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E N D O D O N T I A I/II ANATOMIA DA CAVIDADE PULPAR Para o sucesso do tratamento endodôntico, se faz necessário o vasto conhecimento da anatomia interna e ter-se em mente suas variações. A cavidade pulpar é o nosso campo de trabalho. O dente = Coroa + Raiz; A cavidade pulpar é um espaço localizado no interior do dente e é ocupada pela polpa dental, exceto ao nível do forame apical (ao ultrapassar o forame, você está no periodonto); A polpa dental preenche a cavidade pulpar, ela é responsável pela sensibilidade ao frio e quente e sua principal função é formar dentina. É fundamental saber que quando a polpa está inflamada o dente vai doer com o frio em patologias iniciais ou quente em patologias avançadas. OBS: Todo dente normalmente responde ao frio, há pessoas que até possuem uma hipersensibilidade ao frio e isso não quer dizer que a polpa esteja inflamada ou ainda pode ser que seja uma pulpite reversível. Agora, se o paciente reclama até do ar que bate no dente e dói, ai se sabe que essa polpa está inflamada, ou seja, pode ser um processo carioso profundo quase chegando a polpa e causando inflamação. Qualquer coisa gelada – processo carioso profundo que causa inflamação na polpa; Reclamou com quente – patologia bem avançada, precisa-se urgentemente de tratamento endodôntico. Como a polpa é responsável pela sensibilidade ao retirá-la não terá sensibilidade ao quente ou ao frio. Sem polpa, sem sensibilidade. Na endodontia, na radiografia uma área radiolúcida significa presença de bactéria que causou uma “destruição” óssea. PATOLOGIA APICAL A presença de uma patologia apical significa que a polpa está necrosada (morta), esse dente não tem sensibilidade nem ao frio nem ao quente pela morte da polpa dental. É possível usar anestesia somente para passar confiança e conforto ao paciente, mas sem é possível manipular com suavidade que o paciente não sentirá nada. Teste de vitalidade e o paciente não sentiu nada – polpa necrosada (morta); A sensibilidade ao toque é dada pelo ligamento periodontal (LPD) e sua inervação. Sensibilidade às variações de temperatura é com a polpa. A principal função da polpa é formar dentina. Sem polpa não tem dentina. Polpa necrosada não forma dentina. POLPA X PATOLOGIA DENTE FISTULADO DÓI? POR QUÊ? Fístula – “botãozinho” por onde drena o pus com exsudato inflamatório. Quando há fistula não tem aumento de pressão, o que causa a dor é a formação de pus ali dentro que começa a expandir o tecido e pressionar os filetes nervosos contra o osso duro. E N D O D O N T I A I/II Ou seja, um dente fistulado não dói porque a polpa já está necrosada (morta). A fístula abre um caminho para descomprimir aquela lesão e normalmente aparece entre dois dentes, e para saber qual dente está relacionado a ela tem que colocar um cone de guta perche e penetrar na fístula, isso é chamado de rastreamento da fístula. CAVIDADE PULPAR Esta cavidade reproduz morfologia externa do dente, e divide-se em duas porções: cÂmara pulpar (dentro da coroa) e canal radicular (dentro da raiz); LIMITES DA CAVIDADE PULPAR Parede vestibular, parede lingual/palatina, parede mesial, parede distal, parede oclusal e uma parede certical ou assoalho (onde fica a entrada dos canais radiculares. → Parede cervical ou assoalho – localiza-se ao nível do colo anatômico dos dentes multirradiculares. É uma superfície lisa e polida, e é onde se encontra os orifícios de entrada dos canais. → Nos dentes unirradiculares o assoalho não existe, a câmara pulpar se transforma gradualmente no canal radiculares, como se fosse um funil. A entrada dos canais fica na parede cervical ou no assoalho. É necessário cuidado para não perfurar essa parede. CARACTERÍSTICAS GERAIS DA CAVIDADE PULPAR 1. Ocupa a porção central do dente – trabalhar com a broca exclusivamente no centro; 2. Possui forma aproximada à do exterior do dente – em dentes unirradiculares é possível observar o formato de um triângulo na cavidade pulpar então o acesso precisar ter o mesmo formato e assim evita a destruição de dentina sem necessidade. 3. Se modifica de acordo com a idade (volume), há uma maior formação dentinária na cavidade pulpar – a polpa só para de produzir dentina quando morre, o canal do idoso é estreito e as vezes fica tão calcificado que nem consegue fazer acesso. IDADE Maior formação dentinária no teto e no assoalho, dos molares aumentando a dificuldade de localização da câmara e dos canais radiculares. Observa-se que o teto do primeiro molar está quase encostando no assoalho, para fazer canal nesse dente tem que retirar todo o teto com cuidado para não perfurar o assoalho. Em comparação os outros molares estão bem mais fáceis, por exemplo, o terceiro molar, a câmara pulpar está mais ampla e mais fácil o acesso. O ponto de maior constricção (estreitamento) está no CDC (canal, dentina, cemento); A cavidade pulpar tem seu forame localizado para apical; O forame poderia estar na ponta da raiz mas não está porque o ligamento periodontal tem movimento, e a cortical óssea é dura. Então toda vez que a pessoa mastigasse alguma coisa mais dura, esse pequeno movimento de intrusão iria esmagar a polpa e ela iria morrer. Por isso a natureza determinou uma proteção para a entrada E N D O D O N T I A I/II desse feixe vásculo nervoso na raiz, então o canal sai para a lateral 1 ou 2 mm. FLARE UP É a agudização da dor de uma patologia e que ocorre entre as sessões de um tratamento endodôntico. Então toda vez que observar uma radiografia e tiver uma área radiolúcida e é perguntado ao paciente se o dente dói e a resposta é não, é necessário ficar atento porque qualquer é possível ter empurrado tecido necrótico, toxina ou qualquer material irritante que for vai causar um flare up. (Lima empurrando tecido necrótico para o ápice) CANAL RADICULAR Didaticamente o canal radicular é dividido em: → Terço cervical ou coronário; → Terço médio: → Terço apical; A divisão é feita da ponta da cúspide até o ápice medindo através da régua na radiografia. Por exemplo, deu 21mm, vai dividir por 3 cada terço então cada terço vai ter 7mm. Sabendo que primeiro vai entrar pelo terço coronário que é mais fácil, seguindo para o terço médio e depois para o terço apical que é o mais complicado pois está muito perto de ultrapassar o CDC e empurrar a bactéria para fora. Onde tem a maior quantidade de bactéria é no terço cervical, pois a bactéria vem da cárie e ela está localizada no terço cervical. ** Então se abrir o dente e ir direto enfiando a lima até o ápice vai empurrar tudo de ruim (bactéria/toxinas/resto necrótico) para o terço apical. Esses dentes possuem área radiolúcida que significa a presença de bactéria no ápice e não está doendo porque o sistema imune conseguiu cercar essas bactérias e combater essa inflamação de modo que ela não “exploda”, a bactéria vai ganhar a guerra lentamente e por isso não causa dor no paciente. Com isso na hora que é empurrado a quantidade de toxina/bactéria/material necrótico a mais para o ápice vai causar uma irritação que vai desiquilibrar a estabilidade que o sistema imune tinha conseguido e passa a ter muito mais bactéria do que o sistema imune pode controlar e assim a infecção que era crônica vira aguda. O QUE FAZER PARA EVITAR O FLARE UP? Tem que aprender a fazer penetração desinfetante. Vai pegar a radiografia e medir o dente como foi explicado do ápice até a ponta da cúspide, supondo que tenha 24mm que dividido por 3 vai ter 8mm cada terço. Então vai abrir o dente do paciente, irrigar essa câmara pulpar com hipoclorito de sódio, vai pegar uma lima que possui uma borrachinha que chama cursor (limita quanto a lima vai entrar no canal) e colocar 8mm deixandoa lima penetrar no canal apenas no terço cervical/coronário. Vai passar a lima nas paredes do canal com hipoclorito e acabando as substâncias Terço Cervical Terço Médio Terço Apical E N D O D O N T I A I/II orgânicas (bactérias, toxinas, restos). Depois que esse terço estiver limpo, vai na régua da lima e aumenta de 1 a 2mm limpando da mesma forma com o hipoclorito e assim vai até chegar aos 16mm que é quando acaba o terço médio. Quando entrar no terço apical é um lugar mais estreito então consequentemente é um lugar mais fácil de empurrar coisas para o ápice, então agora tem que ser milímetro por milímetro. Do 16mm, vai para 17mm irrigando com hipoclorito com a mão leve esfregando pelas paredes assim sucessivamente até 23mm, quando chegar no 23 vai deixar a lima lá dentro e tirar radiografia para saber se está perto ou longe do CDC, ou até