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1
Introdução:
A história da saúde é marcada por uma evolução contínua nas concepções e teorias que fundamentam nosso entendimento sobre o tema. Desde as antigas civilizações até os dias atuais, diferentes abordagens filosóficas e científicas moldaram a forma como percebemos e cuidamos da saúde. Com o passar do tempo, temos avançado em direção a uma compreensão mais ampla da saúde, considerando não apenas o bem-estar físico, mas também o mental e social. Neste trabalho, vamos explorar a história e a evolução das concepções de saúde, analisando suas características em diferentes períodos.
Objetivo geral:
O objetivo geral deste trabalho é retratar a história e evolução da saúde, desde as concepções antigas até as contemporâneas.
Objetivos específicos:
- Investigar as concepções de saúde na Antiguidade, incluindo as teorias mágico-religiosas, dos miasmas, do contato e dos germes.
- Analisar as concepções filosóficas de saúde na Idade Média, considerando as perspectivas aristotélicas e hipocráticas.
- Compreender as concepções filosóficas de saúde na Modernidade, destacando a influência do racionalismo e empirismo.
- Explorar as concepções filosóficas de saúde na contemporaneidade, considerando a influência do conhecimento científico e da medicina baseada em evidências.
Metodologia
Para a elaboração do trabalho o grupo recorreu a revisão bibliográfica que consistiu na leitura e interpretação de diversas obras e artigos científicos que retratam sobre o tema. 
Recorreu-se a obra de LOURENÇO, Luciana de Fátima Leite et al. Que aborda sobre A historicidade filosófica do conceito saúde. 
WATANABE, Helena Akemi Wada que retrata o Conceito de saúde e a diferença entre prevenção de doença e promoção da saúde e o artigo de THOMAS Sydenham. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras que aborda sobre o modelo de observação.
I. SUPORTE TEÓRICO
Etimologia da saúde e doença
Origem do termo saúde
origem do termo saúde, este vem da raiz etimológica salus. No latim, esse termo designava o atributo principal dos inteiros, intactos, íntegros, e no grego salus provém do termo holos, no sentido de totalidade, raiz dos termos holismo e holístico. Ou seja, este termo refere-se ao todo. (CARLOS NETO; 2016)
Origem da palavra doença
A palavra doença vem do termo em latim dolentia que significa “sentir ou causar dor, afligir-se, amargurar-se”. Várias são as definições para esse termo, mas especialistas consideram as doenças como manifestações patológicas que se apresentam em nosso organismo. Elas estão sempre associadas a sintomas específicos, levando o indivíduo que as apresenta a se privar de prazeres físicos, emocionais e mentais. (Morais, 2023)
Conceitos básicos
Saúde
Hoje, o conceito adotado mundialmente é o da Organização Mundial da Saúde que a define como: “um estado de completo bem estar físico, mental e social, e não consiste apenas na ausência de doença ou de enfermidade.” (OMS, 1946)
 Doença
A (OMS, 1946) classifica doença como a ausência de saúde e disponibiliza para a sociedade a Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde, designada pela sigla CID. No CID temos acesso à classificação das doenças e à grande variedade de sinais, sintomas, aspectos normais, queixas, circunstâncias sociais e causas externas para ferimentos e doenças.
Segundo a OMS, são consideradas doenças:
Doenças infecciosas e parasitárias, neoplasmas (tumores), doenças do sangue e dos órgãos hematopoiéticos e alguns transtornos imunitários, doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas, transtornos mentais e comportamentais, doenças do sistema nervoso, doenças dos olhos e anexos, doenças do ouvido e da apófise mastoide, doenças do aparelho circulatório, doenças do aparelho respiratório, doenças do aparelho digestivo, doenças da pele e do tecido subcutâneo, doenças do sistema osteomuscular e do tecido conjuntivo, doenças do aparelho geniturinário, gravidez, parto e puerpério, algumas afecções originadas no período perinatal, malformações congênitas, deformidades e anomalias cromossômicas, sintomas, sinais e achados anormais de exames clínicos e de laboratório, não classificados, lesões, envenenamentos e algumas outras consequências de causas externas, causas externas de mobilidade e de mortalidade.
