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INTRODUÇÃO AOS SEGUROS DE DANOS Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca da Escola de Negócios e Seguros – ENS E73i Escola de Negócios e Seguros. Diretoria de Ensino Técnico. Introdução ao seguro de danos / Supervisão e Coordenação metodológica da Diretoria de Ensino Técnico; assessoria técnica de Jose Eduardo Teixeira Arias, Frederico Martins Peres e Claudio Bizerra de Oliveira. -- 3.ed. -- Rio de Janeiro : ENS, 2023. 3,21 Mb ; PDF 1. Seguro de danos. 2. Ramos elementares. I. Arias, Eduardo Teixeira. II. Peres, Frederico Martins. III. Oliveira, Claudio Bizerra de. IV. Título. 0021-2672 CDU 368(072) REALIZAÇÃO ESCOLA DE NEGÓCIOS E SEGUROS SUPERVISÃO E COORDENAÇÃO METODOLÓGICA DIRETORIA DE ENSINO TÉCNICO ASSESSORIA TÉCNICA CLAUDIO BIZERRA DE OLIVEIRA – 2023/ 2022/2021 FREDERICO MARTINS PERES – 2023/ 2022/ 2021 JOSÉ EDUARDO TEIXEIRA ARIAS – 2023/ 2022/ 2021 PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO ESCOLA DE NEGÓCIOS E SEGUROS – GERÊNCIA DE CONTEÚDO E PLANEJAMENTO PICTORAMA DESIGN É proibida a duplicação ou reprodução deste volume, ou de partes dele, sob quaisquer formas ou meios, sem permissão expressa da Escola. RIO DE JANEIRO 3ª EDIÇÃO 2023 INTRODUÇÃO AOS SEGUROS DE DANOS A Escola de Negócios e Seguros promove, desde 1971, diversas iniciativas no âmbito educacional, que contribuem para um mercado de seguros, previdência complementar, capitalização e resseguro cada vez mais qualificado. Principal provedora de serviços voltados à educação continuada, para profissionais que atuam nessa área, a Escola de Negócios e Seguros oferece a você a oportunidade de compartilhar conhecimento e experiências com uma equipe formada por especialistas que possuem sólida trajetória acadêmica. A qualidade do nosso ensino, aliada à sua dedicação, é o caminho para o sucesso nesse mercado, no qual as mudanças são constantes e a competitividade é cada vez maior. Seja bem-vindo à Escola de Negócios e Seguros. INTRODUÇÃO AOS SEGUROS DE DANOS CONSIDERAÇÕES INICIAIS 8 1. CONDIÇÕES CONTRATUAIS – SEGUROS GRUPO PATRIMONIAL 12 ELEMENTOS MÍNIMOS E OBRIGATÓRIOS NAS CONDIÇÕES CONTRATUAIS DO SEGURO 14 Cláusula de Objetivo do Seguro 14 Glossário de Definições 14 Cláusula de Formas de Contratação 14 Cláusula de Âmbito Geográfico 15 Cláusulas de Coberturas 15 Cláusula de Riscos Excluídos 16 Cláusula de Aceitação 17 Cláusula de Vigência e Renovação 19 Cláusula de Concorrência de Apólices e Bilhetes 20 Cláusula de Franquia e Participação Obrigatória do Segurado (POS) 22 Cláusula de Atualização e Alteração de Valores 22 Cláusula de Pagamento do Prêmio 23 Cláusula de Indenização 24 Cláusula de Comunicação, Regulação e Liquidação de Sinistros 25 Cláusula de Reintegração 26 Cláusula de Perda de Direitos 27 Cláusula de Rescisão e Cancelamento do Contrato de Seguro 27 Outras Disposições Contratuais 29 FIXANDO CONCEITOS 1 30 SUMÁRIO INTERATIVO INTRODUÇÃO AOS SEGUROS DE DANOS 2. O PRODUTO DE SEGURO DE DANOS E SEUS ELEMENTOS 32 ETAPAS DE DESENVOLVIMENTO 33 Concepção 33 Processos (Operação) 34 Avaliação, Revisão e Manutenção do Produto 34 ELEMENTOS DE UM PRODUTO DE SEGUROS 35 Política de Aceitação de Riscos 35 Segmentação 36 Atividades e Riscos Excluídos 38 Precificação 39 FIXANDO CONCEITOS 2 46 3. FORMAS DE CONTRATAÇÃO DE SEGUROS DE DANOS – SEGUROS PROPORCIONAIS E NÃO PROPORCIONAIS 47 SEGUROS PROPORCIONAIS 49 Seguro a Risco Total 49 Seguro a Risco Relativo 53 Rateio Parcial 56 Prêmios nos Seguros a Risco Relativo: 57 SEGUROS NÃO PROPORCIONAIS 58 Seguro a Risco Absoluto 58 FIXANDO CONCEITOS 3 61 INTRODUÇÃO AOS SEGUROS DE DANOS 4. SEGUROS DE GRANDES RISCOS – GRUPO PATRIMONIAL 62 PRINCÍPIOS GERAIS 63 ENQUADRAMENTO 64 REGRAS PARA DESENVOLVIMENTO DAS CONDIÇÕES CONTRATUAIS 65 ELEMENTOS MÍNIMOS DAS CONDIÇÕES CONTRATUAIS 67 Elementos de Livre Negociação 68 CONDIÇÕES ESPECÍFICAS PARA OS SEGUROS DO GRUPO PATRIMONIAL 01 DA SUSEP (ALVO DE NOSSOS ESTUDOS) 69 Riscos Nomeados e Operacionais (RNO) 69 Global de Bancos 69 Outros Ramos 70 FIXANDO CONCEITOS 4 71 5. O SINISTRO E SEUS PROCESSOS 72 ETAPAS DO PROCESSO DE SINISTRO DE BENS 73 Apuração de Danos 73 Regulação 74 Liquidação 75 VARIÁVEIS TÉCNICAS DE SINISTRO 75 Prejuízos Indenizáveis 75 Salvados 76 Ressarcimento 76 Sub-rogação 76 Indenização 77 Franquia 77 Participação Obrigatória do Segurado (POS) 78 Valor de Novo e Valor Atual 80 Depreciação 81 FIXANDO CONCEITOS 5 84 INTRODUÇÃO AOS SEGUROS DE DANOS GABARITO 85 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 86 8INTRODUÇÃO AOS SEGUROS DE DANOS CONSIDERAÇÕES INICIAIS Como abordado no material de Teoria Geral do Seguro (TGS), os seguros são fruto da evolução dos riscos e da necessidade de protegê-los. Os Seguros de Danos, que por sua natureza também são classificados como Ramos Elementares, se definem como aqueles que visam garantir per- das por danos ou responsabilidades provenientes de riscos de incêndio, transporte, acidentes, roubos/furtos e outros eventos que possam ocor- rer e afetar pessoas, coisas ou bens. Como sabemos, “seguro” é um mecanismo de transferência de riscos, que visa restabelecer o equilíbrio econômico perturbado pela ocorrência de um evento coberto. Nesse contexto, os seguros contra danos são impor- tantes, pois, por meio deles, pessoas e empresas conseguem transferir às seguradoras os riscos aos quais seu patrimônio está exposto, minimizan- do assim os impactos financeiros ocasionados na hipótese de ocorrência desses riscos. Quando falamos de seguros de danos, podemos citar dentre outros: resi- dências, empresas equipamentos, cargas, veículos automotores, indústrias, obras, valores, bens diversos, além das responsabilidades envolvidas. Nos seguros de danos, temos um grupo específico denominado Grupo Patrimonial (Circular Susep nº 535/2016 – Grupo 01), o qual é composto pelos ramos relacionados abaixo, cujas regras e cujos critérios de operação foram alterados pelas Circulares Susep nº 620/2020 e 621/2021 e Resolução CNSP nº 407/2021 e que serão alvo de nossos estudos neste manual: ■ Ramo 14 – Compreensivo Residencial ■ Ramo 16 – Compreensivo Condomínio ■ Ramo 18 – Compreensivo Empresarial 9INTRODUÇÃO AOS SEGUROS DE DANOS ■ Ramo 41 – Lucros Cessantes ■ Ramo 67 – Riscos de Engenharia ■ Ramo 71 – Riscos Diversos ■ Ramo 73 – Global de Bancos ■ Ramo 96 – Riscos Nomeados e Operacionais Observação: Enquadram-se também no segmento patrimonial os serviços e as coberturas de assistência (todos os bens) bem como as coberturas de garantia estendida. — O Mercado Você sabe apontar o porquê de a comercialização dos seguros de danos, no mercado brasileiro, ainda ser muito tímida, diferentemente de outros países? O cenário econômico, a baixa divulgação de seus benefícios e a falta de conscientização da população sobre a relevância desse segmento no contexto de proteção do patrimônio podem, em parte, explicar as razões para que esses seguros ainda não tenham atingido o seu ápice. Vejamos um exemplo sobre a importância da proteção patrimonial e seu impacto no aspecto social: Exemplo A direção de uma pequena indústria com 100 funcionários resolveu segurar seu patrimônio contra o risco de incêndio e garantir a recomposição de lucros cessantes (despesas fixas e lucro líquido) no caso da ocorrência de um eventual sinistro. Supondo a ocorrência de um sinistro de incêndio que tenha dentre as consequências a paralisação das atividades da empresa, por seis meses, estariam garantidos, além dos danos contra o patrimônio, a perda do lucro líquido desse período e as despesas fixas, tais como: salário, FGTS, INSS, impostos, entre outras. — Relevância Ainda com base no exemplo anterior, o que podemos destacar comorele- vante com relação à contratação desse seguro e à hipótese da ocorrência do sinistro? Podemos relacionar aspectos relevantes para a empresa e para os funcio- nários. Veja: 10INTRODUÇÃO AOS SEGUROS DE DANOS Para empresa (aspectos da proteção patrimonial) 1. Recuperação do patrimônio, garantindo a continuidade da atividade. 2. Garantia da lucratividade e despesas. 3. Retenção de seus talentos (pela não necessidade de demissões). 4. Recuperação de mercado. Para os funcionários (aspectos sociais) 1. Garantia de emprego. 2. Manutenção dos proventos. 3. Manutenção do padrão de vida e consumo (alimentação, vestuário, moradia, escola de filhos etc.). 4. Giro econômico (consumo). — Conceito Histórico Como vimos anteriormente no estudo de TGS, a atividade seguradora no Brasil teve início com a abertura dos portos ao comércio internacional, em 1808, e ganhou força com a publicação do Código Comercial Brasileiro, em 1850, que foi também de fundamental importância para o desenvolvimento dos seguros terrestres, termo que definia o que conhecemos hoje como seguros patrimoniais. Mais especificamente sobre a evolução histórica da área de seguros de danos, podemos citar os seguintes eventos: 1964 A Lei Nº 4.591, de 16 de dezembro de 1964, também conhecida como “lei dos condomínios”, estabeleceu, dentre outros aspec- tos, a obrigatoriedade da contratação do seguro contra incêndio, abrangendo todas as unidades autônomas e partes comuns dos edifícios em condomínio. A referida lei continua em vigor com modificações introduzidas por diversos outros instrumentos legais, sendo importante destacar, para o nosso estudo, o artigo 1346 do Código Civil Brasileiro (Lei nº 10.406/2002), que diz: “É obrigatório o seguro de toda a edificação contra o risco de incêndio ou des- truição, total ou parcial”. 1967 O Decreto-Lei 61.867, de 11 de dezembro de 1967, estabeleceu a obrigatoriedade da contratação de seguro para garantia contra ris- cos de incêndio de bens pertencentes a pessoas jurídicas. 