Buscar

Princípios em saúde coletiva e odontopediatria

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 49 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 49 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 49 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

1 
 
 
Unidade 2 – Princípios em saúde coletiva e odontopediatria 
Aula 5 – Programas em saúde bucal e avaliação de índices 
 
 
 
Informações da Aula
 
 
 
Autor 
Isabela Cristina Alves Panasol 
 
Competência da Unidade 
Atuar na promoção, prevenção, manutenção, recuperação e vigilância da saúde, em todos os 
níveis de complexidade e na clínica integrada da criança e do adolescente. 
 
Competências da Aula 
Atuar no Sistema Único de Saúde (SUS), atendendo a todas as faixas etárias, proporcionando 
saúde e qualidade de vida aos indivíduos presentes na comunidade. 
 
 
Resultado de Aprendizagem da Aula 
Propor soluções a partir da compreensão da complexidade e diversidade de um território de 
atuação. 
 
 
 
 
2 
 
Convite ao estudo
 
 
Olá, estudante! 
O conteúdo que será apresentado nesta aula ajudará você a entender como atuar no Sistema 
Único de Saúde (SUS), abrangendo todos os ciclos de vida, isto é, atendendo desde bebês até 
pessoas idosas, com o objetivo de proporcionar saúde e qualidade de vida para os indivíduos de 
uma comunidade. Como resultado, será possível compreender os problemas encontrados na 
população atendida, de acordo com sua complexidade e diversidade. 
Conhecer mais detalhes sobre o Sistema Único de Saúde, a epidemiologia local e a população 
é uma competência que ajudará a transformar a saúde bucal dos moradores de uma região, de 
forma que seja possível restaurar a estética, a funcionalidade, devolver a destreza fonética 
adequada e, com isso, promover a reinserção desses cidadãos na sociedade. 
Logo, o papel do cirurgião-dentista é fundamental nas Unidades Básicas de Saúde (UBS). E 
quando não se podem resolver casos durante a atenção primária, é possível encaminhá-los aos 
Centros de Especialidades Odontológicas (CEOs). 
Bons estudos! 
 
Estudo de caso – A atenção básica de saúde e o cirurgião-dentista 
 
 
Para contextualizar sua aprendizagem, imagine a seguinte situação: houve um concurso público 
em sua cidade do qual você participou, foi aprovado e nomeado para atuar na Unidade Básica 
de Saúde da região. Uma das orientações para o cumprimento da atividade era a prioridade 
concedida aos grupos odontopediátricos até 12 anos. Ou seja, priorizava-se o atendimento 
desenvolvido desde a consulta pré-natal, feita com os pais do bebê em formação, passando pelos 
recém-nascidos e chegando aos adolescentes, pois a gestão anterior observou que crianças de 
1 a 6 anos apresentavam CPO-d de 4,7. Diante disso, recomendou-se a coleta de dados da 
população em geral e uma análise dos integrantes que se enquadravam na faixa etária do período 
infantil, para comparar se houve uma evolução no quadro descrito anteriormente. Em seguida, 
sugeriu-se a realização de um mapeamento da região, recomendando ações específicas. 
Durante os primeiros atendimentos, você ficou sabendo, pelos registros da cidade, que não havia 
abastecimento de água com flúor e que muitos locais pertenciam à zona rural, onde era comum 
a utilização de poços artesianos. Você concluiu que esse panorama poderia ter vínculo direto 
com as lesões cariosas e o alto índice de CPO-d apresentado. 
Ao atender à população infantil, você notou que o índice de lesões cariosas pode ter diminuído, 
mas não fez nenhuma anotação sobre esse assunto até o momento. Foi possível observar, 
 
 
3 
 
também, que os pais das crianças pouco sabiam sobre higiene dentária, dieta e amamentação 
ao serem indagados acerca desses temas. 
Com base nessas evidências, você montou um questionário que o direcionasse para a solução 
dos problemas da área investigada. Uma das questões presentes no documento tinha a intenção 
de descobrir como coletar o CPO-d da população infantil, para promover uma posterior 
comparação e traçar ações que ajudassem a atingir os níveis ideais de CPO-d. Outra pergunta 
do questionário buscava saber quais ações coletivas e individuais poderiam ser estabelecidas 
para melhorar a saúde infantil. 
Tendo essas indagações em mente, você poderá adentrar o conteúdo desta aula analisando 
como funciona o Sistema Único de Saúde (SUS). No decorrer desta disciplina, será apresentado 
um breve histórico sobre a formação do SUS e a proposta da Estratégia Saúde da Família (ESF). 
Você também aprofundará seus conhecimentos sobre a atuação da Equipe de Saúde Bucal 
(eSB), que pode ser configurada de acordo com dois tipos de composição: 
• Modalidade I: cirurgião-dentista e auxiliar em saúde bucal (ASB) ou técnico em saúde 
bucal (TSB). 
• Modalidade II: cirurgião-dentista, TSB e ASB, atuando juntamente com a ESF no território 
adscrito da Unidade Básica. 
 
O ambiente de atuação do dentista compreende os domicílios dos pacientes, escolas, igrejas, 
reuniões no interior da Unidade Básica de Saúde (UBS) e o consultório odontológico, para que 
se possa atender ao maior número possível de pessoas. 
Além disso, você aprenderá a interpretar os índices que ajudam a organizar as ações e a obter 
melhores resultados, como também conhecerá sugestões de medidas para aprimorar a qualidade 
de vida da população em seus diferentes ciclos de vida, isto é, desde o nascimento até a fase de 
envelhecimento, para que os cidadãos atendidos sejam inseridos na sociedade com todo o seu 
potencial. 
Com essas informações, será possível resolver o estudo de caso de maneira completa, 
abordando todos os aspectos do problema em questão. Por fim, os conhecimentos desenvolvidos 
por meio dessa análise poderão ser aplicados a outras situações que envolvam as demais faixas 
etárias. 
 
 
 
 
 
 
4 
 
Programas em saúde bucal e avaliação de índices 
 
Bem-vindo, estudante! Nesta aula você estudará sobre os fundamentos da saúde coletiva, 
verificando como esse campo de conhecimento influencia e colabora com o bem-estar de uma 
comunidade. 
O conceito de saúde, segundo Sigerist (1945 apud SOUZA; GRUNDY, 2004), engloba as ações 
de ajudar o indivíduo na recuperação, manutenção e promoção de sua saúde, e de educá-lo para 
que ele possa se prevenir frente a possíveis doenças. Nesse contexto, o Sistema Único de Saúde 
tem o objetivo principal de atender ao paciente, para que ele receba cuidados, promova a 
manutenção de sua saúde, previna o surgimento de enfermidades e seja capaz de recuperar-se 
e reabilitar-se. 
Para que esse objetivo seja cumprido, os profissionais do campo da saúde precisam conhecer a 
área em que atuam e a população com a qual lidam, tendo consciência das particularidades 
presentes na região. Nesse sentido, foram desenvolvidas políticas e diretrizes para nortear ações 
que auxiliem na conquista dessa meta. 
O desenvolvimento do SUS foi iniciado em 1970, quando a promoção da saúde passou a ser 
pauta de discussões. No âmbito internacional, por exemplo, a Carta de Ottawa, de 1986, que 
indicava a necessidade do envolvimento do Estado, do sistema de saúde, da comunidade e dos 
indivíduos, motivou a criação do SUS, no Brasil, em 1988 (SOUZA; GRUNDY, 2004). 
Para a formação do SUS, criou-se a Lei nº 8.080, de 1990, uma determinação de princípio 
doutrinário que aborda a universalidade, integralidade e equidade. A universalidade consiste em 
atender a todo cidadão sem custos adicionais, independentemente de sua classe social, raça, 
sexo. A equidade define que todo indivíduo tem os mesmos direitos, porém cada pessoa 
apresenta necessidades diferentes, as quais o SUS se propõe a resolver. Por fim, a integralidade 
indica que o cidadão deve ser atendido integralmente, isto é, considerando-se toda a 
complexidade do seu caso, desde a promoção da saúde até a reabilitação (MATTA, 2007). 
Para que o princípio doutrinário fosse cumprido, foi necessário estruturar os princípios de 
organização, que incluem a descentralização, regionalização, hierarquização e participação da 
comunidade. A descentralização propõe que as ações para resolver os problemas de saúde 
sejam divididas entre vários setores do governo, nos âmbitos federal,estadual e municipal 
(BRASIL, 2000). 
Existem instâncias que auxiliam no processo de descentralização, como o Conselho Nacional 
das Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), o Conselho Nacional de Secretários de Saúde 
(Conass), a Comissão Intergestores Bipartite (CIB), a qual se define em uma relação entre o 
município e a gestão estadual, e a Comissão Intergestores Tripartite (CIT), que configura um eixo 
entre o Ministério da Saúde, o Conass e o Conasems. Esse princípio tem como vantagens a 
 
 
5 
 
transparência em relação à distribuição de recursos, o atendimento mais efetivo das 
necessidades das cidades e a redução de gastos dispensáveis (MATTA, 2007). 
A hierarquização é o princípio que organiza o sistema em níveis de atenção. Nesse contexto, o 
nível de atenção primário atende desde as demandas básicas até as complexas. É possível, 
também, que o setor privado auxilie o setor público quando este não for capaz de satisfazer as 
carências apresentadas (BRASIL, 2000). 
A regionalização oferece dados sobre a área que será atendida, como o perfil da população, 
indicadores que esclarecem a realidade da região, informações sobre as condições de vida, entre 
outros índices. Dessa maneira, é possível delimitar as principais ações a serem realizadas nos 
níveis de atenção (MATTA, 2007). 
A participação da comunidade é regulamentada pela Lei nº 8.142, de 1990, que viabiliza a 
participação popular a partir dos conselhos e conferências de saúde, entidades que estão 
vinculadas às esferas municipal, estadual e federal, cuja finalidade é atuar na construção das 
políticas de saúde e fiscalizar as atividades da área. 
Com o objetivo de compor todos os princípios do SUS, criou-se o Programa de Saúde da Família, 
em 1994, que é constituído por vários profissionais de áreas distintas, os quais trabalham com 
promoção da saúde, prevenção de doenças, recuperação e reabilitação de complexidades de 
uma área definida. 
Para a composição de uma Equipe de Saúde da Família, fazem-se necessários, pelo menos, os 
seguintes profissionais: médico, enfermeiro, auxiliar ou técnico de enfermagem e agentes 
comunitários de saúde, com a possibilidade de adicionar um cirurgião-dentista e um auxiliar ou 
técnico em saúde bucal. Essa equipe deve atuar no atendimento de até 4 mil pessoas por meio 
da inclusão das eSB. 
A inclusão da saúde bucal na Estratégia Saúde da Família (ESF) foi realizada em dezembro de 
2000, pela Portaria nº 1444. No entanto, somente em março de 2001, a partir da Portaria GM/MS 
nº 267, foram implementados regulamentos e diretrizes para a inclusão de Equipes de Saúde 
Bucal (eSB) na ESF. Existem atualmente duas modalidades de composição de equipes: 
• Modalidade I: com 1 dentista e 1 auxiliar de saúde bucal. 
• Modalidade II: com 1 dentista, 1 auxiliar de saúde bucal e 1 técnico de higiene dentária. 
 
