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LIANE BROILO BARTELLE INTRODUÇÃO A IA Sumário INTRODUÇÃO ������������������������������������������������� 3 DEFINIÇÃO, HISTÓRIA E EVOLUÇÃO ������������� 5 Definição �������������������������������������������������������������������������������� 7 História �������������������������������������������������������������������������������� 11 Evolução ������������������������������������������������������������������������������ 13 LINHA CONEXIONISTA ��������������������������������18 LINHA SIMBÓLICA ���������������������������������������20 MOTIVAÇÕES E LIMITAÇÕES ����������������������22 VANTAGENS DA IA���������������������������������������28 EXEMPLOS DE APLICAÇÃO E PRINCIPAIS INICIATIVAS ����������������������������32 CONSIDERAÇÕES FINAIS ����������������������������38 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS & CONSULTADAS ��������������������������������������������40 2 INTRODUÇÃO Com os avanços da Internet e das tecnologias digitais, muitas possibilidades começaram a sur- gir no mercado para atender a sociedade como um todo, incluindo as empresas. As tecnologias estão aí para trazer facilidade, praticidade, como- didade e otimização do nosso dia a dia. A partir deste contexto, ao conhecê-las melhor, podemos tirar um proveito maior delas, usufruindo e tendo benefícios na nossa vida. Logo, uma dessas tecnologias e que iremos co- meçar a abordar aqui é a Inteligência Artificial (IA), que surgiu por volta dos anos de 1950. No entanto, novos debates em relação à IA, muito ainda se questiona sobre essa tecnologia, mas também muita evolução pode acontecer, está acontecendo e ainda acontecerá tendo em vista o aumento da procura por conhecimento acerca do que é a IA e o que ela pode oferecer, bem como estudos na área. Broilo (2022) diz que a IA não é um “bicho de sete cabeças”, contudo muitas pessoas acabam se assustando quando se deparam com uma nova tecnologia, e isso ocorre por falta de conheci- mento até então sobre ela. A autora ainda diz que um exemplo disso é quando surgiram os e-mails, fazendo o envio de cartas cair em desuso, porém logo a população passou a adotar plataformas 3 para o envio de correspondências. Outro exemplo que temos é das plataformas de streaming, que acabaram reduzindo drasticamente a audiência da TV aberta. Afinal quantos de nós assistimos a um filme ou série no Netflix, na Amazon, na Disney+ ao invés de assistir nos canais de televisão aberta? Ou também quantos de nós preferem assistir ao YouTube do que assistir à programação da televi- são tradicional? Assim, abordaremos ao longo deste e-book a definição, a história e a evolução da IA, além de estudarmos a linha conexionista e a linha sim- bólica. Falaremos também sobre motivações e limitações dessa tecnologia, além, é claro, das suas vantagens; trazendo também exemplos em que a IA pode ser aplicada e principais iniciativas ao se apropriar dela. 4 DEFINIÇÃO, HISTÓRIA E EVOLUÇÃO Você sabe o que é inteligência? Kaufman (2022b, p. 8, grifo do autor) nos traz a seguinte informação: Para Feynman, as futuras máquinas não pensarão como os seres humanos, da mesma forma que um avião não voa como os pássaros. Entre outras dife- renças, os aviões não batem asas; são processos, dispositivos e materiais distintos. Quanto à questão de as máquinas superarem a inteligência humana, na visão do físico, o ponto de partida está na própria definição de “inteligência”. De fato, é difícil definir o que entendemos por “inteligência”. Segundo Stuart Russell, pesquisador que é referência no campo da inteligência artificial, uma entidade é inteligente na medida em que o que faz é capaz de alcançar o que deseja. Russell escreve: “Todas essas outras características da inteligência – perceber, pensar, aprender, inventar e assim por diante – podem ser compreendidas por meio de suas contribuições para nossa capacidade de agir com sucesso”. Russell lembra que o conceito de inteligência, desde os pri- mórdios da filosofia grega antiga, está associado a capacidades humanas (perceber, raciocinar e agir). 5 Assim, de maneira breve, isso porque até mesmo a autora, juntamente com os apontamentos de Stuart e Russell informa, definir inteligência não é algo banal, todavia ela pode ser entendida como a capacidade de conhecer, compreender e aprender. Deste modo, começamos a abarcar no campo das tecnologias. Desde meados da década de 1950 uma nova tecnologia surgiu e muito tem se falado nela desde então. Estamos falando a respeito da Inteligência Artificial (IA). E em relação a isso, o autor Kurzweil (2015, p. 151) diz: A inteligência artificial está à nossa volta – não temos mais a mão na tomada. O simples ato de nos conectarmos com alguém por meio de uma mensagem de texto, e-mail ou celular usa algo- ritmos inteligentes para direcionar a informação. Quase todo produto que tocamos foi desenhado originalmente por uma colaboração entre inteli- gências humanas e artificiais, e depois construído em fábricas automatizadas. Se todos os sistemas de IA decidissem entrar em greve amanhã, nossa civilização ficaria aleijada: não conseguiríamos tirar dinheiro do banco, e, na verdade, nosso dinheiro desapareceria; comunicações, transportes e fábri- cas parariam completamente. Felizmente, nossas máquinas inteligentes ainda não são inteligentes o suficiente para organizarem uma conspiração dessas. 