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Semantica do Portugues Cap 02

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Semântica do Português62
Você sabia que existem vários tipos de semânticas? E que 
e outras que se referem à representação mental? A semântica 
que a sentença seja verdadeira, já na semântica argumentativa 
existe o interesse de o falante convencer o interlocutor de algo 
representacional são conhecidas como teorias mentalistas, ou 
representacionais ou ainda cognitivas. Sabe por quê? Por que 
elas não levam em consideração a referência de mundo, mas sim 
a representação mental e a percepção que o ser humano possui 
sendo algo referente à mente.
Entendeu? Este é mundo que iremos atravessar nesta 
unidade. Vamos juntos?
Semântica do Português 63
Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 2. Nosso objetivo 
é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes competências 
da semântica formalista, apontando situações 
concretas em que essa corrente se aplica;
Caracterizar as bases conceituais da semântica 
argumentativa, contextualizando-a na literatura da 
Língua Portuguesa;
a construção linguística na interação com o meio 
social;
representacional e relacioná-la às teorias da 
linguística no estudo da Língua Portuguesa.
Então? Está preparado para uma viagem sem volta rumo ao 
conhecimento? Ao trabalho!
Semântica do Português64
Fundamentos teóricos metodológicos da 
semântica formalista
OBJETIVO
funciona a teoria da semântica formalista, como também 
conhecerá situações concretas em que essa corrente se aplica. 
E então? Motivado para desenvolver esta competência? Então 
vamos lá. Avante!
A semântica formalista
Segundo Cançado (2008), a teoria da semântica formal se 
insere na teoria referencial, e seus estudos tem ascendências na 
da linguagem, que em algumas ocasiões também é chamado de 
referencial, que abordaremos. 
fundamental na intermediação entre a linguagem e a realidade, 
por isso é conveniente exigir uma teoria semântica que aborda 
essa relação linguagem-mundo. 
Conforme Pinto et. al. (2016 p. 20) “a semântica formal é 
Já Ferreira (2019, p. 1) explica que “a semântica formal é 
A semântica formal prioriza a função representativa 
Semântica do Português 65
com as relações referenciais ou mapeamentos, que 
existem entre a linguagem e o mundo, (segundo 
os realistas), ou entre a linguagem e as nossas 
representações do mundo, (os antirrealistas). De 
acordo com esta abordagem, todos os enunciados 
são considerados como sendo asserções ou atos da 
fala constatativos, e o conteúdo de um enunciado 
de verdade, suas condições de assertabilidade, 
que caracterizam o que o enunciado representa ou 
retrata (MEDINA, 2007, p. 12). 
Para Pinto et. al (2016), as línguas naturais são usadas para 
estabelecermos uma referencialidade, ou seja, falarmos sobre 
objetos, fatos, indivíduos, etc., caracterizados como externos 
à nossa língua. Este fato é considerado pela semântica formal 
como uma propriedade central das línguas. 
A referencialidade é vista como uma das propriedades 
essenciais das línguas humanas.
é o tipo de situação que ela descreve e que a descrição destas 
situações possíveis é equivalente às condições de verdade 
relação entre a linguagem e aquilo sobre o que fala a linguagem.
Fonte: Adaptado de Pinto et. al. (2016)
Semântica do Português66
enunciado é, certamente, o conhecimento das suas condições de 
verdade. Assim, quando se conhece as condições de verdade de 
no mundo, aquela sentença pode ser considerada verdadeira ou 
falsa, esclarece Pinto et. Al (2016).
de uma sentença é compreender as condições necessárias 
equivalente às suas condições de verdade.
Quando se escuta uma pessoa dizendo: “Tem um rato na 
em que ocasiões a expressão mencionada poderá ser considerada 
verdadeira. Assim, esse conhecimento é semântico por natureza, 
OBSERVAÇÃO
A semântica formal se agarra no fato de que, quando não 
conhecemos as condições nas quais uma expressão for verdadeira, 
al. (2003).
Assim, as sentenças de uma língua natural possuem 
vínculos que fazemos entre linguagens e realidade, menciona 
Ferreira (2019).
Cançado (2008) esclarece que os traços mais contínuos 
que percorrem a semântica formal durante toda a sua evolução 
Semântica do Português 67
consistem: no foco dos aspectos de condição de verdade do 
centralidade metodológica do Princípio da Composicionalidade.
Vejamos cada um desses conceitos em separado.
Observe a seguinte sentença: O céu é azul.
Para entendermos esses aspectos, devemos agora perguntar 
quais as condições para que essa sentença seja verdadeira ou 
seja falsa. Dessa forma, teremos:
A sentença o céu é azul só é verdadeira se, e somente se, 
o céu é azul.
método aceitável associar as condições de verdade a um 
Um homem pulou o muro.
normalmente atribuídas a um homem (sexo masculino, adulto) 
fez um movimento para ultrapassar um obstáculo, chamado 
muro, e assim por diante. Contudo, caso perguntássemos em 
que situações poderíamos aceitar essa expressão como sendo 
verdadeira, possivelmente possuiríamos a seguinte resposta: 
essa expressão será verdadeira quando houver uma pessoa, 
com as características normalmente atribuídas a homem (sexo 
o muro (Figura 2), etc. Assim, ao caracterizarmos as condições 
que deve existir para que uma sentença seja verdadeira no mundo, 
Semântica do Português68
Figura 2- Ultrapassar o muro
Fonte: Pixabay
Cançado (2008) ainda descreve um segundo ponto no qual 
é necessário esclarecer que conhecer as condições de verdade de 
uma sentença não é igual a saber se a sentença é verdadeira ou 
falsa, pois muitas vezes sabemos em que condições a sentença 
seria verdadeira, mas não saberemos, de fato, se ela é verdadeira 
ou não.
Exemplo: O número de grãos de aveia dentro desta caixa 
está na casa dos trezentos mil.
Você iria contar quantos grãos de aveia existe nesta caixa 
para saber se esta sentença é verdadeira?
Determinar em que condições esta sentença é verdadeira 
é um método fácil, pois a sentença será verdadeira se, e apenas 
se, o número de grãos de aveia da caixa estiver realmente na 
casa dos trezentos mil. Já a verdade ou falsidade da sentença 
vai depender de contarmos os grãos de aveia, o que seria uma 
tarefa quase impossível. Dessa forma, podemos saber quais as 
condições em que uma sentença é verdadeira, sem sabermos, de 
fato, se ela é verdadeira ou não, destaca Cançado (2008).
Semântica do Português 69
ligado às condições de verdade da sentença e não, à sua verdade 
IMPORTANTE
Teoria de modelos em semântica
Cançado (2008) explica que quando queremos representar 
um sistema muito complexo e não sabemos como fazê-lo, 
acabamos construindo um outro sistema mais simples e que tenha 
as características semelhantes com as do sistema complexo que se 
almeja analisar, e que, deste modo, sirva de modelo para o estudo 
desse sistema mais complexo. Posteriormente, elaboramos uma 
teoria para o sistema-modelo mais simples e aplicamos a mesma 
teoria ao sistema complexo. Caso os resultados apresentem-se, 
de modo razoável, positivos em relação ao sistema complexo, 
podemos dizer que o sistema simples é um bom modelo. Mas 
caso apresentem de forma negativa ele não serve como modelo, 
devendo ser abandonado este sistema simples.
Oliveira (2008) destaca que os seguidores dessa corrente de 
pensamento utilizam fenômenos linguísticos a partir de noções 
lógicas, algébricas, aproximadamente. Tratando-se, assim, 
de um plano direcionado a empregar as técnicas da semântica 
formal à análise das línguas naturais. Como esses métodos 
compreendem muita álgebra e lógica, a semântica formal deixa 
muitos estudantes e professores da área de Letras, que preferem 
estudar os fenômenos semânticos sob o enfoque da linguística 
Semântica do Português70
Cançado (2008) cita como exemplo o caso das línguas 
naturais, pois podemos imaginar que estudar a sintaxe e a 
semântica das linguagens formais pode servir de modelo para o 
estudo das línguas naturais, visto que as duas são linguagens que 
têm características comuns, e como a linguagem formal é mais 
simples do que a língua natural,ela pode servir de modelo para 
a língua natural. 
A aceitação de uma teoria de modelos para a linguagem 
natural se confronta com o estudo da linguagem como uma 
entidade psicológica (CANÇADO, 2008).
Assim, o método dos semanticistas formais tem sido esse, 
ou seja, sugerir modelos bastante simples das linguagens formais 
e tentar interpretar neles o maior número possível de sentenças 
das línguas naturais. À medida que os modelos se revelam 
inadequados, eles vão sendo substituídos por modelos mais 
complexos que satisfaçam os fatos que revelaram a inadequação 
dos modelos anteriores, informa Cançado (2008).
Princípio da Composicionalidade 
De acordo com Oliveira (2012), quando um falante 
condições de verdade, mas também sabe compô-la e decompô-
la.
Ferreira (2019) explica que além de depender do 
da sentença depende também da maneira como esses itens se 
encontram organizados a sentença.
em ilimitadas sentenças nas quais ela pode acontecer, explica 
Oliveira (2012).
Semântica do Português 71
Exemplo: Choverá amanhã, Choveu na quarta-feira.
(Figura 3) de uma sentença e soubermos as regras para encaixá-
las em unidades mais complexas, então poderemos elaborar e 
explicar por que determinadas interpretações não são possíveis.
Fonte: Adaptado de Cançado (2008)
A composicionalidade demonstra o caso de que um falante 
complexa é o resultado de uma composição de suas partes, 
informa Oliveira (2012).
A composicionalidade ilustra a criatividade, a capacidade 
de estarmos a todo momento construindo e interpretando 
sentenças que nunca ouvimos antes, destaca Oliveira (2012).
Semântica do Português72
Segundo Oliveira (2012), Chomsky, com a obra Syntactic 
Structures no ano de 1957, foi o primeiro, na linguística, a 
demonstrar que os falantes são criativos, porque produzem 
e interpretam sentenças sem nunca terem ouvido antes. Essa 
situação, aparentemente tão comum, contrariou tanto as 
teorias comportamentais da aprendizagem (que acreditam que 
as línguas humanas são aprendidas por estímulo e resposta) 
quanto as teorias estruturalistas sobre a linguagem humana (que 
entendiam, mais ou menos, que a linguagem era um conjunto 
de combinação, que são recursivas, ou seja, de forma repetida 
são aplicadas, em diferentes situações. 
Importância da semântica formal 
Cabe ainda destacar que de acordo com Cançado (2008) 
existem críticas relacionadas à abordagem formal, sendo uma 
delas a de que, muitas vezes, essas teorias atendem apenas a uma 
pequena parte da língua, a tipos bem particulares de dados. 
Contudo, é fundamental enfatizar a relevância de se 
entender essa concepção formal. 
A primeira é que as outras teorias semânticas constituíram-
se a partir da semântica formal, às vezes, tentando resolver 
problemas que esse modelo não resolvia, ou mesmo, sugerindo 
modelos alternativos. Por isso, é necessário conhecermos a 
base, isto é, a semântica formal, pois é de onde outras modelos 
surgiram, informa Cançado (2008).
Uma segunda razão é que os pontos mais analisados sobre 
formal (Cançado 2008).
Semântica do Português 73
Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o 
tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. 
Você deve ter aprendido que a semântica formal está relacionada 
com a teoria referencial e que ela faz a intermediação entre a 
linguagem e a realidade do mundo, e nesta perspectiva, o 
aquilo sobre o que fala a linguagem. Viu também que os traços 
contínuos da semântica formal são o foco dos aspectos de 
às condições de verdade da sentença e não a sua verdade ou 
falsidade; a teoria de modelos em semântica, na qual se constrói 
um sistema simples com características de um sistema complexo 
para servir de modelo de estudo e que este só será um bom 
modelo se apresentar resultados positivos em relação ao sistema 
complexo; e o princípio da composicionalidade que acontece 
ou suas condições de verdade, mas sim quando sabe compô-
semântica formal que serviu de base para outras teorias e os 
DEFINIÇÃO
Semântica do Português74
Bases conceituais da semântica 
argumentativa
Neste capítulo iremos caracterizar as bases conceituais da 
semântica argumentativa, demonstrando seus principais pontos 
e contextualizando-a na literatura da língua portuguesa. Vamos 
juntos?
OBJETIVO
A semântica argumentativa
Conforme Cançado (2008), a semântica argumentativa 
surgiu como uma alternativa à semântica formal, através dos 
trabalhos de Ducrot. Para esta autora o conceito dessa linha 
teórica é que as sentenças são faladas como parte de um discurso 
em que o falante tenta convencer seu interlocutor de uma 
hipótese qualquer, ou seja, não se usa a linguagem para falar 
algo sobre o mundo, mas para convencer o ouvinte a entrar no 
jogo argumentativo.
A importância da semântica argumentativa está baseada 
na argumentação utilizada na sentença. Falando assim, parece 
um pouco óbvio não é mesmo? Vejamos alguns conceitos para 
entendermos melhor.
