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Literaturas em Língua Inglesa

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Literaturas em Língua Inglesa 
APRESENTAÇÃO 
 
CURRÍCULO LATTES 
 
Professora Mestre Sâmia Letícia Cardoso dos Santos 
 
● Doutoranda em Letras pela Universidade Estadual de Maringá (UEM); 
● Mestre em Letras pela Universidade Estadual de Maringá (UEM); 
● Especialista em Neuropedagogia pelo Instituto Faculdade de Tecnologia do Vale 
do Ivaí; 
● Especialista em Tecnologias Aplicadas ao Ensino a Distância pelo Centro 
Universitário Cidade Verde (UniFCV); 
● Graduada em Letras Português-Inglês pela Universidade Estadual de Maringá 
(UEM); 
● Professora do Ensino Básico. 
 
Currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/3482945991061023 
 
Possui ampla experiência na área educacional, desde o Ensino Fundamental até o 
Superior. Atualmente, é professora da rede pública e privada de ensino. 
 
Professor Fábio Henrique Cardoso da Silva 
● Graduado em Letras pela Universidade Estadual de Maringá (UEM); 
● Pós-graduado em Especialização em Ensino e Aprendizagem de Línguas – UEM 
– Turma 2017 – 2019; 
● Professor do Ensino Básico. 
 
Currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/1689935044122952 
Possui vasta experiência na área educacional, incluindo educação infantil e anos do 
ensino fundamental e médio. Atua há vários anos como professor nos sistemas de ensino 
da Oxford University Press e International School. 
APRESENTAÇÃO DA APOSTILA 
 
http://lattes.cnpq.br/3482945991061023
http://lattes.cnpq.br/1689935044122952
Seja muito bem-vindo(a)! 
 Prezado(a) aluno(a), é uma alegria tê-lo(a) na disciplina de Literaturas em Língua 
Inglesa e convido-o(a) a juntos irmos em busca de compreender a importância da 
literatura inglesa para nós, professores, bem como para nossos alunos. Para isso, na 
Unidade I, conheceremos brevemente a história da língua inglesa, em seguida, 
estudaremos o maior escritor do seu período histórico, William Shakespeare. Para 
finalizar essa unidade, discutiremos, mais especificamente, sobre as tragédias e as 
comédias. 
 Na Unidade II, apresentaremos a literatura no século XVIII. Para isso, compreenderão 
A Inglaterra na transição do século XVII para o século XVIII, posteriormente, a 
Restauração e, por fim, estudaremos a ascensão do romance e os pré-românticos 
 Em seguida, na Unidade III, demonstraremos as características do romantismo e o 
quanto o homem passa a ser compreendido como um ser passível de incompreensões, 
falhas e sentimentos e não mais a racionalidade exacerbada do período clássico. Depois, 
diferenciaremos as gerações de artistas românticos que surgiram e discorreremos sobre 
os diversos artistas que fizeram do romance o grande movimento estético da literatura 
inglesa no século XIX. Para finalizar, adentraremos no período vitoriano e na ascensão 
da prosa sobre a poesia. A popularização das obras e o quanto elas foram responsáveis 
por descrever e criticar a sociedade da época. 
 Por fim, na Unidade IV, apresentaremos o século XX e seus extremos. É importante 
que conheçamos os fatos mais importantes da política e da sociedade do século, pois 
esta é decisiva para a produção artística e literária do período. Não há como dissolver 
os aspectos, uma vez que os autores deste momento buscam se aproximar dos fatos e 
da realidade de sua época. 
Muito obrigado e bom estudo! 
 
UNIDADE I 
DOS PALCOS ELISABETANOS À ASCENSÃO DO ROMANCE NA SOCIEDADE 
BURGUESA 
Professora Mestre Sâmia Cardoso 
Professor Especialista Fábio Cardoso 
 
 
Plano de Estudo: 
● A língua inglesa; 
● William Shakespeare; 
● As tragédias; 
● As comédias. 
 
 
Objetivos de Aprendizagem: 
• Conceituar e contextualizar a importância da língua inglesa; 
• Compreender os tipos de textos trágicos e cômicos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
Olá, caro(a) estudante, 
 
Nesta unidade estaremos juntos para adentrar aos palcos da arte shakespeariana 
e só sairemos de lá quando percebermos que alcançamos um pouco do entendimento 
que Shakespeare foi para o mundo. 
Assim, faz parte do conteúdo desta disciplina, inicialmente, refletir sobre a língua 
inglesa e seu surgimento em ambientes pouco favoráveis para seu florescimento. 
Buscaremos compreender a influência das invasões para determinar a língua inglesa 
como conhecemos hoje. 
Em seguida, demonstraremos a importância do autor Shakespeare para as artes 
cênicas e a contribuição desse para o cenário mundial. Também é de interesse desta 
unidade discutir sobre a contribuição do autor na consolidação da língua inglesa como 
conhecemos hoje. A popularização de termos, os neologismos criados pelo poeta inglês 
atualmente é considerado um marco para a difusão da língua inglesa inclusive pelo 
mundo. 
Após as reflexões sobre a linguagem, falaremos sobre as obras clássicas de 
William Shakespeare. Inicialmente, conceituaremos os gêneros teatrais trágico e cômico, 
enfatizando sua importância para a literatura mundial. Então, passaremos a discorrer 
sobre as principais obras trágicas e como Shakespeare tornou-se a principal influência 
do teatro inglês. Então, analisaremos as comédias e sua importância para o cenário da 
literatura inglês do século XVI. 
Esperamos que esta unidade seja de intenso aprendizado e prazerosa ao 
momento em que discutimos a genialidade imortal shakespeariana. 
Tenha bons estudos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
1 A LÍNGUA INGLESA 
 
 
A Língua Inglesa é um idioma da família das línguas germânicas e o surgimento 
do idioma está associado às primeiras invasões dos Anglos, Saxões, Jutos e Frisios que 
vieram das regiões que hoje correspondem à Holanda, à Alemanha e à Dinamarca. Com 
a invasão da Grã-Bretanha dos Frísios, dos Saxões e dos Jutos, essas línguas passaram 
a ter contato com os povos do local à época, os Celtas. 
Os primeiros manuscritos em inglês não foram sequer escritos em alfabeto 
romano, mas em alfabeto rúnico, uma vez que esta era a forma de escrita predominante 
no norte europeu à época. Existem registros de que o mais antigo desses registros seja 
o do poema Beowulf. 
 
Figura 1 - Primeiro manuscrito em Língua Inglesa 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: 
Wikimedia, 
Possivelmente no século VIII 
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/c/c1/Beowulf_Cotton_MS_Vitellius_A_XV_f._132r
.jpg/1200px-Beowulf_Cotton_MS_Vitellius_A_XV_f._132r.jpg 
 
 
O poema escrito em alfabeto rúnico é uma narrativa dos atos heróicos de Beowulf, 
um herói que auxilia o rei da Dinamarca, Hrothgar, a combater Grendel, um monstro que 
constantemente ataca o reinado. O texto épico narra os grandes feitos do personagem 
ao eliminar os perigos e salvar o reino. 
Apesar de ser possível estabelecer um momento de início de produção escrita 
para o desenvolvimento da Língua Inglesa, uma das grandes dificuldades se dá devido 
à escassez de documentos que mostrem como a língua era escrita naquela época. Ainda 
assim, com o que temos é possível percebermos a pronúncia, o alfabeto, e as mudanças 
do inglês antigo para aquele que é considerado moderno. 
 
Os diversos dialetos existentes na Grã-Bretanha são responsáveis pelas 
mudanças graduais, pelas quais o inglês passou, como a mudança das vogais entre 
encurtamento, alargamento ou modificação de sua realização, tudo isso dado à maneira 
em que foram escritos. 
Como os dialetos são tratados em textos escritos, perde-se a precisão exata de 
suas mudanças, já que se lida com os aspectos orais da linguagem, porém as suposições 
são feitas a partir dos manuscritos já encontrados e as transformações ali percebidas. 
Com o passar dos anos, os anglo-saxões começam a abandonar a Grã-Bretanha e os 
primeiros documentos escritos começam a surgir em inglês antigo, o que inaugura uma 
nova fase de inglês, que é conhecida como Inglês Médio. 
Nesse período, diversas transformações ocorreram como de vocabulário, 
gramática e pronúncia. Entre osséculos 12 e 15, pode-se destacar diversos fatores que 
podem ser considerados importantes para as mudanças que ocorrem na língua. Fatores 
socioculturais nesse longo intervalo de tempo são decisivos para estabelecer a transição 
entre o inglês antigo e médio. 
Em 1066 ocorre a Batalha de Hastings e é esse marco que acaba sendo 
considerado um fator histórico importante para determinar essa transição. Já que a partir 
dela, há a invasão dos normandos e grandes mudanças sociais, econômicas e políticas 
acontecem na Inglaterra e, evidentemente, impactam no idioma, trazendo 
principalmente, a presença do francês como uma importante característica. A 
incorporação vocabular de palavras francesas, sobretudo as ligadas à aristocracia, como 
“baron, duke, viscount, prince” e as pedras preciosas, como “diamond”, “emerald”, 
“amethyst”, “ruby”, evidenciam a mudança vocabular ocorrida na época. 
De acordo com Medeiros, 
 
No entanto, o ano de 1066 marca uma profunda transformação na história 
britânica: os normandos, vindos do norte da França, invadem a ilha e promovem 
grandes transformações naquele espaço. Há que se salientar que eles vêm para 
ficar e tentar impor a sua própria cultura. Dessa forma, a nobreza francesa 
toma o lugar da inglesa e faz do francês a língua oficial da corte, permanecendo 
o latim como o dialeto clerical por excelência. (MEDEIROS, 2012, p. 215) 
 
Um outro exemplo significativo é o que representamos pela letra “th”. No inglês 
antigo ela tinha por nome “thorn”, porém ao passar do tempo, vai se transformando e 
 
passa a ser escrito neste período como se fosse um “y”. Atualmente é possível que 
alguns lugares mantenham essa grafia para reverenciar esse período histórico de 
transformação da língua. 
 