se fez a patência que é a ultrapassagem do forame apical em 1mm. É importante fazer a patência porque a área radiolúcida é como uma panela de pressão que não pode deixar explodir, então se o forame tiver fechado ou se deu azar empurrando alguma coisa que fez fechar vai acabar causando um flare up no paciente. Na radiografia em que tem a chegada da lima no terço apical sabe-se que ainda vai ter que aumentar 1mm da lima para que ela passe do forame apical, para abri-lo. Muitas das vezes têm inflamação presa ali dentro, aí quando ultrapassa chega a encher o lençol com o líquido purulento. Uma vez instalado o flare up vai ter que isolar novamente o dente do paciente, fazer a lavagem de hipoclorito de sódio fazendo a penetração desinfetante novamente com mais cuidado e tentar fazer a ultrapassagem do forame novamente para ver se na patência drena alguma coisa e medicar o paciente com antibiótico mesmo que o efeito seja pequeno porque tem que proteger o paciente de uma sepsemia. Tem que receitar analgésicos fortes, normalmente injetável porque a dor é insuportável e anti-inflamatório. CANAL RADICULAR Formado por dois cones truncados (cone que tem a ponta cortada) unidos pelo seu ápice, um dentinário (maior) que se abre para a cervical e um cementário (menor) que abre para a apical. No meio desses dois canais tem o CDC – só é possível ver essa divisão histologicamente e não radiograficamente. Na endodontia só vai ser instrumentado o canal dentinário, o canal cementário vai ser no máximo limpo quando for realizada a patência porque ele está na parte de fora preenchido pelo periodonto e se esse periodonto for instrumentado vai ter dor pós-operatória tão grave quanto um flare-up. → Canal Dentinário – suas paredes são de dentina, é preenchido pela polpa radicular e termina no CDC. → Canal Cementário – suas paredes são de cemento, é preenchido por tecido de origem periodontal e termina no CDC. → CDC – separando o canal dentinário do canal cementário encontramos o ponto de constricção máxima do canal radicular – é a união cemento/dentina/canal, o chamado limite CDC. A = CANAL CEMENTÁRIO/ B= CDC/ C= CANAL DENTINÁRIO. FATORES QUE ALTERAM A CAVIDADE PULPAR 1. Dentina Secundária (idade) – formação de dentina é constante enquanto a polpa estiver viva. 2. Dentina Terciária (nódulos pulpares e agulhas cálcicas) – nódulos são caroços duros que entopem o canal impedindo a lima de entrar, normalmente ocorre em paciente submetidos a tratamento ortodôntico ou a traumas constantes (restaurações altas) E N D O D O N T I A I/II Com a presença do nódulo pulpar e a dificuldade da passagem da lima, se o endodontista não tiver os aparelhos tecnológicos e a experiência no ramo não vai conseguir fazer canal nesse dente. Classe V principalmente, no dente 14 e 36 faz um estrago dentro da câmara pulpar porque oblitera o canal vestibular do 14, e a raiz dele é fina e vai dificultar a achar a entrada do canal. REABSORÇÃO INTERNA A maioria das rebsorções, para não falar todas, são decorrentes do capeamento principalmente em central e lateral. O problema da reabsorção é que ela é silenciosa. É uma inflamação crônica e por isso não tem dor. Quando se descobre isso é por acaso quando radiografa o dente vizinho ou quando o paciente fala “eu estava comendo pão e meu dente ficou mole”, isso quer dizer que o dente quebrou porque a reabsorção interna vai comendo o dente de dentro para fora e racha quando chega no cemento, dependendo da altura dessa rachadura vai perder o dente. DENS IN DENTE “Um dente dentro do dente”. Uma anomalia que resulta em uma dobradura do órgão do esmalte durante a formação. Tem que ter ferramenta para tirar o dente de dentro ou ele pode entrar no canal (INDICOU ESTUDAR MAIS SOBRE DENS IN DENE E LER SOBRE A CLASSIFICAÇÃO DE OEHLERS 1957). CALCIFICAÇÃO PULPAR Muita das vezes o ortodontista coloca pressão excessiva no dente, e com isso pode ocorrer reabsorção apical ou esse dente pode receber pressão excessiva apenas na coroa e a polpa criada para fazer dentina está sendo agredida pela pressão, então ela começa a produzir dentina com mais rapidez e recuando para se proteger desse “ataque”. Nisso que ela vai recuando pode se associar com algum problema periodontal ou fissura na raiz, podendo entrar bactéria o que vai fazer surtir uma área radiolúcida no ápice sem dor porque é crônico até o dia que esse paciente tiver uma baixa de resistência começando a sentir uma dor desesperada. E N D O D O N T I A I/II Como podemos ver na foto não existe luz no canal, ou seja, essa polpa foi extremamente agredida e calcificou. → Classe V: estreita ou fecha a entrada dos canais vestibulares. ASSIMETRIAS RADICULARES É um desvio palatino do eixo radicular, executando uma curvatura. → Angulação ou dilaceração: é um desvio brusco de uma parte do eixo em relação a outra. SISTEMA DE CANAIS → Canal Principal: é o mais importante e volumoso, passa pelo eixo central do dente gerando um forame (CDC); → Canal Colateral: Percorre trajeto semelhante ao do canal principal, são de menor calibre, podem penetrar na raiz por forame independente ou não; os dentes que mais ocorrem esse canal são incisivos inferiores; → Canal Lateral: Sai do canal principal e vai até o cemento em alguma região lateral da raiz, não dá para ver na radiografia, então quando tem uma área radiolúcida (bactérias) consegue saber do canal lateral; → Canal Secundário: Sai do canal principal e termina no cemento apical; → Canal Acessório: Sai de um canal secundário e termina no cemento apical; → Canal Interconduto: Coloca um canal em comunicação com o outro, não possui importância clínica porque ele não coloca o interior do dente em contato com o periodonto; → Canal Recorrente: Toda vez que olhar uma radiografia e for acompanhando a luz do canal e essa luz sumir, você tem que entender que ali tem mais de um canal. O canal recorrente sai do canal principal, dá uma volta na dentina e volta para o canal principal. Não tem importância clínica porque não coloca o interior do dente em contato com o periodonto. → Canais Reticulares: É o entrelaçamento de três, quatro, ou mais canais que correm paralelamente E N D O D O N T I A I/II e são ligados por interconduto. Ele coloca o interior do dente em contato com o exterior, então tem importância clínica. Normalmente é encontrado nos dentes 38 e 48 e o maior problema é que sangra muito. → Delta Apical: São múltiplas derivações que saem do canal principal na região apical, originando múltiplos forames. → Cavo interradicular ou Cavo Superficial: Localizados no assoalho dos dentes multirradiculares colocam a câmara pulpar em contato com o periodonto (furca). São inúmeros desses canais, principalmente em molares inferiores. OBS: Os canais laterais secundários, acessórios e cavo interradicular, que coloca emcomunicação o canal principal com o periodonto são de grande significado quando estão presentes em problemas do endopério; Então quando um periodontista envia um paciente pedindo para fazer canal por causa de problemas que envolva o endopério tem que instrumentar tirando a polpa e preencher o sistema de canal com hidróxido de cálcio porque ele abaixa o ph do meio e favorece a formação de tecido duro e a bolsa periodontal não tem tecido duro, então para ajustar o periodontista preenche com esse material, isso se chama tratamento não convencional. ANATOMIA DA CAVIDADE PULPAR O conhecer da anatomia interna dos dentes nos permite executar nosso trabalho com arte e ciência. Uma coisa importante é que deve-se procurar sempre mais de um canal no dente. INCISIVO CENTRAL SUPERIOR → Nº de raízes – 1; → Nº de canais – 1 (normalmente); → Comprimento Médio – 22,5mm → Erupção – 6 a 8 anos; → Maturo – 10 anos (quando o ápice se fecha); Nada impede que existam algumas alterações que vão dificultar o tratamento do incisivo central, como quando é um incisivo imaturo (ápice totalmente aberto) que não é um dente viável para um tratamento endodôntico convencional, porque o tratamento convencional é aquele que remove a polpa inteira, e se a função da polpa é produzir dentina com um dente imaturo (que falta dentina para fechar o ápice) não pode remover a polpa. A literatura fala do incisivo central superior apenas com um canal, só que nada é exato. Então, por exemplo, um dentista encaminha um paciente ao endodontista com a queixa de que o dente não para de dar fístula mesmo depois de abrir o canal, e com a E N D O D O N T I A I/II radiografia deu para enxergar nitidamente outro canal no incisivo central superior. INCISIVO LATERAL SUPERIOR → Nº de raízes – 