Para Pinto et. al (2016) a semântica argumentativa 
também é chamada de enunciação e considera o enunciado 
como fundamento prioritário da informação a ser transmitida, 
e entende que é a intencionalidade do falante que demonstra a 
Semântica do Português 75
enunciados que tenham por traço constitutivo a pretensão de 
argumentar, explica Koch (2002). 
O conceito amparado nessa teoria é a de que existe interesse 
em tirar proveito de categorias descritivas que se relacionam mais 
ao possível uso na interação dos falantes/ouvintes, e menos no 
que diz respeito à sintaxe ou ao conteúdo objetivo da sentença, 
informa Cançado (2008).
Nessa abordagem, as condições de verdade de uma 
sentença não possuem relevância.
De acordo com Abrahão (2008), Ducrot entende como 
a função primeira da linguagem sendo a de argumentar e, da 
argumentação, decorre um conjunto de descrições através 
argumentativa. No processo de enunciação, um sujeito procura 
na língua os elementos que levanta um argumento e o liga a 
uma conclusão, encontrada no mundo do objeto que se fala, 
para produzir o enunciado. Argumento e conclusão (Figura 4) 
têm as orientações oferecidas pelo falante a um ouvinte para 
estabelece a teoria da argumentação na língua, um enunciado 
diz para o ouvinte procurar no mundo os sentidos colocados pela 
fala, respeitada a semântica produzida no texto, nesse caso, o 
próprio texto produzido pela fala. 
Figura 4- Argumento e conclusão
Fonte: Adaptado de Abrahão (2008)
Semântica do Português76
Um encadeamento argumentativo constitui apenas um 
enunciado, assim o argumento só é compreendido a partir da 
conclusão. Dessa forma, quando utilizamos adjetivos como 
bonito e feliz estaremos procurando na língua argumentações 
positivas e os termos utilizados estabelecem um encadeamento 
menciona Abrahão (2008).
Existe uma intrínseca relação entre argumentação e 
intencionalidade pois o texto argumentativo é aquele produzido 
com a intenção de fazer crer, fazer alguma coisa ao outro, expõe 
Capistrano Junior, Elias e Lins (2017). 
Cançado (2008) ainda esclarece que na observação perante 
uma perspectiva argumentativa uma mesma sentença pode ter 
portanto, os limites entre semântica e pragmática. 
OBSERVAÇÃO
Comumente, as noções que tenham envolvimento em análises 
dessa linha teórica se referem à classe argumentativa, força 
argumentativa, escala, etc., revelando-se de grande interesse na 
Língua (Cançado 2008).
Capistrano Junior, Elias e Lins (2017) destacam que 
os ensinamentos de Ducrot nos põem perante o processo de 
escolhas envolvido na produção de discursos e do papel decisivo 
da língua nesse processo. São inseridos nesse processo temas 
relacionados ao texto, à língua e à argumentação, que, acredita-
se representar um forte elo entre a Linguística Textual e a Teoria 
da Argumentação na língua. 
Evidencia-se que, ainda que Ducrot dedique seus estudos 
aos fenômenos internos à língua, os conceitos desenvolvidos pela 
Semântica do Português 77
Teoria são essenciais para o estudo ea compreensão de textos, 
pois a dedicação de Ducrot baseia-se, principalmente, ao estudo 
de palavras da língua cujos empregos não resulta em informar, 
mas sim argumentar. Os estudos linguísticos, na perspectiva de 
Ducrot, relaciona-se com a argumentação na língua, menciona 
Capistrano Junior, Elias e Lins (2017).
É essencial que, ao elaborar nossos textos, sejamos 
conscientes das possibilidades que a língua oferece para marcar 
uma tomada de posição, para que possamos empregar essas 
Lins (2017).
A ideia que submete à Teoria da Argumentação na língua 
(Figura 4) proposta por Ducrot é que, na construção de um texto, 
a escolha de cada palavra tem efeitos sobre as demais. Isso quer 
dizer que nada pode ser aleatório no texto, todos os elementos 
que compõem a textualidade concorrem juntos para a construção 
de sentidos orientando argumentativamente em determinada 
direção, segundo Capistrano Júnior, Elias e Lins (2017).
Figura 5- Teoria da Argumentação da língua
Fonte: Adaptado de Capistrano, Elias e Lins (2017).
A Teoria da Argumentação, ao observar os encadeamentos 
possíveis na língua de acordo com Ducrot, dedica-se a palavras 
que não estão destinadas a trazer informações, mas a indicar 
uma relação entre o locutor e a situação, ou que guiam a direção 
argumentativa dos enunciados. Por esse motivo, a Teoria da 
Semântica do Português78
Argumentação na língua interessa-se especialmente pelos 
conectores, descreve Capistrano Junior, Elias e Lins (2017).
Para Abrahão (2008), Ducrot demonstra em sua teoria 
que os conectores, em seu conjunto, podem ser reunidos em 
respectivamente a norma e a exceção. Observe que poderemos 
utilizar diferentes conectores entre um argumento e uma 
conclusão. Contudo, a conclusão deve ser organizada a partir de 
argumento é possível, ao qual Ducrot chama de topos. 
Exemplo: Que dia lindo. 
 Não chove
 Está quente
 Vou passear
Assim, quando usamos essa expressão ela somente se fará 
possível em um lugar em que não chover é bom, fazer calor 
é bom, nos permite passear. Dessa forma deveremos usar o 
A não ser que os dias lindos (Figura 6) deixe alguém 
infeliz, não é mesmo?
Figura 6 - Dias lindos
Fonte: Pixabay
Semântica do Português 79
Capistrano Junior, Elias e Lins (2017) destacam que 
Ducrot observa também diferentes possibilidades do conector, 
um segmento do texto que vem antes e outro que vem depois. 
Para Espindola (2004), existem dois tipos de operadores 
que são os conectores argumentativos no qual os elementos que 
articulam os enunciados de maneira a determinar a sua orientação 
argumentativa; e os operadores argumentativos que possuem a 
função de inserir argumentatividade na estrutura semântica das 
frases. 
Koch (2012) foi quem deu tratamento especial aos 
 Operadores argumentativos que indicam o argumento 
mais forte e que dirigem o sentido para a conclusão – até, mesmo, 
inclusive, até mesmo;
 Operadores argumentativos que incluem argumentos 
ainda, não só...mas também, nem, além de..., além disso..., a par 
de, e..., etc.;
 Operadores argumentativos introdutores de uma 
conclusão relativo a um argumento já mostrado – portanto, por 
conseguinte, logo, pois, desta forma, destarte, etc.;
 Operadores que inserem argumentos alternativos que 
podem induzir a conclusões opostas ou diferentes – ou, ou então, 
seja...seja, quer...quer, etc.;
 Operadores argumentativos comparadores, que buscam 
uma certa conclusão – mais que, menos que, tão...como, tanto 
quanto, etc.;
 
ou explicações de enunciados – pois, porque, já que, etc.; 
Semântica do Português80
 Operadores argumentativos que constituem uma 
contraposição de argumentos dirigidos para conclusões opostas 
– mas, porém, entretanto, contudo, no entanto, etc., embora, 
apesar de que, ainda que, etc.;
 Operadores argumentativos que introduzem conteúdos 
pressupostos – já, ainda, agora, etc.