Figura 2 - Grafia antiga para “th” Figura 3 - Grafia antiga para “th” 
 
Fonte figura 2: Visit London, 2021. 
Disponível em: 
https://www.visitlondon.com/things-to-do/food-and-drink/pub-and-bar/best-rooftop-bars. Acesso 
em: 05 nov. 2021. 
 
Fonte figura 3: Wikimedia Commons, 2021. Disponível em: 
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Ye_Olde_London_-_panoramio.jpg. Acesso em: 05 nov. 
2021. 
 
Ainda em processo de evolução para a chegada da língua como conhecemos 
hoje, temos um importante autor que é considerado um marco para os estudos da língua 
inglesa e é essencial para se tê-la como conhecemos hoje. Trata-se de Geoffrey 
Chaucer. 
O aspecto que mais chama atenção em Chaucer é a forma como ele retrata o 
comportamento das pessoas na Inglaterra daquela época, demonstrando o dia a dia das 
ações em diferentes contextos na Europa Medieval. Sua mais importante contribuição é 
com “The Canterbury Tales” (Os Contos da Cantuária). 
Uma marcante característica das obras de Chaucer se dá pela forma como ele 
registrava as palavras. Muitas delas possuíam um “e” final, no qual os estudos modernos 
 
sobre os estudos de Chaucer e a língua inglesa questionam se esta vogal final era 
pronunciada, ou não, e se era, qual forma essa pronúncia se dava. 
Ao analisarmos os textos desse período, percebemos que a mesma palavra era 
grafada de diversas maneiras e esse fator revela que havia a presença de diversos 
dialetos. Por exemplo, o verbo “might” que foi grafado em diferentes textos como: “maht”, 
“mahte”, “mayhte”, “mihhte” etc. 
Em relação à gramática, temos o início de transformações que nos oferecem 
pistas de eventos que ocorrem, até mesmo, hoje em dia no inglês moderno, como é o 
caso do infinitivo e das flexões negativas. Apesar da influência normanda na época, o 
latim permanece sendo incorporado ao vocabulário, principalmente, na área jurídica, na 
alimentação, como “client”, “solo”, “tolerance”, "immortal', “exclude”, “beef” etc. 
Assim, vemos que devido a todo o histórico de invasões e de transformações 
impostas, pelas modificações socioculturais sofridas pela Grã-Bretanha, o inglês foi se 
modificando, passando de uma manifestação multicultural no período antigo, para uma 
influência mais centralizada dos normandos (franceses) a partir do que se considera 
como período do inglês médio. Nesse período, também, o latim passa a exercer grande 
influência sobre a língua inglesa. 
 Dessa forma, chegamos ao século XVI e a William Shakespeare e sua importante 
contribuição para o estabelecimento do inglês moderno. Sua obra é considerada 
essencial para a disseminação do inglês pelo mundo e é o que veremos a seguir. 
 
 
 
 
 
 
2 WILLIAM SHAKESPEARE 
 
É completamente impossível dissociar a história da Língua Inglesa e sua 
disseminação pelo mundo ao status de língua global de William Shakespeare. Um dos 
maiores dramaturgos e poetas do mundo nascido no século XVI, o autor produziu 
centenas de obras que são adaptadas para os dias atuais. 
William Shakespeare nasceu em Stratford em 1564, filho de família abastada, 
sendo o filho mais velho homem de seus pais. Estudou em excelentes escolas, porém 
não frequentou nenhuma universidade ao término dos estudos básicos. 
No início de sua juventude, Shakespeare já alcançava o sucesso por meio de suas 
obras. Conhecido principalmente por causa de suas poesias, o autor encantava o público 
inglês com a forma pela qual descrevia o amor. 
É importante ressaltar que esse período ficou marcado pelas navegações e o 
grande tráfego de pessoas vindas de diversas localidades da Europa e das Américas. 
Esse movimento popularizou a leitura e acabou unificando o processo de escrita para 
uma construção mais uniforme. 
Shakespeare pode ser considerado um dos grandes responsáveis dessa 
uniformização da língua escrita e, consequentemente, padronizando alguns conceitos da 
Língua Inglesa, já que o autor passa a ser lido, cada vez mais, por mais pessoas, sendo 
elas de diferentes realidades socioeconômicas. 
As realizações culturais shakespearianas durante o período eram amplamente 
incentivadas naquele momento histórico inglês. À época, Rainha Elisabeth I incentivava 
e valorizava o desenvolvimento artístico e cultural na sociedade inglesa, período este no 
qual as produções teatrais pertenciam àquilo que se é conhecido como teatro 
elisabetano. 
As obras do autor são consideradas atemporais, ou seja, resistem ao tempo 
porque não falam sobre um conflito que descreve um problema datado ao contexto 
histórico de sua época ou sociedade, por exemplo, mas, sim, da natureza humana. Isso 
posto, a obra de Shakespeare pode ser lida em qualquer contexto e em qualquer época 
que faça sentido, pois se trata de verdades universais, por isso, são sucessos até hoje. 
 
Shakespeare brincou com as palavras e criou novas palavras atualizando o 
vocabulário, adicionando novas palavras e sentidos para as que já existiam. Essa 
característica leva muitos pesquisadores a acreditar que o autor incorporava palavras 
em seu texto por meio da observação da língua em ação pelos lugares ao qual passava, 
registrando, assim, realizações vivas da língua inglesa na época. 
É importante ressaltar que a Língua Inglesa só se tornou o idioma oficial da 
Inglaterra em 1509, ou seja, ainda era recente quando Shakespeare produziu suas 
obras, porque entre seu estabelecimento como língua oficial até as produções do autor 
não existiam regras fixas de gramática que fossem padronizadas. A unificação da língua 
era um desafio devido aos diversos dialetos presentes em toda Grã-Bretanha. 
Como já discutido, as obras de William Shakespeare são universais e contam com 
adaptações no mundo todo, até mesmo, em produtos mais simples do que o próprio 
gênero teatral, por exemplo, no Brasil a novela O Cravo e A Rosa, de 2000, que foi 
baseada na obra “A Megera Domada” (The Taming of the Shrew). 
As obras clássicas mais conhecidas do autor são Hamlet, Macbeth, Sonho de 
Uma Noite de Verão (A Midnight Summer Dream) e Romeu e Julieta (Romeo and Juliet). 
Sua contribuição para a disseminação do idioma inglêspelo mundo, sendo hoje tão 
importante para a vida em sociedade, será sempre lembrado. 
 
Figura 4 - Hamlet 
Figura 5 - Sonho de uma noite de verão 
Figura 6 - Romeu e Julieta 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte figura 4: https://www.prateleiradecima.com/wp-
content/uploads/2019/10/b164aa10953207.560ef1bcba0e7.jpg 
 
Fonte figura 5: https://image.slidesharecdn.com/amidsummersnightdream-senem-sava-mervet-
140526181857-phpapp01/95/a-midsummer-nights-dream-1-638.jpg?cb=1401128506 
 
Fonte figura 6: https://m.media-amazon.com/images/I/51S3SRAdylS.jpg 
https://www.prateleiradecima.com/wp-content/uploads/2019/10/b164aa10953207.560ef1bcba0e7.jpg
https://www.prateleiradecima.com/wp-content/uploads/2019/10/b164aa10953207.560ef1bcba0e7.jpg
https://image.slidesharecdn.com/amidsummersnightdream-senem-sava-mervet-140526181857-phpapp01/95/a-midsummer-nights-dream-1-638.jpg?cb=1401128506
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https://m.media-amazon.com/images/I/51S3SRAdylS.jpg
 
 
3 AS TRAGÉDIAS 
 
Shakespeare, como vimos no tópico anterior, foi o responsável por grandes 
transformações, até mesmo, na língua inglesa e, em como a conhecemos atualmente. 
Neste tópico, vamos discorrer sobre as tragédias shakespearianas e sua importância 
para a consolidação da literatura inglesa. 
Inicialmente, é importante conceituarmos a ideia de tragédia para também nos 
prepararmos para o tópico seguinte, ao qual se trata da comédia. O termo tragédia está 
ligado a um gênero literário e artístico com o mesmo nome. É, portanto, inserido a obras 
as quais as ações são fatais e causem comoção, espanto e compaixão. 
 Nas tragédias, os personagens principais confrontam diversas situações difíceis 
ao longo da vida e uma dessas ações geralmente os levam à morte ou à destruição 
moral. Existem algumas tragédias em que os personagens conseguem superar as 
adversidades, mas, claramente, aquelas em que eles são destruídos ou mortos 
compõem o ideário de tragédia. Essa é uma das diferenças entre a tragédia grega e 
shakespeariana, pois com o autor inglês, os heróis são senhores de seu destino 
enquanto na tragédia grega esses não conseguem escapar. 
 William Shakespeare escreveu onze tragédias. Ainda no século XVI, sua obra 
Romeu e Julieta fez parte das primeiras obras escritas pelo autor. Alguns críticos 
divergem em relação à grandiosidade das primeiras obras do inglês - Tito Andrônico, 
Romeu e Julieta e Júlio César - porque consideram que essas ainda não captam o 
essencial do autor, que é a compreensão do ser humano. 
 É evidente que os críticos assim fazem porque conseguem comparar as obras de 
Shakespeare numa totalidade e, assim, podem apontar similaridades ou discordâncias 
entre os textos. Dessa forma, as principais tragédias do autor seriam Hamlet, Otelo, Rei 
lear, Macbeth e Antônio e Cleópatra, já que, aqui, temos uma compreensão humana total 
e definitiva, além de heróis imortais. 
 Passaremos, então, para uma sinopse de algumas obras dramáticas 
shakespearianas feitas por Renata Celi (2020) 
 