6 E para melhor entender como essa tecnologia funciona, vamos conhecer a sua definição, a sua história e a sua evolução. DEFINIÇÃO Temos muitas tecnologias digitais hoje em dia a nosso dispor, não é mesmo? Você provavel- mente está fazendo esse curso na modalidade de Educação a Distância (EaD), por isso você, além de utilizar um computador, um tablet ou um smartphone com acesso à Internet, você precisa entrar em uma plataforma de ensino, que pode ser o Canvas, por exemplo, para ter acesso à sua disciplina e começar a aprender muitas coisas novas, adquirindo conhecimento. Com a IA é assim também, ou seja, ela é mais uma das tecnologias que faz parte da nossa vida, porém às vezes ela é imperceptível e com isso nem sabemos que estamos tendo contato com ela. Por passar despercebidamente em alguns casos, isso faz talvez com que muitas pessoas ainda não a conheçam tão a fundo. Para você perceber como a IA está presente na nossa vida já no começo deste e-book, um exemplo de IA é o corretor ortográfico do nosso celular. Toda vez que mandamos uma mensagem por WhatsApp para um amigo, colega ou familiar, e escrevemos uma palavra errada, o corretor ortográfico nos sugere a versão correta 7 para essa palavra – isso é uma das versões da IA. Simples e prático, não é mesmo? Sendo assim, a Inteligência Artificial, segundo Feigenbaum (1981 apud FERNANDES, 2003), é a parte da Ciência da Computação que se dedica ao desenvolvimento de sistemas de computadores inteligentes, em outras palavras, sistemas que apresentam características as quais se relacionam com a inteligência no comportamento do homem. Logo, um computador apropriado com a IA busca perceber, raciocinar e, diante disso, ter uma ação – tomada de decisão. Os autores Russell e Norvig (2013) também nos trazem alguns conceitos de IA conforme a visão de estudiosos sobre o tema, os quais podemos verificar na Tabela 1. Tabela 1: Conceitos de IA Pensando como um humano Pensando racionalmente “O novo e interessante esfor- ço para fazer os computado- res pensarem (...) máquinas com mentes, no sentido total e literal.” (HAUGELAND, 1985). “[Automatização de] ativida- des que associamos ao pen- samento humano, atividades como a tomada de decisões, a resolução de problemas, o aprendizado...” (BELLMAN, 1978) “O estudo das faculdades mentais pelo uso de modelos computacionais.” (CHARNIAK E MCDERMOTT, 1985). “O estudo das computações que tornam possível perceber, raciocinar e agir.” (WINSTON, 1992). Agindo como seres humanos Agindo racionalmente 8 “A arte de criar máquinas que executam funções queexigem inteligência quando executadas por pessoas.” (KUZWEIL, 1990) “O estudo de como os compu- tadores podem fazer tarefas que hoje são melhor desem- penhadas pelas pessoas.” (RICH AND KNIGHT, 1991). “Inteligência Computacional é o estudo do projeto de agentes inteligentes.” (POOLE et al., 1998). “IA [...] está relacionada a um desempenho inteligente de artefatos.” (NILSSON, 1998). Fonte: RUSSELL; NORVIG, 2013, p. 26. Adaptado. Para Gabriel (2022), com a IA, as ferramentas pas- sam a ser mais ativas. Mas o que isso significa? De acordo com a autora, elas aprendem, criam sozinhas e também se tornam intuitivas. Mas o que seria uma tecnologia intuitiva? Elas “conseguem prever situações futuras sem a menor intervenção humana e sem ter que partir do zero a cada nova situação” (p. 8). Ao analisarmos essas definições sobre a IA, co- meçamos então a entender um pouco porque ela traz facilidade, praticidade, comodidade e é capaz de otimizar tarefas no nosso dia a dia. No artigo IA: O Tsunami que está prestes a mudar o mundo, escrito por Carlos Cardoso, o autor diz que a IA vai dominar o mundo, e isso é um fato, e, portanto, ele explica porque acredita nessa versão expondo di- SAIBA MAIS 9 versas informações sobre a tecnologia. Para ler este artigo acesse o site: https://meiobit.com/460459/ ia--o-tsunami-que-esta-prestes-a-mudar-o-mundo/?fbclid- IwAR3C3ieTemCJj_eFBHFrNyZrUNLwIjxWpfMMe4Le- dUIEYDV7KWJpXgw9gbM&mibextid-Zxz2cZ. Antes de passarmos para o próximo subtópico, em que contaremos um pouco da história da Inteligên- cia Artificial, é interessante conhecermos o ponto de vista do filósofo italiano Luciano Floridi (2020, on-line) que diz que a IA é um oximoro, isso porque para ele tudo o que é verdadeiramente inteligente nunca é artificial, e também tudo o que é artificial nunca é inteligente. E filósofo e sociólogo francês, Pierre Lévy (2021d apud BROILO; GUEDES, 2022), também dá o seu parecer sobre a IA dizendo que quando observamos a história, temos uma tendência em classificar os sistemas que se apropriaram da inteligência artificial, como tecnologias avançadas, visto o seu surgimento, no entanto alguns anos mais tarde, estes mesmos aplicativos usados na atualidade, serão interpretados como algo comum da computação. O que Floridi e Lévy querem dizer com tudo isso? Para Floridi, há uma percepção que ainda não ficou claro que de fato existam tecnologias inteligentes e que estas sejam artificiais. E para Lévy, que quando algo novo surge, no campo das tecnologias, imedia- 10 https://meiobit.com/460459/ia-o-tsunami-que-esta-prestes-a-mudar-o-mundo/?fbclid=IwAR3C3ieTemCJj_eFBHFrNyZrUNLwIjxWpfMMe4LedUIEYDV7KWJpXgw9gbM&mibextid=Zxz2cZ https://meiobit.com/460459/ia-o-tsunami-que-esta-prestes-a-mudar-o-mundo/?fbclid=IwAR3C3ieTemCJj_eFBHFrNyZrUNLwIjxWpfMMe4LedUIEYDV7KWJpXgw9gbM&mibextid=Zxz2cZ https://meiobit.com/460459/ia-o-tsunami-que-esta-prestes-a-mudar-o-mundo/?fbclid=IwAR3C3ieTemCJj_eFBHFrNyZrUNLwIjxWpfMMe4LedUIEYDV7KWJpXgw9gbM&mibextid=Zxz2cZ https://meiobit.com/460459/ia-o-tsunami-que-esta-prestes-a-mudar-o-mundo/?fbclid=IwAR3C3ieTemCJj_eFBHFrNyZrUNLwIjxWpfMMe4LedUIEYDV7KWJpXgw9gbM&mibextid=Zxz2cZ tamente, muitas pessoas tendem a dizer que é um sistema de IA, isso porque é “algo novo”, contudo, após um tempo, já não associamos mais essas tec- nologias a algo verdadeiramente inteligente, e como exemplo temos o corretor ortográfico do telefone celular. Logo que esse sistema surgiu, podíamos até ficar admirados com tamanha perspicácia da ferramenta, no entanto, hoje em dia, há quem não pense mais assim, e trate esse sistema como algo normal, comum, mas não inteligente de fato. HISTÓRIA Algo com mais de 30, 40, 50 anos é novo para você ou você já considera isso como uma coisa antiga, velha, ultrapassada? Se pensarmos que o carro surgiu lá pelos anos de 1880, e ainda é muito usado por todos nós e com o passar do tempo ele é aprimorado cada vez mais, então se eu lhe disser que a IA surgiu em meados de 1956, podemos até considerar que ela seja uma tecnologia nova, não? E por ser considerada “nova”, há muito ainda para evoluir. Isso porque ela também já passou por al- guns invernos. Mas o que seriam esses invernos? Os invernos da IA, segundo Broilo (2022, p. 33), “representam uma pausa nas discussões sobre a tecnologia, críticas e descrença sobre suas reais capacidades e utilidades.”. 11 Mas vamos voltar então para o ano de 1956, nesse período o termo Inteligência Artificial foi cunhado quando ocorreu em Dartmouth College (EUA) o primeiro workshop moderno para profissionais da IA, onde a proposta nesta conferência era reunir muitos dos então pesquisadores daquela época que estavam voltados para a integração entre computação e inteligência (LUGER, 2013). Conheça mais sobre a história da Inteligência Artifi- cial contada pela empresa estadunidense da área da informática, IBM. No vídeo a organização apresenta a cronologia desta tecnologia. Assista ao vídeo no site: https://www.youtube.com/watch?v-OcR3x3QwFz4. Para o cientista da computação Kai-Fu Lee (2019 apud BROILO, 2022), a IA há poucos anos atrás era um campo que existia principalmente em laboratórios de pesqui- sa acadêmica e filmes de ficção científica, contudo atualmente muito já se fala sobre a IA em artigos de inovações na área que cobrem as páginas dos jornais, em conferência sobre como a IA pode alavancar os lucros das empresas, e até mesmo os governos estão lançando seus próprios planos nacionais para explorar a tecnologia. A IA saiu de um workshop em Dartmouth College, teve seus períodos de altas e baixas, mas hoje em dia ela está cada vez mais presente no debate, seja no campo SAIBA MAIS 12 https://www.youtube.com/watch?v=OcR3x3QwFz4 acadêmico, seja no mundo dos negócios e no meio da sociedade como um todo. EVOLUÇÃO O tema inteligência artificial já foi abordado em muitos filmes. Hollywood gostou tanto que lançou alguns filmes que são muito conhecidos por nós, como Matrix, Exterminador do Futuro, Eu, Robô, AI – Inteligência Artificial (KLEINA, 2018), e o mais recente Moonfall – Ameaça Lunar, lançado em 2022 com a atriz Halle Berry. Aliás, para quem gosta desse assunto, vale a pena assistir essas produções audiovisuais cheias de efeitos visuais e sonoros. Vamos conhecer então a evolução da IA conforme proposto por Kleina (2018): y 1943: um artigo que trata pela primeira vez sobre redes neurais é apresentado por Warren McCulloch e Walter Pitts. y 1950: o matemático Alan Turing, conhecido por muitos como o pai da IA, criou o que ficou conhecido como o Teste de Turing. Neste teste o computador passa por uma avaliação, sendo interrogado por um humano, caso o humano não consiga descobrir se as respostas dadas vêm 13 de uma pessoa ou de um computador, a máquina é aprovada no Teste de Turing. (BROILO, 2022, p. 11). y 1951: foi desenvolvida por Marvin Minsky a SNARC, uma calculadora de operações matemá- ticas simulando sinapses. y 1952: um jogo de damas da IBM foi criado por Arthur Samuel, o qual era capaz de se aprimorar por conta própria, bem como ser um desafio à altura dos jogadores amadores. y 1956: o marco-zero da IA, pois foi quando aconteceu a Conferência de Dartmouth. y 1957: o algoritmo perceptron é apresentado por Frank Rosenblatt, sendo este algoritmo uma rede neural de uma camada que classifica resultados. y 1958: linguagem de programação Lisp surge, inspirando até hoje uma família inteira de lingua- gens, até ter se tornado um padrão em sistemas de IA naquela época. y 1959: o termo machine learning (aprendizado de máquina) surge pela primeira vez, sendo este um sistema que possibilita aos computadores a capacidade de aprender alguma função sem que estes sejam programados para isso. y 1964: ELIZA, o primeiro chatbot (software que busca simular um ser humano conversando com outras pessoas, conforme apresentado na Figura 1) do mundo nasce, que conversava de maneira automática,imitando um psicanalista, tendo como 14 base as suas respostas vindas de palavras-chave e estrutura sintática. Figura 1: Chatbot Fonte: Disponível em: https://pixabay.com/pt/vectors/ atendimento-ao-cliente-chatbot-7325332/. Adaptado. y 1969: Shakey, o primeiro robô que une fala, mobilidade e alguma autonomia de ação é demons- trado ao público, porém funcionava com algumas falhas