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Fundamentos e Metodologia da Educação Infantil Contribuição Teórica para a Educação Infantil: Principais Concepções Educacionais Objetivos de aprendizagem Ao término desta aula, vocês serão capazes de: • conhecer as principais concepções, defendidas por teóricos da área educacional; • analisar as semelhanças e também as divergências entre os autores estudados; • refletir sobre a importância da linha teórica, além dos métodos utilizados por cada um deles; • relacionar os conceitos apresentados a prática pedagógica de maneira significativa. Caro(s) Estudante(s)! Na aula 01, conversamos sobre o significado da infância, concepções teóricas a respeito e a origem de seu atendimento no Brasil. A aula 02 destina-se ao estudo de teóricos que contribuíram significativamente para transformações decorrentes no campo educacional. Compreendê- los e analisá-los facilitará e norteará ideias preestabelecidas ou não, para o cumprimento de uma prática mais participativa para o processo de transformação da sociedade. Lembre-se de que, apesar de serem apresentados alguns conceitos nessa aula, é fundamental que pesquisem para complementar e descobrir novas concepções. Vamos lá? Bons estudos! 2º Aula 11 1 - Froebel – O Criador do Jardim de Infância 2 - Maria Montessori – Valorização do Aluno 3 - Célestin Freinet – O Mestre do Trabalho 4 - Jean Piaget – Piaget e os Estágios de Desenvolvimento 5 - Lev Semenovitch Vygotsky – O Ensino como Processo Social 1 - Froebel – O Criador do Jardim de Infância FIGURA 1 - FRIEDERICH FROEBEL Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Friedrich_Fr%C3%B6bel. Acesso em: 13 de abr. 2023 Biografia Friedrich Froebel nasceu em 1782 em Oberweibach no sudeste da Alemanha, em 1782 e faleceu em 1852. Seu pai era um pastor protestante. Seus princípios filosóficos - teológicos apontam um Froebel (protestante) com um espírito profundamente religioso que desejava manifestar ao exterior o que lhe acontecia interiormente: sua união com Deus. Esses princípios e sua crença determinaram alguns de seus postulados tais como: o educando tem que ser tratado de acordo com sua dignidade de filho de Deus, dentro de um clima de compreensão e liberdade. O educador é obrigado a Seções de estudo respeitar o discípulo em toda sua integridade; deve manifestar- se como um guia experimentado e amigo fiel que com mão flexível, mas firme, exija e oriente. Não é somente um guia, mas também sujeito ativo da educação: dá e recebe; orienta, mas deixa em liberdade, é firme, mas concede. O educador deve conhecer os diversos graus de desenvolvimento do homem para realizar sua tarefa com êxito, sendo três as fases de desenvolvimento: vão desde que o homem nasce até a adolescência. Suas ideias reformularam a educação. A essência de sua pedagogia são as ideias de atividade e liberdade. Froebel trabalhou com Pestalozzi, e embora influenciado por ele, foi totalmente independente e crítico, formulando seus próprios princípios educacionais. Seus ideais educacionais foram considerados politicamente radicais e, durante alguns anos, foram banidos da Prússia. Em 1873 Froebel abriu o primeiro jardim de infância, onde as crianças eram consideradas como plantinhas de um jardim, do qual o professor seria o jardineiro, acreditando assim que como as plantas, é preciso regá-las para que possam dar bons frutos. Para ele também, a criança se expressaria através das atividades de percepção sensorial, da linguagem e do brinquedo. A linguagem oral se associaria à natureza e à vida. Froebel foi um defensor do desenvolvimento genético. Para ele o desenvolvimento ocorre segundo as seguintes etapas: a infância, a meninice, a puberdade, a mocidade e a maturidade, todas elas igualmente importantes. Observava, portanto, a gradação e a continuidade do desenvolvimento, bem como a unidade das fases de crescimento. Enfim, a educação da infância se realiza através de três tipos de operações: a ação, o jogo e o trabalho. Froebel foi o primeiro educador a enfatizar o brinquedo, a atividade lúdica e a apreender o significado da família nas relações humanas. Idealizou recursos sistematizados para as crianças se expressarem: blocos de construção que eram utilizados pelas crianças em suas atividades criadoras, papel, papelão, argila e serragem. O desenho e as atividades que envolvem o movimento e os ritmos eram muito importantes. Para a criança se conhecer, o primeiro passo seria chamar a atenção para os membros de seu próprio corpo, para depois chegar aos movimentos das partes do corpo. Valorizava também a utilização de histórias, mitos, lendas, contos de fadas e fábulas, assim como as excursões e o contato com a natureza. Froebel afirma em sua obra A educação do homem (1826) que: a educação é o processo pelo qual o indivíduo desenvolve a condição humana autoconsciente, com todos os seus poderes funcionando completa e harmoniosamente em relação à natureza e à sociedade. Além do mais, era o mesmo processo pelo qual a humanidade, como um todo, originariamente se elevara acima do plano animal e continuara a se desenvolver até a sua condição atual. Implica tanto a evolução individual quanto a universal. 12Fundamentos e Metodologia da Educação Infantil Esse conceito de parte-todo foi um dos mais bem desenvolvidos por Froebel. Cada objeto é parte de algo mais geral e é também uma unidade, se for considerado em relação a si mesmo. No campo das relações humanas, o indivíduo é, para ele, uma unidade, quando considerado em si mesmo, mas mantém uma relação com o todo, isto é, incorpora-se a outros homens para atingir certos objetivos. Principais Concepções Educacionais A grande tarefa da educação consiste em ajudar o homem a conhecer a si próprio, a viver em paz com a natureza e em união com Deus. É o que ele chamou de educação integral. Sua concepção de ser humano era profundamente religiosa. Sua proposta pode ser caracterizada como um “currículo por atividades”, no qual o caráter lúdico é o fator determinante da aprendizagem das crianças. Entende a educação como suporte no processo de apropriação do mundo pelo homem, é um modelo de educação esférica, onde os alunos aprendem em contato com o real, com as coisas