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HISTÓRIA 8º ANO 3º Corte Temporal MATERIAL DIDÁTICO DE APOIO – ESTUDANTE 2023 SUMÁRIO AULA 11: Revisão ................................................................................................................ 5 AULA 12: Brasil: Primeiro Reinado ................................................................................. 10 AULA 13: O Período Regencial e o Brasil do Segundo Reinado .................................. 14 AULA 14: O Escravismo no Brasil do século XIX ............................................................ 20 AULA 15: Indigenas no Brasil Colonial ........................................................................... 27 5 HISTÓRIA TURMA: 8º ANO AULA 11- REVISÃO ATIVIDADE 1. Observe a imagem: A novela televisiva ‘’Novo mundo’’ de Thereza Falcão e Alessandro Marson, narra a travessia grandiosa do Atlântico que trouxe a arquiduquesa austríaca Leopoldina (Letícia Colin) ao Brasil para se tornar a esposa do príncipe Dom Pedro (Caio Castro) e personagem fundamental no processo de independência do país. A partir de seus conhecimentos cite os principais fatores que levaram o Brasil à independência? ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ Imagem: http://zamenza.blogspot.com/2020/08/reprise-de-novo-mundo-em-2020-merecia-o.html Acesso ao 15 de jun. 2023. 2. “Independência ou morte!” Certamente você já ouviu essa expressão. Quem pronunciou essa frase tão famosa foi Dom Pedro I no momento da proclamação de independência do nosso país. Esse fato aconteceu em A) 7 de setembro de 1822. B) 8 de agosto de 1823. C) 7 de setembro de 1823 D) 8 de setembro de 1822. 3. Complete as frases de acordo com as palavras que estão no quadro. REVOLUÇÃO PERNAMBUCANA - EM PERMANECER NO BRASIL – REINO UNIDO DE PORTUGAL E ALGARVES - PERÍODO NAPOLEÔNICO a) A família real chegou no Brasil durante o ______________________________ e após o fim dessa era, no ano de 1815 nos países da Europa, os portugueses fizeram pressão para que o imperador voltasse para casa. b) Por esse motivo, D. João VI transformou o Brasil em um ______________________________ deixando de ser um Brasil Colônia, posição que desacordava com os interesses de Portugal. c) O movimento Republicano e Abolicionista ganhou força por causa da insistência de D. João VI ________________________________. d) A ________________________________ de 1817, surgiu a favor da República e contra o governo português. 6 4. Observe a imagem: A imagem em questão faz alusão a um fato histórico de extrema relevância para a independência do Brasil, que ficou conhecido como A) o dia da Despedida. B) o dia do Fico. C) o dia da Partida. D) o dia da Chegada. Imagem: https://www.canalkids.com.br/cultura/historia/fico.htm Acesso em 15 de jun. de 2023. 5. Leia a canção: ‘’Violeiro feliz de Goiás’’ - Jorge & Mateus É bão demais, é bão demais A vida de violeiro Cantar no Brasil inteiro e voltar pro meu Goiás Goiás é mais É bão demais, é bão demais A vida de violeiro Cantar no Brasil inteiro e voltar pro meu Goiás Quando saio pra cantar por esse Brasil a fora Levo Deus no coração e na bagagem a viola Nas cidades do interior, distritos e capitais Fazendo o que a gente ama Mas quando a saudade chama eu volto pro meu Goiás É bão demais, é bão demais A vida de violeiro Cantar no Brasil inteiro e voltar pro meu Goiás Goiás é mais É bão demais, é bão demais A vida de violeiro Cantar no Brasil inteiro e voltar pro meu Goiás Um dia canto no Sul, no outro já vou pro Norte Do nordeste ao Sudeste Coração bate mais forte Solto a voz no Centro-oeste num dueto de paixão Junto com o meu parceiro, por esse Brasil inteiro cantando só modão É bão demais, é bão demais A vida de violeiro Cantar no Brasil inteiro e voltar pro meu Goiás Goiás é mais É bão demais, é bão demais A vida de violeiro Cantar no Brasil inteiro e voltar pro meu Goiás Um dia canto no Sul, no outro já vou pro Norte Do nordeste ao Sudeste Coração bate mais forte Solto a voz no Centro-oeste num dueto de paixão Junto com o meu parceiro, por esse Brasil inteiro cantando só modão É bão demais, é bão demais A vida de violeiro Cantar no Brasil inteiro e voltar pro meu Goiás Goiás é mais É bão demais, é bão demais A vida de violeiro Cantar no Brasil inteiro e voltar pro meu Goiás É bão demais, é bão demais A vida de violeiro Cantar no Brasil inteiro e voltar pro meu Goiás Goiás é mais É bão demais, é bão demais A vida de violeiro Cantar no Brasil inteiro e voltar pro meu Goiás Cantar no Brasil inteiro E voltar pro meu Goiás Fonte: Musixmatch Compositores: Renato Barros / Pinocchio - https://www.letras.mus.br/jorge-mateus/1449252/ 7 A canção ‘’Violeiro de Goiás’’ narra a trajetória de violeiros que viajam pelo Brasil, mas sempre voltam para seu estado (Goiás). Fazendo uma reflexão histórica sobre o surgimento do estado, podemos afirmar que ele nasceu a partir de expedições que ficaram conhecidas como: A) Desbravamento do centro-oeste. B) Marcha para o Oeste. C) Bandeiras. D) Deslocamento espacial. 6. Observe a imagem: Imagem: https://br.pinterest.com/pin/439101032394378950/ A imagem em questão representa uma lenda indígena sobre o desbravamento do território do Estado de Goiás. A partir de seus conhecimentos explique qual lenda tem ligação direta com esta imagem. _______________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________ 7. Sobre a definição de nação, marque a alternativa correta: A) O conceito de nação surgiu durante o feudalismo e nada mais que a união de povos de uma mesma raça. B) O conceito de nação surgiu durante o iluminismo e nada mais é que a união humana ou de um povo que possui um sentimento de pertencimento devido a determinadas características, práticas sociais, cultura, língua e laços históricos. C) O conceito de nação surgiu na idade moderna e nada mais é que a união das pessoas através da língua. D) O conceito de nação surgiu na idade contemporânea e define pessoas com o mesmo pensamento religioso. 8. Sobre a primeira constituição brasileira, podemos afirmar que A) Ela foi elaborada em 1888 pela Assembleia Constituinte. B) Ela foi elaborada em 1823 pelo Senado Federal brasileiro. C) Ela foi elaborada em 1824 pela Assembleia Constituinte. D) Ela foi elaborada em 1823 pela Assembleia Constituinte. https://cultura.estadao.com.br/blogs/marcelo-rubens-paiva/constituicao-brasileira-e-a-segunda-maior-do-mundo/ 8 9. A notícia da independência não foi bem recebida em todos os lugares do Brasil. Alguns militares e comerciantes portugueses revoltaram-se e decidiram lutar para manter os antigos laços de união com Portugal. A partir de seus conhecimentos, cite quais foram os primeiros países a reconhecer a independência do Brasil. _______________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________ 10. A Constituição de 1824, a primeira Carta Magna brasileira garantia a unidade territorial, instituía a divisão do governo em quatro poderes e estabelecia o voto censitário(voto ligado à renda do cidadão). Sobre os quatro poderes, quais eram eles? A) Legislativo, Judiciário, Executivo e Individual. B) Legislativo, Judiciário, Executivo e Religioso. C) Legislativo, Judiciário, Executivo e Moderador. D) Legislativo, Judiciário, Executivo e Social. 11. Observe os dados abaixo: Imagem: https://www.ecodebate.com.br/2020/01/29/motivos-e-consequencias-da-aceleracao-da-transicao-religiosa-no-brasil-artigo-de-jose-eustaquio-diniz- alves/ Os dados presentes na pesquisa têm uma ligação direta com a Constituição de 1824, pois A) ela estabelecia o catolicismo como religião oficial do Brasil. B) ela estabelecia que era proibido no Brasil a existência de cultos religiosos que não fossem voltadas para o catolicismo. C) ela estabelecia que no Brasil não existia religião oficial, pois o estado brasileiro se tornaria laico. D) ela estabelecia o protestantismo como religião oficial do Brasil. 9 12. Observando a imagem e fazendo uma ligação com a constituição de 1824 ela critica o fato A) de a religião estar acima de todos naquele período. B) de a religião estar submetida aos poderes do imperador. C) de o Brasil não ter uma religião oficial. D) de o Brasil depender economicamente da igreja. https://m.facebook.com/equipeRoxaSenhorarotary2016/posts/1298535116846232/?refsrc=deprecated&_rdr 13. Observe a imagem: Imagem: https://www.preparaenem.com/sociologia/cidadania.htm A partir de seus conhecimentos, faça uma comparação entre a estrutura política de 1824 com a dos dias atuais. _______________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________ 14. Vários motivos levaram ao desgaste do imperador Dom Pedro I. Dentre eles podemos destacar A) A falta de empatia com o povo brasileiro. B) a renovação do tratado de comércio com a Inglaterra, a balança comercial desfavorável e descontentamento popular com as mortes e despesas causadas pela Guerra. C) A falta de tato com a imprensa brasileira. D) A situação catastrófica da economia brasileira. 