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Fundamentos do Jornalismo

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FUNDAMENTOS 
DO 
JORNALISMO
PROF. JOSÉ ROGERIO DA SILVA
“A Faculdade Católica Paulista tem por missão exercer uma 
ação integrada de suas atividades educacionais, visando à 
geração, sistematização e disseminação do conhecimento, 
para formar profissionais empreendedores que promovam 
a transformação e o desenvolvimento social, econômico e 
cultural da comunidade em que está inserida.
Missão da Faculdade Católica Paulista
 Av. Cristo Rei, 305 - Banzato, CEP 17515-200 Marília - São Paulo.
 www.uca.edu.br
Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma 
sem autorização. Todos os gráficos, tabelas e elementos são creditados à autoria, 
salvo quando indicada a referência, sendo de inteira responsabilidade da autoria a 
emissão de conceitos.
Diretor Geral | Valdir Carrenho Junior
FUNDAMENTOS DO 
JORNALISMO
PROF. JOSÉ ROGERIO DA SILVA
FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 3
SUMÁRIO
AULA 01
AULA 02
AULA 03
AULA 04
AULA 05
AULA 06
AULA 07
AULA 08
AULA 09
AULA 10
AULA 11
AULA 12
AULA 13
AULA 14
AULA 15
06
17
26
37
46
56
68
80
92
105
117
127
140
152
162
O QUE É INFORMAÇÃO JORNALÍSTICA
O JORNALISMO BRASILEIRO
JORNALISMO E CIDADANIA
IMPRENSA X EMPRESA
IMPRESSO, TELEVISIVO, RADIOFÔNICO, 
ELETRÔNICO. É TUDO UM MESMO 
JORNALISMO?
QUEM CONSOME TANTAS NOTÍCIAS
DE QUEM É A FALA NO JORNALISMO
TUDO É NOTÍCIA, TUDO VIRA NOTÍCIA
O DIÁLOGO ENTRE COMUNICAÇÃO E DIREITO
DIREITO DE IMAGEM
TRANSMISSÃO DE EVENTOS ESPORTIVOS
CÓDIGO DE ÉTICA DOS JORNALISTAS
INTERNET, ÉTICA E O DIREITO AO 
ESQUECIMENTO
MARCO CIVIL DA INTERNET
LIBERDADE DE EXPRESSÃO E DISCURSO DE 
ÓDIO
FUNDAMENTOS DO 
JORNALISMO
PROF. JOSÉ ROGERIO DA SILVA
FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 4
INTRODUÇÃO
Caro aluno de Jornalismo, estamos iniciando uma nova disciplina, fundamental e 
necessária em seu processo de formação como profissional de comunicação.
Traremos importantes contribuições sobre o campo de atuação dos jornalistas, 
centrando nossos estudos no jornalismo como instituição de fortalecimento da 
democracia e do pleno exercício da cidadania.
Abordaremos o direito a livre informação, correta, verdadeira e estruturada de acordo 
com preceitos e conceitos que regem a profissão.
Trataremos sobre a função social da profissão e o compromisso de atuar em favor 
da sociedade que adquirimos ao passarmos pelo processo de formação acadêmica.
Traremos a vocês conceitos sobre as rotinas do jornalismo e discutiremos tópicos 
de cidadania, ética e legislação, sempre com apoio de autores fundamentais.
Esta disciplina foi estruturada em quatro unidades, abordando aspectos relevantes 
e atuais do processo de comunicação. Na primeira unidade, jornalismo e a práxis, 
mostrando que academia e redação devem caminhar juntas no sentido de construir 
um pensamento social abrangente e democrático.
Na unidade dois falaremos detalhadamente sobre jornalismo, as notícias e a Mídia, 
trazendo textos atuais que nos farão refletir sobre o atual momento do jornalismo, as 
transformações advindas pela revolução tecnológica e da comunicação e pensaremos 
sobre o modelo de negócios do jornalismo.
Á partir da terceira unidade iremos apresentar a função social do jornalismo, com 
tópicos relativos a Mídia e Direito e códigos que regem a ética da profissão.
A quarta unidade foi reservada para falarmos sobre comunicação e internet. Quais 
são os direitos e quais são os limites quando se utiliza a Internet para propagar 
informações. 
Temos como objetivo mostrar a vocês, futuros profissionais de comunicação, como 
o jornalismo está estruturado desde sua origem no Brasil, a força da informação como 
instrumento de fortalecimento da cidadania e a função social da comunicação.
Buscaremos também ressaltar a importância do jornalismo local e regional, feito 
de forma ética e por profissionais qualificados, capacitados e comprometidos com a 
profissão, com serão vocês ao final deste curso.
FUNDAMENTOS DO 
JORNALISMO
PROF. JOSÉ ROGERIO DA SILVA
FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 5
Espero que gostem da disciplina e aproveitem os ensinamentos que aqui serão 
apresentados. Bons estudos!
FUNDAMENTOS DO 
JORNALISMO
PROF. JOSÉ ROGERIO DA SILVA
FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 6
AULA 1
O QUE É INFORMAÇÃO 
JORNALÍSTICA
Abrimos um jornal, ligamos a TV, acessamos um portal de notícias 
porque aceitamos, em maior ou menor medida, ser informados por 
narrativas que garantem ter “compromisso com a informação”. No 
entanto, é curioso pensar que, ainda que a informação seja a razão da 
existência do jornalismo, uma pergunta como: “O que é a informação?”, 
pode parecer tão inconveniente ao jornalista (Leal, et al. 2014, p, 68).
https://pixabay.com/photos/mic-microphone-sound-check-sing-1132528/
Olá caros alunos e alunas. Iniciamos a partir deste momento mais uma etapa da 
caminhada rumo a formação acadêmica em Jornalismo. Buscaremos, por meio da 
disciplina Fundamentos do Jornalismo, entendermos melhor os caminhos da produção 
jornalística, da notícia e o que realmente importa ao consumidor de informação.
A Ética em seu sentido mais amplo e os tópicos relativos a Comunicação serão 
apresentados. Buscaremos ainda definir os limites entre Mídia e Direito, Jornalismo 
e Direito e a nova postura da Comunicação diante da Internet. Além disso, falaremos 
sobre a relação entre liberdade de expressão e discurso de ódio. 
https://pixabay.com/photos/mic-microphone-sound-check-sing-1132528/
FUNDAMENTOS DO 
JORNALISMO
PROF. JOSÉ ROGERIO DA SILVA
FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 7
Mas para que tudo isso fique muito claro ao final deste livro, precisamos discutir 
e responder à pergunta desta nossa primeira aula – O que é informação jornalística?
1.1. Informação 
Quando nos deparamos com um semáforo, uma placa de trânsito, um cartaz, um 
outdoor, estamos recebendo informação, estamos sendo comunicados sobre algo. 
As cores, os símbolos, os códigos e sinais nos informam se devemos seguir, parar, 
virar para a direita ou para a esquerda. 
Quando perguntamos a alguém na rua onde fica tal endereço, estamos recebendo 
informação. Quando um atendente indica qual guichê se dirigir, ou quando a placa na 
porta do banheiro indica o gênero, também estamos sendo comunicados sobre algo, 
ou seja, recebendo informações.
Portanto, informação nada mais é do que um conjunto de elementos organizados 
por meio do conhecimento sobre determinado tema, constituindo referências sobre 
um fato ou acontecimento. Pode ser uma informação nova, como sobre uma rua 
que não conhecemos, como pode também ser uma informação que nos deparamos 
diariamente, ao cruzarmos a cidade.
Significado de Informação: Reunião dos conhecimentos, dos 
dados sobre um assunto ou pessoa [...] Esclarecimento sobre o 
funcionamento de algo: informações sobre o aparelho [...] Ação ou 
efeito de informar ou de se informar. (https://www.dicio.com.br/
informacao/)
https://www.freeimages.com/pt/photo/traffic-signs-1526081
https://www.dicio.com.br/informacao/
https://www.dicio.com.br/informacao/
https://www.freeimages.com/pt/photo/traffic-signs-1526081
FUNDAMENTOS DO 
JORNALISMO
PROF. JOSÉ ROGERIO DA SILVA
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1.2. Informação Jornalística
Quando passamos a falar de informação jornalística, ou seja, no âmbito 
da comunicação, a informação adquire o status de conhecimento dos fatos e 
acontecimentos que se tornam públicos através da Mídia, por meio dos veículos de 
comunicação.
Passamos, portanto, a falar da prática jornalística diária e de uma informação que, 
para alcançar o resultado final, sofre um processo de procura, seleção e tratamento, 
para que chegue até seu destinatário dentro de padrões que possuem elementos 
como: pauta, lide, apuração dos fatos, busca da verdade, clareza de narrativa, pontos 
de vista, além de outros elementos essenciais ao desempenho do jornalismo.
Esta busca constante e incessante pela informação dentro de padrões jornalísticos é 
presente a cada pauta criada, a cadaprocesso de apuração dos fatos e das entrevistas, 
pois a informação não é apenas uma parte do jornalismo, mas sim a aspecto mais 
importante e fundamental do processo e da profissão. A informação é o que confere 
credibilidade ao trabalho jornalístico e ao profissional de jornalismo.
Outra grande diferença é entender que a informação no jornalismo, busca nos 
informar algo e não apenas nos informar sobre algo e por este motivo precisa sempre 
e a todo momento estar correta, mantendo a credibilidade e isenção, fazendo com 
que o leitor, ouvinte ou telespectador tenha autonomia para tirar desta informação os 
elementos para sua análise.
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FUNDAMENTOS DO 
JORNALISMO
PROF. JOSÉ ROGERIO DA SILVA
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Para que uma informação seja correta e traga credibilidade, o mais importante 
não é apenas a mídia utilizada, mas sim um longo processo de conquista dos seus 
leitores/ouvintes/telespectadores, como bem nos mostra o exemplo abaixo:
Em meados do século XVIII, mesmo dispondo de vários jornais 
impressos, os parisienses costumavam ir até uma castanheira no 
centro da cidade, a chamada Árvore de Cracóvia, para saber as 
notícias, que eram transmitidas oralmente. Ainda nesse período, uma 
outra forma de divulgar informações em Paris era por meio de uma 
intrincada rede de bilhetes (ZANCHETTA, 2004, p, 9). 