em sua volta, com os objetos de aprendizagem. A Matemática só é entendida quando o sujeito for capaz de estruturar a realidade. Uma das melhores ideias com que Frobel contribuiu para a Pedagogia moderna foi a de que o ser humano é essencialmente dinâmico e produtivo, e não meramente receptivo. O homem é uma força auto-geradora e não uma esponja que absorve conhecimento do exterior. Podemos, no enfoque de Froebel, criticar a desconsideração dos aspectos sociais, a concepção positivista de que as atividades levam espontaneamente ao conhecimento, e ainda, uma visão linear do processo educativo. A escrita desse trecho foi realizada pela autora Vera Lúcia Câmara F. Zacharias. Mestre em educação, pedagoga, diretora de escola aposentada, com vasta experiência na área educacional em geral, e na assessoria e capacitação de profissionais das mais diversas áreas. Partindo da filosofia educacional de Froebel, baseada nos jogos infantis, o filósofo, dirige a metodologia dos dons e ocupações, dos brinquedos e jogos propondo: 1 - dons, materiais como bola, cubo, varetas, anéis e muito mais, que permitem a execução de atividades conhecidas como ocupações, sob a orientação da jardineira. 2 - Brinquedos e jogos, atividades simbólicas, livres, acompanhadas de músicas e movimentos corporais, destinadas a liberar a criança para a expressão das relações que estabelece sobre objetos e situação do cotidiano, pois, os brinquedos são atividades imitativas livres e os jogos, atividades livres com o emprego dos dons. Vejamos ainda a relação de dons ou materiais de ensino utilizados pela pedagogia froebeliana: 1° seis bolas de borracha cobertas com tecido de várias cores; 2° esfera, cubo e cilindro de madeira; 3° cubo dividido em oito cubozinhos;4° cubo dividido em oito partes oblongas; 5° cubo dividido em metade ou quartas partes; 6° cubo consistindo em partes oblongas, duplamente divididas; 7° tabuazinhas quadradas e triangulares para compor figuras; 8° varinhas para traçar figuras; 9° anéis e meio anéis para compor figuras; 10° material para desenho; 11° material para picar; 12° material para alinhavo; 13° material para recortes de papel e combinação; 14° papel para tecelagem; 15° varetas para entrelaçamento; 16° réguas com dobradiças – (goniógrafo); 17° fitas para entrelaçamento; 18° material para dobradura; 19° material para construção com ervilhas; 20° material para modelagem. (apud PRESTES, 1896, p.7) De acordo com Kishimoto (1998), as obras de Froebel despertam o interesse pela auto-atividade da criança, liberdade de brincar e expressar tendências internas pelo jogo como fator de desenvolvimento integral da criança. Entretanto, o aspecto mais importante de sua teoria: o papel da brincadeira enquanto elemento para o desenvolvimento simbólico,parece ter sido pouco percebido. Assim, por meio de brinquedos e dons, cria o espaço para a criança ter iniciativa, expressar sua fala, representar seu imaginário. Mais informações a esse respeito na obra de Tizuko Morchida Kishimoto “O Brincar E Suas Teorias”, 1998. Conheçam esse Livro! Saiba mais As contribuições de Froebel em relação à educação foram inúmeras, vejamos então: Reformador educacional de primeira grandeza, professor universitário, com experiência em trabalhos práticos, enfatizou a importância da criança, destacando suas atividades estimuladas e dirigidas. A grande contribuição de Froebel à educação reside em seus estudos e aplicações práticas acerca dos Jardins de Infância, dos quais é considerado o iniciador. Partindo dos interesses e tendências inatos na criança para a ação, o jardim de infância deve ajudar os alunos a expressarem-se e a desenvolverem-se, baseando-se na auto-atividade. A aquisição de conhecimentos está em segundo plano, subordinado ao crescimento através da atividade. A mais luminosa ideia com que Frobel contribuiu para a Pedagogia moderna foi a de que o ser humano é essencialmente dinâmico e produtivo, e não meramente receptivo. O homem é uma força autogeradora e não uma esponja que absorve conhecimento do exterior, como já dito anteriormente, ou seja, toda criança tem capacidades inatas e não meramente depositar conceitos. O objetivo do ensino é sempre extrair mais do homem do que colocar mais e mais dentro dele. A criança não deve ser iniciada em nenhum novo 13 assunto enquanto não estiver madura para ele. Educação para Froebel é um processo pelo qual o indivíduo desenvolve a condição humana autoconsciente, com todos os seus poderes funcionando completa e harmoniosamente, em relação à natureza e à sociedade. “A educação é o processo pelo qual o indivíduo desenvolve a condição humana, com todos os seus poderes funcionando com harmonia e completa, em relação à natureza e à sociedade. Além do mais, era o mesmo processo pelo qual a humanidade, como um todo, se elevando do plano animal e continuaria a se desenvolver até sua condição atual. Implica tanto a evolução individual quanto a universal”. (Do livro “A Educação do Homem”, de 1826). Para finalizar, podemos observar que se tratando de Froebel é possível e relevante destacar que: • a educação baseia-se na evolução natural das atividades da criança; • as atividades espontâneas adquirem um desenvolvimento verdadeiro; • na educação infantil o brinquedo e o jogo são fundamentais; • para conseguir integrar o crescimento de todos os poderes: físico, mental e social, Froebel, variou nas atividades construtivistas; • a atividade construtivista pode causar uma grande harmonia e espontaneidade no controle social; • os currículos das escolas devem estar baseados nas atividades e interesses desde o nascimento e em cada fase da vida infantil; • a humanidade ainda está em processo de desenvolvimento, e a educação ainda é a melhor solução para um futuro melhor; • o futuro desenvolvimento da raça depende exclusivamente da educação das mulheres; • o saber não se resume em um fim em si mesmo, mas funciona relacionado com as atividades do organismo. As informações contidas sobre Froebel foram retiradas do endereço eletrônico: http://www.educacaomoral.org.br/educadores_05.htm 2 - Maria Montessori – Valorização do Aluno FIGURA 2 - MARIA MONTESSORI Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Maria_Montessori#/media/Ficheiro:Maria_ Montessori.jpg. Acesso em: 13 de abr. 2023 Frase de Maria Montessori: “A tarefa do professor é preparar motivações para atividades culturais, num ambiente previamente organizado, e depois se abster de interferir” (Revista Nova Escola, 2011) Biografia Maria Montessori nasceu em 1870, em Chiaravalle, no norte da Itália, filha única de um casal de classe média. Desde pequena se interessou pelas ciências e decidiu enfrentar a resistência do pai e de todos à sua volta para estudar medicina na Universidade de Roma. Direcionou a carreira para a psiquiatria e logo se interessou por crianças com retardo mental, o que mudaria sua vida e a história da educação. Ela percebeu que aqueles meninos e meninas proscritos da sociedade por serem considerados ineducáveis respondiam com rapidez e entusiasmo aos estímulos para realizar trabalhos domésticos, exercitando as habilidades motoras e experimentando autonomia. Em pouco tempo, a atividade combinada de observação prática e pesquisa acadêmica levou a médica a experiências com as crianças ditas normais. Montessori graduou-se em pedagogia, antropologia e psicologia e pôs suas ideias em prática na primeira Casa dei Bambini (Casa das crianças), aberta numa região pobre no centro de Roma. Depois dessa, foram fundadas outras em diversos lugares da Itália. O sucesso das “casas” tornou Montessori uma celebridade nacional. Em 1922 o governo a nomeou inspetora-geral das escolas da Itália. Com a ascensão do regime fascista, porém, ela decidiu deixar o país em 1934. Continuou trabalhando na Espanha, no Ceilão (hoje Sri Lanka), na Índia e na Holanda, onde morreu aos 81 anos, em 1952. Poucos nomes da história da educação são tão difundidos fora dos círculos de especialistas como Montessori. Ele é associado, com razão, à Educação Infantil, ainda que não sejam muitos os que conhecem profundamente esse método ou sua fundadora, a italiana Maria Montessori. Primeira mulher a se formar em medicina em seu país foi também pioneira no campo pedagógico ao dar mais ênfase à autoeducação do aluno do que ao papel do professor como fonte de conhecimento. “Ela acreditava que a educação é uma conquista da criança, pois percebeu que já nascemos com a capacidade de ensinar a nós mesmos, se nos forem dadas as condições”, diz Talita de Oliveira Almeida, presidente da Associação Brasileira de Educação Montessoriana. Individualidade, atividade e liberdade do aluno são as bases da teoria, com ênfase para o conceito de indivíduo como, simultaneamente, sujeito e objeto do ensino. Montessori defendia uma concepção de educação que se estende além dos limites do acúmulo de informações. O objetivo da escola é a formação integral do jovem, uma “educação para a vida”. A filosofia e os métodos elaborados pela médica italiana procuram desenvolver o potencial criativo desde a primeira infância, associando-o à vontade de aprender – conceito que ela considerava inerente a todos os seres humanos. Ao defender o respeito às necessidades e aos interesses de cada estudante, de acordo com os estágios de desenvolvimento correspondentes às faixas etárias, Montessori argumentava 14Fundamentos e Metodologia da Educação Infantil que seu método não contrariava a natureza humana e, por isso, era mais eficiente do que os tradicionais. Os pequenos conduziriam o próprio aprendizado e ao professor caberia acompanhar o processo e detectar o modo particular de cada um manifestar seu potencial.Por causa dessa perspectiva desenvolvimentista, Montessori elegeu como prioridade os anos iniciais da vida. Para ela, a criança não é um pretendente a adulto e, como tal, um ser incompleto. Desde seu nascimento, já é um ser humano integral, o que inverte o foco da sala de aula tradicional, centrada no professor. Não foi por acaso que as escolas que fundou se chamavam Casa dei Bambini (Casa das crianças), evidenciando a prevalência do aluno. Foi nessas “casas” que ela explorou duas de suas ideias principais: a educação pelos sentidos e a educação pelo movimento. Como vocês puderam perceber o texto acima traz informações, já anteriormente apresentadas, mas que reforçam a maneira de pensar e as principais ideias da autora. Seguiremos lendo ainda sobre essa grande educadora e como ela tratava as crianças em suas possibilidades. O texto acima foi retirado da Revista Educar para Crescer, ano 2011! Pode ser encontrado na íntegra pelo endereço eletrônico: http://educarparacrescer.abril .com.br/aprendizagem/maria- montessori-307444.shtml Escola sem lugar marcado As salas de aula tradicionais eram vistas com desprezo por Maria Montessori. Ela dizia que pareciam coleções de borboletas, com cada aluno preso no seu lugar. Quem entra numa sala de aula de uma escola montessoriana encontra crianças espalhadas, sozinhas ou em pequenos grupos, concentradas nos exercícios. Os professores estão misturados a elas, observando ou ajudando. Não existe hora do recreio, porque não se faz a diferença entre o lazer e a atividade didática. Nessas escolas as aulas não se sustentam num único livro de texto. Os estudantes aprendem a pesquisar em bibliotecas (e, hoje, na internet) para preparar apresentações aos colegas. Atualmente existem escolas montessorianas nos cinco continentes, em geral agrupadas em associações que trocam informações entre si. Calcula-se em torno de 100 o número dessas instituições no Brasil. Para refletir O principal legado da italiana Maria Montessori, como já dito anteriormente, foi afirmar que as crianças trazem dentro de si o potencial criador que permite que elas mesmas conduzam o aprendizado e encontrem um lugar no mundo. “Todo conhecimento passa por uma prática, pela experimentação e a escola deve facilitar o acesso a ela. É o que Montessori chamou de “ajude-me a agir por mim mesmo. Outro aspecto fundamental da teoria montessoriana é deslocar o enfoque educacional do conteúdo para a forma do pensamento. As críticas mais comuns ao montessorianismo referem-se ao enfoque individualista e ao excesso de materiais e procedimentos construídos dentro da escola – o que dificultaria a adaptação dos alunos a outros sistemas de ensino e ao “mundo real”. Os montessorianos argumentam que, ao contrário, o método se volta para