15. Sobre a situação dos negros na Constituição de 1824 pode-se afirmar que ela A) abolia a escravidão. B) legitimava os castigos físicos. C) determinava a abolição dos açoites e da tortura. D) não tratava da situação dos negros. 10 AULA 12 Objeto de conhecimento: Brasil: Primeiro Reinado Habilidade: (EF08HI21) Identificar e analisar as políticas oficiais com relação ao indígena durante o Império. Objeto de conhecimento – A produção do imaginário nacional brasileiro: cultura popular, representações visuais, letras e o Romantismo no Brasil. Disponível em: http://mestresdahistoria.blogspot.com/2012/03/saiba-mais-sobre-o-povo-brasileiro.html Acesso em 15. Acesso em 15 jun. de 2023. É interessante, antes de começarmos a falar sobre a construção da nação brasileira, que possamos saber que há uma diferença entre o Estado e a Nação e qual seria. O Estado é um “corpo” jurídico, o território, ou seja, uma sociedade que se encontra num espaço delimitado, delimitação essa que é exercida por meio de uma autoridade soberana (que pode ser o governo, normalmente). Já o conceito de Nação, que surge no iluminismo, é a união humana ou de um povo que possui um sentimento de pertencimento devido a determinadas características, práticas sociais, cultura, língua e laços históricos. A independência brasileira, foi um claro acordo, ou seja, uma relação amistosa com Portugal, que foi vitória de um determinado grupo político num projeto liberal conservador. Liberal pois rompeu com a metrópole Portugal, ao mesmo passo que foi conservador no que manteve as mesmas estruturas econômicas e sociais. Não há uma sensação de nação, além de haver um sério problema de representatividade. Pedro I se tornou então o imperador do Brasil. Foi criada uma constituição (1823) com voto censitário (alqueires de mandioca), uma tentativa de alijar os portugueses comerciantes e que também restringia o poder de D. Pedro I. O imperador brasileiro fecha a Constituinte e outorga em 1824 a primeira Constituição brasileira, que demonstrava a centralização política muito clara com o poder moderador. Não se pode falar em nação nesse período, já que não havia a sensação de união e pertencimento. Nesse sentido, vamos ver a formação do Estado Brasileiro! Disponível em: https://descomplica.com.br/artigo/como-ocorreu-a-construcao-da-nacao-brasileira/4y7/ Acesso em: 21 de jun. de 2021. O PRIMEIRO REINADO (1822-1831) Este período foi marcado por crises envolvendo o reconhecimento da Independência no exterior, a criação de um conjunto de leis que regessem as relações sociais, revoltas regionais, conflitos externos e a desconfiança entre soberano e súditos/cidadãos. Foi também neste período que se elaborou a primeira Constituição do Brasil, que vigorou durante todo o Império – a mais duradoura da História do Brasil, embora tenha recebido emendas durante sua vigência. Ao longo deste capítulo, estudaremos alguns desses processos, percebendo as disputas dos diversos sujeitos atuantes no período. LUTAS PELA INDEPENDÊNCIA A notícia da independência não foi bem recebida em todos os lugares do Brasil. Alguns militares e comerciantes portugueses revoltaram-se e decidiram lutar para manter os antigos laços de união com Portugal. Durante cerca de um ano, houve confrontos entre tropas portuguesas e tropas do governo brasileiro em regiões do Maranhão, Bahia, Pará, Piauí e Cisplatina (atual Uruguai). 11 O primeiro país a reconhecer a independência do Brasil foram os Estados Unidos (1824), seguidos do México (1825). O governo dos Estados Unidos era contra o domínio colonial europeu na América e queria espalhar sua influência sobre o continente. A princípio, Portugal não aceitou a independência do Brasil. Mas, em 1825, os dois países chegaram a um acordo com a mediação da Inglaterra, que, assim como os Estados Unidos, tinha interesses econômicos na região. Em troca do reconhecimento da independência, o governo brasileiro pagou uma indenização de 2 milhões de libras esterlinas (moeda inglesa) a Portugal e conferiu a dom João VI o título de imperador honorário do Brasil. Para pagar a indenização, o governo brasileiro fez um empréstimo com os ingleses, que lucraram com a transação financeira. Depois de Portugal, a Inglaterra e os demais países europeus também reconheceram a emancipação política do Brasil. A CONSTRUÇÃO DO PAÍS Durante o Primeiro Reinado, entre 1822 e 1831, havia uma preocupação em consolidar a independência do Brasil e organizar as estruturas do novo Estado. Isso envolvia, por exemplo, criar símbolos nacionais (bandeira, hino, brasão, etc.), elaborar uma Constituição e organizar a administração pública. O primeiro projeto de Constituição do país foi elaborado por uma Assembleia Constituinte, em 1823. Durante a elaboração, ocorreram disputas de poderes entre correntes políticas opostas. Uma delas, o Partido Português, defendia o fortalecimento e a centralização do governo na figura do imperador. A outra, o Partido Brasileiro, desejava que a autoridade de dom Pedro I fosse limitada pelas leis. Apesar dessas divergências, ambos os grupos concordavam em preservar a unidade territorial do Brasil e manter a escravidão. Diante do risco de redução dos seus poderes, dom Pedro I, que tinha ideais absolutistas e centralizadores, fechou a Assembleia Constituinte com o apoio das tropas imperiais. Os políticos que resistiram foram presos e expulsos do país. O fechamento da Assembleia foi interpretado como uma vitória o Partido Português. O direito de ex-escravizados ou libertos à cidadaniafoi uma das questões que dividiram os deputados na Assembleia Constituinte de 1823. A maioria dos deputados, proprietários de terras e de escravizados, considerava que a população negra representava um perigo social e não deveria ter direitos. Decidiram que a propriedade era um dos direitos fundamentais a serem garantidos e mantiveram a escravidão. CONSTITUIÇÃO DE 1824 Os representantes do Partido Brasileiro ficaram descontentes com o fechamento da Assembleia Constituinte. Tentando aliviar as tensões, D. Pedro I nomeou dez brasileiros natos de sua confiança para elaborar um novo projeto de Constituição. Concluído o trabalho, em março de 1824, Pedro I outorgou, isto é, impôs a primeira Constituição do país. A Constituição de 1824 estabelecia a existência de quatro poderes: • Legislativo – tinha como principal função elaborar e aprovar as leis do país. Era composto de senadores e deputados. • Judiciário – julgava e aplicava as leis do país. O órgão máximo desse poder era o Supremo Tribunal de Justiça, com magistrados nomeados pelo imperador. • Executivo – tinha como função cuidar da administração pública. Era chefiado pelo imperador e exercido pelos ministros que ele nomeava. O Executivo nomeava bispos, magistrados, comandantes militares e embaixadores, além de fazer tratados com governos estrangeiros. • Moderador – era o poder exclusivo do imperador e estava acima dos demais. O imperador tinha autoridade para indicar senadores, nomear e demitir ministros e presidentes de províncias (cargo que equivale ao de governador de estado, hoje em dia), dissolver a Câmara dos Deputados, convocar eleições e anistiar presos. A Constituição de 1824 excluía da vida política os homens pobres, todas as mulheres, os escravos e os indígenas. Foi estabelecido o voto censitário: só teriam direito ao voto e poderiam ser votados os homens que comprovassem renda alta. Para votar, a pessoa precisava ter uma renda anual mínima de 100 mil-réis. A Constituição também estabeleceu o catolicismo como religião oficial no Brasil. Outras religiões só oram permitidas em cultos domésticos. A lei garantia que ninguém seria perseguido por motivo religioso, desde que fosse respeitada a religião oficial do Estado. Pelo regime do padroado, a Igreja católica ficava submetida ao imperador. 