1; → Nº de canais – 1 (normalmente); → Comprimento Médio – 22,0mm; → Erupção – 8 a 9 anos; → Maturo – Mais de 11 anos (quando o ápice se fecha); OBS: O Incisivo Lateral Superior costuma ter curvaturas no terço apical, que aparentemente não são grandes curvaturas, mas para quem está começando se torna uma dificuldade se não estiver atento; Paciente encaminhado para o consultório com o histórico que já foi feito o canal, mas continua com fístula e que não para de sair pus. Na primeira radiografia dá para notar que o canal foi pessimamente tratado e tem outro canal onde tem área radiolúcida, ou seja, tem bactéria. E na segunda radiografia percebe-se os dois canais tratados e sem área radiolúcida, sem a presença de bactéria há a cicatrização da lesão. Outro caso é esse 22, o paciente estava se queixando de dor e escurecimento. Olhando a radiografia tem uma área radiolucida no ápice e existe outro canal. Então tem que retratar esse canal. O canal vestibular é maior e um canal palatino (colateral) que é menor. CANINO SUPERIOR → Nº de raízes – 1; → Nº de canais – 1 (normalmente); → Comprimento Médio – 26,5mm; → Erupção – 11 a 12 anos; → Maturo – 13 a 15 anos (quando o ápice se fecha); É um dente que raramente vai dar canal pela quantidade de dentina, mas acontece. É um dente que não aparecem muitas surpresas exceto quando se depara com uma área radiolúcida imensa circundando a raiz. A área radiolucida na lateral da raiz quer dizer que tem um canal lateral colocando o interior do dente em contato com o periodonto. E N D O D O N T I A I/II Em um caso como esse se não souber anatomia do dente não vai ter sucesso. Esse canino o tratamento dele foi totalmente direcionado para obturar os canalículos que foram estudados. Observa-se na primeira radiografia que a sonda periodontal foi lá no terço médio do dente e na segunda radiografia já conseguimos enxergar o osso alveolar, o ligamento periodontal foi refeito e a lesão desaparece, mas foi preciso entender anatomia para saber que se existe uma área radiolúcida na lateral da raiz quer dizer que tem presença de um canal ali e que o tratamento deverá ser dirigido para esse detalhe. 1º PRÉ-MOLAR SUPERIOR → Nº de raízes – 2 (normalmente); → Nº de canais – 3 canais em 23%; → Comprimento Médio – 20,6mm; → Erupção – 10 a 12 anos; → Maturo – 12 a 13 anos (quando o ápice se fecha); O 1º pré-molar superior tem duas raízes e 3 canais em 23% dos casos, ou seja, isso quer dizer que de 100 pacientes que for tratar esse dente se o dentista não achar 3 canais em 23 desses pacientes vai deixar 23 canais sem tratamento. Por isso a importância de aprender a procurar esses 3 canais. Toda vez que pegar uma radiografia e olhar a luz do canal, se ela começar na coroa e não ver o final, você sabe que ali tem mais de um canal e tem que abrir esse dente para procurar. Por exemplo, nessa radiografia acima a luz começa na coroa do 1º pré- molar e mais ou menos no terço médio desaparece, sempre isso acontecer nesse dente dá para saber que existem 3 canais. Na hora da cirurgia de acesso é preciso prestar atenção nos detalhes, porque assim como tem dentes que possuem 3 canais, também existem de 3 raízes. 2º PRÉ-MOLAR SUPERIOR → Nº de raízes – 1; → Nº de canais – 2 canais em 40%; → Comprimento Médio – 21,5mm; → Erupção – 10 a 12 anos; → Maturo – 12 a 14 anos (quando o ápice se fecha); E N D O D O N T I A I/II Pode-se encontrar 3 canais nesse dente, por isso é importante aprender a analisar radiografia, como na radiografia acima: tem um canal mais perto do molar, um canal reto e um canalzinho entre esses dois 1º MOLAR SUPERIOR → Nº de raízes – 3; → Nº de canais – 4 canais em 60%; → Comprimento Médio – 20,8mm; → Erupção – 6 a 7 anos; → Maturo – 9 a 10 anos (quando o ápice se fecha); 4 canais em primeiro molar superior foi a pesquisa mais baixa encontrada nos livros, então não pode nunca falar que esse dente possui apenas 3 canais porque tem 3 raízes. O canal mésio-palatino também chamado de 4º canal está localizado na raiz mésio- vestibular. 1 – Canal Palatino; 2 – Canal Distal; 3 – Canal Mésio-Vestibular; 4 – Canal Mésio-Palatino (as pessoas não costumam achar); 2º MOLAR SUPERIOR → Nº de raízes – 2; → Nº de canais – 3; → Comprimento Médio – 20,0mm; → Erupção – 12 a 13 anos; → Maturo – 14 a 16 anos (quando o ápice se fecha); Costuma ser um dente sem surpresa, não se pode afirmar que sempre vão ter 3 canais, mas nunca foi encontrado pelo professor canais a mais. 3º MOLAR SUPERIOR Não é um dente para o endodontista, por isso não se sabe o número certo de raízes ou canais porque geralmente se tiver qualquer tipo de problema indica- se exodontia, DENTES INFERIORES E N D O D O N T I A I/II INCISIVO CENTRAL INFERIOR → Nº de raízes – 1; → Nº de canais – 2 canais em 40%; → Comprimento Médio – 20,7mm; → Erupção – 6 a 7 anos; → Maturo – 9 anos; INCISIVO LATERAL INFERIOR → Nº de raízes – 1; → Nº de canais – 2 canais em 40%; → Comprimento Médio – 21,1mm; → Erupção – 7 a 8 anos; → Maturo – 10 anos; Normalmente nesses dois dentes se faz o acesso normal e acha o canal vestibular, o que ninguém ensina é achar o canal lingual. Para achar esse segundo canal é preciso fazer um desgaste compensatório. CANINO INFERIOR → Nº de raízes – 1; → Nº de canais – 2 canais em 18%; → Comprimento Médio – 25,6mm; → Erupção – 9 a 10 anos; → Maturo – 12 a 14 anos; OBS: Os pré-molares inferiores são os dentes mais difíceis de se fazer tratamento endodôntico devido à grande variação anatômica radicular interna. 1º PRÉ-MOLAR INFERIOR → Nº de raízes – 1; → Nº de canais – 1 canal em 43%; 2 canais em 49%; 3 canais em 8%; 25% continham o delta apical; → Comprimento Médio – 21,5mm; → Erupção – 10 a 12 anos; → Maturo – 12 a 13 anos; E N D O D O N T I A I/II Toda vez que vemos esses sulcos profundos nas raízes quer dizer que tem mais de um canal, só queisso fica dentro do alvéolo do paciente, não tem como extrair o dente para saber se existem mais canais. 2º PRÉ-MOLAR INFERIOR → Nº de raízes – 1; → Nº de canais – mais de 1 em 6%; → Comprimento Médio – 22,3mm; → Erupção – 11 a 12 anos; → Maturo – 13 a 14 anos; Esse dente tem mais de 6% com mais de um canal, mas os livros usam essa porcentagem. Segundo pré-molar inferior com lima nos três canais. 1º MOLAR INFERIOR → Nº de raízes – 2; → Nº de canais – 4 canais em 87%; → Comprimento Médio – 20,0mm; → Erupção – 6 a 7 anos; → Maturo – 9 a 10 anos; Modelagem da cavidade pulpar nota-se inúmeras ramificações: 2 canais na raiz mesial e 2 canais na raiz distal. Existe também dente com 3 canais na raiz mesial e 1 na distal. 2º MOLAR INFERIOR → Nº de raízes – 2; → Nº de canais – 3; → Comprimento Médio – 20,0mm; → Erupção – 11 a 13 anos; → Maturo – 14 a 15 anos; E N D O D O N T I A I/II É um dente parecido com o segundo molar superior, onde praticamente não possui surpresas. Possui 2 canais na raiz mesial e 1 na raiz distal. O que esse dente tem de complicado é que as vezes as raízes são muito achatadas dando um certo trabalho para limpar. Existem alguns 2º/3º molares que possuem canal em “c” onde dá mais trabalho porque sangra muito. 3º MOLAR INFERIOR O mesmo que o superior, indica-se sempre exodontia para eles. EMERGÊNCIAS ENDODÔNTICAS Diagnóstico diferencial – é importante saber a origem da dor; → Dor de origem dentária ou não dentária; → Dor de origem gengival; → Dor de origem periodontal; → Dor de origem endodôntica; É importante lembrar que nunca se deve abrir um dente sem radiografar mesmo na emergência. Depois que radiografar, ver que não tem nada de anormal e ainda sim o paciente está com muita dor no teste de percussão, vai prosseguir para o teste de vitalidade nesses dentes da região (mudanças térmicas), se ele responder normal a esse teste, ai faz do outro lado para poder comparar e aí se responder normal da mesma maneira, vai avaliar o periodonto, se não tiver nenhuma bolsa nem nada e concluir que está tudo normal, vai fazer as seguintes perguntas para o paciente – “você tem sinusite?” / “você já teve algum problema de infecção respiratória?” E se ele responder que sim, então na realidade não tem nada de endodontia, essa dor que o paciente está sentindo é da sinusite no seio maxilar aguda. E então vai encaminhar esse paciente para um otorrino. A radiografia é muito importante no atendimento de emergência exatamente por isso, para não abrir um dentel vital atoa. Vale ressaltar que precisa ser uma radiografia com boa nitidez para ver todos os detalhes do dente. ABCESSO GENGIVAL → Etiologia: Corpos estranhos (palitos, cerdas da escova, materiais odontológicos) no sulco gengival; → Sinais e sintomas: Tumefação na gengiva marginal de superfície lisa, brilhante, avermelhada e dolorida ao toque. Vitalidade pulpar normal e ausência de mobilidade e de sinais radiográficos; → Tratamento: Eliminação do agente causador com auxílio de uma sonda. ABCESSO PERIODONTAL → Etiologia: Bolsas periodontais, perfurações radiculares, fraturas corono-radiculares ou trauma de oclusão. → Sinais e sintomas: Dor intensa e irradiada. Aumento de volume da gengiva, consistência E N D O D O N T I A I/II flácida, superfície lisa, brilhante e avermelhada. Extrusão dental, aumento de mobilidade, sensibilidade a percussão, febre, mal-estar. Radiograficamente reabsorção lateral ao longo da parede radicular. → Tratamento: Drenagem via sulco, bochechos com agentes coloríficos, analgésicos e antibiótico. CLASSIFICAÇÃO DE EMERGÊNCIAS ENDODÔNTICAS 1. Dor e/ou tumefação: a. Antes de terminar o tratamento; b. Após o início do tratamento; 2. Traumatismo causando fratura coronária com exposição de polpa; 3. Emergência assintomática estética; O paciente estava sentindo dor e foi para uma emergência onde abriram o dente dele, mas ele continuou com dor mesmo passando 2/3 dias. Algumas das coisas que podem ter acontecido para estar gerando essa dor após a abertura do dente. 