a vida em comunidade e enfatiza a cooperação. E você? Acha que dar atenção individual aos alunos é um modo de contrabalançar a tendência contemporânea à massificação, inclusive do ensino? Materiais didáticos produzidos pela teórica Montessori produz uma série de cinco grupos de materiais didáticos: • exercícios Para a Vida Cotidiana; • material Sensorial; • material de Linguagem; • material de Matemática; • material de Ciências; • material de Conteúdo Adulto. Estes materiais se constituem de peças sólidas de diversos tamanhos, formas e espessuras diferentes. Coleções de superfícies de diferentes texturas e campainhas com diferentes sons. Tudo visando o prazer absoluto do aluno. O “Material Dourado” é um dos materiais criado por Maria Montessori. Este material baseia-se nas regras do sistema de numeração, inclusive para o trabalho com múltiplos, sendo confeccionado em madeira, é composto por: cubos, placas, barras e cubinhos. O cubo é formado por dez placas, a placa por dez barras e a barra por dez cubinhos. Este material é de grande importância na numeração, e facilita a aprendizagem dos algoritmos da adição, da subtração, da multiplicação e da divisão. O “Material Dourado” desperta no aluno a concentração, o interesse, além de desenvolver sua inteligência e imaginação criadora, pois a criança, está sempre predisposta ao jogo. Além disso, permite o estabelecimento de relações de graduação e de proporções, e finalmente, ajuda a contar e a calcular. O aluno usa (individualmente) os materiais à medida de sua necessidade e por ser autocorretivo faz sua auto-avaliação. Os professores são auxiliares de aprendizagem e o sistema peca pelo individualismo. Embora, hoje sua utilização é feita em grupo. No trabalho com esses materiais a concentração é um fator importante. As tarefas são precedidas por uma intensa preparação, e, quando terminam, a criança se solta, feliz com sua concentração, comunicando-se então com seus semelhantes, num processo de socialização. A livre escolha das atividades pela criança é outro aspecto fundamental para que exista a concentração e para que a atividade seja formadora e imaginativa. Essa escolha se realiza com ordem disciplina e com um relativo silêncio. O silêncio também desempenha papel preponderante. A criança fala quando o trabalho assim o exige, a professora não precisa falar alto. Pés e mãos tem grande destaque nos exercícios sensoriais( não se restringem apenas aos sentidos), fornecendo oportunidade às crianças de manipular os objetos, sendo que a coordenação se desenvolve com o movimento. Em relação à leitura e escrita, na escola montessoriana, as crianças conhecem as letras e são introduzidas na análise das palavras e letras; estando a mão treinada e reconhecendo as letras, a criança pode escrever palavras e orações inteiras. 15 Em relação à matemática os materiais permitem o reconhecimento das formas básicas, permitem o estabelecimento de graduações e proporções, comparações, induzem a contar e calcular. Para encerrar, iremos observar doze pontos do Método Montessoriano: 1 - baseia-se em anos de observação da natureza da criança por parte do maior gênio da educação desde Froebel; 2 - demonstrou ter uma aplicabilidade universal; 3 - revelou que a criança pequena pode ser um amante do trabalho, do trabalho intelectual, escolhido de forma espontânea, e assim, realizado com muita alegria; 4 - baseia-se em uma necessidade vital para a criança que é a de aprender fazendo. Em cada etapa do crescimento mental da criança são proporcionadas atividades correspondentes com as quais se desenvolvem suas faculdades; 5 - ainda que ofereça à criança uma grande espontaneidade consegue capacitá-la para alcançar os mesmos níveis, ou até mesmo níveis superiores de sucesso escolar, que os alcançados sobre os sistemas antigos; 6 - consegue uma excelente disciplina apesar de prescindir de coerções tais como recompensas e castigos. Explica-se tal fato por tratar-se de uma disciplina que tem origem dentro da própria criança e não imposta de fora; 7 - baseia-se em um grande respeito pela personalidade da criança, concedendo-lhe espaço para crescer em uma independência biológica, permitindo-se à criança uma grande margem de liberdade que se constitui no fundamento de uma disciplina real; 8 - permite ao professor tratar cada criança individualmente em cada matéria, e assim, fazê-lo de acordo com suas necessidades individuais; 9 - cada criança trabalha em seu próprio ritmo; 10 - não necessita desenvolver o espírito de competição e a cada momento procura oferecer às crianças muitas oportunidades para ajuda mútua o que é feito com grande prazer e alegria; 11 - já que a criança trabalha partindo de sua livre escolha, sem coerções e sem necessidade de competir, não sente as tensões, os sentimentos de inferioridade e outras experiências capazes de deixar marcas no decorrer de sua vida; 12 - o método Montessori se propõe a desenvolver a totalidade da personalidade da criança e não somente suas capacidades intelectuais. Preocupa-se também com as capacidades de iniciativa, de deliberação e de escolhas independentes e os componentesemocionais. Após a leitura, é imprescindível destacar a importância de buscarem maiores informações através de pesquisa, apropriando-se de livros que abordem os assuntos apresentados até aqui e que procurem diferentes opiniões, para que se não for possível a formulação de uma opinião, que tais esclarecimentos sirvam para a desiquilibração de seus pensamentos, ocasionando assim, momentos de reflexão. 