Pelo que vimos, mesmo com a chega de uma nova tecnologia, o jornal impresso, 
os moradores ainda preferiam se informar pelo modo anterior, oralmente ou por carta, 
pois certamente haviam criado, por uma série de elementos, uma identificação com 
o formato de transmissão das notícias. 
Certamente a credibilidade, seleção de quais notícias apresentar e a maneira com 
que as informações eram passadas, foram fundamentais para manter fiel o público 
por um bom tempo, até que a nova tecnologia conseguisse despertar nos cidadãos 
os mesmos sentimentos e suplantasse o modelo anterior.
1.2.1 A informação jornalística nos apresenta um mundo
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FUNDAMENTOS DO 
JORNALISMO
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Quando dizemos que a informação jornalística nos apresenta um mundo, ao invés 
de representar o mundo, como muitos poderiam indagar, não estamos dizendo que 
a informação é incorreta ou sem validade, ou que o trabalho do jornalista não foi 
executado como deveria. 
Estamos dizendo, sim, que a informação, a narrativa jornalística é a protagonista, 
ou seja, o resultado do trabalho é uma construção, a partir dos dados selecionados 
pelo jornalista, constituindo uma nova realidade baseada nos fatos e acontecimentos 
descritos, tornando-se, portanto, um novo mundo.
A informação passa a ser compreendida nesse sentido, como mediadora entre a 
realidade dos fatos e dos acontecimentos e a realidade da narrativa, produzida pelo 
jornalista, trazendo elementos como novidade, descrição e dados relativos aos fatores 
envolvidos.
Outro ponto a ressaltar é com relação as fontes de informação. O próprio jornalista 
deve ser também considerado como fonte, pois é a partir dele, de seu trabalho de 
pesquisa, entrevistas e testemunha presencial dos fatos, que a narrativa é produzida 
e uma história é contada ou recontada.
Com relação as fontes, também é importante lembrar que o jornalista busca sempre 
fontes legítimas, ligadas diretamente aos fatos e que possuem, muitas vezes, ligação 
com partes envolvidas. São as chamadas fontes oficiais. 
Mas neste caso também é preciso atenção, pois as chamadas “fontes oficiais”, 
constroem seus mundos por meio das histórias que nos contam e o modo como 
enxergam os fatos que vivenciaram, ou ainda, os próprios interesses envolvidos. Sobre 
esta questão, LEAL (2014), nos deixa uma reflexão sobre como devemos estar atentos 
a questão das fontes, para não cometermos o erro de sempre buscarmos as mesmas:
[...] tal noção frequentemente leva o jornalista a eleger certas 
instâncias como fontes de informações mais legítimas. Onde 
podemos encontrar informações? Uma vítima, uma testemunha, 
uma autoridade, um especialista..., mas por que não aquele rapaz 
ali, passando despercebido, com as mãos no bolso, aparentemente 
desinformado? Um documento, uma fotografia, uma declaração, 
tudo isso pode também ser “portador” de informações. Mas não 
poderíamos perceber informações valiosas em lugares imprevistos? 
Um sussurro, uma pausa, uma encruzilhada, uma ideia não concluída? 
(LEAL, Et Al, 2014, p, 70). 
 
FUNDAMENTOS DO 
JORNALISMO
PROF. JOSÉ ROGERIO DA SILVA
FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 11
ANOTE ISSO
Sobre a evolução das técnicas de informação jornalística aliadas a tradição e a 
credibilidade, que conferiam sobrevida aos modelos mais tradicionais, como a 
oralidade e as cartas, cabe aqui refletir um pouco mais sobre isso, pois vivemos um 
momento em que o surgimento da internet nos coloca diante de dilemas parecidos 
aos enfrentados no século XVIII. Sabemos que a internet veio para ficar, mas que 
até o momento ainda não encontrou mecanismos para que as informações que 
transitam por seus canais, tenham as mesmas características de credibilidade 
das chamadas “mídias tradicionais”, rádio, TV e impresso. Como apoio as nossas 
reflexões, usaremos em vários momentos neste livro, a obra 1000 Perguntas Sobre 
Jornalismo, escrito pelo jornalista Felipe Pena. Começaremos pelo trecho abaixo:
O que eram as lettere d’avisi? As lettere d’avisi eram cartas manuscritas não 
periódicas que já́ eram recebidas pelos comerciantes venezianos desde o século 
XIII, no Brolo, a praça central da cidade, em frente ao palácio do Duque. Daí́ também 
serem chama- das de broli ou fogli a mano. Na França, essas cartas eram chamadas 
de nouvelles à la main, e nas cidades alemãs, de Geschriebene Zeitungen. Claro 
que havia um público restrito com interesses específicos (políticos e econômicos, 
obviamente), e seu conteúdo era controlado. Mesmo assim, esse tipo de “jornalismo 
primitivo” já́ provocava reações exaltadas de nobres e religiosos que se sentiam 
prejudicados pela exposição pública. (PENA, 2012, p,4)
1.2.2 O profissional transforma em informação os acontecimentos 
Temos também que evidenciar em toda esta análise do que vem a ser informação 
jornalística, o papel do próprio profissional. O jornalista é responsável não apenas por 
narrar os fatos e acontecimentos, mas também pela escolha dos temas e assuntos. 
O jornalista é quem, por meio do seu trabalho traz notoriedade e relevância a 
informação, conferindo-lhe status de notícia jornalística, ou seja, de interesse da 
sociedade. Lembrando que o jornalista não exerce apenas a função de repórter, mas 
tem presença em todas as instancias da produção jornalística nas diferentes Mídias.
E o papel essencial e fundamental do jornalista fica evidente quando desvinculamos 
a natureza da informação dos lugares preestabelecidos como fontes possíveis e únicas 
e chamamos atenção para o fato de que tudo, em qualquer lugar, a qualquer momento 
pode se tornar informação. 
Quando tudo parece ser informação, entra em cena o jornalista, para mostrar o que 
de fato tem potencial e importância para se tornar informação, como bem descreve 
LEAL (2014): 
FUNDAMENTOS DO 
JORNALISMO
PROF. JOSÉ ROGERIO DA SILVA
FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 12
[...] estamos evidenciando o papel fundamental do jornalista na 
própria constituição da informação. Ele não simplesmente descobre a 
informação e a torna pública; é ele quem percebe certas coisas como 
informação e lhes confere existência nas relações que estabelece ao 
narrá-las. Em outras palavras: a informação não preexiste à busca do 
jornalista, à pauta que a torna necessária, ao olhar que a percebe, à 
pergunta que ela responde, ao texto quelhe dá existência. O jornalismo 
informa a realidade ao permitir que algo se torne informação (LEAL, 
Et Al, 2014, p, 70).
https://cdn.pixabay.com/photo/2015/10/26/13/45/microphone-1007154_960_720.jpg
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FUNDAMENTOS DO 
JORNALISMO
PROF. JOSÉ ROGERIO DA SILVA
FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 13
ISTO ACONTECE NA PRÁTICA
Quando falamos sobre a importância do jornalista na produção da informação e 
como este profissional também é uma fonte, devemos saber que o preparo para 
o trabalho é fundamental, como em qualquer profissão. Na matéria abaixo, quem 
tornou-se notícia foi o jornalista e não sua entrevistada, pelo fato do profissional não 
ter feito a lição de casa e se preparado adequadamente para a entrevista. Quando 
a cantora descobriu que o jornalista não havia ouvido as músicas do seu disco, 
encerrou a entrevista. 
Adele abandona entrevista após saber que jornalista não ouviu seu disco
Segundo PageSix, ela teria saído furiosa; entrevistador se desculpa
Simon Emmett/Divulgação e Bob Wolfenson/Divulgação
A cantora Adele, 33, abandonou uma entrevista no meio depois de saber do 
jornalista nem sequer tinha ouvido seu novo disco, “30”.
De acordo com o PageSix, a cantora britânica teria saído furiosa do local após o 
apresentador da Seven Network, Matt Doran, cometer a gafe. Também haveria um 
show de duas horas especialmente para sua emissora que foi cancelado.
Dessa forma, a Austrália se tornou o único mercado no mundo que não teve uma 
entrevista frente a frente com Adele para promover o lançamento do álbum.
Segundo uma fonte, Matt Doran foi repreendido e punido com uma suspensão de 
suas semanas, pois deveria ter feito a pesquisa necessária para entrevista, o que 
incluiria ouvir o álbum da cantora.
Ao site The Australian, o jornalista se desculpou. “Quando me sentei para entrevistar 
Adele, não sabia que havia recebido por email uma prévia de seu álbum inédito. Foi 
um descuido, mas não um desprezo deliberado. Este é o email mais importante que 
já perdi”, disse Doran.
Fonte:https://f5.folha.uol.com.br/celebridades/2021/11/adele-abandona-entrevista-apos-saber-que-jornalista-nao-ouviu-seu-disco.shtml
https://f5.folha.uol.com.br/astrologia/2021/11/adele-diz-que-escreveu-novo-album-durante-seu-retorno-de-saturno-entenda.shtml
https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2021/11/adele-tem-30-seu-novo-disco-vazado-no-telegram-a-um-dia-do-lancamento-oficial.shtml
https://pagesix.com/2021/11/22/adele-leaves-interview-for-host-not-listening-to-album/
https://www.theaustralian.com.au/subscribe/news/1/?sourceCode=TAWEB_WRE170_a_GGL&dest=https%3A%2F%2Fwww.theaustralian.com.au%2Fbusiness%2Fmedia%2Fhansons-cartoon-creates-climate-for-thunberg-role%2Fnews-story%2F73a108111fc0bdf79c9ad20587169cbc&memtype=anonymous&mode=premium&v21=dynamic-cold-control-noscore&V21spcbehaviour=append
https://www.theaustralian.com.au/subscribe/news/1/?sourceCode=TAWEB_WRE170_a_GGL&dest=https%3A%2F%2Fwww.theaustralian.com.au%2Fbusiness%2Fmedia%2Fhansons-cartoon-creates-climate-for-thunberg-role%2Fnews-story%2F73a108111fc0bdf79c9ad20587169cbc&memtype=anonymous&mode=premium&v21=dynamic-cold-control-noscore&V21spcbehaviour=append
https://f5.folha.uol.com.br/celebridades/2021/11/adele-abandona-entrevista-apos-saber-que-jornalista-nao-ouviu-seu-disco.shtml
FUNDAMENTOS DO 
JORNALISMO
PROF. JOSÉ ROGERIO DA SILVA
FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 14
1.3. O poder da informação jornalística
https://pixabay.com/pt/photos/c%c3%a2meras-filmando-6839248/
Quando falamos sobre o poder da informação jornalística, estamos nos referindo 
não apenas a questão da visibilidade pelo fato de serem vistas, pois hoje, devido a 
Internet, torna-se muito fácil e rápido uma informação circular. Estamos falando sobre 
o poder da visibilidade e divulgação através do jornalismo, que é um lugar legítimo e 
por onde as notícias ganham certificação e credibilidade.