12 Pelas leis instituídas no Império, havia uma enorme distância entre a teoria e a prática da cidadania. A Constituição garantia o direito de propriedade. Mas, na prática, esse direito era exercido por uma minoria de proprietários. A Constituição definia que os cidadãos brasileiros formavam uma nação livre. Porém, não fazia menção aos indígenas, às mulheres e aos escravizados. Isso significava que a maioria da população estava excluída da participação política. A Constituição determinava a abolição dos açoites e da tortura. Mas os cativos e os marinheiros continuaram a ser castigados. No governo de dom Pedro I, houve o fechamento da Assembleia Constituinte, a censura à imprensa, a imposição da Constituição de 1824 e a instituição do Poder Moderador. Essas atitudes provocaram grandes revoltas. Vários motivos levaram ao desgaste do imperador dom Pedro I. Entre eles a renovação do tratado de comércio com a Inglaterra, a balança comercial desfavorável, descontentamento popular com as mortes e despesas causadas pela Guerra da Cisplatina e a questão sucessória em Portugal. Com a morte de dom João VI, em 1826, dom Pedro I herdou o trono português. Mas políticos liberais brasileiros não queriam que ele fosse imperador do Brasil e rei de Portugal ao mesmo tempo. Temendo mais descontentamento, dom Pedro I renunciou ao trono português. Disponível em: https://saber.com.br/obras/Aplicacoes/Edocente/plugins/pdfjs- 2.6.347dist/web/viewer.html?file=https://saber.com.br/obras/PNLD/PNLD_2020/HISTORIAR/8ANO/HISTORIAR_8ano_PNLD2020_PR.pdf. Acesso em: 15 de jun. de 2021. (adaptado) ATIVIDADES 1. Observem a imagem: https://descomplica.com.br/artigo/como-ocorreu-a-construcao-da-nacaobrasileira/4y7/ Acesso em: 21 de jun. de 2021. O Primeiro Reinado (1822-1831) marcou os anos iniciais do Brasil como nação independente após o processo de independência ter sido conduzido por intermédio de D. Pedro I. Com base no texto e na imagem, com suas palavras, conceitue o que é Estado e o que é Nação. 2. A notícia da independência do Brasil não foi bem recebida em todos os lugares do Brasil. Alguns grupos revoltaram- se e decidiram lutar para manter os antigos laços de união com Portugal. Quais eram esses grupos? 3. O primeiro país a reconhecer a independência do Brasil foram os Estados Unidos (1824), seguidos do México (1825). Quais eram os reais interesses dos Estados Unidos na Independência do Brasil? 4. O Brasil proclama a independência. A princípio, Portugal não aceitou a independência do Brasil. Mas, em 1825, os dois países chegaram a um acordo com a mediação da Inglaterra. Quais eram os interesses da Inglaterra e o que ela lucrou com sua mediação? 13 5. Durante o Primeiro Reinado, entre 1822 e 1831, havia uma preocupação em consolidar a independência do Brasil e organizar as estruturas do novo Estado. Alguns requisitos eram necessários para essa consolidação. Quais eram esses requisitos? 6. O primeiro projeto de Constituição do país foi elaborado por uma Assembleia Constituinte, em 1823. Durante a elaboração, ocorreram disputas de poderes entre correntes políticas opostas. Uma delas, o Partido Português, a outra, o Partido Brasileiro. No quadro a seguir relacione o que cada uma desses partidos defendia. Partido Português Partido Brasileiro Ambos os partidos 7. A primeira constituição nasce de maneira autoritária, mantendo a tradição de uma monarquia absolutista. A Constituição de 1824 estabelecia a existência de quatro poderes. Relacione cada um desses poderes as suas devidas especificidades. a) LEGISLATIVO ( ) Era o poder exclusivo do imperador e estava acima dos demais. Toda a autoridade estava na mão do imperador. b) JUDICIÁRIO ( ) Tinha como função cuidar da administração pública. Era chefiado pelo imperador e exercido pelos ministros que ele nomeava. c) EXECUTIVO ( ) Julgava e aplicava as leis do país. O órgão máximo desse poder tribunal de Justiça, com magistrados nomeados pelo imperador. d) MODERADOR ( ) Tinha como principal função elaborar e aprovar as leis do país. Era composto de senadores e deputados. 8. Observe a charge: Disponível em: https://br.pinterest.com/pin/774619204650935728/. Acesso em: 15 de jun. de 2021. Ainda hoje a atual constituição dispõe sobre a divisão de poder. Na realidade não existe divisão do poder, o poder é um só, ocorrendo uma divisão de atribuições e funções do Estado. A partir da observação da charge, relate de que esfera do poder ela representa e se ainda existe essa esfera de poder ainda hoje no Brasil. 14 9.Observe a imagem: Disponível em: https://conhecimentocientifico.r7.com/voto-censitario/. Acesso em: 16 de jun. de 2021. Com a constituição de 1824 o sufrágio censitário foi estabelecido, e foi o primeiro modelo de voto no Brasil. Esteve em vigor durante todo o período monárquico brasileiro. Em que consiste o voto censitário e quais eram os requisitos para se participar da votação? 10. Atualmente a forma de o sufrágio no Brasil não é mais censitário. Pesquise e descubra qual é o tipo de sufrágio garantido hoje pela atual constituição e como ele funciona. 11. Pelas leis instituídas no Império, havia uma enorme distância entre a teoria e a prática da cidadania. Escreva um parágrafo ou pequeno texto dissertando sobre essas contradições, entre o que na teoria a constituição garantia, mas, como isso acontecia na prática. Hoje temos uma Constituição denominada de “Constituição Cidadã”. Será que realmente ela garante cidadania na prática a todos os brasileiros? AULA 13 Objetode conhecimento: O Período Regencial e O Brasil do Segundo Reinado: política e Economia Habilidade: (EF08HI16) Identificar, comparar e analisar a diversidade política, social e regional nas rebeliões e nos movimentos contestatórios ao poder centralizado. PERÍODO REGENCIAL https://blog.maxieduca.com.br/periodo-regencial-historia/ 15 O Período Regencial (1831- 1840) foi a época em que o Brasil foi governado por regências, pois o herdeiro do trono era menor de idade. Este período é caracterizado por momentos de grande conturbação no Brasil com várias revoltas civis. Termina com o Golpe da Maioridade que levou ao trono D. Pedro II aos catorzes anos de idade. Dom Pedro I enfrentava vários problemas internos como falta de apoio das elites econômicas e externos, como a derrota na Guerra da Cisplatina. Além disso, com a morte de Dom João VI, em Portugal, ele havia sido aclamado D. Pedro IV de Portugal. Neste momento em que o imperador perde a sua popularidade, decide abdicar ao trono brasileiro. Nessa altura, porém, o seu herdeiro, D. Pedro II, não podia governar, pois tinha 5 anos de idade. A solução, prevista pela Constituição de 1824, era formar uma Regência até que D. Pedro II atingisse a maioridade. REVOLTAS DO PERÍODO REGENCIAL Abre-se uma época de grande disputa de poder e instabilidade política que dão origem a uma série conflitos: • Revolta dos Malês (1835): revolta de escravos ocorrida na Bahia, comandada por escravos de origem malê que seguiam a fé islâmica. Lutavam contra a discriminação, pela liberdade, contra a imposição do catolicismo e contra a miséria. • Cabanagem (1835 – 1840): revolta que aconteceu no Pará, composta de pobres, indígenas, negros e mestiços que viviam em cabanas próximas dos rios. Em certa medida, contou com o apoio das elites agrárias locais, insatisfeitas com a centralização política promovida pelos regentes. Foi enfraquecida pela falta de organização interna e pelas traições dentro do núcleo de poder cabano. • Balaiada (1838 – 1841).: revolta que ocorreu no Maranhão, composta de vaqueiros, agricultores pobres e escravos. Teve a participação de grupos liberais conhecidos como Bem-te-vi, nome dado ao jornal liberal publicado na província. Foi um movimento descentralizado e desorganizado, mas que teve impacto na região. • Sabinada (1837 – 1838): revolta ocorrida na Bahia, comandada por liberais que chegaram a tomar a cidade de Salvador. Entretanto, algumas de suas propostas não foram bem vistas pelas elites agrárias locais (como a libertação dos escravos) e o movimento acabou tendo curta duração. As reivindicações eram os baixos salários dos militares e a insatisfação com o governo regencial, que queria enviá-los para resolver conflitos populares no Sul do país. Já o interesse por parte dos demais integrantes era ter maior participação política e mais acesso ao poder. • Farroupilha (1835 – 1845): revolta que aconteceu no Rio Grande do Sul, comandada pelas elites agrárias locais (conhecidos como estancieiros), que criticavam os baixos impostos cobrados sobre o charque argentino. Essa revolta durou dez anos e fez com que tanto o Rio Grande do Sul como Santa Catarina se tornassem repúblicas independentes. O Período Regencial contou com as seguintes regências: Regência Trina Provisória (abril a julho de 1831) Regência Trina Permanente (1831 a 1834) Regência Una do Padre Feijó (1835 – 1837) Regência Una de Araújo Lima (1837 – 1840) GRUPOS POLÍTICOS DO PERÍODO REGENCIAL Nessa altura, havia três grupos políticos defendendo cada qual uma posição distinta de governo: Liberais moderados (também conhecidos como ximangos): defendiam o centralismo político da monarquia constitucional; Liberais exaltados (apelidados de farroupilhas): defendiam a federalização do governo, com mais poderes para as províncias e o fim do Poder Moderador. Restauradores (ou caramurus): eram a favor do regresso de D. Pedo I. Após a morte deste, em 1834, vários membros entraram para partido dos liberais moderados. 