11INTRODUÇÃO AOS SEGUROS DE DANOS 1975 A Circular Susep 58, de 29 de dezembro de 1975, aprovou as pri- meiras disposições tarifárias para a modalidade de seguros de edifí- cios em condomínio, ainda comercializados no ramo de Riscos. 1978 A Circular Susep 23, de 06 de abril de 1978, precursora do que conhecemos hoje como seguros multirriscos, estabeleceu no mer- cado a criação da modalidade Compreensivos de Imóveis Diver- sos (Empresa e Residência). 1985 a 1988 Surgiram os Multirriscos – coberturas de vários ramos em uma apólice. 2002 A Resolução CNSP 86, de 19 de agosto de 2002, transformou “Pla- nos de Seguros” (Compreensivos) em “Ramos”: » Compreensivo Residencial – Ramo 14 » Compreensivo Condominial – Ramo 16 » Compreensivo Empresarial – Ramo 18 2004 As Circulares Susep 256 e 265, respectivamente, de 16 de junho de 2004 a 16 de agosto de 2004, deram início à fase de maior padro- nização das condições contratuais – condições gerais, especiais e particulares, das notas técnicas atuariais dos contratos de seguros de danos e definição sobre os planos de seguros padronizados e não padronizados. 2006 Dando seguimento ao processo de padronização, a Circular Susep 321, de 21 de março de 2006, apresentou o texto das con- dições padronizadas de diversos ramos que compõem os segu- ros compreensivos. 2020/2021 A partir de um amplo processo de consultas ao mercado segura- dor, iniciado em meados de 2020, a Susep deu início a um novo marco regulatório, privilegiando a livre iniciativa das seguradoras para a criação dos termos e das condições de seus produtos. Nesse sentido, foram emitidas as circulares 620, 621 e a resolução CNSP 407, datadas respectivamente de 29/12/2020, 12/02/2021 e 29/03/2021, que revogam todas as normas que tratavam da padronização das condições contratuais dos seguros patrimoniais. 12 UNIDADE 1 INTRODUÇÃO AOS SEGUROS DE DANOS 01 SEGUROS GRUPO PATRIMONIAL CONDIÇÕES CONTRATUAIS – ■ Conhecer os elementos mínimos e obrigatórios relativos às condições contratuais utilizadas nos seguros de danos considerando a literatura especializada. Após ler esta unidade, você deverá ser capaz de: ■ Entender as regras contidas em cada cláusula obrigatória das condições contratuais de um seguro de danos. TÓPICOS DESTA UNIDADE ⊲ ELEMENTOS MÍNIMOS E OBRIGATÓRIOS NAS CONDIÇÕES CONTRATUAIS DO SEGURO ⊲ FIXANDO CONCEITOS 1 13 UNIDADE 1 INTRODUÇÃO AOS SEGUROS DE DANOS As Circulares Susep nº 620/2020 e 621/2021, citadas anteriormente no tópico Conceito Histórico, estabelecem a flexibilização das regras con- tratuais para o mercado de seguros de danos, antes fortemente regu- lamentado por diversas outras circulares normativas. Essa iniciativa representou um importante avanço no propósito de simplificar o desen- volvimento, a operação e a aquisição de novos produtos massificados e, consequentemente, de modernizar o segmento e ampliar seu mercado consumidor. Estudando um pouco mais a fundo esse novo marco regulatório, podemos concluir que, mesmo com a maior liberdade para a criação de condições contratuais dos seguros de danos, o mercado precisa passar por uma fase de acomodação, necessária à interpretação, aos estudos e à aplicação dessas novas regras. No entanto, não se pode esquecer de que, apesar de regras mais flexíveis de formatação para os novos produtos, ainda é necessário respeitar todos os deveres e as obrigações contratuais estabe- lecidos pelo Código Civil Brasileiro, assim como as regras específicas de cada ramo de seguro. É esperado que, pelo menos por agora, as seguradoras ainda continuem a praticar a segmentação de seus clausulados na formatação antiga exigida pela Susep, apresentando as Condições Gerais como sendo as cláusulas comuns a toda e qualquer apólice de seguro daquele tipo de produto; as Condições Especiais para definir as cláusulas específicas das coberturas contratadas e as Condições Particulares em que, eventualmente, se parti- culariza alguma condição para uma apólice específica. Importante Definição de Condições Contratuais, segundo a Circular Susep 621/2021 “Conjunto de disposições que regem a contratação de um mesmo plano de seguro”. Em outros termos, as condições contratuais passam a ser entendidas como o conjunto de textos do contrato de seguro, nos quais as seguradoras devem apresentar todos os termos e as condições de seus produtos. Os deveres, as obrigações, os riscos cober- tos e excluídos também devem figurar aqui, sendo redigidos de forma clara e objetiva, não dando margem a possíveis dúvidas ou mesmo dupla interpretação. 14 UNIDADE 1 INTRODUÇÃO AOS SEGUROS DE DANOS ELEMENTOS MÍNIMOS E OBRIGATÓRIOS NAS CONDIÇÕES CONTRATUAIS DO SEGURO — Cláusula de Objetivo do Seguro Como em qualquer outro contrato de prestação de serviços, a cláusula de objetivo ou objeto apresenta a finalidade específica do compromisso que está sendo firmado. Ao definir a Cláusula de Objetivo de Seguro, a segura- dora esclarece o compromisso que será assumido perante o segurado, as coberturas oferecidas e os prejuízos indenizáveis. Exemplo de texto: O objetivo deste seguro é garantir ao segurado, até o valor do Limite Máximo de Indenização – LMI, em cada uma das garantias contratadas, o pagamento de indenização por eventos ocorridos no local segurado, decorrentes de perdas e danos causados aos bens segurados , em con- sequência de risco coberto especificado no texto da apólice. — Glossário de Definições Como já ocorre em todos os ramos de seguros, as seguradoras apresen- tam obrigatoriamente um glossário com a definição dos termos técnicos usados nas condições contratuais, utilizando linguagem clara e de fácil entendimento, incluindo traduções e definições de eventuais termos em língua estrangeira. — Cláusula de Formas de Contratação Esta cláusula define e explica como se dará a forma de cálculo das inde-nizações devidas em caso de sinistros. Os termos usados para definir as formas de contratação de cada cobertura oferecida são: ■ Seguro a risco total. ■ Seguro a risco absoluto. ■ Seguro a risco relativo. 15 UNIDADE 1 INTRODUÇÃO AOS SEGUROS DE DANOS Importante Sobre as formas de contratação a Susep determina o seguinte: Nos seguros contratados a risco total, deve ser estabelecido que o seguro de um inte- resse por menos do que valha acarreta a redução proporcional da indenização. Nos seguros contratados a risco relativo, o critério de rateio dos prejuízos indenizáveis em caso de sinistro, tem de ser informado devendo ser especificado se o valor em risco apurado (VRA) será calculado com base no valor de novo ou no valor atual do bem. Os textos das cláusulas de formas de contratação dos seguros de danos, os exemplos e outras definições serão estudados detalhadamente na Uni- dade 3 deste manual. — Cláusula de Âmbito Geográfico Trata-se da cláusula que define a abrangência territorial de atuação da cobertura de seguro contratada. Exemplo de Texto: Considera-se âmbito geográfico das coberturas todo o território nacio- nal, salvo disposição em contrário, que deverá constar das condições contratuais. — Cláusulas de Coberturas As cláusulas de cobertura definem de forma clara e objetiva os termos e as condições das coberturas referentes ao tipo de seguro contratado, não podendo deixar de mencionar as seguintes condições: ■ Tipos de bens segurados. ■ Bens excluídos ou não compreendidos no seguro. ■ Riscos cobertos. ■ Riscos excluídos. Vejamos algumas regras obrigatoriamente seguidas pelas seguradoras: ■ Os riscos excluídos são inseridos imediatamente após a descrição dos riscos cobertos. ■ A seguradora deve possuir autorização para operar em todos os ramos relativos às coberturas previstas nas condições contratuais. 16 UNIDADE 1 INTRODUÇÃO AOS SEGUROS DE DANOS ■ Nos planos de seguro que conjuguem mais de uma cobertura, a seguradora deverá informar, em destaque, se as coberturas pode- rão ser contratadas isoladamente. Existem ainda algumas recomendações para as seguradoras: ■ É possível a estruturação de plano de seguro com cobertura para quaisquer eventos, na forma all risks (todos os riscos), com exce- ção dos riscos expressamente excluídos. ■ As condições contratuais poderão prever coberturas relativas a diferentes ramos de seguros, observadas as regulamentações específicas de cada ramo e a regulamentação contábil vigente. ■ Para as coberturas em que a indenização se dê por meio de pres- tação de serviços, poderá ser prevista a livre escolha dos presta- dores de serviços pelo segurado e/ou a indicação de rede referen- ciada pela sociedade seguradora. São exemplos de coberturas: Cobertura Básica, Cobertura de Roubo/Furto Qualificado de Bens, Cobertura de Danos Elétricos, Vendaval, Desmoronamento, Alagamento e outras que se apliquem às características dos bens que são objeto do seguro e às atividades exercidas no local segurado. Veja um exemplo de texto para Cobertura Básica: Para fins deste seguro consideram-se Riscos Cobertos, até o Limite Máxi- mo de Indenização estabelecido no texto da apólice, para indenização por perdas e danos materiais diretamente causados aos bens segurados por: a) incêndio de qualquer de qualquer natureza; b) queda de raio, desde que atinja diretamente a área do terreno ou o edifício onde os bens segurados estiverem localizados; c) explosão de qualquer natureza, onde quer que tenha ocorrido. — Cláusula de Riscos Excluídos A seguradora define e apresenta de forma inequívoca cada risco, evento ou condição que pretende excluir da cobertura do seguro, evitando textos ambíguos que não permitam identificar situações concretas de exclusão de cobertura. Saiba mais All Risks é um tipo de cobertura de seguro de danos materiais que inclui garantia para todos e quaisquer prejuízos que possam atingir os bens segurados, decorrentes de qualquer evento, com exceção dos riscos que tenham sido excluídos da cobertura da apólice. 