Outro ponto importante que precisa ser mencionado é o 
interesse pela polifonia e pela pressuposição.
Vejamos cada um deles com detalhes.
Polifonia e Pressuposição
para um mesmo enunciado emitido pelo locutor, aparecem vozes 
Pinto et. al. (2016) descreve que a polifonia foi introduzida 
a presença de textos dentro de um texto, causada pela inclusão 
do autor num contexto que já inclui antecipadamente textos 
deixa enxergar outras vozes. 
Mas o que são vozes? 
Pinto et. al. (2016, p. 22) explica que para Bakhtin o termo 
voz se refere “à consciência do falante, que marca presença 
O conceito de polifonia para a linguística foi trazido por 
Ducrot defendendo que o autor do enunciado nunca se expressa 
diretamente, mas apresenta diferentes personagens linguísticos. 
Dessa forma, é informado pelo enunciador que André antes lia 
e agora não lê mais. Sendo uma espécie de diálogo imaginário, 
Semântica do Português 81
no qual o enunciador se questiona se André parou de ler e se ele 
antes lia, ilustra Pinto et. al. (2016).
Segundo Pinto et. al. (2016), a pressuposição compreende 
uma relação entre a verdade de sentenças. Um enunciado 
pressuposto é algo que pode ser deduzido a partir de um 
conhecimento prévio do interlocutor. É condição para que novas 
informações possam ser envolvidas.
Exemplo: Alice desistiu de viajar para Paris.
A partir dessa sentença pode-se pressupor várias 
informações que devem ser conhecidas para que seja estabelecido 
o sentido. Como por exemplo: Alice é uma pessoa conhecida 
entre as pessoas que conversam, Alice possui condições 
pensando em ir, etc. 
A semântica argumentativa na literatura da língua 
portuguesa
Para Abrahão (2008) existe um aspecto particular 
proposto por Ducrot no qual faz referência à relação entre a 
poesia e a argumentação, descrevendo-as como contrárias, pois, 
a poesia trata-se de um esforço em expressar pontos de vista 
pessoais apresentados como pessoais. Assim, para ele o poeta 
expressa sentimentos com a pretensão de apresentá-los como 
unicamente seus. Demonstrando assim uma oposição à ambição 
do argumentador no qual procura aparecer o que disse como se 
fosse a reprodução de uma crença geral. 
o que diferencia os discursos poético e literário de discursos 
argumentativos, um dos argumentos usados é o de que a poesia 
(ou a literatura em geral) se trata de um discurso irracionalista 
(ou seja, que não apresenta razões para dizer as coisas que diz), 
combinado em efeitos de estilo. Sendo a diferença primordial a do 
Semântica do Português82
papel que versos e formalizações de argumentos desempenham 
nas nossas vidas.
a conversação cotidiana ou a interação didática, compreende 
uma dimensão argumentativa, que pode ser mais ou menos 
compreensível. A capacidade de orientar a visão do público ao 
se submeter de uma forma mais ou menos diretiva um objeto 
relato literário. De acordo com suas próprias modalidades, abre 
ou orienta um debate, revela ou esclarece uma problemática. A 
sem propor uma solução unilateral, pois a interrogação, o exame 
não decisivo das contradições, a manifestação das tensões e 
a complexidade podem se transformar em parte integrante da 
dimensão argumentativa do relato literário.
IMPORTANTE
Nessa perspectiva, a análise argumentativa não é empregada 
somente aos textos que tentam fazer aceitar uma tese bem 
descreve Amossy (2016).
A análise argumentativa se situa no cruzamento da 
retórica – que se vincula à arte da persuasão – e 
da pragmática, que estuda as interações verbais. A 
se acrescenta a narratologia, que analisa a questão 
das vozes narrativas, e se completa com uma 
teoria da leitura. Consequentemente, é importante 
elaborar uma aproximação que permita combinar 
Semântica do Português 83
e integrar as contribuições dessas diversas 
disciplinas. (AMOSSY, 2016 p. 11).
O público estabelecido pelo discurso argumentativo no 
diferentes níveis da enunciação. Vai desde o personagem a 
quem se dirige um protagonista até o leitor possível que o autor 
considerou, passando pelo narratário a quem se dirige o discurso 
do narrador principal. Mesmo existindo coincidênciaentre este 
enfoque com o das teorias da leitura, ele se diferencia delas 
porque estuda o impacto do discurso, ou seja, as estratégias que 
se renovam para agir sobre o público, esclarece Amossy (2016).
Assim, mais que analisar o ato da leitura como ativação de 
semiótica, da teoria do efeito estético ou da estética da recepção, 
a análise argumentativa se interessa sobretudo pela maneira 
como a imagem do público forma um discurso que procura 
Amossy (2016).
E então? Gostou do que lhe mostramos? Neste capítulo 
você deve ter compreendido que na semântica argumentativa 
o falante tenta convencer o seu interlocutor de uma situação 
qualquer convencendo o ouvinte a entrar no jogo argumentativo. 
Que o enunciado é fundamento prioritário da informação a ser 
transmitida e existe uma relação intrínseca entre a argumentação 
e a intencionalidade. Viu também que no processo de enunciação 
o sujeito procura na língua os elementos que levanta um 
argumento e o liga a uma conclusão e que para a Teoria da 
Argumentação na língua a escolha de cada palavra tem efeitos 
sobre as demais na construção de um texto. Conheceu também os 
operadores argumentativos, a polifonia e a pressuposição como 
argumentativa na literatura da língua portuguesa.
Semântica do Português84
A semântica cognitiva e a sua relação 
com a contração linguística e com o meio 
social
OBJETIVO
suas principais características e relacionando-a com a contração 
linguística e com o meio social. Vamos nessa?
A semântica cognitiva
Segundo Pinto et. al. (2016), a semântica cognitiva foi 
1980, provocada de forma parcial pela inspiração no fenômeno 
precisa de vários outros critérios, para ser dado de maneira 
decisiva. 