 
- Romeu e Julieta: a tragédia mais famosa do autor conta a história de dois jovens 
de famílias inimigas que se apaixonam, Julieta Capuleto e Romeu Montéquio. É 
uma das obras mais adaptadas de todos os tempos, tendo ficado conhecida por 
seu final trágico, em que os amantes se suicidam; 
- Rei Lear: mais uma tragédia, considerada por muitos uma das obras-primas de 
Shakespeare. Inspirada em lendas britânicas, conta a história do Rei Lear da Grã-
Bretanha, que enlouquece após ser traído por duas de suas três filhas ao dividir 
seu reino entre elas; 
- Macbeth: tragédia sobre o barão e a baronesa Macbeth, que bolam um plano para 
assassinar o rei e subir ao cargo. Mas as consequências do crime são brutais para 
o novo rei, que não consegue viver com sua decisão gananciosa; 
- Hamlet: a tragédia mais longa e uma das mais famosas de Shakespeare conta a 
história da vingança do príncipe Hamlet pela morte de seu pai, executado por seu 
tio. A peça explora temas como a vingança, a traição, a corrupção e a moralidade 
das ações de Hamlet.; 
- Júlio César: uma das tragédias baseadas em personagens históricos, o autor 
reconta a conspiração contra Júlio César, imperador de Roma. Apesar do nome, 
Júlio César, não é o personagem principal da peça, sendo o protagonista um 
amigo do imperador que retrata sua amizade com ele. É dessa obra que saiu a 
famosa frase: “Até tu, Brutus?”, que se refere a um dos assassinos de César; 
- Otelo: uma das peças mais reproduzidas de Shakespeare, Otelo retrata o drama 
de quatro personagens: o general Otelo, sua esposa Desdêmona, o tenente 
Cássio e o oficial Iago. A história gira em torno da rivalidade entre eles, gerando 
traições, ciúme e assassinatos; 
- Ricardo III: tragédia sobre o Rei Ricardo III da Inglaterra, baseada em fatos reais. 
É a segunda maior peça de Shakespeare e raramente é apresentada em sua 
versão integral. Conta a história de como Ricardo III subiu ao trono e seu curto 
reinado. 
 
 
 Após compreendermos sobre a importância de Shakespeare no cenários das 
tragédias e como sua contribuição foi importante para a difusão do inglês pelo mundo, 
passaremos a observar a importância do autor para as comédias já no tópico seguinte. 
 
 
4 AS COMÉDIAS 
 
Assim como nas tragédias, William Shakespeare fez história nas comédias 
também. Inicialmente, conceituaremos o gênero comédia. 
Nascida em contraposição ao drama, a comédia foi responsável pela 
consolidação do teatro da Grécia Antiga. Nesse período, as artes cênicas, aliadas à 
literatura, floresceram e se tornaram importante expressão artística. 
Enquanto o drama, por meio das tragédias, falava sobre o cotidiano e a política 
de forma trágica, a comédia versava sobre erros de heróis e deuses gregos, tirando os 
leitores e espectadores de suas zonas de conforto ao serem confrontados por situações 
inesperadas. As comédias de modo geral eram mais próximas do público, pois permitiam 
maior interação com este, que se identificava com as dificuldades e sucessivos erros 
apresentados. 
William Shakespeare escreveu doze comédias e alguns estudiosos estabelecem 
entre elas um certo nível de qualidade, considerando algumas mais geniais que outras. 
Ainda assim, a genialidade do autor não é questionada, como explica Cevasco & Siqueira 
(1985) a respeito das primeiras comédias do autor: 
 
The Comedy of Errors, The Taming of the Shrew, Love's Labour's Lost, A 
Midsummer Night's Dream, The Merchant of Venice, Much Ado About Nothing e 
As You Like It são outras comédias dessa primeira fase de Shakespeare. Via de 
regra, há nelas uma deliciosa mistura de fantasia e realismo na criação de um 
mundo fictício onde o romantismo ocupa um papel preponderante. Retratam elas 
a alegria de viver, em histórias que sempre acabam bem. Embora essas 
comédias tendam a desvincular-se do real imediato, Shakespeare logra criar, 
.com auxílio da magia da linguagem, uma realidade poética que tocava de perto 
sua platéia, assim como nos toca até hoje: o poeta fala de emoções que somos 
capazes de reconhecer como nossas, embora o faça de uma maneira que as 
transcende. (CEVASCO e SIQUEIRA, 1985, p. 24-25). 
 
As comédias shakespearianas são principalmente formadas por histórias já 
consagradas e populares, mas com a complexidade, fluidez e flexibilidade característicos 
do autor. Assim, suas obras cômicas eram uma miríade de surpresas, intrigas que vão 
aumentando ao longo da peça, inverossimilhanças, deixando os espectadores sempre 
ansiosos para um desfecho feliz, satisfatório. 
 
 Passaremos, então, para uma sinopse de algumas obras cômicas 
shakespearianas feitas por Renata Celi (2020): 
 
- Sonho de uma noite de verão: comédia sobre quatro jovens enamorados que se 
encontram e desencontram durante uma noite em um bosque. A peçafoi escrita 
por Shakespeare para um casamento na vida real, e não tem nada de trágica. 
Pelo contrário, a escrita do autor é divertida e movimentada por paixões, 
casamentos, brigas e reconciliações; 
- A megera domada: uma das primeiras comédias de Shakespeare, também se 
concentra em temas como casamento, guerra dos sexos e conquistas amorosas. 
Diferente de outras comédias do autor, o casamento de Catarina e Petrúquio não 
é a ação final, mas o ponto de partida para a história; 
- O mercador de Veneza: tragicomédia sobre o mercador Antônio e o agiota judeu 
Shylock, o personagem mais lembrado da obra; 
- Noite de reis: Dois irmãos gêmeos (Viola e Sebastião) acabam separados por um 
naufrágio e imaginam-se mortos, embora ambos tenham sido salvos, sem o saber. 
A moça, tendo perdido a oportunidade de entrar para o serviço de uma rica 
Condessa, disfarça-se com trajes masculinos e, nessa condição, provoca paixões. 
Até que o irmão reapareça e tudo torna-se claro, há outros equívocos de 
personalidade. Entram em cena tipos exóticos e equívocos paralelos ao central. 
 
As obras de Shakespeare na comédia são: Trabalhos de amor perdido; O sonho 
de uma noite de verão; O mercador de Veneza; Muito barulho por nada; Como gostais e 
Noite de reis; Os dois fidalgos de Verona; As alegres comadres de Windsor; Medida por 
medida; A comédia dos erros; A megera domada e Tudo está bem quando bem termina. 
Na comédia, como na tragédia, resplandece o gênio Shakespeare. 
 
 
 
 
 
SAIBA MAIS 
 
O INGLÊS COMO LÍNGUA DO MUNDO 
 
Fatos históricos recentes explicam o atual papel do inglês como língua do mundo. Em 
primeiro lugar, temos o grande poderio econômico da Inglaterra nos séculos 18, 19 e 20, 
alavancado pela Revolução Industrial, e a consequente expansão do colonialismo 
britânico. Esse verdadeiro império de influência política e econômica atingiu seu ápice 
na primeira metade do século 20, com uma expansão territorial que alcançava 20% das 
terras do planeta. O British Empire chegou a ficar conhecido como "the empire where the 
sun never sets" devido à sua vasta abrangência geográfica, provocando uma igualmente 
vasta disseminação da língua inglesa. Em segundo lugar, o poderio político-militar dos 
EUA a partir da segunda guerra mundial e a marcante influência econômica e cultural 
resultante, acabaram por deslocar o francês como língua predominante nos meios 
diplomáticos e solidificar o inglês na posição de padrão das comunicações internacionais. 
Simultaneamente, ocorre um rápido desenvolvimento do transporte aéreo e das 
tecnologias de telecomunicação. Surgem os conceitos de informação superhighway e 
global village para caracterizar um mundo no qual uma linguagem comum de 
comunicação é imprescindível. 
 
Fonte: English Made in Brazil - https://www.sk.com.br/sk-historia-da-lingua-inglesa.html 
Schütz, Ricardo E. "História da Língua Inglesa." English Made in Brazil . On-line (data de acesso). 
 
#SAIBA MAIS# 
 
REFLITA 
 
O que não dá prazer não dá proveito. Em resumo, senhor, estude apenas o que lhe 
agradar. (William Shakespeare) 
 
#REFLITA# 
 
 
 
 
https://www.sk.com.br/sk-historia-da-lingua-inglesa.html
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Caro (a) estudante, 
Chegamos ao fim da Unidade 1 da disciplina de Literatura em Língua Inglesa e 
pudemos compreender algumas de suas maiores contribuições para a literatura mundial. 
Em um momento inicial, vimos a importância dos primeiros manuscritos para a 
criação da língua pela qual o mundo se comunica atualmente. Vimos que a forma artística 
de se expressar está intrinsecamente ligada à difusão e ao conhecimento linguístico da 
época. 
As influências das navegações e das invasões para a consolidação de um idioma 
também é algo importante que a difusão da literatura pode contribuir. E, após esse 
momento, fomos em busca da maior autoridade literária da época: William Shakespeare. 
Shakespeare foi um brilhante autor britânico, responsável pelo desenvolvimento 
das artes cênicas, o que contribuiu também para a expansão da língua inglesa e a 
influência do inglês como chave desenvolvimental. 
Assim, refletimos sobre a contribuição shakespeariana para o teatro inglês e a 
ascensão dos romances na burguesia britânica. 
Nas unidades seguintes, temos como objetivo traçar o desenvolvimento histórico 
da literatura em língua inglesa, apontando os avanços no decorrer dos séculos, as 
consolidações dos poetas e a popularização da literatura. 
Esperamos por vocês, 
Até lá! 
 