Em 2003, ocorreu a coleta de dados para a saúde bucal, por meio do projeto Levantamento das 
Condições de Saúde Bucal da População Brasileira (SB Brasil). Com base nessa pesquisa, 
observou-se a importância de medidas para a atenção básica e atenção especializada, 
principalmente com a atuação dos Centros de Especialidades Odontológicas (CEOs) e dos 
 
 
6 
 
Laboratórios Regionais de Próteses Dentárias. Em 2004, criou-se a Política Nacional de Saúde 
Bucal (Brasil Sorridente) (PINTO, 2019). 
Os procedimentos realizados até 2004, no setor público, eram voltados para a extração, 
restauração, pequenas cirurgias e aplicação de flúor. Após a obtenção dos dados do 
levantamento, verificou-se a necessidade de ampliar a gama de procedimentos. Assim, a 
preocupação foi direcionada para a distribuição de flúor por meio do abastecimento de água, 
ações coletivas e individuais de aplicação de flúor, coleta de dados epidemiológicos, escovação 
supervisionada para as crianças, selantes e profilaxia. 
Para situações de maior complexidade, criou-se o Centro de Especialidades Odontológicas, no 
qual os atendimentos são especializados. Os pacientes são encaminhados para esse local 
quando não há possibilidade de resolver seus casos, que são mais complexos, na unidade 
básica, como análise de doenças bucais, periodontia, cirurgias, endodontia, próteses e 
atendimento a pacientes com necessidades especiais. A implementação dos CEOs ocorreu por 
meio do Programa Saúde da Família, em 2004. 
Em relação à sua estrutura, os CEOs são compostos por: 
 
• Tipo I: três cadeiras odontológicas. 
• Tipo II: quatro ou mais cadeiras. 
• Tipo III: sete cadeiras (BRASIL, 2022). 
 
Com o objetivo de melhorar a saúde bucal da população, recomendou-se a realização de 
levantamento de dados sobre as regiões que receberiam esses serviços. Nesse sentido, alguns 
índices foram determinados para uniformizar a coleta de informações (SILVA; SENNA, 2013). 
Os índices que se referem a lesões cariosas, tanto em dentes permanentes quanto em dentes 
decíduos, são: CPO-D (para dentes permanentes) e CPO-d (para dentição decídua). Eles 
indicam a soma de dentes cariados, perdidos e obturados divididos pelo número total de pessoas 
participantes da análise. Logo, ajudam a observar severidade e a prevalência de cárie na 
população. 
Para traduzir os valores encontrados, consideram-se os seguintes níveis de prevalência de cárie: 
 
• Muito baixa: entre 0 e 1,1. 
• Baixa: entre 1,2 e 2,6. 
• Moderada: entre 2,7 e 4,4. 
• Alta: 4,5 e 6,5. 
• Muito alta: igual ou superior a 6,6 (CYPRIANO; SOUSA; WADA, 2005). 
 
 
7 
 
 
Outro índice que pode ser usado na epidemiologia é o International Caries Detection and 
Assessment System (ICDAS), cuja função também é observar os dentes com lesões sem 
cavidades e com cavidades. Sua aplicabilidade é voltada para áreas nas quais poucas pessoas 
apresentem lesões cariosas (PINTO, 2019). 
Para prevenir o surgimento de lesões cariosas em crianças, é importante estimular o 
comparecimento da população em consultas de pré-natal, ensinar sobre o aleitamento materno, 
oferecer consultas odontológicas com orientação de dieta e higiene, explicar sobre os 
traumatismos dentários e fornecer orientações específicas para esses casos. Nas escolas, a eSB 
pode realizar tratamento restaurador atraumático, aplicar flúor e efetuar escovação 
supervisionada, disseminando a educação em saúde. 
Em relação ao cuidado com adultos, é possível desenvolver reuniões para orientá-los sobre a 
saúde bucal e realizar visitas domiciliares, principalmente no caso de pacientes acamados ou 
com dificuldades de locomoção. 
Para os idosos, é interessante agendar mais reuniões com a equipe do Nasf, na intenção de 
ministrar temas importantes, como doenças bucais, alterações normais da idade e mudanças 
provocadas pelo uso de medicamentos e doenças sistêmicas, além de propiciar o cuidado por 
meio de visitas domiciliares, articulando, por exemplo, o atendimento clínico individual. 
Sempre que ocorrer alguma alteração que não possa ser tratada na atenção básica, 
independentemente do ciclo de vida, é fundamental encaminhar o paciente para o Centro de 
Especialidade Odontológica. 
Por fim, o uso de flúor contribui para a melhoria da saúde bucal e pode ser efetuado de forma 
coletiva ou individual. Nos meios coletivos de flúor, o abastecimento de água fluoretada distribui 
flúor para a população, controlando a lesão cariosa. Já o dentifrício fluoretado corresponde a uma 
ação coletiva, a qual precisa apresentar a formulação de 1.000 a 1.500 ppm de flúor para atingir 
sua eficácia. Esse recurso também é usado de forma rotineira e domiciliar. 
É possível que a eSB apresente orientações sobre saúde bucal e promova a escovação 
supervisionada nas escolas. O uso de enxaguatórios bucais pode ser aplicado à utilização 
domiciliar, porém só é indicado para casos em que não há flúor na água de abastecimento ou 
quando a concentração de flúor estiver abaixo de 0,54 ppm F, com CPO-D maior que 3 para 
crianças de 12 anos e menos de 1/3 da populaçãosem cárie. Os géis bucais com base de flúor 
são feitos no consultório, recomendados para uso coletivo e seguem a mesma indicação do 
bochecho, adicionando o fato de que o uso dessas misturas é indicado para comunidades 
afastadas dos centros (BRASIL, 2009). 
Em relação às ações individuais, os bochechos de NaF a 0,05% são recomendados para 
pacientes com alto risco de lesão cariosa, para os quais também é indicada a utilização dos 
 
 
8 
 
vernizes e dos materiais restauradores que liberam flúor, como o cimento de ionômero de vidro 
(BRASIL, 2009). 
Por meio do conteúdo desta aula, foi possível entender como o Sistema Único de Saúde é 
estruturado. Além disso, conhecemos ações que ajudam a melhorar a saúde bucal da 
comunidade e a gerar mais qualidade de vida. 
Bons estudos! 
 
 
Resolução do estudo de caso 
 
Para a resolução do estudo de caso apresentado anteriormente, devemos relembrar qual a 
competência desta aula: entender como o Sistema Único de Saúde funciona e como consegue 
atender a toda a população, contemplando diferentes faixas etárias e problemas bucais, com o 
objetivo de proporcionar saúde e qualidade de vida a todos. 
O resultado dessa compreensão é a capacidade de fornecer soluções a partir da complexidade 
das situações e da diversidade de indivíduos que se encontram em diferentes estágios de vida. 
Para solucionar a problemática do caso descrito, vamos relembrar o contexto e percorrer os 
questionamentos propostos. 
Ao ser nomeado para atuar em uma Unidade Básica de Saúde, você terá que resolver as 
demandas que serão apresentadas e efetuar um levantamento acerca da população até 12 anos. 
A faixa etária que compreende crianças de 1 a 6 anos apresentava um CPO-d de 4,7, e sua 
comunidade não era abastecida com água fluoretada. Com base nisso, você concluiu que esse 
panorama estava interligado com o alto índice de cárie e de CPO-d. 
Durante os primeiros atendimentos, você percebeu que o nível de conhecimento sobre como 
realizar a higiene bucal nas crianças e como efetuar a amamentação e dietas era baixo. Também 
foi possível notar que o índice de CPO-d poderia ter melhorado, mas era preciso coletar os dados 
adequados para confirmar essa hipótese. 
Diante disso, você deverá encontrar uma maneira de reunir esses dados e desenvolver um 
planejamento capaz de contemplar ações tanto individuais quanto coletivas para esses 
indivíduos. 
O índice de CPO-d em torno de 4,5 é considerado alto. Para que abaixe até um nível moderado, 
precisa estar entre 2,5 e 4,4. Sendo assim, a primeira ação a ser feita é a coleta de dados a partir 
da análise dos dentes cariados, perdidos e obturados dos pacientes. O local em que essa 
população se encontra reunida com facilidade é nas escolas da área. Portanto, uma das medidas 
 
 
9 
 
necessárias para anotar e fazer o mapeamento correto é ir até as instituições de educação para 
verificar essas informações. 
Dentre as ações coletivas que podem ser desenvolvidas, podemos citar uma reunião no posto 
de saúde, com a presença dos pais das crianças, na intenção de conceder orientações sobre 
dieta, amamentação e a forma apropriada de realizar a higienização da boca dos pacientes. 
Embora as crianças já tenham autonomia para executar a escovação, precisam da supervisão 
dos pais para confirmar se a prática foi efetuada corretamente. Caso não haja uma participação 
muito significativa dos responsáveis, pode-se optar por fazer visitas domiciliares, com o objetivo 
de compartilhar esses conhecimentos com mais pessoas. 
Outras ações coletivas interessantes são orientar sobre a escolha do dentifrício, que deve ter 
mais de 1100 ppm de F, desenvolver a escovação supervisionada nas escolas e promover a 
aplicação de géis ou vernizes no consultório odontológico. 
Em relação às ações individuais, recomenda-se aplicar bochechos de NaF a 0,05% ou vernizes, 
bem como utilizar materiais restauradores que liberam flúor em pacientes com alto índice de 
cárie, o que deve ser avaliado individualmente no consultório. 
Assim será possível solucionar as questões propostas no estudo de caso. 
 
