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Habeas Corpus

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Habeas Corpus
Características do Habeas Corpus
• Conceito: “A expressão habeas-corpus indica a essência do instituto. Literalmente significa ‘tome o
corpo’ – Habeas Corpus é o subjuntivo de habeo, es, habui, habitum, habere (ter, manter, possuir,
tomar posse, etc.) e corpus, corporis (corpo) – isto é, tome a pessoa presa e a apresente ao Juiz,
para julgamento do caso”. (NORONHA, E. Magalhães. Curso de Direito Processual Penal, p. 542-
543);
• Bem jurídico tutelado: Seu objetivo é a proteção ou tutela da liberdade física, no sentido de ir, ficar
e vir. [...] É a liberdade de locomover-se, de mudar de lugar, de situação e de transportar-se para
onde deseje, sem entraves, óbices ou impedimentos, a não ser, evidentemente, os impostos pela lei.
[...] é a liberdade física que tem em vista; é o jus manendi, ambulandi, eundi ultro citroque que é
tutelado e protegido por ele. (NORONHA, E. Magalhães. Curso de Direito Processual Penal, p. 543);
• Natureza jurídica: Segundo Pontes de Miranda, “o pedido de habeas corpus é pedido de prestação
jurisdicional em ação. Trata-se de ação predominantemente mandamental.” Trata-se de uma ação
autônoma de impugnação, ostentando ainda a natureza de garantia fundamental, cerne irrestringível
da Carta Magna de 1988;
• Fundamento legal: Art. 5º, inciso LXVIII, CF c/c art. 647 e ss. do Código de Processo Penal;
Fundamento Legal
• Art. 5º [...] LXVIII - conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém
sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua
liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder; [...]
• Art. 647. Dar-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se
achar na iminência de sofrer violência ou coação ilegal na sua
liberdade de ir e vir, salvo nos casos de punição disciplinar.
Características do Habeas Corpus
• Legitimidade ativa: qualquer pessoa do povo, o próprio paciente, o Ministério Público. Juiz e
Delegado como cidadão. Tem-se, aqui, a figura do impetrante;
• Legitimidade passiva: a pessoa apontada como coatora, pode ser autoridade ou não;
• Ato coator: aquele que é revestido de ilegalidade, que restringe ou ameaça restringir a liberdade de
locomoção do paciente;
• Quem pode ser paciente? Por que essa denominação jurídica?;
• Espécies: preventivo e repressivo. Profilático e trancativo.
Partes envolvidas no procedimento do Habeas Corpus
Autoridade 
coatora
Ato coator 
A impetração do 
Habeas Corpus 
busca combater 
o ato coator
Da Ratio Essendi do Habeas Corpus
[...] O que particularmente o distingue e caracteriza é a prontidão e celeridade com que ele restitui a
liberdade àquele que é vítima da prisão ou constrangimento ilegal. [...] Esta é a razão por que as leis
não subordinam um recurso tal às formulas lentas e demoradas [...] É esta ainda a razão por que as
leis dão, pelo habeas-corpus, ao poder judiciário uma competência tão fora das razões gerais e
comuns do direito. Evitar ou fazer cessar de pronto e imediatamente a prisão ou o constrangimento
ilegal, porque qualquer destes fatos, importando a violação de um direito fundamental da
personalidade humana, causa danos e sofrimentos irreparáveis, tal é a natureza e o fim do habeas-
corpus. (NORONHA, E. Magalhães. Curso de Direito Processual Penal, p. 546)
Do pedido liminar em Habeas Corpus
• Justificativa do pedido liminar: [...] Embora não encontre assento legal, o pedido de liminar em
habeas corpus é hoje largamente aceito pela doutrina e pela jurisprudência, desde que presentes os
requisitos do fumus boni iuris e do periculum in mora. Admite-se, portanto, o pedido liminar quando
estiver patente que a demora no julgamento do writ irá incrementar ainda mais a coação imposta ao
paciente. Três são as situações em que se vislumbra nitidamente esse incremento: quando o réu já
estiver preso, quando tiver sido expedido mandado de prisão e quando, no processo, estiver
marcado ato ao qual deva comparecer o réu. Nesses três casos, portanto, incontestável a
possibilidade do pedido liminar. [...] WANDER, Garcia; DOMPIERI, Eduardo. Como passar na OAB
2ª Fase – Prática Penal. 6ª ed. São Paulo: Foco, p. 193);
• Requisitos do pedido liminar: fumus boni iuris (plausibilidade jurídica do direito alegado) e
periculum in mora (perigo da demora do não deferimento do pedido de imediato);
Quando cabe Habeas Corpus?
