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Farmacologia Antinflamatórios Esteroidais: Fisiologicamente o hipotálamo libera o hormônio liberador corticotrófico, que atua sobre a adeno-hipófise e libera o ACTH, este que atua sobre as suprarrenais, que secretam alguns hormônios como aldosterona e o cortisol CRH (hormônio liberador de corticotrofina) secretado pelo hipotálamo estimula a adenohipófise a secretar ACTH. Este hormônio, induz a zona fasciculada do córtex adrenal a sintetizar e liberar cortisona. Durante o dia existem cerca de 10 pulsos de secreção hipofisária de ACTH (com consequentes pulsos de cortisol), sendo o pico de secreção das 6 às 8:00 horas. A secreção em média de cortisona diária é de 20-30 mg (equivalentes a 5-7,5 mg de prednisona), podendo aumentar até 10 vezes em situações de estresse. O cortisol é liberado em vários picos durante vários horários do dia, e a maior incidência é entre as 8 e 10 da manhã. No entardecer e a noite as concentrações já caíram significativamente Por isso de noite, sempre há PIORA dos processos inflamatórios, já que o cortisol baixou muito Quando se faz uso de corticoides, precisa ao máximo mimetizar o ciclo circadiano, quando o médico prescreve ele precisa indicar que a tomada do medicamento siga o ciclo circadiano, ou seja, no máximo às 10 da manhã Se o paciente tomar de noite, essas moléculas sinalizam para a hipófise/hipotálamo um feedback negativo, e isso vai atuar de forma significativa e negativa sobre o eixo hipotálamo hipófise adrenal Quem são essas moléculas: prednisona, prednisolona, metilprednisolona, mepredinisona, triancinolona, betametasona e dexametasona (esses dois últimos corticoides de ação prolongada) → A potência antiinflamatória é calculada de acordo com a comparação dessas moléculas com cortisol endógeno. Quanto mais potente, significa que precisa de uma concentração cada vez menor para agir como o cortisol, quando mais potente maior a afinidade com o receptor MECANISMO DE AÇÃO DOS CORTICÓIDES: Atuam de forma semelhante ao cortisol endógeno, eles mimetizam o hormônio A primeira coisa que essas moléculas fazem é entrar dentro das nossas células, se ligam a um transportador e são carregadas para dentor do núcleo da célula, (podem entrar em qualquer uma), e eles podem ter duas funções: ou ativar ou inibir enzimas de transcrição gênica Isso significa que aquela célula ou vai induzir a produção de uma proteína, ou inibir. Por isso os corticoides demoram para fazer efeito (4-6 horas), atuam dentro das células, e depois vão indicar um resultado. Ou ele inibe produção de proteínas inflamatórias ou induz produção de proteínas anti inflamatórias. Quando ativam a transcrição gênica, eles aumentam a produção de uma proteína chamada Anexina-1, ela consegue bloquear a fosfolipase A2, o que reduz toda a cascata inflamatória, havendo pouco substrato para a COX e para a LOX, eles reduzem todas as vias de disponibilidade do ácido araquidônico. Por isso que quando temos uma inflamação no trato respiratório inferior, a única classe de anti inflamatório que eu posso usar, são os corticoides. Essa é uma das ações predominantes dos corticoides como anti inflamatório A anexina-1 pode ser chamada de lipocortina-1 (subtipo mais comum de anexina-1) Além disso, a anexina-1 também diminui a infiltração de leucócitos Os corticóides quando ativam a transcrição gênica acabam fazendo um bloqueio da síntese do NF kB, um sinalizador importante para que seja produzido as interleucinas, então, as nossas células de defesa existem em número, mas a maioria delas não estará funcionando. Esse é o efeito imunossupressor dos corticoides. As nossas células de defesa produzem menos citocinas, a resposta às células contra o agente invasor será diminuída. Isso é muito útil em doenças autoimunes. Quanto mais alta é a dose, mais antiinflamatório e mais imunossupressor (sempre terá efeito imunossupressor) - Diminuição das moléculas pró inflamatórias (interleucinas, proteases etc) - Inibição da síntese da COX 2 - Aumento das anexinas 1 e 2, com subsequente inibição das fosfolipases A, o que reduz a síntese de PGs e leucotrienos, sintetizados a partir do ácido araquidônico. Carros chefes de função dos corticoides: 1. Ação anti inflamatória 2. Ação imunossupressora (dependente de dosagem) 3. Antialérgicos - quando se tem uma alergia, significa que aquele antígeno provavelmente está dentro do corpo, e vai demorar para ser eliminado, após a administração o anti-histaminérgico