Convite ao vídeo da Aula
 
 
Olá, estudante! 
Convido você a assistir ao vídeo a seguir, que te ajudará a fixar os principais pontos abordados 
nesta aula. Ao assimilar este conteúdo, você será capaz de realizar uma boa prova do Exame 
Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) e conhecerá os principais aspectos relativos à 
atuação profissional no Sistema Único de Saúde (SUS). Os temas discutidos neste vídeo estão 
relacionados ao funcionamento do SUS, ao modo como a equipe odontológica trabalha na 
Estratégia Saúde da Família (ESF) e às principais estratégias de promoção de ações educativas, 
preventivas e restauradoras, para cooperar com a saúde bucal da população. 
 
 
 
 
10 
 
Saiba mais
 
 
Saiba mais Para aprofundar seus conhecimentos acerca dos conteúdos estudados 
nesta etapa de aprendizagem, é interessante que você faça a leitura dos 
textos sugeridos a seguir: 
 
• Capítulo 4 do livro Gestão da prática em saúde bucal (Abeno), de 
Paulo Sávio Angeiras de Goes 
 
No capítulo recomendado para leitura, o autor aponta como o cirurgião-
dentista pode atuar na comunidade de acordo com os diferentes ciclos de 
vida da população, atendendo desde um recém-nascido até um idoso. Trata-
se de uma abordagem interessante, que amplia o olhar para a população. 
 
GOES, P. S A. de. Gestão da prática em saúde bucal (Abeno). São 
Paulo: Artes Médicas, 2014. 
 
• Página 35 do Guia de recomendação para o uso de fluoretos no 
Brasil, produzido pelo Ministério da Saúde 
 
O trecho indicado tem como tema central a fluorose dentária. Nesse 
contexto, observa-se a maneira apropriada de identificar lesões causadas 
pela fluorose, uma patologia que, por muitas vezes, pode ser confundida 
com lesões cariosas. O excesso de fluorose dentária também provoca 
danos aos pacientes, por isso saber reconhecê-la é importante. 
 
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. 
Departamento de Atenção Básica. Guia de recomendações para o uso 
de fluoretos no Brasil. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2009. 
 
• Capítulo 3 do livro Promoção e prevenção em saúde bucal, de 
Fernanda Natrieli de Freitas 
 
Este capítulo apresenta informações essenciais sobre dieta e mastigação, 
associando-as a outros aspectos relevantes, como amamentação e tipos de 
alimentos importantes na infância. O domínio desses saberes permite que o 
 
 
11 
 
dentista explique aos pais, durante uma consulta com seus filhos, qual a 
melhor forma de trabalhar a alimentação e a saúde bucal de modo conjunto. 
 
FREITAS, F. N. de. Promoção e prevenção em saúde bucal. São José 
dos Campos: Érica, 2014. E-book. 
 
 
Fechamento da Aula
 
Para finalizar esta aula, você terá acesso, a seguir, a um breve resumo do que foi estudado até 
este momento. 
O Sistema Único de Saúde (SUS) apresenta uma estruturação, baseada em princípios 
doutrinários e organizativos, que se estende por todo o território nacional, embora alguns 
conceitos, como regionalização e descentralização, motivem a distribuição de recursos e ações 
específicos para cada área. 
No SUS, as Equipes de Saúde Bucal (eSB) estão integradas à Estratégia Saúde da Família (ESF), 
o que garante a interação entre diversos profissionais da saúde, tornando o atendimento 
completo. 
As ações do cirurgião-dentista podem ser articuladas no âmbito domiciliar, escolar, no consultório 
odontológico, como também em outros ambientes nos quais seja possível promover práticas 
coletivas e individuais, para atender a cidadãos de todas as faixas etárias, garantindo-lhes uma 
boa qualidade de vida e, por consequência, uma excelente saúde bucal. 
 
 
 
12 
 
 
Fonte: elaborado pela autora. 
 
Destaques do estudo de caso
 
 
● Histórico do Sistema Único de Saúde (SUS). 
● Organização do SUS. 
● Ações coletivas e individuais. 
 
ReferênciasBRASIL. Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para a 
promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços 
correspondentes e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF: 20 set. 1990. 
Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8080.htm. Acesso em: 6 abr. 2023. 
 
BRASIL. Lei nº 8.142, de 28 de dezembro de 1990. Dispõe sobre a participação da comunidade 
na gestão do Sistema Único de Saúde (SUS) e sobre as transferências intergovernamentais de 
recursos financeiros na área da saúde e dá outras providências. Diário Oficial da União, 
Brasília, DF: 31 dez. 1990. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8142.htm. 
Acesso em: 6 abr. 2023. 
 
 
 
13 
 
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 267, de 6 de março de 2001. Diário Oficial da União, 
Brasília, DF: 7 mar. 2001. Disponível em: 
https://www.nescon.medicina.ufmg.br/biblioteca/imagem/1725.pdf. Acesso em: 6 abr. 2023. 
 
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 1.444, de 28 de dezembro de 2000. Estabelece 
incentivo financeiro para a reorganização da atenção à saúde bucal prestada nos municípios 
por meio do Programa de Saúde da Família. Diário Oficial da União, Brasília, DF: 29 dez. 
2000. Disponível em: 
http://www1.saude.rs.gov.br/dados/11652497918841%20Portaria%20N%BA%201444%20de%2
028%20dez%20de%202000.pdf. Acesso em: 6 abr. 2023. 
 
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção 
Básica. Guia de recomendações para o uso de fluoretos no Brasil. Brasília, DF: Ministério 
da Saúde, 2009. Disponível em: 
http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/publicacoes/guia_fluoretos.pdf. Acesso em: 1 abr. 
2023. 
 
BRASIL. Ministério da Saúde. Sistema Único de Saúde (SUS): princípios e conquistas. 
Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2000. Disponível em: 
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/sus_principios.pdf. Acesso em: 1 abr. 2023. 
 
BRASIL. Política Nacional de Saúde Bucal. Ministério da Saúde, 30 set. 2022. Disponível em: 
https://www.gov.br/saude/pt-br/composicao/saps/pnsb. Acesso em: 1 abr. 2023. 
 
CYPRIANO, S.; SOUSA, M. da L. R.; WADA, R. S. Avaliação de índices CPOD simplificados 
em levantamentos epidemiológicos de cárie dentária. Revista de Saúde Pública, v. 39, n. 2, p. 
285-292, 2005. Disponível em: https://www.scielosp.org/article/rsp/2005.v39n2/285-
292/#ModalArticles. Acesso em: 1 abr. 2023. 
 
FREITAS, F. N. de. Promoção e prevenção em saúde bucal. São José dos Campos: Érica, 
2014. E-book. Disponível em: 
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788536521299/. Acesso em: 8 abr. 2023. 
 
GOES, P. S A. de. Gestão da prática em saúde bucal (Abeno). São Paulo: Artes Médicas, 
2014. E-book. Disponível em: 
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788536702483/. Acesso em: 8 abr. 2023. 
 
LEI nº 8.080: 30 anos de criação do Sistema Único de Saúde (SUS). Biblioteca Virtual em 
Saúde, [s. d.]. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/lei-n-8080-30-anos-de-criacao-do-
sistema-unico-de-saude-sus/. Acesso em: 1 abr. 2023. 
 
MATTA, G. C. Princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde. In: MATTA, G. C.; PONTES, 
A. L. de M. (Org.). Políticas de saúde: organização e operacionalização do Sistema Único de 
Saúde. Rio de Janeiro: EPSJV/Fiocruz, 2007, p. 61-80. Disponível em: 
https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/handle/icict/39223/Pol%EDticas%20de%20Sa%FAde%20-
%20Princ%EDpios%20e%20Diretrizes%20do%20Sistema%20%DAnico%20de%20Sa%FAde.pdf;jsessionid=
617BE70A9392AECE9162657764357CBC?sequence=2. Acesso em: 1 abr. 2023. 
 
SILVA, A. N. da; SENNA, M. A. A. de. Fundamentos em saúde bucal coletiva. Rio de Janeiro: 
MedBook Editora, 2013. E-book. Disponível em: 
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786557830406/. Acesso em: 1 abr. 2023. 
 
 
 
14 
 
SOUZA, E. M. de; GRUNDY, E. Promoção da saúde, epidemiologia social e capital social: inter-
relações e perspectivas para a saúde pública. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 
20, n. 5, p. 1354-1360, set./out. 2004. Disponível em: 
https://scielosp.org/pdf/csp/2004.v20n5/1354-1360/pt. Acesso em: 1 abr. 2023. 
 
 
 
1 
 
Unidade 2 – Princípios em saúde coletiva e odontopediatria 
Aula 6 – Qualidade de vida na odontopediatria 
 
 
 
Informações da Aula 
 
 
Autor 
Isabela Cristina Alves Panasol 
 
Competência da Unidade 
Atuar na promoção, prevenção, manutenção, recuperação e vigilância da saúde, em todos os 
níveis de complexidade e na clínica integrada da criança e do adolescente. 
 
Competências da Aula 
Planejar orientações a partir da análise do processo saúde-doença e de suas implicações no 
cotidiano da criança. 
 
 
Resultado de Aprendizagem da Aula 
Desenvolver um plano de condutas a serem tomadas pelos pais para oferecer um tratamento 
dentário adequado à criança, tanto em casa como no consultório. 
 
 
 
2 
 
 
Convite ao estudo 
 
Olá, estudante! 
Nesta aula você entenderá como a doença e a saúde exercem influência sobre o dia a dia do 
paciente odontopediátrico. Nesse contexto, relacionado à saúde sistêmica, estudaremos mais 
especificamente sobre a saúde bucal. 
Descobriremos quais condutas devem ser tomadas para que os pais conheçam a melhor maneira 
de promover a saúde bucal, por meio de explicações e demonstrações feitas pelo dentista. 
Com essa abordagem mais didática, o paciente terá qualidade de vida, com uma dieta 
equilibrada, sendo capaz de apontar os tipos de alimentos mais saudáveis, a maneira correta de 
higienizar a cavidade oral após as refeições, além de conhecer a etiologia da cárie, bem como 
as formas de prevenção e tratamento. 
O cirurgião-dentista possui mais funções a serem desempenhadas no processo saúde-doença 
do que se imagina. Ele pode, por exemplo, ajudar o paciente a se livrar de maus-tratos e 
negligência. 
Logo, esta etapa de aprendizagem constitui-se como um dos pilares para que o profissional 
adquira conhecimentos que ajudem a criança a preservar sua saúde de modo integral. 
Bons estudos! 
 