Quantas vezes nos deparamos com uma informação divulgada pelas redes sociais ou 
os grupos de relacionamento aos quais pertencemos e rapidamente surge a pergunta 
– “Mas isto é verdade? ”, “Saiu em qual lugar? ”, numa clara referência a necessidade 
desta informação receber a chancela de um veículo de comunicação considerado 
legítimo, como rádio, TV ou meio impresso.
Ao falarmos sobre circulação de informação legitimada, estamos de certo modo, 
considerando aquela informação como verdadeira, ou seja, não existe, a princípio, um 
questionamento sobre a veracidade daquele acontecimento. 
Podem ocorrer questionamentos sobre o interesse na divulgação e a maneira como 
foi produzida a notícia, mas sempre considerando que o ponto de partida é legítimo, 
conforme explica LEAL (2014, p, 73), ao reafirmar que no meio jornalístico, “Informar 
é autorizar algo a existir como informação, tornar algo legítimo de ser mostrado e, ao 
FUNDAMENTOS DO 
JORNALISMO
PROF. JOSÉ ROGERIO DA SILVA
FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 15
mesmo tempo, é afirmar que aquilo deve ser visto”, ou seja, a informação divulgada 
pela imprensa torna-se aquilo que podemos e devemos saber.
Este poder da informação e, por conseguinte, da Mídia, também se expressa e isto 
é importante saber, não apenas quando a informação circula, mas também quando, 
por algum motivo, deixa de circular. 
Esta constatação torna o poder da imprensa decisivo e absoluto sobre decidir quem 
e o que devem ser divulgados ou não de forma legítima, e nos diz muito não apenas 
sobre o que é divulgado, mas também sobre o que deixa de ser divulgado, conforme 
pontua LEAL (2014).
[...] algo só se torna informação porque uma infinidade de outras 
coisas foi deixada de fora. E é por essa relação que a informação está 
sempre em um limiar político muito delicado: ao informar, o jornalismo 
autoriza certas coisas a ganhar visibilidade pública, define em que 
termos essa visibilidade se constitui e relega à sombra diversas 
outras relações e sentidos que não puderam (seja por capacidade, 
seja por autorização) ser informados (LEAL, Et Al, 2014, p, 74).
ISTO ESTÁ NA REDE
O artigo abaixo, que pode ser encontrado na Internet, é uma excelente reflexão sobre o 
poder da informação jornalística e como a Mídia cria estratégias para legitimar-se junto 
a sociedade na seleção de quais informações devem ou não ser divulgadas. 
Celebração da prática e teoria do fazer jornalístico – Zero Hora 45
Daiane Bertasso Ribeiro e Maria Ivete Trevisan Fossá
Resumo: Partimos do pressuposto de que o jornalismo se constitui em uma 
prática discursiva. Sendo assim, seus textos são entendidos como discursos, 
pelos quais ele constrói a realidade, embora no exercício da profissão persista 
a busca pela objetividade, entendida neste trabalho como uma estratégia para 
produzir efeitos de sentido de “realidade”, “verdade” e “imparcialidade”. Também 
partimos do pressuposto de que atualmente a prática jornalística passa por 
transformações decorrentes da midiatização, recorrendo a estratégias de 
autorreferencialidade, compreendida como a competência discursiva que os 
dispositivos midiáticos possuem de poder falar de si mesmo e de outros campos 
sociais. Para tanto, a nossa reflexão sobre a prática e a teoria do fazer jornalístico 
se estabelece por meio da observação dos produtos midiáticos que celebram os 
45 anos do jornal Zero Hora - RS.
Disponível em: https://redib.org/Record/oai_articulo1720394-a-
celebra%C3%A7%C3%A3o-da-pr%C3%A1tica-e-da-teoria-do-fazer-
jornal%C3%ADstico-%E2%80%93-zero-hora-45-anos.
https://redib.org/Record/oai_articulo1720394-a-celebra%C3%A7%C3%A3o-da-pr%C3%A1tica-e-da-teoria-do-fazer-jornal%C3%ADstico-%E2%80%93-zero-hora-45-anos
https://redib.org/Record/oai_articulo1720394-a-celebra%C3%A7%C3%A3o-da-pr%C3%A1tica-e-da-teoria-do-fazer-jornal%C3%ADstico-%E2%80%93-zero-hora-45-anos
https://redib.org/Record/oai_articulo1720394-a-celebra%C3%A7%C3%A3o-da-pr%C3%A1tica-e-da-teoria-do-fazer-jornal%C3%ADstico-%E2%80%93-zero-hora-45-anos
FUNDAMENTOS DO 
JORNALISMO
PROF. JOSÉ ROGERIO DA SILVAFACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 16
1.3.1 O jornalismo legitima a informação
https://cdn.pixabay.com/photo/2016/02/01/00/56/news-1172463_960_720.jpg
Constatamos, portanto, ao caminharmos para a parte final desta aula, que o poder 
da informação está diretamente ligado ao fato desta informação passar pelos filtros, 
formatação e reverberação propiciados pela Mídia, por meio de seus veículos de 
informação, que conferem a legitimidade necessária aos fatos e acontecimentos.
Segundo RIBEIRO E FOSSÁ (2009), “o poder da informação está basicamente 
resumido ao poder da linguagem jornalística, e esse poder está expresso na forma 
como são construídos os discursos jornalísticos”. Para as autoras, mesmo com a 
variedade de informações disponíveis e os meios para acessá-las, é por meio do 
jornalismo que a informação se estabelece verdadeiramente.
Vive-se hoje em uma sociedade midiatizada, na qual as variedade de 
informações são muitas e estão disponíveis nas mais diversas mídias, 
inclusive naquelas que não possuem a legitimidade conquistada pelo 
jornalismo para informar. O que se observa é que muito embora a 
midiatização tenha mudado muitos aspectos da forma como o campo 
jornalístico disponibiliza as informações e constrói as notícias e tenha 
alterado a relação de mediação deste com os demais campos sociais, 
o jornalismo continua a ocupar o lugar legítimo para produzir efeitos de 
sentido aos acontecimentos midiáticos. (RIBEIRO E FOSSÁ, 2009, p,19).
Obrigado por chegar até aqui e na próxima aula iremos abordar o jornalismo brasileiro 
e suas principais características, além de falarmos também sobre a relação teoria e 
prática no fazer jornalístico.
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FUNDAMENTOS DO 
JORNALISMO
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AULA 2
O JORNALISMO BRASILEIRO
Credibilidade é uma das palavras centrais para a imprensa. Para que 
um veículo de imprensa se consolide, é fundamental que ele seja 
respeitado pelo público que pretende atingir (ZANCHETTA, 2004, 
p,12).
https://pt.dreamstime.com/not%C3%ADcia-brasileira-imprensa-e-conceito-do-jornalismo-microfone-ne-image124610183
Muito embora esteja presente em todo mundo, o jornalismo se firma por suas raízes 
nacionais e locais. Assim como os brasileiros se informam por notícias produzidas 
pela imprensa brasileira, os Estados e municípios também aproximam a informação 
dos seus leitores, ou seja, preservam seus territórios, mesmo com a inexistência de 
barreiras físicas e legais que impossibilitem buscar uma informação, por exemplo em 
sites, TVs e jornais de outro país.
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FUNDAMENTOS DO 
JORNALISMO
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Isto acontece, em grande parte porque forma-se um processo de assimilação cultural 
local e territorial, proporcionando o compartilhamento de sentimentos e aspirações 
comuns no entorno, produzindo estas sensações geração após geração.
Quem não tem viva em sua memória a imagem dos avós e pais lendo um jornal 
em sua cadeira preferida, ouvindo seus programas matinais ou de final de tarde pelo 
rádio, a voz dos locutores tornando tudo familiar e a transcendência de gerações nesta 
prática, mesmo com a possibilidade do uso de novas tecnologias de comunicação e 
informação.
Será que estes traços regionais e culturais tão impregnados no inconsciente da 
sociedade brasileira irão sucumbir após as transformações provocadas pela chegada 
da internet.
E estas mudanças que a cada dia se tornam mais e mais presentes, incontroláveis 
e irreversíveis trarão também mudanças no conteúdo das informações, das notícias, 
das pautas criadas para nos mostrar como está nossa cidade, nosso Estado e nosso 
Brasil. Seremos consumidores globais e não mais locais de informação?
Creio que será preciso, para preservar a força e a importância da comunicação 
local, além da criatividade e originalidade de um pensamento como nação, estado 
e município, manter o compromisso como profissionais do jornalismo, de produzir 
conteúdo que atenda aos anseios desta nova concepção de sociedade. 
Será preciso sim inovar, no modo de pensar o jornalismo, ao mesmo tempo que se 
torna extremamente necessário buscar as inovações, sejam elas no modo de sentir, 
decidir e agir com relação a prática jornalística, na manutenção de uma identidade 
comunicacional própria.