 
 
 
 
 
LEITURA COMPLEMENTAR 
 
“TUPI OR NOT TUPI”: SHAKESPEARE NA LITERATURA BRASILEIRA 
 
Este estudo resultaria em incontáveis laudas se se enveredasse pela busca de todas as 
ocorrências intertextuais na literatura brasileira que envolvessem a obra do bardo inglês. 
Menos pretensioso é o propósito de registrar aqui apenas algumas dessas ocorrências, 
que são suficientes para evidenciar o quanto as falas das personagens de Shakespeare 
estão disseminadas pela cultura e pela literatura brasileira. 
A fim de preservar a viabilidade da pesquisa que resultou na redação deste artigo, tomou-
se um exemplo apenas: a obra Machado de Assis, além, é claro, de uma breve referência 
ao Manifesto Antropófago, de Oswald de Andrade, de onde se extraiu o aforismo que 
serviu para compor o título desta seção. Vejamos o que ocorre na obra de Machado de 
Assis, que tão bem dialoga com o teatro de Shakespeare. 
No romance Dom Casmurro, o protagonista, Bentinho, está seriamente perturbado pela 
convicção de que sua esposa Capitu não lhe é fiel. Vivendo tal drama de consciência, o 
protagonista vai ao teatro. E a que peça vai assistir? À peça Otelo, de Shakespeare, cujo 
tema é o fantasma da infidelidade, que corrói o pensamento do marido enciumado. 
O episódio da ida ao teatro no romance de Machado de Assis funciona, assim, como 
uma espécie de célula do tema da obra. E, é claro, reverencia a obra de Shakespeare. 
Na abertura do conto “A cartomante”, que também põe em cena um triângulo amoroso, 
o narrador se vale de uma passagem da peça Hamlet para anunciar o caráter 
sobrenatural da passagem que antecede o seu desfecho: 
 
Hamlet observa a Horácio que há mais cousas o céu e na terra do que sonha a 
nossa filosofia. Era a mesma explicação que dava a bela Rita ao moço Camilo, 
numa sexta-feira de novembro de 1869, quando este ria dela, por ter ido na 
véspera consultar uma cartomante; a diferença é que o fazia por outras palavras. 
 
Curiosamente, o narrador não atribui à personagem Rita o processo mental que leva à 
elaboração do paralelo entre a sua fala e a de Hamlet, o que faz supor que a personagem 
Rita desconhecesse a obra de Shakespeare. De qualquer forma, o teor filosófico da fala 
de Hamlet se faz presente na fala dela e ocorre ao narrador estabelecer a analogia entre 
os dramas vividos por essas personagens, tão distanciadas no tempo, mas tão 
 
semelhantemente angustiadas com as suas perturbações mentais. Fica, assim, a fala de 
Rita marcada pelo teor filosófico da fala de Hamlet e a do narrador marcada pela 
referência a Shakespeare. 
Eugênio Gomes, em estudo sobre a presença de Shakespeare na cultura e na literatura 
brasileira, chama a atenção para o fato de que essa fala surge na obra de Machado de 
Assis com algumas variações, que ocorrem de acordo com as circunstâncias do texto. 
 
Fonte: ARAÚJO, Carla Cristina de. SHAKESPEARE NA CULTURA BRASILEIRA. Em Tese, [S.l.], v. 18, 
n. 2, p. 33-43, ago. 2012. ISSN 1982-0739. Disponível em: 
http://www.periodicos.letras.ufmg.br/index.php/emtese/article/view/3806/3752. Acesso em: 01 nov. 2021. 
doi:http://dx.doi.org/10.17851/1982-0739.18.2.33-43. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LIVRO 
 
• Título: Reflexões sobre Shakespeare 
• Autor: Peter Brook 
• Editora: SESC 
• Sinopse: Peter Brook é um dos mais renomados diretores de teatro de todos os tempos. 
Em Reflexões sobre Shakespeare, ele reflete sobre uma fascinantevariedade de temas 
shakespearianos, da atemporalidade da obra do dramaturgo inglês à maneira de como 
os atores devem abordar seu verso. Como o próprio autor afirma, este não é um trabalho 
acadêmico. Aos 91 anos de idade ele apresenta uma série de impressões, memórias, 
experiências e conclusões temporárias sobre uma repleta vida dedicada ao fazer teatral. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FILME/VÍDEO 
 
• Título: A lenda de Beowulf 
• Ano: 2007 
• Sinopse: Em uma época de heróis, um cavaleiro chamado Beowulf chega à corte do 
Rei Hrothgar e oferece para combater um demônio chamado Grendel. Ele combate a 
fera com sucesso, mas terá que enfrentar também a ira da mãe de Grendel, uma criatura 
má e vingativa, porém sedutora. 
• Link: https://www.youtube.com/watch?v=NzjYyNXgNiE 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
CELLI, Renata. William Shakespeare: biografia e principais obras!. 2020. Disponível 
em: https://www.stoodi.com.br/blog/portugues/william-shakespeare/. Acesso em: 25 
out. 2021. 
 
CEVASCO, Maria Elisa: SIQUEIRA, Valter Lellis. Rumos da literatura inglesa. 2 ed. 
São Paulo: Àtica, 1985. Disponível em: 
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/3875109/mod_resource/content/1/RUMOS%20
DA%20LITERATURA%20INGLESA.pdf. Acesso em: 25 out. 2021. 
 
MEDEIROS, Márcia Maria de. A história da literatura e a compreensão dos meandros 
da sociedade inglesa da Baixa Idade Média. Cordis: Revista Eletrônica de História 
Social da Cidade, n.9. 2012. Disponível em: 
https://revistas.pucsp.br/index.php/cordis/article/view/14415/10514. Acesso em: 25 out. 
2021. 
 
 
 
 
 
UNIDADE II 
A LITERATURA INGLESA NO SÉCULO XVIII 
ProfessorA Mestre Sâmia Cardoso 
Professor Especialista Fábio Cardoso 
 
 
Plano de Estudo: 
● A Inglaterra na transição do século XVII para o século XVIII; 
● A Restauração; 
● A ascensão do romance e os pré-românticos. 
 
 
Objetivos de Aprendizagem: 
• Conceituar e contextualizar os fatores sociais, econômicos e políticos na Inglaterra 
durante os séculos XVII e XVIII; 
• Compreender os tipos de arte literária produzidos no decorrer do século XVIII; 
• Estabelecer a importância da ascensão do romantismo como forma de reação à 
Revolução Industrial. 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
Olá, caros (as) estudantes, 
Iniciamos mais uma unidade dos nossos estudos das literaturas em língua inglesa 
e esperamos que esta venha para somar ainda mais nos seus estudos e em seu 
processo de aprendizagem. 
Após discutirmos sobre os primeiros registros textuais aos quais se tem 
conhecimento em inglês e também estudarmos sobre o grande dramaturgo e poeta 
William Shakespeare, avançaremos, nesta unidade, nos estudos sobre a criação artística 
ao longo dos séculos XVII, XVIII e XIX. 
Refletiremos sobre o período de transição de século e o quanto impactante para 
a sociedade as mudanças sociais e políticas foram marcantes também à produção 
literária. 
A Inglaterra passou por diversas transformações políticas e evidentemente essas 
também fizeram parte das transformações artísticas, por isso, trataremos na unidade 
sobre a literatura produzida no período conhecido por Restauração e também a 
ascensão de uma nova forma literária, que se dá pelo período pré-romântico. 
Desejamos que você tenha um excelente momento de aprendizagem conosco! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1 A INGLATERRA NA TRANSIÇÃO DO SÉCULO XVII PARA O SÉCULO XVIII 
 
 
 
 Palco das grandes obras trágicas e cômicas no período Elisabetano, a Inglaterra 
passa a enfrentar um diferente momento a partir do século XVII. Já nas primeiras 
décadas do século é a poesia que ganha destaque e os poetas passam a ser os grandes 
nomes da produção literária na época. 
 Neste período, destaca-se a convulsão social pela qual a Inglaterra passava. Os 
teatros foram fechados e uma nova ordem se impunha: a de negação aos prazeres e a 
ascensão do puritanismo. CEVASCO & SIQUEIRA (1985), em Rumos da Literatura 
Inglesa, contextualiza que: 
 
[...] ainda na época dos Tudor, o conflito religioso era uma ameaça constante a 
paz interna. Sob Jaime I, o Stuart que sucedeu a Elizabeth, a coisa foi se 
agravando, para explodir no reinado de Carlos I, a quern os puritanos lograram 
depor e executar, dando à Inglaterra a duvidosa honra de ser o primeiro país 
europeu a cometer um regicídio, numa época em que ainda florescia na Europa 
o absolutismo. Nessa altura, seria conveniente lembrar que o conflito entre 
puritanos e anglicanos, além de religioso, era uma oposição entre interesses 
econômicos divergentes. Via de regra, os partidários do rei eram senhores de 
terras, nobres ciosos de perpetuar seu poder. Já os puritanos, oriundos em sua 
maioria da burguesia, pretendiam um "governo de santos", mas santos 
mercantilistas, uma vez 30 que na severa teoria calvinista podia não haver lugar 
para o prazer, mas o havia sempre para o comércio e o lucro. (CEVASCO; 
SIQUEIRA, 1985, p. 29-30) 
 
A partir dessas mudanças no contexto social e político, também há a 
popularização do acesso à bíblia, uma vez que esta recebeu a tradução em inglês. Com 
novos leitores e escritores, a influência do livro passa a ser imenso como fonte de 
inspiração e referência. Até então, a poesia que se adotava como marca principal desse 
momento era a cavalheiresca, na qual se louvava o amor, e o cavalheiro enaltecia as 
belezas de sua dama. Ben Jonson (1573-1637) foi o maior influenciador da época. 
Apesar de a poesia cavalheiresca ter sido o expoente do início do século XVII, ela 
não produziu grandes nomes, além de Jonson e em meados do século deu espaço ao 
que ficou conhecido por poesia metafísica, cujo maior expoente é John Donne (1572-
1631). A poesia de Donne contrasta com a cavalheiresca porque é metafísica. Embora 
ele também cante o amor, assim o faz de outra forma. Sua poesia pode ser considerada 
mais cerebral. 
Donne tinha como intuito utilizar a ciência conhecida até então como mote para a 
criação de sua obra. O autor calcava-se no evidente, o que revela sua intenção em 
 
 
demonstrar outros possíveis. Ainda assim, não podemos dizer que a poesia de Donne 
era hermética, ou seja, desprendida de descrever os sentimentos, porque, ainda assim, 
existe lugar para exaltar a mulher amada. 
Uma característica muito comum nos poemas de Donne é que a voz do poeta dá 
impressão de um diálogo natural sendo contado. Como podemos ver em The Flea, um 
de seus poemas mais aclamados, o poeta utiliza o comum picar de uma pulga para 
demonstrar como esta obteve mais da amada do que ele. 
 