16 Em 1831 foi criada a Guarda Nacional para contrabalançar o poder que o Exército tinha no governo. Este corpo armado seria integrado por cidadãos que tivessem direito a voto ou seja, a elite brasileira. desempenharia um importante papel na política brasileira. Ato Adicional (1834) O Ato Adicional foi um conjunto de propostas de caráter liberal introduzidos na Constituição de 1824. Entre essas medidas podemos destacar a criação de Assembleias Legislativas Provinciais cujo deputados teriam mandato de dois anos e os governos provinciais podiam criar impostos, contratar e demitir funcionários. Também foi determinado que regência seria exercida por uma só pessoa e não três. O primeiro regente foi o padre Antônio Feijó. Fim do Período Regencial As consequências da instabilidade política são as revoltas regências ocorridas em vários pontos do Brasil como vimos acima. Com o objetivo de acabar com a desordem e agitação, que levaria à desintegração do território brasileiro, o Partido Liberal propõe que a maioridade de D. Pedro II seja antecipada. A ideia é levada à votação na Câmara, mas não é aprovada. Desta maneira, os políticos tramam o Golpe da Maioridade, declarando D. Pedro II maior de idade aos 14 anos. Um ano depois, D. Pedro começa a governar o Brasil e tem início o Segundo Reinado. Disponível em: https://www.todamateria.com.br/periodo-regencial/ Acesso em: 24 de jun. de 2021. ATIVIDADES 1. Complete a linha do tempo com os acontecimentos que marcaram cada ano ou etapa do período regencial. LINHA DO TEMPO - PERÍODO REGENCIAL 1831 1831 1834 1835 1838 1840 2. Qual era o contexto histórico que o Brasil vivia que obrigou D. Pedro I a abdicar-se do trono em favor de seu filho D. Pedro II? _______________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________ 17 3. O Período Regencial foi marcado por grande disputa de poder e instabilidade política que dão origem a uma série de conflitos. No quadro a seguir faça o inventário das principais revoltas deste período. CABANAGEM MALÊS BALAIADA SABINADA FARROUPILHA Onde aconteceu? Quando aconteceu? Quais motivos levaram a acontecer? Quem fazia parte da revolta? 4. No Período Regencial, havia três grupos políticos defendendo cada qual uma posição distinta de governo. Relacione cada grupo político as suas reivindicações. a) Liberais moderados ( ) defendiam a federalização do governo, com mais poderes para as províncias e o fim do Poder Moderador. b) Liberais exaltados ( ) eram a favor do regresso de D. Pedo I. Após a morte deste, em 1834, vários membros entraram para partido dos liberais moderados. c) Restauradores ( ) defendiam o centralismo político da monarquia constitucional. 5. Em 1831 foi criada a Guarda Nacional. Qual foram os motivos que levou a criação deste corpo armado, quem podia dela participar e qual era a sua função? _______________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________ 6. Em que consistia o Ato Adicional e quais foram as principais medidas criada por ele? _______________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________18 SEGUNDO REINADO O Segundo Reinado foi um período que se estendeu de 1840 a 1889 e no qual o trono brasileiro foi ocupado por D. Pedro II. Ele assumiu como imperador por meio do Golpe da Maioridade e, durante seus 49 anos de reinado, diversos acontecimentos marcantes aconteceram, como a Guerra do Paraguai e a abolição da escravidão. Foi destronado com a Proclamação da República, em 1889. A política do Segundo Reinado era complexa, e D. Pedro II teve de dar uma atenção extra aos partidos políticos para manter a estabilidade do seu reinado. Os dois partidos eram o Partido Conservador e o Partido Liberal, os quais tinham uma pequena diferença ideológica entre si, mas que, em geral, eram representantes dos mesmos interesses e das mesmas classes sociais. A disputa entre liberais e conservadores foi acirrada no começo da década de 1840, quando D. Pedro II ainda se consolidava na função de imperador. Por essa razão, o sistema político estabelecido no Segundo Reinado permitia um revezamento entre liberais e conservadores. No longo prazo, isso garantiu a estabilidade do Segundo Reinado. O sistema em questão era o parlamentarismo às avessas. Nesse sistema, o Brasil era governado como em uma monarquia parlamentarista, havendo um gabinete ministerial, que chefiava o governo e os parlamentares. Com isso, se o imperador não estivesse satisfeito com a atuação do gabinete ou dos deputados, ele poderia dissolver o Parlamento e convocar novas eleições. Ao todo, ao longo dos anos do Segundo Reinado, foram formados 36 gabinetes diferentes, o que mostra que a rotatividade no poder entre liberais e conservadores era elevada. A possibilidade de mudança rápida na chefia do governo foi o que garantiu esse convívio mais harmônico entre liberais e conservadores. No que se refere à economia, os dois grandes destaques são a economia cafeeira, que se consolidou como o principal item da economia brasileira, e a embrionária industrialização que foi esboçada no país. O destaque, claro, vai para o café, o principal item de exportação da economia brasileira até a década de 1950. O café foi introduzido no Brasil no século XVIII e, no século XIX, popularizou-se como principal atividade econômica. As duas grandes regiões produtoras de café no país foram o Vale do Paraíba (localizado no Rio de Janeiro e parte de São Paulo) e o Oeste Paulista. Uma região secundária na produção cafeeira foi a Zona da Mata de Minas Gerais. No que se refere à industrialização, o Brasil viveu um pequeno surto de desenvolvimento industrial entre as décadas de 1840, 1850 e 1860. Nesse período, o país teve um aumento na navegação a vapor e viu as estradas de ferro se multiplicarem, sobretudo visando ao aumento das exportações do país. Um dos símbolos desse período foi Irineu Evangelista de Sousa, o Barão de Mauá. Após a década de 1870, a monarquia entrou em crise. Ela já não conseguia atender às demandas e aos interesses de uma parcela considerável da sociedade, incluindo classes urbanas, alguns grupos políticos representantes das elites e os militares. Ao redor desses grupos, a república começou a surgir como uma alternativa. A década de 1880 foi marcada por uma crise política crônica, e a monarquia perdia cada vez mais apoio. Grupos de militares e civis começaram a conspirar contra o imperador D. Pedro II e essa conspiração resultou no 15 de novembro de 1889. Nesse dia, o marechal Deodoro da Fonseca liderou a derrubada do gabinete ministerial, e o vereador José do Patrocínio proclamou a república. D. Pedro II foi destronado e, juntamente com a família real, foi expulso do Brasil, partindo para o exílio na Europa no dia 17 de novembro de 1889. O ex-imperador nunca mais retornou ao Brasil e morreu em Paris, no ano de 1891 Disponível em: https://escolakids.uol.com.br/historia/o-brasil-durante-o-segundo-reinado.htm Acesso em: 24 http://www.identidade85.com/2019/10/video-segundo-reinado-aspectos- gerais.html 19 7. Sobre o período do Segundo Reinado, das alternativas a seguir marque (V) para as que são verdadeiras e (F) para as que são falsas. a) ( ) O Segundo Reinado foi um período que se estendeu de 1840 a 1889 e no qual o trono brasileiro foi ocupado por D. Pedro I. b) ( ) Durante os 49 anos de reinado de D. Pedro II, diversos acontecimentos marcantes aconteceram, como a Guerra do Paraguai e a abolição da escravidão. c) ( ) Após a década de 1870, a monarquia entrou em crise. d) ( ) D. Pedro I foi destronado com a Proclamação da República, em 1889. e) ( ) A década de 1880 foi marcada por uma crise política crônica, e a monarquia ganhava cada vez mais apoio. 8. Observe a imagem: https://pt.wikipedia.org/wiki/Parlamentarismo_%C3%A0s_avessas Acesso em: 24 de jun. de 2021. Com base no texto e na imagem acima, faça uma caracterização da situação política do Brasil durante o Segundo Reinado. _______________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________ 9. No que se refere à economia, qual era a principal atividade econômica do país nesse período? _______________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________ 10. Descreva como era o processo de industrialização, no período do Segundo Reinado no Brasil. _______________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________ 20 AULA 14 Objeto de conhecimento: O escravismo no Brasil do século XIX: plantations e revoltas de escravizados, abolicionismo e políticas migratórias no Brasil Imperial. Habilidade: (GO-EF08HI19-A) Identificar, a partir de fontes históricas e análise crítica de materiais didáticos e paradidáticos, sobre a escravização nas Américas, percebendo as formas de resistência e valorização da cultura negra, assim como, problematizando estereótipos e preconceitos. A ABOLIÇÃO A pressão inglesa pelo fim do tráfico e a Lei Eusébio de Queirós (1850), que proibiu a entrada de escravos no Brasil, representaram um duro golpe contra a escravidão. Mas o processo que levou ao fim da escravidão no Império se iniciou antes dessa lei e se prolongou por quase todo o século XIX. Entre os fatores que contribuíram para a Abolição, cabe citar: a resistência dos próprios escravizados e o movimento abolicionista. A RESISTÊNCIA DOS ESCRAVIZADOS Enquanto durou a escravidão, houve resistência. Os escravizados resistiam por meio da desobediência, da fuga e formação de quilombos, dos levantes urbanos e da busca por liberdade para praticar suas culturas e religiões. Um exemplo expressivo da resistência dos escravizados no século XIX foi o ciclo de revoltas lideradas por eles na Bahia entre 1807 e 1835. Segundo o historiador João José Reis, naqueles anos a Bahia foi palco de mais de 20 revoltas e conspirações promovidas pelos africanos e seus descendentes. As lutas levadas adiante pelos próprios escravizados contribuíram decisivamente para o fim da escravidão. Uma dessas lutas foi a liderada por Manuel Congo. REVOLTA DE MANUEL CONGO Considerada [...] uma das mais importantes rebeliões escravas ocorridas no Brasil monárquico, o levante liderado por Manuel Congo estourou na região de Pati do Alferes, [...] Vassouras, em novembro de 1838. Revoltaram-se os escravos em importantíssima região da expansão cafeeira no vale do Paraíba fluminense [...]