• Art. 648. A coação considerar-se-á ilegal:
I - quando não houver justa causa;
II - quando alguém estiver preso por mais tempo do que determina a lei;
III - quando quem ordenar a coação não tiver competência para fazê-lo;
IV - quando houver cessado o motivo que autorizou a coação;
V - quando não for alguém admitido a prestar fiança, nos casos em que a lei a autoriza;
VI - quando o processo for manifestamente nulo;
VII - quando extinta a punibilidade.
Não cabe impetração de Habeas Corpus
• Persecução criminal referente a delito punido apenas com pena de multa;
• Persecução criminal cujo polo passivo é ocupado apenas pela pessoa jurídica;
• Pena integralmente cumprida;
• Discussão referente à perda de cargo público;
• Apreensão de veículos (Habeas Carro!?);
• Pedido de Reabilitação;
• Reparação civil fixada em sentença condenatória;
• Custas processuais;
• Suspensão do direito de dirigir veículo automotor;
• Perda de direitos políticos;
• Impeachment;
• Habeas Corpus substitutivo de Recurso Ordinário: [...] Logo, deve ser reconhecida a inadequação
do habeas corpus sempre que a sua utilização revelar a banalização da garantia constitucional ou
a substituição do recurso cabível, como inegável supressão de instância. (BRASILEIRO, Renato.
Manual de Processo Penal, p. 1.741).
Competência para julgamento do Habeas Corpus
• O Habeas Corpus deve ser impetrado perante a autoridade imediatamente superior à coatora;
• Importante observar quem é a autoridade coatora, qual o específico ato coator que se procura
combater e quem é o paciente (exemplo: se possui foro de prerrogativa por função ou não);
• Ler os arts. 102, inciso I, alíneas “a” a “d”, e 105, inciso I, alíneas “a” e “c”, da Constituição Federal;
• A seguir, confira-se o quadro de competência elaborado pelos doutrinadores Garcia Wander e
Eduardo Dompieri in Como passar na OAB 2ª Fase – Prática Penal. 6ª ed. São Paulo: Foco, p. 189.
Competência para julgamento do Habeas Corpus
Autoridade Coatora Competência para julgar o Habeas Corpus 
Delegado de Polícia Estadual Juiz de Direito da Vara Criminal
Delegado de Polícia Federal Juiz Federal 
Delegado de Polícia dos crimes de menor potencial ofensivo Juiz de Direito do Juizado Especial Criminal
Particular Juiz de Direito da Vara Criminal
Promotor de Justiça Tribunal de Justiça 
Juiz de Direito Tribunal de Justiça 
Juiz Federal Tribunal Regional Federal
Juiz do Juizado Especial Criminal Turma Recursal
Turma Recursal Estadual Tribunal de Justiça 
Turma Recursal Federal Tribunal Regional Federal 
Tribunal de Justiça e Tribunal Regional Federal Superior Tribunal de Justiça 
Superior Tribunal de Justiça Supremo Tribunal Federal 
Procedimento do Habeas Corpus
Impetração do 
Writ
Decisão. 
Análise dos 
pressupostos 
processuais e 
condições da 
ação. 
Possibilidade 
de concessão 
de liminar 
Prestação de 
informações 
pela 
Autoridade 
Coatora
Apresentação 
de parecer 
pelo Ministério 
Público, 
funcionando 
como custus
iuris. (Não 
ocorre no 
primeiro grau)
Julgamento do 
Habeas 
Corpus
Recursos 
Cabíveis. 
Atentar para 
Órgão 
Julgador.