A linguística cognitiva estabelece que a gramática 
não pode ser mais vista como um conjunto de 
regras que opera sobre categorias de palavras ou 
de sentenças, mas sim um conjunto de princípios 
gerais e processuais, que opera sobre bases de 
Antes de conhecermos o conceito de semântica cognitiva, 
vamos começar entendendo o que é cognição.
O termo cognição geralmente é empregado para determinar 
algo referente à mente ou à percepção que o ser humano tem, 
resultante de sua interação com o mundo, descreve Pinto et. al 
(2016).
Semântica do Português 85
Assim, a semântica cognitiva aborda a comunicação como 
elemento decorrente da interação do sujeito e o seu contexto 
do conhecimento de mundo, ou seja, procura descrever a 
funcionalidade da língua no processo comunicativo, lado a lado 
a uma representação de mundo em movimento, dirigida para o 
dinamismo mental, no processo de construção do pensamento, 
explica Pinto et.al. (2016).
“O objeto de estudo da Semântica Cognitiva é a relação 
entre o sentido das palavras e das sentenças as capacidades 
2017 p. 21).
A língua apresenta-se como um instrumento empregado 
para expressar pensamentos e interagir em sociedade, expõe 
Chiavegatto (2009).
Conforme Cançado (2008) a semântica cognitiva considera 
que o pensamento (Figura 7) é organizado por esquemas de 
imagens, mapeando domínios conceituais diferentes. Atribui-
se a ampliação de conceitos temporais para outros campos 
semânticos, em uma relação metafórica.
Figura 7- Pensamento
Fonte: Pixabay
Semântica do Português86
Mas o que são esquemas em imagens, você sabe?
Os esquemas em imagens relacionam-se aos conhecimentos 
mais simples de nossa experiência, que são estruturados em 
imagens esquematizadas, disponíveis para serem utilizadas em 
diferentes âmbitos explana Chiavegatto (2009).
Perceba a seguinte situação:
Quando falamos que alguém é unha e carne com outra 
pessoa ou que as atitudes que adota com pessoas são do tipo fazer 
barba, cabelo e bigode, estamos deixando perceber operações 
mentais complexas, que projetam conhecimentos entre domínios 
linguísticos, cognitivos e interacionais. Associamos o nosso 
conhecimento da língua à nossa vivência de mundo sobre unhas 
e sua junção à carne ou ainda sobre irmos ao barbeiro e saímos 
com nova aparência após termos cortado os cabelos, feito a 
OBSERVAÇÃO
Esses conhecimentos obtidos na vida social e na cultura a que 
fazemos parte, são projetados entre domínios diferentes, o do 
corpo e o dos relacionamentos, e dessas correspondências novos 
Cançado (2008) cita o seguinte exemplo: João gastou seu 
tempo com Maria. Essa sentença seria metafórica segundo a 
autora, pois a interpretação do tempo nessa sentença é de algo 
que se gasta, ou seja, de um objeto que pode ser consumido, 
assim, a interpretação dessa sentença seria a manifestação de um 
mapa cognitivo que conduz a noção do tempo (Figura 8) para 
uma noção de objetos consumíveis no tempo.
Semântica do Português 87
Figura 8- Tempo
Fonte: Pixabay
Maia e Santos (2019) consideram interessante observar a 
Filológica na compreensão da mudança semântica pois as duas 
assim como pelos mecanismos implícitos à mudança semântica 
e a polissemia, como a metáfora e a metonímia. 
Neste âmbito, metáfora e metonímia não se reduzem à 
estilística, pois antes, são mecanismos cognitivos que fazem 
Existem metáforas que são comuns no nosso dia a dia e que 
permitem o surgimento de expressões linguísticas que apresentam 
a forma como entendemos certas situações do mundo, menciona 
Pinto et. al. (2016).
Quando se estuda a semântica cognitiva, a metáfora e a 
metonímia trabalham no mesmo nível cognitivo, não existindo 
assim, superioridade de uma em relação à outra declara Pinto et. 
al 2016.
Semântica do Português88
A metáfora acontece quando propriedades de um 
determinado domínio são atribuídas a outro domínio, já a 
metonímia ocorre com a substituição de um termo por outro 
quando ambos pertencem ao mesmo campo lexical, explica 
Cançado e Amaral (2017). Vejamos alguns exemplos que estas 
autoras citam:
Exemplo: O vestibular abre muitas portas – trata-se de 
uma metáfora;
Esse professor é muito difícil. – Neste sentido a palavra 
professor pode indicar a disciplina ministrada pelo professor, 
tratando-se assim de uma metonímia.
A mudança semântica envolve necessariamente 
também princípios gerais e mecanismos de 
cognição humana como a categorização, a 
prototipicidade, a metáfora e a metonímia 
operações de perspectivação conceptual, como os 
estudos diacrônicos da semântica cognitiva têm 
demonstrado (MAIA; SANTOS, 2019, p. 97).
Dessa forma, para a semântica cognitiva, é de suma 
importância considerar os fatores extralinguísticos, na construção 
de sentidos, pois nessa abordagem, a língua está associada ao 
processo perceptivo do indivíduo, assim, a linguagem colabora 
para nossa percepção e conhecimento do mundo, demonstra 
Pinto et. al. (2016).
Categorização
e diferenças percebidas que existem entre certas entidades, ou 
entre certas eventualidades, ou até mesmo entre determinadas 
relações, de modo a reuni-las em diferentes grupos.
Semântica do Português 89
A categorização é essencial para compreendermos a representação 
e Viotti (2009).
IMPORTANTE
Se não possuíssemos essa capacidade de agrupar vários 
aspectos de nossa experiência em categorias constantes, nossa 
experiência seria desordenada, e nós não conseguiríamos 
aprender nada a partir dela. É exatamente porque somos capazes 
de agrupar elementos de nossa experiência em categorias, que 
e que nós podemos acessar nosso conhecimento sobre eles, 
lembra McCleary e Viotti (2009).
Quando enxergamos dois animais pela primeira vez e 
reparamos que eles são bastante semelhantes, criamos uma 
categoria para agrupar esses dois animais. Ao criarmos a 
categoria, também será criado um conceito, ou seja, uma 
imagem que nos ajudará a reconhecer esses animais, e que 
nos ajudará a fazer uma distinção entre esses animais e outros 
animais diferentes deles. Depois de criada essa categoria e 
esse conceito, incluiremos dentro dela todos os animais que 
apresentam alguma semelhança com os que vimos primeiro, 
ou seja, uma vez criada a categoria e o conceito, vamos passar 
a categorizar certos animais como membros dessa categoria,Prototipicidade
McCleary e Viotti (2009) esclarecem que nesse modelo 
as categorias são estruturadas a partir dos exemplares que 
primeiramente vêm à mente de um grande número de pessoas, 
Semântica do Português90
quando perguntadas sobre qual seria um exemplo de membro 
daquela categoria. Esses melhores exemplares são chamados 
protótipos, assim, os protótipos são os elementos centrais de 
uma categoria.
