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1 Unidade 2 – Princípios em saúde coletiva e odontopediatria Aula 5 – Programas em saúde bucal e avaliação de índices Informações da Aula Autor Isabela Cristina Alves Panasol Competência da Unidade Atuar na promoção, prevenção, manutenção, recuperação e vigilância da saúde, em todos os níveis de complexidade e na clínica integrada da criança e do adolescente. Competências da Aula Atuar no Sistema Único de Saúde (SUS), atendendo a todas as faixas etárias, proporcionando saúde e qualidade de vida aos indivíduos presentes na comunidade. Resultado de Aprendizagem da Aula Propor soluções a partir da compreensão da complexidade e diversidade de um território de atuação. 2 Convite ao estudo Olá, estudante! O conteúdo que será apresentado nesta aula ajudará você a entender como atuar no Sistema Único de Saúde (SUS), abrangendo todos os ciclos de vida, isto é, atendendo desde bebês até pessoas idosas, com o objetivo de proporcionar saúde e qualidade de vida para os indivíduos de uma comunidade. Como resultado, será possível compreender os problemas encontrados na população atendida, de acordo com sua complexidade e diversidade. Conhecer mais detalhes sobre o Sistema Único de Saúde, a epidemiologia local e a população é uma competência que ajudará a transformar a saúde bucal dos moradores de uma região, de forma que seja possível restaurar a estética, a funcionalidade, devolver a destreza fonética adequada e, com isso, promover a reinserção desses cidadãos na sociedade. Logo, o papel do cirurgião-dentista é fundamental nas Unidades Básicas de Saúde (UBS). E quando não se podem resolver casos durante a atenção primária, é possível encaminhá-los aos Centros de Especialidades Odontológicas (CEOs). Bons estudos! Estudo de caso – A atenção básica de saúde e o cirurgião-dentista Para contextualizar sua aprendizagem, imagine a seguinte situação: houve um concurso público em sua cidade do qual você participou, foi aprovado e nomeado para atuar na Unidade Básica de Saúde da região. Uma das orientações para o cumprimento da atividade era a prioridade concedida aos grupos odontopediátricos até 12 anos. Ou seja, priorizava-se o atendimento desenvolvido desde a consulta pré-natal, feita com os pais do bebê em formação, passando pelos recém-nascidos e chegando aos adolescentes, pois a gestão anterior observou que crianças de 1 a 6 anos apresentavam CPO-d de 4,7. Diante disso, recomendou-se a coleta de dados da população em geral e uma análise dos integrantes que se enquadravam na faixa etária do período infantil, para comparar se houve uma evolução no quadro descrito anteriormente. Em seguida, sugeriu-se a realização de um mapeamento da região, recomendando ações específicas. Durante os primeiros atendimentos, você ficou sabendo, pelos registros da cidade, que não havia abastecimento de água com flúor e que muitos locais pertenciam à zona rural, onde era comum a utilização de poços artesianos. Você concluiu que esse panorama poderia ter vínculo direto com as lesões cariosas e o alto índice de CPO-d apresentado. Ao atender à população infantil, você notou que o índice de lesões cariosas pode ter diminuído, mas não fez nenhuma anotação sobre esse assunto até o momento. Foi possível observar, 3 também, que os pais das crianças pouco sabiam sobre higiene dentária, dieta e amamentação ao serem indagados acerca desses temas. Com base nessas evidências, você montou um questionário que o direcionasse para a solução dos problemas da área investigada. Uma das questões presentes no documento tinha a intenção de descobrir como coletar o CPO-d da população infantil, para promover uma posterior comparação e traçar ações que ajudassem a atingir os níveis ideais de CPO-d. Outra pergunta do questionário buscava saber quais ações coletivas e individuais poderiam ser estabelecidas para melhorar a saúde infantil. Tendo essas indagações em mente, você poderá adentrar o conteúdo desta aula analisando como funciona o Sistema Único de Saúde (SUS). No decorrer desta disciplina, será apresentado um breve histórico sobre a formação do SUS e a proposta da Estratégia Saúde da Família (ESF). Você também aprofundará seus conhecimentos sobre a atuação da Equipe de Saúde Bucal (eSB), que pode ser configurada de acordo com dois tipos de composição: • Modalidade I: cirurgião-dentista e auxiliar em saúde bucal (ASB) ou técnico em saúde bucal (TSB). • Modalidade II: cirurgião-dentista, TSB e ASB, atuando juntamente com a ESF no território adscrito da Unidade Básica. O ambiente de atuação do dentista compreende os domicílios dos pacientes, escolas, igrejas, reuniões no interior da Unidade Básica de Saúde (UBS) e o consultório odontológico, para que se possa atender ao maior número possível de pessoas. Além disso, você aprenderá a interpretar os índices que ajudam a organizar as ações e a obter melhores resultados, como também conhecerá sugestões de medidas para aprimorar a qualidade de vida da população em seus diferentes ciclos de vida, isto é, desde o nascimento até a fase de envelhecimento, para que os cidadãos atendidos sejam inseridos na sociedade com todo o seu potencial. Com essas informações, será possível resolver o estudo de caso de maneira completa, abordando todos os aspectos do problema em questão. Por fim, os conhecimentos desenvolvidos por meio dessa análise poderão ser aplicados a outras situações que envolvam as demais faixas etárias. 4 Programas em saúde bucal e avaliação de índices Bem-vindo, estudante! Nesta aula você estudará sobre os fundamentos da saúde coletiva, verificando como esse campo de conhecimento influencia e colabora com o bem-estar de uma comunidade. O conceito de saúde, segundo Sigerist (1945 apud SOUZA; GRUNDY, 2004), engloba as ações de ajudar o indivíduo na recuperação, manutenção e promoção de sua saúde, e de educá-lo para que ele possa se prevenir frente a possíveis doenças. Nesse contexto, o Sistema Único de Saúde tem o objetivo principal de atender ao paciente, para que ele receba cuidados, promova a manutenção de sua saúde, previna o surgimento de enfermidades e seja capaz de recuperar-se e reabilitar-se. Para que esse objetivo seja cumprido, os profissionais do campo da saúde precisam conhecer a área em que atuam e a população com a qual lidam, tendo consciência das particularidades presentes na região. Nesse sentido, foram desenvolvidas políticas e diretrizes para nortear ações que auxiliem na conquista dessa meta. O desenvolvimento do SUS foi iniciado em 1970, quando a promoção da saúde passou a ser pauta de discussões. No âmbito internacional, por exemplo, a Carta de Ottawa, de 1986, que indicava a necessidade do envolvimento do Estado, do sistema de saúde, da comunidade e dos indivíduos, motivou a criação do SUS, no Brasil, em 1988 (SOUZA; GRUNDY, 2004). Para a formação do SUS, criou-se a Lei nº 8.080, de 1990, uma determinação de princípio doutrinário que aborda a universalidade, integralidade e equidade. A universalidade consiste em atender a todo cidadão sem custos adicionais, independentemente de sua classe social, raça, sexo. A equidade define que todo indivíduo tem os mesmos direitos, porém cada pessoa apresenta necessidades diferentes, as quais o SUS se propõe a resolver. Por fim, a integralidade indica que o cidadão deve ser atendido integralmente, isto é, considerando-se toda a complexidade do seu caso, desde a promoção da saúde até a reabilitação (MATTA, 2007). Para que o princípio doutrinário fosse cumprido, foi necessário estruturar os princípios de organização, que incluem a descentralização, regionalização, hierarquização e participação da comunidade. A descentralização propõe que as ações para resolver os problemas de saúde sejam divididas entre vários setores do governo, nos âmbitos federal,estadual e municipal (BRASIL, 2000). Existem instâncias que auxiliam no processo de descentralização, como o Conselho Nacional das Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), a Comissão Intergestores Bipartite (CIB), a qual se define em uma relação entre o município e a gestão estadual, e a Comissão Intergestores Tripartite (CIT), que configura um eixo entre o Ministério da Saúde, o Conass e o Conasems. Esse princípio tem como vantagens a 5 transparência em relação à distribuição de recursos, o atendimento mais efetivo das necessidades das cidades e a redução de gastos dispensáveis (MATTA, 2007). A hierarquização é o princípio que organiza o sistema em níveis de atenção. Nesse contexto, o nível de atenção primário atende desde as demandas básicas até as complexas. É possível, também, que o setor privado auxilie o setor público quando este não for capaz de satisfazer as carências apresentadas (BRASIL, 2000). A regionalização oferece dados sobre a área que será atendida, como o perfil da população, indicadores que esclarecem a realidade da região, informações sobre as condições de vida, entre outros índices. Dessa maneira, é possível delimitar as principais ações a serem realizadas nos níveis de atenção (MATTA, 2007). A participação da comunidade é regulamentada pela Lei nº 8.142, de 1990, que viabiliza a participação popular a partir dos conselhos e conferências de saúde, entidades que estão vinculadas às esferas municipal, estadual e federal, cuja finalidade é atuar na construção das políticas de saúde e fiscalizar as atividades da área. Com o objetivo de compor todos os princípios do SUS, criou-se o Programa de Saúde da Família, em 1994, que é constituído por vários profissionais de áreas distintas, os quais trabalham com promoção da saúde, prevenção de doenças, recuperação e reabilitação de complexidades de uma área