pode haver outras crises, ai se administrar corticóides juntos, para que eles entrem nas células e em algumas horas diminua a produção de citocinas, e os mastócitos não vão conseguir responder muito bem ao agente alérgeno. Assim, eu consigo suportar uma certa quantidade de alérgeno sem desencadear uma crise Uso de corticoides para rinite alérgica deixa as mucosas imunossuprimidas, e isso torna elas suscetíveis a microrganismos, o que pode trazer problemas A molécula de CG entra na célula por difusão passiva e liga-se a um receptor citoplasmático próprio que a transporta ao núcleo e altera diretamente a transcrição de 10 a 100 genes. Os receptores para glicocorticóides encontram-se em praticamente todas as células do organismo Alguns dos efeitos resultantes são: 1. Diminuição de moléculas pró-inflamatórias como interleucinas, fatores de adesão, de crescimento e proteases. 2. Inibição da síntese da COX 2; 3. Aumento das anexinas 1 e 2, com subsequente inibição da fosfolipase A, o que reduz a síntese de prostaglandinas e leucotrienos sintetizados a partir do ácido araquidônico; 4. Outros efeitos independentes dos genes. PARÂMETROS FARMACOCINÉTICOS: Bem absorvidos, muito lipossolúveis e funcionam bem em qualquer via de administração. São distribuídos amplamente para todos os tecidos do corpo, inclusive SNC. São metabolizados no fígado e depois conjugados com ácidos glicurônico e eliminado Prednisona: Corticoide com ação terapêutica, mas quando é biotransofrmado, é transformado em prednisolona, e a prednisolona é mais potente que a prednisona, que é mais potente ainda que a prednisona. Então, na prática clínica, costuma ser usada em processos crônicos, como situações osteomioarticulares A ação também será maior devido a biotransformação Quando o processo é agudo, o melhor é prescrever prednisolona direto, pois vai ter uma ação mais potente e mais rápida. Não é errado prescrever prednisona para pneumonia, mas normalmente, existe essa preferência Quando o processo é agudo, o melhor é prescrever prednisolona direto, pois vai ter uma ação mais potente e mais rápida. Não é errado prescrever prednisona para pneumonia, mas normalmente, existe essa preferência Os corticoides exógeno tem um efeito mineralocorticoide, pois apresentam (TODOS ELES) afinidade com os receptores de aldosterona (reabsorção sódio e água), e por isso, quando usa a pessoa apresenta edema, e isso sempre acontece de forma aguda e rápida. Se a pessoa usar corticoide de forma prolongada isso vai ser MUITO perceptível. A betametasona e dexametasona são as que tem o menor potencial mineralocorticoide, enquanto as outras possuem um efeito maior A meia vida depende das CYPS, então alguns corticóides exógenos terão meia vidas diferentes Os de duração muito longa podem durar até 36-72 horas (corticóides de depósito pois fica armazenado no corpo e ligado a uma proteína transportadora (transportina) e demora para ser eliminado) ADMINISTRAÇÃO E DOSAGEM: Normalmente usa-se a menor dose efetiva Prednisona e prednisona (5-10mg), mas em algumas situações pode ser usado doses maiores, depende muito de cada caso Dexametasona e Betametasona (0.5mg) - equivale 5 mg de prednisona A dosagem e a maneira de administração dos GC vão depender da doença que se deseja tratar e sua gravidade. Deve-se levar em consideração o melhor resultado com menores efeitos colaterais O tratamento sistêmico pode ser feito via oral (VO), intramuscular (IM) e endovenoso (EV). O uso de GC VO é o mais frequente é aquele com que os médicos costumam ter mais experiência. Pode ser administrado com doseúnica diária após o café da manhã, o que diminui a frequência de insuficiência da suprarrenal, já que sua ação fracionada diária exerce ação supressora de ACTH. FORMAS FARMACÊUTICAS: - Via oral mais comum, tópicas, preparações para asma Os dispositivos inalatórios da asma, normalmente exercem uma ação mais localizada, só que algumas dessas moléculas vai ser absorvido e causar efeitos sistêmicos (uso crônico causa pequenas consequências sistêmicas) Esses corticoides inalatórios usamos em doses MUITO baixas, os dois mais usados são em 200-500 mcg (microgramas), justamente para que se use todos os dias e tenham menores efeitos sistêmicos - + comum inalatório é a beclometasona e budesonida - O uso exógeno de corticoides, óbviamente causa um feedback negativo na hipófise, mas quando falamos de inalatórios em longo prazo, principalmente em asma severa, o eixo hipotálamo hipófise suprarrenal