e era lento. y 1970 a 1980: inverno da IA – robôs não eram capazes de andar e nem dotados se softwares altamente capacitados; poucas novidades na área; cortes em investimentos; baixa atenção neste setor computacional. y 1980: Edward Feigenbaum, no começo dos anos 80, propõe os sistemas especialistas (softwares que executam funções complexas e específicas 15 https://pixabay.com/pt/vectors/atendimento-ao-cliente-chatbot-7325332/ https://pixabay.com/pt/vectors/atendimento-ao-cliente-chatbot-7325332/ de um campo, que são capazes de fazer o papel de humanos, no entanto seu raciocínio é mais veloz, tendo também uma base de conhecimento mais vasta). Logo esses sistemas levam a IA mais próxima do mercado corporativo e demais setores que visualizam os programas de computador inte- ligentes e focados como úteis para os negócios. y 1990: um segundo inverno de IA acontece por conta da explosão da Internet comercial, no entanto ele foi logo superado. y 1997: ano em que pela primeira vez uma má- quina derrotou o homem em um jogo de xadrez. y 2002: o primeiro assistente de limpeza au- tônomo, chamado de Roomba foi lançado pela empresa iRobot. y 2005: o robô BigDog foi lançado pela empresa Boston Dynamics, sendo este capaz de se movi- mentar por terrenos de difícil acesso para humanos. y 2008: a empresa Google trouxe novamente ao mercado o processamento de linguagem natural, implantando no Iphone o recurso de reconheci- mento de voz. y 2011: a Apple lançou a Siri, sua assistente virtual. E em seguida a Amazon lançou a Alexa. y 2011: a IBM lança um supercomputador e plataforma de inteligência artificial chamado de Watson. y 2011: os professores Sebastian Thrun e Peter Norvig começam a ofertar o curso on-line e gra- tuito sobre “Introdução à Inteligência Artificial”, na Universidade do Vale do Silício, a Udacity. 16 y 2012: a Google começa a treinar um algoritmo para reconhecer gatos em vídeos do YouTube. y 2014: Eugene Goostman, um chatbot, venceu o teste de Turing, convencendo os jurados em uma conversa por escrito de que ele, um programa, era na verdade um humano. y 2016: a Deepmind lança o AlphaGo, um jogo de tabuleiro impressionante e vencedor. Na década de 20 do século 21, a IA está presente em praticamente todos os smartphones, serviços de streaming (Ex.: quando a Netflix sugere ao usu- ários filmes, séries e documentários conforme o que ele tem assistido nos últimos tempos; ou tam- bém quando a Amazon dá sugestão de produtos conforme as pesquisas realizadas pelo usuário e/ou as últimas compras feitas na plataforma), nos games, e em diversos softwares implantados nas empresas (Ex.: quando um caminhão chega em uma transportadora, pelo sistema de câmeras conectados a um computador apropriado, a IA identifica a placa do veículo, horário de chegada, dá entrada dele no sistema, entre outras funções, que até então eram realizadas por um ser humano, o que demanda mais tempo, possibilidades de erros e encargos financeiros). 17 LINHA CONEXIONISTA Gabriel (2022) explica que o cérebro humano foi responsável por inspirar diversas pesquisas na busca por simular o processo de aprendizado e tomada de decisão. Gabriel ainda informa que, formado por células relativamente simples e neurônios que através das sinapses trocam informações, o cérebro foi base de estudo para formação de um sistema computacional que tivesse capacidade de processamento que se aproximasse ao ser humano. Sendo assim, quando falamos em linha conexio- nista, estamos nos referindo ao desenvolvimento de um sistema computacional modelado com base na inteligência humana, conforme os elementos do cérebro. Para tanto, estudar os neurônios e as sinapses foi fundamental para os profissionais da área da computação que queriam desenvolver um sistema inteligente artificial. A IA conexionista é baseada na simulação dos compo- nentes do cérebro (modelagem da inteligência humana) e o principal exemplo são as redes neurais. Esse conceito surgiu em 1943 e foi criado por McCulloch e Pitts, que fizeram a proposta do primeiro modelo matemático de um neurônio. Mais tarde, Rosenblatt criou o que hoje FIQUE ATENTO 18 chamamos de redes neurais por meio da definição do Perceptron, que é um assunto obrigatório para ser estudado quando iniciamos o estudo sobre as redes neurais. No início, essa linha de pesquisa da IA não teve muitas contribuições pelo fato de que eram necessários muitos recursos de hardware que não estavam disponí- veis na época. Com o problema do hardware resolvido atualmente, temos as chamadas redes profundas (deep learning), que podem ser consideradas uma grande evolução das redes neurais e estão presentes em vários softwares famosos de IA, tal como o Watson, da IBM. (GRANATYR, 2017, [n.p.]). E ao estudar o cérebro humano, houve a motivação para “o desenvolvimento dos métodos conexio- nistas de AM, as Redes Neurais Artificiais (RNAs) (BRAGA et al., 2007; HAYKIN, 1999a apud GABRIEL, 2022, p. 101). 