De acordo com Chiavegatto (2009), enquanto nas categorias 
tradicionais os elementos que a ela pertencem possuem todos os 
traços que a integrem na categoria, nas categorias prototípicas 
(Figura 9) há um membro básico ou central, que contém todas 
as características da categoria, e membros mais secundários, 
que perdem alguns dos traços da categoria, distanciando-se em 
maior ou menor escala do membro central ou prototípico.
Figura 9- Categorias prototípicas
Fonte: As autoras
Exemplo: Na categoria aves, fazem parte os pardais, as 
galinhas e os papagaios. O membro prototípico, ou central, seria 
o pardal, pois tem penas, voa e pia (características básicas da 
categoria). No entanto, a galinha anda e não voa; o papagaio fala, 
mas não pia. Mas, como têm penas e são constituídos de aves, 
(2009).
Semântica do Português 91
Faz-se necessário entender que conforme McCleary e 
Viotti (2009), em princípio, não há nenhuma regra sobre quanto 
um elemento pode se distanciar do protótipo e mesmo assim ser 
considerado um membro da categoria. Algumas pessoas podem 
ser mais observadoras do que outras e encontrar semelhanças 
entre o elemento e o protótipo que passam despercebidas 
por outras pessoas. Essas pessoas mais observadoras vão 
inegavelmente incluir o elemento na categoria; as outras pessoas 
vão inclinar-se a deixá-lo de fora.
Cabe ainda destacar que McCleary e Viotti (2009) informam 
que a escolha dos melhores exemplares de uma categoria 
apresenta importantes correspondências com certos aspectos de 
nossa cognição. Essas correspondências são chamadas efeitos 
de protótipo, sendo dois dos efeitos de protótipo citados na 
literatura:
 quando solicitamos às pessoas que façam uma lista dos 
membros de uma determinada categoria, os melhores exemplares 
da categoria irão aparecer no topo da lista;
Exemplo: Quando pensamos na categoria FRUTA, em 
um país como o nosso, o elemento ‘maçã’ geralmente aparece 
em primeiro lugar.
 as crianças inclinam-se a pegar primeiramente as 
palavras que se referem aos membros prototípicos de uma 
determinada categoria; dessa forma, crianças brasileiras tendem 
a adquirir a palavra maçã antes da palavra damasco, por exemplo.
-
mentos bastantes produtivos e constantes de mudança semasi-
ológica no sentido de um maior envolvimento do locutor pela 
no sentido de maior destaque da relação entre o falante e o ou-
-
Semântica do Português92
dade reúnem a atitude ou pensamento do falante, os marcadores 
de intersubjetividade reúnem a atenção do locutor para o seu 
interlocutor, segundo Maia e Santos (2019).
As autoras (Maia e Santos, 2019) citam como exemplo as 
expressões eu acho, eu penso, eu suponho, creio, as quais podem 
ser empregadas tanto para demonstrar a subjetividade do locutor, 
OBSERVAÇÃO
e os marcadores de delicadeza, destaca Maia e Santos (2012).
A subjetivação é, então, o processo pelo qual uma entidade 
outro elemento do ato de fala) deixa de ser um observador 
externo e passa a fazer parte do conteúdo de explicação, explica 
Maia e Santos (2019). 
Modelos Cognitivos
Para Maia e Santos (2019), os mecanismos sociais 
da mudança semântica é uma contribuição bem menos 
desenvolvida comparada às demais. Trata-se da natureza 
intrinsecamente social do processo de tornar a semântica 
convencional, e compreende prósperas áreas de investigação 
como a onomasiologia pragmática, a sociolinguística cognitiva, 
e o modelo evolucionista da mudança linguística. 
As autoras destacam o modelo evolucionista de Croft no 
qual mostra como o uso da língua é ambiente conveniente da 
Semântica do Português 93
mas os falantes que alteram as línguas através das suas ações 
linguísticas. Assim como a alteração linguística é um processo 
de etapas, tal como o é a evolução: a etapa da argumentação 
e a etapa da seleção ou propagação de alguma das novas variantes 
linguísticas criadas, demonstra Maia e Santos (2019).
uma categoria linguística necessitam de determinadas estruturas 
de conhecimento sobre o domínio ou domínios da experiência a 
que essa categoria está relacionada. Refere-se a um conhecimento 
individualmente idealizado, ou seja, um modelo cognitivo, e 
de forma interindividual dividido pelos membros de um grupo 
social, ou modelo cultural.
É no cenário dos respectivos modelos cognitivos e culturais 
que, para a linguística cognitiva, as categorias linguísticas podem 
ser adequadamente caracterizadas (OLIVEIRA, 2012).
Neste sentido, faz-se necessário entendermos o que são os 
modelos cognitivos idealizados.
Para Oliveira (2012), os modelos cognitivos idealizados 
(MCI) são estruturas através das quais nosso conhecimento 
de mundo está organizado. São conjuntos de conhecimentos 
guardados na memória pessoal ou social que se formaram 
historicamente como uma herança da espécie humana, ou seja, 
é um conjunto de informações que o homem aprendeu a dividir. 
Por exemplo, na nossa cultura aprendemos que precisamos 
nos comportar em velórios com respeito, pesar, usar roupas 
pretas, não rir ou contar piadas. Esse conjunto de informações 
aprendemos socialmente e dividimos. Qualquer passagem de 
informação indica trazer da memória esses conhecimentos, 
explica Oliveira (2012).
É essencial para a compreensão de tudo que lemos ou 
ouvimos, além de ser importante para a cognição humana, no 
sentido de que ajuda na organização da enorme quantidade de 
Semântica do Português94
informações que adquirimos diariamente. Tudo se relaciona a 
domínios semânticos, que é a forma como organizamos nosso 
conhecimento e compreendemos novos conceitos, esclarece 
Oliveira (2012).
Os modelos cognitivos (domínios) têm limites 
indeterminados e tendem a integrar-se em redes (OLIVEIRA, 
2012).
Quando falamos praia (Figura 10), o que vêm na sua 
mente?
contextos e situações, pode ser práticas de esportes, azaração, 
reunião de amigos, etc.; e está relacionado a outros modelos 
cognitivos, como por exemplo os do sol, das férias, da areia, da 
pesca, etc., informa Oliveira (2012).
Figura 10 - Praia
Fonte: Pixabay
Alguns modelos cognitivos são apenas culturais.
Oliveira (2012) cita o seguinte exemplo: sexta-feira é...