definida. Para a composição de uma Equipe de Saúde da Família, fazem-se necessários, pelo menos, os seguintes profissionais: médico, enfermeiro, auxiliar ou técnico de enfermagem e agentes comunitários de saúde, com a possibilidade de adicionar um cirurgião-dentista e um auxiliar ou técnico em saúde bucal. Essa equipe deve atuar no atendimento de até 4 mil pessoas por meio da inclusão das eSB. A inclusão da saúde bucal na Estratégia Saúde da Família (ESF) foi realizada em dezembro de 2000, pela Portaria nº 1444. No entanto, somente em março de 2001, a partir da Portaria GM/MS nº 267, foram implementados regulamentos e diretrizes para a inclusão de Equipes de Saúde Bucal (eSB) na ESF. Existem atualmente duas modalidades de composição de equipes: • Modalidade I: com 1 dentista e 1 auxiliar de saúde bucal. • Modalidade II: com 1 dentista, 1 auxiliar de saúde bucal e 1 técnico de higiene dentária. Em 2003, ocorreu a coleta de dados para a saúde bucal, por meio do projeto Levantamento das Condições de Saúde Bucal da População Brasileira (SB Brasil). Com base nessa pesquisa, observou-se a importância de medidas para a atenção básica e atenção especializada, principalmente com a atuação dos Centros de Especialidades Odontológicas (CEOs) e dos 6 Laboratórios Regionais de Próteses Dentárias. Em 2004, criou-se a Política Nacional de Saúde Bucal (Brasil Sorridente) (PINTO, 2019). Os procedimentos realizados até 2004, no setor público, eram voltados para a extração, restauração, pequenas cirurgias e aplicação de flúor. Após a obtenção dos dados do levantamento, verificou-se a necessidade de ampliar a gama de procedimentos. Assim, a preocupação foi direcionada para a distribuição de flúor por meio do abastecimento de água, ações coletivas e individuais de aplicação de flúor, coleta de dados epidemiológicos, escovação supervisionada para as crianças, selantes e profilaxia. Para situações de maior complexidade, criou-se o Centro de Especialidades Odontológicas, no qual os atendimentos são especializados. Os pacientes são encaminhados para esse local quando não há possibilidade de resolver seus casos, que são mais complexos, na unidade básica, como análise de doenças bucais, periodontia, cirurgias, endodontia, próteses e atendimento a pacientes com necessidades especiais. A implementação dos CEOs ocorreu por meio do Programa Saúde da Família, em 2004. Em relação à sua estrutura, os CEOs são compostos por: • Tipo I: três cadeiras odontológicas. • Tipo II: quatro ou mais cadeiras. • Tipo III: sete cadeiras (BRASIL, 2022). Com o objetivo de melhorar a saúde bucal da população, recomendou-se a realização de levantamento de dados sobre as regiões que receberiam esses serviços. Nesse sentido, alguns índices foram determinados para uniformizar a coleta de informações (SILVA; SENNA, 2013). Os índices que se referem a lesões cariosas, tanto em dentes permanentes quanto em dentes decíduos, são: CPO-D (para dentes permanentes) e CPO-d (para dentição decídua). Eles indicam a soma de dentes cariados, perdidos e obturados divididos pelo número total de pessoas participantes da análise. Logo, ajudam a observar severidade e a prevalência de cárie na população. Para traduzir os valores encontrados, consideram-se os seguintes níveis de prevalência de cárie: • Muito baixa: entre 0 e 1,1. • Baixa: entre 1,2 e 2,6. • Moderada: entre 2,7 e 4,4. • Alta: 4,5 e 6,5. • Muito alta: igual ou superior a 6,6 (CYPRIANO; SOUSA; WADA, 2005). 7 Outro índice que pode ser usado na epidemiologia é o International Caries Detection and Assessment System (ICDAS), cuja função também é observar os dentes com lesões sem cavidades e com cavidades. Sua aplicabilidade é voltada para áreas nas quais poucas pessoas apresentem lesões cariosas (PINTO, 2019). Para prevenir o surgimento de lesões cariosas em crianças, é importante estimular o comparecimento da população em consultas de pré-natal, ensinar sobre o aleitamento materno, oferecer consultas odontológicas com orientação de dieta e higiene, explicar sobre os traumatismos dentários e fornecer orientações específicas para esses casos. Nas escolas, a eSB pode realizar tratamento restaurador atraumático, aplicar flúor e efetuar escovação supervisionada, disseminando a educação em saúde. Em relação ao cuidado com adultos, é possível desenvolver reuniões para orientá-los sobre a saúde bucal e realizar visitas domiciliares, principalmente no caso de pacientes acamados ou com dificuldades de locomoção. Para os idosos, é interessante agendar mais reuniões com a equipe do Nasf, na intenção de ministrar temas importantes, como doenças bucais, alterações normais da idade e mudanças provocadas pelo uso de medicamentos e doenças sistêmicas, além de propiciar o cuidado por meio de visitas domiciliares, articulando, por exemplo, o atendimento clínico individual. Sempre que ocorrer alguma alteração que não possa ser tratada na atenção básica, independentemente do ciclo de vida, é fundamental encaminhar o paciente para o Centro de Especialidade Odontológica. Por fim, o uso de flúor contribui para a melhoria da saúde bucal e pode ser efetuado de forma coletiva ou individual. Nos meios coletivos de flúor, o abastecimento de água fluoretada distribui flúor para a população, controlando a lesão cariosa. Já o dentifrício fluoretado corresponde a uma ação coletiva, a qual precisa apresentar a formulação de 1.000 a 1.500 ppm de flúor para atingir sua eficácia. Esse recurso também é usado de forma rotineira e domiciliar. É possível que a eSB apresente orientações sobre saúde bucal e promova a escovação supervisionada nas escolas. O uso de enxaguatórios bucais pode ser aplicado à utilização domiciliar, porém só é indicado para casos em que não há flúor na água de abastecimento ou quando a concentração de flúor estiver abaixo de 0,54 ppm F, com CPO-D maior que 3 para crianças de 12 anos e menos de 1/3 da populaçãosem cárie. Os géis bucais com base de flúor são feitos no consultório, recomendados para uso coletivo e seguem a mesma indicação do bochecho, adicionando o fato de que o uso dessas misturas é indicado para comunidades afastadas dos centros (BRASIL, 2009). Em relação às ações individuais, os bochechos de NaF a 0,05% são recomendados para pacientes com alto risco de lesão cariosa, para os quais também é indicada a utilização dos 8 vernizes e dos materiais restauradores que liberam flúor, como o cimento de ionômero de vidro (BRASIL, 2009). Por meio do conteúdo desta aula, foi possível entender como o Sistema Único de Saúde é estruturado. Além disso, conhecemos ações que ajudam a melhorar a saúde bucal da comunidade e a gerar mais qualidade de vida. Bons estudos! Resolução do estudo de caso Para a resolução do estudo de caso apresentado anteriormente, devemos relembrar qual a competência desta aula: entender como o Sistema Único de Saúde funciona e como consegue atender a toda a população, contemplando diferentes faixas etárias e problemas bucais, com o objetivo de proporcionar saúde e qualidade de vida a todos. O resultado dessa compreensão é a capacidade de fornecer soluções a partir da complexidade das situações e da diversidade de indivíduos que se encontram em diferentes estágios de vida. Para solucionar a problemática do caso descrito, vamos relembrar o contexto e percorrer os questionamentos propostos. Ao ser nomeado para atuar em uma Unidade Básica de Saúde, você terá que resolver as demandas que serão apresentadas e efetuar um levantamento acerca da população até 12 anos. A faixa etária que compreende crianças de 1 a 6 anos apresentava um CPO-d de 4,7, e sua comunidade não era abastecida com água fluoretada. Com base nisso, você concluiu que esse panorama estava interligado com o alto índice de cárie e de CPO-d. Durante os primeiros atendimentos, você percebeu que o nível de conhecimento sobre como realizar a higiene bucal nas crianças e como efetuar a amamentação e dietas era baixo. Também foi possível notar que o índice de CPO-d poderia ter melhorado, mas era preciso coletar os dados adequados para confirmar essa hipótese. Diante disso, você deverá encontrar uma maneira de reunir esses dados e desenvolver um planejamento capaz de contemplar ações tanto individuais quanto coletivas para esses indivíduos. O índice de CPO-d em torno de 4,5 é considerado alto. Para que abaixe até um nível moderado, precisa estar entre 2,5 e 4,4. Sendo assim, a primeira ação a ser feita é a coleta de dados a partir da análise dos dentes cariados, perdidos e obturados dos pacientes. O local em que essa população se encontra reunida com facilidade é nas escolas da área. Portanto, uma das medidas 9 necessárias para anotar e fazer o mapeamento correto é ir até as instituições de educação para verificar essas informações. Dentre as ações coletivas que podem ser desenvolvidas, podemos citar uma reunião no posto de saúde, com a presença dos pais das crianças, na intenção de conceder orientações sobre dieta, amamentação e a forma apropriada de realizar a higienização da boca dos pacientes. Embora as crianças já tenham autonomia para executar a escovação, precisam da supervisão dos pais para confirmar se a prática foi efetuada corretamente. Caso não haja uma participação muito significativa dos responsáveis, pode-se optar por fazer visitas domiciliares, com o objetivo de compartilhar esses conhecimentos com mais pessoas. Outras ações coletivas interessantes são orientar sobre a escolha do dentifrício, que deve ter mais de 1100 ppm de F, desenvolver a escovação supervisionada nas escolas e promover a aplicação de géis ou vernizes no consultório odontológico. Em relação às ações individuais, recomenda-se aplicar bochechos de NaF a 0,05% ou vernizes, bem como utilizar materiais restauradores que liberam flúor em pacientes com alto índice de cárie, o que deve ser avaliado individualmente no consultório. Assim será possível solucionar as questões propostas no estudo de caso. Convite ao vídeo da Aula Olá, estudante! Convido você a assistir ao vídeo a seguir, que te ajudará a fixar os principais pontos abordados nesta aula. Ao assimilar este conteúdo, você será capaz de realizar uma boa prova do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) e conhecerá os principais aspectos relativos à atuação profissional no Sistema Único de Saúde (SUS). Os temas discutidos neste vídeo estão relacionados ao funcionamento do SUS, ao modo como a equipe odontológica trabalha na Estratégia Saúde da Família (ESF) e às principais estratégias de promoção de ações educativas, preventivas e restauradoras, para cooperar com a saúde bucal da população. 