Mark but this flea, and mark in this, 
How little that which thou deniest me is; 
It sucked me first, and now sucks thee, 
And in this flea our two bloods mingled be; 
Thou know’st that this cannot be said 
A sin, nor shame, nor loss of maidenhead, 
Yet this enjoys before it woo, 
And pampered swells with one blood made of two, 
And this, alas, is more than we would do. (John Donne) 
 
 Donne foi deão da Catedral de São Paulo, porém suas obras religiosas passam a 
impressão de que se tratam de discussões com Deus, temperadas com medo e dúvida 
do que uma devoção ou simples adoração a Deus. Seguindo a linha de Donne, está 
George Herbert (1593 - 1633). 
 Com a poesia estabelecida em novos rumos, a prosa também toma novo rumo, 
pode-se dizer que esta caminhava para se encontrar com o estilo do século seguinte: o 
romance. John Milton (1608-1674) foi decisivo na luta entre os puritanos e anglicanos no 
século XVII. Nascido de família abastada conseguiu se dedicar aos estudos reunindo, 
assim, uma grande formação cultural. 
 Seu contato com os livros e com a formalidade em geral pode ser o que evidencia 
sua pouca simpatia às fragilidades humanas em sua poesia. Milton é extremamente 
importante para a literatura inglesa, pois conseguiu acompanhar em vida um processo 
histórico importante que foi o fim do puritanismo, a partir da restauração da monarquia.2 A RESTAURAÇÃO 
 
https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/john-dryden-vintage-engraved-illustration-
1448112341 
 
Com o absolutismo com os dias contados na Inglaterra, os ares de progresso e 
uma maior tolerância religiosa começa a pairar sobre os ingleses. A corte que 
permanecia em exílio na França trouxe consigo o gosto pela arte, pela elegância e luxo, 
 
 
o que não eram apreciados pelos puritanos, pois acreditavam que poderiam ter sua fé 
contaminada. 
 Carlos II, filho de Carlos I, apresenta um novo interesse pelas ciências, buscando 
financiar pesquisas científicas em diversos campos, o que é determinante para trazer ao 
cenário todo esse espírito racional inglês que permeou o século XVIII. 
 Dessa forma já é possível perceber que o ambiente para o desenvolvimento 
cultural torna-se apropriado para uma resposta a tudo o que foi realizado anteriormente. 
Os novos artistas da literatura inglesa, saem em busca da simplicidade e da objetividade. 
 
A literatura da Restauração e do século XVIII vai, portanto, em direção oposta à 
trilhada pela sagacidade de Donne e pela grandiloquência de Milton, 
substituindo-as pelo Neoclassicismo. Com parâmetros importados 
especialmente da França e da Itália, e adaptados à tradição inglesa, o 
Neoclassicismo preconizará uma literatura depurada dos "exageros" da época 
anterior, sensata e preocupadíssima com a perfeição formal. (CEVASCO e 
SIQUEIRA, 1985, p. 38) 
 
 O mais importante autor do período é John Dryden (1631-1700), já que é o 
primeiro a enaltecer o restabelecimento do império romano, restando sua poesia 
conhecida por “Augusta”. Suas obras uniam a simplicidade dos versos com a elegância 
em busca de um equilíbrio, dessa forma, a impessoalidade é uma marca latente, ou seja, 
é difícil perceber muito do autor na obra. 
 Outro importante autor foi Alexander Pope (1688 - 1744), este, talvez, considerado 
o poeta mais clássico do período. Suas obras possuem uma preocupação formal de 
altíssimo nível, porém sua visão de mundo está presente com maior tenacidade. 
Essa busca pela perfeição formal acaba por limitar o processo de criação e 
invenção dos poetas ingleses. Porém, no final do século XVIII, perceberemos que a 
liberdade criativa volta a dominar a literatura desenvolvida, principalmente, quando se 
inicia o processo do Romantismo. 
Ainda em relação ao período da Restauração, temos, aqui, a volta do teatro como 
uma das primeiras providências tomadas por Carlos II, no entanto, aquela forma teatral 
conhecida pelas grandes obras de Shakespeare, que compunham o teatro conhecido 
por Elisabetano, havia se perdido. As novas peças nesse primeiro momento de retomada 
eram consideradas artificiais. 
 
 
A comédia ganha espaço de destaque no período, mais precisamente, a comédia 
de costumes. Ao evidenciar estereótipos, a comédia satirizava a sociedade da época 
que se identificava sem muitas pretensões filosóficas, mas se via na figura do velho 
solteirão, a jovem rica e cheia de pretendentes etc. 
 Grandes escritores de comédias da época foram George Etherege (1635-1692), 
William Congreve (1670-1729), Oliver Goldsmith (1728-1774) e Richard Brinsley 
Sheridan (1751-1816). Destaca-se, contudo, John Gay (1685-1732) que tenha sido o 
autor das mais originais obras de comédia da época. 
 Gay é autor de The Beggar 's Opera, um misto de ópera e teatro e que foi escrito 
com o intuito de satirizar o amor exagerado londrino pelas óperas italianas à época. Ao 
contrário dos autores citados anteriormente, Gay coloca em cena personagens incomuns 
para a aristocracia inglesa como mendigos, ladrões etc. Bertold Brecht foi buscar 
inspiração nesta obra de John Gay para sua Ópera dos Três Vinténs. 
 O teatro dramático, portanto, viveu uma baixa considerável, também, por não 
haver mais um talento como o de Shakespeare disponível, mas também, porque a 
burguesia que surge tende a ter um rigor moral alto e impositivo à sociedade inglesa, o 
que faz com que as peças teatrais sofram novamente com o moralismo social. 
 Se o teatro dramático deixa de ser tão importante quanto outrora, um novo gênero 
passa a ser promissor para a literatura inglesa no século XIX: O romance. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 A ASCENSÃO DO ROMANCE E OS PRÉ-ROMÂNTICOS 
 
 https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/juan-fernandez-islands-old-view-probably-
85490446 
 
Ainda, a partir do processo da Restauração e pós-Restauração, a literatura inglesa 
em prosa ainda não tinha espaço consolidado, uma vez que a corte preferia ler obras 
importadas, principalmente, as francesas. A prosa bíblica ainda era uma força 
consolidada ao lado daquela mais popular com histórias de aventuras e crimes sem 
grandes interesses artísticos. 
 Desse período, é importante destacar John Bunyan (1628 - 1688) e seu Pilgrim 's 
Progress, contando a saga de um homem cristão andando pelo mundo até chegar ao 
céu. A história era popular e continha grande apoio dos setores sociais e religiosos à 
época. Bunyan era um exímio contador de histórias. 
 Ainda neste momento pré-romântico, embora, este já seja ,por críticos literários 
considerado o primeiro dos romancistas, temos Daniel Defoe (1660-1731). Moll Flanders 
 
 
e Robinson Crusoé são obras de Defoe que inauguram um estilo diferente do texto em 
prosa, pois vem acompanhado da vasta experiência jornalística do autor. 
Dessa forma, seu texto não é considerado uma ficção, mas, sim, como uma 
apresentação de uma verdade, mesmo que contada pelos próprios personagens. Em 
Crusoé, Defoe prende o leitor em um estilo documental incomum à época, inaugurando 
um estilo que o marca como um dos grandes nomes nesse período de transição artística. 
A sátira também começa a ser valorizada por conta do momento racionalista em 
que a Inglaterra passava à época e com Jonathan Swift (1666-1745), talvez, tenha 
encontrado seu melhor momento. Swift em A tale of a tube ironiza o fanatismo religioso 
com propriedade e veemência. 
Mesmo Swift e Defoe sendo sumidades em relação à importância para o 
desenvolvimento da prosa em um momento em que ela vinha perdendo espaço, alguns 
críticos, no entanto, atribuem a Samuel Richardson (1689-1761) a honra de trazer ao 
universo literário o primeiro romance, sendo este conhecido por epistolar, chamado 
Pamela. Em meio a cartas, uma jovem criada, constantemente assediada por seus 
patrões, escreve a seus pais. Assim, o autor revela uma compreensão refinada da 
complexidade humana e das tensões entre o ser e o social. 
Pamela, além disso, é também contemporânea, o que agradou muito, porque as 
mulheres se reconheceram na obra ao analisar suas próprias condições. A presença de 
um fim moral também agradou os leitores, além de que Pamela ascende de classe social 
por conta de sua virtude. Essa mensagem moralizante agradou toda a Inglaterra. 
A moralidade combinada à ascensão social como um prêmio através do 
casamento inaugura um estilo que vai permear as histórias literárias por anos, e o 
romance só verá mudanças mais significativas nesse padrão no início do século XX. 
Contemporâneo de Richardson, Henry Fielding (1707-1754) se inspirou em 
Pamela para criar Joseph Andrews. Se, naquela obra a jovem se entrega ao assédio de 
seu patrão, nesta o jovem é despedido após recusar o amor de sua patroa. Com esse 
romance, Fielding dá uma formalidade até então desconhecida ao romance, a qual todas 
as ações do enredo vão contribuir para o resultado final. 
Além disso, o herói de Fielding é entendido em sua profundidade psíquica, o que 
acaba por ser uma das características mais aclamadas na literatura inglesa da época. 
 