17 UNIDADE 1 INTRODUÇÃO AOS SEGUROS DE DANOS Importante É vedado constar no rol de riscos excluídos do seguro eventos decorrentes de atos praticados pelo segurado em estado de insanidade mental, de embriaguez ou sob efeito de substâncias tóxicas. O estado de insanidade mental, a embriaguez e o uso de substâncias tóxicas pelo segurado podem ser considerados como causas de agravamento de risco suscetível de levar à perda da cobertura, desde que a sociedade seguradora demonstre no caso concreto que tais situações tenham sido determinantes para a ocorrência do sinistro. — Cláusula de Aceitação A seguradora especifica nesta cláusula as condições para aceitação ou recusa do risco assim como o prazo que dispõe para se manifestar sobre sua decisão. A Circular Susep nº 642/2021, aditada pelas Circulares 651/2021 e 654/2022, alterou algumas regras de aceitação de seguros, com prazo de 01/05/2022 para a implementação por parte das Seguradoras. A proposta de seguros e suas condições contratuais deverão prever um prazo máximo para aceitação ou recusa, a partir da recepção pela Segura- dora do seguro proposto. Normalmente, as seguradoras se utilizam do prazo de 15 dias a partir da recepção da proposta de seguros. Entretanto, a partir da Circular nº 642/2021, as seguradoras podem adotar prazos diferentes, inclusive supe- riores a 15 dias para aceitação. Independentemente do prazo de aceitação adotado, se ultrapassados 15 dias, as seguradoras não poderão efetivar cobrança de qualquer valor a título de prêmio antes da confirmação de manutenção de interesse e autorização expressa pelo proponente. A data da aceitação da proposta será aquela que ocorrer primeiro entre: I - a data da manifestação expressa de aceitação da proposta pela segura- dora (menos usual). II - a data de emissão da apólice ou certificado individual com consequente envio e/ou disponibilização do documento contratual; ou III – o fim do prazo determinado de aceite da proposta de seguros sem qualquer manifestação por parte da seguradora, o que caracterizará a aceitação tácita do seguro proposto. Normalmente, as seguradoras optam por, em caso de aceite do seguro proposto, simplesmente deixar o prazo de aceitação expirar e/ou partirem para a emissão do seguro, se pronunciando apenas no caso de negativa do seguro proposto, neste caso obrigatoriamente dentro dos prazos de aceite definidos por elas. 18 UNIDADE 1 INTRODUÇÃO AOS SEGUROS DE DANOS Durante o prazo de aceitação, podem ser solicitados documentos ou infor- mações complementares para análise e aceitação do risco, desde que a seguradora fundamente o pedido. Nesses casos, o prazo de aceite ficará suspenso, voltando a correr a partir da data de recebimento das informa- ções ou dos documentos solicitados pela seguradora. O prazo de aceite também é suspenso nos casos em que a aceitação da proposta de seguro depende de contratação ou alteração da cobertura de resseguro facultativo, até que o ressegurador se manifeste formalmen- te, devendo a seguradora comunicar tal fato, por escrito, ao proponente, ressaltando a consequente inexistência de cobertura, enquanto perdurar a suspensão. Na hipótese de não aceitação da proposta de seguro, a seguradora deve providenciar comunicação formal ao proponente, seu representante ou corretor, apresentando a justificativa da recusa. A recepção de propostas pela seguradora com antecipação de pagamento parcial ou total de prêmio é admitida em caso de oferecimento de cober- tura provisória de seguros para sinistros ocorridos durante o período de análise da proposta e desde que tal cobertura seja solicitada pelo propo- nente no documento proposta. No caso de aceitação da proposta com antecipação de prêmio, a segura- dora poderá considerar o período de cobertura provisória como de efetiva vigência, desde que hajatal previsão nos documentos contratuais. No caso de recusa de seguros com antecipação de prêmio e vigência inferior a 12 meses, encerra-se a cobertura provisória a partir da comunica- ção formal ao proponente, seu representante legal ou corretor de seguros. Para os seguros com vigência igual ou superior a 12 meses, o encerramento da cobertura provisória em decorrência da recusa do risco, somente poderá ocorrer após, no mínimo, 2 dias úteis contados da comunicação formal. Devem ser restituídos pela seguradora, em até 10 dias corridos a contar da data de formalização da recusa da proposta pela seguradora, pelo menos, a diferença entre o valor pago pelo proponente e o valor correspondente ao período em que tiver prevalecido a cobertura. Segundo a Circular Susep nº 668/2022, artigo 4º, os valores a serem resti- tuídos ao segurado estão sujeitos a atualização monetária, segundo índice a ser definido no seguro contratado, a partir da data do recebimento do prêmio pago antecipadamente pelo segurado à seguradora. Se ultrapassado o limite de 10 dias corridos para a restituição pela segura- dora ao segurado, conforme parágrafo anterior, os valores a serem resti- 19 UNIDADE 1 INTRODUÇÃO AOS SEGUROS DE DANOS tuídos serão acrescidos de multa, quando prevista, e juros moratórios. Os juros moratórios serão aplicados a partir do 11º dia e deverão ter sua taxa fixada nas condições contratuais do seguro (Circular Susep nº 668/2022). Para a recepção de proposta sem antecipação de prêmio, a seguradora indicará neste documento a data de início de vigência ou o critério para sua indicação conforme lhe convier, podendo coincidir com a data de aceitação da proposta. A emissão e o envio e/ou disponibilização ao segurado, por meio físico ou remoto, da apólice, do endosso e do certificado individual deverão ser feitos em até 15 (quinze) dias a partir da data de aceitação da proposta. — Cláusula de Vigência e Renovação É a cláusula que indica o critério de fixação do início e término de vigência das coberturas. Os seguros poderão ser estruturados com qualquer período de vigência e/ ou com período intermitente de cobertura dentro de seu período de vigência. Na falta de indicação expressa de horário nos documentos do seguro, o início e término de vigência do seguro será às 24 (vinte e quatro horas) das datas para tal fim neles indicadas. Nos casos de seguros intermitentes, os parâmetros de vigência deverão estar expressos nos documentos contratuais do seguro Também deverão constar dessa cláusula dois importantes procedimentos: Renovação do Seguro A seguradora deve informar se aceita que a primeira renovação do seguro ocorra de forma automática e, nesse caso, deve deixar cla- ro que esse procedimento somente poderá ocorrer uma única vez e pelo mesmo prazo, devendo as renovações posteriores serem solicitadas, obrigatoriamente, de forma expressa pelo segurado. Na hipótese de não haver interesse da seguradora em renovar a apólice, tal fato deverá ser comunicado ao segurado e, no caso de apólice coletiva, ao estipulante, mediante aviso prévio de, no mínimo, 30 dias de antecedência ao final de vigência da apólice. Pagamento antecipado do prêmio Nos contratos cujas propostas de seguro forem recepcionadas com antecipação do pagamento parcial ou total de prêmio, a segu- radora poderá considerar o período de cobertura provisória con- cedido como de efetiva vigência, desde que haja tal previsão nos documentos contratuais. Importante Definição de Período Intermitente de Cobertura, conforme Circular Susep nº 642/2021 Período de cobertura fixado de forma descontinuada, a partir de critérios determinados nas condições contratuais, que estabelecem sua interrupção e reinício, bem como inclusão ou exclusão de cobertura dos riscos. 20 UNIDADE 1 INTRODUÇÃO AOS SEGUROS DE DANOS Não havendo qualquer pagamento antecipado do prêmio de segu- ro, a seguradora adotará a data de início de vigência ou o critério para sua indicação conforme lhe convier, podendo coincidir com a data de aceitação da proposta. A respectiva vigência ou critério de vigência devem estar previstos na proposta de seguros. Os prêmios para os seguros emitidos com vigência reduzida ou com período intermitente são calculados de acordo com os cri- térios da seguradora para o tempo de cobertura contratado. Na hipótese de cancelamento, os prêmios a devolver são calculados proporcionalmente ao tempo de cobertura decorrido em compara- ção ao tempo de cobertura contratado. — Cláusula de Concorrência de Apólices e Bilhetes Nesta cláusula, são especificados todos os critérios a serem adotados em caso de sinistro coberto por mais de uma seguradora, para os mesmos bens e contra os mesmos riscos, determinando a responsabilidade propor- cional de cada seguro existente. Normalmente, as seguradoras utilizam os seguintes critérios: Primeiramente, cada seguradora apura o prejuízo individual da cobertura sinistrada, como se o respectivo seguro fosse o único vigente. Em seguida, ajusta esse valor, considerando, quando for o caso, franquias, participações obrigatórias do segurado, limite máximo de indenização da cobertura e cláu- sulas de rateio, se houver. A partir desse cálculo realizado por cada seguradora, obtém-se o somató- rio de todas as indenizações individuais ajustadas, para então se adotar os seguintes procedimentos: I. se esse somatório for igual ou inferior ao prejuízo total apurado, cada sociedade seguradora envolvida participará com a respectiva inde- nização individual, assumindo o segurado a responsabilidade pela diferença, se houver; II. no entanto, se esse mesmo somatório for maior que o prejuízo total apurado, cada sociedade seguradora envolvida participará da indenização com percentual do prejuízo correspondente à razão entre a respectiva indenização individual e o somatório dessas indenizações individuais. Para melhor compreensão, analisaremos o