Principais teses suscitadas em Habeas Corpus
• Vício de fundamentação;
• Excesso de prazo;
• Ausência de contemporaneidade dos fundamentos da prisão cautelar;
• Desnecessidade da prisão e violação ao princípio da proporcionalidade;
• Violação ao princípio da homogeneidade das medidas cautelares;
• Trancamento de inquérito policial ou ação penal;
• Ilegalidades praticadas ao longo da execução criminal (demora na
análise de pedido de progressão de regime);
Súmulas do STF sobre Habeas Corpus
• Súmula 344-STF: Sentença de primeira instância concessiva dehabeas corpus, em caso de
crime praticado em detrimento de bens, serviços ou interesses da união, está sujeita a recurso
"ex officio".
• Súmula 395-STF: Não se conhece de recurso de habeas corpus cujo objeto seja resolver sobre
o ônus das custas, por não estar mais em causa a liberdade de locomoção.
• Súmula 606-STF: Não cabe habeas corpus originário para o Tribunal Pleno de decisão de
turma, ou do plenário, proferida em habeas corpus ou no respectivo recurso. Lembrar ainda:
Cabe habeas corpus contra decisão monocrática de Ministro do STF? NÃO. Não cabe pedido
de habeas corpus originário para o Tribunal Pleno contra ato de Ministro ou outro órgão
fracionário da Corte. STF. Plenário. HC 170263/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em
22/06/2020.
Súmulas do STF sobre Habeas Corpus
• Súmula 691-STF: Não compete ao Supremo Tribunal Federal conhecer de habeas corpus
impetrado contra decisão do Relator que, em habeas corpus requerido a Tribunal Superior,
indefere a liminar. Segundo Márcio André, esta súmula se encontra válida, mas com ressalva.
Pode ser afastada em casos excepcionais, quando houver teratologia, flagrante ilegalidade ou
abuso de poder que possam ser constatados ictu oculi.
• Súmula 692-STF: Não se conhece de habeas corpus contra omissão de relator de extradição, se
fundado em fato ou direito estrangeiro cuja prova não constava dos autos, nem foi ele provocado
a respeito.
• Súmula 693-STF: Não cabe habeas corpus contra decisão condenatória a pena de multa, ou
relativo a processo em curso por infração penal a que a pena pecuniária seja a única cominada.
• Súmula 694-STF: Não cabe habeas corpus contra a imposição da pena de exclusão de militar ou
de perda de patente ou de função pública.
• Súmula 695-STF: Não cabe habeas corpus quando já extinta a pena privativa de liberdade.
Jurisprudência em Teses do STJ. Edição nº 36. Habeas Corpus
1) O STJ não admite que o remédio constitucional seja utilizado em substituição ao recurso próprio (apelação,
agravo em execução, recurso especial), tampouco à revisão criminal, ressalvadas as situações em que, à vista da
flagrante ilegalidade do ato apontado como coator, em prejuízo da liberdade da paciente, seja cogente a concessão,
de ofício, da ordem de habeas corpus.
2) O conhecimento do habeas corpus pressupõe prova pré-constituída do direito alegado, devendo a parte
demonstrar de maneira inequívoca a pretensão deduzida e a existência do evidente constrangimento ilegal.
3) O trancamento da ação penal pela via do habeas corpus é medida excepcional, admissível apenas quando
demonstrada a falta de justa causa (materialidade do crime e indícios de autoria), a atipicidade da conduta ou a
extinção da punibilidade.
4) O reexame da dosimetria da pena em sede de habeas corpus somente é possível quando evidenciada flagrante
ilegalidade e não demandar análise do conjunto probatório.
5) O habeas corpus é ação de rito célere e de cognição sumária, não se prestando a analisar alegações relativas à
absolvição que demandam o revolvimento de provas.
6) É incabível a impetração de habeas corpus para afastar penas acessórias de perda de cargo público ou
graduação de militar imposta em sentença penal condenatória, por não existir lesão ou ameaça ao direito de
locomoção.
7) O habeas corpus não é a via adequada para o exame aprofundado de provas a fim de averiguar a condição
econômica do devedor, a necessidade do credor e o eventual excesso do valor dos alimentos, admitindo-se nos
casos de flagrante ilegalidade da prisão civil.
8) Não obstante o disposto no art. 142, § 2º, da CF, admite-se habeas corpus contra punições disciplinares militares
para análise da regularidade formal do procedimento administrativo ou de manifesta teratologia.
9) A ausência de assinatura do impetrante ou de alguém a seu rogo na inicial de habeas corpus inviabiliza o seu
conhecimento, conforme o art. 654. § 1º, “c”, do CPP.