1.1. Modelo biológico do processo saúde/doença
Este modelo se utiliza de instrumental teórico-metodológico das Ciências Biológicas (Naturais). 
Teoria Unicausal da doença
Reconhece uma causa única e fundamental para a produção da doença, sempre localizada fora do organismo da pessoa e compreende a saúde como a ausência da doença.
Concepção mágica e sobrenatural da saúde/doença
Comum nas sociedades primitivas, esta concepção considera a saúde e a doença como dois pólos opostos: a saúde é a ausência de doença e a doença é resultante de obra de demônios e espíritos malignos, às vezes invocados por terceiros, ou sinal da cólera divina, como consequência necessária provocada pela pessoa ou pelo grupo ao qual pertence (doença-punição), como fruto do humor divino (doença-maldição).
Neste caso, os poderes de diagnóstico e de cura são sobrenaturais. Assim, feiticeiros, sacerdotes e benzedeiras, que constituíam uma categoria à parte nas sociedades primitivas por serem considerados como os guardiões dos segredos vitais e executores dos rituais, eram os agentes de saúde.
Ainda hoje, algumas condições adversas são consideradas como decorrentes de inveja, castigo divino ou possessão de espíritos malignos e são tratadas com benzedura, oração, exorcismo, uso de amuletos, etc.
Para os sumérios, os demônios se apossavam dos corpos, produzindo a doença e precisavam ser exorcizados (Sevalho, 1993).
Na Antigüidade Grega, com o desenvolvimento de novas formas de conhecimento, obtidas através da observação empírica, cujas maiores expressões na medicina foram Hipócrates e Galeno, temos uma fissura nessa concepção mágica.
Concepção empírica da saúde/doença (teoria do miasma)
Segundo esta concepção, saúde e doença ainda continuam sendo consideradas entidades distintas e opostas, mas a saúde-doença seria resultante do equilíbrio e desequilíbrio de elementos. Galeno (130-199 DC) elaborou um modelo de saúde e doença como uma estrutura de elementos, qualidades, órgãos, temperamentos, horários do dia e épocas do ano. Saúde era entendida, nessa perspectiva, como uma condição de harmonia ou balanço entre esses componentes básicos. Doença, por outro lado, era interpretada como a desproporção dos fluidos ou humores do corpo.
Saúde = ausência de doença, representada pelo equilíbrio de quatro humores: o quente, o frio, o úmido e o seco.
Doença = elemento externo, proveniente da natureza, que entra e sai do corpo incontrolavelmente (miasma). Doença é um desequilíbrio dos quatro humores. Busca-se no ambiente físico a influência dos astros, clima, insetos e outros animais, associados à doença.
Hipócrates estabeleceu correspondência entre os humores, seus elementos, qualidades e órgãos:
sangue, com sede no coração, é quente e corresponde ao fogo;
pituita, produzida pelo cérebro, é fria e corresponde ao ar;
bile amarela, produzida pelo fígado, é seca e corresponde à terra; e
a bile negra, sediada no baço e no estômago, é úmida e corresponde à água.
O tratamento baseava-se na aplicação dos elementos contrários, para restabelecer a harmonia. A dieta tinha grande importância no processo terapêutico, seguida pela medicação e finalmente pela cirurgia. Ainda hoje, verificamos que a população faz uso, por exemplo de limão, considerado �frio�, para tratar a diarréia, considerada “quente�.
Nesse período havia também uma crença na harmonia entre o homem e o ambiente. Hipócrates em �Ares, águas e lugares� relaciona fatores do meio físico a doenças, destacando como fatores essenciais para a endemicidade local, o clima, o solo, a água, o modo de vida e a nutrição. Os cuidados de saúde pública deveriam procurar a adaptação do homem ao seu meio ambiente natural, sendo que as obras sanitárias procuravam evitar os maus ares (miasmas)que pudessem interferir na harmonia dos humores (ex. drenagem de pântanos).
No cuidado individual havia ênfase na higiene aristocrática, o ideal de saúde se baseava em nutrição, excreção, exercício e descanso. A arte de curar cabia ao médico.