seguinte exemplo: I. Dados das Apólices: » Apólice “A” 21 UNIDADE 1 INTRODUÇÃO AOS SEGUROS DE DANOS LMI = R$ 200.000,00 Franquia = R$ 10.000,00 » Apólice “B” LMI = R$ 100.000,00 Franquia = Contratado sem franquia II. Sinistro: Prejuízo apurado = R$ 35.000,00 III. Cálculo das Indenizações Ajustadas (cada apólice envolvida): » Apólice “A” Indenização Ajustada = (P - F) = R$ 35.000,00 - R$ 10.000,00 = R$ 25.000,00 » Apólice “B” Indenização Ajustada = (P - F) = R$ 35.000,00 - R$ 0,00 = R$ 35.000,00 Onde: P = Prejuízo Apurado F = Franquia IV. Cálculo da Indenização Total (Apólice “A” + Apólice “B”): R$ 25.000,00 + R$ 35.000,00 = R$ 60.000,00 Como a soma das indenizações individuais ajustadas, das apólices concor- rentes, é superior ao prejuízo apurado (R$ 54.000,00 > R$ 35.000,00), a responsabilidade de cada apólice deve então ser recalculada com base na seguinte fórmula: INDENIZAÇÃO INDIVIDUAL AJUSTADA × PREJUÍZO APURADO SOMATÓRIO DAS INDENIZAÇÕES INDIVIDUAIS AJUSTADAS » Apólice “A” Indenização = R$ 25.000,00 × R$ 35.000,00 = R$ 14.583,33 R$ 60.000,00 » Apólice “B” Indenização = R$ 35.000,00 × R$ 35.000,00 = R$ 20.416,67 R$ 60.000,00 Indenização Total: R$ 14.583,33 + R$ 20.416,67 = R$ 35.000,00 22 UNIDADE 1 INTRODUÇÃO AOS SEGUROS DE DANOS Saiba mais Código Civil Brasileiro Art. 778. Nos seguros de danos, a garantia prometida não pode ultrapassar o valor do interesse segurado no momento da conclusão do contrato, sob pena do disposto no art. 766 e sem prejuízo da ação penal que no caso couber. Art. 782. O segurado que, na vigência do contrato, pretender obter novo seguro sobre o mesmo interesse, e contra o mesmo risco junto a outro segurador, deve previamente comunicar sua intenção por escrito ao primeiro, indicando a soma por que pretende segurar-se, a fim de se comprovar a obediência ao disposto no art. 778. — Cláusula de Franquia e Participação Obrigatória do Segurado (POS) Conforme estudamos anteriormente,as franquias e as participações obri- gatórias são valores estabelecidos na apólice de seguros, que represen- tam a participação do segurado nos prejuízos em casos de sinistros. A Susep determina que, quando forem utilizadas essas condições, os critérios de aplicação, valores e demais termos deverão constar em destaque nas condições contratuais, na proposta, na apólice, no bilhete ou certificado individual de seguro. Pode ser prevista a aplicação de mais de um tipo de franquia em um mesmo sinistro, desde que sua ordem de aplicação seja especificada nas condições contratuais. Contudo, não é permitida a aplicação de mais de uma franquia do mesmo tipo para a mesma cobertura e na mesma seguradora. A diferença prática entre a aplicação de Franquia e Participação Obrigatória do Segurado será objeto de estudo mais detalhado na Unidade 5 deste manual. — Cláusula de Atualização e Alteração de Valores Em todas as condições contratuais, as seguradoras devem estabelecer quais são os critérios para a realização de mudanças dos valores segurados, seja pela simples necessidade de inclusão, na apólice, de novos bens segurados, seja pelo estabelecimento de critérios mais específicos para atualização dos valores já segurados. Em qualquer caso, além da clara menção desses critérios, deverão ain- da constar a periodicidade dessas correções e as respectivas formas de pagamento do prêmio. Importante Definições, segundo a Circular Susep 621/2021 Prêmio periódico: valor a ser pago para a garantia do risco, com qualquer periodicidade compatível com as suas características e com a vigência da cobertura, conforme opção especificada na proposta ou no bilhete. Prêmio Único: valor a ser pago para a garantia do risco, calculado para a vigência integral da apólice, podendo ser pago à vista ou parcelado. O prêmio único poderá ser fracionado e, nesse caso, não será permitida a cobrança de quaisquer valores adicionais a título de custo administrativo de fracionamento. Exemplo: custo de cobrança – boletos. 23 UNIDADE 1 INTRODUÇÃO AOS SEGUROS DE DANOS Nas alterações de valores no seguro que resultarem em restituição de prê- mio ao segurado (endossos de restituição), os valores a serem restituídos estarão sujeitos à atualização monetária segundo índice a ser definido na condição contratual do seguro contratado. — Cláusula de Pagamento do Prêmio Esta cláusula prevê as formas disponibilizadas ao segurado para pagamento do prêmio de seguro especificado na apólice, indicando as possibilidades de pagamento à vista ou de forma fracionada conforme acordado quando da negociação do seguro. O prêmio de seguro poderá ser único, periódico ou possuir outra estrutu- ração prevista nas condições contratuais. No caso dos seguros que possuírem coberturas intermitentes, os prêmios pode- rão ser calculados e pagos em função do período de utilização da cobertura. Falta de Pagamento de Prêmios O texto da cláusula de pagamentos também prevê as providências a serem adotadas no caso de falta de pagamento. Acarreta o cancelamento da apólice: Nos seguros com parcela única – o não pagamento do prêmio na respec- tiva data limite. Nos seguros com prêmio fracionado – o não pagamento da primeira par- cela na respectiva data limite. E o não pagamento de parcela subsequente à primeira nos seguros com prêmio fracionado? Segundo a Circular Susep 621/2021, tal fato implicará no ajuste do prazo de vigência da respectiva cobertura em função da relação proporcional entre o prêmio efetivamente pago e a totalidade do prêmio de seguros. Exemplo: Tendo pago 50% do prêmio devido, o segurado teria direito a 50% da vigência do seguro (critério pro rata temporis). Entretanto, pode ser definido outro critério para essa mesma situação, des- de que leve em consideração a relação entre o prêmio já pago e a totalida- de do prêmio do seguro. Exemplo: Critério do Prazo Curto (prática atual do mercado). O que ocorre com o não pagamento se o prazo de vigência não houver expirado? Se o novo prazo de vigência não houver expirado, o segurado poderá res- tabelecer o pagamento do prêmio da parcela vencida, dentro desse novo prazo, acrescido dos juros moratórios. 24 UNIDADE 1 INTRODUÇÃO AOS SEGUROS DE DANOS E quando o novo prazo expirar sem que o pagamento tenha sido feito? Findo o novo prazo de vigência ajustado, sem que tenha sido efetuado o pagamento do prêmio, a cobertura será automaticamente suspensa e a seguradora cancelará a apólice, tão somente comunicando esse fato por escrito ao segurado. E em relação ao prêmio periódico? Quando o prêmio for periódico, caso o pagamento não seja efetuado no pra- zo estipulado, a sociedade seguradora poderá cancelar o seguro ou, alter- nativamente, de forma isolada ou combinada, adotar as seguintes regras: I. Garantir a cobertura dos sinistros ocorridos durante o período de ina- dimplência, podendo haver a cobrança do prêmio devido ou, quan- do for o caso, seu abatimento do valor da indenização. II. Suspender a cobertura durante o período de inadimplência, não sen- do permitida a cobrança dos prêmios referentes a este período. Importante 1. Obrigatoriamente deve ser previamente comunicado ao segurado ou ao seu represen- tante legal, por escrito ou por qualquer meio que se possa comprovar nas formas pre- vistas em lei, sobre qualquer providência que venha a ser adotada pela seguradora nos casos de atraso ou falta de pagamento do prêmio do seguro. 2. O cancelamento do seguro não pode ser realizado caso o prêmio tenha sido pago à vista, mediante financiamento obtido junto a instituições financeiras, nos casos em que o segurado deixar de pagar o financiamento. — Cláusula de Indenização A presente cláusula estabelece que haverá obrigatoriamente, por conta da sociedade seguradora, até os limites máximos de indenização estabeleci- dos, dos seguintes custos: ■ as despesas de salvamento comprovadamente efetuadas pelo segurado durante e/ou após a ocorrência de um sinistro; ■ os valores referentes aos danos patrimoniais comprovadamente cau- sados pelo segurado e/ou por terceiros na tentativa de evitar o sinistro, minorar o dano ou salvar a coisa. 25 UNIDADE 1 INTRODUÇÃO AOS SEGUROS DE DANOS Observação Pode ser oferecida cobertura específica exclusivamente para cobrir as despesas de sal- vamento e os valores referentes aos danos patrimoniais previstos nesta condição. Apuração de Prejuízos O texto da cláusula de indenização esclarece também se a apuração dos prejuízos, em caso de sinistros, será realizada com base no valor de novo ou no valor atual do bem sinistrado, sem prejuízo de combinação de cri- térios em diferentes períodos, devendo ainda ser observado o seguinte: ■ Para apuração dos prejuízos com base no valor atual do bem, os crité- rios de depreciação devem ser especificados quando da contratação do seguro ou de sua renovação. ■ Quando forem utilizados valores de referência para a quantificação da indenização, deverão ser informadas a fonte e a data para sua apuração. Estudaremos em mais detalhes, na unidade 5, exemplos sobre valor atual, valor de novo e depreciação. — Cláusula de Comunicação, Regulação e Liquidação de Sinistros Esta cláusula informa quanto aos procedimentos para comunicação, regu- lação e liquidação de sinistros, incluindo a listagem dos documentos bási- cos previstos a serem apresentados para cada cobertura. A comunicação do sinistro à seguradora deverá ser feita por escrito e ime- diatamente após sua ocorrência, indicando: ■ data, hora, local, descrição detalhada da ocorrência e das causas prováveis do sinistro, bens sinistrados e estimativa dos prejuízos; ■ relação dos bens sinistrados e comprovação da preexistência dos mesmos (notas fiscais, demonstrativos contábeis); ■ relação de todos os seguros que existem sobre os mesmos bens ou responsabilidades. O segurado deverá estar ciente de que: ■ Não pode iniciarreparos dos danos sem prévia autorização da seguradora, salvo para atender interesse público ou evitar agrava- ção dos prejuízos. ■ Não há fixado prazo máximo para a comunicação de sinistros à seguradora. 