Jurisprudência em Teses do STJ. Edição nº 36. Habeas Corpus
10) É cabível habeas corpus preventivo quando há fundado receio de ocorrência de ofensa iminente à
liberdade de locomoção.
11) Não cabe habeas corpus contra decisão que denega liminar, salvo em hipóteses excepcionais, quando
demonstrada flagrante ilegalidade ou teratologia da decisão impugnada, sob pena de indevida supressão de
instância, nos termos da Súmula n. 691/STF.
12) O julgamento do mérito do habeas corpus resulta na perda do objeto daquele impetrado na instância
superior, na qual é impugnada decisão indeferitória da liminar.
13) Compete aos Tribunais de Justiça ou aos Tribunais Regionais Federais o julgamento dos pedidos
de habeas corpus quando a autoridade coatora for Turma Recursal dos Juizados Especiais.
14) A jurisprudência do STJ admite a reiteração do pedido formulado em habeas corpus com base em fatos ou
fundamentos novos.
15) O agravo interno não é cabível contra decisão que defere ou indefere pedido de liminar em habeas
corpus.
16) O habeas corpus não é via idônea para discussão da pena de multa ou prestação pecuniária, ante a
ausência de ameaça ou violação à liberdade de locomoção.
17) O habeas corpus não pode ser impetrado em favor de pessoa jurídica, pois o writ tem por objetivo
salvaguardar a liberdade de locomoção.
18) A jurisprudência tem excepcionado o entendimento de que o habeas corpus não seria adequado para
discutir questões relativas à guarda e adoção de crianças e adolescentes.
O Habeas Corpus na praxis jurídica contemporânea 
• A utilização do Habeas Corpus para combater decisões teratológicas; 
• A importância da sustentação oral no Habeas Corpus;
• A questão da concessão da Ordem de Ofício em casos de não conhecimento do Habeas Corpus;
• A advocacia especializada em Habeas Corpus; 
• O uso indiscriminado e generalizado do Habeas Corpus: necessidade ou desvirtuamento?
Questão discursiva (IV Exame de Ordem Unificado): Caio, Mévio, Tício e José, após se
conhecerem em um evento esportivo de sua cidade, resolveram praticar um estelionato em
detrimento de um senhor idoso. Logrando êxito em sua empreitada criminosa, os quatro dividiram
os lucros e continuaram a vida normal. Ao longo da investigação policial, apurou-se a autoria do
delito por meio dos depoimentos de diversas testemunhas que presenciaram a fraude. Em
decorrência de tal informação, o promotor de justiça denunciou Caio, Mévio, Tício e José, alegando
se tratar de uma quadrilha de estelionatários, tendo requerido a decretação da prisão temporária
dos denunciados. Recebida a denúncia, a prisão temporária foi deferida pelo juízo competente.
Com base no relatado acima, responda aos itens a seguir, empregando os argumentos jurídicos
apropriados e a fundamentação legal pertinente ao caso:
a) Qual(is) o(s) meio(s) de se impugnar tal decisão e a quem deverá(ão) ser endereçado(s)?
b) Quais fundamentos deverão ser alegados?
a) A princípio, seria possível apresentar um requerimento de relaxamento de prisão (art. 5º, inciso LXV,
da CF/88), tendo em vista que a prisão temporária dos denunciados violou o art. 1º, inciso III, da Lei nº
7.960/89. Ora, como não ficou demonstrada a estabilidade e permanência para fins de configurar o
delito de formação de quadrilha, subsiste, de fato, apenas o suposto crime de estelionato, o qual não
está descrito no rol das infrações penais passíveis de admitir a imposição da medida restritiva
supracitada. É dizer: não cabe decretação de prisão temporária nos casos de crime de estelionato.
Caso o Magistrado indefira o pedido de relaxamento de prisão, é possível impetrar Habeas Corpus
perante o Tribunal de Justiça, com fulcro no art. 648, inciso I, CPP.
b) Os fundamentos que podem ser alegados para combater a prisão temporária são os seguintes:
inexistência de configuração de crime de formação de quadrilha (associação criminosa), porquanto a
simples reunião de agentes para a prática de um delito, por si só, pode configurar concurso de
pessoas, mas não um delito de per si; a inexistência do crime de estelionato no rol dos crimes que
admite a imposição de prisãotemporária (art. 1º, inciso III, da Lei nº 7.960/89 e a impossibilidade de
decretar a prisão temporária durante a etapa processual, haja vista que somente cabe a imposição de
tal medida na fase investigatória (art. 1º, inciso I, da Lei nº 7.960/89).