Trabalharemos nesta aula, analisando e discutindo o conceito de práxis, para 
podermos analisar a crise por que passa o jornalismo atual, ao mesmo tempo em 
que entendermos ser este o momento para também discutirmos novos rumos para 
a profissão, debatendo valores do jornalismo e a prática profissional. 
Mas para que tenhamos clareza das discussões presentes e futuras, torna-se 
essencial entender como chegamos até aqui, e o estudo das práxis nos oferece esta 
oportunidade. Segundo HAUSER (2018), “A práxis é um suporte teórico que permitem 
pensar a realidade como uma totalidade processual em constante transformação, 
cujos desafios aparecem articulados, muitas vezes, ao dilema da permanência versus 
transformação”, como é o caso do jornalismo na atualidade.
FUNDAMENTOS DO 
JORNALISMO
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O conceito de práxis - Práxis era um termo empregado na Antiguidade 
clássica para designar uma ação que tem seu fim em si mesma, ou 
seja, que não cria ou produz qualquer objeto exterior a si. De acordo com 
Aristóteles, e na interpretação de Sánchez Vásquez (1977), uma ação 
moral ou uma conduta pode ser considerada práxis, mas o trabalho de 
um artesão, cujo resultado é um objeto que passa a existir fora do agente 
criador, tem de ser considerado fabricação ou produção, ou seja, uma 
atividade poética e não prática. (HAUSER, 2018, p, 13).
2.1 Práxis, modo de ver e fazer jornalismo
Em uma rápida pesquisa pela internet, é possível encontrar inúmeras definições 
sobre o que vem a ser práxis. Para que não fiquem dúvidas sobre este conceito, 
adotaremos as definições do Dicionário de Língua Portuguesa, cuja versão online 
pode ser acessada no endereço eletrônico https://www.dicio.com.br.
Importante também delimitar que usaremos a práxis no sentido de entender como os 
estudos acadêmicos, ou seja, a teoria, pode oferecer à prática jornalística ferramentas 
capazes de produzir transformações reais e concretas no fazer jornalístico.
Fonte: https://www.dicio.com.br/praxis/
https://www.dicio.com.br
https://www.dicio.com.br/praxis/
FUNDAMENTOS DO 
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O entendimento sobre o que vem a ser práxis nos ajuda a compreender melhor a lógica 
presente entre prática e teoria, na construção de uma realidade social capaz de gerar 
conhecimento, mas entendendo que a prática do jornalismo não pode e não deve existir 
sem a teoria, ou seja, a prática totalmente descolada da teoria, ao mesmo tempo em que 
somente a teoria, sem existir a prática, não produz os efeitos estudados e desejados.
Sabemos, até de forma empírica que não existe atividade prática sem a teoria e a 
atividade teórica, simplesmente, nos apresenta apenas uma posição contemplativa e 
analítica sobre o fazer jornalístico. Quem nunca ouviu a frase “na prática, a teoria é outra”, 
em clara alusão ao distanciamento que existe, mas que não deveria existir.
Desta forma, a práxis torna-se mediadora do pensamento ideal de como deve ser 
praticado o jornalismo e como o jornalismo diário, consumido por sua rotina, se afasta 
das teorias que o criaram e vive em uma “bolha”, prejudicial a sua função social.
2.1.1 O jornalismo feito no Brasil
Em estudos anteriores conhecemos a origem lusitana do jornalismo e da imprensa 
brasileira, ao mesmo tempo em que, após a separação entre Brasil e Portugal, houve 
também a busca por uma identidade própria do nosso jornalismo.
Este processo acabou desembocando parajornalistas e políticos, ou podemos dizer, 
mais políticos do que jornalistas, tornando-se, portanto, o pensamento fundador desta nova 
fase do jornalismo brasileiro impregnada por um sentimento de que o jornalismo e seu 
poder serviriam aos interesses dos grupos políticos e por consequência, das oligarquias 
que dominavam o país. 
Algumas vozes, como o jornalista, político e escritor Rui Barbosa se opuseram e viram 
nesta manobra uma clara tentativa de criar uma máquina de imprensa capaz de manipular, 
distorcer e produzir informações de acordo com seus interesses. 
Seu principal paladino, o baiano Rui Barbosa (1920), mostra-se indignado 
com as distorções praticadas pela nossa imprensa, corrompida pelos 
governos republicanos. Ele reitera o compromisso ético da profissão 
com o dever da verdade ao tecer um libelo contra a mercantilização 
dos jornais e o messalinismo dos jornalistas, na era Campos Salles [...] 
E trata também de lembrar que as epidemias de corrupção jornalística 
têm ilustres precedentes forâneos, demonstrando sua familiaridade com 
a literatura estrangeira (MELO, 2009, p,9).
Outro momento importante para se pensar sobre o jornalismo praticado no Brasil foi 
durante o período de ditadura, em que o papel da imprensa passou a ser questionado 
não apenas pela sociedade, mas principalmente por jornalistas que passaram a sofrer 
censura, perseguição política ideológica e nos casos mais gritantes, pagar com a vida 
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por suas posições, como o jornalista Wladimir Herzog, assassinado a mando e pelo 
governo militar em 25 de outubro de 1975. 
Neste período vários nomes despontam na luta contra a opressão e na busca 
por um jornalismo independente. Destaque para o jornalista Alberto Dines, que não 
recuou em suas posições e buscou transformar o momento difícil em oportunidade 
de reflexão sobre o jornalismo pratica no país.
Um dos críticos principais é o jornalista Alberto Dines, cuja reflexão densa, 
oportuna e instigante o aproximou naturalmente da universidade [...] 
quando, pressionada pelo governo militar, a direção da empresa o demite 
traumaticamente, ele decide fazer uma pausa em seu atribulado exercício 
profissional, escrevendo um livro antológico. Seu ponto de partida é 
a crise do papel, que abala a imprensa mundial, impondo mudanças 
radicais nas rotinas jornalísticas. Dines (1974) aproveita o ensejo para 
fazer uma revisão crítica do jornalismo brasileiro, pensando alternativas 
futuras em função de dois elementos: o contexto internacional e o 
cenário histórico brasileiro. No primeiro caso, ele se fundamenta em farta 
e atualizada bibliografia estrangeira [...] no segundo caso, recorre aos 
pensadores nacionais: aos mais antigos, como Alceu de Amoroso Lima, 
Carlos Rizzini ou Marcello de Ipanema, e aos seus contemporâneos, 
como Antônio Costella e José Marques de Melo, ou da profissão, como 
Samuel Wainer e Joelmir Betting (MELO, 2009, p,13).
ISTO ESTÁ NA REDE
Alberto Dines foi um dos mais importantes jornalistas e pesquisadores sobre o 
papel do jornalismo na sociedade. Deixou obras essenciais para debater os rumos 
da profissão e ao mesmo tempo o papel social que o jornalismo deve exercer. 
Foi crítico do distanciamento entre academia e redação e criou o Observatório da 
Imprensa, espaço destinado a discussão sobre jornalismo e jornalistas.
http://www.observatoriodaimprensa.com.br/desinformacao/combate-a-desinformacao-no-brasil-votacao-do-pl-2630-precisa-acontecer-este-ano/
http://www.observatoriodaimprensa.com.br/desinformacao/combate-a-desinformacao-no-brasil-votacao-do-pl-2630-precisa-acontecer-este-ano/
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Um pouco mais à frente, o jornalismo passa a conviver com uma sociedade mais 
urbanizada, a força dos sindicatos e a industrialização, o que acaba por transformar o 
resultado da produção jornalística em mercadoria. Segundo a jornalista e pesquisadora 
Cremilda Medina, o jornalismo passou a ser um produto à venda.
Cremilda defronta-se com o processo de mutação do jornalismo 
na sociedade urbana e industrial, em que a notícia se converte 
ostensivamente em mercadoria, ou seja, “um produto à venda”. Para 
reverter esse quadro empobrecedor, a autora busca construir um 
modelo de análise da mensagem a partir da consciência do fazer 
jornalístico. Sem ilusões de alterar o sistema, ela trabalha com a 
“possibilidade de sistematizar os caminhos de aperfeiçoamento” 
(MELO, 2009, p,14).
Já no início deste século XXI, as pesquisas se concentram em dois polos. Um 
trabalha pela busca de soluções para oxigenar e renovar o jornalismo brasileiro. E o 
segundo polo demonstra preocupação com a formação e legitimação acadêmica dos 
profissionais de jornalismo. Tudo isso atrelado aos impactos sofridos pela Mídias nos 
primeiros vinte anos deste século.
Discussões como o jornalismo on-line, a digitalização do rádio e as mudanças 
advindas pela Internet, são alguns dos dilemas que povoam tanto as academias quanto 
as redações. 
Busca-se demonstrar, tanto dentro das faculdades e universidades, como nas 
redações, que a sociedade mantém a percepção do seu entorno e toma suas decisões, 
em muito amparada pelas informações que recebe da imprensa profissional, que 
atua como mediadora do pensamento médio dos cidadãos. Caso este equilíbrio seja 
rompido, as consequências podem ser danosas.
Esta corrente emerge com a intenção de conquistar o lugar que 
historicamente cabe ao jornalismo no sistema nacional de ciência e 
tecnologia. Tendo surgido no espaço nacional como área específica 
do conhecimento há 60 anos, o jornalismo enfrentou o reducionismo 
que, nos anos de chumbo, o condenou a figurar como subárea do novo 
campo da comunicação social. Ameaçada de desfigurar-se tanto na 
arena profissional (pela iminência da abolição do diploma) quanto 
na acadêmica (pela tentativa de rebaixamento à vala comum das 
especialidades na árvore disciplinar irrigada pelo CNPq), a atividade 
jornalística vem sendo arregimentada pela sua vanguarda no sentido 
de demonstrar publicamente legitimidade ocupacional e científica. 
(MELO, 2009, p,19).
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JORNALISMO
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Portanto, os desafios postos são enormes, pois as mudanças atuais afetam 
não apenas o faze jornalístico, a forma como a mensagem chega ao cidadão, mas 
reconfigura a sociedade e sua maneira de pensar e interagir com a notícia.