3 - Célestin Freinet – O Mestre do Trabalho FIGURA 3 - CÉLESTIN FREINET Fonte: Revista Educar para Crescer Biografia Célestin Freinet nasceu em 1896 no sul da França. Lutou na Primeira Guerra Mundial em 1914 e seus pulmões foram afetados devido a gases tóxicos. Em 1920, começou a lecionar na aldeia, onde puseram em prática alguns de seus principais experimentos, as aulas-passeio e o livro da vida. Em 1925, filiou-se ao Partido Comunista Francês. Em 1928, casou-se com Élise Freinet, iniciando intensa atividade. Cinco anos depois foi exonerado do cargo de professor. Em 1935, o casal construiu uma escola própria em Vence. Durante a Segunda Guerra Mundial, o educador foi preso e adoeceu num campo de concentração alemão. Em 1956, liderou a vitoriosa campanha 25 Alunos por Classe. No ano seguinte, os seguidores de Freinet fundaram a Federação Internacional dos Movimentos da Escola Moderna, que hoje reúne educadores de cerca de 40 países. Freinet morreu em 1966. Talvez muitos dos profissionais nem saibam, mas algumas das inúmeras práticas realizadas na escola foram idealizadas e desenvolvidas pelo mestre Célestin Freinet. Como por exemplo, as aulas-passeio ou estudo de campo e os cantinhos pedagógicos, entre outros. E você sabia que o criador de todos esses recursos foi Freinet? Quantas vezes você já fez ou fará uso dessas ferramentas? Saber o que está fazendo e os objetivos propostos aos quais desejo atingir é fundamental para o educador. Freinet é identificado entre os educadores como um professor que se opunha ao ensino tradicionalista centrado no professor. Acreditava na educação ativa em torno do aluno. Tinha um ideário popular tanto da organização do sistema de ensino, como o aprendizado em si. Para ele era necessário transformar a escola por dentro, pois é exatamente ali que se mostram as contradições sociais, e 16Fundamentos e Metodologia da Educação Infantil mais, em sua teoria o trabalho e a cooperação tem prioridade, a ponto de defender que “não é o jogo que é natural da criança, mas sim o trabalho”. Seu maior objetivo era criar uma “escola do povo”. Uma educação capaz de formar cidadão para o trabalho livre e criativo, capaz de transformar o meio em que vive. Nessa educação, um dos ofícios do professor é propor às crianças experimentar, procurar respostas para seus desejos e questionamentos, cooperando mutuamente e ser o organizador desse trabalho. Outra função essencial, segundo Freinet, é colaborar da melhor maneira possível para que todos os alunos obtenham êxito, pois, ao contrário de muitos pedagogos modernos, o educador francês não enxergava o erro como valor didático, mas sim, como um causador de desequilíbrio e desmotivação por parte do aluno. Defendia, ainda, que a forma mais profunda de aprender se dava através da afetividade. Freinet propôs uma pedagogia pela qual a relação entre ação e pensamento, ou teoria e prática resultam na aprendizagem. O professor francês trabalhou durante todo o tempo a fim de desenvolver técnicas de ensino que agissem com mecanismos da livre expressão e da cooperação, originando assim, uma nova educação, pois considerava a escola de seu tempo uma instituição distante da realidade das crianças, sendo apenas um acúmulo de conceitos e de exercícios mecanizados, sem sentido. Suas técnicas inovadoras que se faziam presentes às aulas-passeio e em tantas outras, originaram-se da observação de como as crianças se comportavam de modo tão ativo ao ar livre, que quando comparado ao comportamento dentro da escola, aparentavam claro desinteresse, ou seja, a criança produz muito mais, quando exposta a atividades em áreas livres, onde ela pode observar e experimentar o novo. Uma segunda técnica foi o surgimento da imprensa na escola, respondendo à necessidade de extinguir a distância entre professores e alunos e de trazer para a classe, a vida lá de fora. Para Freinet, todo conhecimento é decorrente do que denominou de tratamento experimental, ou seja, a atividade de formular hipóteses e testar sua validade. Cabendo à escola proporcionar essa oportunidade a toda criança, ou seja, experimentar, participar e produzir ideias. A seguir de uma maneira bem simples, estaremos voltados às principais abordagens pedagógicas a que Freinet defendeu e escreveu, o que certamente será de grande importância na prática pedagógica de todos vocês. A pedagogia de Freinet é centralizada na criança e baseada sobre alguns princípios, veremos quais são eles: • senso de responsabilidade; • senso cooperativo; • sociabilidade; • julgamento pessoal; • autonomia; • expressão; • criatividade; • comunicação; • reflexão individual e coletiva; • afetividade. Informações Pedagógicas: 1. a criança é da mesma natureza que o adulto; 2. ser maior não significa necessariamente estar acima dos outros; 3. o comportamento escolar de uma criança depende do seu estado fisiológico, orgânico e constitucional; 4. a criança e o adulto não gostam de imposições autoritárias; 5. a criança e o adulto não gostam de uma disciplina rígida; 6. ninguém gosta de fazer determinado trabalho por coerção, mesmo que, em particular, ele não o desagrade. Toda atitude imposta é paralisante; 7. todos gostam de escolher o seu trabalho mesmo que essa escolha não seja a mais vantajosa; 8. ninguém gosta de trabalhar sem objetivo, atuar como máquina, sujeitando-se a rotinas nas quais não participa; 9. é fundamental a motivação para o trabalho; 10. é preciso abolir a escolástica; a) Todos querem ser bem-sucedidos. O fracasso inibe, destrói o ânimo e o entusiasmo. b) Não é o jogo que é natural na criança, mas sim o trabalho. 11. não são a observação, a explicação e a demonstração – processos essenciais da escola – as únicas vias normais de aquisição de conhecimento, mas a consequência tateante, que é uma conduta natural e universal; 12. a memória, tão preconizada pela escola, não é válida, nem preciosa, a não ser quando está integrada no tateamento experimental, onde se encontra verdadeiramente a serviço da vida; 13. as aquisições não são obtidas pelo estudo de regras e leis, como às vezes se crê, mas sim pela consequência. Estudar primeiro regras e leis é colocar o carro na frente dos bois; 14. a inteligência não é uma faculdade específica, que funciona como um circuito fechado, independente dos demais elementos vitais do indivíduo, como ensina a escolástica; 15. a escola cultiva apenas uma forma abstrata de inteligência, que atua fora da realidade fica fixada na memória por meio de palavras e idéias; 16. a criança não gosta de receber lições autoritárias; 17. a criança não se cansa de um trabalho funcional, ou seja, que atende aos rumos de sua vida; 18. a criança e o adulto não gostam de ser controlados e receber sanções; 19. as notas e classificações constituem sempre um erro; 20. fale o menos possível; 21. a criança não gosta de sujeitar-se a um trabalho em rebanho. Ela prefere o trabalho individual ou de