Estrutura do Habeas Corpus
• Endereçamento: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA
CRIMINAL .... EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE...
• Qualificação das Partes: Identificar parte legítima ativa, passiva (autoridade coatora) e o
paciente; utilizar o tempo jurídico correto, qual seja, impetrar Habeas Corpus; apontar o nomen
iuris da peça, com o fundamento legal correto;
• Narrativa dos fatos: resumo dos fatos visando demonstrar a ilegalidade da restrição à liberdade
de locomoção;
• Direito: trancamento de inquérito policial, trancamento de ação penal, extinção de punibilidade,
excesso de prazo, vício de fundamentação, relaxamento de prisão, revogação de prisão,
revogação de cautelar diversa da prisão, etc;
• Possibilidade de elaboração de pedido liminar: demonstração do fumus boni Iuri e do
periculum in mora;
• Pedidos: Ante o exposto, requer o conhecimento e a concessão da Ordem pleiteada no sentido
de...
• Parte Final: local, data, ADV/OAB
Caso Prático: Deoclécio Mariano da Silva Santos está sendo acusado da suposta prática de homicídio
qualificado (art. 121, § 2º, incisos III e IV, do Código Penal). Isso porque teria sido o único responsável pela
morte de Theobaldo Souza. Quando do recebimento da denúncia, o Magistrado da 7ª Vara Criminal da Capital
asseverou que o suposto crime teria causado enorme repercussão social na comunidade, o que justificava a
segregação cautelar do agente, para fins de salvaguardar a ordem pública, fato que veio a ser efetivado em 12
de janeiro de 2020. Para além, embora a denúncia já tenha sido oferecida e o réu apresentado resposta à
acusação, é possível notar que se passou cerca de 01 (um) ano e 04 (quatro) meses e sequer existe audiência
de instrução designada, não se sabendo também quando ocorrerá, sobretudo diante da atual pandemia do
COVID-19. Diante desse cenário fático, a defesa pleiteou a revogação da prisão cautelar, aduzindo que não se
mostrava mais necessária. O causídico, inclusive, juntou documentos médicos atestando que Deoclécio testou
positivo no presídio onde se encontra acautelado e corre risco de ter sua situação agravada, caso continue no
ambiente carcerário com possibilidade de aglomeração e falta dos cuidados médicos adequados. Contudo, o
Juiz de instância singela indeferiu o pedido. Considerando as informações narradas, adote medida cabível para
lograr a soltura do acusado, inclusive faça uso dos mecanismos mais céleres possíveis para alcançar a
liberdade do segregado.
Montando o esqueleto
❖ Endereçamento: Presidente do Tribunal de Justiça
❖ Peça: Habeas Corpus
❖Fundamento legal: art. 5º, LXVIII, da CF/88, c/ arts.. 647 e 648, inciso
I, do Código de Processo Penal
❖Narrativa dos fatos
❖ Direito: excesso de prazo na duração do processo; vício de
fundamentação e desaparecimento do fato ensejador da prisão
preventiva; possibilidade de fixação de medidas cautelares diversas da
prisão
❖ Elaboração de pedido liminar (fumus boni iuris e periculum libertatis)
❖ Pedidos: deferimento do pedido liminar e concessão da Ordem, em
definitivo, com a respectiva expedição de alvará de soltura
❖ ADV/OAB
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA
DO ESTADO DE _______
Nome, qualificação, advogado inscrito com o OAB nº...., com escritório localizado na....,
vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, impetrar HABEAS CORPUS, COM PEDIDO
LIMINAR, com fulcro no art. 5º, LXVIII, da CF/88, c/ arts.. 647 e 648, inciso I, do Código de Processo Penal,
em favor de Deoclécio Mariano da Silva Santos, nacionalidade, estado civil, endereço, atualmente recolhido
no.... , em face de ato coator praticado pelo Excelentíssimo Juiz de Direito da 7ª Vara Criminal da Comarca
da Capital, pelas razões de fato e direito a seguir expostas.