1. Limpeza química-cirúrgica inadequada – não esvaziou o dente progressivamente e devagar; 2. Medicamentos irritantes; 3. Canais não encontrados; 4. Sobrecarga oclusal – todo dente tratamento endodonticamente tem que ter ajusto oclusal, não pode ficar com contato prematuro e gerar uma hipersensibilidade no periodonto; 5. Flare-up; PERICEMENTITE APICAL AGUDA Inflamação do tecido que está em volta do ápice do dente. A primeira característica que o paciente vai relatar vai ser “que o dente parece estar maior que os outros, que ele encosta primeiro nos outros dentes”, isso acontece porque o periodonto está inflamado (ou seja, está com líquido) então fica com um pouco de extrusão por causa do líquido que quer sair e não tem por onde sair. Pode ser por trauma, por química ou infecciosa (essa tem que irrigar e fazer o esvaziamento progressivo). ABCESSO APICAL AGUDO (ABCESSO FÊNIX) Dói violentamente, pode ter edema ou não, não responde ao teste de vitalidade, pode ter lesão (igual ao da foto) ou não ter deixado o dentista abrir e drenar. Tem que anestesiar, abrir, esvaziar terço a terço, romper, fazer patência, curativo e medicar com antibiótico e analgésico. Fases do abcesso dentoalveolar agudo: 1. Abcesso Agudo (fase inicial): → Etiologia: Acúmulo de coleção purulenta na região perirradicular; → Sinais e sintomas: Dor espontânea localizada, pulsátil, intensidade crescente. Ineficácia de analgésicos, pericementite intensa. Mucosa sensível a palpação. Discreta mobilidade. Testes de vitalidade pulpar negativos. Tratamentos: → Local: Abertura do dente, irrigação, esvaziamento do canal, desbridamento do forame, aspiração, curativo medicamentoso, aplicação de agentes coloríferos (porque provoca um fluxo sanguíneo e acelera a ação E N D O D O N T I A I/II → Geral: Antibióticos e analgésicos; Na região apical desse molar tem uma lesão, se esse paciente chegar na clínica com uma dor violenta não adianta apenas medicar, é preciso abrir esse dente, desobstruir, tirar essa obturação, esvaziar esse canal terço a terço, romper e fazer patência e ai sim medicar o paciente. OBS: Não se medica um paciente antes de intervir no problema, porque analgésicos vão apenas mascarar e não vai fazer com que o problema evolua positivamente. 2. Abcesso Agudo (em evolução) → Etiologia: Coleção purulenta se difunde pelo osso medular; → Sinais e sintomas: Dor intensa, pulsátil e difusa. Tumefação difusa com superfície cutânea endurecida, lisa e brilhante. Sensibilidade acentuada a palpação, mal-estar geral, febre e prostração. Tratamento: → Local: Abertura do dente, irrigação, esvaziamento do canal, desbridamento do forame, aspiração, curativo medicamentoso, aplicação de agentes coloríferos. Observação vigilante do paciente. → Geral: Antibióticos e analgésicos. 3. Abcesso Agudo (evoluído) → Etiologia: Coleção purulenta se acumula debaixo da mucosa. → Sinais e sintomas: Declínio da sintomatologia, edema localizado com área de flutuação, discreta mobilidade dental. Tratamento: → Local: Abertura do dente, irrigação, esvaziamento do canal, desbridamento do forame, aspiração, curativo medicamento, aplicação de agente coloríferos. 4. Pericoronarite → Etiologia: Dentes parcialmente erupcionados ou impactados. → Sinais e sintomas: Dor irradiada para o ouvido. Opérculo gengival vermelho, inchado, sensível ao toque e mastigação. Possibilidade de trismo. Dentes vizinhos com vitalidade normal. Radiografia mostrando dente parcialmente erupcionado ou impactado. TEMPOS OPERATÓRIOS DO TRATAMENTO DOS CANAIS RADICULARES 1. Inspeção 2. Raio-X 3. Anestesia PREPARO DO CAMPOOPERATÓRIO: 1. Preparo Inicial do Dente → Necessidade de profilaxia oral inicial; → Coroa dental integra; → Lesão cariosa – não se pode intervir endodonticamente em um dente que tem cárie, tem que remover todo o tecido carioso; → Coroa destruída por cárie ou acidente – se não tem como isolar tem que fazer uma restituição; → Restauração prévia – tem que remover toda a restauração; → Dente parcialmente eruido; E N D O D O N T I A I/II → Coroas de jaqueta, metálica ou veneer; → Ponte fixa; → Aparelho ortodôntico fixo – tem que remover o arco; ISOLAMENTO EM ANTISSEPSIA DO CAMPO OPERATÓRIO (IMAGEM 1) Não tem como penetrar em um dente com essa quantidade de cárie, tem que remover tudo antes de intervir mesmo que o dente fique fraco, senão, vai colocar tecido carioso dentro do canal. Canal feito sem remover as restaurações (IMAGEM2) – o dentista jogou o material restaurador para a região apical. Se o paciente sentir dor provavelmente o dente terá que ser extraído porque a lima não vai conseguir descer pelo canal porque o material restaurador está obliterando o preparo inicial. (IMAGEM 3) Uma cárie enorme no molar, na radiografia você consegue enxergar que o dente está em uma situação complicada e pela cirurgia de acesso que é preciso fazer, essa cárie está pegando o canal distal, mas vai ter que cortar até a mesial, então vai ter que cortar a maior parte desse dente do paciente. A imagem a direita mostra como a coroa está destruída e sem ter como colocar um grampo para isolamento podendo fraturar, é necessário um aumento de coroa clínica. PREPARO INTRA-CORONÁRIO → Cirurgia de acesso PREPARO DOS CANAIS RADICULARES; Etapas operatórias: 1) Localização da entrada do canal; 2) Irrigação do canal radicular; 3) Exploração do canal radicular; 4) Odontometria (comprimento do trabalho provisório); 5) Pulpectomia (esvaziamento do canal de terço a terço); 6) Instrumentação do canal radicular; MEDICAÇÃO CURATIVA INTRA-CANAL; OBTURAÇÃO DOS CANAIS RADICULARES; CIRURGIA DE ACESSO Área de eleição de todos os dentes. → Incisivos – Triângulo; → Laterais – Triângulo; → Caninos – Losango; → Pré-Molares – Ovoides; → Molares – Triângulo com base voltada para a vestibular (dois canais na vestibular); → Dentes inferiores são iguais, só nos molares inferiores que vai ter o trapézio com base voltada para a mesial porque os dois canais vão estar na mesial. E N D O D O N T I A I/II Se pegar um dente como esse da foto acima que possuiu um certo grau de inclinação quando isolar vai perder toda essa noção de inclinação, vai ver só a coroa parecendo que está na posição correta, se acessar como se o dente estivesse nessa posição correta vai fazer um degrau ou um falso canal, por isso quem está iniciando a endodontia tem que fazer a cirurgia de acesso sem o isolamento, depois que fazer a cirurgia e localizar o canal com a sonda exploradora aí sim pode isolar esse dente. A cirurgia de acesso vai ser sempre iniciada com as brocas normais de tamanho e cumprimento, não com broca longa par não perfurar o assoalho. O tamanho da abertura tem que ser feito de acordo com a câmara pulpar para enxergar os canais. A direção tem que ser a do canal e a forma de acordo com a coroa do dente. É importante fazer uma cirurgia de acesso e remover todo conteúdo da câmara pulpar para não acontecer alteração de cor. Por isso a radiografia é tão importante e tem que acompanhar durante todo o tratamento. ETAPAS OPERATÓRIAS 1. Acesso a Câmara → Área de eleição (onde vai cortar) → Direção de trepanação (cair no vazio); → Forma de contorno; O dentista radiografando o dente já vai saber se a câmara pulpar é ampla ou atresica (apertada). NUNCA se localiza o canal com a broca, o canal é localizado com sonda. E N D O D O N T I A I/II 2. Forma de Conveniência → Acesso fácil a instrumentação; → Visibilidade as entradas de canais; → Simplificar as manobras operatórias; O primeiro dente está com uma câmara atresica mas uma câmara normal, o segundo está com uma câmara ovoide. É a forma da câmara pulpar, se posicionou a broca no canal, localizou o canal com a sonda, fez o movimento de dentro para fora e removeu todas as retenções vai então ter o formato da câmara pulpar. A cirurgia de acesso vai ficar de acordo com o volume da câmara pulpar, tem uns que nem câmara pulpar vai ter.