26 UNIDADE 1 INTRODUÇÃO AOS SEGUROS DE DANOS ■ O prazo máximo para recebimento dos sinistros é de 30 dias, contados a partir da entrega de todos os documentos básicos, e, havendo solicitação de documentação complementar, esse prazo será suspenso, voltando a correr a partir do dia útil subsequente àquele em que forem atendidas as exigências. ■ O não pagamento da indenização no prazo previsto implicará a aplicação de juros de mora, estabelecidos na condição contratual do seguro, a partir daquela data, sem prejuízo de sua atualização, nos termos da legislação específica. ■ O não pagamento da indenização no prazo previsto também impli- cará a aplicação de atualização monetária, segundo índice expres- so na condição contratual do seguro, a ser aplicada a partir da data da ocorrência do sinistro. Direitos do Segurado Caso o processo de regulação de sinistros conclua que a indenização não é devida, o segurado deverá ser comunicado formalmente, com a justifica- va para o não pagamento, dentro do prazo previsto. As condições contratuais poderão admitir, para fins de indenização, pre- ferencialmente, as hipóteses de pagamento em dinheiro, reposição ou reparo do bem ou prestação de serviços, sem prejuízo de outras formas pactuadas mediante acordo entre as partes. Na impossibilidade de reposição ou reparo do bem segurado à época da liquidação, dentro do prazo previsto, a indenização deverá ser paga obri- gatoriamente em dinheiro. Na hipótese de reparo do bem, o prazo para liquidação do sinistro poderá ser estendido, de acordo com o previsto nas condições contratuais, pelo tempo necessário à conclusão desse reparo. — Cláusula de Reintegração É cláusula que especifica se o limite máximo de garantia poderá ser reinte- grado quando da ocorrência do sinistro. Reintegrar o limite máximo de indenização de um seguro é fazer com que seu valor, após a liquidação de um sinistro parcial, volte ao valor original. Para que o seguro não se torne insuficiente, é necessário que o limite máxi- mo de indenização seja reintegrado. Segundo a Circular nº 621/2021, a reintegração poderá ser facultativa, mediante eventual cobrança de prêmio adicional, calculado a partir da data da ocorrência do sinistro até o término de vigência do contrato, ou auto- mática, observada a regulamentação específica de cada ramo de seguro. 27 UNIDADE 1 INTRODUÇÃO AOS SEGUROS DE DANOS — Cláusula de Perda de Direitos Trata-se de cláusula específica que prevê em quais situações o segurado perderá o direito à indenização tais como: ■ Agravação intencional do risco. ■ Apresentação de declarações inexatas ou omissão de circunstâncias que possam influir na aceitação da proposta ou no valor do prêmio. O segurado deverá estar ciente ainda de que tem a obrigação de comuni- car à seguradora, logo que saiba, sobre qualquer fato que possa agravar consideravelmente o risco coberto. Quando a inexatidão ou a omissão nas declarações não resultar de má-fé do segurado, a sociedade seguradora poderá tomar algumas medidas, desde que seja no prazo de quinze dias após o recebimento do aviso. Veja quais são essas medidas: I. na hipótese de não ocorrência de sinistro: a) cancelar o seguro, podendo reter do prêmio originalmente pactuado a parcela proporcional ao tempo decorrido; b) mediante acordo, permitir a continuidade do seguro, poden- do cobrar a diferença de prêmio cabível ou restringir termos e condições da cobertura contratada. II. na hipótese de ocorrência de sinistro sem indenização integral: a) após o pagamento da indenização, cancelar o seguro, poden- do reter do prêmio originalmente pactuado a parcela calcu- lada proporcionalmente ao tempo decorrido, acrescido da diferença cabível; b) permitir a continuidade do seguro, podendo cobrar a diferença de prêmio cabível ou deduzi-la do valor a ser indenizado, ou restringir termos e condições da cobertura contratada. III. na hipótese de ocorrência de sinistro com indenização integral: a) após o pagamento da indenização, cancelar o seguro, podendo deduzir do valor a ser indenizado a diferença de prêmio cabível. — Cláusula de Rescisão e Cancelamento do Contrato de Seguro A presente cláusula adotada pelo mercado visa fixar as regras de rescisão e cancelamento do contrato de seguro, no todo ou em parte, consistindo, basicamente, nas seguintes situações: 28 UNIDADE 1 INTRODUÇÃO AOS SEGUROS DE DANOS ■ por inadimplemento do segurado; ■ por perda de direito do segurado; ■ por esgotamento do limite máximo de garantia da apólice; ■ quando a indenização ou série de indenizações pagas atingirem o limite máximo de indenização de uma determinada cobertura, situação em que o cancelamento afetará apenas essa cobertura; ■ pela concordância recíproca entre segurado e seguradora, por escrito, caso em que o cancelamento será denominado rescisão. Na hipótese de rescisão a pedido da seguradora, esta retém do prêmio recebido, além dos emolumentos, a parte proporcional ao tempo decorrido (critério pro rata). Na hipótese de rescisão a pedido do segurado, além dos emolumentos, o mercado pratica a retenção do prêmio calculado de acordo com a seguinte Tabela de Prazo Curto: PRAZO (ATÉ) % DO PRÊMIO RETIDO PRAZO (ATÉ) % DO PRÊMIO RETIDO 15 dias 13 195 dias 73 30 dias 20 210 dias 75 45 dias 27 225 dias 78 60 dias 30 240 dias 80 75 dias 37 255 dias 83 90 dias 40 270 dias 85 105 dias 46 285 dias 88 120 dias 50 300 dias 90 135 dias 56 315 dias 93 150 dias 60 330 dias 95 165 dias 66 345 dias 98 180 dias 70 365 dias 100 Os percentuais correspondentes aos prazos registrados na tabela são apli- cados ao valor do prêmio anual do seguro. Para percentuais diferentes da tabela, adotam-se os percentuais imediatamente inferiores. Entretanto, a Circular Susep 621/2020 passou a desobrigar o uso da tabela de prazo curto e permite que o mercado passe a adotar o critério propor- cional ao tempo decorrido (pro rata) mesmo para a rescisão solicitada pelo segurado. Nos casos de rescisão que gerar restituição, os valores devidos a título de devolução de prêmios, no caso de cancelamento do contrato e estarão sujeitos à atualização monetária. Tal atualização monetária, segundo índice 29 UNIDADE 1 INTRODUÇÃO AOS SEGUROS DE DANOS a ser definido no seguro contratado, aplica-se a partir da data do recebi- mento da solicitação de rescisão, se solicitada pelo segurado, ou da data da emissão da rescisão, se solicitada pela seguradora. (Circular Susep nº 668/2022). — Outras Disposições Contratuais As condições contratuais abordam ainda os seguintes temas: ■ As questões judiciais entre o segurado e a sociedade seguradora serão processadas no foro do domicílio do segurado ou beneficiá- rio, conforme o caso. ■ A definição do beneficiário do seguro, quando couber, se dará por cláusula específica. ■ A sub-rogação de direitos, quando couber, se dará por cláusula específica. 30 FIXANDO CONCEITOS INTRODUÇÃO AOS SEGUROS DE DANOS FIXANDO CONCEITOS 1 Analise as proposições e marque a alternativa correta 1. Todos os produtos necessitam de um conjunto de textos que compõem o contrato de seguro, os quais apresentam todos os termos e as condi- ções daquele determinado produto, tais como: deveres, obrigações, riscos cobertos e excluídos, e que devem estar redigidos de forma clara e objeti- va, não dando margem a possíveis dúvidas ou mesmo dupla interpretação. Esse conjunto de textos é chamado de: (a) Condições Especiais. (b) Condições Internas. (c) Condições Contratuais. (d) Condições Particulares. (e) Cláusulas Acessórias. 2. Por meio da Cláusula de Formas de Contratação, deve ser estabelecido o modo como se dará a fórmula do cálculo da indenização dascoberturas em caso de eventual sinistro. Essas formas podem variar entre os produ- tos existentes no mercado. Os contratos de danos podem apresentar as seguintes formas de contratação: (a) Risco Absoluto, Risco Relativo e Risco Total. (b) Condições Gerais, Especiais e Particulares. (c) Prêmio de Risco, Prêmio Estatístico e Prêmio Comercial. (d) Apólice, Bilhete e Averbação. (e) Condições Contratuais e Condições Gerais. 3. Nesta cláusula, são especificados todos os critérios a serem adotados em caso de sinistro coberto por mais de uma seguradora, para os mesmos bens e contra os mesmos riscos, determinando a responsabilidade propor- cional de cada seguro existente. Estamos falando da Cláusula de: (a) Renovação. (b) Formas de Contratação. (c) Bens Excluídos. (d) Concorrência de Apólices. (e) Sub-rogação de Direitos. 