equipe numa comunidade cooperativa; 22. a ordem e a disciplina são necessárias na aula; 23. os castigos são sempre um erro. São humilhantes, 17 não conduzem ao fim desejado e não passam de paliativo; 24. a nova vida da escola supõe a cooperação escolar, isto é, a gestão da vida pelo trabalho escolar pelos que a praticam, incluindo o educador; 25. a sobrecarga das classes constitui sempre um erro pedagógico; 26. a concepção atual das grandes escolas conduz professores e alunos ao anonimato, o que é sempre um erro e cria barreiras; 27. a democracia de amanhã prepara-sepela democracia na escola. Um regime autoritário na escola não seria capaz de formar cidadãos democratas; 28. uma das primeiras condições da renovação da escola é o respeito à criança e, por sua vez, a criança ter respeito aos seus professores; só assim é possível educar dentro da dignidade; 29. a reação social e política, que manifesta uma reação pedagógica; 30. é preciso ter esperança otimista na vida. Técnicas de Freinet: • aula passeio; • texto livre; • imprensa escolar; • correção; • livro da vida; • fichário de consulta; • plano de trabalho; • correspondência interescolar; • auto-avaliação. Agora que vocês já conhecem as técnicas utilizadas por Freinet, vejamos o porquê de cada atividade. • Aula Passeio Por acreditar que o interesse da criança não estava na escola e sim fora dela, Freinet idealizou esta atividade com o objetivo de trazer motivação, ação e vida para a escola. • Texto Livre É a base da livre expressão, pode ser um desenho, um poema ou pintura. A criança determina a forma, o tema e o tempo para sua realização. Porém se a criança desejar que seu texto seja divulgado deverá passar pela correção coletiva. • Imprensa Escolar Seu ponto de partida são as entrevistas, pesquisas, vivências e aulas-passeio. Freinet usava o tipógrafo. Todo processo de construção e impressão é coletivo. • Correção Para o texto ser divulgado é necessário que esteja perfeito e a correção é fundamental. Ela pode ser feita coletivamente, ou em auto-correção. Freinet acredita que o “erro” deva ser trabalhado com a criança para que ela perceba e faça o acerto. • Livro da vida Funciona como um diário da classe, registrando a livre expressão (texto, desenho e pintura). Esta atividade permite que as crianças exponham seus diferentes modos de ver a aula e a vida. • Fichário de Consulta Põe a disposição da criança exercícios destinados à aquisição dos mecanismos do cálculo, ortografia, gramática, história, ciências etc. São construídas em sala de aula pelos professores na interação com a turma. Freinet criticava duramente os livros didáticos fora da realidade da criança. • Plano de Trabalho Tendo o currículo escolar como ponto de partida, os grupos de alunos se organizavam para escolher as estratégias de desenvolvimento das atividades que podiam ser realizadas em grupos, duplas, ou individualmente. Para registro do plano são elaboradas fichas onde são anotadas as realizações da semana. • Correspondência Interescolar É uma atividade em que a criança faz a aprendizagem da vida consequência, uma classe se corresponde com a outra. Depois dos professores terem se comunicado e organizado a forma. Podem enviar: cartas, textos, fitas, vídeos, desenhos e e-mail. • Auto-Avaliação A criança registra o resultado do seu trabalho em fichas de auto-avaliação que permitem constantes comparações entre os trabalhos realizados. Segundo Freinet o aluno e o professor devem se avaliar regularmente. Esse texto foi retirado da Revista Educar para Crescer, ano 2011 e pode ser encontrado no endereço eletrônico: http://educarparacrescer.abril. com.br/apr 4 - Jean Piaget – Piaget e os Estágios de Desenvolvimento Biografia Jean Piaget nasceu em Neuchâtel, Suíça, em 1896. Formou-se em biologia na universidade de Neuchâtel e, aos 23 anos iniciou seu trabalho com o estudo do raciocínio da criança sob o olhar da psicologia experimental. Em 1924 publicou A Linguagem e o Pensamento na Criança, um, dos mais de 50 que estariam por vir. Ocupou vários cargos importantes 18Fundamentos e Metodologia da Educação Infantil antes mesmo do fim da década de 30, entre eles o de diretor do Instituto Jean-Jacques Rosseau, ao lado de seu mestre, Édouard Claparéde (1873-1940). Nesse mesmo período acompanhou seus três filhos, o que foi uma das suas grandes fontes do trabalho de observação. Durante toda sua vida, recebeu muitos títulos de algumas das principais universidades norte-americanas. Morreu em 1980, em Genebra, Suíça. A obra deste grande autor é muito ampla, por isso, nesta aula serão abordados seus principais conceitos, como as fases de desenvolvimento assim com os conceitos de assimilação, acomodação e equilibração. FIGURA 4 - JEAN PIAGET Fonte: www.pedagogiaemfoco.pro.br Cientista suíço, Jean Piaget (1896-1980), foi e continua sendo um dos grandes nomes no campo educacional, quase se tornando um sinônimo de pedagogia, embora essa não tivesse sido sua intenção. Nunca atuou como pedagogo. Biólogo dedicou-se à observação científica rigorosa do processo de aquisição de conhecimento pelo ser humano, particularmente da criança. Tais observações fizeram com que criasse a epistemologia genética, ou seja, uma teoria do conhecimento centrada no desenvolvimento natural da criança. A teoria de Piaget é formulada a partir de duas visões diferentes, que seria a teoria do objetivismo e a teoria do subjetivismo. A primeira, enfatiza o ambiente externo, ou seja, o sujeito será fruto do meio. E a segunda, que trata da psicologia do subjetivismo, acredita que todo o conhecimento é inato, e já está estabelecido em cada um de nós: assim sendo, a Psicologia objetivista, privilegia o dado externo, afirmando que todo conhecimento provém da experiência; e a Psicologia subjetivista, em contraste, calcada no substrato psíquico, entende que todo conhecimento é anterior à experiência, reconhecendo, portanto, a primazia do sujeito sobre o objeto (Freitas, 2000, p.63). Piaget então considera insuficientes ambas as teorias e desenvolve o que chamamos de “epigênese”, que se refere a “o conhecimento não procede nem da experiência única dos objetos nem de uma programação inata pré-formada no sujeito, mas de construções