1. Dos Fatos
O paciente está sendo acusado, no primeiro grau, da suposta prática de homicídio
qualificado (art. 121, § 2º, incisos III e IV, do Código Penal), porquanto teria sido o único responsável pela
morte de Theobaldo Souza.
Segundo a autoridade coatora, tal delito teria causado enorme repercussão social na
comunidade local, o que justificou a segregação cautelar do agente, no dia 12 de janeiro de 2020, para fins
de salvaguardar a ordem pública.
Como a denúncia já foi oferecida e o réu apresentou resposta à acusação em seguida,
tendo, assim, se passado cerca de 01 (um) ano e 04 (quatro) meses da segregação cautelar, sem sequer ter
ocorrido audiência de instrução designada, não se sabendo quando tal ato ocorrerá, sobretudo diante da
pandemia do COVID-19, a defesa aduziu que o fato ensejador da prisão havia perdido força e também
juntou documentos atestando que o segregado testou positivo para o mencionado vírus, pugnando pela
liberação do denunciado, pretensão que foi rechaçada pelo julgador.
Diante desse indeferimento, o impetrante não teve outra saída se não socorrer-se a esta
Corte de Justiça para fazer cessar o constrangimento ilegal sofrido pelo ora paciente.
Eis a suma dos fatos.
2. Do Excesso de Prazo
A princípio, percebe-se que o paciente amarga o cárcere, a título cautelar e precário, por um longínquo
lapso temporal. Além disso, não sabe, ao certo, quando será formado um juízo definitivo de culpa sobre sua pessoa.
Pois bem. Ao apreciar o caso sob a ótica do princípio da razoabilidade, não se mostra prudente manter
o paciente preso preventivamente. Ora, para além de não existir certeza quanto à prática do crime por parte do paciente,
pois tal juízo até então formado é baseado em cognição sumária, nota-se que o caso em tela é simples, conta com um
único réu, não podendo o réu sofrer as consequências de infortúnios epidemiológicos pelos quais não é responsável.
Ora, Excelências, amargar o carecer, a título precário e por um longo tempo, é medida que deve ser
combatida, sob pena de direitos e garantias fundamentais do paciente, tais como a presunção de inocência e a liberdade
de locomoção, restarem fulminadas.
Não é outro o entendimento do STJ. Veja-se:
HABEAS CORPUS IMPETRADO EM SUBSTITUIÇÃO A RECURSO PRÓPRIO. INADEQUAÇÃO DA VIA ELEITA. NÃO CONHECIMENTO.
ANÁLISE DO MÉRITO. PRINCÍPIO DA OFICIALIDADE. PRISÃO PREVENTIVA. TRÁFICO DE DROGAS E ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO.
CORRUPÇÃO DE MENORES. EXCESSO DE PRAZO NA INSTRUÇÃO PROCESSUAL CARACTERIZADO. PRISÃO PREVENTIVA SUPERA 1
ANO E 4 MESES. VIOLAÇÃO AOS PRINCÍPIOS DA PROPORCIONALIDADE E DA RAZOÁVEL DURAÇÃO DO PROCESSO.
CONSTRANGIMENTO ILEGAL. CONCESSÃO DA ORDEM DE OFÍCIO. PARECER FAVORÁVEL DO MINISTÉRIO PÚBLICO. [...] 2. O prazo
para a conclusão da instrução criminal não tem as características de fatalidade e de improrrogabilidade, fazendo-se imprescindível raciocinar com
o juízo de razoabilidade para definir o excesso de prazo, não se ponderando a mera soma aritmética dos prazos para os atos processuais
(Precedentes do STF e do STJ) (RHC n. 62.783/ES, Rel. Ministro FELIX FISCHER, Quinta Turma, julgado em 1º/9/2015, DJe 8/9/2015). 3.