Pede-se na atualidade um jornalismo mais presente, participativo e ao mesmo 
tempo multidisciplinar em suas abordagens. Não se pode tratar a notícia pela 
notícia em si, mas também suas complicações e consequências em todos os 
âmbitos sociais.
Academia e redação precisam e devem atuar juntas no sentido de fazer com que 
o jornalismo, em sua prática diária de informar, possa também, avançar de forma 
interacional rumo aos questionamentos da atual sociedade, centrada na tecnologia, 
informação abundante e em alta velocidade. 
ANOTE ISSO
1000 Perguntas sobre Jornalismo – Felipe Pena fonte: (PENA, 2012, p,41)
Com o que se preocupa o estudo sobre as notícias? O estudo sobre as notícias 
preocupa-se fundamentalmente com a produção jornalística, mas também 
envereda pela circulação do produto, a própria notícia. Esta, por sua vez, é resultado 
da interação histórica e da combinação de uma série de vetores: pessoal, cultural, 
ideológico, social, tecnológico e midiático.
Com o que se preocupa o estudo sobre os efeitos das notícias? Os estudos 
sobre os efeitos das notícias podem ser divididos em afetivos, cognitivos e 
comportamentais, incidindo sobre pessoas, sociedades, culturas e civilizações. Mas 
também acabam influenciando a própria produção da notícia, em um movimento 
retroativo de repercussão.
2.1.2 Caminhos para uma mudança
Quando falamos sobre repensar o jornalismo atual em busca de possíveis novos 
caminhos, uma primeira pergunta a fazerdeve ser - será que podemos repensar toda 
esta prática jornalística, sem incluirmos neste debate a teoria?
O conceito de práxis não nos permite a separação entre as duas práticas, a acadêmica 
e a redacional. Para entendemos as engrenagens de uma redação, é preciso também 
dimensionar a força renovadora do pensamento acadêmico, agindo sobre o pensar, mas 
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também sobre o fazer jornalístico, para que de fato ocorram mudanças ou caminhos 
sejam apontados tanto para os atuais, como para os novos jornalistas.
Para tanto, devemos pensar o jornalismo com suas diferenças, mas também com 
os elementos que unem suas práticas, sem comparações entre Mídias, mas sim 
compreendendo que tudo é jornalismo, seja em uma redação de jornal, emissora de 
rádio, TV ou jornalismo on-line. 
Para ajudar A entender melhor esta questão, LEAL (2014) traz uma interessante 
metáfora, da colcha de retalhos. Isso mesmo, aquela feita por sobras de tecidos 
os mais variados, criando um único mosaico, feito de pequenos pedaços, alguns 
maiores, outros menores, alguns vermelhos, outros verdes, alguns mais resistentes, 
outros frágeis, mas todos fazendo parte da mesma trama. Quando vistos de longe, 
formam uma única peça, o jornalismo, e quando visto em detalhes, suas diferenças 
e particularidades.
Propomos pensar o jornalismo como uma grande colcha de retalhos, 
feito de pequenas partes e, sobretudo, dos diálogos possíveis entre 
elas. Não se trata, assim, de comparar uma e outra prática, um e outro 
produto, mas de compreender que há um universo de potenciais e 
efetivas relações entre tantos pequenos retalhos (LEAL, Et, al, 2014, 
p, 22).
A metáfora da colcha de retalhos também nos mostra que, em jornalismo, dificilmente 
todos os assuntos são abordados por um único veículo e o próprio leitor/ouvinte/
telespectador recorre a sua colcha de retalhos em busca do pedaço que mais lhe 
agrada, ou seja, de quem lhe oferece as informações mais próximas. Não podemos falar 
completas, pois dificilmente é possível informar toda plenitude dos acontecimentos, 
mesmo sobre um único tema.
Todo esse conjunto de normas se propõe a assegurar algo que é, por 
natureza, inviável: a tessitura proposta é aquela possível – ou a mais 
próxima do ideal – diante dos tecidos que lhe são oferecidos. Além 
de ter uma presença forte em nossa colcha imaginária, o retalho 
originário da grande imprensa nem sempre dá conta de reconhecer 
que há costuras, nós, avessos nessa amarração (LEAL, Et, al, 2014, 
p, 23).
Para encerrarmos esta aula trazendo luz sobre a questão das práxis em jornalismo, 
vamos refletir sobre importantes considerações tecidas por HAUSER (2018):
FUNDAMENTOS DO 
JORNALISMO
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Conclui-se que o conceito de crise do jornalismo se estabelece 
precisamente nesse vazio entre umas práxis [...] que possa solucionar 
os desafios da atividade no contexto das redes digitais. O vazio é, 
paradoxalmente, um espaço cheio de possibilidades – no qual o 
jornalismo poderá ser reinventado. Em que parâmetros? Isso, 
acredita-se, dependerá do investimento da pesquisa em jornalismo 
para reencontrar possibilidades de diálogo entre a teoria e a prática, 
formular novas teorias e, além disso, propor alternativas para elaborar 
o futuro a partir daquilo que a profissão tem de mais enriquecedor: a 
defesa da diversidade de possibilidades para a autoprodução humana 
na história.
O contexto de crise do jornalismo é profícuo para pensar a sua 
reinvenção num sentido emancipatório porque enfraquece as 
instituições capitalistas que por muitos anos foram proprietárias 
dos principais meios de produção da notícia. As redes sociais digitais 
entram em cena para estabelecer novas disputas sobre a produção 
de informações e demonstrar que o jornalismo pode, em muitas 
frentes, se qualificar no contexto pós-industrial [...] se antes a notícia 
dependia, como qualquer outra mercadoria, dos donos dos meios de 
produção, hoje “a informação se desgarra do imperativo industrial. É 
através da potencialização da comunicação, dos afetos, do trabalho 
voluntário, dos movimentos de colaboração e das interações em 
redes que o jornalismo vai se transformando no contexto da cibe 
cultura (HAUSER, 2018, p, 21).
Agradeço por nos acompanhar até aqui e fique atento. Na próxima aula trataremos 
sobre a importante questão envolvendo Jornalismo e Cidadania. Bons estudos.
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AULA 3
JORNALISMO E CIDADANIA
A globalização caracteriza-se pela expansão dos fluxos de informações 
que atingem todos os países, afetando empresas, indivíduos e 
movimentos sociais. É a globalização um fenômeno inédito, que 
surge nas últimas décadas do século XX, trazendo consigo uma 
transformação fundamental no funcionamento das sociedades 
humanas? (BARBOSA, 2003, p, 20).
https://media.istockphoto.com/vectors/election-news-seamless-pattern-vector-id677080130
Mesmo recente como profissão, o jornalismo como atividade é prática das mais 
antigas. Quando ainda viviam em cavernas ou em tribos, o homem sempre usou 
estratégias de comunicação para enfrentar inimigos ou animais, registrar sua passagem 
pelos lugares e repassar às novas gerações suas histórias. Estava desta maneira, 
orientando, informando e entretendo seus grupos.
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Este jornalismo pré-histórico tinha como função educar as futuras gerações, no 
sentido de ter vantagens contra seus inimigos, adquirir determinados conhecimentos 
e utilizar estas práticas a seu favor, de forma individual ou por determinados grupos.
Com o passar dos séculos e o intercâmbio entre os povos, houve a necessidade 
de uma comunicação mais abrangente, não para determinados grupos, mas para 
toda sociedade. Nascia neste momento a figura do jornalista, pessoa preparada para 
produzir informações e distribuí-las as pessoas.
Outros fatores como fortalecimento do poder político, grande mobilidade social e 
urbanização fizeram crescer o interesse público sobre o que acontece em todos os 
cantos do planeta, dando origem a uma necessidade social por informação.
Quando a sorte do indivíduo depende mais da sorte da sociedade; 
quando a interdependência política, econômica e social se torna mais 
estreito quando o nível educativo e de cultura se eleva; a pressão 
nacional e internacional é mais forte e os vínculos primários se 
relaxam – o homem, isolado no seio de coletividades abstratas que 
se diluem nas massas ameaçado por todos os ângulos e, todavia, 
solidário com os seus semelhantes, conhecidos ou desconhecidos, 
próximos ou longínquos – este homem desumanizado e desarmado 
busca, no conhecimento dos acontecimentos, não só uma arma 
contra as ameaças senão também um refúgio contra o isolamento 
é o tédio. (BELTRÃO, 2006, p,15).
O autor ainda nos apresenta três grupos de fatores que segundo seus estudos, 
trouxeram ao jornalismo este caráter de necessidade social, exigindo uma especialização 
maior dos jornalistas e empresas de comunicação. Listaremos a seguir os pontos mais 
importantes de cada um dos três fatores apontados.
a) Ampliação e diversificação das atividades e aumento das populações: Quando 
o homem vivia em círculo estreito, dentro de um território limitado, poderia conhecer 
as crenças e procedimentos do pequeno grupo de suas relações [...] o crescimento 
da população foi ampliando este círculo de tal modo que o cidadão se tornou incapaz 
de obter, por si só, todos os dados de que necessita para promover o seu bem estar 
e movimentar-se com precisão no meio da coletividade [...] o direito à informação 
inclui o de apreciar se a escola que vão seus filhos é boa; [...] se os medicamentos 
que compra são eficientes [...] se o carro quemaneja está em boas condições para 
guiar; se a polícia é honrada e se os juízes são incorruptíveis. 
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JORNALISMO
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b) Incremento da mobilidade social e dos meios de comunicação: A descoberta 
e emprego de meios de transporte e de comunicação, que nos permitem operar 
mais longe e mais amplamente, se por um lado deu ao indivíduo possibilidades 
de maior acúmulo de conhecimentos, por outro lhe impôs maiores problemas e 
responsabilidades porque [...] tem somente 24 horas por dia para aprender todas as 
coisas de que necessitava saber há mil anos [...] não só estes meios estão capacitados 
a levar notícias mais longe e mais rapidamente como a mobilidade da comunicação 
favorece a colheita de notícias de lugares longínquos.
c) Fortalecimento do poder político e desenvolvimento do interesse público: 
para defender-se da absorção, para não permitir que o poder político se torne um 
instrumento absolutista e despótico, para uma fiscalização eficiente das funções do 
governo e para não cair nas malhas da polícia e da justiça pela violação das leis – 
há que o indivíduo e a comunidade estarem em dia com os fatos e as ideias [...] em 
consequência desses fatores, os veículos de jornalismo precisam [...] que seja capaz 
de distinguir, na vertiginosa sucessão das ocorrências, aquelas de significação social 
que podem interferir mais ou menos fortemente na vida do cidadão comum e das 
quais precisa ser informado para sua segurança e desenvolvimento pleno de sua 
potencialidade e atividade pessoal.