Semântica do Português 95
 o dia seguinte à quinta-feira e o sexto e penúltimo dia 
da semana no calendário ocidental e cristão; 
 
ocidental, é o dia da “saidinha depois do trabalho para o 
 
Os modelos cognitivos sobre um dado objeto ou situação 
podem discordar de cultura para cultura como menciona Silva 
(1997). Este autor cita o exemplo do protótipo de escrivaninha 
que, para os europeus a escrivaninha prototípica tem uma 
determinada altura, porque nela se escreve sentado numa cadeira, 
e tem gavetas, porque serve também para guardar documentos 
pessoais e outras coisas, já para os chineses e japoneses é bem 
diferente pois ela caracteriza-se pela ausência destas duas 
propriedades, já que eles realizam o ato de escrever sentados no 
chão, com as pernas cruzadas.
E agora? Aprendeu mesmo tudinho? Neste capítulo você 
deve ter entendido que a semântica cognitiva procura descrever 
a funcionalidade da língua no processo comunicativo, dirigida 
para o dinamismo mental em um processo de construção do 
pensamento, no qual esse pensamento é organizado por esquemas 
de imagens mapeando domínios conceituais diferentes. Viu 
também os princípios gerais e mecanismos de cognição 
humana que são envolvidos na mudança semântica como a 
categorização, a prototipicidade, a metáfora e a metonímia, a 
cognitivos como o modelo evolucionista de Croft, os modelos 
cognitivos idealizados e os modelos cognitivos culturais. 
Semântica do Português96A Semântica Representacional 
relacionada às teorias linguísticas da 
Língua Portuguesa
OBJETIVO
Neste capítulo você irá compreender a semântica representacional, 
suas principais características e sua relação com as teorias 
linguísticas da Língua Portuguesa.
A semântica representacional
Conforme Cançado (2012), as teorias que abordam o 
possuindo relação com a referência no mundo, são conhecidas 
como teorias mentalistas, ou representacionais, ou ainda 
cognitivas.
Cançado (2008) descreve que a semântica representacional 
como um tipo de semântica mentalista, porque entende a mente 
como uma representação da realidade, afastando-se assim da 
semântica formal, fundamentada em deduções e condições de 
verdade. A semântica representacional possui compromisso com 
a forma das representações mentais internas, que compõem a 
estrutura conceitual, e com as relações formais entre esse nível e 
os outros níveis de representação (sintético, fonológico, visual, 
etc.).
O estudo da representação abrange a união entre linguagem 
e construtos mentais que, de alguma forma, representam ou 
Semântica do Português 97
por nós e pelos outros, quando falamos, destaca Cançado (2012).
IMPORTANTE
O ponto principal está em perceber o que os ouvintes podem 
deduzir sobre os estados e os processos cognitivos, as 
representações mentais dos falantes (CANÇADO 2012).
representacional é essencialmente um modo pelo qual 
representamos mentalmente a nós mesmos o conteúdo daquilo 
em que a representação mental pode ser falada em termos de 
imagens mentais.
Quando pensamos no vocábulo borboleta (Figura 10), 
conseguimos relacionar a palavra a uma imagem ou esquema 
mental já existente na nossa mente. Contudo, não podemos 
nesta percepção, demonstrando assim grande relevância e 
envolvido. Depreende-se assim, que de acordo com Chierhia 
ela relacionada.
Semântica do Português98
Figura 10- Borboleta
Fonte: Pixabay
Em um segundo momento, Chierchia (2003) apresenta 
sentença equivale ao conceito ou pensamento que relacionamos 
às imagens mentais, passando a requisitar a existência de algo 
como uma linguagem de pensamento interna a mente conhecida 
como mentalês. O autor considera os conceitos como sentenças 
do mentalês e entender uma sentença representa, basicamente, 
em traduzi-la para o mentalês. 
De acordo com Candiotto (2013, p. 28) o pesquisador 
chamado Jerry Fodor, “propõe que todo ser humano dispõe de 
uma ‘linguagem residente’ inata, o ‘mentalês’ (mentalese), que 
Assim, Fodor propõe uma linguagem do pensamento 
Semântica do Português 99
para a obtenção de uma linguagem natural. A linguagem 
do pensamento estabelece, segundo Fodor, um meio muito 
produtivo que permite a cumprimento de vários processos 
cognitivos como percepção, raciocínio e o mais prioritário para 
a condição humana, a aprendizagem da língua. A linguagem do 
pensamento é, deste modo, a condição para o aprendizado da 
língua, isso faz com que possa ser explicado o fato de como 
uma criança constitui um extenso conjunto vocabular, que lhe 
permite uma comunicação satisfatória com falantes de mesma 
língua, em um curto prazo de tempo. 
IMPORTANTE
Para Fodor, o mecanismo intelectual primitivo dos seres humanos 
compõe um conjunto completo de representações, sobre as quais 
formas novas de informação podem ser esquematizadas quando 
o indivíduo está em contato com o mundo, explícita Candiotto 
(2013).
A semântica representacional distingue da semântica 
cognitiva no sentido do não abandono do nível de representação 
sintático, ao uso do formalismo em detrimento do funcionalismo, 
ao procurar colocar seus resultados na psicologia perceptual 
inatas, esclarece Cançado (2008).
As pessoas conseguem se entender porque possuem a 
capacidade de refazer as representações mentais nas quais os 
outros se apoiam para falar (CANÇADO, 2012).
O sucesso da comunicação não depende de formar a 
mesma ligação entre as situações do mundo, mas sim, apenas 
Semântica do Português100
que se a nossa fala sobre o mundo funciona tão bem é por causa 
das semelhanças básicas das nossas representações mentais, 
explica Cançado (2012). 
Cançado e Amaral (2017) citam o seguinte exemplo: Eu 
sou o homem mais rico do mundo. 
De acordo com a abordagem representacional pode-se falar 
que a expressão descreve um estado do participante denotado 
de amor, etc., analisa Cançado e Amaral (2017).
Figura 12- Rico
Fonte: Pixabay
Importante destacar que segundo Cançado e Amaral (2017) 
a semântica lexical encaixa-se na abordagem representacional, 
pois nessa área de estudo existe uma preocupação em relacionar 
a língua a representações mentais, e não ao mundo. Dentro 
da abordagem representacional, o foco da semântica lexical 
Semântica do Português 101
é sugerir análises teóricas e descrições dos sentidos dos itens 
lexicais como representações mentais. 
Papéis temáticos
As teorias de semântica representacional versam sobre um 
ponto muito relevante chamado de papéis temáticos.
Neste ponto iremos nos basear nas explicações de Cançado 
(2008, 2012).