Com o domínio do Império Romano, verifica-se que a preocupação com o meio ambiente permanece. A construção de obras como os banhos públicos e os aquedutos que transportavam água de grandes distâncias para a cidade, a limpeza das ruas, o controle do suprimento de alimentos e a fiscalização de mercados foram medidas tomadas para o controle da saúde pública.
Durante o primeiro período medieval ainda se enfrentava os problemas de saúde em termos mágicos e religiosos, em que a saúde e a qualidade de vida eram consideradas um produto do bom relacionamento com Deus.
Nesse período as pessoas passam a viver aglomerados nos feudos, por conta da proteção que os muros dos castelos ou das igrejas davam. Nestas cidades não havia serviços de esgotamento sanitário nem coleta de lixo. A população conservava alguns hábitos da vida rural, os animais circulavam pelas ruas, muitas vezes dormiam dentro dos domicílios. A relação entre a doença e a atmosfera passa a ter outra significação, atribuindo-se aos maus odores que emanavam dos corpos pútridos e dos restos em decomposição, o ar pestilento. Assim recomendavam-se medidas de limpeza, ventilação e enterro dos mortos o mais profundamente possível. (Rosen, 1994)
Neste período houveram grandes surtos e epidemias: lepra, peste bubônica, varíola, peste negra, etc. A primeira reação das pessoas à peste negra era a fuga; entretanto, nem todos tinham como fugir. Surge então o isolamento e a quarentena como forma de controle, não se permitindo a entrada de pessoas que viessem de áreas em que a doença já existia. (Rosen, 1994)
Paralelamente, a visão cristã, que via no médico o Cristo que cuida, e no doente o Cristo que sofre, fez com que saúde, doença e cuidado fossem relacionados também com a salvação da alma.
Teoria do contágio
O Renascimento traz uma maior ênfase no mundo terreno, na natureza e no indivíduo. A observação empírica, a explicação causal e a terapia racional se tornaram os ideais de educação, pesquisa e prática da medicina. Entretanto, a mágica, a astrologia e a alquimia continuaram a influenciar a medicina por um bom tempo (Engelhardt; 1998)
Neste período, tentando explicar as epidemias, concebe-se a existência de partículas invisíveis, que penetrando no corpo, se multiplicam, tomando-o como um todo e produzindo a doença. 
Intui-se uma teoria lógica da infecção, na qual haveria um agente específico para cada doença. A transmissão da doença poderia ocorrer de pessoa a pessoa, à distância e através de objetos (fômites) ou animais (vetores). 
Dessa forma procurou-se explicar a transmissão da sífilis, da hanseníase, da peste negra e outras epidemias.
Entretanto, observa-se neste período uma concorrência das teorias dos miasmas e do contágio, pois a doença também era relacionada com a imundície, a falta de escoamento e abastecimento de água e a disposição inadequada de dejetos. 
Como medida sanitária, recomendava-se ainda a quarentena e o isolamento dos doentes.
Com a Revolução Industrial e a intensificação do comércio, observa-se que não havia organização administrativa das cidades, o custo humano da industrialização, em termos de insalubridade e morte prematura se mostrava grande. Por outro lado, as medidas sanitárias de quarentena e isolamento traziam problemas de ordem política e econômica, além de se mostrarem insuficientes para dar conta dos problemas de saúde. (Rosen, 1994)
Em 1849 John Snow escreve �Sobre a maneira de transmissão do cólera�, em que, utilizando a observação e a estatística verificou que a distribuição geográfica dos casos de cólera em Londres, estava relacionada a pontos de captação da água distribuída naquela cidade uma vez que a água era captada no rio Tâmisa em diversos pontos e distribuída por grupos específicos, cada um responsável por uma área da cidade. (Rosen, 1994), reforçando a teoria da contagiosidade.