Excesso de prazo caracterizado. O tempo de prisão preventiva do paciente (1 ano e 5 meses), sem que a instrução criminal tenha se
encerrado, tornou-se excessivo e desarrazoado. Trata-se de processo simples e a demora no trâmite processual não se deve a causas
atribuíveis à defesa: (i) se dispendeu 1 ano e 2 meses para a realização audiência de instrução e julgamento; (ii) houve instauração de correição
parcial, a requerimento do Parquet, para a oitiva de testemunhas, em virtude da dispensa realizada pelo Juízo processante; (iii) o paciente está
sendo acusado, juntamente com outrem, da prática de tráfico de drogas, associação para o tráfico e corrupção de menores - foram apreendidas 34
porções de crack em sua residência (24,4 gramas), dinheiro em espécie, além de aramee saco semelhantes aos encontrados na casa da corré.
Constrangimento ilegal configurado. [...] (HC 547.567/PA, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em
17/12/2019, DJe 19/12/2019, grifo nosso)
Por tudo isso, o impetrante entende que resta configurado o excesso de prazo.
2. Do desaparecimento do fato ensejador da prisão preventiva
Importa colocar em relevo ainda, que o fato que ensejou a decretação da prisão cautelar do
paciente – ainda que se entenda válido, já que a mera repercussão social de um suposto crime não justifica a
imposição da cautelar extrema – não mais subsiste, pois, embora a autoridade coatora tenha decretado a
segregação, porque o delito ganhou repercussão no seio da comunidade, tal circunstância não mais se mostra tão
forte a ponto de sustentar a manutenção do aprisionamento.
Isso porque já se passou cerca de 01 (um) ano e 04 (quatro) meses, de modo que,
provavelmente, poucos devem lembrar do crime em apreço, não havendo mais tamanha repercussão do ilícito.
Cabe anotar, também, que o cenário fático mudou substancialmente, haja vista o vírus mortal que
acometeu todo o globo terrestre, tendo, inclusive, contaminado o ora paciente, o que requer cuidados médicos
específicos e fora do ambiente carcerário.
Como se sabe, a prisão preventiva demanda um fundamento atual para subsistir, de forma que,
havendo o desaparecimento do fato que a ensejou, sua revogação é fato que se impõe.
Nesse sentido se encontra a dicção dos arts. 315, § 1º e 316 do CPP. Leia-se:
Art. 315. A decisão que decretar, substituir ou denegar a prisão preventiva será sempre motivada
e fundamentada.
§ 1º Na motivação da decretação da prisão preventiva ou de qualquer outra cautelar, o juiz deverá
indicar concretamente a existência de fatos novos ou contemporâneos que justifiquem a aplicação
da medida adotada.
Art. 316. O juiz poderá, de ofício ou a pedido das partes, revogar a prisão preventiva se, no correr
da investigação ou do processo, verificar a falta de motivo para que ela subsista, bem como
novamente decretá-la, se sobrevierem razões que a justifiquem.
Não é outro o entendimento da Corte Superior. Confira-se:
RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. CORRUPÇÃO ATIVA. REVOGAÇÃO DA PRISÃO DECRETADA
EM OUTRO PROCESSO. IMPOSSIBILIDADE. FIANÇA ARBITRADA EM SUBSTITUIÇÃO À PRISÃO. AUSÊNCIA
DE CONTEMPORANEIDADE E DE NECESSIDADE. APLICAÇÃO CONCOMITANTE DE MEDIDAS DE
BLOQUEIO SOBRE A DISPOSIÇÃO DOS BENS. PROVIDÊNCIA SUFICIENTE. RECURSO PARCIALMENTE
PROVIDO. [...] 3. Nos termos do § 1° do art. 315 do CPP (redação dada pela Lei n. 13.964/2019), "Na motivação
da decretação da prisão preventiva ou de qualquer outra cautelar, o juiz deverá indicar concretamente a
existência de fatos novos ou contemporâneos que justifiquem a aplicação da medida adotada.". No caso,
embora os fatos tenham sido desvendados no desdobramento da investigação Torrentes, no final do ano de 2017
(IP 14/2018), estão distantes na linha do tempo, não havendo a demonstração de um perigo atual e iminente
para justificar a prisão preventiva, como reconheceu o Tribunal Regional, ou mesmo a medida cautelar de
fiança, como exige a norma processual penal. Precedente. 4. Ainda, o próprio acórdão, ao justificar a
desnecessidade da prisão preventiva, registrou não haver "nos autos elementos suficientes para indicar que o
Paciente tenha o objetivo de fugir e frustrar a aplicação da lei penal", bem como "evidência de que o Paciente
esteja atrapalhando as investigações, ocultando provas ou mesmo corrompendo testemunhas". Ademais, foram
adotadas outras providências judiciais para garantir o êxito do processo, como bloqueio de valores e sequestro de
bens. Precedente. 5. Recurso ordinário em habeas corpus parcialmente provido para revogar a fiança estabelecida
pelo Tribunal Regional Federal. (RHC 106.641/PE, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA
TURMA, julgado em 18/02/2020, DJe 28/02/2020)
Tem-se, aqui, mais um motivo apto a justificar a soltura do paciente.
