentar encontrar a origem de algum som mais chamativo. Alguns sons específicos, como o do telefone, assim como o som que representa o nome de objetos ou ações (cachorro, gato, bola, tchau), também são aprendidos. O lactente imita muitos sons, como “da-da-da”, e sons específicos mais parecidos com palavras que balbucios. Desenvolvimento socioemocional As pessoas ainda são mais interessantes que objetos. Os bebês são agora capazes de compreender-se como um ser separado da mãe e do mundo, passam a perceber a intenção do cuidador, reconhecem alguns objetos de sua convivência, brincam com as mãos, pés, roupas e brinquedos. Aos 6 meses, já iniciam o entendimento de seus próprios sentimentos, como a diferença entre sentir sede e a necessidade de afeto, com indícios de dicas se querem água ou carinho, por exemplo. Sentem o afastamento dos cuidadores, sorriem quando estimulados de forma ativa e intencional. É esperado que o lactente se preocupe com ruídos altos, como o aspirador de pó, batidas ou com uma voz em tom severo. Passa a demonstrar preferência por determinadas pessoas, objetos ou lugares e muitas vezes chora quando outra criança chora. Progressivamente o bebê vai desenvolvendo as preferências entre seus familiares, culminando com a ansiedade de separação, que acontece por volta dos 9 meses. Desenvolvimento cognitivo Aos 6 meses olha as coisas por perto, demonstra curiosidade e tenta obter coisas e objetos que estão fora de alcance. Começa a passar os objetos de uma mão para a outra. Aos 9 meses observa o caminho de algo que cai, procura coisas que vê alguém esconder, entende a brincadeira de esconde-esconde, coloca os objetos com facilidade na boca e pega pequenas coisas como cereais entre o polegar e o indicador.5,6,8 ESTÁGIO DE 9 A 12 MESES Desenvolvimento motor Aos 9 meses os bebês começam a desenvolver as habilidades de se arrastar e engatinhar na direção daquilo em que voluntariamente têm interesse. Aos 10 meses caminham com o apoio de um adulto, sustentando o corpo nas próprias pernas. Aos 11 meses conseguem ficar em pé por seus próprios meios, e aos 12 meses deambulam se conduzidos pela mão. Desenvolvimento de linguagem e da comunicação Nessa faixa etária os bebês começam a silenciar quando existe um interlocutor e esperam para responder com vocalizações quando seus parceiros param de conversar. Aos 9 meses mostram objetos e respondem de forma efetiva com o movimento de cabeça quando não querem algo; aos 10 meses buscam objetos e levantam os braços para serem colhidos; aos 11 meses mostram, compartilham e começam a responder de forma motora a situações sociais como abanar com a mão. Aos 12 meses apontam com a mão aberta na direção do objeto e o tocam com intenção de exploração. Nessa fase a capacidade da criança de comunicação é mais importante que uma vocalização explícita. Algumas crianças, no final desse período, aos 12 meses, falam palavras singulares, que muitas vezes parecem representar o significado de toda uma sentença – conhecido como período holográfico. Desenvolvimento socioemocional Tipicamente nessa faixa etária, os bebês preocupam-se muito com o cuidador principal, podendo ter medo de outras pessoas que não fazem parte de seu cotidiano e mostrar-se muito reservados em situações novas. Já com 12 meses comunicam melhor suas emoções, mostrando claramente seu estado anímico e também um gradiente de resposta emocional diante de diversas situações, respondendo com intensidade positiva ou negativa em face de determinados estímulos. Desenvolvimento cognitivo Aos 12 meses o bebê explora as coisas de maneiras diferentes, como sacudir, bater e jogar. Olha para a imagem ou objeto certo quando é nomeado, imita gestos, começa a usar as coisas corretamente, por exemplo, bebidas de um copo, escova de cabelo, bate duas coisas juntas, coloca e tira as coisas de uma caixa, deixa as coisas correrem sem ajuda, cutuca com o dedo indicador e segue instruções simples como “pegue o brinquedo”.5,6,9 ESTÁGIO DOS 12 AOS 18 MESES