10 Saiba mais Saiba mais Para aprofundar seus conhecimentos acerca dos conteúdos estudados nesta etapa de aprendizagem, é interessante que você faça a leitura dos textos sugeridos a seguir: • Capítulo 4 do livro Gestão da prática em saúde bucal (Abeno), de Paulo Sávio Angeiras de Goes No capítulo recomendado para leitura, o autor aponta como o cirurgião- dentista pode atuar na comunidade de acordo com os diferentes ciclos de vida da população, atendendo desde um recém-nascido até um idoso. Trata- se de uma abordagem interessante, que amplia o olhar para a população. GOES, P. S A. de. Gestão da prática em saúde bucal (Abeno). São Paulo: Artes Médicas, 2014. • Página 35 do Guia de recomendação para o uso de fluoretos no Brasil, produzido pelo Ministério da Saúde O trecho indicado tem como tema central a fluorose dentária. Nesse contexto, observa-se a maneira apropriada de identificar lesões causadas pela fluorose, uma patologia que, por muitas vezes, pode ser confundida com lesões cariosas. O excesso de fluorose dentária também provoca danos aos pacientes, por isso saber reconhecê-la é importante. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Guia de recomendações para o uso de fluoretos no Brasil. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2009. • Capítulo 3 do livro Promoção e prevenção em saúde bucal, de Fernanda Natrieli de Freitas Este capítulo apresenta informações essenciais sobre dieta e mastigação, associando-as a outros aspectos relevantes, como amamentação e tipos de alimentos importantes na infância. O domínio desses saberes permite que o 11 dentista explique aos pais, durante uma consulta com seus filhos, qual a melhor forma de trabalhar a alimentação e a saúde bucal de modo conjunto. FREITAS, F. N. de. Promoção e prevenção em saúde bucal. São José dos Campos: Érica, 2014. E-book. Fechamento da Aula Para finalizar esta aula, você terá acesso, a seguir, a um breve resumo do que foi estudado até este momento. O Sistema Único de Saúde (SUS) apresenta uma estruturação, baseada em princípios doutrinários e organizativos, que se estende por todo o território nacional, embora alguns conceitos, como regionalização e descentralização, motivem a distribuição de recursos e ações específicos para cada área. No SUS, as Equipes de Saúde Bucal (eSB) estão integradas à Estratégia Saúde da Família (ESF), o que garante a interação entre diversos profissionais da saúde, tornando o atendimento completo. As ações do cirurgião-dentista podem ser articuladas no âmbito domiciliar, escolar, no consultório odontológico, como também em outros ambientes nos quais seja possível promover práticas coletivas e individuais, para atender a cidadãos de todas as faixas etárias, garantindo-lhes uma boa qualidade de vida e, por consequência, uma excelente saúde bucal. 12 Fonte: elaborado pela autora. Destaques do estudo de caso ● Histórico do Sistema Único de Saúde (SUS). ● Organização do SUS. ● Ações coletivas e individuais. ReferênciasBRASIL. Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF: 20 set. 1990. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8080.htm. Acesso em: 6 abr. 2023. BRASIL. Lei nº 8.142, de 28 de dezembro de 1990. Dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do Sistema Único de Saúde (SUS) e sobre as transferências intergovernamentais de recursos financeiros na área da saúde e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF: 31 dez. 1990. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8142.htm. Acesso em: 6 abr. 2023. 13 BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 267, de 6 de março de 2001. Diário Oficial da União, Brasília, DF: 7 mar. 2001. Disponível em: https://www.nescon.medicina.ufmg.br/biblioteca/imagem/1725.pdf. Acesso em: 6 abr. 2023. BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 1.444, de 28 de dezembro de 2000. Estabelece incentivo financeiro para a reorganização da atenção à saúde bucal prestada nos municípios por meio do Programa de Saúde da Família. Diário Oficial da União, Brasília, DF: 29 dez. 2000. Disponível em: http://www1.saude.rs.gov.br/dados/11652497918841%20Portaria%20N%BA%201444%20de%2 028%20dez%20de%202000.pdf. Acesso em: 6 abr. 2023. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Guia de recomendações para o uso de fluoretos no Brasil. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2009. Disponível em: http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/publicacoes/guia_fluoretos.pdf. Acesso em: 1 abr. 2023. BRASIL. Ministério da Saúde. Sistema Único de Saúde (SUS): princípios e conquistas. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2000. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/sus_principios.pdf. Acesso em: 1 abr. 2023. BRASIL. Política Nacional de Saúde Bucal. Ministério da Saúde, 30 set. 2022. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/composicao/saps/pnsb. Acesso em: 1 abr. 2023. CYPRIANO, S.; SOUSA, M. da L. R.; WADA, R. S. Avaliação de índices CPOD simplificados em levantamentos epidemiológicos de cárie dentária. Revista de Saúde Pública, v. 39, n. 2, p. 285-292, 2005. Disponível em: https://www.scielosp.org/article/rsp/2005.v39n2/285- 292/#ModalArticles. Acesso em: 1 abr. 2023. FREITAS, F. N. de. Promoção e prevenção em saúde bucal. São José dos Campos: Érica, 2014. E-book. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788536521299/. Acesso em: 8 abr. 2023. GOES, P. S A. de. Gestão da prática em saúde bucal (Abeno). São Paulo: Artes Médicas, 2014. E-book. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788536702483/. Acesso em: 8 abr. 2023. LEI nº 8.080: 30 anos de criação do Sistema Único de Saúde (SUS). Biblioteca Virtual em Saúde, [s. d.]. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/lei-n-8080-30-anos-de-criacao-do- sistema-unico-de-saude-sus/. Acesso em: 1 abr. 2023. MATTA, G. C. Princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde. In: MATTA, G. C.; PONTES, A. L. de M. (Org.). Políticas de saúde: organização e operacionalização do Sistema Único de Saúde. Rio de Janeiro: EPSJV/Fiocruz, 2007, p. 61-80. Disponível em: https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/handle/icict/39223/Pol%EDticas%20de%20Sa%FAde%20- %20Princ%EDpios%20e%20Diretrizes%20do%20Sistema%20%DAnico%20de%20Sa%FAde.pdf;jsessionid= 617BE70A9392AECE9162657764357CBC?sequence=2. Acesso em: 1 abr. 2023. SILVA, A. N. da; SENNA, M. A. A. de. Fundamentos em saúde bucal coletiva. Rio de Janeiro: MedBook Editora, 2013. E-book. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786557830406/. Acesso em: 1 abr. 2023. 14 SOUZA, E. M. de; GRUNDY, E. Promoção da saúde, epidemiologia social e capital social: inter- relações e perspectivas para a saúde pública. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 20, n. 5, p. 1354-1360, set./out. 2004. Disponível em: https://scielosp.org/pdf/csp/2004.v20n5/1354-1360/pt. Acesso em: 1 abr. 2023. 1 Unidade 2 – Princípios em saúde coletiva e odontopediatria Aula 6 – Qualidade de vida na odontopediatria Informações da Aula Autor Isabela Cristina Alves Panasol Competência da Unidade Atuar na promoção, prevenção, manutenção, recuperação e vigilância da saúde, em todos os níveis de complexidade e na clínica integrada da criança e do adolescente. Competências da Aula Planejar orientações a partir da análise do processo saúde-doença e de suas implicações no cotidiano da criança. Resultado de Aprendizagem da Aula Desenvolver um plano de condutas a serem tomadas pelos pais para oferecer um tratamento dentário adequado à criança, tanto em casa como no consultório. 