 
Além de Fielding, marcando o período de surgimento do romantismo inglês, temos 
a figura de Lawrence Sterne (1713-1768). Sterne buscava em seu enredo incluir tudo o 
que pudesse fazer rir, mesmo que noçõesde estruturas lógicas como espaço e tempo 
precisassem ser abandonados. 
Entretanto, engana-se quem pensa que a confusão de Sterne foi desarticulada. 
Com suas voltas e idas, páginas em branco, enigmas, o autor se propôs a desafiar a 
lógica criando um universo único em suas obras. 
 
 
 
 
 
 
 
 
SAIBA MAIS 
 
Repara nesta pulga e aprende bem 
Quão pouco é o que me negas com desdém. 
Ela sugou-me a mim e a ti depois, 
Mesclando assim o sangue de nós dois. 
E é certo que ninguém a isto aludo 
Como pecado ou perda de virtude. 
Mas ela goza sem ter cortejado 
E incha de um sangue em dois revigorado: 
É mais do que teríamos logrado. 
 
Poupa três vidas nesta que é capaz 
De nos fazer casados, quase ou mais. 
A pulga somos nós e este é o teu 
Leito de núpcias. Ela nos prendeu, 
Queiras ou não, e os outros contra nós, 
Nos muros vivos deste Breu, a sós. 
E embora possas dar-me fim, não dês: 
É suicídio e sacrilégio, três 
 
 
Pecados em três mortes de uma vez. 
 
Mas tinge de vermelho, indiferente, 
A tua unha em sangue de inocente. 
Que falta cometeu a pulga incauta 
Salvo a mínima gota que te falta? 
E te alegres de dizes que não sentes 
Nem a ti nem a mim menos potentes. 
Então, tua cautela é desmedida. 
Tanta honra hei de tomar, se concedida, 
Quanto a morte da pulga à tua vida. 
(JOHN DONNE - A PULGA - THE FLEA) 
 
#SAIBA MAIS# 
 
REFLITA 
 
Um homem nunca deve sentir vergonha de admitir que errou, o que é apenas 
dizer, noutros termos, que hoje ele é mais inteligente do que era ontem - Alexander 
Pope 
 
#REFLITA# 
 
 
 
 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Olá, caros estudantes, 
Finalizamos mais uma unidade dos nossos estudos sobre as literaturas em 
línguas inglesas. 
Nesta unidade, pudemos refletir sobre o período de transição do século XVII para 
o século XVIII na Inglaterra. Percebemos que, nas primeiras décadas do século XVII, a 
poesia passou a ser a grande produção literária da época. Os teatros fechados e a 
ascensão do puritanismo são responsáveis pela redução da produção artística em prosa. 
Vimos assim, que a bíblia e a religião passam a ser aliadas da literatura produzida 
e os maiores autores da época passam a produzir poemas conhecidos como 
cavalheirescos, os quais enalteciam o amor, à natureza e a sua amada. 
Com o passar dos anos e a decadência do absolutismo, o progressismo se 
instalou na Inglaterra e evidentemente na literatura. Vimos, então, que o texto produzido 
neste período já são avessos ao puritanismo exacerbado dos anos anteriores. 
A literatura do período da Restauração é marcada por autores preocupados com 
um equilíbrio entre a forma e a simplicidade dos versos, mas, sendo muito mais 
impessoal que nos tempos anteriores. 
É neste período que o teatro volta a ganhar força, porém com as comédias, em 
especial, as do cotidiano, que satirizavam a sociedade da época e esta se reconhecia 
despretensiosamente. 
Grandes autores escreveram comédias que marcaram o processo literário até 
então, como George Etherege, William Congreve, Oliver Goldsmith, Richard Sheridan e 
o mais marcante deles, John Gay. 
Entretanto, vimos que o teatro dramático perde espaço, mas inaugura um novo 
gênero para a literatura: o romance. 
E, assim, compreendemos o período considerado pré-romântico, o qual diversos 
autores e obras se inscrevem e moldam o que conhecemos como romance atualmente. 
John Bunyan, Daniel Defoe, Jonathan Swift e Samuel Richardson aparecem como os 
destaques deste momento da criação literária. 
 
 
Agora, esperamos que na próxima unidade, você possa continuar conosco este 
estudo sobre a literatura inglesa, pois nos aprofundaremos a conhecer o período 
romântico até chegarmos ao que é conhecido por Era Vitoriana. 
Até lá! 
 
 
 
 
LEITURA COMPLEMENTAR 
Literatura de restauração é a literatura inglesa escrita após a Restauração da 
monarquia em 1660 após o período da Comunidade. 
Alguns historiadores literários falam do período como limitado pelo reinado de Carlos II 
(1660-85), enquanto outros preferem incluir em seu escopo os escritos produzidos 
durante o reinado de Jaime II (1685-88) e, até mesmo, a literatura da década de 1690, 
muitas vezes, é chamado de "Restauração". Naquela época, no entanto, o reinado de 
Guilherme III e Maria II (1689-1702) havia começado, e o ethos da moda cortês e urbana 
era, como resultado, sóbrio, protestante e até piedoso, em contraste com o espírito 
sexualmente e intelectualmente libertino da vida na corte sob Carlos II. 
Muitas formas literárias típicas do mundo moderno - incluindo romance , biografia , 
história, escrita de viagens e jornalismo - ganharam confiança durante o período da 
Restauração, quando novas descobertas científicas e conceitos filosóficos, bem como 
novas condições sociais e econômicas, entraram em jogo. Houve um grande 
derramamento de literatura em panfletos, também, muito dela político-religiosa, 
enquanto a grande alegoria de John Bunyan , Pilgrim's Progress, também pertence a 
este período. 
Grande parte da melhor poesia, especialmente, a deJohn Dryden (a grande figura 
literária de seu tempo, tanto na poesia quanto na prosa), o conde de Rochester, Samuel 
Butler e John Oldham , foi satírico e levou diretamente às realizações posteriores de 
Alexander Pope , Jonathan Swift e John Gay em a Idade de Augusto . O período da 
Restauração foi, acima de tudo, uma grande época de dramas. Peças heróicas, 
influenciadas pelos princípios do neoclassicismo francês , estavam em voga, mas a 
época é principalmente lembrada por suas brilhantes comédias críticas de maneiras, 
escritas por dramaturgos como George Etherege, William Wycherley , Sir John Vanbrugh 
e William Congreve. 
 
Fonte: Literatura de Restauração - Período literário inglês. 2020. Disponível em: 
https://delphipages.live/pt/literatura/literaturas-do-mundo/restoration-literature. Acesso em 18/09/21. 
LIVRO 
https://delphipages.live/link?to=english-literature&lang=pt&alt=https://www.britannica.com/art/English-literature&source=restoration-literature
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• Título: Gathering Force: Early Modern British Literature in Transition, 1557–1623 
• Autor: Kristen Poole 
• Editora: Cambridge University Press, 2019 
• Sinopse: Durante os séculos XVI e XVII, a Inglaterra cresceu de uma potência marginal 
para uma grande potência europeia, estabeleceu colônias no exterior e negociou a 
Reforma Protestante. A população cresceu e tornou-se cada vez mais urbana. A 
Inglaterra também viu a ascensão meteórica do teatro comercial em Londres, a criação 
de um mercado vigoroso para textos impressos e o surgimento da escrita como uma 
profissão viável. As taxas de alfabetização explodiram, e um público cada vez mais 
diversificado encontrou uma profusão de novas formas textuais. A mídia e a cultura 
literária transformaram-se numa escala que só voltaria a ocorrer com o surgimento da 
televisão e da internet. As vinte contribuições inovadoras em Gathering Force: Early 
Modern Literature in Transition, 1557-1623, traçam maneiras pelas quais cinco gêneros 
diferentes estimularam e responderam à mudança. Os capítulos exploram diferentes 
facetas da poesia lírica, romance, drama comercial, mascaradas e concursos e prosa 
não-narrativa. Interessante e acessível, este volume lança luz sobre as relações 
dinâmicas entre as transformações sociais, políticas e literárias do período. 
FILME/VÍDEO 
 
 
 
• Título: Ópera do Malandro 
• Ano: 1986 
• Sinopse: Max (Edson Celulari) é um malandro elegante, que é também uma popular 
figura do boêmio bairro da Lapa. Ele explora uma cantora de cabaré e vive de pequenos 
trambiques. Até que surge Ludmila (Cláudia Ohana), a filha do dono do cabaré, que 
pretende tirar proveito da 2ª Guerra Mundial fazendo contrabando. O filme dirigido de 
Ruy Guerra é baseado na música de Chico Buarque de Hollanda, que foi inspirada em 
The Beggar 's Opera de John Gay. 
• Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=q-KT_pE2-rY 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
 
 
DONNE, John. The Flea. The Norton Anthology of Poetry, 1996. Disponível em: 
https://www.poetryfoundation.org/poems/46467/the-flea. Acesso em: 04 nov. 2021. 
 
CEVASCO, Maria Elisa: SIQUEIRA, Valter Lellis. Rumos da literatura inglesa. 2 ed. 
São Paulo: Àtica, 1985. Disponível em: 
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/3875109/mod_resource/content/1/RUMOS%20
DA%20LITERATURA%20INGLESA.pdf. Acesso em: 25 out. 2021. 
 
 
UNIDADE III 
DO ROMANTISMO À ERA VITORIANA 
Professora Mestre Sâmia Cardoso 
Professor Especialista Fábio Cardoso 
 
 
Plano de Estudo: 
● O romantismo; 
● As fases do romantismo; 
● A Era Vitoriana. 
 