Estudo de caso – Dieta e hábitos de sucção não nutritiva 
 
Neste estudo de caso, investigaremos aspectos importantes sobre dieta, higiene, hábitos de 
sucção nutritiva e evolução da cárie dentária. Para contextualizar sua aprendizagem, imagine a 
seguinte situação: você é um cirurgião-dentista que possui consultório próprio em sua cidade e 
atende tanto a pacientes adultos quanto a pacientes odontopediátricos. 
No dia de hoje, havia uma consulta agendada com uma criança de 2 anos e 10 meses de idade. 
Ela faria sua primeira consulta odontológica e estava acompanhada por sua avó materna, pois a 
mãe da criança trabalha fora de casa, de modo que a paciente fica sob os cuidados da avó. 
A responsável relatou que há vários dias sua neta não se alimentava adequadamente e, por 
vezes, chorava nos momentos da refeição. A criança parecia apresentar dor de dente, embora 
ainda não falasse. 
Durante a anamnese, você resolveu perguntar sobre os hábitos alimentares da paciente, na 
intenção de elaborar um breve diário alimentar para obter dados sobre as refeições da criança. 
Com base em sua anotação, foi possível observar a preferência por alimentos cariogênicos, com 
alto grau de açúcar em sua composição, como bolos, balas, bolachas e refrigerante. 
 
 
3 
 
A avó também alegou que a escovação era feita apenas à noite, antes de dormir, sendo realizada, 
portanto, uma vez ao dia, com uma pasta que não continha flúor em sua composição. Além disso, 
sua neta usava chupeta para se acalmar, e a frequência de uso desse acessório aumentou nos 
últimos dias por causa dos incômodos que a criança sentia nos horários de almoço e jantar. A 
avó disse, ainda, que era difícil diminuir ou tirar o costume que a neta tinha de usar chupeta pelo 
tempo que a criança permaneceu apegada a esse hábito. Em todo lugar que ia, ela não 
conseguia ficar sem usar a chupeta. 
Após analisar todos os fatores extraorais, vocêdecidiu fazer uma avaliação clínica intraoral para 
inspecionar a boca da paciente e pensar no plano de tratamento adequado. Esse exame 
constatou acúmulo de biofilme, gengiva bem edemaciada e má higienização. A avaliação não 
apontou má oclusão, porém havia lesões cariosas nos dentes 51, 62, 74 e 84, sendo que neste 
último a lesão era mais profunda. Depois de concluir a análise, você anotou todas as queixas da 
avó e as considerações que desenvolveu no exame. Posteriormente, solicitou um exame 
radiográfico, por meio do qual constatou uma lesão cariosa profunda no dente 84. 
Com o objetivo de melhorar a qualidade de vida da paciente e da família, após a anamnese e o 
exame clínico, qual será o seu plano de tratamento para restabelecer a saúde da criança em 
atendimento? 
No decorrer desta aula, você encontrará informações relevantes sobre higiene dentária, 
instruções de dieta, sucção nutritiva e não nutritiva, ocorrência do mecanismo da cárie, meios de 
promover a saúde bucal e modo adequado de observar se o paciente sofre algum tipo de 
violência. 
De posse desses conhecimentos, será possível resolver o estudo de caso e, assim, pensar no 
paciente de maneira integral, analisando sua rotina e os efeitos que suas atividades diárias têm 
sobre a saúde bucal. 
 
Qualidade de vida na odontopediatria 
Olá, estudante! Nesta aula analisaremos alguns princípios sobre dieta, higiene dentária, sucção 
nutritiva e não nutritiva, alterações congênitas e sua relação com a ortodontia. A implementação 
adequada de dietas, da higiene e da sucção nutritiva permite que as crianças se desenvolvam 
sem más oclusões causadas por fatores que não sejam genéticos, como também sem lesões 
cariosas. 
O acompanhamento odontológico em crianças deve ser iniciado antes mesmo do nascimento 
dos primeiros dentes na cavidade bucal. É importante contar com uma supervisão periódica 
desses pacientes até o período da adolescência, pois assim o dentista poderá orientar os pais 
quanto a amamentação, uso de chupetas e mamadeiras, hábitos alimentares e utilização de flúor, 
 
 
4 
 
além de realizar tratamentos preventivos e restauradores para evitar a lesão cariosa ou 
restabelecer a saúde bucal. 
A amamentação natural ocupa um papel fundamental na nutrição dos bebês e no seu respectivo 
desenvolvimento estomatognático, visto que a sucção estimula o desenvolvimento da face, 
motivando o crescimento da mandíbula e maxila, bem como auxilia na respiração pelo nariz 
(DUQUE et al., 2013). 
A recomendação é que o aleitamento materno seja feito de forma exclusiva até os seis meses de 
idade, em livre demanda (DUQUE et al., 2013). O uso de mamadeiras não determina que a 
criança desenvolverá lesão cariosa, porém a adição precoce de açúcar pode fazer com que essa 
patologia se manifeste e evolua. Quando a amamentação ocorre no período noturno, com a 
ingestão de açúcar, e não há uma limpeza posterior da região bucal, surgem dois fatores 
predisponentes para o desenvolvimento da cárie. Um deles é a diminuição do fluxo salivar 
durante a noite; o outro, o contato do açúcar com os dentes por um período prologado, o que dá 
início, por consequência, ao processo de desmineralização do esmalte dental. Em relação à 
musculatura, ocorre um baixo desempenho no desenvolvimento da mandíbula por causa da falta 
de necessidade de realizar o esforço da sucção e a movimentação da língua. 
Uma alternativa para que o crânio e a face do bebê evoluam de modo adequado é a utilização 
de bicos anatômicos, também conhecidos como bicos ortodônticos, pois são mais firmes e 
contêm pequenos buracos que estimulam a sucção para a saída do leite. 
Existe a possibilidade de que o bebê passe a adotar hábitos de sucção não nutritivos, como uso 
de chupeta e sucção de dedos. Caso os pais da criança concordem com a utilização da chupeta, 
deve-se sempre preferir a do tipo ortodôntico, pois os danos causados por esse modelo são 
menores. Além disso, a descontinuidade da utilização desse acessório, que costuma acontecer 
por volta dos 3 a 4 anos, geralmente não desencadeia problemas de oclusão. O quadro de má 
oclusão é provocado por um conjunto de fatores, como duração do hábito de sucção não nutritiva, 
frequência, intensidade, genética, idade e padrão facial (DUQUE et al., 2013). O hábito da sucção 
não nutritiva traz consequências negativas à cavidade bucal, como mordida aberta, interposição 
lingual, palato ogival, mordida cruzada posterior, atresia da maxila e alterações na fala. 
Quanto à nutrição de alimentos sólidos, recomenda-se que o bebê inicie a introdução alimentar 
por volta dos seis meses de idade. Ao orientar os pais sobre a nutrição correta para as crianças 
é possível oferecer maior qualidade de vida, evitando sobrepesos e desnutrição, além de 
promover a saúde bucal, reduzindo o surgimento de pontos de lesão cariosas ou até mesmo 
garantindo a ausência de cáries. Certos grupos alimentares são importantes para o 
desenvolvimento infantil, como: proteínas, gorduras, carboidratos, vitaminas e sais minerais. 
As proteínas são encontradas em carnes, leite, queijos, trigo e soja. Já os carboidratos oferecem 
energia e estão presentes em alimentos como pão, macarrão, lactose e bolos. As gorduras ou 
 
 
5 
 
lipídeos transportam as vitaminas A, E, D e K, e os óleos vegetais e a manteiga compõem esse 
grupo. Por fim, as vitaminas (B, C, A, D, E e K) e os sais minerais (sódio, potássio, zinco, 
magnésio e cálcio) são nutrientes fundamentais para a vida. Deve-se destacar, ainda, o flúor, um 
mineral importante para a cavidade oral. Esses nutrientes podem ser encontrados em alimentos 
comumente consumidos no dia a dia, como cereais em grão, castanhas e soja. As vitaminas, por 
sua vez, estão presentes em frutas e legumes. 
Uma referência para que os pais sejam norteados quanto à nutrição de seus filhos é a pirâmide 
apresentada na Figura 1, a seguir. Os alimentos da parte maior da pirâmide devem ser 
consumidos mais vezes ao dia. Além disso, deve-se incluir nesse processo de educação 
alimentar a realização de atividades físicas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 1 | Pirâmide alimentar 
 
 
6 
 
 
Fonte: Duque et al. (2013). 
 
Outra maneira de ajudar os responsáveis é usando uma tabela na qual serão anotados os 
principais alimentos que a criança consome, no formato de diário, para que os pais recebam 
instruções relativas à ingestão de alimentos cariogênicos. 
Os alimentos cariogênicos são constituídos à base de açúcar, servindo de substrato para as 
bactérias cariogênicas do grupo Streptococcus mutans, que passam a fermentá-los e produzem 
um ácido que desmineraliza tanto o esmalte quanto a dentina. O ácido fabricado altera o pH do 
meio, provocando a desmineralização das estruturas dentárias, como cemento, dentina e 
esmalte, como forma de compensar a redução de pH no meio. A saliva age neutralizando o ácido 
do biofilme dentário, fazendo com que o pH se eleve. 
A saliva desempenha várias funções, como remover alimentos e neutralizar os ácidos por meio 
de sua composição de bicarbonato, fosfato e proteína. Também exerce ação bactericida por 
conter enzimas e proteínas. Para concluir, pelo fato de a saliva apresentar cálcio e fosfato, a 
resistência das estruturas dentárias é ampliada. 
A cárie é multifatorial, isto é, pode ser motivada por diversos fatores, como: a presença de um 
hospedeiro, que tem em sua anatomia dentária a possibilidade de ser mais retentivo e de 
 
 
7 
 
acumular mais alimentos na região bucal; a quantidade de saliva produzida pelo paciente; a 
presença de flúor no meio bucal; dieta rica em açúcar e frequência de ingestão dos alimentos 
que a integram; e, por fim, presença da microbiota. 
O uso do flúor tem ação anticariogênica, pois, em diversas pesquisas, observou-se a redução de 
lesões cariosas na população que adotou essa prática. Há o impedimento do crescimento das 
bactérias quando o flúoré aplicado em baixas concentrações. Já em altas concentrações, é 
considerado uma substância bactericida. Nota-se, também, que ao ingerir açúcar e realizar os 
bochechos com fluoreto de sódio, a formação de ácidos é reduzida (DUQUE et al., 2013). 
O flúor pode ser encontrado na água disponível para o abastecimento da cidade, em certos 
alimentos e em alguns materiais restauradores que liberam esse mineral. Embora o elemento 
flúor apresente inúmeros benefícios, é preciso tomar cuidado para que sua utilização não 
desencadeie um quadro de fluorose. 
A fluorose é adquirida entre os 15 e 30 meses de idade, quando há excesso de flúor no meio 
bucal, afetando, assim, a amelogênese. É caracterizada por linhas brancas opacas, as quais 
podem ganhar coloração acastanhada em todas as superfícies de esmalte ou em suas cúspides. 
Comumente ocorre em dentes homólogos. 
Existem graus de severidade dessa patologia que podem ser analisados clinicamente, como 
mostra o Quadro 1, a seguir: 
 
Quadro 1 | Fluorose dentária e seus graus 
 
Fonte: Duque et al. (2013). 
 