2 Convite ao estudo Olá, estudante! Nesta aula você entenderá como a doença e a saúde exercem influência sobre o dia a dia do paciente odontopediátrico. Nesse contexto, relacionado à saúde sistêmica, estudaremos mais especificamente sobre a saúde bucal. Descobriremos quais condutas devem ser tomadas para que os pais conheçam a melhor maneira de promover a saúde bucal, por meio de explicações e demonstrações feitas pelo dentista. Com essa abordagem mais didática, o paciente terá qualidade de vida, com uma dieta equilibrada, sendo capaz de apontar os tipos de alimentos mais saudáveis, a maneira correta de higienizar a cavidade oral após as refeições, além de conhecer a etiologia da cárie, bem como as formas de prevenção e tratamento. O cirurgião-dentista possui mais funções a serem desempenhadas no processo saúde-doença do que se imagina. Ele pode, por exemplo, ajudar o paciente a se livrar de maus-tratos e negligência. Logo, esta etapa de aprendizagem constitui-se como um dos pilares para que o profissional adquira conhecimentos que ajudem a criança a preservar sua saúde de modo integral. Bons estudos! Estudo de caso – Dieta e hábitos de sucção não nutritiva Neste estudo de caso, investigaremos aspectos importantes sobre dieta, higiene, hábitos de sucção nutritiva e evolução da cárie dentária. Para contextualizar sua aprendizagem, imagine a seguinte situação: você é um cirurgião-dentista que possui consultório próprio em sua cidade e atende tanto a pacientes adultos quanto a pacientes odontopediátricos. No dia de hoje, havia uma consulta agendada com uma criança de 2 anos e 10 meses de idade. Ela faria sua primeira consulta odontológica e estava acompanhada por sua avó materna, pois a mãe da criança trabalha fora de casa, de modo que a paciente fica sob os cuidados da avó. A responsável relatou que há vários dias sua neta não se alimentava adequadamente e, por vezes, chorava nos momentos da refeição. A criança parecia apresentar dor de dente, embora ainda não falasse. Durante a anamnese, você resolveu perguntar sobre os hábitos alimentares da paciente, na intenção de elaborar um breve diário alimentar para obter dados sobre as refeições da criança. Com base em sua anotação, foi possível observar a preferência por alimentos cariogênicos, com alto grau de açúcar em sua composição, como bolos, balas, bolachas e refrigerante. 3 A avó também alegou que a escovação era feita apenas à noite, antes de dormir, sendo realizada, portanto, uma vez ao dia, com uma pasta que não continha flúor em sua composição. Além disso, sua neta usava chupeta para se acalmar, e a frequência de uso desse acessório aumentou nos últimos dias por causa dos incômodos que a criança sentia nos horários de almoço e jantar. A avó disse, ainda, que era difícil diminuir ou tirar o costume que a neta tinha de usar chupeta pelo tempo que a criança permaneceu apegada a esse hábito. Em todo lugar que ia, ela não conseguia ficar sem usar a chupeta. Após analisar todos os fatores extraorais, vocêdecidiu fazer uma avaliação clínica intraoral para inspecionar a boca da paciente e pensar no plano de tratamento adequado. Esse exame constatou acúmulo de biofilme, gengiva bem edemaciada e má higienização. A avaliação não apontou má oclusão, porém havia lesões cariosas nos dentes 51, 62, 74 e 84, sendo que neste último a lesão era mais profunda. Depois de concluir a análise, você anotou todas as queixas da avó e as considerações que desenvolveu no exame. Posteriormente, solicitou um exame radiográfico, por meio do qual constatou uma lesão cariosa profunda no dente 84. Com o objetivo de melhorar a qualidade de vida da paciente e da família, após a anamnese e o exame clínico, qual será o seu plano de tratamento para restabelecer a saúde da criança em atendimento? No decorrer desta aula, você encontrará informações relevantes sobre higiene dentária, instruções de dieta, sucção nutritiva e não nutritiva, ocorrência do mecanismo da cárie, meios de promover a saúde bucal e modo adequado de observar se o paciente sofre algum tipo de violência. De posse desses conhecimentos, será possível resolver o estudo de caso e, assim, pensar no paciente de maneira integral, analisando sua rotina e os efeitos que suas atividades diárias têm sobre a saúde bucal. Qualidade de vida na odontopediatria Olá, estudante! Nesta aula analisaremos alguns princípios sobre dieta, higiene dentária, sucção nutritiva e não nutritiva, alterações congênitas e sua relação com a ortodontia. A implementação adequada de dietas, da higiene e da sucção nutritiva permite que as crianças se desenvolvam sem más oclusões causadas por fatores que não sejam genéticos, como também sem lesões cariosas. O acompanhamento odontológico em crianças deve ser iniciado antes mesmo do nascimento dos primeiros dentes na cavidade bucal. É importante contar com uma supervisão periódica desses pacientes até o período da adolescência, pois assim o dentista poderá orientar os pais quanto a amamentação, uso de chupetas e mamadeiras, hábitos alimentares e utilização de flúor, 4 além de realizar tratamentos preventivos e restauradores para evitar a lesão cariosa ou restabelecer a saúde bucal. A amamentação natural ocupa um papel fundamental na nutrição dos bebês e no seu respectivo desenvolvimento estomatognático, visto que a sucção estimula o desenvolvimento da face, motivando o crescimento da mandíbula e maxila, bem como auxilia na respiração pelo nariz (DUQUE et al., 2013). A recomendação é que o aleitamento materno seja feito de forma exclusiva até os seis meses de idade, em livre demanda (DUQUE et al., 2013). O uso de mamadeiras não determina que a criança desenvolverá lesão cariosa, porém a adição precoce de açúcar pode fazer com que essa patologia se manifeste e evolua. Quando a amamentação ocorre no período noturno, com a ingestão de açúcar, e não há uma limpeza posterior da região bucal, surgem dois fatores predisponentes para o desenvolvimento da cárie. Um deles é a diminuição do fluxo salivar durante a noite; o outro, o contato do açúcar com os dentes por um período prologado, o que dá início, por consequência, ao processo de desmineralização do esmalte dental. Em relação à musculatura, ocorre um baixo desempenho no desenvolvimento da mandíbula por causa da falta de necessidade de realizar o esforço da sucção e a movimentação da língua. Uma alternativa para que o crânio e a face do bebê evoluam de modo adequado é a utilização de bicos anatômicos, também conhecidos como bicos ortodônticos, pois são mais firmes e contêm pequenos buracos que estimulam a sucção para a saída do leite. Existe a possibilidade de que o bebê passe a adotar hábitos de sucção não nutritivos, como uso de chupeta e sucção de dedos. Caso os pais da criança concordem com a utilização da chupeta, deve-se sempre preferir a do tipo ortodôntico, pois os danos causados por esse modelo são menores. Além disso, a descontinuidade da utilização desse acessório, que costuma acontecer por volta dos 3 a 4 anos, geralmente não desencadeia problemas de oclusão. O quadro de má oclusão é provocado por um conjunto de fatores, como duração do hábito de sucção não nutritiva, frequência, intensidade, genética, idade e padrão facial (DUQUE et al., 2013). O hábito da sucção não nutritiva traz consequências negativas à cavidade bucal, como mordida aberta, interposição lingual, palato ogival, mordida cruzada posterior, atresia da maxila e alterações na fala. Quanto à nutrição de alimentos sólidos, recomenda-se que o bebê inicie a introdução alimentar por volta dos seis meses de idade. Ao orientar os pais sobre a nutrição correta para as crianças é possível oferecer maior qualidade de vida, evitando sobrepesos e desnutrição, além de promover a saúde bucal, reduzindo o surgimento de pontos de lesão cariosas ou até mesmo garantindo a ausência de cáries. Certos grupos alimentares são importantes para o desenvolvimento infantil, como: proteínas, gorduras, carboidratos, vitaminas e sais minerais. As proteínas são encontradas em carnes, leite, queijos, trigo e soja. Já os carboidratos oferecem energia e estão presentes em alimentos como pão, macarrão, lactose e bolos. As gorduras ou 5 lipídeos transportam as vitaminas A, E, D e K, e os óleos vegetais e a manteiga compõem esse grupo. Por fim, as vitaminas (B, C, A, D, E e K) e os sais minerais (sódio, potássio, zinco, magnésio e cálcio) são nutrientes fundamentais para a vida. Deve-se destacar, ainda, o flúor, um mineral importante para a cavidade oral. Esses nutrientes podem ser encontrados em alimentos comumente consumidos no dia a dia, como cereais em grão, castanhas e soja. As vitaminas, por sua vez, estão presentes em frutas e legumes. Uma referência para que os pais sejam norteados quanto à nutrição de seus filhos é a pirâmide apresentada na Figura 1, a seguir. Os alimentos da parte maior da pirâmide devem ser consumidos mais vezes ao dia. Além disso, deve-se incluir nesse processo de educação alimentar a realização de atividades físicas. Figura 1 | Pirâmide alimentar 6 Fonte: Duque et al. (2013). Outra maneira de ajudar os responsáveis é usando uma tabela na qual serão anotados os principais alimentos que a criança consome, no formato de diário, para que os pais recebam instruções relativas à ingestão de alimentos cariogênicos. Os alimentos cariogênicos são constituídos à base de açúcar, servindo de substrato para as bactérias cariogênicas do grupo Streptococcus mutans, que passam a fermentá-los e produzem um ácido que desmineraliza tanto o esmalte quanto a dentina. O ácido fabricado altera o pH do meio, provocando a desmineralização das estruturas dentárias, como cemento, dentina e esmalte, como forma de compensar a redução de pH no meio. A saliva age neutralizando o ácido do biofilme dentário, fazendo com que o pH se eleve. A saliva desempenha várias funções, como remover alimentos e neutralizar os ácidos por meio de sua composição de bicarbonato, fosfato e proteína. Também exerce ação bactericida por conter enzimas e proteínas. Para concluir, pelo fato de a saliva apresentar cálcio e fosfato, a resistência das estruturas dentárias é ampliada. A cárie é multifatorial, isto é, pode ser motivada por diversos fatores, como: a presença de um hospedeiro, que tem em sua anatomia dentária a possibilidade de ser mais retentivo e de 7 acumular mais alimentos na região bucal; a quantidade de saliva produzida pelo paciente; a presença de flúor no meio bucal; dieta rica em açúcar e frequência de ingestão dos alimentos que a integram; e, por fim, presença da microbiota. O uso do flúor tem ação anticariogênica, pois, em diversas pesquisas, observou-se a redução de lesões cariosas na população que adotou essa prática. Há o impedimento do crescimento das bactérias quando o flúoré aplicado em baixas concentrações. Já em altas concentrações, é considerado uma substância bactericida. Nota-se, também, que ao ingerir açúcar e realizar os bochechos com fluoreto de sódio, a formação de ácidos é reduzida (DUQUE et al., 2013). O flúor pode ser encontrado na água disponível para o abastecimento da cidade, em certos alimentos e em alguns materiais restauradores que liberam esse mineral. Embora o elemento flúor apresente inúmeros benefícios, é preciso tomar cuidado para que sua utilização não desencadeie um quadro de fluorose. A fluorose é adquirida entre os 15 e 30 meses de idade, quando há excesso de flúor no meio bucal, afetando, assim, a amelogênese. É caracterizada por linhas brancas opacas, as quais podem ganhar coloração acastanhada em todas as superfícies de esmalte ou em suas cúspides. Comumente ocorre em dentes homólogos. Existem graus de severidade dessa patologia que podem ser analisados clinicamente, como mostra o Quadro 1, a seguir: Quadro 1 | Fluorose dentária e seus graus Fonte: Duque et al. (2013). 