31 FIXANDO CONCEITOS INTRODUÇÃO AOS SEGUROS DE DANOS 4. Ela poderá ser facultativa, mediante eventual cobrança de prêmio adi- cional, calculado a partir da data da ocorrência do sinistro até o término de vigência do contrato, ou automática, observada a regulamentação especí- fica de cada ramo de seguro. Estamos falando da: (a) Cláusula de Indenização. (b) Cláusula de Reintegração. (c) Cláusula de Sub-rogação. (d) Cláusula de Concorrência de Apólices. (e) Cláusula de Renovação. Consulte o gabarito clicando aqui. 32 UNIDADE 2 INTRODUÇÃO AOS SEGUROS DE DANOS 02 O PRODUTO de SEGURO DE DANOS e seus ELEMENTOS ■ Conhecer os elementos que fazem parte da concepção de um produto de seguro de danos, compreendendo as etapas do desenvolvimento de um produto de seguros. Após ler esta unidade, você deverá ser capaz de: ⊲ ETAPAS DE DESENVOLVIMENTO ⊲ ELEMENTOS DE UM PRODUTO DE SEGUROS ⊲ FIXANDO CONCEITOS 2 TÓPICOS DESTA UNIDADE 33 UNIDADE 2 INTRODUÇÃO AOS SEGUROS DE DANOS Esta unidade visa demonstrar os elementos que compõem um produto de seguros de danos, ou seja, que fazem parte de sua concepção. É de muita importância que o corretor adquira conhecimento acerca do que está contido em um produto de seguro disponível no mercado, pois tal conhecimento explicará muito de seu dia a dia em relação à contratação de seguros e à sua relação com a seguradora que representa. ETAPAS DE DESENVOLVIMENTO — Concepção Os produtos de seguro do mercado são concebidos com base em demanda de mercado percebida e para um público-alvo definido (clientes potenciais). Este é o momento em que são definidos pontos fundamentais, como: bens a garantir, riscos cobertos e excluídos; coberturas a oferecer para o seg- mento focado; políticas de aceitação, segmentação e precificação. É importante que o corretor tome conhecimento de como se dá uma con- cepção dessa natureza e seus pontos-chaves, pois explica muito o cotidia- no da operação de cotação e aceitação do produto a ele disponibilizado pelas seguradoras. O correto entendimento desse processo acrescenta muito, tendo em vista que o corretor é o principal distribuidor dos seguros de danos e o foco das seguradoras no momento da concepção dos produ- tos, em função do importante canal que representa. 34 UNIDADE 2 INTRODUÇÃO AOS SEGUROS DE DANOS As políticas de aceitação, segmentação e precificação integram as regras de subscrição do produto desenvolvido. Pode-se dizer que as regras de subscrição de um produto são a tradução de sua estratégia de atuação, pois devem conter os elementos técnicos que possibilitam a atuação do produto no mercado, tal como planejado, e o atingimento dos resultados almejados. — Processos (Operação) De extrema importância, a definição de processos e sistemas oferece sus- tentação a toda a operação do produto. São ferramentas e rotinas que otimizam a operação do produto em todos seus processos, o que inclui: cotação, emissão, inspeção, aceitação, remu- neração, sinistros, entre outros. As seguradoras planejam, executam e testam tais processos e sistemas para se certificarem de que tudo está fluindo da forma mais eficiente. Para seguros massificados, o fator custo de operação é muito importante e passa necessariamente por processos e sistemas otimizados. — Avaliação, Revisão e Manutenção do Produto Administrar produtos massificados requer necessariamente avaliar cons- tantemente se o produto continua atendendo aos seus objetivos, o que inclui verificar se os processos estão fluindo de forma satisfatória e se os resultados atingidos estão dentro do planejado. As seguradoras estão atentas a esses pontos e podem promover ajustes se algo fugir do planejado, o que definimos como manutenção constante. São manutenções que podem atingir todos os pontos da concepção dos produtos, abrangendo ajustes de precificação, segmentação, aceitação, processos ou sistemas, entre outros, dependendo da necessidade de cor- reção para manter os objetivos. 35 UNIDADE 2 INTRODUÇÃO AOS SEGUROS DE DANOS ELEMENTOS DE UM PRODUTO DE SEGUROS — Política de Aceitação de Riscos Todo produto de seguro dos ramos elementares possui algum tipo de política de aceitação, normalmente, relacionada ao chamado “apetite para assumir riscos”, que se resume na capacidade que cada seguradora apre- senta para administrar um determinado ramo de seguro ou, simplesmente, determinados riscos. Na política de aceitação estão definidos os segmentos em que se preten- de atuar, evitar ou excluir durante a operação do produto (será abordado adiante no tópico Atividade e Riscos Excluídos). Conheça os instrumentos ou meios de aplicação de uma política de acei- tação, a seguir. Sistema de cálculo Permite a obtenção, na “ponta de vendas”, de cotações perfeita- mente ajustadas à política do produto. Guidelines São os manuais de aceitação (documentos internos da segurado- ra) que traduzem todas as regras de aceitação do produto para seus mais variados segmentos de atuação. Orientam as equipes de subscrição da seguradora em sua atuação cotidiana e podem nortear a atuação da área comercial na busca pelos riscos ajusta- dos à estratégia de atuação dos produtos. Regimento de alçada Constante do guideline do produto, especifica quais alçadas devem ser consultadas formalmente para fins de aceitação dos riscos, levando em conta as características do objeto segurado. A utilização desse instrumento agrega maior segurança ao gerencia- mento da operação, principalmente, na análise de riscos mais gravosos. Regras de inspeção Indicam aqueles casos que necessitam da visita de técnicos quali- ficados ao local do risco, com o objetivo de analisar as condições físicas e protetivas das instalações e a adequação dos riscos frente às coberturas que se pretende segurar. 36 UNIDADE 2 INTRODUÇÃO AOS SEGUROS DE DANOS Outros meios Uma política de aceitação pode também expressar-se na aplica- ção de regras de franquias, preços ou comissionamento diferen- ciados, conforme o segmento do risco envolvido. A política de aceitação pode contemplar condicionantes para determinados tipos de risco, ou seja, pré-requisitos obrigatórios que permitam o aceite de determinados segmentos como siste- mas de proteção, renovação sem sinistro, região de localização, características construtivas, idade do risco etc. — Segmentação Todo produto de ramos elementares prevê algum tipo de segmentação em sua tarifa (critérios tarifários) que diferenciará a taxa a ser aplicada em função das características do bem segurado e da cobertura oferecida. A segmentação faz parte da colocação em prática da estratégia de atua- ção do produto conforme o foco de atuação pretendido. A liberdade tarifária existente hoje no mercado faz com que cada segura- dora possua seus próprios critérios, ou seja, precifique seus riscos segun- do regras próprias, o que explica a existência de tarifas diferentes, entre as seguradoras, para uma mesma modalidade de seguro. Com o advento das ferramentas sistêmicas de cálculo, contratação e emis- são de seguros, hoje é possívelconceber tarifas mais segmentadas e com- plexas, de acordo com a especificidade de cada produto. Uma correta segmentação evita o uso de taxas médias para riscos de características diferentes, pois identificar exatamente cada atividade segu- rada permite ajustar o preço da forma mais personalizada possível, tra- zendo maior competitividade para a tarifa nos segmentos mais atrativos e atribuindo maior peso ao preço de riscos mais gravosos. Alguns exemplos de segmentação praticada pelo mercado em função do tipo de produto podem ser vistos no quadro a seguir: 37 UNIDADE 2 INTRODUÇÃO AOS SEGUROS DE DANOS EXEMPLOS DE SEGMENTAÇÃO EM FUNÇÃO DO TIPO DE PRODUTO ■ Região de circulação ■ CEP de domicílio ■ Marca/Modelo/Ano-modelo ■ Classe de bônus ■ Características dos usuários (Perfil) ■ Outras ■ Região de localização (CEP) ■ Tipo de imóvel (casa ou apartamento ■ Tipo de utilização (habitual ou veraneio) ■ Se o condomínio é fechado ■ Tipo de construção (Se alvenaria ou não alvenaria) ■ Outras ■ Porte da empresa ■ Região de localização (CEP) ■ Natureza da atividade (industrial, comercial ou serviços) ■ Atividade (Ex.: metalúrgica, ind. plásticos, química etc.) ■ Tipo de construção (superior, sólida, mista ou inferior) ■ Tipo de proteção contra incêncio (extintores, hidrantes etc.) ■ Tipo de proteção contra roubo (alarme, vigilância etc.) ■ Outras ■ Tipo de condomínio (residencial, comercial, misto, etc.) ■ Região de localização (CEP) ■ Número de pavimentos ■ Tipo de construção (superior, sólida, mista ou inferior) ■ Tipo de proteção contra incêndio (extintores, hidrantes etc.) ■ Tipo de proteção contra roubo (alarme, vigilância etc.) ■ Números de vagas de garagem ■ Outras ■ Natureza do equipamento (móvel, estacionário) ■ Tipo do equipamento (trator, guindaste, empilhadeira, torno, tear etc.) ■ Aplicação (comércio, indústria metalúrgica, obras, minas, atividade sobre ou próxima à água etc.) ■ Idade do equipamento ■ Uso próprio ou locação ■ Região de atuação ■ Outras ■ Porte da embarcação ■ Tipo de embarcação (motor, vela etc.) ■ Tipo de construção (fibra, madeira, mista, borracha etc.) ■ Idade da embarcação ■ Região de localização ■ Perfil de quem comanda (tempo e tipo de habilitação) ■ Acondicionamento em marina/iate clube ou não acondicionada ■ Se participa de competição (Vela, velocidade, pesca etc.) ■ Âmbito de navegação (rios, lagos, baía, mares internos etc.) ■ Outras Seguro de Automóvel Seguro de Condomínio Seguro de Equipamento Seguro de Embarcações de recreio Seguro Residencial Seguro Empresarial Cabe ao corretor conhecer bem o produto que tem ao seu dispor, para poder obter a cotação de seguro que melhor se adapte às necessidades de seu cliente. Quanto mais informações ele obtiver de seu cliente, mais adequado e até mais competitivo será o seguro oferecido. A informação completa é deter- minante não apenas para obter um seguro adequado, mas também para evitar problemas futuros no momento de um eventual sinistro. 