… vai direto para o canal, vai apenas dar uma leve desgastada para ter uma visibilidade direta do canal. No primeiro dente a lima entrou reta, no segundo já deu uma inclinação para lingual porque esse dente primeiro foi localizado o canal vestibular então tem que cortar a região palatina para localizar o segundo canal. Todo dente que for intervir tem que fazer um desgaste compensatório. Onde tem a setinha vermelha tem uma concavidade de dentina, o instrumento só vai em uma parede porque a entrada do canal está faltando um desgaste, a lima tem que entrar reta e livre no canal, não pode sofrer tensão. Essa alteração de cor que dizer que foi feito uma cirurgia de acesso sem uma limpeza adequada da coroa do dente ou então não removeu todo o conteúdo da câmara pulpar. E N D O D O N T I A I/II Área de eleição dos caninos são as mesmas que os incisivos só que a forma de contorno que vai ser de acordo com a forma da coroa externa do dente. A área de eleição do pré-molar inferior vai ser a oclusal, a forma de contorno para remover a câmara vai ser vestíbulo-lingual. As cúspides do pré-molar inferior têm uma inclinaçãozinha para vestibular, então vai cair na câmara pulpar, vai com a sonda ver onde está retendo e com a broca esférica vai removendo automaticamente vai ser feito a forma de contorno. As paredes precisam ser divergentes por isso o acabamento é feito com a tronco cônica. A área de eleição do pré-molar superior vai ser a oclusal, a forma de contorno para remover a câmara pulpar pelo centro do centro, corte vai ser no sentido vestíbulo-palatino. A broca vai ser localizada tentando achar o canal principal que é o palatino. Quando cair no vazio tem que parar e localizar os canais com a sonda, aí quando não tiver mais nada vai pegar a broca tronco cônica e vai fazer uma divergência nessa parede para ficar um pouco expulsiva. Os pré-molares têm muitas raízes que são convergentes, como por exemplo da primeira imagem as duas limas chegam a se tocar. Para ser feita uma boa exploração, colocar uma lima direito tem que ter as paredes expulsivas para as duas limas entrarem livres dentro do canal. INSTRUMENTO ENDODÔNTICO Chamaremos de instrumento endodôntico as limas manuais com que alargamos e damos forma adequada aos canais radiculares. Estudaremos sua evolução e as normas utilizadas para sua fabricação porque antigamente cada um fabricava o instrumento do jeito que queria. Em 1955 iniciou-se a padronização dos instrumentos endodônticos: Em uma reunião entraram em concordância entre o diâmetro e a conicidade para cada tamanho de instrumento e material de obturação, isso quer dizer que o diâmetro e a conicidade da lima vai ser idêntica à do material de obturação. Criou-se uma fórmula de aumento gradual de um instrumento para outro, porque antigamente não existia um padrão. Criou-se um sistema de numeração baseado no diâmetro do instrumento em décimos de mm. Com a globalização do mundo criou-se normas para fabricar os instrumentos em qualquer lugar do mundo da mesma maneira, isso se chamou ISO 9000. Então E N D O D O N T I A I/II atendendo a essa ISO 9000 a ponta das limas endodônticas foi denominada como D0 (d zero). A parte ativa (onde tem corte) vai medir 16mm e o final da parte ativa foi denominado D16. O número do instrumento é determinado pelo diâmetro do D0 em décimosde mm. Para entender melhor: → D0 (mm): Ponta da lima → D16 (mm): Final da parte ativa → Conicidade: 0,02mm/mm [Isso quer dizer que a lima engrossa da ponta para o cabo 0,02 a cada milímetro] Essa lima de 30, na ponta ela tem 0,30mm, se cortar 1 milímetro da ponta dela, ela vai passar a ser uma lima de 0,32mm porque aumentar 0,02mm. Se for cortado mais 1 milímetro depois ela vai ficar com o diâmetro 0,34. A conicidade dos instrumentos é dada pelo aumento gradativo de 0,02mm para cada mm de haste. Exemplo: Lima 10 corta-se 1mm em D0 vai virar uma lima 12. Isso nos permite “fabricar” um instrumento não convencional, ou seja, quer dizer que vai ter uma hora que vai precisar instrumentar os canais em sequência e vamos supor que precisa ir da lima 10 para lima 15, mas o canal é muito curvo e apertado, a lima 10 consegue entrar direito, mas depois a lima 15 não vai porque está muito apertado. Então você vai pegar a lima 10 cortar 1mm dela e fabrica a lima 12 e consegue entrar mais suavemente. O recurso de fabricar uma lima intermediária ajuda nesses casos de canais curvados e apertados. Obs.: O diâmetro D16 é 0,32mm maior do que D0. Porque 16,0 x 0,02=0,32mm. Exemplo: Até existem limas de calibres e conicidades não convencionais, chamadas de Golden Mediums, mas são muito difíceis de encontrar. (12,17,22,27,32,37) COMPRIMENTO DAS LIMAS A medida do D0 até o final da haste e onde começa o cabo. → Limas de 19,0mm (curtas) → Limas de 21,0mm → Limas de 25,0mm (médias, mais usadas) → Limas de 28,0mm → Limas de 31,0mm (maiores) → Limas tipo K e Hedstroen (H) Obs.: Hedstroem corta mais, porém amassa e quebra a ponta com facilidade então para quem está E N D O D O N T I A I/II começando não é indicado. A lima K-file é mais indicado. Existem limas de 1ª série (para começar) e lima de 2ª série (para terminar). *Uma caixinha de 31mm da 1ª série para instrumentar caninos. Série Especial: → 06 = Rosa → 07 = Cinza → 10 = Roxa 3ª SÉRIE: Para dentes imaturos (que não fechou o ápice ainda) → 90 = Branco → 100 = Amarelo → 110 = Vermelho → 120 = Azul → 130 = Verde → 140 = Preto É importante saber que chama “série 1 ou 2” porque são usadas em série, começa pela 15 quando estiver frouxa dentro do canal, não cortando mais passa para lima 20 e assim sucessivamente sem pular limas. EXPLORAÇÃO DO CANAL 1. Usar instrumentos pré curvados 2. Limpar o CDC que está lateralmente com instrumento pré curvado 3. Ver anatomia e radiografia 4. Enxergar a coroa e pensar na raiz 5. Entender a anatomia 6. Ver onde está a curvatura O QUE DEVE SER OBSERVADO NA EXPLORAÇÃO? (PQP) 1. Variações quanto ao número de canais do dente. 2. Variação quanto a direção do canal curvo, angulado e/ou acentuado. 3. Variações quanto ao aspecto do canal definido ou não. 4. Variações quanto ao calibre do canal. 5. Variações quanto à forma circular, oval ou triangular. O QUE DEVE SER OBSERVADO NA EXPLORAÇÃO? 1. Presença de restos pulpares. 2. Presença de corpos estranhos. 3. Presença de calcificação no interior do canal. 4. Presença de desvio de canal. 5. Presença de reabsorção interna ou externa. Não mexer em dente que não tem radiografia com nitidez. CASOS ESPECIAIS: 1. Canais com forame incompleto (apiceficações). 2. Canais com obstruções. 3. Canais com perfurações. 4. Canais para serem retratados. ‘’Não existe retratamento de canal.’’ ‘’Sem lesão e sem sintomatologia, não mexer no dente.’’ ALGUMAS ATENÇÕES: • Desvio de canal: inclinação do dente. • Nódulo pulpar: deve-se remover com broca e testar lisura com a sonda para intruduzir o instrumental. • Reabsorção interna: Rremover, preencher e fazer controle radiográfico. • Analisar tudo possível na radiografia inicial. CUIDADOS NA EXECUÇÃO DA EXPLORAÇÃO DO CANAL: 1. Verificar se o dente tem vitalidade ou não. (antes da anestesia) 2. Deve-se umedecer toda a câmara pulpar com solução de hipoclorito de sódio. 3. Utilizar uma lima para o canal com tamanho e diâmetros adequados. 4. Iniciar a exploração do canal com um instrumento mais fino possível, de acordo com a luz do canal. 5. A radiografia deve ser examinada para observar a característica de cada dente a todo momento. CUIDADOS NA EXECUÇÃO DA EXPLORAÇÃO DO CANAL: 1. Deve-se usar instrumento curvo em canal curvo. E N D O D O N T I A I/II 2. Não permitir, durante a penetração, a introdução de material séptico através do forame apical. 