Podemos considerar que 12 meses é uma idade formativa e transicional. Alguns comportamentos apresentados nessa fase só vão adquirir maior organização aos 15 meses e se consolidar aos 18, quando outros marcos se manifestam em sua forma inicial. Desenvolvimento motor No campo motor, a principal aquisição é a marcha. Aos 12 meses a criança assume a posição ereta e se sustenta sobre seus pés. Aos 15 meses, já prefere caminhar ereta, interagindo mais com o ambiente que a cerca. Consegue segurar objetos pequenos com precisão e facilidade. Nessa idade, sob estímulo, já consegue soltar um bloco dentro de uma caneca, articulando a coordenação visomotora com a habilidade de preensão e soltura voluntária. Contudo, aos 18 meses já terá a capacidade de colocar até 10 blocos dentro de uma caneca de forma ordenada, demonstrando um aprimoramento que é associado à maturidade. Desenvolvimento da linguagem e da comunicação O processo de aquisição da linguagem, na ausência de comprometimentos neurológicos ou de insuficiência nas relações com o ambiente social, ocorre de forma tão ordenada quanto o que se observa nos comportamentos motor ou adaptativo. Aos 12 meses, a criança já compreende e reconhece boa parte das situações e objetos que fazem parte de seu cotidiano. Embora sua fala inclua apenas duas ou três palavras com significado, além de “papá” e “mamá”, ela já compreende ordens ou solicitações simples (“me dê a bola”), além de olhar corretamente para os objetos indicados pelos pais ou mesmo apontá- los para especificar o que deseja. Aos 15 meses a criança fala 4-6 palavras incluindo nomes, usando um jargão mais rico e elaborado. Aos 18 meses a linguagem da criança se aprimora, seu jargão se mostra correlato à maior percepção das pessoas e de eventos de sua rotina diária e seu vocabulário se amplia (em torno de 50 palavras).Desenvolvimento socioemocional Nesse período do desenvolvimento a criança gosta de entregar coisas aos outros como brincadeira, pode ter acessos de raiva quando frustrada, tem medo de estranhos, demonstra afeto por pessoas conhecidas, pode se apegar aos cuidadores em novas situações, mostra aos outros algo interessante e explora sozinha com os pais em vigilância. Desenvolvimento cognitivo Mostra interesse em uma boneca ou bicho de pelúcia fingindo alimentá-los, aponta para uma parte do corpo, rabisca sozinho, pode seguir comandos verbais de 1 passo sem quaisquer gestos; por exemplo, se senta quando alguém diz “sente-se”.5,6,9 ESTÁGIO DOS 18 AOS 24 MESES O período que se inicia a partir dos 18 meses de vida deve ser visto com especial atenção, pois possíveis atrasos na comunicação e desenvolvimento da linguagem, assim como atrasos leves no desenvolvimento motor, podem ser melhor observados nessa fase. Desenvolvimento motor Com 18 meses, as crianças já conseguem andar com segurança e até dar pequenas corridas, além de conseguirem subir e descer degraus baixos e se sentarem em cadeiras pequenas. A partir dos 2 anos, evoluções motoras importantes costumam ser observadas: a criança já é capaz de ficar na ponta dos pés, chutar e lançar bolas sem ajuda, aprende a correr, subir escadas, escalar, pular e abrir maçanetas e começa a tirar sozinha algumas peças de roupa. Em relação à coordenação, consegue copiar grosseiramente desenhos de círculos e linhas horizontais, manifesta preferência pelo uso de uma das mãos e segue ordens com dois comandos diferentes. Desenvolvimento da linguagem e da comunicação Ao se aproximarem dos 2 anos já estão usando entre 50-200 palavras e formando frases com 1 substantivo e 1 verbo. Aos 18 meses a criança começa a obedecer a ordens simples e, quando solicitada, reconhece e aponta fotos, pessoas e partes do corpo, assim como o nome de objetos familiares. Aos 2 anos se chama pelo nome, completa frases e começa a diferenciar cores, formas e animais. Desenvolvimento socioemocional Um marco importante da criança entre 1-24 meses é o aprendizado do sentimento de posse, quando passa a entender o conceito de “meu” e “não” e a repetir frequentemente essas palavras no dia a dia. Nesse contexto, costuma brincar sozinha (com bonecos, p. ex.) e com mais de um brinquedo ao mesmo tempo, embora aceite a companhia de outras crianças para brincar. Ao mesmo tempo que podem demonstrar um comportamento desafiador, iniciando comportamentos de birra, crianças nessa faixa etária começam a demonstrar vergonha, culpa ou tristeza após a transgressão de uma regra. Desenvolvimento cognitivo Ao final desse período as crianças já encontram as coisas mesmo quando escondidas sob duas ou três tampas, começam a classificar formas e cores, completam frases e rimas em livros já familiares, brinca de jogos simples de faz de conta, segue instruções de 2 etapas, como “pegue seus sapatos e coloque-os no armário”, e nomeia itens em um livro de imagens, como um gato, pássaro ou cachorro.5,6,9 ESTÁGIO DE 2 A 3 ANOS Desenvolvimento motor Nesse momento a criança corre e bate numa bola sem perder o equilíbrio, tenta se equilibrar num só pé, sobe escadas alternando movimentos de membros inferiores, colocando um pé de cada vez no degrau, consegue se manter em pé sobre uma única perna, salta no mesmo local com ambos os pés e consegue andar de triciclo. Desenvolvimento da linguagem e da comunicação A criança estabelece relações entre objetos e palavras, amplia o tempo de atenção e concentração, aprimora a percepção auditiva e visual, segue as instruções com 2 ou 3 etapas, pode citar coisas mais familiares, fala o primeiro nome, idade e sexo, nomeia um amigo, diz palavras como “eu”, “nós” e “você”, alguns plurais (carros, cães, gatos), fala bem o suficiente para que estranhos o entendam na maior parte do tempo e mantém uma conversa usando 2-3 frases. Desenvolvimento socioemocional Imita adultos e amigos, demonstra afeto pelos amigos sem precisar ser estimulado, demonstra preocupação por um amigo chorando, compreende a ideia de “meu”, “dele” ou “dela”, mostra uma ampla gama de emoções, separa-se facilmente da mãe e do pai e pode ficar chateado com grandes mudanças na rotina. Desenvolvimento cognitivo Consegue usar brinquedos com botões, alavancas e peças móveis, brinca de faz de conta com bonecos, animais e pessoas, monta quebra-cabeças com 3 ou 4 peças, entende o que “dois” significa, copia um círculo com lápis ou giz de cera, vira as páginas do livro uma de cada vez, constrói torres de mais de 6 blocos, parafusa e desparafusa as tampas do frasco ou gira a maçaneta da porta.5,6,9 ESTÁGIO DE 3 A 6 ANOS Nesse momento do desenvolvimento a formação de novas sinapses reduz o ritmo nas áreas de broca (responsável pela linguagem), giro angular (expressão verbal), córtex visual (visão) e córtex auditivo (audição) e torna-se mais intensa no córtex pré-frontal, responsável por funções cognitivas mais elevadas. É o estágio do pensamento representativo, quando a criança começa a gerar representações da realidade no próprio pensamento, possibilitando a aprendizagem da fala e as brincadeiras de “faz de conta”. Desenvolvimento motor Aos 4 anos sobe e desce escadas alternando os pés, salta sobre um pé e consegue lançar uma bola, tendo maior controle dos movimentos. Desenha uma figura humana simples (garatuja nomeada), o controle vesical diurno e o anal estão consolidados e o vesical noturno em consolidação. Aos 5 anos, pula e pega uma bola arremessada e salta alternadamente sobre cada pé. Copia um triângulo, desenha uma pessoa em 6 partes (etapa pré- esquemática) e usa a tesoura. Aos 6 anos anda em linha reta usando toda a superfície do pé. A lateralidade está definida e consegue escrever o próprio nome e está apta a comer sozinha com uma colher. Desenvolvimento da linguagem e da comunicação Nessa fase lembra, conta historinhas e responde perguntas simples. Entre 4-5 anos, a criança adquiriu um vocabulário alargado, constituído de 1.500-2.000 palavras, manifestando um grande interesse pela linguagem. Apresenta grande curiosidade e faz muitas perguntas, gostando de contar e inventar