 
 
8 
 
É importante ter domínio sobre os aspectos clínicos das lesões por fluorose e saber diferenciá-
las das manchas ativas e inativas causadas por lesões cariosas. As lesões cariosas ativas não 
cavitadas são opacas, ásperas ao passar a sonda, com cor esbranquiçada ou marrom, 
geralmente em formato de banana (SCARPARO, 2020). As lesões cariosas inativas não 
cavitadas, por sua vez, mostram-se brilhosas, lisas ao passar a sonda, com cor branca, marrom 
ou mesmo preta. Por fim, a fluorose dental é opaca ou brilhosa, lisa ao ser sondada, com estrias 
horizontais nos dentes homólogos. 
Com o objetivo de instruir as crianças sobre uma boa higienização, é importante ensinar os pais 
a escolherem a melhor escova para cada faixa etária. Para bebês de 0 a 6 meses, podem-se 
utilizar dedeiras, gaze mergulhado em água fervida, principalmente para que as crianças se 
acostumem com o manuseio de sua cavidade bucal para a remoção de restos de alimentos. O 
período compreendido dos 6 meses aos 6 anos é marcado pelo início da introdução alimentar. 
Nesse caso, as escovas pequenas com cerdas macias são as mais recomendadas. Deve-se usar 
o fio dental, sendo possível optar pela técnica de Fones e pela escovação lateral, ao surgirem os 
molares. Dos 7 anos em diante, o modelo de escova a ser usado pode ser o convencional, com 
cabeça pequena, proporcional à arcada dentária, e cerdas macias. É preciso dar continuidade à 
utilização do fio dental, e a técnica de escovação adotada pode ser a de Stillman modificada ou 
a de Bass. 
A técnica de Fones é desenvolvida com movimentos circulares, com exceção da face oclusal do 
dente, que deve ser escovada com movimentos de “vai e vem”, em 90°. Outra técnica indicada é 
a de Stillman modificada, em que a escova, lateralmente à gengiva, vai de cima para baixo nas 
faces vestibulares e palatinas. E nas faces oclusais dos molares, utilizam-se movimentos de “vai 
e vem”. Para concluir, a técnica de Bass é feita em 45°, como movimentos de cima para baixo e 
vibratórios. Nos molares, devem ser feitos movimentos anteroposteriores (DUQUE et al., 2013). 
Outra instrução que pode ser concedida aos pais refere-se ao uso de dentifrícios com flúor, que 
devem conter flúor na concentração de 1.100 ppm, em pequenas quantidades, para garantir sua 
efetividade. 
O cirurgião-dentista, além de orientar a família sobre a saúde bucal da criança, precisa analisar 
se há sinais de maus-tratos e negligência com o paciente infantil. Durante o atendimento, deve-
se verificar se há machucados no corpo da criança, bem como manchas de queimaduras. Já na 
cavidade oral, é preciso observar a presença de dentes quebrados e língua cortada. Também é 
possível avaliar se a criança sofreu abuso sexual, pois algumas doenças manifestam sequelas 
na região bucal, como gonorreia, sífilis e herpes do tipo II. Existem outros tipos de maus-tratos, 
como violência psicológica, bullying e negligência, como em casos nos quais é vedado o 
atendimento odontológico, o que, por consequência, deixa precária a condição bucal da criança 
(DUQUE et al., 2013). Ao perceber uma situação semelhante a essa, o dentista deve notificar o 
 
 
9 
 
Conselho Tutelar ou o Juizado da Infância e Juventude, apresentar a ocorrência à polícia e pedir 
um encaminhamento ao exame de corpo de delito. 
Nota-se, portanto, que o cirurgião-dentista desempenha um papel importante na saúde sistêmica 
do paciente odontopediátrico ao orientar, tratar e cuidar do seu bem-estar e direitos. Logo, o 
estudo do conteúdo apresentado nesta aula permitirá que você desenvolva um atendimento 
integral e eficiente da população infantil. 
 
 
Resolução do estudo de caso 
Para solucionar o estudo de caso apresentado anteriormente, serão aplicadas as competências 
desenvolvidas durante esta etapa de aprendizagem, na intenção de analisar a saúde do paciente 
para evitar o surgimento de doenças. Busca-se, então, planejar ações e oferecer informações 
aos pais para que se possa oferecer um tratamento adequado ao paciente, tanto no ambiente do 
consultório quanto na casa da pessoa em atendimento. Agora, vamos relembrar o estudo de 
caso. 
No contexto da situação-problema, você é um dentista, com consultório próprio em sua cidade, 
que atende a crianças e adultos. No dia de hoje, havia uma consulta marcada com uma paciente 
de 2 anos e 10 meses acompanhada de sua avó, a qual relatou que sua neta estava há alguns 
dias sem comer adequadamente e chorava no horário das refeições. A avó também observou 
que a criança não conseguia se desapegar da chupeta. 
Você resolveu fazer uma análise da dieta da paciente e observou que as refeições eram ricas em 
alimentos cariogênicos. Ao proceder ao exame clínico, foi possível detectar lesões cariosas nos 
dentes 51, 62, 74 e 84. Este último dente foi radiografado e apresentava uma lesão cariosa 
profunda. Ao ser perguntada sobre a higiene dental da neta, a avó relatou que a escovação era 
feita apenas à noite, uma vez ao dia, com pasta sem adição de flúor. 
Para concluir o seu trabalho, você deve propor à família um plano de tratamento, além de fornecer 
orientações sobre dieta, uso de chupeta e higiene dentária. O plano de tratamento mais adequado 
seria a restauração dos dentes com materiais restauradores que liberem flúor. Vale destacar que 
o dente 84 deve estar causando a dor que leva a paciente a não se alimentar direito. 
Você precisa informar a família de que é necessário diminuir o consumo de alimentos 
cariogênicos. Eles podem ser substituídos por pães, frutas, verduras, cereais, laticínios e carnes. 
Também é importante incluir atividades físicas na rotina da paciente, pois essa é uma medida 
que promove a melhoria da qualidade de vida. 
 
 
10 
 
Após as refeições, recomenda-se a execução da escovação dentária, com uso do fio dental e 
pasta contendo flúor. Deve-se alertar sobre a necessidade de que o flúor no dentifrício esteja 
concentrado em valores acima de 1.100 ppm, pois esse composto previne a cárie dentária. No 
entanto, quando utilizado em excesso, pode causar fluorose, por isso é essencial contar com a 
supervisão de um adulto enquanto a paciente escova os dentes. 
Você também realizou a evidenciação de placa com fucsina, a fim de mostrar para a avó o 
acúmulo de placa na região bucal da criança. Em seguida, demonstrou como fazer a escovação 
com a técnica de Fones, na qual são feitos movimentos de “bolinhas” e, nas oclusais, realizam-
se movimentos de “vai e vem” em 90°. Você explicou, ainda, como o fio dental deve ser utilizado, 
além de efetuar uma aplicação tópica de flúor. 
Em relação ao uso da chupeta, a descontinuidade desse hábito deve ser desenvolvida aos 
poucos. É interessante solicitar que os familiares comprem uma chupeta com formato anatômico 
ou ortodôntico, pois esse modelo gera menos prejuízos à oclusão. A prática de sucção da chupetanão deve ultrapassar os 3 ou 4 anos de idade, para que não desencadeie a má oclusão. Deve-
se explicar para a avó que problemas oclusais derivados de sucção não nutritiva dependem da 
frequência desse hábito e de sua duração. 
Dessa forma, foi possível elaborar um plano de tratamento e oferecer soluções benéficas para a 
qualidade de vida da paciente. 
 
Convite ao vídeo da Aula 
Olá, estudante! 
O vídeo a seguir ajudará você a fixar o conteúdo de maneira mais efetiva. O conteúdo trata de 
questões como dieta, exercícios, higiene dental, lesões cariosas e modos de restabelecer o 
equilíbrio da saúde bucal. Além disso, você descobrirá, de forma mais detalhada, como o 
cirurgião-dentista pode ajudar seu paciente odontopediátrico em casos de suspeita de violência. 
Com base nesses conhecimentos, será possível atender às demandas da pessoa em 
atendimento, contemplando-a de maneira integral. Desejamos uma boa aula! 
 
TAG: #SaúdeBucalInfantil 
 
Saiba mais 
Saiba mais Para complementar os estudos sobre dieta e suas consequências na saúde 
bucal, sugiro a leitura do capítulo 32 do livro Odontopediatria: bases teóricas 
para uma prática clínica de excelência, de Angela Scarparo, que dá 
destaque à erosão dentária, apontando a alimentação como uma de suas 
 
 
11 
 
causas. Para visualizar o material indicado, clique no link de acesso 
disponível a seguir. 
 
SCARPARO, A. (Org.). Odontopediatria: bases teóricas para uma prática 
clínica de excelência. Barueri, SP: Manole, 2020. E-book. 
 