. [...] Não chegou propriamentea ser erigido um quilombo organizado sob a chefia de Manuel Congo nas matas de Pati do Alferes, mas uma luta de resistência de escravos que haviam fugido de várias fazendas da região entre 6 e 10 de novembro de 1838. [...] A repressão não tardou, enviando-se a Guarda Nacional no encalço dos fugitivos, que se concentravam nas matas com víveres, armas e ferramentas de todo tipo saqueados nas fazendas de origem. Travou-se combate logo no dia 11 de novembro, no qual morreram sete cativos, 23 ficaram feridos e os demais fugiram, sendo boa 21 parte deles recapturada depois. [...] Dos rebeldes recapturados, 16 foram julgados, em [...] 1839, todos acusados do crime de insurreição [...]. Deles, Justino Benguela, Antônio Magro, Pedro Dias, Belarmino Congo, Miguel Crioulo, Canuto Moçambique e Afonso Angola foram incursos no artigo 60 do Código Criminal e condenados a 650 açoites, 50 por dia, e a andarem por três anos com gonzos de ferro ao pescoço [...]. Manuel Congo foi condenado à forca como cabeça da insurreição [...], sentença executada em 6 de novembro de 1839. VAINFAS, Ronaldo (Org.) Dicionário do Brasil- Imperial (1822-1889). Rio de Janeiro: Objetiva, 2002. p. 638-639. Disponível em: https://issuu.com/editoraftd/docs/historia-sociedade-e-cidadania-mp-8_divulgacao Acesso em 13 de ago. de 2021. ATIVIDADES 1. Esses dois recortes de texto foram retirados do livro didático História Sociedade & Cidadania da editora FTD. O autor do texto Alfredo Boulos, usa a expressão escravizados ao invés de escravos. Qual a diferença que você percebe entre estas duas expressões “escravizados” e “escravos”? _______________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________ 2. Descreva quais eram as principais formas de resistências das pessoas escravizadas? _______________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________ 3. O texto a revolta de Manuel Congo, narra das mais importantes rebeliões ocorridas no Brasil Monárquico. Com base em seus conhecimentos responda as questões do quadro. PERGUNTAS RESPOSTA a) Como o autor caracteriza a revolta liderada por Manuel Congo? b) A quem coube a repressão da Revolta de Manuel Congo? Por quê? c) O que é possível saber sobre os rebeldes com base em seus nomes? d) O que se pode concluir sobre a escravidão no Império brasileiro com base na punição dada aos rebeldes liderados por Manuel Congo? O ESCRAVISMO NO BRASIL DO SÉCULO XIX No século XIX a economia brasileira tinha como seu principal produto o café, o sistema de plantação era o Plantation, que tinha como base: latifúndio, mão de obra escrava e monocultura. Esse modelo econômico fortaleceu as elites agrárias que monopolizavam o poder, e pressionava uma monarquia já desgastada. Os escravos sempre lutaram por sua liberdade, porém as pressões internacionais, como da Inglaterra que precisava de mercado para os produtos de suas indústrias, e os movimentos abolicionistas, liderados por intelectuais brancos, foram de fundamental importância. 22 As jornadas de trabalho eram exaustivas, chegando a até 20 horas por dia e, além disso, eram marcadas pela violência vinda dos senhores de engenho. O trabalho feito pelos escravos africanos era considerado muito mais pesado do que trabalhar nas plantações. O tratamento recebido pelos escravos era desumano. A alimentação, muitas vezes, era insuficiente e os escravos precisavam complementá-la com os alimentos obtidos de uma pequena lavoura que cultivavam aos domingos. Além disso, eles dormiam no chão da senzala e eram monitorados constantemente para evitar que fugissem. Os escravos que trabalhavam na casa-grande – residência dos donos dos escravos – recebiam um tratamento melhor. Eram alimentados e bem vestidos. Além disso, havia escravos que trabalhavam nas cidades em ofícios dos mais variados tipos. Se os escravos cometessem qualquer tipo de erro ou desobedecessem, eles recebiam castigos físicos muito dolorosos. Entre as punições mais comuns estão os açoitamentos. Além dos maus-tratos e as péssimas condições em que viviam, as mulheres negras também muitas vezes eram exploradas sexualmente. A escravização dos africanos não era aceita de maneira passiva e esse processo é marcado pela resistência e luta dos escravos que, muitas vezes, fugiam e formavam quilombos. Um exemplo da luta dos escravos é a Revolta dos Malês. Com a consolidação do Segundo Reinado, uma série de leis foram sendo sancionadas para se pôr fim ao trabalho escravo de maneira lenta, são elas: • Lei Eusébio de Queirós (1850), proibia o tráfico negreiro da África para o Brasil; • Lei do Ventre Livre (1871), estabeleceu a liberdade para os filhos de escravos que nasciam após essa data; • Lei do Sexagenários (1885), beneficiava os negros maiores de 60 anos. • Lei Áurea (1888); Em 13 de maio de 1888. Princesa Isabel assina a Lei Áurea libertando todos os escravos. O processo de libertação dos escravos não foi simples, pois os grandes proprietários de escravos e latifundiários queriam ser indenizados. Por sua parte, os próprios cativos se organizavam e economizavam para pagar sua alforria, por exemplo. Igualmente eram comuns as fugas, motins e rebeliões. Essas leis também deram ao escravo a possibilidade de solicitar na Justiça a sua liberdade, caso seu senhor o transferisse de maneira indevida ou se ele provasse que tinha chegado ao país após 1831. Os fazendeiros também preferiram usar a mão-de-obra que chegava cada vez mais da Europa numa clara postura racista. Desde então, os afrodescendentes sofrem com o problema da exclusão social no país. A Princesa Isabel (1846- 1921), filha de D. Pedro II, foi a primeira mulher a administrar o país, sendo, portanto, uma figura importante não somente na busca pela libertação dos escravos, mas também pelos direitos das mulheres. A princesa já havia assinado a Lei do Ventre Livre, quando exerceu pela primeira vez a regência no Brasil. Também era uma conhecida admiradora da causa abolicionista. Os escravos também tiveram papel essencial na desestabilização da escravidão no Brasil e resistiram realizando fugas em massa, organizando revoltas contra seus senhores (algumas das quais levaram à morte dos senhores de escravos), formando os quilombos (sobretudo nos arredores do Rio de Janeiro e de Santos) etc. A força da pressão popular, por meio do movimento abolicionista, e as constantes revoltas dos escravos criaram o clima que obrigou o Império a abolir o trabalho escravo em 13 de maio de 1888, com a citada Lei Áurea. A abolição do trabalho escravo foi recebida com festa pela população brasileira. Os escravos libertos, porém, continuaram a sofrer com o preconceito e com a falta de oportunidades. O Brasil acabou sendo o último país das Américas a abolir a escravidão. No entanto, o fim da escravidão no país não foi um ato de https://mundoeducacao.uol.com.br/historiadobrasil/escravidao-no-brasil.htm 23 benevolência da monarquia, mas sim resultado da pressão e do engajamento da população brasileira. A Lei Áurea resolveu o problema da escravidão, mas não o da inclusão social dos negros à sociedade. http://mestresdahistoria.blogspot.com/2011/05/confira-correcao-das-avaliacoes-de.html Disponível em:https://brasilescola.uol.com.br/historiab/escravidao-no-brasil. Acesso em: 13de ago. de 2021. 