Fonte: BELTRÃO (2006, pp – 15-18)
3.1 Jornalismo, essencial à vida em sociedade
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JORNALISMO
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Jornalismo é, essencialmente informação. Antes de tudo, da literatura, da história, do 
passado ou do futuro, jornalismo precisa informar, trazer fatos atuais, que despertem 
o interesse do público e fale do momento, do hoje.
Além disso, o jornalismo precisa mostrar a sociedade os impactos destas 
informações no seu dia a dia, em sua família, trabalho e relações. É preciso que os 
fatos sejam interpretados, trazendo a sociedade, além da informação, orientações e 
um direcionamento. 
Quando aumenta o combustível, a conta de energia, da água, do gás por exemplo, 
ou quando muda o preço da cesta básica, ou ainda, quando uma lei é aprovada no 
Congresso, quais serão os impactos sociais destas medidas, além da informação em si.
Talvez esteja nesta constatação, aparentemente simples, de que jornalismo é antes de 
tudo, informação, a explicação do porque o jornalismo operar diariamente, atualizando 
os fatos a cada novo dia. Para que a sociedade seja informada periodicamente, construa 
suas interpretações e juízos de valor no desenrolar dos acontecimentos, sem perder 
um detalhe da notícia e construindo uma narrativa social.
3.1.1 orientar a opinião pública
O jornalismo é exercido pela difusão do conhecimento e valendo-se de recursos 
técnicos disponíveis, o objetivo principal do jornalismo deve ser sempre levar orientação 
a opinião pública. A sociedade deve valer-se desse expediente, ao mesmo tempo em 
que se busca promover o bem comum de todos os cidadãos. 
Jornalismo é informação de fatos correntes, devidamente 
interpretados e transmitidos periodicamente a sociedade, com o 
objetivo de difundir conhecimentos e orientar a opinião pública no 
sentido de promover o bem comum (BELTRÃO, 2006, p,30).
Além das características próprias do jornalismo, atuando nas modalidades oral, visual 
e auditiva, existem alguns elementos que precisam estar presentes nas publicações 
jornalísticas, para que o objetivo de alcançar o máximo de pessoas seja alcançado e 
se consiga cumprir a função social de informar.
BELTRÃO (2006) destaca o que ele chama de atributos necessários a prática 
jornalística e para que uma publicação seja considerada veículo de jornalismo. Segundo 
o autor são seis estes atributos:
FUNDAMENTOS DO 
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1. Atualidade – jornalismo é a informação de fatos correntes, isto é, de fatos atuais. 
O passado pertence a História; o jornalismo vive do quotidiano, daquilo que passa agora 
procurando extrair do fato registrado aquilo que nele há de substancial, de perene, de 
notável, mesmo que essa substância logo se esvaia e essa perenidade valha, apenas, por 
alguns dias ou horas. A atualidade jornalística, porém, não se limita ao que ocorre sobre a 
marcha do tempo[...], mas também ao que, tendo sucedido, atua sobre a consciência do 
hoje, ao que é oportuno para ser narrado, dito, comentado ou feito agora. Esse aspecto 
da atualidade jornalística, que concilia o presente com o passado e o futuro, é o que 
assegura ao jornalismo um caráter de permanência.
2. Variedade - o jornalismo tem como finalidades essenciais informar, orientar e entreter 
o cidadão que busca [...] informar-se do novo, do imprevisto, do original e, através ou por 
causa do jornalismo, recordar do passado, do já sabido, do quase perdido nos arcanos 
da memória[...] os fatos em que se baseia a obra jornalística, aqueles que, por suas 
características e conteúdo despertam o interesses humano ou a atenção da coletividade, 
não são exclusividade de um determinado setor, de uma única pessoa, de um agrupamento, 
de uma classe ou país. Para transformar estes fatos em notícias encontra-los onde quer 
que residam [...] porque o jornalismo deve ser a mais completa síntese de tudo quanto 
interessa e reclama o organismo social.
3. Interpretação – os fatos, transformados em notícia ou comentário, não são 
divulgados no jornal sem um prévio exame por parte do agente de jornalismo. Ao jornalista 
compete julgar a sua importância, analisá-lo, sintetizá-lo, escolher e divulgar [...]de modo 
que cheguem ao leitor devidamente interpretados. A mera informação, sem um juízo que 
a valorize e interprete, faria o jornalismo sem sentido, sem ordem nem harmonia, deixando 
ao leitor o pesado encargo de procurar as razões e consequências do que acontece. A 
informação jornalística, porém, difere substancialmente da histórica [...] requerendo não 
somente bom senso, honestidade, cultura e imparcialidade por parte do agente como 
uma excepcional aptidão para aprender o centro de interesse [...] o núcleo do fato ou da 
matéria que irá utilizar.
4. Periodicidade – quanto à periodicidade, esta é a menos subjetiva, a mais formal 
das características do jornalismo, pois diz respeito aos intervalos em que se registram 
as suas manifestações. Sem a regularidade e constância das suas aparições, os veículos 
de comunicação e informação não atingiriam suas finalidades sociais. 
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5. Popularidade – a popularidade está ligada substancialmente ao problema máximo do 
jornalismo: o seu livre exercício e a sua capacidade de influir na opinião pública. O jornalismo 
deve servir a comunidade em que exerce, exprimindo os seus ideais, contribuindo para a 
realização das suas causas e soluções dos seus problemas e conflitos, advertindo-a dos 
seus erros e apontando-lhe os caminhos certos para o êxito dos seus empreendimentos. 
É uma instituição social majoritária e não de grupos ou minorias. Até mesmo práticas 
jornalísticas especializadas existe este propósito, pois a busca também é para atingir e 
beneficiar integrantes da sociedade.
6. Promoção – o jornalismo, como qualquer instituição humana, está sujeito a erros e 
imperfeições. Mas, se uma imprensa livre, rapidamente os identifica e corrige, sob pena 
de cair em descrédito perante a opinião pública. Justamente porque suas informações e 
conceitos são desprovidos de caráter imperativo, do poder de decisão e porque nascem do 
contato com a realidade quotidiana, e da captaçãode ideias e ideais da comunidade – é 
que o jornalismo desempenha missão política e social de elevada importância, servindo 
de meio de expressão à opinião pública [...] não compete ao jornalismo executar o bem 
comum, mas advertir e orientar a opinião para que esta, informada e consolidada, o realize. 
Fonte: BELTRÃO (2006, pp – 30-35)
ISTO ESTÁ NA REDE
Um excelente site para pesquisar sobre o tema é a Revista Eletrônica Jornalismo e 
Cidadania, do Grupo de Pesquisa Jornalismo e Contemporaneidade | Programa da Pós-
graduação em Comunicação da Universidade Federal de Pernambuco - PGCOM/UFPE:
Fonte: https://issuu.com/revistajornalismoecidadania/docs 
https://issuu.com/revistajornalismoecidadania/docs
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3.2 A força da informação local e regional
Nas últimas décadas passamos a ter acesso às informações praticamente em 
tempo real. Não apenas relatadas, mas transmitidas ao mesmo tempo em que 
acontecem, diminuindo fronteiras e trazendo de fato a Globalização para dentro de 
nossas residências, por meio das tecnologias de comunicação.
Se por um lado podemos acompanhar ao vivo o desenrolar de uma guerra, a 
assinatura de um acordo de paz entre as nações e um show musical no meio do deserto, 
queremos também que os fatos que acontecem ao nosso redor sejam transmitidos 
de forma rápida, se possível no momento em que acontecem.
Ao levarmos em conta critérios de noticiabilidade e valor notícia, estudados em 
disciplinas anteriores, perceberemos que as notícias mais próximas são aquelas que 
conseguem despertar maior interesse e cativar o cidadão. Importa mais saber sobre 
o buraco na rua, a lâmpada queimada, a falta de energia elétrica ou de água, do que 
a crise diplomática entre Estados Unidos e China, a erupção de vulcões na Europa ou 
a falta de vacina no continente Africano.
Não que sejamos insensíveis aos dramas das pessoas, ou que os problemas 
internacionais não afetem nossas vidas, mas os problemas locais estão a nossa 
frente todos os dias, na nossa porta, no trabalho, na padaria, nos almoços em família 
e dizem respeito a nossa realidade como sociedade.
Por este motivo, mesmo com toda proximidade trazida pela tecnologia, o cidadão não 
deixará de ter interesse pelos fatos da sua cidade e região, e exigirá que a maneira de 
ser informado também evolua, torne-se mais presente, rápida e dinâmica, se possível 
como acontece em eventos a milhares e milhares de quilômetros de sua casa. 
 
3.2.1 de qual região estamos falando
Quando falamos em informação local e regional, torna-se importante salientar que 
o conceito de região desenvolvido pela mídia, nem sempre é o mesmo conceito de 
região que desenvolve órgãos governamentais, por exemplo.
Divisões políticas e administrativas nem sempre correspondem a divisão feita pela 
mídia, quando busca trabalhar a informação. Pode existir em determinada região as 
divisões feitar por departamentos ou diretorias de Saúde, Educação, Segurança Pública, 
Polícia Militar, Corpo de Bombeiros, que provavelmente não serão as mesmas divisões 
e subdivisões elaboradas pela mídia.
Por isso, quando falamos da força midiática ou de informação de uma determinada 
região, é preciso atentar para quais cidades ou bairros, de fato, fazem parte da região 
de influência de determinadas mídias.
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Em algumas regiões, as TVs afiliadas, por exemplo, agregam suas regiões de acordo 
com dados comerciais e de abrangência do sinal de retransmissão, independentemente 
de quais regiões administrativas e políticas fazem parte.