3. Da possibilidade de fixação de medidas cautelares diversas do cárcere (arts. 318 
e 319 do Código de Processo Penal)
Excelências, caso esta Corte entenda que a gravidade do caso, em tese, recomende
a necessidade de salvaguardar a ordem pública, que se digne, então, aplicar medidas cautelares de
natureza mais branda, porquanto, in casu, já seria o suficiente para alcançar o aludido objetivo.
Diz-se assim, porque o paciente se encontra com seu estado de saúde altamente
vulnerado. Além disso, houve o desaparecimento do fato que ensejou a aplicação da medida de maior
rigor em detrimento do ora segregado.
Por fim, importa gizar, à luz do princípio da proporcionalidade (art. 282, incisos I e II, e
§ 4º, todo do CPP), que o espírito da lei processual penal pátria caminha no sentido de aplicar
medidas cautelares menos restritivas diante de circunstâncias fáticas que não apontem a necessidade
do aprisionamento preventivo.
Por tudo isso, a defesa roga, desde já, pela substituição da cautelar extrema pela
prisão domiciliar (art. 318, inciso II, do CPP), cumulada ou não, com outras cautelares diversas do
aprisionamento preventivo (art. 319 do CPP).
4. DO PEDIDO LIMINAR
Apesar de não haver previsão legal, a doutrina e jurisprudência são pacíficas quanto ao
cabimento do pedido liminar em sede de Habeas Corpus.
Assim, considerando que a tese formulada neste Writ goza de plausibilidade jurídica,
haja vista que os argumentos suscitados alcançam força constitucional e legal, estando ainda
devidamente comprovados mediante prova pré-constituída, resta preenchido o fumus boni iuris.
Quanto ao periculum in mora, revela-se inconteste o prejuízo que o paciente pode vir a
sofrer, caso sua soltura não seja determinada de imediato, porquanto o agravamento do citado vírus em
seu organismo acarretará sua morte num lapso temporal muito curto.
Para além, não se pode olvidar que a cada dia que passa o paciente amarga o cárcere
de maneira injusta, tal como se estivesse cumprindo pena.
Por fim, importa gizar que a Recomendação nº 62/2020 do CNJ impõe que o quadro do
paciente seja reanalisado, diante da pandemia do COVID-19, o que tem toda razão de ser quando
observamos o quadro sanitário do sistema prisional brasileiro e o caso específico do paciente.
Fortes nesses argumentos, o impetrante requer o deferimento do pedido liminar, no
sentido de colocar o paciente em liberdade, expedindo-se o respectivo alvará de soltura.
5. DOS PEDIDOS
Isto posto, o impetrante requer, inicialmente, o DEFERIMENTO DO PEDIDO LIMINAR,
com a respectiva expedição de alvará de soltura.
Requer, ainda, a notificação da autoridade coatora para prestar informações, bem como
a intimação da Procuradoria-Geral de Justiça para ofertar parecer.
Em definitivo, o impetrante pugna pelo CONHECIMENTO E CONCESSÃO DA ORDEM
pleiteada, no sentido de colocar o paciente em liberdade, com a respectiva expedição de alvará de
soltura, confirmando, assim, o pedido liminar por ventura deferido.
Em caráter subsidiário, pleiteia a substituição da prisão preventiva por medidas
cautelares diversas da prisão, na forma do art. 318, inciso II, e art. 319, ambos do Código de Processo
Penal.
Pugna, por fim, pela intimação do impetrante para realizar sustentação oral, quando do
julgamento deste Writ.
Termos em que,
pede deferimento.
Local, data.
ADV/OAB
“Os sonhos são o Habeas Corpus do inconsciente”. 
(Douglas Liandi)

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