3. Deve-se utilizar cursor nos instrumentos. (Ponto de referência) TESTE DE VITALIDADE (PQP): 1. Teste de vitalidade positivo (pulpite) • Doeu com frio: aguda, pode se fazer tudo em única sessão, pois não tem bactéria. • Doeu com quente: crônica, deve-se fazer o esvaziamento. (penetração desinfectante) 2. Teste de vitalidade negativo (necrose pulpar) • Abcesso apical agudo ‘’Todo instrumento deve estar pré curvado, pode ser curvado com aparelho específico, gaze, pinça de algodão ou com a mão. (evitar angulação viva)’’ ‘’Limpar CDC com lima de menor calibre. (patência)’’ PENETRAÇÃO DESINFECTANTE: Dente com vitalidade: não se preocupar com bactéria, mas sim em não contaminar Desinfectar 1/3 à 1/3 → Instrumentação crown-down – Descer da coroa até o ápice da lima maior para a menor sem pressão. Fazer desgaste compensatório sempre, para facilitar o encontro do CDC e também na cicatrização. AS CLASSES SÃO REPRESENTADAS: 1. O calibre do canal 2. A curvatura do canal 3. O acesso ao forame apical • Classe I: É representada por canal amplo, mediano ou ligeiramente constrito, reto ou com curvatura discreta (menos que 25º). • Classe II: Canal radicular de calibre constrito com curvatura acentuada (26 até 40º) • Classe III: Canal radicular mediano ou constrito. Canais com angulação acentuada (40 à 90º) Canal em forma de baioneta com raízes dilaceradas. Perfuração direta do ápice na Classe III: • Não removeu as raspas de dentina. • Falta de curvatura dos instrumentais. • Não utilizou a recapitulação. ODONTOMETRIA Mensuração do dente OBJETIVOS: • Não sacrificar o canal cementário. • Não dilacerar o forame apical. ASPECTOS BIOLÓGICOS: • Haver reparação do tecido periapical. • Reparação biológica adequada. ‘’A endodontia será um procedimento simples no dia em que o dentista reconhecer e compreender que ela deve ser executada dentro dos limites do canal.’’ TÉCNICA PARA OBTENÇÃO DO CRT (COMPRIMENTO REAL DE TRABALHO): • Paiva e antonirzz • Walton e Torabinejad • Localizadores eletrônicos de ápice. VARIAÇÕES DO LIMITE APICAL: 1. Idade do paciente. 2. Polpa viva ou morta. 3. Lesão apical. 4. Reabsorções radiculares. 5. Ápice completamente formado. REQUISITOS DE UM MÉTODO PARA A DETERMINAÇÃO DO CRT: • Ser preciso • Ser rápido e de fácil execução • Ser facilmente confirmado ‘’Comprimento do dente se dá da medida do ponto de referência até o vértice radicular’’ PONTO DE REFERÊNCIA (PQP) Incisal de anteriores e cúspide de posteriores. E N D O D O N T I A I/II ODONTOMETRIA: Cuidados com a radiografia (alongada ou encurtada). Dent e Inc . Ce nt. In c. La t. Can ino 1º P M 2º P M 1º Mo lar 2º Mo lar 3º Mo lar Supe rior 22 m m 2 2 m m 27 mm 2 1 m m 2 2 m m 21 m m 21 m m 19 m m Infer ior 21 m m 2 2 m m 25 mm 2 1 m m 2 1 m m 21 m m 21 m m 19 m m DETERMINAÇÃO DO COMPRIMENTO DE TRABALHO: • Comprimento de trabalho provisório: PR até Vértice radicular • Comprimento de trabalho real: CTP mais 1 ou 2 mm. LIMITE APICAL (WALTON E TORABINEJAD (EM RELAÇÃO AO CTR)): 1. Sem lesão ou reabsorção = 1mm 2. Com lesão e sem absorção = 2,5 mm 3. Com lesão e com reabsorção = 2 mm OBTURAÇÃO DO CANAL RADICULAR OBJETIVOS: 1. Previnir formação e reformação de exsudato. 2. Impedir a reinfecçãopor MO. 3. Favorecer o processo biológico de reparação. LIMITE DA OBTURAÇÃO: • 1 à 2 mm àquem do Ápice radiográfico. • Limite cemento-dentinário. QUANDO OBTURAR O CANAL RADICULAR (AUTOR A) (PQP): 1. O dente se encontra assintomático. 2. Sem dor espontânea à percussão. 3. Sem sensibilidade apical à palpação. 4. O canal está preparado, limpo e dilatado de forma cilíndrica-cônica. 5. O canal tenha sido secado após a irrigação livre de umidade e exsudato. MOMENTO DA OBTURAÇÃO (AUTOR B): 1. Dente assintomático. 2. Ausência de Exsudato. 3. Ausência de mobilidade ou edema. TRATAMENTO EM SESSÃO ÚNICA (INDICAÇÕES): 1. Após pulpectomias. 2. Retratamento sem lesão apical. 3. Antes de cirurgias. 4. Situações acidentais. 5. Dentes com fístulas, oriundas do canal. 6. Casos de pulpite aguda. (sem bactérias) REQUISITOS DO MATERIAL OBTURADOR (GRASSMAN): 1. Fácil introdução no canal. 2. Obliterar lateral e apicalmente. 3. Não sofrer contrações. 4. Ser impermeável. 5. Ser bacteriostático. 6. Ser radiopaco. 7. Não manchar os tecidos dentinários. 8. Fácil remoção do canal. MATERIAIS OBTURADORES: 1. Sólidos. • Cones de prata. • Cones de guta-percha. 2. Cimentos. • Hidróxido de cálcio e um veículo. 3. Pastas. • Pasta de Richert ou Grossman. CONES DE GUTA-PERCHA (CARACTERÍSTICAS): 1. Adaptam-se às irregularidades do canal. 2. São bem tolerados pelos tecidos periapicais. 3. Estabilidade dimensional. 4. São plastificados por meio físico e químico. 5. Radiopacos. 6. Podem ser facilmente removidos do canal. 7. Não alteram a cor da coroa do dente. 8. Facilidade no preparo para núcleo. E N D O D O N T I A I/II CONES DE PRATA (DESVANTAGENS): 1. Não se adaptam às paredes do canal. 2. Sofrem corrosão. 3. Remetem a penetração do exsudato. 4. São de difícil remoção. 5. Dificultam o preparo para núcleo. TÉCNICA DE CONDENSAÇÃO LATERAL: 1. Cone de Guta-percha deve ficar retido apicalmente, obturando pelo menos 4 mm apical. 2. Inserir espaçador digital e inserir cones de guta- percha acessórios para obliterar totalmente o canal. 3. Após obliterar totalmente, cortar com instrumental quente o excesso de guta na câmara pulpar. 4. Condensar com instrumental frio todas as gutas para se adaptarem no canal. Evitar que as gutas se dobrem no canal. TÉCNICA DOS CONES ROLADOS: • Bem trabalhosa. • 3 cones na placa de vidro... ‘’Também temos a Técnica de Condensação Vertical de Guta-percha aquecida’’ CONTROLE DO PACIENTE APÓS A OBTURAÇÃO: 1. Orientar o paciente que o dente poderá ficar dolorido. 2. Recomendar o uso do analgésico. 3. Bochecho com água aquecida. 4. Se o edema iniciar, usar compressas geladas externamente (Jamais usar compressa quente externa). 5. Repouso articular não mastigando sobre o dente (dente sempre em infra oclusão) 6. Restaurar o dente para evitar cárie ou fratura. 7. Exame radiográfico periódico. ESPAÇO PARA COLOCAÇÃO DE NÚCLEO: 1. Remoção progressiva da obturação usando instrumental aquecido. 2. Remover a obturação com brocas gates-glidden. 3. Remover a obturação com limas e solventes (raramente usados). TAMPÃO DO FORAME APICAL (INDICAÇÕES): • Após pulpectomias. • Nos canais de calibre muito amplos ou extrusos. • Complemento da técnica de apicificação. CANAL ANATÔMICO E CIRÚRGICO: • Stop apical: Como se fosse um anteparo apical feito pelos instrumentos para reter o cone de guta (canal modelado). PROTOCOLO ENDODONTIA 1.1 PROTOCOLO NORMAL: 1. Inspeção 2. Radiografia 3. Anestesia 4. Cirurgia de acesso (acesso a câmara, forma de conveniência e preparo da câmara pulpar) 5. IA + antissepsia do campo operatório 6. Localização da entrada do canal 7. Irrigação e penetração do canal com NaCl 2,5% terço a terço de mm em mm. 8. Exploração do canal radicular 9. Odontometria 10. Pulpectomia 11. Instrumentação do canal radicular 12. Medicamento curativo intracanal 13. Obturação dos canais radiculares 14. Chegar oclusão 1.2 PROTOCOLO ABCESSO 1. Inspeção 2. Radiografia 3. 4. Anestesia 5. Cirurgia de acesso 6. IA + antissepsia do campo operatório 7. Irrigação com NaCl 2.5% terço á terço de mm em mm 8. Esvaziamento do canal 9. Debridamento do forame 10. Aspiração 11. Curativo medicamentoso + aplicação de agentes caloríficos 12. Tratamento geral: antibiótico + analgésico 1.3 PROTOCOLO PAA QUÍMICA: 1. Inspeção 2. Radiografia 3. Anestesia 4. Cirurgia de acesso 5. IA + antissepsia do campo operatório 6. Localização do canal 7. Irrigação e penetração desinfectante 8. Deixar aberto por 10 minutos 9. Bolinha estéril + agua destilada E N D O D O N T I A I/II 10. Fazer curativo (cotosol) 11. Ajuste de oclusão 1.4 PROTOCOLO LESÃO ENDOPERIO: 1. Inspeção 2. Radiografia 3. Cirurgia de acesso 4. IA + antissepsia do campo operatório 5. Localização e exploração do canal 6. Irrigação 7. Odontometria 8. Esvaziamento do canal 9. Pulpectomia 10. Instrumentação do canal 11. Preencher o canal com hidróxido de cálcio 12. Encaminhar para o periodontista 1.5 PROTOCOLO PULPITE: 1. Inspeção 2. Radiografia 3. Anestesia 4. Cirurgia de acesso 5. IA + antissepsia do campo operatório 6. Localização do canal 7. Irrigação 8. Odontometria 9. Pulpectomia + esvaziamento do canal 10. Instrumentação 11. Medicamento curativo 12. Obturação do canal 13. Checar oclusão TEMPOS OPERATÓRIOS DO TRATAMENTO DOS CANAIS RADICULARES - PULPECTOMIA 1. Sequência Diagnóstica: anamnese e exame físico; 2. Anestesia: a anestesia do dente que vai ser submetido ao tratamento endodôntico merece o máximo de cuidado. No tratamento dos dentes com polpa viva, uma cuidadosa e correta anestesia é fundamental para proporcionar conforto ao paciente e tranquilidade ao profissional. Antecedendo a anestesia, é aconselhável promover a antissepsia