8 É importante ter domínio sobre os aspectos clínicos das lesões por fluorose e saber diferenciá- las das manchas ativas e inativas causadas por lesões cariosas. As lesões cariosas ativas não cavitadas são opacas, ásperas ao passar a sonda, com cor esbranquiçada ou marrom, geralmente em formato de banana (SCARPARO, 2020). As lesões cariosas inativas não cavitadas, por sua vez, mostram-se brilhosas, lisas ao passar a sonda, com cor branca, marrom ou mesmo preta. Por fim, a fluorose dental é opaca ou brilhosa, lisa ao ser sondada, com estrias horizontais nos dentes homólogos. Com o objetivo de instruir as crianças sobre uma boa higienização, é importante ensinar os pais a escolherem a melhor escova para cada faixa etária. Para bebês de 0 a 6 meses, podem-se utilizar dedeiras, gaze mergulhado em água fervida, principalmente para que as crianças se acostumem com o manuseio de sua cavidade bucal para a remoção de restos de alimentos. O período compreendido dos 6 meses aos 6 anos é marcado pelo início da introdução alimentar. Nesse caso, as escovas pequenas com cerdas macias são as mais recomendadas. Deve-se usar o fio dental, sendo possível optar pela técnica de Fones e pela escovação lateral, ao surgirem os molares. Dos 7 anos em diante, o modelo de escova a ser usado pode ser o convencional, com cabeça pequena, proporcional à arcada dentária, e cerdas macias. É preciso dar continuidade à utilização do fio dental, e a técnica de escovação adotada pode ser a de Stillman modificada ou a de Bass. A técnica de Fones é desenvolvida com movimentos circulares, com exceção da face oclusal do dente, que deve ser escovada com movimentos de “vai e vem”, em 90°. Outra técnica indicada é a de Stillman modificada, em que a escova, lateralmente à gengiva, vai de cima para baixo nas faces vestibulares e palatinas. E nas faces oclusais dos molares, utilizam-se movimentos de “vai e vem”. Para concluir, a técnica de Bass é feita em 45°, como movimentos de cima para baixo e vibratórios. Nos molares, devem ser feitos movimentos anteroposteriores (DUQUE et al., 2013). Outra instrução que pode ser concedida aos pais refere-se ao uso de dentifrícios com flúor, que devem conter flúor na concentração de 1.100 ppm, em pequenas quantidades, para garantir sua efetividade. O cirurgião-dentista, além de orientar a família sobre a saúde bucal da criança, precisa analisar se há sinais de maus-tratos e negligência com o paciente infantil. Durante o atendimento, deve- se verificar se há machucados no corpo da criança, bem como manchas de queimaduras. Já na cavidade oral, é preciso observar a presença de dentes quebrados e língua cortada. Também é possível avaliar se a criança sofreu abuso sexual, pois algumas doenças manifestam sequelas na região bucal, como gonorreia, sífilis e herpes do tipo II. Existem outros tipos de maus-tratos, como violência psicológica, bullying e negligência, como em casos nos quais é vedado o atendimento odontológico, o que, por consequência, deixa precária a condição bucal da criança (DUQUE et al., 2013). Ao perceber uma situação semelhante a essa, o dentista deve notificar o 9 Conselho Tutelar ou o Juizado da Infância e Juventude, apresentar a ocorrência à polícia e pedir um encaminhamento ao exame de corpo de delito. Nota-se, portanto, que o cirurgião-dentista desempenha um papel importante na saúde sistêmica do paciente odontopediátrico ao orientar, tratar e cuidar do seu bem-estar e direitos. Logo, o estudo do conteúdo apresentado nesta aula permitirá que você desenvolva um atendimento integral e eficiente da população infantil. Resolução do estudo de caso Para solucionar o estudo de caso apresentado anteriormente, serão aplicadas as competências desenvolvidas durante esta etapa de aprendizagem, na intenção de analisar a saúde do paciente para evitar o surgimento de doenças. Busca-se, então, planejar ações e oferecer informações aos pais para que se possa oferecer um tratamento adequado ao paciente, tanto no ambiente do consultório quanto na casa da pessoa em atendimento. Agora, vamos relembrar o estudo de caso. No contexto da situação-problema, você é um dentista, com consultório próprio em sua cidade, que atende a crianças e adultos. No dia de hoje, havia uma consulta marcada com uma paciente de 2 anos e 10 meses acompanhada de sua avó, a qual relatou que sua neta estava há alguns dias sem comer adequadamente e chorava no horário das refeições. A avó também observou que a criança não conseguia se desapegar da chupeta. Você resolveu fazer uma análise da dieta da paciente e observou que as refeições eram ricas em alimentos cariogênicos. Ao proceder ao exame clínico, foi possível detectar lesões cariosas nos dentes 51, 62, 74 e 84. Este último dente foi radiografado e apresentava uma lesão cariosa profunda. Ao ser perguntada sobre a higiene dental da neta, a avó relatou que a escovação era feita apenas à noite, uma vez ao dia, com pasta sem adição de flúor. Para concluir o seu trabalho, você deve propor à família um plano de tratamento, além de fornecer orientações sobre dieta, uso de chupeta e higiene dentária. O plano de tratamento mais adequado seria a restauração dos dentes com materiais restauradores que liberem flúor. Vale destacar que o dente 84 deve estar causando a dor que leva a paciente a não se alimentar direito. Você precisa informar a família de que é necessário diminuir o consumo de alimentos cariogênicos. Eles podem ser substituídos por pães, frutas, verduras, cereais, laticínios e carnes. Também é importante incluir atividades físicas na rotina da paciente, pois essa é uma medida que promove a melhoria da qualidade de vida. 10 Após as refeições, recomenda-se a execução da escovação dentária, com uso do fio dental e pasta contendo flúor. Deve-se alertar sobre a necessidade de que o flúor no dentifrício esteja concentrado em valores acima de 1.100 ppm, pois esse composto previne a cárie dentária. No entanto, quando utilizado em excesso, pode causar fluorose, por isso é essencial contar com a supervisão de um adulto enquanto a paciente escova os dentes. Você também realizou a evidenciação de placa com fucsina, a fim de mostrar para a avó o acúmulo de placa na região bucal da criança. Em seguida, demonstrou como fazer a escovação com a técnica de Fones, na qual são feitos movimentos de “bolinhas” e, nas oclusais, realizam- se movimentos de “vai e vem” em 90°. Você explicou, ainda, como o fio dental deve ser utilizado, além de efetuar uma aplicação tópica de flúor. Em relação ao uso da chupeta, a descontinuidade desse hábito deve ser desenvolvida aos poucos. É interessante solicitar que os familiares comprem uma chupeta com formato anatômico ou ortodôntico, pois esse modelo gera menos prejuízos à oclusão. A prática de sucção da chupetanão deve ultrapassar os 3 ou 4 anos de idade, para que não desencadeie a má oclusão. Deve- se explicar para a avó que problemas oclusais derivados de sucção não nutritiva dependem da frequência desse hábito e de sua duração. Dessa forma, foi possível elaborar um plano de tratamento e oferecer soluções benéficas para a qualidade de vida da paciente. Convite ao vídeo da Aula Olá, estudante! O vídeo a seguir ajudará você a fixar o conteúdo de maneira mais efetiva. O conteúdo trata de questões como dieta, exercícios, higiene dental, lesões cariosas e modos de restabelecer o equilíbrio da saúde bucal. Além disso, você descobrirá, de forma mais detalhada, como o cirurgião-dentista pode ajudar seu paciente odontopediátrico em casos de suspeita de violência. Com base nesses conhecimentos, será possível atender às demandas da pessoa em atendimento, contemplando-a de maneira integral. Desejamos uma boa aula! TAG: #SaúdeBucalInfantil Saiba mais Saiba mais Para complementar os estudos sobre dieta e suas consequências na saúde bucal, sugiro a leitura do capítulo 32 do livro Odontopediatria: bases teóricas para uma prática clínica de excelência, de Angela Scarparo, que dá destaque à erosão dentária, apontando a alimentação como uma de suas 11 causas. Para visualizar o material indicado, clique no link de acesso disponível a seguir. SCARPARO, A. (Org.). Odontopediatria: bases teóricas para uma prática clínica de excelência. Barueri, SP: Manole, 2020. E-book. Fechamento da Aula Para concluir esta aula, você terá acesso a uma breve explicação sobre os temas discutidos nesta etapa de aprendizagem. Além disso, para que o conteúdo seja mais facilmente assimilado, é interessante que você observe o mapa mental que estará disponível mais à frente. Durante o trabalho com pacientes pediátricos, devem-se avaliar todos os aspectos relacionados a dietas, lesões cariosas e comportamento da pessoa em atendimento. É fundamental verificar, ainda, se o paciente sofre maus-tratos, para que, assim, o atendimento seja mais completo e promova tanto a saúde bucal como sistêmica. As orientações concedidas aos pais ou responsáveis proporcionarão melhorias na cavidade oral, em todo o organismo do paciente e em aspectos sociais. Nesse sentido, fornece informações sobre dieta, atividade física, higienização dentária, manifestação da cárie e formas de proteger o paciente de lesões cariosas, como por meio da utilização de flúor, é uma medida capaz de agregar inúmeros benefícios à vida de quem é atendido. A seguir, você poderá conferir um mapa mental que servirá como recurso para relembrar o conteúdo desta aula. Bons estudos! 