O mesmo acontece com emissoras de rádio, que concentram suas regiões de 
audiência de acordo com a presença do sinal de suas antenas, chegando as residências, 
que podem ser diferentes das regiões administrativas, políticas e também diferentes 
das afiliadas de TV. 
Um amplo panorama das minirregiões midiáticas está contido no 
estudo comparativo A imprensa brasileira no final do século (1998). 
Ele inventaria os perfis editoriais de uma amostra representativa 
dos jornais diários que circulam nos municípios do Estado de São 
Paulo. Trata-se de um segmento da mídia bastante fortalecido, numa 
conjuntura de crise da indústria jornalística, justamente pela sua 
aderência ao espaço minirregional em que se localiza. Sem perder 
de perspectiva os signos que fluem dos espaços macrorregionais, 
nacionais ou globais, a maioria desses veículos assume fisionomia 
explicitamente glocal, coexistindo com uma parcela que ainda cultiva 
uma identidade municipalista (MELO, 2009, p, 55). 
Abaixo temos a capa de uma edição online de O Jornal da Cidade, de Marília-SP, 
que apresenta as principais notícias da cidade. 
https://jcmarilia.com.br/category/cidade/
https://jcmarilia.com.br/category/cidade/
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Ao mesmo tempo o informativo trata sobre cidades que fazem parte da região e que 
por serem municípios menores, não possuem veículos de comunicação com notícias 
locais, e são informados por meio da imprensa de cidades maiores pertencentes ao 
seu entorno.
https://jcmarilia.com.br/category/regional/
Este exemplo nos mostra que mesmo com toda tecnologia a disposição da imprensa, 
comunicação em tempo real, informação sem fronteiras por meio da Internet, o dia 
a dia do cidadão é na cidade, nos bairros, nos distritos, onde a grande imprensa não 
chega com tanta participação, e, mesmo que chegasse, não conseguiria informar com 
a mesma sintonia de quem vive o dia a dia destas cidades e regiões.
3.2.2 Cobertura dos serviços públicos com ética
Outro grande e importante diferencial que existe quando falamos em jornalismo 
regional e local é a cobertura da imprensa sobre os chamados serviços públicos. 
https://jcmarilia.com.br/category/regional/
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Segundo BELTRÃO (2006, p, 107), “dia a dia cresce a interferência do poder público 
na vida e atividade dos cidadãos [...] e igualmente se desenvolve o interesse dos 
leitores/ouvintes/telespectadores pela deliberações governamentais, leis, posturas e 
regulamentos”, diz, reforçando que os cidadãos esperam, portanto, que a imprensa, 
a mídia local repercuta e informe sobre estes acontecimentos.
Devido a isso, quase que diariamente, prefeito, vereadores, secretários, diretores e 
integrantes de escalões de prefeitura e câmara municipais encontram-se com membros 
da imprensa local em eventos, solenidades e coberturas jornalísticas.
Querendo ou não, o contato diário acaba por criar uma proximidade destes agentes 
com a imprensa, o que pode facilitar e ajudar o trabalho dos jornalistas, mas por outro 
lado trazer alguns problemas. 
As vantagens são inúmeras, pois os agentes públicos são facilmente encontrados, 
respondem as ligações ou mensagens e os temas e assuntos tratados, quase sempre 
são de conhecimento dos jornalistas ou foram passados com antecedência. 
Este contato também ajuda entrevistas mais longas, permite abordar outros temas 
que não apenas os de momento e traz ao jornalista uma interação profissional que 
dificilmente conseguiriam cobrindo serviços públicos em cidades maiores. 
Já os problemas podem estar nas relações que se criam, quando os agentes 
públicos buscam, por meio desta certa “intimidade”, ou proximidade com os donos 
dos veículos locais, ter sempre matérias positivas ao seu trabalho, buscando esconder 
o que consideram prejudicial a imagem das administrações públicas.
Importante frisar também que esta proximidade não pode transformar a imprensa 
em mero veículo de reprodução do discurso destes órgãos, é preciso linha editorial 
independente, como bem salienta o autor.
Isso não quer dizer que a imprensa deva se transformar em concorrente 
do Diário Oficial”, publicando os despachos das repartições, ocupando 
espaços inteiros commatérias que interessam a pequenos grupos 
de pessoas. Isso torna a imprensa local realmente prolixa, deserto 
de iniciativas, afogada numa onda de deferimentos. O jornalista 
consciente, diante da matéria rotineira que recebe, há de procurar 
selecionar aquelas que façam saltar as fagulhas do interesse público. 
(BELTRÃO, 2006, p, 107). 
3.2.2.1 Relação com as assessorias de imprensa
Outro aspecto que diferencia o jornalismo local e regional é a relação dos jornalistas 
dos veículos de comunicação com as assessorias de imprensa ou comunicação dos 
órgãos públicos locais. Formada por profissionais de comunicação, quase sempre 
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jornalistas, capacitados e qualificados, esta relação torna-se ao mesmo tempo próxima 
e profissional, o que contribui para os dois lados.
Muitos jornalistas que ocupam cargos em assessorias nas pequenas e médias 
cidades já ocuparam lugares também nos veículos de imprensa e jornalistas contratados 
pelas mídias locais, também já trabalharam por determinados períodos em assessorias. 
Esta mediação feita por jornalistas entre o poder público e a sociedade é um modelo 
que o Brasil implantou com sucesso e hoje ajuda a transformar em uma linguagem 
simples e acessível à toda população, o emaranhado de leis e códigos existentes na 
administração pública, como esclarece o autor abaixo.
O Brasil construiu um modelo singular de comunicação entre as 
empresas, o governo, os movimentos populares e a sociedade 
civil, mediado pela mídia, cuja eficácia profissional conquista 
inegável credibilidade pública. O segredo do sucesso está́, sem 
dúvida, na escolha dos agentes mediadores. Enquanto nos países 
metropolitanos os profissionais da persuasão (publicitários, mercado 
logos ou relações públicas) se interpõem entre os jornalistas e as 
fontes noticiosas, essa função tem sido aqui desempenhada pelos 
profissionais da informação. São jornalistas que se colocam do outro 
lado do balcão, na tentativa de facilitar o trabalho de apuração dos 
acontecimentos. (MELO, 2009, p,235). 
ISTO ACONTECE NA PRÁTICA
Mesmo estando há décadas ocupando cargos em assessorias, jornalistas ainda são 
questionados se estão fazendo jornalismo. O Portal Comunique-se traz luz a este 
instigante debate. Vale muito a leitura desse artigo disponível na internet.
https://www.comunique-se.com.br/blog/afinal-assessor-de-imprensa-e-jornalista/
https://www.comunique-se.com.br/blog/afinal-assessor-de-imprensa-e-jornalista/
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AULA 4
IMPRENSA X EMPRESA 
Mas é você que ama o passado E que não vê,
É você que ama o passado E que não vê
Que o novo sempre vem
(Como Nossos Pais – Belchior, 1976)
https://cdn.pixabay.com/photo/2021/10/10/18/59/online-6698352_960_720.png
Como diz o cantor e compositor Cazuza, em uma de suas mais famosas músicas, 
“O tempo não para”. Sobre o tempo, Caetano Veloso também escreveu, na música Força 
Estranha que, “O tempo não para, e, no entanto, ele nunca envelhece”.
Estas duas frases nos mostram como o passar dos anos é cruel para o que já 
se estabeleceu, pois, quando tudo parece acomodado, surge o novo e reorganiza a 
ordem das coisas.
Está sendo assim com o jornalismo, após o surgimento da Internet e a chamada 
revolução tecnológica e de comunicação. Está sendo assim com o modelo de negócios 
da Mídia, as narrativas e o monopólio da notícia. Com sua longa experiência em 
jornalismo e na produção diária de notícias, DINES (2009) já antevia esta revolução.
https://cdn.pixabay.com/photo/2021/10/10/18/59/online-6698352_960_720.png
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A história se altera em movimentos pendulares e a comunicação se 
desenvolve, ao longo dela, de forma idêntica [...] aplicando-se o princípio 
do desenvolvimento pendular à comunicação, percebem-se nele tempos 
distintos: O primeiro ocorre quando se inventa ou se aperfeiçoa um 
veículo; nesse momento ele é seletivo, porque desconhecido. Depois 
de divulgado o seu uso, torna-se massificado para, finalmente, em nova 
fase, e evitando o desgaste, acomodar-se e conter-se outra vez [...] assim, 
cada veículo começa de forma restrita pelo simples fato de apresentar a 
introdução de nova tecnologia, desenvolve-se até converter-se, pelo uso, 
em veículo de massa para, depois, buscar audiências novamente restritas 
e dirigidas, porque o homem sempre procura uma forma singular de 
existir dentro do grupo [...] Acontece com a comunicação o mesmo que 
ocorreu com outras tecnologias, como a aviação, que nos seus setenta 
anos de existência sofreu alterações mais radicais do que o navio nos 
seus milênios de vida (DINES, 2009, p, 59). 
Por isso, para sobreviver e manter-se, credibilidade é palavra central para a imprensa. 
E existem inúmeros fatores para atestar e explicar a credibilidade de um veículo de 
comunicação. Podem ser fatores subjetivos, culturais ou conjunturais, levando-se em 
conta momentos por que passa a sociedade e sua relação com o jornalismo.
Mas é inegável que produzir conteúdo confiável e correto torna-se, além de obrigação 
e eticamente desejável, premissa que garante a confiança da sociedade em um veículo 
de comunicação, transformando esta confiança em respeito e novos leitores, ouvintes 
e telespectadores.