 
Objetivos de Aprendizagem: 
• Conceituar e contextualizar o período romântico; 
• Compreender os tipos de literatura produzida em língua inglesa no período dos 
séculos XVIII, XIX e XX; 
• Estabelecer a importância da Era Vitoriana para as novas produções literárias em 
inglês. 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
Olá, caros(as) estudantes, 
Chegamos à terceira unidade de nossos estudos sobre a literatura inglesa e é 
evidente o quanto o trabalho literário é uma importante cadeia de acontecimentos 
interligados com fatores sociais, econômicos, políticos e humanos, sempre tendo o ser 
humano como fator principal dessa rede. 
Já conseguimos analisar o surgimento da literatura, a grandiosidade de 
Shakespeare, o período de transição da sociedade do século XVII para o XVIII. Assim, 
como a ascensão da poesia em detrimento ao teatro. Nesta unidade, iremos estudar 
sobre a consolidação do período romântico e o quanto a poesia foi responsável pela 
incursão de uma produção artística menos engessada e ligada aos padrões clássicos 
dos séculos anteriores. 
No primeiro tópico, demonstraremos as características do romantismo e o quanto 
o homem passa a ser compreendido como um ser passível de incompreensões, falhas 
e sentimentos e não mais a racionalidade exacerbada do período clássico. 
Em um segundo tópico, dá-se a necessidade de diferenciarmos as gerações de 
artistas românticos que surgiram, uma vez que suas produções se diferem à medida em 
que a sociedade e os acontecimentos históricos vão se subscrevendo. 
Neste tópico, discorremos sobre os diversos artistas que fizeram do romance o 
grande movimento estético da literatura inglesa no século XIX. 
Por fim, adentramos o período vitoriano e a ascensão da prosa sobre a poesia. A 
popularização das obras e o quanto elas foram responsáveis por descrever e criticar a 
sociedade da época. 
Esperamos que esta unidade seja mais um momento de aprendizagem para todos 
vocês. 
 
 
 
 
1 O ROMANTISMO 
 
 
https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/closeup-typebars-old-typewriter-forming-word-312839618 
 
 O romantismo é um movimento bem diferente do Classicismo do século XVIII, 
uma vez que se opõe ao período de racionalismo e das ideias racionalistas do movimento 
clássico. O romantismo, portanto, opõe-se à visão extremamente racional e à estética 
ligada ao neoclassicismo. 
 O classicismo foi responsável por escrever voltado diretamente à classe 
dominante e, por isso, o termo vinha a designar um valor ético, estético e também 
reconhecido como ideal para ser estudado por eles que possuíam o poder. As obras 
clássicas se tornaram modelos para as demais que puderam vir. 
 É nesse viés que o romantismo, em meados do século XVIII, surge com o intuito 
de romper com as estruturas classicistas e remodela o mundo sob uma nova visão. O 
classicismo se distingue principalmente porque é adepto à racionalidade, ao equilíbrio e 
à harmonia, ao passo que o romantismo vai pelo completo oposto. Assim, o período 
romântico é considerado o momento da imaginação, na qual se permite à sociedade 
inglesa o vulnerável e incerto da irracionalidade. 
 O surgimento do movimento se dá concomitantemente à revolução industrial, na 
qual o país passa de uma estrutura agrária para industrial. As cidades começam a ganhar 
maior espaço na vida dos cidadãos ingleses sendo habitadas por milhares de pessoas 
vindas do campo. A luta pela sobrevivência nas cidades, então, faz com que as pessoas 
se submetam às condições subumanas independentemente da idade e gênero, 
atingindo, assim, também crianças e mulheres que buscavam quaisquer condições para 
sobreviver. 
As classes dominantes impedem, assim, as organizações trabalhistas com o 
temor de que núcleos assim venham a proporcionar conflitos parecidos ao da Revolução 
Francesa, cujos ideais de igualdade, fraternidade e liberdade permaneciam acesos por 
toda a Europa. 
Neste contexto, temos artistas como Shelley que subvertem os interesses mais 
reacionários ao incluir em sua poética temas claramente incitando uma revolta contra 
essas condições miseráveis impostas pela elite.O surgimento de jovens poetas que se 
voltam contra o Neoclassicismo põe fim ao período racionalista e artificial dos clássicos. 
 
Esses escritores da época passam a versar sobre os sentimentos de forma mais simples 
e direta, mais próxima do homem comum. 
 Atualmente, denomina-se esses poetas como românticos, mas estes nunca se 
autodenominaram assim. Apenas anos após o início do século XIX que o termo 
romantismo passa a ser aplicado ao movimento iniciado por eles, mas que não foi restrito 
à Inglaterra. O período romântico inglês é concorrente ao alemão e contemporâneo ao 
francês. 
 O marco inicial da nova forma de pensar a literatura é atribuído geralmente aos 
poetas William Wordsworth (1770-1850) e Samuel Taylor Coleridge (1772-1834). A 
publicação de Lyrical Ballads (1798) é uma consolidação dos sentimentos em detrimento 
à razão. Para Wordsworth, o texto poético é uma expressão da emoção que não deve 
ser padronizada ou seguir os modelos dispostos até então. Assim, o amor pela cultura e 
tradição da sociedade inglesa vão ganhando espaço nos textos literários. 
 O poeta do período romântico é, sem dúvida, um ser social. Ainda que este se 
desencante, o refúgio se dá num mundo imaginário, exótico e, por vezes, sobrenatural. 
Por isso, o reinado da imaginação toma conta da poesia inglesa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 AS FASES DO ROMANTISMO 
 
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Consolidado os objetivos românticos de negar a racionalidade clássica, faz-se 
necessário valorizar os feitos de um artista que prenuncia a vinda do período em solo 
inglês. Trata-se de William Blake (1757-1827). 
 
Pré-romantismo 
 
Blake, apesar de ter vivido parte de sua vida no século da razão, foi um defensor 
da imaginação como elemento superior, na qual sua realização permite que o homem 
atinja a verdade. Em Jerusalém, poema épico escrito por Blake, o autor cria um gigante 
- Los - que representa a imaginação estando sempre em disputa contra Urizem, 
representante dos poderes racionais e legais. 
Independente, Blake não seguia o pensamento comum de outros homens e criou 
seu universo particular em obras compostas por anjos, demônios, gigantes que tinham 
por intenção indicar os conflitos humanos entre a razão e a imaginação. Por isso, Blake 
foi responsável por dar dimensão aos sentimentos humanos que vão se alterando com 
o decorrer da vida, sendo a infância um momento de sublimação em detrimento à vida 
adulta repleta de repressão. 
A obra do autor não foi recebida com louvor pelo público, provavelmente, porque 
ainda se via ligada aos costumes anteriores. Dessa forma, o poeta inglês seguia criando 
seu universo ao passo que poetas discutiam literatura e passavam a compor o que se 
cristaliza depois como movimento romântico inglês nas primeiras décadas de XIX. 
Por isso, William Blake é considerado pertencente ao que se chama de Pré-
romantismo, tendo seus principais iniciadores os já citados Wordsworth e Coleridge, que 
juntos conceberam Lyrical Ballads. Entretanto, as obras individuais dos autores vêm a 
compor o que é conhecido pela primeira fase do romantismo. 
 
 
Primeira Fase 
 
 
William Wordsworth descreve em suas obras um intenso amor à natureza, o que 
pode se justificar por sua descendência escocesa. O poeta louvava sua gente simples 
através do uso de uma linguagem usual e acessível. 
Mesmo que simples, sua visão de mundo é sincera e repleta de imagens capazes 
de remontar as paisagens inglesas. Suas principais obras foram a ode à infância, 
Intimations of Immortality from Early Childhood, Lake District; e também os poemas 
autobiográficos como The Excursion e The Prelude. 
Samuel Taylor Coleridge traz para o romantismo o sobrenatural e o exótico, 
criando versos cheios de elementos mágicos e misteriosos. Sua poética é marcada 
também pelas influências de seu envolvimento com a crítica literária e a filosofia. Tendo 
poemas como Ancient Mariner, Kubla Khan e Christabel compondo a galeria dos 
principais textos românticos. 
 
Diferentemente de Wordsworth, que propunha uma poesia que extraísse do 
cotidiano, da natureza e do lugar-comum elementos que levassem o leitor ao 
arrebatamento, a poesia de Coleridge é caracterizada pela valorização do 
sobrenatural, do misterioso. Esse elemento constitui-se em um ponto de 
divergência que nunca foi resolvido entre os dois poetas. (MOREIRA e 
SPARANO, 2011, p. 10) 
 
Fator importante a se considerar é que Coleridge e Wordsworth alcançaram o 
respeito da sociedade inglesa, sendo homens maduros que levantavam os ideais 
românticos, descolando-se da imagem jovial de que se tinha dos romancistas. 
 
Segunda Fase 
 
Lord Byron - ou George Gordon (1788-1824), é o típico jovem libertário ao qual se 
tem entendimento do período romântico. Aventureiro e mórbido, Byron é um dos 
integrantes do conhecido mal-du-siècle, que tanto influenciou a segunda geração 
romântica do Brasil. O poeta viu-se obrigado a sair da Inglaterra após ter-se apaixonado 
por sua meia-irmã. 
Irônico e cômico, Lord Byron escreve, o que para muitos, é considerado sua obra-
prima, Don Juan, em que perseveram a crítica à hipocrisia e à opressão que se vê na 
sociedade da época. 
 
Amigo de Byron, Percy Bysshe Shelley (1792-1822) também compôs a segunda 
fase do romantismo inglês. Shelley foi um defensor contumaz do proletário, mesmo 
sendo filho de aristocratas, além de ter se destacado por ser revolucionário. Queen Mab, 
uma de suas mais admiráveis obras, é um longo poema em que o sofrimento de um 
homem é causado pela religião e moralismo. 
Baseado na revolta contra a opressão ao proletariado, Shelley escreveu obras 
como The Mask of Anarchy, Hellas e Prometheus Unbound e Adonais, um tocante 
poema baseado na morte de outro importante autor da segunda geração romântica é 
John Keats (1795-1821). 
Keats escreveu sobre o belo, a alegria e o amor. Sua poética se destaca pela 
sensualidade e pelos versos elegantes. Em Ode to a Nightingale, Keats descreve a 
eternidade da beleza por meio do canto de um pássaro. Em La Belle Dame sans Merci, 
o autor descreve uma mulher sedutora e que leva o homem à destruição. Para críticos, 
a Bela Dama sem Piedade é na verdade uma personificação da tuberculose, doença que 
mata o poeta ainda muito jovem. 
 