19 LINHA SIMBÓLICA Imagine uma árvore, do seu topo até o chão, e em cada parte dela temos informações, e confor- me avistamos o ponto mais alto da árvore, mais importante a informação é. Essa é basicamente a estrutura da linha simbólica, em que, segundo Gabriel (2022) explica, a representação de conhe- cimento extraída dos dados pode ser feita com es- truturas simbólicas, cujo conhecimento organizado é extraído de uma hierarquia de decisões, a qual podemos chamar de “Árvore de Decisão”. Assim, Gabriel complementa dizendo que as decisões são refinadas até a obtenção da classificação final. A IA simbólica está relacionada com a forma que o ser humano raciocina e foi popularizada com o surgimento dos Sistemas Especialistas e principalmente pela influên- cia da linguagem Prolog. Se você não conhece, o Prolog é uma linguagem de programação totalmente baseada em lógica de predicados que opera por meio de regras e símbolos. John McCarthy (criador da linguagem Lisp) e Newell (criador do Solucionador Geral de Problemas) foram os principais personagens dessa abordagem que, em resumo, apresenta um conhecimento explícito de um determinado problema e que também possui uma explicação do processo que levou a resposta dada pelo sistema de IA. O exemplo clássico da IA simbólica são FIQUE ATENTO 20 os sistemas especialistas, que necessitam que o conhe- cimento sobre o problema seja definido manualmente no sistema para que ele possa raciocinar e tomar as decisões. (GRANATYR, 2017, [n.p.]). No entanto, Granatyr (2017) nos informa que na atualidade a linha conexionista é um dos principais padrões de aprendizagem, fazendo assim com que a linha simbólica fique mais obsoleta. E Gabriel (2022) explica porque isso acontece, ao afirmar que por vezes uma árvore que busca dar respostas com antecedência pode ter um desempenho com- petitivo e até mesmo superior que outras técnicas, contudo a capacidade de interpretação do modelo obtido pode ser perdida, o que pode causar falhas e deficiências na análise. 21 MOTIVAÇÕES E LIMITAÇÕES Imagine que você é dono de uma empresa, e seu objetivo logicamente é ter sucesso no seu negócio. Logo, hoje em dia, você precisará agregar alguns elementos no dia a dia da sua organização, sendo eles: tecnologia, conectividade e conteúdo. O sistema tecnológico que a sua empresa adotar deve ser capaz de otimizar todos os processos do empreendimento, desde o controle do almoxarifado até as ações tomadas pelo setor administrativo. Contudo, como essa tecnologia fará isso? Para tanto, ela precisará se apropriar deum sistema de conectividade e claro, ter conteúdo para gerar as respostas, as soluções e os resultados que sua empresa precisa. Há um ditado muito comum para quem trabalha com sistema de IA que é: “se entra lixo, também sai lixo”. E o que isso significa? Basicamente esse ditado quer dizer que se você precisa, por exemplo, que o software instalado na sua empresa contabi- lize o que há no seu estoque, o fluxo de entrada e saída de mercadorias, matéria-prima, dentre outros aspectos, então você precisa alimentá-lo com dados e informações corretas e atualizadas, pois deste 22 modo as chances de os resultados obtidos serem o mais assertivo possível aumentam. Considerando isso, o que muitas pessoas espe- ram é que a IA seja capaz de solucionar muitos problemas operacionais, otimizar o tempo gasto em diversas tarefas, minimizar as perdas das mais variadas (desde perdas financeiras, até de produtos, funcionários etc.) e realize tudo isso – e muito mais – com excelência. No entanto, Coppin (2010, p. 18) diz que ao “execu- tar um programa computacional que se comporte de modo inteligente, não necessariamente produz compreensão, consciência ou inteligência verda- deira”. E como podemos aferir isso? Primeiro precisamos conhecer, conforme Broilo (2022) aponta, os três níveis da IA, que são: y Narrow ou Inteligência Artificial Restrita: é a IA mais presente atualmente em muitos dos sistemas. Ex.: Corretor ortográfico do celular, jogo de xadrez, veículo autônomo. No entanto, nesse estágio, a IA não é capaz de operar todas essas funções dadas no exemplo, de maneira integrada, ela consegue realizar apenas em blocos. y Inteligência Artificial Geral: estágio em que a IA se aproxima mais ainda da inteligência huma- na, isto é, nesse nível a tecnologia não é só capaz 23 de dirigir um carro, ou só jogar xadrez, mas fazer tudo isso como um ser humano é capaz de fazer. y Super Inteligência Artificial: está estaria um nível acima da inteligência dos homens, sendo ca- paz de fazer coisas muito além que o ser humano. Ela aprende sozinha, ensina outras máquinas e cria novas tecnologias. Obs.: O filme Moonfall – Ameaça Lunar representa muito bem como seria tudo isso. Portanto, após conhecermos esses três estágios da IA, compreendemos, então, que há ainda uma limitação muito grande nessa tecnologia, que enquanto ela operar em blocos, ela estará restrita a funções específicas e não mais abrangentes e complexas como o ser humano faz. Por exemplo, na Figura 2 podemos observar um aspirador de pó inteligente. 24 Figura 2: Aspirador de Pó Inteligente Fonte: Disponível em: https://www.pexels.com/pt-br/foto/ cadeira-catedra-presidente-espaco-do-texto-10567354/. Um aspirador de pó inteligente tem integrado sensores capazes de identificar barreiras no seu caminho, assim ele pode se locomover para outra direção sem ficar limitado ou preso em um setor do ambiente. Logo, ele vai desviando dos obstáculos e fazendo a limpeza do local. 