da região a ser anestesiada e aplicar um anestésico tópico. Depois, é recomendável aguardar o tempo suficiente para obter a anestesia profunda do dente em tratamento; 3. Preparo da Coroa: na sequência, deverá ser realizado o preparo da coroa ou de seu remanescente através de uma profilaxia para remoção de cálculo e de placa. Em casos de lesões cariosas, será retirado todo o tecido cariado ou de tecido gengival presente no interior da coroa e realizado o aplainamento de superfícies irregulares que possam interferir nos bordos de referência que serão utilizados futuramente durante o preparo do canal. Da mesma forma, devem merecer especial atenção as restaurações já existentes que, por não estarem proporcionando um adequado selamento, permitirão a infiltração bacteriana durante a realização do tratamento endodôntico, comprometendo a desinfecção do canal; 4. Cirurgia de Acesso: para cirurgia de acesso deve-se ter um conhecimento prévio da topografia da cavidade pulpar, inclusive das dimensões do dente, como número, forma e direção das raízes, assim como da situação do dente no arco. Deve-se estar atento a forma de contorno e conveniência da cavidade. → Forma de contorno: consiste em determinar o formato, os limites e desenho da cavidade. A forma de contorno é determinada de acordo com o número de raízes do dente; → Forma de conveniência: tem como objetivo eliminar qualquer interferência que venha impedir que os instrumentos endodônticos atuem em todas as paredes do canal radicular; As formas de contorno e conveniência variam de acordo com os detalhes anatômicos de cada dente. No caso do elemento 26, a forma de contorno seria um triângulo, pois ligando por pontos as três raízes essa é a forma encontrada. A base vai estar voltada para vestibular e o ápice para palatina. A posição mais frequente do conduto mésio-vestibular é embaixo da cúspide mésio-vestibular, por esse motivo, a polpa nunca vai estar distribuída no centro do dente, ela sempre vai estar direcionada para região mesial. Isso vale para qualquer dente, e assim o acesso sempre será maispara mesial. Para forma de contorno utiliza- se uma broca esférica, sempre pelas laterais das paredes, para evitar que o assoalho seja tocado. A forma de conveniência é expulsiva e para tanto se utiliza uma broca tronco-cônica de ponta inativa nos dentes posteriores, para evitar que o assoalho seja desgastado. E N D O D O N T I A I/II A localização da entrada dos canais é feita por meio da inspeção e da exploração com sonda. 5. Isolamento absoluto: o isolamento absoluto permite a manutenção das condições de assepsia ou facilita os procedimentos de antissepsia. Da mesma forma, melhora a visibilidade e constitui uma proteção ímpar para evitar a deglutição ou a aspiração de instrumentos ou de produtos químicos utilizados durante o tratamento endodôntico. Após colocação do isolamento, deve- se fazer a desinfecção do campo operatório com gaze embebida de hipoclorito de sódio, sendo o dente e o lençol descontaminados; 6. Determinação do Comprimento de Trabalho Provisório – CTP: é preciso estabelecer uma medida para realizar o esvaziamento do canal. O CTP pode ser obtido facilmente medindo-se a radiografia quando ela é feita com posicionador. Entretanto, quando não é possível o uso do posicionador, utiliza-se a seguinte fórmula: CTP= Comprimento Radiográfico do Dente CRD + Comprimento Médio do Dente CMD – 3mm2 O CRD é obtido através da medição da radiografia, o CMD através da literatura e o -3mm é a margem de segurança. 7. Irrigação do canal: o hipoclorito de sódio é a solução irrigadora de eleição. A concentração ideal é de 2.5%, porque caso a carga de cloro seja volatilizada, pelo menos 1% ainda estará presente e em caso de extravasamento a concentração não é alta. Como possui característica de volatilidade (evitar luz e calor) as concentrações mais baixas de 0.5 e 1% podem volatilizar rapidamente, principalmente se a loja armazenar de maneira inadequada o frasco e assim, o produto não cumpre seu papel no momento do uso. A 4, 5.25, 6 e 8% são soluções muito concentradas, por isso menor a biocompatibilidade e maior a irritação tecidual. Em caso de um eventual extravasamento haverá um acidente sério. Durante a irrigação a manobra a ser realizada é irrigação, inundação e aspiração do excesso. A câmara precisa ficar repleta de hipoclorito de sódio durante todo tempo. Só deve ser sugado o excesso que vaza para o lençol de borracha. 8. Pulpectomia 🡪 instrumentação com lima 10. Movimentos de ¼ de volta, oscilatório e quando houver resistência, deve-se sair e recomeçar o mesmo movimento, fazendo cortes iguais nas quatro paredes para descolar a polpa e deslocar seus pedaços. A pulpectomia está concluída quando é sessado sangramento, e isso quer dizer que a congestão foi controlada e a maior parte da polpa foi eliminada, porque ainda há um coto apical que foi deixado nos mm da margem de segurança, que será instrumentado na próxima sessão. 9. Determinação do Comprimento de Trabalho Real - CRT 🡪 existem dois métodos para determinação do CRT: utilizando o localizador apical e através da radiografia. → Localizador Apical: aparelho que possui um display e dois cabos, um que fica na comissura labial do paciente do lado oposto ao dente trabalhado e outro que é acoplado a lima 10, que é um ótimo instrumento para essa determinação. É necessário secar a umidade da câmara pulpar apenas com o sugador e inserir a lima ultrapassando o forame para o aparelho perceber onde é fora do canal, para depois determinar com precisão onde fica o CDC. O recuo gradativo deve ser realizado até estabilizar a leitura do display com a medida de 0.5. O localizador é o método mais preciso de determinação do CRT, por que 80% dos forames terminam antes do vértice anatômico, e radiograficamente a medição é feita até o ápice. Em casos que o CDC é ultrapassado e o tecido periodontal instrumentado por iatrogenia, o pós- operatório se torna muito dolorido e sensível. 10. Instrumentação: a instrumentação vai depender do diagnóstico. Se o dente estiver bio, é a primeira lima que travar mais 3 limas; se estiver necro, é a primeira lima que travar mais 4 limas. Diante disso, inicia-se a instrumentação com movimentos de ¼ de volta, oscilatórios e quando houver resistência, deve-se sair e recomeçar o mesmo movimento, fazendo cortes iguais nas quatro paredes, até a lima desejada. Na última lima, não haverá necessidade de instrumentação, mas sim ajustes para modelar o canal para receber o cone de guta até o mesmo se assentar no canal na medida correta. Utilizam-se três critérios para avaliar se o cone de guta está na posição ideal e a obturação do canal poder ser realizada, sendo eles: → Critério visual: o cone deve descer até que chegue na marca adequada; → Critério tátil: deve haver pressão, ou seja, travamento do cone no canal; → Critério radiográfico: radiograficamente adequado. 11. Obturação: o canal radicular deve ser obturado hermeticamente, ou seja, deve ser preenchido e E N D O D O N T I A I/II condensado em toda sua extensão e volume. Após o canal ter sido seco com cones de papel, inicia-se a obturação. A função do cimento endodôntico é ocupar as áreas do canal em que o cone de guta não se adapta, por isso, o cone principal deve ser inserido com bastante cimento no canal, pincelando as paredes por duas vezes, para ser ter certeza que houve preenchimento. A partir daí, os cones acessórios começam a ser utilizados. Os cones acessórios devem ter coerência com o espaçador que está sendo utilizado e assim como o cone principal, devem ser passados no cimento endodôntico. RELAÇÃO DE CONE LATERAL COM ESPAÇADOR: • Cones FM: espaçador 30 ou 35; • Cones MF: espaçador25; • Cones FF: espaçador 15. Após obturação, os cones devem ser cortados no nível do assoalho no caso dos molares e pré-molares, e abaixo da linha de colo no caso dos anteriores. Após, a câmara deve ser limpa com álcool 90 ou 92 e bolinha de algodão para dissolver os resíduos de cimento que podem causar manchamento. 