histórias, usando conjunções e compreendendo preposições. Entre 5-6 anos aprecia conversar durante as refeições, realizando muitos questionamentos (fase dos “porquês?”) e utiliza corretamente o plural, os pronomes e tempos verbais. Desenvolvimento socioemocional Procura constantemente testar o poder e o limite dos outros e pode ter amigos imaginários com grande capacidade de fantasiar. A criança entre 5-6 anos consegue seguir bem as instruções e aceita supervisão. Está mais calma, não é tão exigente nas relações, gosta de copiar os adultos e tem maior sensibilidade às necessidades e sentimentos dos outros. A mãe ainda é o centro do mundo, e a criança receia perdê-la, podendo apresentar medos e certa ansiedade de separação. Desenvolvimento cognitivo Reconhece bem todas as cores, números, entende conceitos de antes e depois, em cima e embaixo e conceitos de tempo, como ontem, hoje e amanhã. Conhece as diferenças de sexo e começa a interessar- se por saber de onde vêm os bebês. Consegue assegurar sua higiene com autonomia. Pode escrever algumas letras ou números, copia um triângulo e outras formas geométricas e entende sobre coisas usadas no dia a dia, como dinheiro e comida.5,6,10 ESTÁGIO DE 6 A 10 ANOS Desenvolvimento motor Conseguem pular e arremessar, equilibram-se em um pé sem olhar, andam em uma barra de 5 cm de largura, pulam sobre um pé só e saltam com precisão dentro de um quadrado, têm força de preensão de aproximadamente 5 kg, executam saltos rítmicos e alternados, correm a uma velocidade de 4 m por segundo, arremessam bolaa 12 m de distância e saltam a uma distância de 1,2 m. Desenvolvimento da linguagem e da comunicação As crianças são capazes de compreender, interpretar e se fazerem entendidas com muito mais habilidades, inclusive na linguagem escrita. O vocabulário aumenta substancialmente, e as crianças atribuem vários significados a uma mesma palavra. Por exemplo, manga pode significar a fruta ou a parte da camisa. É importante observar que, nessa fase, as crianças são capazes de compreender figuras de linguagem, como alegorias e metáforas. A maior habilidade da linguagem nessa fase escolar é o pragmatismo, ou seja, o uso prático da linguagem com a intenção de transmitir uma comunicação, envolvendo a iniciação, a narração e a manutenção da conversação. Desenvolvimento socioemocional Nessa época as crianças aprendem valores próprios da sua cultura, crescendo em competência, aprimorando a capacidade de dominar certas habilidades e realizar tarefas. Nesse momento percebe-se, de forma mais clara, a autoestima das crianças que tiveram adequadas relações com seus pares ao longo do tempo, amparadas pela atitude positiva dos pais e cuidadores, diante dos desafios diários ao longo de seu desenvolvimento. Desenvolvimento cognitivo Passa a ser capaz de realizar operações mentalmente e não mais depender apenas de ações físicas da inteligência sensório motora, por exemplo: qual é a vareta maior entre várias; a criança será capaz de responder acertadamente, comparando-as mediante a ação mental, ou seja, sem precisar medi-las usando a ação física. Contudo, embora a criança consiga raciocinar de forma coerente, tanto os esquemas conceituais como as ações executadas mentalmente se referem, nessa fase, a objetos ou situações passíveis de serem manipulados ou imaginados de forma concreta, dependendo ainda de suas experiências objetivas para deduzir os resultados possíveis.5-12 REFERÊNCIAS Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. Saúde da criança: aleitamento materno e alimentação complementar. 2. ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2015. (Cadernos de Atenção Básica; n. 23). Sociedade Brasileira de Pediatria. Tratado de pediatria. 2. ed. Barueri: Manole, 2010. Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF). Dez passos para o sucesso do aleitamento materno. [acesso em 25 maio 2021]. Disponível em: https://www.unicef. pt/media/2300/iab_10- medidas_sucesso-aleitamento-materno-2018-09.pdf.
Compartilhar