4. O texto “O escravismo no Brasil no século XIX” ele é um texto paradidático e foi extraído de um site na internet. Ele relata a história do escravismo no Brasil. Compare a linguagem usada por este autor, com a linguagem dos dois primeiros textos. E respondas os seguintes questionamentos. a) Eles usam o mesmo termo para fazer referência as pessoas na situação de escravização? Justifique. _______________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________ b) Por que você acha que eles usaram termos diferentes? _______________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________ 5. No século XIX a economia brasileira tinha como seu principal produto o café, o sistema de plantação era o Plantation. Quais eram as principais bases deste sistema de plantação? _______________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________ 24 6. Com a consolidação do Segundo Reinado, uma série de leis foram sendo sancionadas para se pôr fim ao trabalho escravo de maneira lenta. Relacione as referidas leis as suas normatizações. Lei Eusébio de Queirós (1850) ( ) estabeleceu a liberdade para os filhos de escravos que nasciam após essa data. Lei do Ventre Livre (1871) ( ) Princesa Isabel assina a Lei Áurea libertando todos os escravos. Lei do Sexagenários (1885) ( ) proibia o tráfico negreiro da África para o Brasil. Lei Áurea (1888) ( ) beneficiava os negros maiores de 60 anos. 7. Observe a imagem: Disponível em: http://imagens64.blogspot.com/2018/01/imagens-da-escravidao-no-brasil.html Acesso em: 13 de ago. de 2021. A lei expressa um ato que foi sancionado pela Monarquia na pessoa da Princesa Isabel filha de D. Pedro II. Com base nos textos e nos seus conhecimentos sobre a escravização no Brasil responda aos questionamentos: a) Você considera que o fim da escravidão no país foi um ato de benevolência da monarquia ou teve outros motivos? Justifique. _______________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________ 25 b) Você considera que a Lei Áurea foi o suficiente para resolver o problema da escravidão no Brasil? Justifique. _______________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________ 8. Com base no texto e nas imagens a seguir, com suas palavras, descreva como eram as formas e situações de trabalho das pessoas escravizadas no século XIX. Imagem 1 disponível em: http://imagens64.blogspot.com/2018/01/imagens-da-escravidao-no-brasil.html. Acesso em 13 de ago. de 2021. Imagem 2 disponível em: https://static.mundoeducacao.uol.com.br/mundoeducacao/2020/09/escravidao.jpg Acesso em 13 de ago. de 2021. Imagem 3 disponível em: ttps://www.geledes.org.br/wp-content/uploads/2016/12/mulheres-negras-escravistas.jpg Acesso em 13 de ago. de 2021. _______________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________ 9. Os fazendeiros também preferiram usar a mão-de-obra que chegava cada vez mais da Europa numa clara postura A) humanista. B) racista. C) elitista. D) pacifista. A HISTÓRIA DOS QUILOMBOS Os escravos também tiveram papel essencial na desestabilização da escravidão no Brasil e resistiram realizando fugas em massa, organizando revoltas contra seus senhores, formando os quilombos. No nosso Estado de Goiás existe um quilombo remanescente chamado de Kalunga. Vamos conhecer um pouco como vivem a população neste quilombo. Para isso leia o fragmento da notícia do G1 GO. Casas do território kalunga, no nordeste de Goiás, são de barro e telhado de palha — Foto: Fábio Tito/G1 https://g1.globo.com/go/goias/noticia/2021/02/11/quilombo-kalunga-e-reconhecido-pela-onu- como-primeiro-territorio-no-brasil-conservado-pela-comunidade.ghtml 26 Quilombo Kalunga é reconhecido pela ONU como primeiro território no Brasil conservado pela comunidade. Com cerca de 300 anos de ocupação, área segue preservada. Presidente de associação diz que título internacional é motivo de orgulho. Por Lis Lopes, G1 GO TERRITÓRIO QUILOMBO KALUNGA RECEBE PRÊMIO DA ONU POR CONSERVAÇÃO O território Quilombo Kalunga foi reconhecido por um programa ambiental da ONU como o primeiro Território e Área Conservada por Comunidades Indígenas e Locais (Ticca) do Brasil. O título internacional é concedido a regiões que mantêm a conservação da natureza e asseguram o bem-estar de seu povo. Ao G1, o presidente da Associação Quilombo Kalunga (AQK), Jorge Moreira de Oliveira, de 53 anos, diz que o reconhecimento é motivo de orgulho para a comunidade. “Sentimos orgulho de mostrar para o mundo que vivemos há 300 anos nesse território e continua preservado. Eu me sinto honrado de viver nesse território preservado. É um orgulho muito grande”, afirma. Kalunga, maior território quilombola do país, abrange três municípios goianos: Cavalcante, Monte Alegre de Goiás e Teresina de Goiás, na região da Chapada dos Veadeiros. Para obter o Ticca, é necessário que o território seja uma área preservada, respeitando os costumes da população, o cultivo da terra e o trabalho exercido, garantindo uma conexão entre o povo e a conservação da natureza. O título global, formalizado no último dia 3 de fevereiro, já consta no site do programa ambiental Protected Planet. De acordo com o presidente da associação, o processo para obter o Ticca durou cerca de um ano. “Realizamos 17 reuniões para formalizar o regimento interno do território. Conversamos com a comunidade sobre o fato de o território ser coletivo e ser preservado pelo cuidado e trabalho de todos. É um bem de todos os kalungas”, diz. https://g1.globo.com/go/goias/noticia/2021/02/11/quilombo-kalunga-e-reconhecido-pela-onu-como-primeiro-territorio-no-brasil-conservado-pela-comunidade.ghtml REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA Para Jorge Moreira, que vive no Quilombo Kalunga desde seu nascimento, o reconhecimento poderá ajudar a comunidade a conseguir a regularização fundiária do restante da terra. “O Quilombo Kalunga tem 262 mil hectares, só que, dessa área, apenas de 48% a 49% do território está regularizado. É imenso, mas o território aproveitável para agricultura, plantação e colheita é pouco. Algumas das áreas também têm suas dificuldades, aregião de Monte Alegre, por exemplo, é muito carente de água”, afirma. “A gente espera que o Ticca nos ajude a conseguir a regularização do restante do território, que é a maior dificuldade que a associação tem”, conclui o presidente da associação. 27 Em nota, o Incra informou, às 15h09 desta quinta-feira (11), que, dos 261.999 hectares do território Kalunga, aproximadamente 75,2 mil hectares estão sob gestão, para fins de regularização fundiária, do governo do Estado de Goiás, por se tratar de áreas públicas estaduais. Informou, ainda, que já foram titulados pelo Incra, aproximadamente 9% do território, o que corresponde a 22,5 mil hectares em imóveis rurais desapropriados. Considerando a extensão do território e o quantitativo de imóveis rurais inseridos, bem como a disponibilidade orçamentária necessária para indenizar todos estes imóveis, não possível é estabelecer prazo para concluir o processo de regularização fundiária do território quilombola Kalunga", disse o Incra. Por sua vez, a Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa) informou, às 18h12 de quinta- feira, que atua, por meio da Gerência de Política de Regularização Fundiária, "no sentido de garantir a proteção das terras devolutas, por consequente, de seu domínio. A medida visa assegurar direitos e também a melhor composição com o governo federal quanto à regulação das terras devolutas estaduais estipuladas no decreto". Roça feita pela comunidade Kalunga em Monte Alegre, Goiás — Foto: Elder Miranda Jr/AQK/Divulgação Disponível em: https://g1.globo.com/go/goias/noticia/2021/02/11/quilombo-kalunga-e-reconhecido-pela-onu-como-primeiro-territorio-no-brasil-conservado-pela-comunidade.ghtml Acesso em: 13 de ago. de 2021. 10. Com base no texto lido descreva com suas palavras como é a situação dessa população considerando a questão da inserção social do negro após a abolição da escravidão no Brasil. _______________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________ AULA 15 Objeto de conhecimento: Políticas de extermínio do indígena durante o Império; Política de reparação: as ações afirmativas; Democracia racial e a exclusão social; A produção do imaginário nacional brasileiro Habilidade: (GO-EF08HI20-B) Analisar, a partir de documentos escritos e iconográficos, a composição da sociedade brasileira, refletindo sobre as condições de vida, escolaridade, emprego, moradia, bem como discutir a importância das ações afirmativas que visam superar desvantagens, desigualdades e o mito da democracia racial. (EF08HI21) Identificar e analisar as políticas oficiais com relação ao indígena durante o Império; (GO-EF08HI22-A) Compreender as várias transformações ocorridas no início do século XIX, que contribuíram para o desenvolvimento artístico e cultural no Império, bem como sua relação com a formação da identidade nacional e da literatura brasileira deste período. 