12 Fonte: elaborado pela autora. Destaques do estudo de caso • Hábitos de sucção nutritiva e não nutritiva. • Cárie. • Negligência. Referências BAUSELLS, J.; BENFATTI, S. V.; CAYETANO, M. H. Interação odontopediátrica: uma visão multidisciplinar. Barueri, SP: Grupo GEN, 2011. E-book. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/978-85-412-0045-5/. Acesso em: 18 abr. 2023. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Guia de recomendações para o uso de fluoretos no Brasil. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2009. Disponível em: http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/publicacoes/guia_fluoretos.pdf. Acesso em: 1 abr. 2023. 13 DUQUE, C. et al. Odontopediatria: uma visão contemporânea. Barueri, SP: Grupo GEN, 2013. E-book. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/978-85-412-0230-5/. Acesso em: 18 abr. 2023. FELDENS, C. A.; KRAMER, P. F. Cárie dentária na infância: uma abordagem contemporânea. Barueri, SP: Grupo GEN, 2013. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/978-85-412-0187-2/. Acesso em: 18 abr. 2023. PORDEUS, I. A.; PAIVA, S. M. Odontopediatria (Abeno). São Paulo: Artes Médicas, 2013. E- book. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788536702186/. Acesso em: 18 abr. 2023. SCARPARO, A. (Org.). Odontopediatria: bases teóricas para uma prática clínica de excelência. Barueri, SP: Manole, 2020. E-book. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786555762808/. Acesso em: 18 abr. 2023. 1 Unidade 2 – Princípios em saúde coletiva e odontopediatria Aula 7 – Tratamentos restauradores e endodônticos na odontopediatria Informações da Aula Autor Isabela Cristina Alves Panasol Competência da Unidade Atuar na promoção, prevenção, manutenção, recuperação e vigilância da saúde, em todos os níveis de complexidade e na clínica integrada da criança e do adolescente. Competências da Aula Avaliar casos e propor tratamentos odontológicos pertinentes, de acordo com as lesões apresentadas na dentição decídua, mista e permanente. Resultados de Aprendizagem da Aula Desenvolver um plano de tratamento para restabelecer a saúde bucal do paciente odontopediátrico a partir da observação do comportamento. Propor um tratamento restaurador condizente com os casos apresentados para devolver a função e a qualidade estética dos dentes. 2 Convite ao estudo Olá, estudante! Nesta aula serão desenvolvidas algumas competências para que você possa avaliar casos e propor planos de tratamentos odontológicos, de acordo com as lesões apresentadas na dentição decídua, mista e permanente. Como resultado, você será capaz de restabelecer a saúde bucal dos pacientes com base na observação do comportamento da pessoa atendida, a fim de aplicar a melhor alternativa de intervenção. A análise do comportamento norteará o condicionamento do paciente, tornando o atendimento mais fácil e individualizado. Assim será possível obter o máximo de colaboração que a pessoa atendida pode oferecer. Os tratamentos odontológicos serão desenvolvidos de acordo com as necessidades do paciente. Logo, o objetivo é fazer com que a criança tenha o mínimo de trauma. Para isso, os procedimentos mais adequados às necessidades desse paciente infantil devem ser realizados. Bom aprendizado! Estudo de caso – Plano de tratamento para traumas dentários Com o objetivo de solucionar os casos encontrados no consultório, a situação-problema descrita a seguir contemplará assuntos que serão desenvolvidos nesta aula. Você será capaz de planejar uma proposta de intervenção apropriada ao caso da paciente observando as informações apresentadas. Quando um paciente adentra o consultório, é importante analisá-lo de maneira integral, principalmente levando em consideração questões psicológicas. Com base nessa informação, leia o estudo de caso a seguir: Você trabalha em um consultório odontológico, e a maioria dos seus pacientes são crianças. O consultório é organizado para que cada paciente pediátrico seja atendido sem atraso, a fim de que as pessoas que serão atendidas não fiquem aglomeradas na sala de espera. Essa medida faz com que o clima no consultório permaneça tranquilo, já que, pelo fato de não terem que esperar muito tempo pelo atendimento, as crianças não ficam ansiosas em função de possíveis atrasos. No dia de hoje, foi agendada uma consulta com uma paciente de 4 anos de idade, acompanhada da mãe. Você percebeu que, ao sentar-se na cadeira odontológica, a criança parecia chateada por estar ali, mostrando-se preocupada pelo fato de estar em um local que ela havia frequentado poucas vezes. A mãe comentou que não era a primeira vez que a paciente ia ao consultório 3 odontológico. Em ocasiões anteriores, a criança, ainda que não chorasse, ficava desconfiada, mas depois acabava se tranquilizando. A mãe começou a relatar o histórico odontológico da paciente. Comentou que há aproximadamente um mês sua filha havia caído da própria altura enquanto brincava e fraturou o dente 51. Duranteo acolhimento da criança, que chorava bastante no dia desse incidente, e por causa do susto que levou, a mãe não guardou a partícula rompida do dente e também não viu para onde o fragmento foi. A responsável também disse que gostaria que sua filha tivesse a saúde bucal restaurada. Ou seja, caso houvesse lesões cariosas ou outros problemas, a mãe gostaria de solucioná-los. Você iniciou a análise clínica e notou que a fratura do dente 51 havia atingido apenas o esmalte e a dentina, sem exposição pulpar, porém comprometia a harmonia do sorriso. Foi possível observar que os dentes 61, 84 e 74 apresentavam lesão cariosa. O elemento 84, em especial, mostrava uma lesão de classe I profunda, no entanto a paciente não expressava sinais de dor. O exame radiográfico apontou que a polpa não havia sido afetada. Nos demais elementos, as lesões eram rasas. Por causa do histórico de lesões, você se preocupou com a progressão da lesão cariosa para os demais dentes. Logo, era necessário propor um tratamento que impedisse a evolução da lesão. Diante disso, indique qual tipo de manejo é o mais adequado para essa paciente e qual o plano de tratamento recomendado para os dentes 51, 61, 74 e 84, a fim de restabelecer a saúde bucal. Na intenção de auxiliar na resolução do caso e nas demandas diárias de uma clínica odontológica, serão apresentados, durante o desenvolvimento desta aula, os procedimentos que podem ser feitos quando o paciente é assintomático ou tem sintomatologia dolorosa, quando há necessidade de prevenir lesões cariosas, quando a lesão cariosa é rasa e profunda, entre outras situações. Tratamentos restauradores e endodônticos na odontopediatria Olá, estudante! Esta aula tem o objetivo central de abordar temas relacionados ao manejo de pacientes pediátricos e ao modo correto de desenvolver um plano de tratamento, de acordo com a necessidade de cada paciente. Nesse contexto, você aprofundará seus conhecimentos sobre tratamento restaurador e endodôntico, uso de selantes, intervenções em casos de traumas dentários, manchas brancas e fluorasse, e tratamentos restauradores traumáticos. As atitudes manifestadas pelas crianças dependem de vários fatores, como o estágio da fase de crescimento em que se encontram, o ambiente no qual estão inseridas, a idade dos pais e o estilo de criação que os responsáveis escolheram adotar. A odontopediatra precisa conhecer essas variáveis para tratar o paciente e sua família de maneira individualizada. 4 Na primeira consulta, o profissional deve reconhecer e anotar, na ficha clínica, o tipo de comportamento que o paciente exibiu, para que possa usar a melhor estratégia e desenvolver um atendimento em que tanto o paciente quanto o responsável que o acompanha estejam calmos e cooperativos. O tempo da consulta na cadeira odontológica dependerá da idade do paciente. De acordo com Aminabadi, Oskouei e Farahani (2009), o tempo de permanência na cadeira para pacientes entre 3 e 5 anos deve ser de até 20 minutos; aos 5 anos, de 20 a 40 minutos; aos 6 anos, entre 40 e 60 minutos; e de 7 a 9 anos, o atendimento pode ultrapassar 1 hora. Levar em consideração os períodos de duração recomendados gera um melhor aproveitamento da consulta. Para facilitar a anotação no prontuário acerca do comportamento do paciente, podem-se tomar como base as escalas de Frankl e de Wright, que serão analisadas de modo detalhado a seguir. A escala de Frankl apresenta os seguintes índices: 1. Definitivamente negativo ( - - ): a criança não quer ser atendida; apresenta choro demasiado. 2. Negativo ( - ): a criança fica chateada; não parece colaborativa. 3. Positiva ( + ): faz o tratamento; demonstra um pouco de preocupação, porém colabora. 