A febre puerperal (pós parto), comum no início do século XIX, tinha como explicações a teoria miasmática e a do contágio. Alguns acreditavam que ela era conseqüência do ar ou ainda da falta de eliminação dos lóquios após o parto, que ficariam retidos no organismo, produzindo então a febre e o pus. Outros, como Semmelweis , acreditavam que, como os médicos faziam as autópsias antes dos partos, acabavam transportando, de alguma forma, nas roupas, cabelos, algum germe que produziria a doença.
 teoria do germe da doença
Como já vimos, o fato de que muitos tipos de doenças estão relacionados com os micro-organismos era desconhecido até relativamente pouco tempo. Antes da época de Pasteur, os tratamentos eficazes para muitas doenças foram descobertos por tentativa e erro, mas as causas das doenças eram desconhecidas.
A descoberta de que as leveduras têm um papel fundamental na fermentação foi a primeira ligação entre a atividade de um micro-organismo e as mudanças físicas e químicas nas matérias orgânicas. Essa descoberta alertou os cientistas para a possibilidade de que os micro-organismos pudessem ter relações similares com plantas e animais – especificamente, que os micro-organismos pudessem causar doenças. Essa ideia ficou conhecida como a teoria do germe da doença.
A teoria do germe era um conceito difícil de aceitar para muitas pessoas naquela época, porque durante séculos acreditava-se que a doença era um punição para crimes e pecados individuais. Quando os habitantes de toda uma vila ficavam doentes, as pessoas frequentemente colocavam a culpa da doença em demônios que apareciam como odores fétidos de esgotos ou nos vapores venenosos dos pântanos. A maioria das pessoas nascidas na época de Pasteur achava inconcebível que micróbios “invisíveis” poderiam viajar pelo ar e infectar plantas e animais, ou permanecer em roupas e camas para serem transmitidos de uma pessoa para outra. Contudo, gradualmente os cientistas acumularam informações para dar suporte à nova teoria do germe
Modelo observacional
Thomas Sydenham foi um médico inglês do século XVII conhecido por suas contribuições para a medicina e por seu modelo observacional. Seu modelo observacional enfatizava a importância da observação cuidadosa dos sintomas e sinais clínicos dos pacientes, sem depender muito da teoria ou especulação. Ele acreditava que a observação direta e minuciosa dos pacientes era essencial para um diagnóstico preciso e um tratamento eficaz. Sydenham também defendia a ideia de que as doenças deveriam ser classificadas com base em seus sintomas e características clínicas, em vez de teorias abstratas. Seu modelo observacional influenciou significativamente o desenvolvimento da medicina moderna. (THOMAS, 2021)
As Concepções Filosóficas de Saúde na Idade Média
A Idade Média compreende o período do século V ao XV depois de Cristo (476 a 1453 d.c.), sendo marcado pelo surgimento do Feudalismo. Nesta época, a igreja católica também possuía muitas terras e servos, uma das razões pelas quais tinha tanto poder não somente econômico, mas também uma enorme capacidade de persuasão das pessoas que vivenciaram esta época. O clero possuía grande influência sobre a forma de pensar, sobre as atitudes, a arte e a ciência, pois era vista como responsável pela proteção espiritual da sociedade.
O período medieval também é marcado pelas Cruzadas, aumentando-se o número de pessoas acometidas por doenças como a lepra, peste bubônica e outras doenças contagiosas. Isto, aliado ao fato de que a medicina era realizada pelos padres e monges, a igreja incutiu na sociedade: o pensamento de que a razão das doenças era o pecado, as quais eram vistas como possessão demoníaca, feitiçaria ou mesmo uma forma de purificação dos pecados. Desta forma, o único meio de alcançar a cura era a súplica por perdão. Apesar de considerar que as doenças demonstravam uma alteração dos humores, a causa da alteração era o pecado. Como a medicina não tinha uma “cura”a oferecer, a igreja utilizou princípios do Antigo Testamento sobre contágio para justificar tal situação.
No entanto, ao final do século XII e início do século XIII foram criadas as primeiras universidades, onde mestres e alunos buscavam conhecer a origem dos fenômenos, como a saúde e a doença, pois havia grande preocupação com o corpo neste período. Nesta época, se destaca Pedro Hispano, um físico português, que no século XII escreveu o livro Sobre a Conservação da Saúde (Liber de conservanda sanitate) após muitos estudos acerca da interação do homem com a natureza e leituras sobre medicina realizada na antiguidade, com forte influência dos filósofos do Oriente. 