terá alterações (pequenas) Corticosteróide inalatório: Trata-se do principal medicamento utilizado no tratamento de manutenção, e profilático da asma, tanto em adultos como em crianças. USO TERAPÊUTICO DOS GLICOCORTICÓIDES: GC são potentes anti-inflamatórios e imunossupressores. Eles inibem manifestações tanto iniciais quanto tardias da inflamação, isto é, não apenas a vermelhidão, o calor, a dor e o edema iniciais, mas também os estágios posteriores de cicatrização e reparo de feridas e reações proliferativas observadas na inflamação crônica. Estes fármacos têm atividade sobre todos os tipos de reações inflamatórias, sejam elas causadas por patógenos invasores, por estímulos químicos ou físicos ou por respostas imunes inadequadamente desencadeadas, como as observadas na hipersensibilidade ou na doença autoimune. SELEÇÃO E ESQUEMAS DE DOSAGEM: Dependendo da doença há protocolos 1 comprimido, pela manhã, agir mínimo possível no eixo hipotálamo hipófise adrenal Pode ser ingerido com alimentação As preparações de glicocorticóides diferem nos efeitos antiinflamatórios e mineralocorticóides relativos, na duração de ação, no custo e nas formulações disponíveis. Ao determinar o esquema posológico a ser utilizado, o médico precisa considerar a gravidade da doença, a quantidade do fármaco necessária para obter o efeito desejado e a duração da terapia No geral, a administração de corticóides via oral deve ser feita uma vez ao dia, pela manhã, respeitando o ciclo circadiano. Terapias em dias alternados: A maioria dos pacientes vai usar por poucos dias, só que há um público que precisa usar corticoide de forma contínua, pacientes que precisam que a imunossupressão seja guiada por corticóides. Existem duas formas de usar quando se diz prolongado - Todos os dias em doses fracionadas (chegando em 40/60mg) todos os dias para chegar na dosagem imunossupressora. - Dias alternados: Se o paciente precisa disso por muito tempo, faz ele tomar 80mg em um dia, pular um dia, e aí tomar mais 80mg de novo, para dar um “choque” no hipotálamo e hipófise. Há um problema aqui, as pessoas vão esquecendo se tomaram - risco de esquecimento (vânia não gosta dessa terapia) Para reduzir os efeitos colaterais de uma terapia com GC a longo prazo pode-se optar pela terapia em dias alternados: administra-se a dose total de 48 horas como uma dose única, pela manhã, em dias alternados A transição da terapia de uso diário para a de dias alternados deve ocorrer gradualmente, diminuindo progressivamente a dose nos dias ímpares e aumentando a dos dias pares, para evitar os sintomas de insuficiência suprarrenal Outra conduta é manter a dose do GC constante em um dia e reduzir gradualmente a do dia alternado Deve-se utilizar GC de ação intermediária, como prednisona ou prednisolona, administrando a dose única diária pela manhã e iniciando um programa de transição tão logo as manifestações da doença estejam sob controle. Pulsoterapia: Paciente com doença autoimune gravíssima, ele precisa imediatamente conter a resposta inflamatória, aqui precisa em um período de 3-5 dias uma dose elevadíssima de corticoides (até mesmo 500-100 mg de metilprednisolona) quase tomar 40 e poucos comprimidos por dia. Essa é uma modalidade muito utilizada - a administração de doses muito elevadas por um curto período de tempo, para suprimir uma doença autoimune em crise aguda A pulsoterapia (PT) de GC, consiste na administração de uma dose muito alta de GC num curto período de tempo. Utiliza-se com o objetivo de deter rapidamente um quadro progressivo, evitar a administração prolongada de GC orais (com os efeitos adversos correspondentes), e aumentar o período de remissão da doença. Metilprednisolona e dexametasona via endovenosa são os GC mais utilizados na PT. Não existe uma padronização das doses, mas normalmente administram-se 500-1000 mg de metilprednisolona e 100 a 200 mg de dexametasona por pulso diário. Costuma-se fazer de 3-5 pulsos em dias contínuos, com repetição mensal, se for necessário. Existem outros esquemas como doses menores administradas em dias alternados EFEITOS ADVERSOS: Eles possuem um papel metabólico muito importante, e interferem no metabolismo geral do organismo Agudo: - Hiperglicemia - Elevação da PA - Euforia - Irritabilidade - Verborragia (falar muito) ✓ Hiperglicemia porque reduzem a captação e utilização da glicose e aumentam a gliconeogênese, glicosúria, além de aumentar o catabolismo e reduzir o anabolismo proteico; - processo