 
Fechamento da Aula 
Para concluir esta aula, você terá acesso a uma breve explicação sobre os temas discutidos nesta 
etapa de aprendizagem. Além disso, para que o conteúdo seja mais facilmente assimilado, é 
interessante que você observe o mapa mental que estará disponível mais à frente. 
Durante o trabalho com pacientes pediátricos, devem-se avaliar todos os aspectos relacionados 
a dietas, lesões cariosas e comportamento da pessoa em atendimento. É fundamental verificar, 
ainda, se o paciente sofre maus-tratos, para que, assim, o atendimento seja mais completo e 
promova tanto a saúde bucal como sistêmica. As orientações concedidas aos pais ou 
responsáveis proporcionarão melhorias na cavidade oral, em todo o organismo do paciente e em 
aspectos sociais. 
Nesse sentido, fornece informações sobre dieta, atividade física, higienização dentária, 
manifestação da cárie e formas de proteger o paciente de lesões cariosas, como por meio da 
utilização de flúor, é uma medida capaz de agregar inúmeros benefícios à vida de quem é 
atendido. 
A seguir, você poderá conferir um mapa mental que servirá como recurso para relembrar o 
conteúdo desta aula. Bons estudos! 
 
 
 
12 
 
 
 
Fonte: elaborado pela autora. 
 
Destaques do estudo de caso 
• Hábitos de sucção nutritiva e não nutritiva. 
• Cárie. 
• Negligência. 
 
 
 
 
Referências 
 
BAUSELLS, J.; BENFATTI, S. V.; CAYETANO, M. H. Interação odontopediátrica: uma visão 
multidisciplinar. Barueri, SP: Grupo GEN, 2011. E-book. Disponível em: 
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/978-85-412-0045-5/. Acesso em: 18 abr. 2023. 
 
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção 
Básica. Guia de recomendações para o uso de fluoretos no Brasil. Brasília, DF: Ministério 
da Saúde, 2009. Disponível em: 
http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/publicacoes/guia_fluoretos.pdf. Acesso em: 1 abr. 
2023. 
 
 
 
13 
 
DUQUE, C. et al. Odontopediatria: uma visão contemporânea. Barueri, SP: Grupo GEN, 2013. 
E-book. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/978-85-412-0230-5/. 
Acesso em: 18 abr. 2023. 
 
FELDENS, C. A.; KRAMER, P. F. Cárie dentária na infância: uma abordagem contemporânea. 
Barueri, SP: Grupo GEN, 2013. Disponível em: 
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/978-85-412-0187-2/. Acesso em: 18 abr. 2023. 
 
PORDEUS, I. A.; PAIVA, S. M. Odontopediatria (Abeno). São Paulo: Artes Médicas, 2013. E-
book. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788536702186/. Acesso 
em: 18 abr. 2023. 
 
SCARPARO, A. (Org.). Odontopediatria: bases teóricas para uma prática clínica de 
excelência. Barueri, SP: Manole, 2020. E-book. Disponível em: 
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786555762808/. Acesso em: 18 abr. 2023. 
 
 
 
 
 
1 
 
Unidade 2 – Princípios em saúde coletiva e odontopediatria 
Aula 7 – Tratamentos restauradores e endodônticos na odontopediatria 
 
 
 
Informações da Aula 
Autor 
Isabela Cristina Alves Panasol 
 
Competência da Unidade 
Atuar na promoção, prevenção, manutenção, recuperação e vigilância da saúde, em todos os 
níveis de complexidade e na clínica integrada da criança e do adolescente. 
 
Competências da Aula 
Avaliar casos e propor tratamentos odontológicos pertinentes, de acordo com as lesões 
apresentadas na dentição decídua, mista e permanente. 
 
 
Resultados de Aprendizagem da Aula 
Desenvolver um plano de tratamento para restabelecer a saúde bucal do paciente 
odontopediátrico a partir da observação do comportamento. 
 
Propor um tratamento restaurador condizente com os casos apresentados para devolver a função 
e a qualidade estética dos dentes. 
 
 
 
2 
 
 
Convite ao estudo 
 
Olá, estudante! 
Nesta aula serão desenvolvidas algumas competências para que você possa avaliar casos e 
propor planos de tratamentos odontológicos, de acordo com as lesões apresentadas na dentição 
decídua, mista e permanente. 
Como resultado, você será capaz de restabelecer a saúde bucal dos pacientes com base na 
observação do comportamento da pessoa atendida, a fim de aplicar a melhor alternativa de 
intervenção. 
A análise do comportamento norteará o condicionamento do paciente, tornando o atendimento 
mais fácil e individualizado. Assim será possível obter o máximo de colaboração que a pessoa 
atendida pode oferecer. 
Os tratamentos odontológicos serão desenvolvidos de acordo com as necessidades do paciente. 
Logo, o objetivo é fazer com que a criança tenha o mínimo de trauma. Para isso, os 
procedimentos mais adequados às necessidades desse paciente infantil devem ser realizados. 
Bom aprendizado! 
 
Estudo de caso – Plano de tratamento para traumas dentários 
 
Com o objetivo de solucionar os casos encontrados no consultório, a situação-problema descrita 
a seguir contemplará assuntos que serão desenvolvidos nesta aula. Você será capaz de planejar 
uma proposta de intervenção apropriada ao caso da paciente observando as informações 
apresentadas. 
Quando um paciente adentra o consultório, é importante analisá-lo de maneira integral, 
principalmente levando em consideração questões psicológicas. Com base nessa informação, 
leia o estudo de caso a seguir: 
Você trabalha em um consultório odontológico, e a maioria dos seus pacientes são crianças. O 
consultório é organizado para que cada paciente pediátrico seja atendido sem atraso, a fim de 
que as pessoas que serão atendidas não fiquem aglomeradas na sala de espera. Essa medida 
faz com que o clima no consultório permaneça tranquilo, já que, pelo fato de não terem que 
esperar muito tempo pelo atendimento, as crianças não ficam ansiosas em função de possíveis 
atrasos. 
No dia de hoje, foi agendada uma consulta com uma paciente de 4 anos de idade, acompanhada 
da mãe. Você percebeu que, ao sentar-se na cadeira odontológica, a criança parecia chateada 
por estar ali, mostrando-se preocupada pelo fato de estar em um local que ela havia frequentado 
poucas vezes. A mãe comentou que não era a primeira vez que a paciente ia ao consultório 
 
 
3 
 
odontológico. Em ocasiões anteriores, a criança, ainda que não chorasse, ficava desconfiada, 
mas depois acabava se tranquilizando. 
A mãe começou a relatar o histórico odontológico da paciente. Comentou que há 
aproximadamente um mês sua filha havia caído da própria altura enquanto brincava e fraturou o 
dente 51. Duranteo acolhimento da criança, que chorava bastante no dia desse incidente, e por 
causa do susto que levou, a mãe não guardou a partícula rompida do dente e também não viu 
para onde o fragmento foi. A responsável também disse que gostaria que sua filha tivesse a 
saúde bucal restaurada. Ou seja, caso houvesse lesões cariosas ou outros problemas, a mãe 
gostaria de solucioná-los. 
Você iniciou a análise clínica e notou que a fratura do dente 51 havia atingido apenas o esmalte 
e a dentina, sem exposição pulpar, porém comprometia a harmonia do sorriso. Foi possível 
observar que os dentes 61, 84 e 74 apresentavam lesão cariosa. O elemento 84, em especial, 
mostrava uma lesão de classe I profunda, no entanto a paciente não expressava sinais de dor. 
O exame radiográfico apontou que a polpa não havia sido afetada. Nos demais elementos, as 
lesões eram rasas. 
Por causa do histórico de lesões, você se preocupou com a progressão da lesão cariosa para os 
demais dentes. Logo, era necessário propor um tratamento que impedisse a evolução da lesão. 
Diante disso, indique qual tipo de manejo é o mais adequado para essa paciente e qual o plano 
de tratamento recomendado para os dentes 51, 61, 74 e 84, a fim de restabelecer a saúde bucal. 
Na intenção de auxiliar na resolução do caso e nas demandas diárias de uma clínica 
odontológica, serão apresentados, durante o desenvolvimento desta aula, os procedimentos que 
podem ser feitos quando o paciente é assintomático ou tem sintomatologia dolorosa, quando há 
necessidade de prevenir lesões cariosas, quando a lesão cariosa é rasa e profunda, entre outras 
situações. 
 
Tratamentos restauradores e endodônticos na odontopediatria 
Olá, estudante! 
Esta aula tem o objetivo central de abordar temas relacionados ao manejo de pacientes 
pediátricos e ao modo correto de desenvolver um plano de tratamento, de acordo com a 
necessidade de cada paciente. Nesse contexto, você aprofundará seus conhecimentos sobre 
tratamento restaurador e endodôntico, uso de selantes, intervenções em casos de traumas 
dentários, manchas brancas e fluorasse, e tratamentos restauradores traumáticos. 
As atitudes manifestadas pelas crianças dependem de vários fatores, como o estágio da fase de 
crescimento em que se encontram, o ambiente no qual estão inseridas, a idade dos pais e o estilo 
de criação que os responsáveis escolheram adotar. A odontopediatra precisa conhecer essas 
variáveis para tratar o paciente e sua família de maneira individualizada. 
 
 
4 
 
Na primeira consulta, o profissional deve reconhecer e anotar, na ficha clínica, o tipo de 
comportamento que o paciente exibiu, para que possa usar a melhor estratégia e desenvolver 
um atendimento em que tanto o paciente quanto o responsável que o acompanha estejam calmos 
e cooperativos. 
O tempo da consulta na cadeira odontológica dependerá da idade do paciente. De acordo com 
Aminabadi, Oskouei e Farahani (2009), o tempo de permanência na cadeira para pacientes entre 
3 e 5 anos deve ser de até 20 minutos; aos 5 anos, de 20 a 40 minutos; aos 6 anos, entre 40 e 
60 minutos; e de 7 a 9 anos, o atendimento pode ultrapassar 1 hora. Levar em consideração os 
períodos de duração recomendados gera um melhor aproveitamento da consulta. 
Para facilitar a anotação no prontuário acerca do comportamento do paciente, podem-se tomar 
como base as escalas de Frankl e de Wright, que serão analisadas de modo detalhado a seguir. 
A escala de Frankl apresenta os seguintes índices: 
 
1. Definitivamente negativo ( - - ): a criança não quer ser atendida; apresenta choro 
demasiado. 
2. Negativo ( - ): a criança fica chateada; não parece colaborativa. 
3. Positiva ( + ): faz o tratamento; demonstra um pouco de preocupação, porém colabora. 
4. Definitivamente positiva ( + + ): fica alegre em ir ao dentista; ajuda o profissional e colabora 
com o tratamento (SCARPARO, 2020). 
 