sucessivas com elaborações constantes de estruturas novas” (PIAGET, 1976 apud FREITAS 2000:64). Quer dizer, o processo evolutivo da filogenia humana tem uma origem biológica que é ativada pela ação e interação do organismo com o meio ambiente – físico e social – que o rodeia (Coll, 1992; La Taille, 1992, 2003; Freitas, 2000; etc.), isso nos mostra que existe uma relação de interdependência entre o sujeito e o objeto. Diante disso, o processo evolutivo, ou estágios de desenvolvimento do ser humano, faz parte de sua teoria, que estaremos compreendendo melhor a seguir. Piaget distinguiu quatro estágios gerais do desenvolvimento cognitivo, dividindo assim o processo evolutivo da espécie humana que se passa desde o nascimento até o início da adolescência. De maneira mais ampla, todas as pessoas vivenciam cada uma dessas fases na mesma sequência, apesar de poder sofre variações de acordo com os estímulos recebidos no início ou final de cada fase. O primeiro é o estágio sensório-motor, que vai do nascimento até cerca de dois anos de idade. A criança apresenta poucos comportamentos do tipo reflexo, tais como sucção, preensão, choro e atividade corporal indiferenciada, ações que geram prazeres e vantagens, é também o período anterior à linguagem, no qual a criança desenvolve a percepção de si mesma e dos objetos a sua volta, compreendendo melhor todo esse universo desconhecido. O estágio seguinte é o pré-operacional, que vai dos 2 aos 7 anos. Com o uso da linguagem, dos símbolos e imagens mentais, inicia-se uma nova etapa do desenvolvimento da criança. Continua em uma perspectiva egocêntrica, vendo a realidade principalmente como ela a afeta. Suas explicações são decorrentes de suas experiências, podendo ser ou não, coerentes com a realidade. A idade de 7 a 11 ou 12 anos assinala o estágio operacional-concreto, que tem como marca a aquisição da noção de mudanças das ações. O pensamento da criança, agora mais organizado, possui características de uma lógica de operações reversíveis. Surge a habilidade de discriminar objetos por similaridades e diferenças. A criança já pode dominar conceitos de tempo e número. Por volta dos 11 ou 12 anos inicia-se o quarto e último período de desenvolvimentomental que passa pela adolescência e prolonga-se até a idade adulta: é o estágio das operações formais. A principal característica desse estágio é a capacidade de raciocinar com hipóteses verbais e não apenas com objetos concretos. Essa fase marca a entrada na idade adulta em termos cognitivos. Partiu do teórico também a ideia de que a aprendizagem é um processo construído pelo aluno e é através de sua teoria que se inicia a corrente do construtivismo. Ele mostrou ainda que as crianças pensam diferente dos adultos e que apenas absorvem gradativamente regras, valores e símbolos da maturidade psicológica, isso graças a dois mecanismos conhecidos como: assimilação e acomodação. Assimilação designa o fato de que a iniciativa na interação do sujeito com o objeto é do organismo, quer dizer, o indivíduo constrói esquemas de assimilação mentais para abordar a realidade. Assim, quando a mente assimila, ela incorpora a realidade e seus esquemas de ação, impondo-se ao meio. 19 Acomodação consiste a modificações dos sistemas de assimilação por influência do mundo externo. Então depois de aprender um novo conceito, a criança vai adaptá-lo. Por exemplo, na assimilação a criança que tem a ideia mental de uma ave como animal voador, com penas e asas, ao observar um avestruz vai tentar assimilá-lo a um esquema que não corresponde totalmente ao conhecido. Já na acomodação, a criança vai adaptar seu conceito de ave para incluir as que não voam. Para finalizar é importante ressaltar que não existe acomodação sem assimilação e o equilíbrio entre assimilação e acomodação é a adaptação à situação. Por exemplo: experiências acomodadas dão origem a novos esquemas de assimilação e assim, ocorre um novo estado de equilíbrio. O processo de equilibração se prolonga até o período das operações formais e continua, na idade adulta, em algumas experiências do indivíduo. Um conceito da epistemologia genética, já citada anteriormente, é o egocentrismo, presente no raciocínio infantil e que somente com a maturação do pensamento rumo ao domínio da lógica leva ao abandono gradual desse caráter. A criança passa a ter noções de responsabilidades individuais, fator imprescindível para a sua autonomia. Portanto, a teoria de Piaget nos leva a pensar que o trabalho de educar a criança não significa simplesmente transmitir conteúdos, mas favorecer a atividade mental dos alunos. Devo destacar ainda, que o conteúdo nesta aula abordado é sintético diante da grandiosidade a que se trata a obra desse inconfundível teórico. É preciso inúmeras leituras a fim de se compreender melhor todas as propostas apresentadas por ele. Diante disso, os conceitos trabalhados na aula, servirão certamente para que vocês tenham algo a investigar. 5 - Lev Semenovitch Vygotsky – O Ensino como Processo Social FIGURA 5 - LEV SEMENOVICH VYGOTSKY Fonte: Wikipedia Biografia Lev Semenovitch Vygotsky nasceu em 1896 numa pequena cidade, capital da Bielo-Rússia, região então dominada pela Rússia, que só se tornou independente em 1991. Teve uma educação sólida devido às boas condições econômicas que sua família possuía. Dedicava-se desde cedo a muitas leituras e aos 18 anos matriculou-se no curso de medicina, mas acabou cursando a faculdade de direito. Lecionou literatura, estética e história da arte e fundou um laboratório de psicologia. Rapidamente ganhou destaque, graças a seu pensamento inovador e sua vasta atividade, tendo produzido mais de 200 trabalhos científicos. Em 1925, já sofrendo de tuberculose que o mataria em 1934, publicou A Psicologia da Arte, um estudo sobre Hamlet, de William Shakespeare, cuja origem é sua tese de mestrado. O psicólogo bielo-russo Vygostsky (1896-1934) morreu há mais de meia década, mas ainda hoje se discute suas obras. A parte mais conhecida da extensa obra produzida por Vygotsky trata da criação da cultura e aos educadores cabe, em particular, os estudos sobre desenvolvimento intelectual. Socioconstrutivismo ou sociointeracionismo, corrente pedagógica que se originou