Os primeiros hospitais foram criados e dirigidos pela igreja católica, não como um local para a busca da cura do corpo, mas muito mais para conforto dos doentes, através dos ensinamentos religiosos.
 Concepções Filosóficas de Saúde na Modernidade
A Idade Moderna foi marcada sobretudo pela época do Renascimento, movimento oposto à conduta dominante na Idade Média de acatamento incontestável da autoridade magistral e o dogmatismo religioso-filosófico. O Renascimento caracterizou-se pela eclosão de manifestações artísticas, filosóficas e científicas do novo mundo urbano e burguês, entretanto, não apresentou grandes avanços no conceito e nas práticas de saúde.
Os países do Novo Mundo e os europeus, não trocaram somente doenças, mas também as experiências em relação às medidas de prevenção e promoção mais relacionadas à conversão dos gentios à estilos de vida saudáveis. No campo da saúde, passam a ser desenvolvidos estudos de anatomia, fisiologia e de individualização da descrição das doenças, fundadas na observação clínica e epidemiológica. A experiência acumulada pelos médicos forneceu elementos para a especulação sobre a origem das epidemias e o fenômeno do adoecimento humano. Nesta época, destacou-se, na medicina, Ambroise Paré (1509-1564), considerado o pai da moderna anatomia, com avanços importantes no campo cirúrgico, porém não dispensava a explicação deordem mágica religiosa quando não conseguia uma solução racional e verificação comprobatória. 
Ainda no Renascimento, os estudos empíricos originariam a formação das ciências básicas e com isto surge a necessidade de se descobrir a origem das matérias que causavam os contágios. 
Surge, neste período, a teoria miasmática que permanece hegemônica até o aparecimento da bacteriologia na segunda metade do século XIX, caracterizada por acreditar que as condições sanitárias ruins criavam um estado atmosférico local, responsável por causar as doenças infecciosas e os surtos epidêmicos.
Nos séculos XVII e XVIII, registraram-se avanços na medicina, especialmente na saúdepública com o desenvolvimento do microscópio, assentando as bases da bacteriologia emicrobiologia. Durante todo o século XVIII, os estudos voltaram-se para a compreensão dofuncionamento do corpo humano, das alterações anatômicas sofridas durante a doença e do estudo das causas que cede lugar a prática clínica.
Ao lado das condições objetivas de existência, o desenvolvimento teórico das ciências sociais permitiu, no final do século XVIII, a elaboração de uma teoria social da Medicina. O ambiente, origem de todas as causas de doença, deixa, momentaneamente, de ser natural para revestir-se do social. É nas condições de vida e trabalho do homem que as causas das doenças deverão ser buscadas.
Concepções Filosóficas de Saúde na Contemporaneidade
Segundo (LOURENÇO, 2021) A partir do século XIX, com a evolução da medicina, o avanço tecnológico, a modernização e o acesso ampliado de informações através da mídia, a população toma consciência da influência dos determinantes sociais na saúde, onde também se estabelece, especialmente após a Segunda Guerra Mundial, que os comportamentos humanos podem se apresentar como ameaça a saúde de todos dentro da sociedade e consequentemente do Estado.
Na concepção proposta por Foucault em 1982, com a evolução do Estado, a saúde passa a ter “valor” dentro da sociedade, vista também como forma comercial e como fonte de poder e riqueza para o fortalecimento dos países. Consequência dessa perspectiva, a medicina do século XIX se modifica, introduzindo o controle dos corpos por meio da normatização dos espaços, dos processos e dos indivíduos, necessários para a sustentação do capitalismo emergente, sendo consolidada com estas características até os dias de hoje.
Segundo Canguilhem (2006), saúde implica poder adoecer e sair do estado patológico. Em outras palavras, a saúde é entendida por referência à possibilidade de enfrentar situações novas, pela margem de tolerância ou de segurança que cada um possui para enfrentar e superar as infidelidades do meio, ou ainda um guia regulador das possibilidades de reação. O mesmo autor afirma que a saúde envolve muito mais que a possibilidade de viver em conformidade com o meio externo, implica a capacidade de instituir novas normas.