12. Curativo de demora ou Restauração 🡪 ao final realiza-se o curativo de demora duplo (cotosol+CIV) ou caso haja tempo, a restauração pode ser realizada na mesma sessão, pois é um ótimo momento já que isso garante o selamento e vedamento do elemento, evitando o risco de contaminação. Segue-se a remoção do isolamento absoluto, checagem de oclusão e radiografia final, para documentação e confirmação de que o procedimento foi adequado. OBS.: O cimento endodôntico pode ser de preferência os endodônticos resinosos, pois facilitam caso haja a necessidade de trabalhos protéticos. DENTES MULTIRRADICULARES (ENDODONTIA II) Os dentes multiradiculares geralmente ficam na parte posterior da boca, então essa já uma coisa que dificulta o acesso e a anatomia também pode ser uma outra dificuldade, mas nada impede de quando pegar um dente com 3 canais e o transforme em 3 incisivos para deixar mais simples, por exemplo. Tudo na odontologia pode esperar, menos: sair com dor e sem dente/dente quebrado (emergência estética). Existe um estudo, que foi considerado um trabalho clássico dentro da endodontia, que foi feito em 1958 por um professor na Universidade de Oxford que retrata sobre a endodontia que não deu certo. Ele levantou nesse estudo muitos dados interessantes: Ele pegou 5.224 pacientes para fazer esse estudo e foi investigar porque tinha dado errado. Ele chegou em um índice de 91% de sucesso no tratamento, ai ele se reuniu com a equipe e queria saber porque ainda estava perdendo 9% dos casos que eles estavam fazendo. Dentro desses 9% dos casos que deram errado eles descobriram que cerca de 70% o responsável pela falha foi o erro na realização da cirurgia de acesso. Isso monstra que o primeiro passo dado errado dentro da endodontia vai nos levar a uma sucessão de passos errados dentro da endodontia. → Cirurgia de Acesso: É o procedimento cirúrgicoque dará acesso ao canal radicular. Deve ser conduzido de forma que favoreça a iluminação, visibilidade e acesso as entradas dos canais, tão direto quanto possível, facilitando as faces subsequentes do tratamento. Fatores que influenciam a cirurgia de acesso: 1. Forma da coroa, número de raízes e números de condutos. 2. Idade. 3. Posição do dente no arco dentário. O fator mais importante e o maior causador de erros durante a realização da cirurgia de acesso é a não observação da posição do dente no arco, então as inclinações que podem ter nos dentes podem nos levar a cometer inúmeros erros. Um pré-molar onde a cirurgia de acesso deveria ter acompanhado o longo eixo do dente, por conta da inclinação do dente, o profissional acabou fazendo essa perfuração para a lateral. E N D O D O N T I A I/II Esse é um caso complexo porque se olhar direito a radiografia não vai ver luz de canal presente na raiz, então se trata de um dente muito calcificado. Um pré-molar inferior, que são os dentes mais complicados para fazer o tratamento endodôntico porque traz um número muito grande de variação anatômica. Essa radiografia não mostra luz de canal, um dente unir radicular que acabou tendo 3 canais com observado na segunda radiografia pós tratamento.. Esse é um primeiro molar superior, onde normalmente nós temos 4 canais (1 mesiovestibular, 1 distovestibular 1 palatino e 1 que fica entre o mesiovestibular e o palatino). Esse molar apresentou uma variação anatômica onde ele apresentava duas raízes palatinas e dois canais. Então é aquilo que foi dito em endodontia I, sempre procurar um canal a mais. O profissional foi procurar os canais cometendo um erro gravíssimo que foi procurar o canal com a broca, ele fez uma destruição na ponta da raiz. Então um dente com uma importante estratégica para esse paciente (que perdeu o primeiro molar) que era o único pilar da mastigação acabou perdendo o dente porque não existiu a observação da inclinação do dente para a mesial. Por isso é importante observar bem ao longo eixo do dente e o posicionamento dele na arcada. OBJETIVOS DA COBERTURA CORONÁRIA: → Remoção de todo conteúdo da câmara pulpar. → Visão direta do assoalho da câmara e entrada dos canais – A cirurgia de acesso tem que ser feita da melhor maneira possível que permita essa visão. → Acesso direto a região apical. Permitir um bom selamento provisório – Principalmente em dentes multirradiculares o tratamento não vai ser feito em sessão única. → Não enfraquecer a coroa dental – Vai sempre tentar não enfraquecer, mas se precisar fazer um desgaste maior em alguma parede para fazer um tratamento de canal com excelência é melhor fazer pois o tratamento endodôntico é o último recurso desse dente, o próximo passo é só a extração se não der certo. Em dentes unirradiculares a gente falava de: parede mesial, parede distal, lingual, vestibular e o teto da câmara. Agora em dentes multirradiculares existem essas paredes mais o assoalho da câmara pulpar. Depois da cirurgia de acesso essa vai ser a visão de um molar superior onde tem o canal palatino (P) tem o canal distovestibular (DV), tem o canal mesiovestibular (MV) e o canal mesiopalatino (seta). Por isso é importante uma cirurgia de acesso que permita ver bem o assoalho da câmara, as paredes circundantes do preparo devem ser divergentes para aumentar a entrada de luz e conseguir visualizar bem. ETAPAS DA CIRURGIA DE ACESSO: → Área de eleição. → Direção de trepanação. → Forma de contorno. → Forma de conveniência. E N D O D O N T I A I/II Área de eleição: Nos dentes posteriores, pré-molares e molares, o ponto de eleição será na superfície oclusal (fosseta central). Nos pré-molares superiores tudo que for fazer vai ser abaixo de uma linha imaginária sobre as pontas das cúspides. Nos molares a área de eleição vai ser um ponto na fossa central. Direção de trepanação: Varia de acordo com a posição do dente no arco e com a configuração de sua coroa e de sua cavidade pulpar. Nos dentes multirradiculares, a direção de trepanação é dada em direção ao canal de maior volume, evitando tocar o assoalho da câmara. – Segundo a literatura, professores na prática ensinam diferente. Forma de contorno: Será dada a partir da anatomia da câmara pulpar, removendo todo o teto da câmara. Esta manobra deve ser realizada com movimentos de dentro para fora. Não tem necessidade em se prender em formar geométricas, a partir do momento que remove todo o teto da câmara vai existir a forma de contorno. Forma de conveniência: Etapa final da cirurgia de acesso, adaptação da forma de contorno as necessidades relacionadas ao preparo cirúrgico da cavidade. O profissional precisa entrar com os instrumentos para conseguir trabalhar, então vai dar uma forma para que a instrumentação fique o mais leve possível, para que não precise forçar e acabar quebrando o instrumento ou desviando o canal. Desgaste compensatório: Remoção das projeções de dentina da entrada dos condutos radiculares. Quando o instrumento está preso, ou seja pegando nas duas paredes, vai fazer um braço de alavanca que vai jogar a ponta dele para a vestibular lá no terço apical e ai começa a trabalhar com o instrumento preso nessas paredes sendo empurrado lá no ápice, conforme for aumentando o calibre do instrumento vai cortando cada vez mais a parede até fazer uma perfuração. O problema disso é que não tem como ver essa perfuração na radiografia e as vezes ainda é difícil de enxergar na tomografia, ai depois de fazer o canal o paciente fica se queixando de dor e aí descobre que houve essa perfuração. Para a forma de conveniência não existe uma forma definida como antigamente, esse prémolar a forma geométrica dele seria uma forma oval e aqui podemos ver que a forma está parecendo mais um 8 porque foi feito um desgaste compensatório um pouco maior para permitir melhor visualização e ser melhor de entrar o instrumento. A diferença da primeira foto da cirurgia de acesso sem o desgaste compensatório e a segunda foto pós o desgaste compensatório, conseguindo enxergar muito mais os canais e facilitando a entrada de instrumentais. A sequência de um planejamento e execução de uma cirurgia de acesso. Vai remover o teto da câmara pulpar com uma broca esférica trabalhando de dentro para fora e depois vai começar o desgaste compensatório com uma broca 3081/3082 que é tronco cônica sem corte na ponta. No primeiro dente está marcado o que o profissional achou que seria o desgaste compensatório ideal, a remoção desses ombros de dentina nas entradas dos canais. No segundo dente ele introduziu uma lima 15 E N D O D O N T I A I/II antes de fazer o desgaste compensatório e ela parou antes, ai quando ele introduziu a lima 20 já não passou pela metade do canal. Nessa sequência ele foi fazendo o desgaste compensatório e depois colocou a mesma lima 20 que não tinha passado do meio da raiz e ela chegou até ao ápice. O uso de brocas curtas minimiza o risco de perfurações, porque quando for usar a broca de alta rotação com essas brocas a medida delas é cerca de 9/10mm e se pegar o pré-molar e medir da ponta de cúspide até a junção cemento/esmalte também vai ter essa medida. Por isso deve-se evitar o uso de brocas hl (haste longa, para evitar falhas e acidentes).