25 https://www.pexels.com/pt-br/foto/cadeira-catedra-presidente-espaco-do-texto-10567354/. https://www.pexels.com/pt-br/foto/cadeira-catedra-presidente-espaco-do-texto-10567354/. Entretanto o que faz um aspirador de pó inteligente além de efetuar a limpeza do chão de casas ou empresas? Basicamente ele opera nesse “bloco” específico. Esse tipo de aparelho não tem a capa- cidade de limpar vidros, arrumar a cama, colocar a louça para lavar, dirigir um carro, ter uma con- versa sensata com o seu proprietário, entre outras funções que nós executamos todas em conjunto, isto é, não sabemos apenas limpar o chão, como também fazer inúmeras outras coisas. Além disso, o ser humano, dotado de emoções e sentimentos, também perceberá que é um domingo, por exemplo, e naquele dia se espera que haja silêncio na casa para que todos descansem da semana atribulada de estudos e trabalho que tiveram, por isso não é dia de limpeza, quem sabe seja dia de fazer um bom churrasco e jogar conversa fora. Talvez, uma das maiores diferenças e até mesmo obstáculos entre a Narrow ou Inteligência Artificial Restrita e o próximo passo que seria a Inteligência Artificial Geral seja essa total percepção da reali- dade e de diferentes compreensões que permeiam o ser humano. Os homens mudam de opinião se o dia está chuvoso ou se a noite está muito fria. Por exemplo, se a IA tem uma tarefa para ser feita, ela fará independentemente das circunstâncias, já os seres humanos avaliam a situação e ponderam as circunstâncias. No entanto, isso diz respeito ao 26 estágio Narrow da IA, ou seja, ela atua em blocos e opera determinada função conforme for solici- tada. Porém, e quando ela passar para o estágio seguinte, será que ela fará essas avaliações e ponderações, assim como o ser humano faz? Fica aqui a reflexão. E esse é só um dos exemplos de como a IA ainda sofre com limitações. Contudo, as suas possibili- dades ainda são extensas e podem trazer bastante serventia para as pessoas e as empresas. 27 VANTAGENS DA IA Como se espera que a IA atue? A Tabela 2 busca nos esclarecer isso, comparando esse sistema com as habilidades humanas. Tabela 2: Funções mais comuns que se espera que a IA desempenhe VISÃO Computacional RACIOCÍNIO Como reconhecer objetos e o ambiente Como combinar informações (estabelecer relações entre coisas e fatos) para entender, calcular, deduzir ou julgar para chegar a conclusões FALA – reconhecimento e síntese PLANEJAMENTO Como transformar sons em palavras, e vice-versa, para possibilitar diálogos e conversações Como organizar uma tarefa em uma sequência de ações para atingir um determinado objetivo e certificar-se de que serão bem executadas Processamento de LINGUA- GEM NATURAL (PLN) REPRESENTAÇÃO do Conhecimento Como obter significados com base na linguagem e forne- cer significados por meio de sentenças criadas Como classificar informa- ções de maneira prática (hierarquias, lógica, redes semânticas, scripts etc.) para representa-las de forma conveniente Fonte: Gabriel, 2022, p. 67. Adaptado. Assim, é esperado que a IA tenha visão compu- tacional a fim de que possa reconhecer objetos e o ambiente; que possua um sistema de fala, transformando sons em palavras; que tenha pro- 28 cessamento de linguagem natural e tenha racio- cínio capaz de combinar informações para assim poder entender, calcular, deduzir ou julgar; que faça planejamento de modo que possa organizar tarefas em uma sequência de ações e também ter a representação do conhecimento, isto é, classificar informações de maneira prática e representá-las de forma conveniente. O sistema de IA que tiver essas combinações cer- tamente se torna muito útil para executar tarefas e colaborar com atividades, sejam elas pessoais ou também profissionais. No entanto, mesmo que a IA não execute tudo isso de forma integrada, e ainda sim em blocos, ela oferece algumas vantagens como: y Acerto: os sistemas de IA otimizam os re- sultados priorizando os assertos e minimizando as taxas de erros ao confrontarmos isso com as atividades executadas pelos seres humanos pas- síveis de erros, os quais podem ser influenciados pelo estado emocional e de humor da pessoa, por distrações, cansaço etc. Ex.: Um sistema de IA não fica cansado, se ele tiver que trabalhar 24h por dia durante 7 dias por semana, ele o fará. Todavia o homem precisa ter um horário de trabalho previs- to por lei, além do seu período de descanso, bem como para realizar as suas refeições durante a jornada de trabalho. Contudo, outro imprevisto pode 29 ser quando as pessoas adoecem e ou trabalham cansadas correndo o risco de cometerem erros ou precisam se ausentar da empresa para cuidar da sua saúde. y Velocidade: a IA é capaz de executar funções com maior agilidade e eficiência. Ex.: como exem- plo vamos retomar a diferença entre um sistema de IA em uma empresa e um funcionário humano, este que pode se cansar durante a sua jornada de trabalho, ou teralguns problemas de cunho físico ou emocional, e isso atrapalhar na execução das suas tarefas em comparação a um software que não sofre com esses impasses. y Neutralidade: um sistema de IA não tem senti- mentos e emoções, logo ele atua de forma isenta e prudente nas suas decisões, isso significa que ele não toma partido para nenhum lado, e sim busca a verdade e a solução mais plausível. Ex.: Imagine a IA em um tribunal julgando um caso em particular, esta não ficará nem do lado do réu e nem do lado da vítima, bem como não será influenciada por fatores emocionais, ela apenas analisará as provas e as argumentações, decidindo pelo que é certo, conforme as leis locais. y Segura: as tarefas em uma empresa que são mais arriscadas para o ser humano, onde há alta periculosidade no ambiente de trabalho, podem ser executadas e, assim, substituídas por tecnologias apropriadas