A Organização Mundial da Saúde (OMS), no ano de 1947, apresentou um conceito que fazia uma analogia, considerando o corpo humano uma máquina e a saúde o que gerava o bom funcionamento dessa máquina. A saúde passa a ser de responsabilidade coletiva e não individual, ou seja, o direito a saúde é também obrigação do estado. Embora as definições de saúde venham se modificando ao longo dos últimos anos, a mais conhecida é a proposta pela OMS como sendo saúde “o estado de mais completo bem estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de enfermidade”.
Essa nova definição ganhou uma amplitude maior em 7 de abril de 1948 onde passou-se a ser comemorado o Dia Mundial da Saúde . Aqui se faz necessário uma observação de que não se trata de um conceito ideal, mas acabou ganhando elementos importantes para sua ampliação e alcance da manutenção da saúde. Elementos estes que, posteriormente, serão oportunizados na promoção de saúde propostas pela Carta de Ottawa.
A amplitude do conceito da OMS acarretou muitas críticas, de natureza técnica, política, libertária, permitindo abusos por parte do Estado, que interviria na vida dos cidadãos sob o pretexto de promover a saúde. Em decorrência da primeira objeção, surge o conceito de Christopher Borse, em 1977, onde trata a saúde como a ausência de doença.
Caponi (1997) afirma que embora o conceito de saúde da OMS comporte crítica, esta não deveria incidir sobre seu caráter subjetivo, posto que a subjetividade é um elemento inerente à definição de saúde-doença e, por ser dela inseparável, estará presente seja em uma concepção restrita, seja em uma perspectiva ampliada de saúde.
Um marco importante para a saúde foi à inserção da promoção da saúde, denominada assim, no início do século XX, por Henry Sigerist, que concebeu as quatro funções da medicina:
Promoção da Saúde, Prevenção das Doenças, Tratamento dos Doentes e Reabilitação. Outra visão contra-hegemônica de meados do século XX, apareceu nos trabalhos de dois outros sanitaristas, Leavell e Clark, com o modelo explicativo da “história natural do processo saúde-doença”, bem como diferenciaram a promoção da saúde da prevenção de doença.
Em 1974, foi formulado o Relatório Lalonde, proveniente das observações realizadas pelo ministro canadense Marc Lalonde, que trouxe contribuições relevantes para a construção do moderno conceito de promoção da saúde, diferenciadas do de prevenção de doenças. De acordo com o conceito proposto, o campo da saúde abrange a biologia humana, o meio ambiente, o estilo de vida e a organização da assistência à saúde.
Em resposta as críticas referentes ao conceito de saúde proposto pela OMS foi realizado, em Alma Ata em 1978, a Conferência Internacional de Assistência Primária a Saúde, onde expressa a necessidade de ação urgente de todos os governos, profissionais e comunidade para promover a saúde de todos os povos, reafirmando o significado da saúde como um direito humano fundamental, sendo uma das mais importantes metas sociais mundiais. A Conferência enfatizou as enormes desigualdades na situação de saúde entre os países desenvolvidose subdesenvolvidos, destacou a responsabilidade governamental na provisão da saúde e a importância da participação das pessoas e comunidades no planejamento e implantação dos cuidados a saúde.
Na VIII Conferência Nacional de Saúde (VIII CNS), realizada em Brasília no ano de 1986, surgiu o conceito ampliado de saúde, produto de intensa mobilização, que surgiu em diversos países da América Latina durante as décadas de 1970 e 1980, como resposta aos regimes autoritários e à crise dos sistemas públicos de saúde. Assim, a saúde é a resultante das condições de alimentação, habitação, educação, renda, meio ambiente, trabalho, transporte, emprego, lazer, liberdade, acesso e posse da terra e acesso aos serviços de saúde, resultado das formas de organização social, de produção, as quais podem gerar grandes desigualdades nos níveis de vida.