Observamos que, mesmo os poetas da segunda geração romântica, 
representados por Byron, Keats e Shelley, apesar de terem nascido após a 
Revolução Francesa, compartilham muitas das expectativas e visões dos poetas 
da primeira geração, Wordsworth e Coleridge. 
Reflexões sobre o papel da arte, em particular da poesia, a valorização do belo, 
da figura feminina, do eterno e da natureza, em oposição a transitoriedade desse 
mundo, o interesse pelo passado, pelo senso de mistério e pelo lado obscuro 
são algumas das características comuns aos poetas apresentados. (MOREIRA 
e SPARANO, 2011, p. 16-17) 
 
Assim, os destaques principais na poética romântica por aqui estão retratados. 
Mas, e quanto a prosa? A este período, denomina-se de Era Vitoriana, a qual tratamos 
a seguir. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 A ERA VITORIANA 
 
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A Era Vitoriana é a expressão maior da consolidação da prosa romântica, no 
entanto, como qualquer movimento artístico, histórico, político ou social, este não se 
inicia por si mesmo. Existem grandes nomes que abriram caminho para a realização do 
romantismo. 
Walter Scott (1771-1832) começou sua carreira como poeta, mas foi na prosa que 
realizou suas grandes obras. Nascido na Escócia, Scott escreveu diversos romances 
sobre seu país como The Bride of Lammermoor, Guy Mannering e Waverley. Scott 
 
‘pecou’, porém, em nãodar profundidade psicológica a seus personagens, o que fez com 
que suas obras ficassem datadas, já que recriar o passado já não encontrava mais 
sentido com o passar dos anos. 
Essa profundidade psicológica dos personagens, no entanto, é característica 
importante da obra de Jane Austen (1775-1817). Suas personagens são capazes de 
errar e acertar, o que acaba por garantir caráter imortal às histórias. 
Dona de clássicos como Emma, Pride and Prejudice e Persuasion, Austen não 
pode ser resumida como uma autora de textos sobre mulheres em busca de um marido. 
A ironia refinada é sua grande marca, característica incomum entre os românticos. 
Algum pouco tempo depois, a realidade inglesa começa a se transformar e 
obviamente vai transformando junto toda a excitação romântica inicial. A literatura vai 
começar a experimentar de fato o período compreendido por Era Vitoriana. 
Com a ascensão de Vitória ao trono, os ingleses vivenciavam mais um período de 
paz, tranquilidade e prosperidade no reino, além de estar preparando-se para a Segunda 
Revolução Industrial do país. 
A rainha Vitória e o príncipe Alberto passavam ao reino um ideal de decoro e 
convivência familiar para seus súditos, o que influencia a visão da sociedade da época. 
Assim, um período ufanista e otimista em relação aos anos que viriam, passam a 
predominar na sociedade, pois, apesar de problemas serem visíveis, havia uma 
sensação de que eles seriam solucionados. 
Entretanto, nem todos os ingleses estavam contemplados a este período próspero 
da sociedade. As condições de trabalho permaneciam as piores e uma boa parte dos 
trabalhadores viviam em condições subumanas. Dessa vez, no entanto, os movimentos 
sindicalizados são criados e a paz virtual criada parece ameaçada. 
 
[...] a Era Vitoriana foi, antes de tudo, um período de enormes contradições. Ao 
lado dos grandes progressos técnicos e industriais, assiste-se a um triste 
espetáculo de doenças, violência e morte. Foi também um período quando se 
exerceu um forte controle sobre o comportamento sexual de homens e mulheres. 
Mais especialmente sobre as mulheres. Apesar de a monarca representar a ideia 
de uma mulher chefe de Estado, os papéis sexuais eram rigidamente definidos. 
A mulher deveria reinar no lar e nele somente. A própria Vitória, triste 
contradição, era uma feroz defensora da submissão feminina e dos limites a 
serem impostos à atuação das mulheres na sociedade. (SANTANA e SENKO, 
2016, p. 191) 
 
 
A prosa, então, assume destaque no período, suplantando a poesia e produzindo 
obras marcantes. O romance marcará a literatura inglesa na época, desenvolvendo 
obras que versam sobre histórias cotidianas, de um mundo que as pessoas consigam se 
reconhecer. 
O maior entre os autores vitorianos é Charles Dickens (1812-1870), cujas obras 
demonstram esse duplo aspecto entre uma sociedade ora confiante na tranquilidade, ora 
ameaçada por sua própria desigualdade. 
Dickens foi essencialmente um autor popular e soube fazer disso um trunfo para 
seu sucesso. Publicando seus romances em fascículos em revistas mensais, o autor foi 
lido por diversas pessoas pelo mundo, não apenas na Europa. Acredita-se que navios 
que entregavam suas histórias nos Estados Unidos, por exemplo, eram esperados por 
multidões ansiosas para descobrir o desfecho de suas histórias. 
Essa experiência de escrever em episódios inclusive serviu de termômetro para 
que Dickens desenvolvesse os enredos de suas histórias, bem como acontece com as 
novelas brasileiras. Romances como The Old Curiosity Shop e Martin Chuzzlewit foram 
sucessos impressionantes, sendo o segundo, até mesmo, ambientado na América para 
cativar os leitores do novo continente. 
Dickens une muitas características em suas obras como humor, sentimentalismo, 
consciência social, ataque ao poder do dinheiro etc. Além de que o autor propõe um 
romance repleto de drama, moralismo e pieguice. 
Pickwick Papers, Oliver Twist, David Copperfield, Nicholas Nickelby, Bleak House 
e Great Expectations são exemplos de grandes romances escritos por Dickens. 
O romance vitoriano também tem a contribuição feminina como uma de suas 
marcas principais. As irmãs Brontë, Emily (1818-1848), Charlotte (1816-1855) e Anne 
(1820-1849) desafiaram as convenções sexistas da época e escreveram suas histórias 
sobre a paixão, a rivalidade e sociedade. 
Emily Brontë escreveu apenas um romance, Wuthering Heights, mas o suficiente 
para lhe garantir destaque na literatura. Villette, Shirley e Jane Eyre são obras de 
destaque escritas por Charlotte. Anne escreveu Agnes Grey e The Tenant of Wildfell Hall. 
Com o desenvolvimento do romance vitoriano e o passar dos anos, principalmente 
com a ascensão de outras potências como a dos Estados Unidos, a industrialização 
 
alemã e a organização sindical inglesa cada vez mais forte, foi possível perceber que a 
Inglaterra caminhava para o fim de uma supremacia. 
Assim como em todas as áreas sociais, a literatura também não mudará 
repentinamente, criando, assim, grupos de artistas que vão permanecer realizando as 
obras como até então, que se oporão e aqueles que tratam de prenunciar as mudanças 
que virão a ocorrer. 
Os continuadores e os opositores vão se debruçar justamente ao período do 
romance vitoriano, alguns buscando enaltecer o espírito vitoriano e outros o criticando 
veemente. Já os profetas vão realizar uma literatura mais próxima a que virá no século 
XX. 
Grande símbolo dessa ebulição em processo é Oscar Wilde (1854-1900). 
Representante de autores que valorizam a importância da liberdade do individuo e da 
personalidade, Wilde escreveu clássicos como The Picture of Dorian Gray, no qual o 
herói vende sua alma para preservar sua beleza; e De Profundis, escrito na prisão após 
ter sido condenado por ser homossexual. 
O teatro ressurge também por conta das obras de Wilde como A Woman of No 
Importance e The Importance of Being Earnest. 
Assim, com o decorrer dos anos, chegamos ao século XX e este se inicia já com 
a primeira grande guerra. Este fato vai modificar as certezas e trazer novos sentimentos 
para o centro da produção artística, influenciar os poetas e autores mais consagrados e 
trilhar novos caminhos para a produção literária. 
 
SAIBA MAIS 
 
Principais Características do romantismo inglês 
 
Estado de evasão – fuga para universos imaginários, para cenários pitorescos, muitos 
deles ambientados na Idade Média. 
 
Idealização da mulher – o lirismo romântico se aproxima dos trovadores medievais, 
colocando a mulher como um ser angelical, uma figura poderosa, quase inatingível. 
 
Subjetivismo – todos os valores são relativos, definidos a partir da ótica particular de 
cada artista. É ainda, a partir do sujeito que se estrutura o mundo. 
 
 
Senso de mistério e solidão – a religiosidade expressa pelas figuras do bem e do mal, 
culto da morte, do sombrio, gosto pelas imagens obscuras, pelos meio-tons que 
impossibilitam a definição clara e objetiva do mundo. 
 
Simplificação da linguagem – libertação dos modelos clássicos de composição, 
aproximando o texto do entendimento do leitor burguês, destituído de formação 
acadêmica e cultural que lhe permitisse a compreensão de sofisticações linguísticas. 
 
Fonte: Moreira, S. R. F. Sparano, M. E. Unidade: O romantismo inglês - Poesia. Cruzeiro do Sul - Educação 
a Distância. 2011 Disponível em 
https://arquivos.cruzeirodosulvirtual.com.br/materiais/disc_2011/1sem_2011/litinglesa/unidade3/texto_teo
rico.pdf. 
 
#SAIBA MAIS# 
 
REFLITA 
 
Viver é a coisa mais rara do mundo. A maioria das pessoas apenas existe. (Oscar Wilde). 
 
#REFLITA# 
 
 
 
 
 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Chegamos ao fim da terceira unidade de nossos estudos sobre a literatura inglesa. 
Vimos, nesta unidade, o quanto a sociedade inglesa passava por transformações 
importantes e determinantes para a produção artística. Além de que os

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