de seu pensamento, aborda o papel social nesse desenvolvimento, opondo-se à teoria do biólogo Jean Piaget (1896-1980), que também abordou a evolução da capacidade do ser humano de obter conhecimento e concluiu que os fatores internos eram de maior importância do que os interpessoais. Apesar de Vygotsky não concordar com as teorias de Piaget, tinha grande admiração por seu trabalho. Alguns estudiosos, porém, acreditam na possibilidade de uma junção de ambas as obras. Os estudos de Vygotsky sobre a aprendizagem decorreram da relação homem-ambiente, ou seja, que o homem como ser se forma a partir do contato com a sociedade. Com isso, não considerava as teorias inatistas, nem as empiristas e comportamentais, que encarava o ser humano como um produto dos estímulos externos. Para o psicólogo, a formação decorre a partir de uma relação dialética entre sujeito e meio, sendo que o homem transforma o ambiente e o ambiente transforma o homem. O que importa é a interação que cada um estabelece com determinado ambiente. Essa interação passa a ser conhecida como experiência pessoalmente significativa. Para ele, apenas as funções psicológicas elementares se caracterizam pelos reflexos. Entre as funções mais complexas se encontram a consciência e o discernimento, o que diferencia o homem dos outros animais. A mediação também é outro conceito desenvolvido pelo psicólogo, de que toda relação do indivíduo com o ambiente acontece por instrumentos técnicos que trazem consigo conceitos consolidados da cultura a qual pertence o sujeito. O aprendizado para Vygotsky é necessariamente mediado, pois ao contrário, o início da criança com novas atividades, informações ou habilidades deve sim ter a participação de um adulto. Desse modo, a criança internaliza e “se apropria”, tornando-se voluntário e independente. Para que o ensino ocorra, deve-se antecipar ao que o aluno não sabe nem o que é capaz de aprender sozinho. É disso que se trata um dos 20Fundamentos e Metodologia da Educação Infantil seus principais conceitos, definido como desenvolvimento proximal, que seria a distância entre o desenvolvimento real e o desenvolvimento potencial. Isto é, o caminho entre o que a criança já faz sozinha e o que ela pode ser capaz de fazer. Identificar e trabalhar essas capacidades são habilidades que um professor necessita ter para que alcance o aprendizado de maneira significativa. Para refletir Vygotsky deu muita importância ao papel do professor como mediador do desenvolvimento psíquico das crianças. A ideia de um aprendizado maior, não se dá necessariamente a uma quantidade exorbitante de conteúdos, mas as condições a que elas são submetidas. Além disso, é preciso conhecer as reais possibilidades das crianças em absorver determinados conceitos. E você? Preocupa-se em preparar as atividades estabelecendo-as com o que seu aluno é capaz de compreender? É capaz de se utilizar de diferentes mecanismos a fim de fazer com que despertem mais entusiasmo dos alunos? Apesar de muitos acreditarem na semelhança entre Piaget e Vygotsky, os dois apresentam diferenças que devem ser destacadas e por isso, peço para que observem o quadro abaixo, porém ambos destacam as crianças como um ser ativo. Piaget Vygotsky Piaget em relação ao papel dos fatores internos e externos: enfatiza a maturação biologia Vygotsky em relação ao papel dos fatores internos e externos: Enfatiza o ambiente social. Em relação à construção do real: Acredita que os fatores internos se sobressaem aos fatores externos, por isso, estabelece uma sequência em relação ao desenvolvimento dos estágios. Em relação à construção do real: Para ele, o ambiente social é fator determinante no desenvolvimento, alterando- se conforme os estímulos vivenciados. Em relação ao papel da aprendizagem: Acredita que o conhecimento são elaborados espontaneamente pela criança. A visão egocêntrica que as crianças mantém sobreo mundo se torna mais próxima dos adultos gradativamente, tornando-se socializada e objetiva. Em relação ao papel da aprendizagem: Defende que a criança já nasce em um ambiente social e vai formando uma concepção de mundo através da interação com adultos e/ou crianças mais experientes. Em relação ao papel da linguagem no desenvolvimento e a relação entre linguagem e pensamento: O pensamento aparece antes da linguagem. A formação do pensamento depende, basicamente, de coordenação dos esquemas sensorimotores e não da linguagem. Está só pode ocorrer depois que a criança já alcançou um determinado nível de habilidades mentais, subordinando-se, pois, aos processos de pensamento. Em relação ao papel da linguagem no desenvolvimento e a relação entre linguagem e pensamento: Pensamento e linguagem são processos interdependentes, desde o início da vida. A aquisição da linguagem pela criança modifica suas funções mentais superiores: ela dá uma forma definida ao pensamento, possibilita o aparecimento da imaginação, o uso da memória e o planejamento da ação. Fonte: PIAGET E VYGOTSKY - Diferenças e semelhanças. Disponível em: http:// monografias.brasilescola.com/psicologia/piaget-vygotsky--diferencas- semelhancas.htm Parece que estamos indo bem. Então, para encerrar esse tópico, vamos recordar: Retomando a aula 1 - Froebel – O criador do jardim de infância Froebel, primeiro educador a enfatizar o brinquedo e ver as crianças como um jardim de flores. 2 - Maria Montessori – Valorização no aluno Maria Montessori defendeu que o aprendizado é uma conquista da própria criança. 3 – Célestin Freinet – O mestre do trabalho Freinet desenvolveu técnicas muito utilizadas até hoje, como aulas-passeios, cantinhos pedagógicos, entre tantos outros. 4 – Jean Piaget – Piaget e os estágios de desenvolvimento Piaget, reconhecido por distinguir o desenvolvimento humano em estágios e por mostrar que as crianças pensam diferente do adulto, construindo seu próprio aprendizado. 5 – Lev Semenovitch Vygotsky – O ensino como processo social Vygotsky, defensor do desenvolvimento pela interação com o meio ambiente, além de ressaltar a importância do adulto como mediador no processo de aprendizagem. Vale a pena Anna e o Rei - Andy Tennant, 2000. Vale a pena assistir 21 Nenhum a menos - Zhang Yimou, 1999. Minhas anotações