com a IA. Ex.: No ano de 2021, a NASA 30 anunciou que estava utilizando um “cão-robô” criado pela Boston Dynamics para testar possíveis explorações espaciais nas cavernas em Marte, enquanto isso Spot, como é conhecido, explorava cavernas da Terra semelhantes às observadas no Planeta Vermelho, com o objetivo de aprimorar esta que pode ser uma tecnologia fundamental para as missões futuras (TORRES, 2021). y Constância: por ser incansável e até mesmo isenta de emoções, a IA não precisa parar de tra- balhar para descansar, e também não precisa ser paga pelos serviços feitos, isso a torna uma traba- lhadora que consegue operar de forma contínua e sem gastos onerosos. y Antecipação: como a IA atua com certa predi- ção e probabilidade, ela consegue prever aconteci- mentos, evitar erros, combater lacunas e otimizar competências. Em tarefas complexas, os proces- sos são orquestrados de maneira que haja uma previsão do que pode ocorrer para que assim os profissionais possam tomar decisões antecipadas. Ex.: Profissionais de marketing são uns dos bene- ficiados quando atuam em conjunto com a IA, pois através dela eles podem aferir o comportamento do consumidor e ajustar as ofertas da empresa. 31 EXEMPLOS DE APLICAÇÃO E PRINCIPAIS INICIATIVAS Você acredita que um carro pode dirigir sozinho sem a condução ou supervisão de um ser humano, ou ainda que uma tecnologia digital seja capaz de compor a 10ª Sinfonia inacabada de Beethoven? Pois é, a IA é capaz disso. E já temos provas das suas habilidades um tanto quanto surpreendentes ao nosso redor. “O modelo de automóvel S Plaid da montadora norte-americana Tesla é dotado do famoso ‘Auto Pilot’, um sistema de direção autônoma em que o carro dirige sozinho (LIMA 2021 apud BROILO, 2022, p. 12).”. Harari (2016), então, destaca o fato que “os carros autônomos conseguem parar em sinais vermelhos, ultrapassar obstáculos e manter uma distância segura de outros veículos – sem sentir medo algum” (p. 129). Certo é que avanços ainda são demandados na área, pois esse tipo de veículo ainda não caiu no “gosto popular” entre as pessoas, visto que algumas ocorrências nega- tivas continuam a pairar sobre a possibilidade de termos nas ruas e estradas veículos trafegando de maneira autônoma e mesmo assim mantendo todos a sua volta em segurança. No entanto, isso 32 já é um começo, basta que estudos e pesquisas continuem sendo desenvolvidos na área. Já Gogoni (2022) conta que Ludwig van Beetho- ven, um dos maiores compositores da história da música ocidental, concluiu sua 9ª Sinfonia entre os anos de 1822 e 1824, porém em consequência da sua saúde debilitada, Beethoven não conseguiu terminar e nem deixar anotações esparsas da 10ª Sinfonia. Gogoni diz, então, que é nesse momento, ou melhor dizendo, muitos anos depois, graças à Inteligência Artificial, que hoje podemos ter uma ideia de como a Sinfonia de Beethoven teria sido. O autor destaca que no ano de 2019, o Instituto Karajan, da Áustria, que tem como objetivo promo- ver esforços de tecnologia e inovação envolvendo música, reuniu grandes profissionais da área como o Dr. Ahmed Elgammal, que é professor e diretor do Laboratório de Arte e IA da Universidade Rutgers, Walter Werzowa, que é um compositor australiano conhecido por criar o jingle da Intel, o Dr. Mark Go- tham, que é especialista em música e computação na Universidade de Cornell, e também o Dr. Robert Levin, professor e musicólogo de Harvard. Gogoni diz, então, que essa equipe se uniu com a responsabilidade de desenvolver uma IA capaz de compreender a obra de Beethoven, assimilar o estilo usado pelo compositor nos rascunhos da 33 10ª Sinfonia e, após absorver e organizar tudo isso, ela teria que entregar uma versão completa da composição, aproximando-se ao máximo da obra legítima do artista. A obra foi concluída e causou diferenças de opi- niões, muitos gostaram e há uma outra parcela da população que questionou essa prática e os resultados obtidos. Isso continuará acontecendo, isso porque entre nós, seres humanos, também há divergência. No entanto, quanto mais a IA mostrar as suas potencialidades e quanto mais ela for ajustada para corresponder com maestria ao que se espera dela, menos questionamentos irão pairar ao seu redor. SAIBA MAIS Conheça a Orcam, empresa de Israel que tem óculos inteligentes, que são dotados de uma câmera que identifica as imagens e por meio de um fone de ouvido passa as informações para pessoas com deficiência visual. Assim, essas pessoas podem ler jornal, abrir a geladeira, encontrar pessoas, ler rótulos de produtos, tudo sem o auxílio de outras pessoas ou cão-guia. Para saber mais, acesse: https://www.youtube.com/ watch?v-0d6OHldD7Ek. E em meio a todas essas inovações que já estão presentes no mercado, temos também as perspecti- vas futuras do que a IA pode nos oferecer, conforme os estudiosos observam as potencialidades desta 34 https://www.youtube.com/watch?v=0d6OHldD7Ek https://www.youtube.com/watch?v=0d6OHldD7Ek tecnologia. Para tanto, temos como exemplo o historiador Yuval Noah Harari (2019), que diz que a IA pode se fazer cada vez mais presente nas nossas vidas quando os algoritmos de machine learning (aprendizado de máquina) coletarem e analisarem dados sobre os usuários, rastreando os seus movimentos oculares ao navegarem na Web, percebendo dados – conteúdos, imagens, textos, vídeos – onde há maior atenção a partir da análise da trajetória dos