Segundo ZANCHETTA (2004), existem procedimentos específicos adotados pela 
imprensa visando a conquista de respeitabilidade, novos consumidores e anunciantes, 
que segundo o autor, são elementos imprescindíveis para independência da linha 
editorial e obtenção de mais recursos por meio dos anunciantes:
a) Utilização de estratégias de comunicação que conferem objetividade às informações;
b) Abrangência, atualidade, dinamismo e atenção diante de um universo amplo de 
questões sociais; 
c) Simultaneidade, ou seja, sugerir que o veículo de comunicação dispõe das 
informações possíveis acerca dos fatos; 
d) Imparcialidade - há necessidade de apresentar distanciamento, observando e dando 
espaço aos diversos agentes ou ângulos que interferem em determinado fato; 
e) Concretude – a seleção de elementos para compor as notícias mostra-se 
desapaixonada e ancora-se em dados e aspectos visíveis, concretos, de algum 
modo observáveis; 
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f) Apuro na linguagem – mantem-se a ideia clássica de que a expressão em linguagem 
culta é prova da correção da própria mensagem;
Fonte: ZANCHETTA, 2004, p, 12-13
Para o jornalista Alberto Dines (2009), a relação entre jornalistas e empresa jornalística 
era diferente, pois o diretor ou proprietário de um veículo de comunicação era jornalista, o 
que, segundo o autor, facilitava o trânsito entre linha editorial, departamento financeiro e 
independência. Com o passar do tempo Dines vê cada vez mais o empresário ocupando 
o lugar do jornalista nas tomadas de decisões.
“Até poucos anos atrás, o diretor proprietário do jornal era jornalista, 
o que facilitava ou até mesmo dirimia a questão, pois a prioridade era 
naturalmente concedida a criação de um grande órgão, ainda que as 
finalidades posteriores pudessem ser, para alguns, menos límpidas. 
Hoje, com as vultosas somas que envolvem o empreendimento 
jornalístico, ou por uma questão de sucessão, a nova liderança 
nos empreendimentos jornalísticos passa a ser assumida pelo 
“empresário” de comunicação. (DINES, 2009, p,125).
4.1 Financiamento
Como dissemos anteriormente, para que existam níveis maiores de independência 
jornalística e editorial, é preciso também que exista independência, ou no mínimo, 
estabilidade financeira, no sentido de consolidar as boas práticas jornalísticas.
Segundo o professor Mário Messagi Junior, da Universidade Federal do Paraná 
(Portal Imprensa, https://portalimprensa.com.br, 2020), “O jornalismo no Brasil [...] 
sempre manteve relação com o poder estatal,como principal fonte de financiamento. 
Veículos brigam por subsídio e governos brigam por espaço na mídia, em uma relação 
que [...] precisa ser urgentemente combatida”. 
A expressão homem de negócios passou a fazer parte da rotina das redações e 
direção das empresas de comunicação, trazendo ao setor uma nova realidade, que para 
muitos tornou-se prejudicial ao segmento, colaborando também, ao lado do surgimento 
da internet e novas tecnologias de comunicação, por instaurar uma crise internacional 
da mídia, perceptível de forma mais clara na virada do século XX para o XXI. 
Buscando reconquistar parte da credibilidade perdida por tantas mudanças e 
interferências externas e a concorrência proporcionada pela Internet, o jornalismo inicia 
este novo século buscando nas origens do jornalismo, na raiz do que deve permear 
https://portalimprensa.com.br
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sempre a comunicação, a essência da relação entre jornalismo e sociedade. Segundo 
DINES (2009), o segredo pode estar em os grandes, olharem para os pequenos, onde 
a proximidade com seu público e a sociedade continua presente e ativa.
O crescimento empresarial e comercial, e a conquista de prestígio por parte de 
empresas de comunicação e os próprios jornalistas precisa ser visto com cautela, 
pois ao mesmo tempo em que se conquistam espaço e respeito junto a sociedade, 
tudo pode ser perdido pela proximidade com o poder, a vaidade e as tentações.
Um grande jornal sempre deve comportar-se como se fosse um 
pequeno jornal. Não apenas por uma questão de humildade, mas 
também em função da preservação de seus princípios. Se um 
dirigente de jornal, ou alguém do escalão que o represente disser, em 
tom de desculpa: “ afinal, há grandes interesses em jogo...”, podemos 
concluir que estamos num grande jornal que já se esqueceu dos dias 
em que foi pequeno.
O mesmo processo ocorre dentro de uma empresa jornalística. 
Enquanto pequeno e ágil, todos dentro do jornal lutam para conquistar 
novas posições e, assim, o empreendimento se desenvolve e projeta. 
Mas quando o destaque é alcançado, amarram-se ao imobilismo, 
pois ninguém quer arriscar as posições conquistadas (DINES, 2009, 
p, 126).
4.1.1 Modelo de negócio
Com tantas mudanças trazidas ao jornalismo nas últimas décadas, seria inevitável 
que o modelo de negócio do jornalismo também fosse afetado, desestabilizando um 
certo equilíbrio existente e sedimentado. 
Na busca por reconquistar espaço editorial, financeiro e audiência, muitas estratégias 
são tentadas, mas é importante que se busca uma forma que, além de tornar o negócio 
jornalismo rentável novamente, se mantenham os valores da instituição e a relação 
de credibilidade que deve existir com a sociedade. 
Outro ponto importante é que os órgãos ou veículos de comunicação precisam 
permanecer sob comando e orientação de profissionais do jornalismo, resistindo 
as facilidades que podem advir de uma transformação do veículo em instituição de 
informação, misto de imprensa oficial com jornalismo “chapa branca”.
A crise do modelo de negócio passa pela forma como o jornalismo tradicional se 
financia, pois, a publicidade das empresas começa a buscar novos caminhos, com 
maior autonomia para investir em publicidade própria, sem precisar atrelar este modelo 
ao modelo do jornalismo tradicional.
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Por outro lado, a imprensa, como a televisão por exemplo, que tem sua programação 
exibida em grade fixa, com horários pré-determinados, enfrenta a maior liberdade 
proporcionada pela internet, onde o cidadão escolhe como e quando interagir e assistir 
seus programas.
O modelo tradicional, que buscou subsidiar para os consumidores seu conteúdo 
por meio da publicidade e financiamento público, tornando acessível a milhões de 
pessoas, por preços baixos ou até de forma gratuita o consumo do jornal, revistas, 
TV aberta e a programação de rádio começa a ser repensado.
O impresso, circulando cada vez mais on-line, abandonou o meio físico do papel 
e busca, através da internet e suas plataformas, manter o espaço publicitário e de 
audiência conquistado há pelo menos um século. 
Segundo dados do site Consultor Jurídico, a “Circulação de jornais impressos no 
Brasil teve queda de 13,6% neste ano de 2021” (https://www.conjur.com.br/2021-
nov-08/circulacao-jornais-impressos-pais-queda-136-2021). Em uma reportagem 
sobre o assunto, com base no IVC, o site selecionou dez dos principais veículos de 
comunicação do país — Folha de S.Paulo, O Globo, O Estado de S. Paulo, Super Notícia 
(MG), Zero Hora (RS), Valor Econômico, Correio Braziliense (DF), Estado de Minas, 
A Tarde (BA) e O Povo (CE) — para fazer um diagnóstico da situação do jornalismo 
impresso brasileiro e constatou que o quadro é dramático.
https://www.conjur.com.br/img/b/grafico-poder-360.jpeg
O site destaca por exemplo o Super Notícia, líder em tiragens, com média diária de 
80.608 exemplares e que teve uma queda de 19% entre as publicações pesquisadas. 
Outro exemplo é A Folha de S. Paulo, que imprime atualmente 55.373 exemplares 
por dia e que em épocas anteriores, superou 1 milhão de exemplares aos domingos. 
https://www.conjur.com.br/2021-nov-08/circulacao-jornais-impressos-pais-queda-136-2021
https://www.conjur.com.br/2021-nov-08/circulacao-jornais-impressos-pais-queda-136-2021
https://www.conjur.com.br/img/b/grafico-poder-360.jpeg
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Por outro lado, é possível enxergar uma luz no fim do túnel, com o crescimento da 
circulação on-line. Segundo dados analisados também pelo site Consultor Jurídico, 
os números são os seguintes: 
Um consolo para as empresas de comunicação é que os efeitos dessa 
queda na circulação dos jornais são amenizados pelo crescimento 
do consumo das versões digitais dos veículos. A subida foi de 6,4% 
em setembro, em comparação com dezembro de 2020. No ranking 
de assinaturas digitais pagas, a Folha é a líder, com 302.880, seguida 
por O Globo, com 301.779 — esses jornais cresceram 8,9% e 14,5% 
neste ano, respectivamente. Na lista de circulação total, em que são 
somados os leitores das versões impressa e digital, O Globo é o líder, 
com 372.061 assinaturas. Até o ano passado, a Folha (358.253) era 
a primeira colocada nesse quesito (https://www.conjur.com.br/2021-
nov-08/circulacao-jornais-impressos-pais-queda-136-2021).
https://www.conjur.com.br/img/b/grafico-poder-3601.jpeg
Olhando para estes números, de queda na circulação, é preciso pensar também 
que a preocupação de hoje não deve ser apenas com a liberdade de imprensa, mas 
também a liberdade das empresas, em manter-se viáveis comercialmente.
O modelo atual é um modelo de negócio que se desenvolveu subsidiando o jornalismo 
por verbas publicitárias e verbas públicas, proporcionando grandes tiragens e audiência, 
com valor baixo para o público. O momento agora é de buscar manter a autonomia 
empresarial, mantendo também a estrutura.
https://www.conjur.com.br/2021-nov-08/circulacao-jornais-impressos-pais-queda-136-2021
https://www.conjur.com.br/2021-nov-08/circulacao-jornais-impressos-pais-queda-136-2021
https://www.conjur.com.br/img/b/grafico-poder-3601.jpeg
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O problema dos compromissos públicos de um jornal leva a análise 
de sua organização interna. Um jornal isento e independente 
pressupõe uma estrutura interna harmônica e liberal, sobre o qual 
pode ser apoiada essa atitude [...] até a década de 1950, no Brasil, o 
sistema dominante era o do jornalista-proprietário da empresa, mola 
central do processo jornalístico. A exceção surgia nos casos em 
que os proprietários mais ligados à atividade política ou econômica 
delegavam o comando a um profissional (DINES, 2009, p, 128).
Hoje a situação é outra, pois vemos muitos financiadores

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