38 UNIDADE 2 INTRODUÇÃO AOS SEGUROS DE DANOS — Atividades e Riscos Excluídos A capacidade de lidar com os riscos excluídos, na maioria das vezes, está relacionada aos prejuízos experimentados em algum momento pela segu- radora. Outra razão pode ser atribuída à periculosidade intrínseca que uma determinada atividade apresente como, por exemplo, uma fábrica de arti- gos de madeira que, sem sistemas protecionais de combate a incêndio, certamente será um risco recusável em qualquer seguradora. Outra hipótese que pode levar uma seguradora a incluir um determinado risco ou uma atividade no rol de riscos excluídos pode estar relacionada a uma condição do contrato de resseguro, pois os mesmos critérios que pos- sam afetar os resultados de uma operação de seguros também afetarão os resultados da resseguradora. As seguradoras normalmente dividem sua política de aceitação de riscos em: ■ riscos recusáveis: conhecidos como aqueles que não serão garantidos em hipótese alguma; ■ riscos de aceitação restrita ou sob análise: aqueles que pode- rão ser aceitos, dependendo da excelência dos sistemas de prote- ção, combinada com a adoção de condições mais restritivas (fran- quias elevadas, por exemplo). Conheça a seguir alguns tipos de edificação, bens, riscos ou atividades que podem não ser aceitos. Tipos de Edificações » Construções abertas, entendidas como toda edificação consti- tuída de cobertura de telhado e desguarnecida de parede em todos os seus lados. » Construções semiabertas, sendo aquelas edificações consti- tuídas de cobertura de telhado e desguarnecida de paredes ou portas em um dos lados. » Construção Mista/Inferior, definida como o imóvel que apresen- ta estrutura, paredes ou cobertura com mais de 25% (vinte e cin- co por cento) de material combustível (madeira, por exemplo). Bens » Dinheiro em espécie. » Obras de arte ou de valor estimativo de difícil avaliação. » Equipamentos, móveis ou utensílios instalados ao ar livre. » Determinados tipos de máquinas da indústria pesada (cami- nhões, tratores, gruas, guindastes etc.). 39 UNIDADE 2 INTRODUÇÃO AOS SEGUROS DE DANOS » Equipamentos que operam sobre a água. » Equipamentos importados sem similar nacional. Riscos » Riscos nucleares. » Cobertura de roubo para casa de veraneio. » Cobertura de valores em determinadas atividades. » Cobertura de vendaval, alagamento e outros eventos da natu- reza em determinadas regiões do país. Atividades » Armazéns que recebem mercadorias indiscriminadamente. » Fábricas de artigos de madeira. » Fábricas de colchões. » Fábricas de produtos químicos. » Boates. » Mineradoras. » Fábricas, depósito ou lojas de armas e munições. » Fábricas e depósitos de gás. » Lojas e depósitos de venda de peças de veículos usados. » Indústrias de produtos siderúrgicos. — Precificação O objetivo básico da precificação de um produto é desenvolver taxas de seguro que cubram os sinistros e suas despesas, as despesas administra- tivas e as despesas de angariação, resultando em lucro. Saiba mais O ato de precificar um produto de seguro é um processo prospectivo em que, ava- liando resultados do passado, projeta-se um preço a ser praticado a partir de técnicas atuariais e estatísticas, tudo associado a um certo grau de incerteza. O desafio é, ao utilizar essas técnicas, prospectar de forma mais assertiva com base nos dados estatísti- cos disponíveis que permitam atingir os resultados desejados. Esse é um dos pontos mais sensíveis de um produto de seguros: a fixação de preços que integrarão sua tarifa de seguros. 40 UNIDADE 2 INTRODUÇÃO AOS SEGUROS DE DANOS É importante que o corretor de seguros possua um mínimo de conhe- cimento sobre a dinâmica da formação do preço final de um seguro e seus componentes. O objetivo aqui é abordar o assunto precificação de forma simples para o perfeito entendimento de seus princípios gerais. O prêmio de seguro deve ser calibrado de forma a abranger os seguintes componentes que incidem sobre a operação dos seguros de danos: ■ Sinistros e despesas de sinistro. ■ Despesas administrativas das seguradoras. ■ Despesas de angariação. ■ Lucro. Sinistros e despesas de sinistro Sinistros: na composição do prêmio de seguro deve-se contemplar sinistros pagos aqueles que se encontram pendentes de pagamen- to e aqueles que já ocorreram, mas ainda não foram avisados à seguradora. É a reserva IBNR, do inglês incurred but not reported, que significa Provisão de Sinistros Ocorridos e Não Avisados. Despesas: incluem-se ainda no prêmio de seguro as despesas associadas ao processo de regulação e liquidação de sinistros (pagamentos de serviços de regulação terceirizados, por exemplo). Despesas administrativas das seguradoras São as despesas que envolvem a operação do produto – por exemplo, custos de processamento, instalações daempresa, equi- pamentos, estrutura, pessoal etc. – e que devem ser consideradas. Despesas de Angariação Comissionamentos ou pró-labores pagos pela comercialização do produto que também deve estar previsto. Também estão incluídas neste componente as campanhas comer- ciais de remuneração a corretores. Lucro É a remuneração, esperada pela seguradora para seus acionistas, oriunda diretamente do produto e que deve estar incluída na pre- cificação do seguro. Existem diferentes etapas do prêmio de seguros até alcançar seu patamar de colocação no mercado. Com base nos componentes do prêmio de seguro que estudamos até aqui, ou seja, aquilo que deve estar abrangido pela tarifa de um seguro, tal prêmio assume as seguintes denominações: 41 UNIDADE 2 INTRODUÇÃO AOS SEGUROS DE DANOS » Prêmio de Risco ou Estatístico. » Prêmio Puro. » Prêmio Comercial. » Prêmio Bruto ou Total. Prêmio de Risco ou Estatístico A precificação de um seguro de danos é um procedimento esta- tístico, pelo qual se avalia o comportamento de uma carteira de seguros real ou projetada para a montagem de uma tarifa. Desse conceito inicial advém o Prêmio de Risco ou Estatístico. Prêmio de Risco é a parcela de prêmio angariado que é respon- sável por arcar com o pagamento dos sinistros e suas despesas. Essa variável é calculada por meio da multiplicação da frequência de sinistros pela indenização média ou pela divisão do total de indenizações pagas pela exposição de riscos segurados. Pode também ser definido como o valor que deveria ser cobrado de cada item segurado para suportar o pagamento total de sinis- tros da carteira (conceito do mutualismo). Alguns autores também denominam o prêmio de risco como “prêmio estatístico”. 42 UNIDADE 2 INTRODUÇÃO AOS SEGUROS DE DANOS Exemplo Para avaliar o Prêmio de Risco em uma carteira de clientes analisada no período de um ano, foram apurados os seguintes números: Total de Clientes segurados = 3.250 Total de Sinistros pagos = R$ 720.000,00 Entende-se que: PR é o Prêmio de Risco PT é o Prejuízo Total NR é o Número de Registros Temos que: PR = PT Logo: PR = 720.000,00 = R$ 221,54 NR 3.250 Conclusão: O prêmio de risco, que deve ser cobrado de cada item segurado da carteira analisada, necessário para arcar com o prejuízo total apurado é de R$ 221,54. Na hipóte- se de a seguradora identificar que está praticando um prêmio menor que esse valor, uma das possibilidades de correção será providenciar a imediata revisão da composição do prêmio de seguro daquela carteira. Prêmio Puro O cálculo do Prêmio Puro se dá pela inserção de um coeficiente de segurança sobre o Prêmio de Risco. Esse coeficiente de segurança é calculado pelo Departamento Atuarial e Estatístico da seguradora e objetiva proporcionar maior segurança nas análises contra flutuações indesejáveis de riscos futuros, evitando com que o componente sinistro e suas despesas possam variar. Sua aplicação também se justifica em função do tamanho da amos- tra estatística estudada e sua confiabilidade. Em outras palavras, tal coeficiente amplia a margem de segurança contra variações inesperadas nos índices de sinistralidade previstos. 43 UNIDADE 2 INTRODUÇÃO AOS SEGUROS DE DANOS Exemplo Tomando ainda por base os dados do exemplo anterior, a seguradora sabe que para o período seguinte ao analisado, há uma expectativa de aumento da sinistralidade em função de análises prévias do produto. Para tanto, ela resolveu incluir uma margem de segurança de 20%. Assim, temos que: PP = PR × (1 + MS) Logo: PP = R$ 221,54 × 1,2 = R$ 265,85 Entende-se que: PP é o Prêmio Puro PR é o Prêmio de Risco MS é a Margem de Segurança Prêmio Comercial O Prêmio Puro por si só não é suficiente para cobrir a operação de comercialização do seguro em sua integralidade. Lembre-se de que ele é suficiente apenas para arcar com o componente sinistro e suas despesas. Sabemos que a operação de comercialização de um seguro prevê a necessidade de que o prêmio de seguro seja capaz também de arcar, em sua totalidade, com os componentes Des- pesas Administrativas (DA), Despesas de Angariação (Despesas Comerciais) e Lucro. Sendo assim, chegou o momento de agravar ou, como se diz no mercado, carregar o Prêmio Puro com as parcelas que cubram tais componentes. Em outras palavras, o Prêmio Comercial corresponde ao Prêmio Puro acrescido dos carregamentos referentes à Despesa Adminis- trativa + Despesas Comerciais + Lucro. 44 UNIDADE 2 INTRODUÇÃO AOS SEGUROS DE DANOS Exemplo Continuando com os dados do exemplo anterior, consideremos agora a aplicação de um carregamento de 40%, assim composto: Despesas Administrativas = 15% Despesas Comerciais = 15% Lucro = 10% Entende-se que: DA = Despesas Administrativas DC = Despesas Comerciais L = Lucro PC = PP 1 - (DA + DC + L) Logo PC = 265,85 ou 265,85 = R$ 443,08 (1-0,4) 0,60 O Prêmio de R$ 443,08 é suficiente para arcar com os componentes de sinistro e suas despesas (com margem de segurança), despesas administrativas, despesas de angaria- ção e lucro desejado. Prêmio Bruto ou Prêmio Total Este componente do prêmio configura-se como a última etapa do cálculo do prêmio de seguro, em que deverão ser acrescentados ao Prêmio Comercial os encargos correspondentes aos juros de parcelamento (adicional de fracionamento) e aos impostos (IOF). 45 UNIDADE 2 INTRODUÇÃO AOS SEGUROS DE DANOS Exemplo Ainda com base nos dados anteriores, temos: PB = (PC + AF) × (1 + IOF) Onde: PB = Prêmio Bruto PC = Prêmio Comercial AF = Adicional de Fracionamento IOF = Imposto Sobre Operações Financeiras Obs.: 1. Admita que o adicional de fracionamento seja um valor fixo de R$ 35,00. 