28 INDÍGENAS NO BRASIL COLONIAL https://mundoeducacao.uol.com.br/historiadobrasil/o-indigena.htm Ao longo de todo o período colonial, os índios foram enquadrados no universo legal português como súditos da Coroa. O enquadramento valia tanto para os que acabaram classificados na legislação como “índios mansos” como para aqueles que não aceitavam viver pacificamente ao lado dos portugueses, os “índios bravios”. Ao longo do período colonial, graças especialmente aos esforços dos padres jesuítas, foram sendo reconhecidos tanto o direito à liberdade dessas populações como a necessidade de um estatuto especial para garantir-lhes alguns direitos. Depois de idas e vindas, acabou sendo encontrada a fórmula da tutela especial do Estado sobre os nativos, capaz de assegurar-lhes direitos como a posse das terras que ocupavam ou a manutenção de seus costumes nas aldeias. A Constituição de 1824 muda esta situação. A partir dela, os índios se tornam cidadãos brasileiros com os mesmos direitos e obrigações de todos os outros. Esta não é uma solução comum na época; nos Estados Unidos, por exemplo, o texto constitucional considera os índios como habitantes de outras nações, embora enquadre o território que ocupam como parte daquele do país. Mas apesar da maior inclusão jurídica no Brasil, a constitucionalização das relações entre habitantes – agora cidadãos – traz consequência semelhante nos dois casos. O enquadramento dos índios brasileiros como cidadãos é uma fórmula para anular totalmente seus direitos tradicionais, inclusive aqueles sobre terras que eventualmente ocupem. Esta fórmula permite a aceleração do avanço sobre o espaço ocupado pelos nativos, já que não há mais qualquer limitação jurídica para ele. Ao contrário, para ter direitos sobre terras, agora os nativos precisam pedir o registro de posse segundo as praxes da lei. Neste sentido, o projeto de José Bonifácio sobre a civilização dos índios apresentado na primeira Constituinte, é uma tentativa de salvaguardar os direitos tradicionais dos nativos, recolocando o instituto da tutela do Estado tanto para o reconhecimento dos direitos tradicionais como redimensionando seu papel como agente responsável pelo controle das relações com os demais cidadãos. Mas nem esta, nem outras tentativas de controle vão adiante, e a situação jurídica dos índios no período imperial se torna ainda mais precária que nos tempos coloniais. Disponível em: https://www.obrabonifacio.com.br/az/letra/i/pagina/6/Acesso em 24 de ago. de 2021. ATIVIDADES 1. A partir da Constituição de 1824, os índios se tornam cidadãos brasileiros com os mesmos direitos e obrigações de todos os outros. Mas apesar da maior inclusão jurídica no Brasil, a constitucionalização das relações entre habitantes – agora cidadãos – traz consequência semelhante para os indígenas. Cite uma das consequências que eles tiveram que enfrentar em decorrência da Constituição de 1824. _______________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________ 29 POLÍTICA INDIGENISTA Chamamos de política indigenista as iniciativas formuladas pelas diferentes esferas do Estado brasileiro a respeito das populações indígenas. A política indigenista é orientada pelo indigenismo, conjunto de princípios estabelecidos a partir do contato dos povos indígenas com a sociedade nacional. Política indigenista e indigenismo são categorias históricas, noções empregadas essencialmente no século 20. A categoria indigenismo deve ser referida, preferencialmente, às diretrizes vitoriosas no 1º Congresso Indigenista Interamericano, realizado, no México, em 1940. Aí foram formulados os princípios e metas transformados em práticas - ou políticas indigenistas - pelos países do continente americano. No Brasil, desde o século 16, existem instrumentos legais que definem e propõem uma política para os índios, fundamentados na discussão da legitimidade do direito dos índios ao domínio e soberania de suas terras. Esse direito - ou não - dos índios ao território que habitam está registrado em diferentes legislações portuguesas, envolvendo Cartas Régias, Alvarás, Regimentos etc. No período colonial, a política para os índios envolveu extremos - das guerras justas, descimentos e escravização de índios e esbulho de terras às ações missionáriasnos Sete Povos das Missões. Já a legislação imperial não é benéfica aos índios, seja pelo Regulamento das Missões de 1845, a lei de terras de 1850 ou as decisões contrárias aos índios de várias Assembleias Provinciais. No século 19, a política para os índios foi marcada pela remoção e reunião de aldeias. Com o advento da República e a criação do Serviço de Proteção aos Índios (SPI), foram estabelecidos ou reforçados alguns princípios indigenistas, voltados para a prevenção de qualquer coerção ou violência aos índios, o respeito às instituições e valores indígenas e a garantia à posse de suas terras. Esses princípios foram transformados em políticas indigenistas através da proteção leiga aos índios pelo Estado. As políticas indigenistas estavam, então, voltadas ao estímulo ao trabalho e ao desenvolvimento de atividades produtivas, através da educação e treinamento dos índios e de seus filhos. Entretanto, a uma determinada política indigenista nem sempre correspondia uma consequente ação indigenista, e o SPI acabou sendo extinto, nos anos 60, por problemas de corrupção, esbulhos de terras indígenas etc. Em substituição ao SPI, pela Lei nº 5371, de 5 de dezembro de 1967, foi instituída a Fundação Nacional do Índio (FUNAI). A partir de então, a política indigenista se baseou nos seguintes princípios: ela Lei 6001, de 19/12/73, foi sancionado o Estatuto do Índio, que regula a situação jurídica dos índios. Embora existam, atualmente, outras propostas não regulamentadas do Estatuto em discussão. Até 1988 a política indigenista brasileira estava centrada nas atividades voltadas à incorporação dos índios à comunhão nacional, princípio indigenista presente nas Constituições de 1934, 1946, 1967 e 1969. A Constituição de 1988 suprimiu essa diretriz, reconhecendo aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam. Os índios também ampliaram sua cidadania, já são partes legítimas para ingressar em juízo em defesa de seus direitos e interesses. Assim, o principal objetivo da política indigenista hoje é a preservação das culturas indígenas, através da garantia de suas terras e o desenvolvimento de atividades educacionais e sanitárias. Disponível em :< http://www.museudoindio.gov.br/educativo/pesquisa-escolar/241-politica-indigenista> acesso em: 01 de set. de 2020. https://escolaeducacao.com.br/usp-oferece-curso-online-e-gratuito-de-lingua- indigena/ https://www.siglaseabreviaturas.co m/funai/ 30 POLÍTICA INDIGENISTA: DO SÉCULO XVI AO SÉCULO XX As barreiras à escravização dos índios datam do início da colonização, 1530, mas o cativeiro indígena foi mais tenazmente combatido somente com a chegada dos jesuítas, em 1549, e a implantação do processo de aldeamento. Neste combate os jesuítas contaram com o apoio da Coroa. No quadro abaixo podem ser acompanhadas, a partir do século XVI, as principais medidas de proteção aos índios e, no século XX, a evolução do processo de conquista de direitos. PRINCIPAIS MEDIDAS DE PROTEÇÃO AOS ÍNDIOS 1570 Primeira lei contra o cativeiro indígena Esta lei só permitia a escravização dos indígenas com a alegação de "guerra justa". 1609 Lei que reafirmou a liberdade dos índios do Brasil Importante lei que tentou garantir novamente a liberdade dos índios, ameaçada pelos interesses dos colonos. 1686 Decretação do "Regimento das Missões" Estabeleceu a base de regulamentação do trabalho missionário e do fornecimento de mão-de-obra indígena no Estado do Maranhão e Grão-Pará. 1755 Aprovado o Directorio, que visava, através de medidas específicas, à integração do índio na vida da colônia. Proibia definitivamente a escravidão indígena. 1758 Fim da escravidão indígena: Directorio foi estendido a toda a América Portuguesa. Secularização da administração dos aldeamentos indígenas: abolida a escravidão, a tutela das ordens religiosas das aldeias e proclamados os nativos vassalos da Coroa. 1798 Abolido o Directorio O espírito "integrador" desse Diretório conservaria a sua força na legislação do Império brasileiro. 1845 Aprovado o Regulamento das Missões Renova o objetivo do Diretório, e visava, portanto, à "completa assimilação dos índios". 1910 Criação do Serviço de Proteção aos Índios - SPI O Estado republicano tutelou os indígenas. 1952 Rondon criou o projeto do Parque Nacional do Xingu Objetivo era criar uma área de proteção aos indígenas. 1967 Criação da Fundação Nacional do Índio - FUNAI Substituiu o extinto SPI na administração das questões indígenas. 1979 Criação da União das Nações Indígenas Primeira tentativa de defesa da cultura indígena, importante para a consagração dos direitos dos índios na Constituição de 1988. Disponível em:<https://brasil500anos.ibge.gov.br/territorio-brasileiro-e-povoamento/historia-indigena/politica-indigenista-do-seculo-xvi-ao-seculo-xx.html> acesso em: 01 de set. de 2020. 