agudo e imediato observado - Elevação de PA ✓ desmineralização óssea: redução da absorção de cálcio no TGI e aumento da excreção pelos rins ✓ reduz atividade osteoblastos e aumento de RANK ✓ Alteram o metabolismo e a redistribuição das gorduras, característica da síndrome de Cushing. - processo mais crônico ✓ Exacerbação do efeitos mineralocorticoides, causando retenção de sódio e excreção de potássio Crônico: - Redistribuição de gordura - Braços e pernas mais finos - Equimose - Cataratas - Osteoporose - os corticóides inibem os osteoblastos e estimula os osteoclastos, com objetivo de jogar cálcio no sangue - Influência intestinal importante: diminui a absorção de cálcio e aumentar a excreção renal de cálcio (agudo), provocando uma desmineralização óssea em uns 30 dias (crônico) PROFILAXIA E TRATAMENTO DA OSTEOPOROSE INDUZIDA POR CORTICOSTERÓIDES: Meu Ca+ plasmático baixem, e isso aciona a paratireóide a secretar o PTH, que vai estimular os osteoclastos a tirar cálcio do osso para por no sangue - isso é um efeito AGUDO Se for usar por 10 dias ou mais, e a dose for de 10-20mg, principalmente idosos ou mulher em menopausa, é necessário fazer suplementação de cálcio. Isso não evita a osteoporose a longo prazo, mas isso tenta manter o cálcio plasmático para reduzir a ação do PTH, só que quanto ao efeito do corticóide de estimular osteoclasto e inibir osteoblasto não há o que fazer Dose de 5 mg: considerada a mais segura para uso crônico, ainda que estudos demonstraram fratura óssea nestes pacientes A perda de massa mineral óssea ocorre, mais intensamente, a nível do osso trabecular, quantificada em cerca de 10 a 20% nos primeiros 3 meses de tratamento, seguida de uma perda mais lenta de cerca de 2% por ano SÍNDROME DA RETIRADA OU DE PRIVAÇÃO DOS CORTICOIDES Mesmo obedecendo o ciclo circadiano, as concentrações estarão mais altas no final do dia, então é óbvio que vai mudar o eixo - Se tirar de forma abrupta, isso vai causar uma síndrome de retirada, a adrenal não vai estar funcionante - Paciente pode ir a óbito Ocorre quando encerra-se terapia crônica de forma abrupta. O quadro clínico é caracterizado por dependência física ou psíquica. A dependência física se caracteriza por anorexia, náusea, vômito, perda de peso, astenia, cefaléia, mialgia, artralgia, hipotensão postural, taquicardia, febre e descamação da pele. A dependência psicológica pode se manifestar por graus variáveis de efeitos psicológicos adversos. Mudanças do humor e labilidade emocional são as manifestações mais comuns, seguidas por delírio e estados psicóticos. Se foi uma terapia aguda, em uma dose NÃO imunossupressora(5-10mg) não precisa fazer o desmame (< 7-14 dias): Suspender corticoterapia de uma só vez sem necessidade de esquemas de redução Mas, se uma pessoa teve alguma doença que precisou de dose alta de corticóide por período prolongado, não pode simplesmente tirar, ele vai ter que fazer um quarteamento da dose, ir reduzindo 25% da dose até parar. A melhor forma de fazer isso é quebrando o comprimido no meio, porque nem sempre a dosagem vai bater. Isso é chamado de Terapia crônica sem doença de base Autores dizem que o ideal quando chega em 10mg, é dosar o ACTH, pois pode ser que o eixo não tenha voltado ao normal, e aí precisa manter um pouco mais Passar de uso diário para dias alternados Reduzir 20% da dose a cada 2-4 dias até atingir a dose fisiológica. Em seguida, diminuir para metade da dose fisiológica em 2-4 semanas Ao atingir metade da dose fisiológica, dosar o cortisol sérico matinal e ACTH mensalmente até atingirem valores normais. Quando o ACTH e cortisol sérico matinal basal forem normais, suspender o corticoide e dosar ACTH Agora em situações que o paciente tem doença autoimune, ou fez um transplante, e está em uso de uma dose muito alta, ma já está estável, nós reduzimos a dosagem. Isso é chamado de terapia crônica com doença de base Vai reduzindo, e monitora por alguns meses, e às vezes dá pra reduzir mais ainda, mas nem sempre conseguimos zerar, se tira gradualmente até a dose mínima efetiva que mantém a doença sob controle, em estado de remissão. Na grande maioria não se consegue zerar, mas pode acontecer Velocidade de redução depende da doença de base (por exemplo: 10% a cada semana); Se houver sinais de recrudescimento da doença de base, retornar à dose anterior Prosseguir redução de acordo com as limitações da doença, até que o teste do ACTH seja normal.
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