2. O percentual do IOF para os seguros patrimoniais é de 7,38%. Assim temos: PB = (443,08 + 35,00) × (1 + 0,738) PB = 478,08 × 1,0738 PB = R$ 513,36 PRÊMIO COMPOSIÇÃO FINALIDADE Prêmio de Risco ou Prêmio Estatístico Calculado pela relação, veri- fica entre o total de clientes segurados de um ramo de seguros e o total de sinistros pagos nessa mesma carteira. Arcar com o pagamento dos sinis- tros e suas despesas, sem consi- derar as despesas administrativas, despesas de angariação e lucro. Prêmio Puro Calculado pela inserção de um coeficiente de segurança aplicado sobre o prêmio de risco. Ampliar a margem de segurança contra variações inesperadas nos índices de sinistralidade previstos. Prêmio Comercial Corresponde ao prêmio puro carregado dos custos refe- rentes às despesas adminis- trativas, despesas comerciais e lucro. Arcar com o pagamento dos sinis- tros e com as despesas de uma carteira, considerando as despe- sas administrativas, despesas de angariação e lucro. Prêmio Bruto Corresponde ao prêmio comercial acrescido dos encargos correspondentes ao adicional de fracionamen- to e IOF. Definir prêmio final cobrado do segurado. 46 FIXANDO CONCEITOS INTRODUÇÃO AOS SEGUROS DE DANOS FIXANDO CONCEITOS 2 Marque a alternativa correta 1. As seguradoras têm autonomia para aceitar ou não determinados riscos, estabelecer limites, segmentar produtos, tudo em função da sua estratégia mercadológica. Para isso, elas desenvolvem materiais internos que defi- nem claramente essas regras (políticas). Estamos falando da Política de: (a) Aceitação. (b) Preço. (c) Cálculo. (d) Mercado. (e) Manutenção. 2. A precificação de um seguro de danos é um procedimento estatístico, em que se avalia o comportamento de uma carteira de seguros real ou projetada para a montagem de uma tarifa. O prêmio a ser cobrado pela contratação do seguro é tipificado de acordo com o estágio da precifica- ção. O tipo de prêmio que visa garantir à seguradora o mínimo para que ela possa arcar com os prejuízos de sinistros de uma determinada carteira é denominado: (a) Prêmio Comercial. (b) Prêmio Bruto. (c) Prêmio Total. (d) Prêmio de Risco. (e) Prêmio Líquido.Consulte o gabarito clicando aqui. 47 UNIDADE 3 INTRODUÇÃO AOS SEGUROS DE DANOS 03 FORMAS de CONTRATAÇÃO de SEGUROS de DANOS SEGUROS PROPORCIONAIS e NÃO PROPORCIONAIS ■ Entender as formas de contratação dos seguros de danos – proporcionais e não proporcionais, percebendo assim a influência de cada modalidade no cálculo das indenizações de sinistros. Após ler esta unidade, você deverá ser capaz de: TÓPICOS DESTA UNIDADE ⊲ SEGUROS PROPORCIONAIS ⊲ SEGUROS NÃO PROPORCIONAIS ⊲ FIXANDO CONCEITOS 3 48 UNIDADE 3 INTRODUÇÃO AOS SEGUROS DE DANOS O objetivo da presente unidade é adquirir conhecimento sobre as formas de contratação dos seguros de danos: ■ Seguros Proporcionais » Risco Total » Risco Relativo ■ Seguros Não Proporcionais » Risco Absoluto A Circular Susep 621, de 2021, exige que os Planos de Seguros caracterizem sua forma de contratação, devendo ser a Risco Total, Risco Relativo ou Risco Absoluto. As duas primeiras formas pertencem à classificação de Seguros Proporcionais e a última é classificada como Seguro Não Proporcional Conhecer esses conceitos é de suma importância para o corretor de segu- ro, para que ele compreenda as diferenças e assim possa identificar a melhor forma de contratação ou o produto que mais se adapta à necessi- dade do seu cliente, visto que cada seguradora desenvolve seu produto com suas próprias regras. A correta orientação sobre as formas de contratação dos seguros de danos também previne quanto a problemas no momento de cálculo da indenização de um sinistro futuro. Dependendo da forma de contratação, um seguro mal dimensionado pode resultar na aplicação de rateio, penalizando o segurado no momento do cálculo da indenização final de um sinistro. Nota Definições Limite Máximo de Garantia (LMG) É o valor fixado pela seguradora, com base nos critérios constantes na apólice. Ele representa a importância máxima a ser indenizada, resultante da ocorrência de um determinado evento, ou série de eventos, ocorridos durante a vigência da apólice, abrangendo uma ou mais coberturas contratadas. Limite Máximo de Indenização (LMI) É o valor fixado especificamente para a cobertura contratada pelo segurado. Ele representa o valor máximo a ser pago pela seguradora em decorrência de um sinistro ou série de sinistros garantidos por aquela cobertura específica, respeitado o Limite Máximo de Garantia (LMG) da apólice. 49 UNIDADE 3 INTRODUÇÃO AOS SEGUROS DE DANOS Importante O rateio pode ser aplicado na forma de contratação proporcional e resulta na participa- ção proporcional do segurado na indenização final, conforme o dimensionamento do seguro contratado, no que diz respeito aos valores em risco dos bens segurados. A seguir, veremos mais detalhadamente os conceitos e as formas de con- tratação dos Seguros Proporcionais e Seguros Não Proporcionais. SEGUROS PROPORCIONAIS Os Seguros Proporcionais recebem essa denominação porque estabele- cem que em determinados casos de sinistros, em que haja a insuficiên- cia de importância segurada ou o mal dimensionamento de valor em risco informado (conforme o tipo de seguro contratado), segurado e segurador participam, proporcionalmente, dos prejuízos. O art. 783 do Código Civil Brasileiro estabelece que: “Salvo disposição em contrário, o seguro de um interesse por menos do que valha acarreta a redução proporcional da indenização, no caso de sinistro parcial.” Desse modo, o que caracteriza um seguro proporcional é a existência da cláu- sula de rateio dos prejuízos entre o segurador e o segurado, quando o seguro é contratado de forma insuficiente, conforme estabelece o referido artigo. A modalidade de contratação dos seguros proporcionais se divide em seguros a Risco Total e seguros a Risco Relativo, sendo este último mais frequente em boa parte dos contratos patrimoniais. Vamos conhecer cada um deles: — Seguro a Risco Total É aquele em que, ao ser constatada a insuficiência do seguro, ou seja, quando o LMI é menor do que o valor do bem na data do sinistro (Valor em Risco Apurado - VRA), o segurado participa dos prejuízos na mesma pro- porção dessa insuficiência, por meio do dispositivo contratual denominado cláusula de rateio. 50 UNIDADE 3 INTRODUÇÃO AOS SEGUROS DE DANOS Suponhamos, por exemplo, que um segurado realize o seu seguro cobrindo apenas 50% do seu bem. Em caso de sinistro parcial, sua indenização será equivalente a 50% dos seus prejuízos. Para o cálculo da indenização, nos Seguros Proporcionais a Risco Total, utilizam-se, portanto, os princípios da cláusula de rateio. Logo, o ônus recai sobre o segurado, que, em razão da insu- ficiência de importância segurada, participa proporcionalmente dos prejuízos. A razão de ser da aplicação da cláusula de rateio pode ser entendida nos exemplos apresentados a seguir: Importante Fórmula da Indenização - Risco Total: I = LMI × P VRA Onde: LMI = Limite Máximo de Indenização (contratado na apólice) VRA = Valor Risco Apurado (no momento do sinistro) Prejuízo (P) = Valor dos danos apurados no momento do sinistro Indenização (I) = Valor da indenização a ser paga ao segurado 51 UNIDADE 3 INTRODUÇÃO AOS SEGUROS DE DANOS Na aplicação prática nº 1, o segurado contratou um LMI que, no momento da apuração do valor em risco (VRA) pela seguradora na ocasião do sinistro, se mostrou suficiente, portanto, não estará sujeito a rateio. Exemplo Aplicação Prática 1: LMI = R$ 2.000.000,00 VRA = R$ 2.000.000,00 Prejuízo (P) = R$ 500.000,00 Onde: LMI = Limite Máximo de Indenização (contratado na apólice) VRA = Valor Risco Apurado (no momento do sinistro) Prejuízo (P) = Valor dos danos apurado no momento do sinistro Indenização (I) = Valor da indenização a ser paga ao segurado Assim temos: I = LMI × P VRA I = 2.000.000,00 × 500.000,00 = 500.000,00 2.000.000,00 Indenização final = R$ 500.000,00 (sem rateio) 52 UNIDADE 3 INTRODUÇÃO AOS SEGUROS DE DANOS Na aplicação prática nº 2, o segurado contratou um LMI que, se mostrou insuficiente no momento da apuração do valor em risco (VRA) pela segu- radora na ocasião do sinistro. Portanto, haverá rateio. Determinação do LMI Para a correta determinação do LMI, e assim não se preocupar com a apli- cação da cláusula de rateio, o segurado deverá ser orientado a calcular, no momento da contratação do seguro de danos, o real valor dos bens expostos ao risco, ou seja, determinar qual seria o real valor de reposição e indicá-lo como a importância segurada da apólice (LMI). Nos seguros a Risco Total, o segurado não precisa declarar, no seguro, o Valor em Risco de seus bens, e sim apenas indicar o respectivo LMI para estes bens, calculado conforme definido anteriormente. É importante destacar que a seguradora não assume qualquer respon- sabilidade por reconhecer o LMI como suficiente ou não ao interesse do seguro, uma vez que o segurado é sempre o responsável por todos os valores declarados na apólice. Exemplo Aplicação Prática 2: LMI = R$ 1.000.000,00 VRA = R$ 2.000.000,00 Prejuízo (P) = R$ 500.000,00 Onde: LMI = Limite Máximo de Indenização (contratado na apólice) VRA = Valor Risco Apurado (no momento do sinistro) Prejuízo (P) = Valor dos danos apurado no momento do sinistro Indenização (I) = Valor da indenização a ser paga ao segurado Assim temos: I = LMI × P VRA I = 1.000.000,00 x 500.000,00 = 250.000,00 2.000.000,00 Indenização final = R$ 250.000,00 (houve rateio) 53 UNIDADE 3 INTRODUÇÃO AOS SEGUROS DE DANOS Determinação do VRA Na hipótese de sinistro, a seguradora apurará na data de ocorrência o Valor em Risco dos bens segurados, que receberá o nome de Valor em Risco Apurado (VRA). Esse valor será então confrontado com o valor do LMI cons- tante da apólice, com o objetivo de apurar a compatibilidade entre eles. Se ficar constatado que o valor em risco apurado (VRA -
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