A escala de Wright, por sua vez, é composta pelas seguintes classificações: 
 
• Criança colaboradora: tem um pouco de medo, porém colabora. 
• Ausência de habilidade para cooperação: estão nessa categoria pacientes com 
necessidades especiais e pacientes pequenos, que não compreendem o que acontece 
pelo fato de serem muito bebês. 
• Potencialmente colaboradoras: a criança pode se tornar colaboradora, mas, no 
momento do atendimento, não é (SCARPARO, 2020). 
 
Com o objetivo de modular o comportamento da criança, é possível adotar algumas técnicas que 
facilitam o manejo do paciente. 
As técnicas não aversivas são: 
 
 
 
5 
 
1. Técnica do controle de voz: pode ser usada com todos os pacientes. A voz é controlada 
juntamente com a expressão facial, para que transmita uma sensação de autoridade ou 
para acalmar a criança. 
2. Dizer-mostrar-fazer: pode ser usada com todos os pacientes. Evita que a criança se 
assuste com o inesperado. Primeiro, fala-se sobre o que será feito; depois, mostra-se; e, 
por fim, o procedimento é executado. 
3. Reforço positivo: pode ser usado com qualquer paciente. Ao perceber que a criança 
apresenta um comportamento adequado, o dentista faz um elogio, mostra seu 
contentamento com uma expressão facial alegre ou usa um brinquedo para demonstrar 
que a ação do paciente foi agradável, pois atendeu às expectativas da equipe. 
4. Dessensibilização: é feita quando há necessidade de melhorar o comportamento do 
paciente. É uma estratégia desenvolvida em várias sessões, iniciando-se com 
procedimentos simples e seguindo até os mais complexos. 
5. Imitação: pode ser feita com qualquer paciente. Nesse caso, o procedimento a ser 
desenvolvido é reproduzido com o irmão ou outro parente do paciente, ou é apresentado 
por meio de vídeos, para que a pessoa a ser atendida não se assuste. 
6. Distração: pode ser usada com pacientes que não colaboram com o tratamento. A 
distração é propiciada a partir de vídeos, jogos e músicas (DUQUE et al., 2013). 
Quando as técnicas apresentadas anteriormente não geram resultados positivos, propõe-se o 
uso de técnicas aversivas. Os pais são avisados sobre o modo como esse manejo funciona. O 
ideal é que os responsáveis pelo paciente leiam e assinem o Termo de Consentimento Livre e 
Esclarecido. A contenção física é uma dessas técnicas, na qual o objetivo é fazer com que o 
paciente fique imóvel, para que não se machuque muitas vezes com o próprio movimento. É uma 
estratégia indicada para pacientes não colaboradores (DUQUE et al., 2013). 
Existe a possibilidade de usar a sedação gasosa com óxido nitroso e oxigênio para diminuir a 
ansiedade, a fim de que o paciente consiga aceitar o tratamento. Tal medida pode ser usada com 
pacientes com necessidades especiais ou ansiosos. Depois de definir o tipo de manejo 
comportamental a ser adotado, o tratamento restaurador será iniciado. 
O tratamento restaurador atraumático, conhecido como ART ou TRA, é indicado para todos os 
casos, especialmente para pacientes ansiosos, crianças pequenas e em situações nas quais o 
trabalho será desenvolvido em áreas menos favorecidas em que não há energia elétrica. É usado 
para tratar lesões oclusais e ocluso-proximais sem dor, até atingir a profundidade média. É 
contraindicado para lesões profundas e com comprometimento pulpar. O passo a passo desse 
método consiste em realizar o isolamento relativo, remover parte da lesão cariosa na qual o tecido 
está infectado (ou seja, amolecido) e preservar o restante desse tecido contaminado. A porção 
infectada é o tecido endurecido e de coloração amarronzada, o qual será recuperado com o 
 
 
6 
 
auxílio do ionômero de vidro, que possui flúor em sua composição. Para os demais tipos de 
restauração, sugere-se o uso de isolamento absoluto. 
A utilização de resina composta, também conhecida como compósito odontológico, é indicada 
para restaurações de classe I, II, III, IV e V. Quando há necessidade de aplicar selante, 
recomenda-se o uso de resinas do tipo flow, de baixa viscosidade, que apresentamas vantagens 
de durar muito tempo na boca, ser esteticamente agradável e ter cor semelhante à do dente. 
A técnica do sanduíche é interessante para tratar lesões de classe I, que sejam profundas e 
extensas, e de classes II, que englobem uma ou mais faces proximais. Consiste na inserção do 
cimento de ionômero de vidro (CIV) embaixo da resina composta e na redução da polimerização 
da resina. Por cima, aplica-se a resina composta. 
Nos casos em que ocorre cárie oculta e a parte oclusal está intacta, pode-se usar a técnica da 
réplica oclusal, na qual molda-se a face oclusal com resina acrílica transparente em fase plástica, 
a fim de reservar essa cópia. Em seguida, remove-se a face oclusal e a cárie, dando início ao 
condicionamento ácido e à aplicação do sistema adesivo. Aplicam-se os incrementos de resina, 
fotopolimerizando-os. Para finalizar o processo, insere-se a última porção de resina composta, 
colocando o molde em cima dessa estrutura. Para que ocorra a reprodução da face oclusal, é 
preciso fotopolimerizar. O ajuste deve ser feito com papel carbono, observando os contatos 
prematuros e proximais, e o acabamento é executado após 24 horas da restauração (DUQUE et 
al., 2013). 
O uso do cimento de ionômero de vidro é recomendado diante da presença de lesões de classes 
I, III, IV, podendo ser utilizado como selante para sulcos e fissuras. Deve-se evitar aplicá-lo em 
locais onde há muita força de mastigação, como nos molares, pois não é um material resistente 
a essa ação. Com o objetivo de preservar a longevidade do CIV, é preciso recorrer à proteção da 
superfície, por meio da aplicação de um esmalte incolor ou vaselina, para que não entre umidade 
na restauração (DUQUE et al., 2013). 
O uso de selante consiste em uma técnica preventiva para dentes livres de cárie nas áreas com 
fóssulas e fissuras. As principais vantagens de sua utilização são a diminuição da entrada de 
bactérias e da perda de estrutura dentária, a liberação de flúor no meio bucal e a limitação do 
aumento do biofilme. O material adotado para esse processo pode ser tanto a resina composta 
do tipo flow quanto o cimento de ionômero de vidro. 
Há outras situações na odontopediatria que exigem o uso de restaurações e até mesmo 
tratamento endodôntico, como nos casos de traumas que atingem a polpa e de lesões cariosas 
profundas que afetam a polpa. Confira, a seguir, algumas orientações para o tratamento 
endodôntico em dentes decíduos. 
 
 
7 
 
1. Capeamento pulpar indireto: indicado para lesões profundas de cárie. Remove a 
dentina infectada (amolecida e com bactéria cariogênica), preserva a dentina afetada (que 
pode se remineralizar) e protege o complexo dentino-pulpar (DUQUE et al., 2013). 
2. Capeamento pulpar direto: é realizado quando há exposição pulpar, seja por trauma 
acidental no atendimento ou por traumatismo dentário, e sem contaminação bucal. Nesse 
caso, recomenda-se usar hidróxido de cálcio ou MTA para que a polpa se recupere 
(SCARPARO, 2020). 
3. Pulpotomia: remove-se a polpa coronária e aplica-se o medicamento para que não haja 
reabsorção radicular. O dente precisa ser vital, sem apresentar mais de 2/3 de reabsorção 
radicular. Após a retirada da polpa coronária, aplica-se a pasta Guedes-Pinto, composta 
de iodofórmio, paramonoclorofenol canforado e ricofort. Em seguida, coloca-se o disco de 
guta-percha e efetua-se a restauração. Caso se utilize o formocresol ou glutaraldeído, 
remove-se a polpa coronária, coloca-se o algodão com formocresol, retirando-o logo 
depois, e, por fim, insere-se o óxido de zinco e eugenol (SCARPARO, 2020). 
4. Pulpectomia: nesse procedimento, retira-se totalmente a polpa dentária, tanto da parte 
coronária quanto da parte radicular, após realizar o preparo biomecânico e a obturação. 
A odontometria segue até 1 a 2 mm antes do fim do comprimento radiográfico do dente 
decíduo, e todas as limas seguirão essa medida. Como solução irrigadora, podem-se usar 
hipoclorito de sódio, clorexidina ou EDTA. Para as situações em que há necessidade de 
medicação de demora por causa de necrose pulpar e lesões, utilizam-se o formocresol e 
o paramonoclorofenol canforado. Também é possível aplicar uma pasta de hidróxido de 
cálcio associada a soro fisiológico, mantendo essa mistura no local tratado por 30 dias. 
Como material obturador, podem-se usar o cimento de óxido de zinco e eugenol (OZE), 
cimento de hidróxido de cálcio (Calen), OZE associado ao iodofórmio e hidróxido de cálcio 
(SCARPARO, 2020). 
 
Para cuidar dos dentes permanentes jovens, é possível desenvolver alguns dos procedimentos 
direcionados aos dentes decíduos, como o capeamento pulpar indireto e o capeamento pulpar 
direto. Em casos de pulpotomia, efetua-se a remoção da porção coronária e a inserção do MTA 
ou hidróxido de cálcio, selando com cimento de ionômero de vidro ou óxido de zinco. 
Para dentes com necrose pulpar que tenham a rizogênese incompleta, deve-se forçar a formação 
da barreira apical, por meio de um processo conhecido como apicificação. A odontometria segue 
de 1 a 2 mm antes do vértice radiográfico. Para desinfectar o canal, utiliza-se hipoclorito de sódio 
a 1% adicionado a Endo PTC, e a irrigação final é executada com EDTA. Na intenção de formar 
a barreira apical, usa-se o MTA ou o hidróxido de cálcio (DUQUE et al., 2013). 
 
 
8 
 
De posse desses conhecimentos, será possível atender ao paciente de forma adequada, levando 
em consideração a situação em que o dente se encontra. Nesse contexto, é importante dominar 
as técnicas de manejo, restauradoras e endodônticas. A Figura 1, a seguir, apresenta os 
diferentes estágios da condição pulpar: 
 
Figura 1 | Estágios da condição pulpar 
 
Fonte: Duque et al. (2013). 
 