seus olhos. No entanto, este é um tópico que ainda precisa ser investigado a fundo conforme há avanços nos sistemas de IA, isso porque, Lisa Feldman Barret, professora de psicologia na Universidade de Northeastern, propôs em seu artigo intitulado Darwin Was Wrong: Your Facial Expressions Do Not Reveal Your Emotions (Darwin estava errado: suas expressões faciais não revelam as suas emoções), que quando abordamos o assunto IA e a detecção de emoções, por exemplo, há, de acordo com alguns especialistas, controvérsia sobre se os movimentos faciais transmitem ou não emoções, e se as emoções podem ser consideradas univer- sais ou representam apenas estereótipos culturais (KAUFMAN, 2022a). Frente a isso, a professora e pós-doutora Dora Kaufman sinaliza que as limita- ções atuais da Inteligência Artificial são imensas, principalmente ao avaliarmos ela por uma técnica 35 estatística para reconhecer padrões em grandes bases de dados. Kaufman ainda ressalta que o perigo real hoje não é que a Inteligência Artificial seja mais inteligente do que os humanos, como alertam alguns especialistas, mas sim, supor que a IA seja mais inteligente do que os humanos, e como consequência, acreditar que ela seja capaz de tomar decisões importantes, especialmente em âmbitos sensíveis em que apenas uma falha pode gerar repercussões corrosivas para o usuário afetado. Uma reflexão que podemos fazer sobre isso é em relação ao ChatGPT. Isso ocorre porque muitas pessoas podem até achar que ele seja uma grande solução para realizar atividades complexas, como fazer um trabalho de conclusão de curso(TCC), um projeto, dar respostas rápidas para demandas urgentes. No entanto, faz-se necessário saber que o ChatGPT surgiu após vasculhar centenas de milhares de sites, isto é, ele leu, viu e ouviu tudo o que tem na Internet. Contudo, nós sabemos que a Internet não tem apenas notícias verdadeiras e fontes seguras, ela também está abastecida de fake news e informações duvidosas. Por isso, ao fazermos uma pergunta para o ChatGPT precisa- mos no mínimo ter ciência sobre o assunto, assim podemos saber se é verídica a resposta que ele está nos dando. 36 Sendo assim, na atualidade podemos verificar a presença da IA: y Nos chatbots de diversos websites e empresas. Ex.: Lu, o chatbot da empresa brasileira Magazine Luiza; y Nos sistemas de gestão das organizações. Ex.: Google Cloud, IBM Cloud; y Como assistente pessoal organizando a agen- da, horários, eventos, compromissos importantes das pessoas. Ex.: Siri; y Nos softwares de segurança, impedindo ata- ques cibernéticos e protegendo as informações dos usuários. Ex.: Internet Banking; y Em lojas on-line ou e-commerce, em que são coletadas informações dos usuários, em seguida organizadas e os resultados são apresentados para os gestores ou profissionais de marketing; y Entre muitos outros. 37 CONSIDERAÇÕES FINAIS A Inteligência Artificial surgiu entre o final dos anos de 1940 e metade dos anos de 1950. De lá para cá muitas coisas mudaram, e a IA foi se aprimorando com o passar do tempo. Antes ela era apenas uma tecnologia que causava certa desconfiança entre as pessoas. Hoje em dia há ainda quem duvide um pouco das suas capacidades, mas grande parte das pessoas já reconhecem as suas potencialidades. Temos a presença da IA em diversos aparatos ao nosso redor e fazendo parte do nosso dia a dia. Quando entramos no WhatsApp para enviar uma mensagem para um amigo e escrevemos uma palavra errada, prontamente o corretor ortográfico irá sugerir a versão correta. Quando estamos à noite em casa assistindo um filme no Netflix, ao acabar o vídeo, recebemos imediatamente dicas de filmes e séries que podemos continuar assistindo, tudo isso sendo indicado pela própria plataforma de acordo com o nosso padrão de consumo. O mesmo ocorre em e-commerces e outros serviços. A IA teve uma grande evolução desde que o ma- temático Alan Turing em 1950 propôs o Teste de Turing, e isso pode ser visto no ano de 1997 quando pela primeira vez uma máquina derrotou o homem em um jogo de xadrez. E em 2014 quando Eugene Goostman, um chatbot, venceu o teste de Turing, 38 convencendo os jurados em uma conversa por escrito de que ele, um programa, era na verdade um humano. Hoje em dia quando falamos em IA podemos citar também os carros que dirigem sozinhos, os aspiradores de pó, os óculos inteligentes, entre muitos outros artefatos. No entanto, ainda assim há algumas barreiras que a IA precisa sobrepor para se destacar cada vez mais, e assim sair do nível Narrow, quem sabe se tornar a Inteligência Artificial Geral, e no futuro até chegar ao nível máximo até então estabelecido, que é a Super Inteligência Artificial. Enquanto isso, nós – entusiastas, estudantes ou pesquisadores da área – precisamos colaborar para que cada vez mais haja progresso nesse setor de modo que venha beneficiar a todos, trazendo o que tanto se espera da IA que é: praticidade, facilidade, otimização de processos e comodidade. 39 Referências Bibliográficas & Consultadas A HISTÓRIA da Inteligência Artificial – TecMundo, 2019. 1 vídeo (16 min). Publicado no canal TecMundo. Disponível em: https://www. youtube.com/watch?v-Lhu8bdmkMCM. Acesso em: 14 de março de 2023. ALENCAR, A. C. Inteligência Artificial, Ética e Direito: Guia Prático. 1. ed. São Paulo: Editora Saraiva. 2022. [Minha Biblioteca]. BROILO, L. B.; GUEDES, A. L. 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