Com a criação do Sistema Único de Saúde (SUS), a saúde passa a ser reconhecida como um direito de cidadania e dever do Estado. Baseado nos princípios da universalidade, equidade e integralidade e nas diretrizes de descentralização, regionalização e participação da comunidade, o SUS reafirma a saúde como um valor e um direito humano fundamental, legitimado pela justiça social.
Posteriormente, houve a realização de diversas Conferências Internacionais e Regionais de Promoção da Saúde com intuito de dar voz as discussões que permeiam a saúde e a vida dos povos, sensibilizando para a adequação das diretrizes de acordo com as características locais. Aqui se destacam em ordem cronológica as Conferências Internacionais de Promoção a Saúde: 
Declaração de Ottawa em 1986; Declaração de Adelaide em 1988; Declaração de Sundsvall em 1991; Declaração de Jacarta em 1997; Declaração do México em 2000; Declaração de Bangkok em 2005 e Declaração de Nairobi em 2009.
As cartas da Promoção da Saúde reúnem os documentos de referência resultantes do processo de discussão e construção coletiva dos conceitos fundamentais sobre o tema. A proposta de Promoção da Saúde concebe a saúde como produção social e, desta forma, engloba um espaço de atuação que extrapola o setor saúde, apontando para uma articulação com o conjunto dos outros setores da gestão municipal.
Deve-se, portanto, entender que na atual conjuntura faz-se necessário agregar princípios que reconheçam e melhor conceituem saúde tendo como um dos pilares a dignidade do indivíduo. 
O atual conceito de saúde, por ser positivista, possui nuances subjetivas e contempla reduzida parcela de indivíduos, uma vez que não esclarece fatores relativos ao indivíduo e ao meio em que o mesmo vive.
A concepção da saúde vista somente através da relação biológica ha tempos não pode ser considerada, sua relação histórica é essencial frente à influência social e cultura em que esta inserida.
Constatações
Ao analisar a história e evolução da saúde, percebemos como as concepções e teorias sobre esse tema se transformaram ao longo dos tempos. Das antigas teorias mágico-religiosas até os avançados conhecimentos científicos da atualidade, a compreensão da saúde passou por um processo de refinamento e expansão. Hoje, entendemos que a saúde é um estado de bem-estar abrangente, que vai além da ausência de doenças físicas. Reconhecemos a interação entre fatores biológicos, psicológicos, sociais e ambientais para a manutenção e promoção da saúde. Essa compreensão nos leva a adotar uma abordagem holística no cuidado e no planejamento de políticas públicas de saúde. A evolução das concepções de saúde reflete o progresso da humanidade no campo da medicina e da ciência, com o objetivo de proporcionar uma vida saudável e plena para todos.
Referencia bibliográfica
1. LOURENÇO, Luciana de Fátima Leite et al. A historicidade filosófica do conceito saúde. Revista Brasileira de Enfermagem, Brasília, v. 74, n. 4, p. 1-7, 2021. DOI: 10.1590/0034-7167-2020-0955. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-71672021000400001&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 15 set. 2021.
2. WATANABE, Helena Akemi Wada. Conceito de saúde e a diferença entre prevenção de doença e promoção da saúde. Revista Brasileira de Medicina de Família e Comunidade, Rio de Janeiro, v. 16, n. 43, p. 1-6, 2021. Disponível em: <https://www.rbmfc.org.br/rbmfc/article/view/2749/1918>. Acesso em: 15 set. 2021.
3. THOMAS Sydenham. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2021. Disponível em: <https://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa14091/thomas-sydenham>. Acesso em: 15 set. 2021.
4. CARLOS NETO, Daniel; DENDASCK, Carla; OLIVEIRA, Euzébio de. A evolução histórica da Saúde Pública. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Vol. 01, Ano 01, Ed. 01, pp: 52-67, Março de 2016. ISSN:2448-0959, Link de Acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/saude/a-evolucao-historica-da-saude-publica, DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/saude/a-evolucao-historica-da-saude-publica
5. MORAES, Paula Louredo. "Doenças e patologias"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/doencas. Acesso em 27 de agosto de 2023.

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