31 2. As barreiras à escravização dos índios datam do início da colonização, 1530, mas o cativeiro indígena foi mais tenazmente combatido a partir de qual evento? _______________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________ 3. No quadro acima podem ser acompanhadas, a partir do século XVI, as principais medidas de proteção aos índios e, no século XX, a evolução do processo de conquista de direitos. Liste os principais direitos conquistados no século XX. _______________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________ 4. Leia o gráfico a seguir: Disponível:< http://www.funai.gov.br/index.php/indios-no-brasil/quem-sao?start=5> acesso 02 de setembro de 2020. A terceira região do Brasil com maior concentração de indígenas é a região Centro-Oeste. De acordo com o gráfico, qual estado do Centro-oeste concentra o maior número de indígenas e qual a porcentagem que ele representa? _______________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________ 5. Política indigenista e indigenismo são categorias históricas, noções empregadas essencialmente no século. Descreva para que serve política indigenista? _______________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________ 32 6. Analise o mapa da FUNAI (Fundação Nacional do Índio), que mostra as terras indígenas, áreas de maior concentração dessa população na atualidade: http://www.singularsaobernardo.com.br/portal/ef2/ar/professores/Sueli%20Onofre/6%C2%B0anos%20-%20Portal/GABARITO%20%20AT.%203%C2%BAUL%20-%206%C2%BA%20ano.pdf Agora com base dos dados do mapa e dos textos lidos, assinale (V) se for verdadeira ou (F) se for falsa para nas alternativas a seguir. a) ( ) As áreas de concentração mostradas são praticamente as mesmas da época da colonização, porém o númerode indígenas atual é muito maior que no passado. b) ( ) No passado os grupos indígenas eram muito mais numerosos e grande parte deles se concentravam em áreas mais próximas ao litoral. c) ( ) Graças à grande extensão das terras indígenas que permite aos seus habitantes se esconderem na mata, conflitos e mortes são evitados quando essas terras são invadidas por garimpeiros, fazendeiros e exploradores 7. Leia o trecho do texto a seguir: “A política imperial se baseava no extermínio indígena, seja este o físico, praticando o genocídio das populações nativas, e a partir do seu apagamento cultural, anulando sua cultura, modo de vida, linguagem, religião. Esta política se concretizava da catequização compulsória dos indígenas e na transformação gradual desta população em trabalhadora rural, justificando esta transformação como forma de “inserção” do indígena na sociedade imperial branca. Essa política foi fundamental na abertura para a entrada da migração branca no Brasil, ocupando as terras antes indígenas.” Disponível em: https://nova-escola-producao.s3.amazonaws.com/FmmWxsvvb7SqRgsessKPPJVgzcy4seYZQFqvtWJ226c3r3wHbRkCq27BBpKv/his8-21und01-fontes-problematizacao.pdf. Acesso em 02 de setembro de 2020. (Adaptado) A partir da leitura do trecho, com suas palavras descreva se na atualidade ainda há silenciamentos dos direitos indígenas e como isso é feito. _________________________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________________________ 33 8. Sobre os Povos Indígenas na Região Centro-Oeste é correto afirmar que A) a terceira região com maior concentração de indígenas é a região Centro-Oeste. B) o Mato Grosso era habitado somente por migrantes de outras regiões do Brasil. C) entre os povos Indígenas do Centro – Oeste, a maior parte pertencia ao Grupo Étnico Charrua. D) Goiás é o Estado que tem pouquíssimos indígenas. 9. Analise a charge abaixo e responsa as questões: Disponível:< https://arteemanhasdalingua.blogspot.com/2016/04/atividade-com-charges-sobre-indios.html> acesso 02 de set. de 2020 . a) O que a charge denuncia? _______________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________ b) Indique alguma política de proteção aos índios que você tenha conhecimento. _______________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________ c) Como vivem a maioria dos povos indígenas no Brasil atualmente? _______________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________ 10. Para aprofundar seus conhecimentos faça uma pesquisa sobre o que é a Democracia racial e escreva um pequeno texto dissertando sobre o que é democracia racial. No mesmo texto dê a sua opinião se você acha que existe democracia racial no Brasil ou não. _______________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________ Assista, se for possível, aos vídeos complementares para aprofundar seus conhecimentos: Política de extermínio indígena durante o império Disponível em< https://www.youtube.com/watch?v=L_PC1AXgbJk> acesso 02 de setembro de 2020. Democracia racial Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=EATDU8Bw-Ug Acesso em: 25 de ago. de 2021. 34 CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE BRASILEIRA A construção da identidade brasileira constituiu-se como um processo histórico, cultural e político desde a Independência, em 1822. Os esforços para se constituir a identidade brasileira, que também é chamada de brasilidade, estão ligados à necessidade de uma coesão social que acompanhe a existência de um Estado que administra todo o território nacional. Dessa forma, a manutenção de uma máquina administrativa comum a todo o território nacional foi um primeiro passo na construção da identidade. Contribuiu ainda para a existência da identidade nacional o fato de a língua portuguesa ser comum a todo o território, apesar de suas particularidades regionais. A língua seria então um elemento no conjunto de elementos culturais comuns que são constitutivos da cultura nacional. O Brasil é conhecido por ser um país multiétnico. São colocados como os principais elementos formadores da construção da identidade nacional Brasileira, uma formação étnica que possui como principais elementos o negro africano, o indígena nativo e o branco europeu. Porém, durante o Primeiro Reinado e o Período Regencial, não houve grandes avanços na construção da identidade nacional, a não ser a formação de forças repressivas militares para garantir a ordem latifundiária e escravocrata em todo o território nacional. Os conflitos separatistas provinciais das décadas de 1830 e 1840 eram um obstáculo à integralidade territorial e à coesão social do país recém-independente. A forma com que esses conflitos foram reprimidos permite perceber que a violência repressiva do Estado contra conflitos sociais que pretendiam alterar a ordem vigente passou também a ser constitutiva da identidade nacional. A cultura da violência estatal permeou desde o início a formação da identidade nacional. Ainda durante a Regência houve outros esforços nesse processo de construção identitária. A criação do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro em 1838 foi o primeiro passo na tentativa estatal de refletir sobre temas que estariam relacionados à nação brasileira. Anos depois, no âmbito da Literatura, o surgimento do Romantismo buscou também contribuir com a construção dessa identidade. As obras de José de Alencar foram um exemplo de aliar a imagem da nação brasileira às suas belezas naturais, como também a mitificação do indígena como componente principal da nação brasileira. Esse trabalho literário e cultural buscava criar uma interpretação genuinamente brasileira, afastada das influências estrangeiras. Apesar dessas tentativas de unificação de elementos culturais do que seria a brasilidade, a grande extensão do território nacional e suas diferentes formas de ocupação resultaram em uma diversidade de manifestações culturais regionais. A Proclamação da República e o federalismo instituído na administração do Estado espelharam um fortalecimento de movimentos culturais regionais, principalmente os ligados à decadente aristocracia das regiões não afetadas pelo crescimento econômico de início do século XX. Um exemplo foi o Manifesto Regionalista de Gilberto Freyre, publicado em 1926. Porém, ao mesmo tempo, houve esforços para a criação de símbolos culturais nacionais, como a mitificação da figura de Tiradentes como um herói libertador do Brasil. O Movimento Modernista da década 1920 buscava também encontrar as raízes da sociedade brasileira, afirmando o nacionalismo como um estágio para se chegar ao universal. Para alcançar essa pretensão, Mário de Andrade realizou uma extensa viagem pelo Brasil, pesquisando, compilando e estudando os elementos que faziam parte da cultura brasileira. Um esforço nacional estatal para a difusão de uma cultura brasileira comum iria se fortalecer após a Revolução de 1930. A chegada de Getúlio Vargas ao poder representou um novo momento
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