 
 
 
Resolução do estudo de caso 
O objetivo desta aula é fazer com que você desenvolva sua capacidade de definir o plano de 
tratamento mais adequado para os pacientes odontopediátricos que chegam às clínicas, levando 
em consideração as lesões apresentadas. Nesse contexto, é importante analisar o 
comportamento do paciente e propor resoluções individualizadas que o tranquilizarão e 
permitirão que o atendimento flua do modo mais equilibrado possível. 
O estudo de caso apresentado anteriormente descreve a situação de uma criança de 4 anos de 
idade que estava preocupada com o atendimento. A mãe da paciente relatou que todas as vezes 
 
 
9 
 
que ia ao dentista, sua filha ficava tensa em um primeiro momento, mas depois de um tempo 
aceitava o tratamento. 
A responsável afirmou que a criança havia sofrido uma queda da própria altura, incidente que 
provocou a fratura do dente 51. A mãe acabou perdendo o fragmento que se rompeu. Você pediu 
que a paciente se sentasse na cadeira e, durante a análise clínica, observou que a fratura havia 
afetado o esmalte e a dentina, sem exposição pulpar. Em relação aos demais dentes, foi possível 
detectar lesões cariosas rasas nos dentes 61 e 74, bem como uma lesão profunda no dente 84. 
A criança, no entanto, não expressava sinais de dor. Pelo exame radiográfico, verificou-se que a 
polpa não tinha sido afetada. Diante disso, a mãe pediu para que você restabelecesse a saúde 
bucal da paciente. 
Para resolver a situação-problema, você deve anotar, na ficha clínica da paciente, todas as 
informações descritas na queixa que a mãe apresentou, os dados clínicos encontrados por você, 
além do tipo de comportamento que a paciente exibe no momento da consulta. 
Ao iniciar uma conversa com a mãe sobre as experiências passadas da criança e a forma com 
que a paciente se comporta no consultório, você percebeu que ela se enquadra na escala positiva 
de Frankl, sendo classificada, também, como uma criança colaboradora, segundo a escala de 
Wright. Para pacientes que manifestam esse tipo de conduta, é possível adotar os seguintes 
manejos: técnica do controle da voz, dizer-mostrar-fazer, reforço positivo e imitação. 
Ao traçar o plano de tratamentodo dente 51, você precisa lembrar que não houve exposição da 
polpa. Sendo assim, o dente deve ser reconstituído com resina composta, em uma coloração 
próxima à do elemento dentário, por se tratar de uma área estética. 
O tratamento completo será desenvolvido no decorrer de várias consultas, começando pelo dente 
que apresenta maior urgência, isto é, o elemento 51, visto que a fratura deixa o sorriso da 
paciente esteticamente prejudicado. 
O elemento 61, que possui uma lesão cariosa rasa cujo tratamento corresponde à área estética, 
pode ser restaurado com resina composta, indicada para lesões de classe I. Em relação ao 
elemento 74, não é indicado o uso de cimento de ionômero de vidro, pois o dente está localizado 
em uma região de mastigação, na qual há forças oclusais. Deve-se optar, então, pela resina 
composta. O dente 84, por sua vez, apresenta uma lesão cariosa, a qual abrange uma área 
profunda, embora não atinja a polpa. Para tratar esse elemento, deve-se realizar o capeamento 
pulpar indireto, recomendado para casos nos quais há lesões profundas. Nesse processo, 
remove-se a dentina infectada, protege-se, em seguida, o complexo dentino-pulpar e, por fim, 
realiza-se a restauração. 
 
 
10 
 
Para fornecer um atendimento mais completo e amplo, você pode sugerir à mãe a realização da 
profilaxia e a aplicação de selantes em dentes com fossas e fissuras, bem como a inserção de 
flúor. 
 
Convite ao vídeo da Aula 
Olá, estudante! Convido você a assistir ao vídeo a seguir, que apresenta, de forma resumida, o 
conteúdo analisado nesta etapa de aprendizagem. Examinar os assuntos estudados de outra 
maneira, como por meio de um recurso visual e auditivo, facilita a assimilação desses novos 
saberes. Assim você será capaz de fixar os temas trabalhados nesta aula de acordo com a 
estratégia de aprendizagem que se mostre mais adequada para a sua realidade. Bons estudos! 
 
 
 
Saiba mais 
Saiba mais Por meio da leitura do material indicado para esta seção do Saiba Mais, será 
possível saber como a dentística atua nos casos de erosão dentária, isto é, 
quando há perda de estrutura dental provocada pelo consumo de alimentos, 
sucos e refrigerantes ácidos ou por refluxo gastroesofágico. Para obter mais 
informações a esse respeito, leia as páginas 74 e 75 do livro Odontopediatria 
(Abeno), de Isabela Almeida Pordeus e Saul Martins Paiva. 
 
PORDEUS, I. A.; PAIVA, S. M. Odontopediatria (Abeno). São Paulo: Artes 
Médicas, 2013. 
 
 
Fechamento da Aula 
Para finalizar esta aula, é interessante que você relembre alguns dos conceitos estudados, os 
quais serão elencados no mapa mental a seguir. Para dominar os principais manejos 
odontológicos e saber indicar o mais adequado para cada caso, é necessário verificar o tipo de 
comportamento que o paciente odontopediátrico apresenta, pois esse fator exerce influência 
direta sobre a qualidade do atendimento odontológico. 
As características comportamentais da pessoa em atendimento devem ser anotadas na ficha 
clínica, juntamente com a queixa do responsável que a acompanha e os dados do odontograma. 
Com base nessas informações, você conseguirá lembrar, a cada consulta, qual condicionamento 
é o mais apropriado e se houve evolução no comportamento do paciente. 
 
 
11 
 
Após essa observação inicial, deve-se desenvolver o plano de tratamento, que pode abranger 
inúmeros métodos. Contudo, cada caso apresentado exigirá do profissional conhecimento da 
situação clínica e de suas respectivas indicações e contraindicações, destreza para seguir o 
passo a passo do procedimento a ser desenvolvido e discernimento quanto aos resultados 
esperados. 
 
 
Fonte: elaborado pela autora. 
 
Destaques do estudo de caso 
• Manejo. 
• Classificação do comportamento. 
• Tratamento restaurador. 
 
Referências 
 
AMINABADI, N. A.; OSKOUEI, S. G.; FARAHANI, R. M. Z. Dental treatment duration as an 
indicator of the behavior of 3 to 9 year-old pediatric patients in clinical dental settings. The 
Journal of Contemporary Dental Practice, v. 10, n. 5, set. 2009. Disponível em: 
https://www.thejcdp.com/doi/pdf/10.5005/jcdp-10-5-23. Acesso em: 17 maio 2023. 
 
 
 
12 
 
DUQUE, C. et al. Odontopediatria: uma visão contemporânea. Barueri, SP: Grupo GEN, 2013. 
E-book. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/978-85-412-0230-5/. 
Acesso em: 18 abr. 2023. 
 
GUEDES-PINTO, A. C. Odontopediatria. 9. ed. São Paulo: Santos, 2016. E-book. Disponível 
em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788527728881/. Acesso em: 25 abr. 
2023. 
 
PORDEUS, I. A.; PAIVA, S. M. Odontopediatria (Abeno). São Paulo: Artes Médicas, 2013. E-
book. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788536702186/. Acesso 
em: 18 abr. 2023. 
 
SCARPARO, A. (Org.). Odontopediatria: bases teóricas para uma prática clínica de 
excelência. Barueri, SP: Manole, 2020. E-book. Disponível em: 
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786555762808/. Acesso em: 18 abr. 2023. 
 
 
 
 
1 
 
UNIDADE 2 – Princípios em Saúde Coletiva e odontopediatria 
AULA 8 – Terapia medicamentosa na odontopediatria 
 
 
Informações da Aula
 
 
 
Autor 
Isabela Cristina Alves Panasol 
 
Competência da Unidade 
Atuar na promoção, prevenção, manutenção, recuperação e vigilância da saúde em todos os 
níveis de complexidade e na clínica integrada da criança e do adolescente. 
 
Competência da Aula 
Planejar o tratamento farmacológico de forma individualizada perante as situações clínicas. 
Criar. 
No consultório odontológico, tratar o paciente com o uso de fármacos. 
 
 
Resultados de Aprendizagem da Aula 
Oferecer uma proposta de tratamento farmacológico para cada paciente, entendendo o processo 
inflamatório e infeccioso. 
 
Convite ao estudo
 
 
Olá, estudante! 
Nesta aula, aprenderemos como planejar o tratamento farmacológico de forma individualizada 
na odontopediatria, de acordo com as situações que ocorrem no dia a dia da clínica odontológica. 
Dessa forma, será possível oferecer ao paciente uma proposta farmacológica ao entender o 
processo inflamatório e infeccioso. 
A terapia medicamentosa pode ocorrer antes, durante ou após o procedimento odontológico, 
como em prescrições para profilaxia antibiótica, sedação com óxido nitroso ou ansiolíticos e 
tratamentos para serem realizados em casa, com o objetivo de associar ao tratamento do 
consultório e melhorar a situação sistêmica e bucal do paciente. 
Com esse panorama em mente, bom estudo! 
 
 
2 
 
 
Estudo de caso – Estomatologia em odontopediatria 
 
Olá, estudante! 
Neste momento, apresentaremos o estudo de caso, em que será exposta uma situação-
problema, para a qual você deverá encontrar soluções para resolver. 
Situações propostas no estudo de caso podem ocorrer tanto no consultório particular quanto no 
Sistema Único de Saúde, por isso, é importante analisar todos os aspectos da questão, com o 
objetivo de se preparar para o atendimento no cotidiano da clínica. 
Existem algumas doenças que atingem as crianças e tornam-se recorrentes após a primeira 
infância. Diante disso, é importante que os pais conheçam como elas agem e seus principais 
desencadeadores e, após o paciente ter maturidade para compreender, é necessário explicar a 
ele também essa progressão, para que possa se cuidar. 
Sendo assim, você é dentista e atende por meio de parceria no consultório de um colega. Nesse 
ambiente, você atende casos de ortodontia e odontopediatria, sendo assim, a maioria dos seus 
pacientes são crianças e adolescentes que estão realizando o atendimento ortodôntico ou estão 
passando por procedimentos da clínica geral da odontopediatria. 
Um dia, foi agendado um paciente do sexo masculino, de 13 anos, que foi acompanhado do pai 
e queixava-se de uma ferida que sempre se instalava em seus lábios. Era algo recorrente, porém 
o menino sempre esperava o machucado passar e não sabia qual medicamento usar.

Continue navegando