4. Definitivamente positiva ( + + ): fica alegre em ir ao dentista; ajuda o profissional e colabora com o tratamento (SCARPARO, 2020). A escala de Wright, por sua vez, é composta pelas seguintes classificações: • Criança colaboradora: tem um pouco de medo, porém colabora. • Ausência de habilidade para cooperação: estão nessa categoria pacientes com necessidades especiais e pacientes pequenos, que não compreendem o que acontece pelo fato de serem muito bebês. • Potencialmente colaboradoras: a criança pode se tornar colaboradora, mas, no momento do atendimento, não é (SCARPARO, 2020). Com o objetivo de modular o comportamento da criança, é possível adotar algumas técnicas que facilitam o manejo do paciente. As técnicas não aversivas são: 5 1. Técnica do controle de voz: pode ser usada com todos os pacientes. A voz é controlada juntamente com a expressão facial, para que transmita uma sensação de autoridade ou para acalmar a criança. 2. Dizer-mostrar-fazer: pode ser usada com todos os pacientes. Evita que a criança se assuste com o inesperado. Primeiro, fala-se sobre o que será feito; depois, mostra-se; e, por fim, o procedimento é executado. 3. Reforço positivo: pode ser usado com qualquer paciente. Ao perceber que a criança apresenta um comportamento adequado, o dentista faz um elogio, mostra seu contentamento com uma expressão facial alegre ou usa um brinquedo para demonstrar que a ação do paciente foi agradável, pois atendeu às expectativas da equipe. 4. Dessensibilização: é feita quando há necessidade de melhorar o comportamento do paciente. É uma estratégia desenvolvida em várias sessões, iniciando-se com procedimentos simples e seguindo até os mais complexos. 5. Imitação: pode ser feita com qualquer paciente. Nesse caso, o procedimento a ser desenvolvido é reproduzido com o irmão ou outro parente do paciente, ou é apresentado por meio de vídeos, para que a pessoa a ser atendida não se assuste. 6. Distração: pode ser usada com pacientes que não colaboram com o tratamento. A distração é propiciada a partir de vídeos, jogos e músicas (DUQUE et al., 2013). Quando as técnicas apresentadas anteriormente não geram resultados positivos, propõe-se o uso de técnicas aversivas. Os pais são avisados sobre o modo como esse manejo funciona. O ideal é que os responsáveis pelo paciente leiam e assinem o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. A contenção física é uma dessas técnicas, na qual o objetivo é fazer com que o paciente fique imóvel, para que não se machuque muitas vezes com o próprio movimento. É uma estratégia indicada para pacientes não colaboradores (DUQUE et al., 2013). Existe a possibilidade de usar a sedação gasosa com óxido nitroso e oxigênio para diminuir a ansiedade, a fim de que o paciente consiga aceitar o tratamento. Tal medida pode ser usada com pacientes com necessidades especiais ou ansiosos. Depois de definir o tipo de manejo comportamental a ser adotado, o tratamento restaurador será iniciado. O tratamento restaurador atraumático, conhecido como ART ou TRA, é indicado para todos os casos, especialmente para pacientes ansiosos, crianças pequenas e em situações nas quais o trabalho será desenvolvido em áreas menos favorecidas em que não há energia elétrica. É usado para tratar lesões oclusais e ocluso-proximais sem dor, até atingir a profundidade média. É contraindicado para lesões profundas e com comprometimento pulpar. O passo a passo desse método consiste em realizar o isolamento relativo, remover parte da lesão cariosa na qual o tecido está infectado (ou seja, amolecido) e preservar o restante desse tecido contaminado. A porção infectada é o tecido endurecido e de coloração amarronzada, o qual será recuperado com o 6 auxílio do ionômero de vidro, que possui flúor em sua composição. Para os demais tipos de restauração, sugere-se o uso de isolamento absoluto. A utilização de resina composta, também conhecida como compósito odontológico, é indicada para restaurações de classe I, II, III, IV e V. Quando há necessidade de aplicar selante, recomenda-se o uso de resinas do tipo flow, de baixa viscosidade, que apresentamas vantagens de durar muito tempo na boca, ser esteticamente agradável e ter cor semelhante à do dente. A técnica do sanduíche é interessante para tratar lesões de classe I, que sejam profundas e extensas, e de classes II, que englobem uma ou mais faces proximais. Consiste na inserção do cimento de ionômero de vidro (CIV) embaixo da resina composta e na redução da polimerização da resina. Por cima, aplica-se a resina composta. Nos casos em que ocorre cárie oculta e a parte oclusal está intacta, pode-se usar a técnica da réplica oclusal, na qual molda-se a face oclusal com resina acrílica transparente em fase plástica, a fim de reservar essa cópia. Em seguida, remove-se a face oclusal e a cárie, dando início ao condicionamento ácido e à aplicação do sistema adesivo. Aplicam-se os incrementos de resina, fotopolimerizando-os. Para finalizar o processo, insere-se a última porção de resina composta, colocando o molde em cima dessa estrutura. Para que ocorra a reprodução da face oclusal, é preciso fotopolimerizar. O ajuste deve ser feito com papel carbono, observando os contatos prematuros e proximais, e o acabamento é executado após 24 horas da restauração (DUQUE et al., 2013). O uso do cimento de ionômero de vidro é recomendado diante da presença de lesões de classes I, III, IV, podendo ser utilizado como selante para sulcos e fissuras. Deve-se evitar aplicá-lo em locais onde há muita força de mastigação, como nos molares, pois não é um material resistente a essa ação. Com o objetivo de preservar a longevidade do CIV, é preciso recorrer à proteção da superfície, por meio da aplicação de um esmalte incolor ou vaselina, para que não entre umidade na restauração (DUQUE et al., 2013). O uso de selante consiste em uma técnica preventiva para dentes livres de cárie nas áreas com fóssulas e fissuras. As principais vantagens de sua utilização são a diminuição da entrada de bactérias e da perda de estrutura dentária, a liberação de flúor no meio bucal e a limitação do aumento do biofilme. O material adotado para esse processo pode ser tanto a resina composta do tipo flow quanto o cimento de ionômero de vidro. Há outras situações na odontopediatria que exigem o uso de restaurações e até mesmo tratamento endodôntico, como nos casos de traumas que atingem a polpa e de lesões cariosas profundas que afetam a polpa. Confira, a seguir, algumas orientações para o tratamento endodôntico em dentes decíduos. 7 1. Capeamento pulpar indireto: indicado para lesões profundas de cárie. Remove a dentina infectada (amolecida e com bactéria cariogênica), preserva a dentina afetada (que pode se remineralizar) e protege o complexo dentino-pulpar (DUQUE et al., 2013). 2. Capeamento pulpar direto: é realizado quando há exposição pulpar, seja por trauma acidental no atendimento ou por traumatismo dentário, e sem contaminação bucal. Nesse caso, recomenda-se usar hidróxido de cálcio ou MTA para que a polpa se recupere (SCARPARO, 2020). 3. Pulpotomia: remove-se a polpa coronária e aplica-se o medicamento para que não haja reabsorção radicular. O dente precisa ser vital, sem apresentar mais de 2/3 de reabsorção radicular. Após a retirada da polpa coronária, aplica-se a pasta Guedes-Pinto, composta de iodofórmio, paramonoclorofenol canforado e ricofort. Em seguida, coloca-se o disco de guta-percha e efetua-se a restauração. Caso se utilize o formocresol ou glutaraldeído, remove-se a polpa coronária, coloca-se o algodão com formocresol, retirando-o logo depois, e, por fim, insere-se o óxido de zinco e eugenol (SCARPARO, 2020). 4. Pulpectomia: nesse procedimento, retira-se totalmente a polpa dentária, tanto da parte coronária quanto da parte radicular, após realizar o preparo biomecânico e a obturação. A odontometria segue até 1 a 2 mm antes do fim do comprimento radiográfico do dente decíduo, e todas as limas seguirão essa medida. Como solução irrigadora, podem-se usar hipoclorito de sódio, clorexidina ou EDTA. Para as situações em que há necessidade de medicação de demora por causa de necrose pulpar e lesões, utilizam-se o formocresol e o paramonoclorofenol canforado. Também é possível aplicar uma pasta de hidróxido de cálcio associada a soro fisiológico, mantendo essa mistura no local tratado por 30 dias. Como material obturador, podem-se usar o cimento de óxido de zinco e eugenol (OZE), cimento de hidróxido de cálcio (Calen), OZE associado ao iodofórmio e hidróxido de cálcio (SCARPARO, 2020). Para cuidar dos dentes permanentes jovens, é possível desenvolver alguns dos procedimentos direcionados aos dentes decíduos, como o capeamento pulpar indireto e o capeamento pulpar direto. Em casos de pulpotomia, efetua-se a remoção da porção coronária e a inserção do MTA ou hidróxido de cálcio, selando com cimento de ionômero de vidro ou óxido de zinco. Para dentes com necrose pulpar que tenham a rizogênese incompleta, deve-se forçar a formação da barreira apical, por meio de um processo conhecido como apicificação. A odontometria segue de 1 a 2 mm antes do vértice radiográfico. Para desinfectar o canal, utiliza-se hipoclorito de sódio a 1% adicionado a Endo PTC, e a irrigação final é executada com EDTA. Na intenção de formar a barreira apical, usa-se o MTA ou o hidróxido de cálcio (DUQUE et al., 2013). 