Segundo Cançado (2008) os papéis temáticos quando 
observados através da ótica semântica também são assumidos 
como representações mentais: são noções que dizem respeito à 
ligação entre conceito mental e sentido. Um importante ponto 
concernente aos estudos dos papéis temáticos é a relação do 
evento com a estrutura conceitual, e da estrutura conceitual 
mental com sintaxe. 
existentes entre algumas expressões como:
 João abriu a porta com a chave;
 A chave abriu a porta;
 A porta abriu.
Você percebe alguma relação de dependência (Figura 13) 
nessas expressões? 
Semântica do Português102
Figura 13- Dependência
Fonte: Pixabay
Nestas expressões a palavra ‘porta’ apresenta-se como 
paciente de uma ação, assumindo assim a mesma função 
semântica em todas as situações. Contudo, quando falamos na 
função sintática, a terceira expressão é exercida como sujeito e 
as demais como objeto. 
Quando observamos a palavra ‘chave’ percebemos que 
ela desempenha a mesma função semântica na primeira e na 
segunda sentença, que é ser um instrumento de ação. Já em 
termos de função sintática, a primeira aparece como adjunto e a 
segunda como sujeito. 
Observe então que, apesar de os sujeitos serem diferentes 
nas expressões citadas, as orações não são diferentes e sem 
relação, existindo assim, algum tipo de dependência nessas 
sentenças entre o verbo ‘abrir’ e os elementos ‘Joao, porta e 
chave’, informa Cançado (2008).
Esses elementos, relacionados pelo verbo, assumem uma 
determinada função semântica dentro da sentença. Observe que 
na primeira sentença João exerce a função semântica de ser o 
Semântica do Português 103
agente da ação de abrir; já a palavra ‘porta’ nas duas últimas 
sentenças possuem a função semântica de ser o paciente da 
ação, sofrendo a ação de abrir. E A ‘chave’ nas duas primeiras 
sentenças tem a função semântica de ser o instrumento da ação 
de abrir, esclarece Cançado (2008).
Dessa forma, a dependência está nas relações de sentido 
que se constituem entre o verbo e seus argumentos (sujeito e 
complementos), o verbo, constituindo uma relação de sentido 
com seu sujeito e seus complementos, conferindo-lhes funções, 
um papel para cada argumento. São a essas funções que 
chamamos de papéis temáticos, destaca Cançado (2008).
Na literatura há vários nomes para essas relações semânticas, 
alguns estudiosos chamam de semânticos profundos, outros 
relações temáticas, já outros chamam de papéis semânticos. 
Cançado (2008, 2012) prefere adotar a denominação papéis 
temáticos.
Conforme Cançado (2008), não existem apenas casos 
referente às ações como nos exemplos anteriores, mas também 
associados a sentimentos, sensações, percepções, capacidade de 
relações com as coisas, isto é, além dos casos de ação, existem 
relacionais. Os casos mentais manifestam uma experiência, seja 
psicológica, perceptiva ou cognitiva. 
Vejamos alguns exemplos citados pela autora:
 João ama Maria. (Experiênciapsicológica)
 
perceptiva)
 João acreditou no jornal. (Experiência cognitiva)
O primeiro ponto que devemos observar nessas sentenças é 
o fato de que João não exerce o papel de agente dessas situações, 
pois ele unicamente passa por um processo de experiência 
mental.
Semântica do Português104
 Vamos entender melhor.
túnel? Acreditou no jornal? 
Percebe que não é ação de amar, enxergar e acreditar? Mas 
sim uma experiência mental (Figura 14).
Figura 14- Experiência mental
Fonte: Pixabay
Quanto aos processos relacionais, também é impossível 
pensar no sujeito como possuindo o papel de agente do processo, 
ou mesmo tendo o papel de experienciador desse processo.
Outro ponto que devemos observar é que a cada tipo de 
verbo são associados diferente papéis temáticos.
Exemplo: O verbo matar pode ser agente e ou paciente, 
contudo o verbo morrer só pode ser paciente.
Essas informações a respeito dos papéis temáticos dos 
verbos fazem parte do conhecimento semântico da língua que o 
Semântica do Português 105
falante adquire, assim, espera-se que essas informações estejam 
estocadas no léxico. 
Portanto, não devemos possuir informações somente a 
respeito do número e do tipo sintático dos complementos que um 
verbo pede, isto é, a sua transitividade, como também devemos 
saber que tipo de conteúdo semântico esse complemento possui, 
se ele é agente ou paciente por exemplo. São essas informações 
que orientam a formação das sentenças na sintaxe, ilustra 
Cançado (2008). 
Na literatura da gramática gerativa a lista de papéis 
temáticos é geralmente chamada de grade temática.
Vamos observar o verbo ‘colocar’:
COLOCAR: V – Agente, Tema, Locativo –
Cançado (2008) explica que nessa situação a grade 
temática nos dá a informação de que o este verbo possui dois 
complementos, sendo assim bitransitivo. Traz também o sujeito 
que é o elemento sublinhado, traz a informação semântica 
que existe um agente, um tema e um locativo, que são as 
relações semânticas constituídas entre o verbo ’colocar’ e seus 
argumentos. Essas informações antecipam que esse verbo, 
quando completado deve formar uma sentença.
Exemplo: Maria colocou o livro na estante.
na grade temática de ‘colocar’ descrita anteriormente. Verbo 
bitransitivo, Agente, Tema, Locativo.
É fundamental entender também que nem sempre todos 
os sintagmas irão fazer parte da grade temática do verbo. Aos 
papeis temáticos que fazem parte da grade temática do verbo 
chama-se de argumentos, sujeito e complementos, aos que não 
Cançado (2008).
Semântica do Português106
Cançado (2008) ainda destaca que esse ponto de adjunção 
e complementação é pouco clara na literatura linguística e 
bastante complicada, contudo, tempos sempre que nos valer 
dessas noções nas análises, pois intuitivamente todos concordam 
que elas existem. 
Neste capítulo você deve ter compreendido que a 
representação mental abrangendo a união entre linguagem e 
construtos mentais que representam o conhecimento semântico 
do falante, que o sucesso da comunicação não depende de formar 
a mesma ligação entre as situações do mundo, mas sim, apenas 
da divisão de representações. Conheceu a diferença existente 
entre a semântica representacional e a semântica cognitiva. 
entendeu os papéis temáticos que são noções que dizem respeito 
à ligação entre conceito e sentido, existindo dependência entre 
o verbo e seus argumentos e que cada tipo de verbo é associado 
a diferentes papéis temáticos, mas que sem sempre todos os 
sintagmas irão fazer parte da grade temática do verbo.

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