8 De posse desses conhecimentos, será possível atender ao paciente de forma adequada, levando em consideração a situação em que o dente se encontra. Nesse contexto, é importante dominar as técnicas de manejo, restauradoras e endodônticas. A Figura 1, a seguir, apresenta os diferentes estágios da condição pulpar: Figura 1 | Estágios da condição pulpar Fonte: Duque et al. (2013). Resolução do estudo de caso O objetivo desta aula é fazer com que você desenvolva sua capacidade de definir o plano de tratamento mais adequado para os pacientes odontopediátricos que chegam às clínicas, levando em consideração as lesões apresentadas. Nesse contexto, é importante analisar o comportamento do paciente e propor resoluções individualizadas que o tranquilizarão e permitirão que o atendimento flua do modo mais equilibrado possível. O estudo de caso apresentado anteriormente descreve a situação de uma criança de 4 anos de idade que estava preocupada com o atendimento. A mãe da paciente relatou que todas as vezes 9 que ia ao dentista, sua filha ficava tensa em um primeiro momento, mas depois de um tempo aceitava o tratamento. A responsável afirmou que a criança havia sofrido uma queda da própria altura, incidente que provocou a fratura do dente 51. A mãe acabou perdendo o fragmento que se rompeu. Você pediu que a paciente se sentasse na cadeira e, durante a análise clínica, observou que a fratura havia afetado o esmalte e a dentina, sem exposição pulpar. Em relação aos demais dentes, foi possível detectar lesões cariosas rasas nos dentes 61 e 74, bem como uma lesão profunda no dente 84. A criança, no entanto, não expressava sinais de dor. Pelo exame radiográfico, verificou-se que a polpa não tinha sido afetada. Diante disso, a mãe pediu para que você restabelecesse a saúde bucal da paciente. Para resolver a situação-problema, você deve anotar, na ficha clínica da paciente, todas as informações descritas na queixa que a mãe apresentou, os dados clínicos encontrados por você, além do tipo de comportamento que a paciente exibe no momento da consulta. Ao iniciar uma conversa com a mãe sobre as experiências passadas da criança e a forma com que a paciente se comporta no consultório, você percebeu que ela se enquadra na escala positiva de Frankl, sendo classificada, também, como uma criança colaboradora, segundo a escala de Wright. Para pacientes que manifestam esse tipo de conduta, é possível adotar os seguintes manejos: técnica do controle da voz, dizer-mostrar-fazer, reforço positivo e imitação. Ao traçar o plano de tratamentodo dente 51, você precisa lembrar que não houve exposição da polpa. Sendo assim, o dente deve ser reconstituído com resina composta, em uma coloração próxima à do elemento dentário, por se tratar de uma área estética. O tratamento completo será desenvolvido no decorrer de várias consultas, começando pelo dente que apresenta maior urgência, isto é, o elemento 51, visto que a fratura deixa o sorriso da paciente esteticamente prejudicado. O elemento 61, que possui uma lesão cariosa rasa cujo tratamento corresponde à área estética, pode ser restaurado com resina composta, indicada para lesões de classe I. Em relação ao elemento 74, não é indicado o uso de cimento de ionômero de vidro, pois o dente está localizado em uma região de mastigação, na qual há forças oclusais. Deve-se optar, então, pela resina composta. O dente 84, por sua vez, apresenta uma lesão cariosa, a qual abrange uma área profunda, embora não atinja a polpa. Para tratar esse elemento, deve-se realizar o capeamento pulpar indireto, recomendado para casos nos quais há lesões profundas. Nesse processo, remove-se a dentina infectada, protege-se, em seguida, o complexo dentino-pulpar e, por fim, realiza-se a restauração. 10 Para fornecer um atendimento mais completo e amplo, você pode sugerir à mãe a realização da profilaxia e a aplicação de selantes em dentes com fossas e fissuras, bem como a inserção de flúor. Convite ao vídeo da Aula Olá, estudante! Convido você a assistir ao vídeo a seguir, que apresenta, de forma resumida, o conteúdo analisado nesta etapa de aprendizagem. Examinar os assuntos estudados de outra maneira, como por meio de um recurso visual e auditivo, facilita a assimilação desses novos saberes. Assim você será capaz de fixar os temas trabalhados nesta aula de acordo com a estratégia de aprendizagem que se mostre mais adequada para a sua realidade. Bons estudos! Saiba mais Saiba mais Por meio da leitura do material indicado para esta seção do Saiba Mais, será possível saber como a dentística atua nos casos de erosão dentária, isto é, quando há perda de estrutura dental provocada pelo consumo de alimentos, sucos e refrigerantes ácidos ou por refluxo gastroesofágico. Para obter mais informações a esse respeito, leia as páginas 74 e 75 do livro Odontopediatria (Abeno), de Isabela Almeida Pordeus e Saul Martins Paiva. PORDEUS, I. A.; PAIVA, S. M. Odontopediatria (Abeno). São Paulo: Artes Médicas, 2013. Fechamento da Aula Para finalizar esta aula, é interessante que você relembre alguns dos conceitos estudados, os quais serão elencados no mapa mental a seguir. Para dominar os principais manejos odontológicos e saber indicar o mais adequado para cada caso, é necessário verificar o tipo de comportamento que o paciente odontopediátrico apresenta, pois esse fator exerce influência direta sobre a qualidade do atendimento odontológico. As características comportamentais da pessoa em atendimento devem ser anotadas na ficha clínica, juntamente com a queixa do responsável que a acompanha e os dados do odontograma. Com base nessas informações, você conseguirá lembrar, a cada consulta, qual condicionamento é o mais apropriado e se houve evolução no comportamento do paciente. 11 Após essa observação inicial, deve-se desenvolver o plano de tratamento, que pode abranger inúmeros métodos. Contudo, cada caso apresentado exigirá do profissional conhecimento da situação clínica e de suas respectivas indicações e contraindicações, destreza para seguir o passo a passo do procedimento a ser desenvolvido e discernimento quanto aos resultados esperados. Fonte: elaborado pela autora. Destaques do estudo de caso • Manejo. • Classificação do comportamento. • Tratamento restaurador. Referências AMINABADI, N. A.; OSKOUEI, S. G.; FARAHANI, R. M. Z. Dental treatment duration as an indicator of the behavior of 3 to 9 year-old pediatric patients in clinical dental settings. The Journal of Contemporary Dental Practice, v. 10, n. 5, set. 2009. Disponível em: https://www.thejcdp.com/doi/pdf/10.5005/jcdp-10-5-23. Acesso em: 17 maio 2023. 12 DUQUE, C. et al. Odontopediatria: uma visão contemporânea. Barueri, SP: Grupo GEN, 2013. E-book. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/978-85-412-0230-5/. Acesso em: 18 abr. 2023. GUEDES-PINTO, A. C. Odontopediatria. 9. ed. São Paulo: Santos, 2016. E-book. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788527728881/. Acesso em: 25 abr. 2023. PORDEUS, I. A.; PAIVA, S. M. Odontopediatria (Abeno). São Paulo: Artes Médicas, 2013. E- book. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788536702186/. Acesso em: 18 abr. 2023. SCARPARO, A. (Org.). Odontopediatria: bases teóricas para uma prática clínica de excelência. Barueri, SP: Manole, 2020. E-book. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786555762808/. Acesso em: 18 abr. 2023. 1 UNIDADE 2 – Princípios em Saúde Coletiva e odontopediatria AULA 8 – Terapia medicamentosa na odontopediatria Informações da Aula Autor Isabela Cristina Alves Panasol Competência da Unidade Atuar na promoção, prevenção, manutenção, recuperação e vigilância da saúde em todos os níveis de complexidade e na clínica integrada da criança e do adolescente. Competência da Aula Planejar o tratamento farmacológico de forma individualizada perante as situações clínicas. Criar. No consultório odontológico, tratar o paciente com o uso de fármacos. Resultados de Aprendizagem da Aula Oferecer uma proposta de tratamento farmacológico para cada paciente, entendendo o processo inflamatório e infeccioso. Convite ao estudo Olá, estudante! Nesta aula, aprenderemos como planejar o tratamento farmacológico de forma individualizada na odontopediatria, de acordo com as situações que ocorrem no dia a dia da clínica odontológica. Dessa forma, será possível oferecer ao paciente uma proposta farmacológica ao entender o processo inflamatório e infeccioso. A terapia medicamentosa pode ocorrer antes, durante ou após o procedimento odontológico, como em prescrições para profilaxia antibiótica, sedação com óxido nitroso ou ansiolíticos e tratamentos para serem realizados em casa, com o objetivo de associar ao tratamento do consultório e melhorar a situação sistêmica e bucal do paciente. Com esse panorama em mente, bom estudo! 2 Estudo de caso – Estomatologia em odontopediatria Olá, estudante! Neste momento, apresentaremos o estudo de caso, em que será exposta uma situação- problema, para a qual você deverá encontrar soluções para resolver. Situações propostas no estudo de caso podem ocorrer tanto no consultório particular quanto no Sistema Único de Saúde, por isso, é importante analisar todos os aspectos da questão, com o objetivo de se preparar para o atendimento no cotidiano da clínica. Existem algumas doenças que atingem as crianças e tornam-se recorrentes após a primeira infância. Diante disso, é importante que os pais conheçam como elas agem e seus principais desencadeadores e, após o paciente ter maturidade para compreender, é necessário explicar a ele também essa progressão, para que possa se cuidar. Sendo assim, você é dentista e atende por meio de parceria no consultório de um colega. Nesse ambiente, você atende casos de ortodontia e odontopediatria, sendo assim, a maioria dos seus pacientes são crianças e adolescentes que estão realizando o atendimento ortodôntico ou estão passando por procedimentos da clínica geral da odontopediatria. Um dia, foi agendado um paciente do sexo masculino, de 13 anos, que foi acompanhado do pai e queixava-se de uma ferida que sempre se instalava em seus lábios. Era algo recorrente, porém o menino sempre esperava o machucado passar e não sabia qual medicamento usar.
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