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1 Análise filme Estamira

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1. IDENTIFICAÇÃO
O filme documental intitulado de “Estamira” possui 1h55min de duração, com a direção de Marcos Prado, lançado em 2004 no Brasil. O filme está enquadrado no gênero documental. O documentário "Estamira", dirigido por Marcos Prado, retrata a vida de Estamira Gomes de Sousa, uma catadora de lixo que trabalhou por anos no Jardim Gramacho, no Rio de Janeiro. O filme apresenta a história de Estamira, abordando questões relacionadas à sua história de vida, saúde mental, sua relação com o lixo, além de suas reflexões sobre a vida e a sociedade. 
2. ARTICULAÇÃO TEÓRICA
O documentário "Estamira", dirigido por Marcos Prado, lançado em 2004, retrata a vida de Estamira Gomes de Sousa, uma catadora de lixo que trabalhou por anos no Jardim Gramacho, no Rio de Janeiro. O filme apresenta a história de Estamira, abordando questões relacionadas à sua história de vida, saúde mental, sua relação com o lixo, além de suas reflexões sobre a vida e a sociedade. A Protagonista possui um diagnóstico de “psicose”. Os surtos psicóticos fazem parte da série de sintomas que caracterizam a esquizofrenia, que de acordo com a teoria de Carl Jung, pode ser vista como uma manifestação de conflitos entre a psique consciente e inconsciente. Jung acreditava que a psicose poderia ser uma tentativa do indivíduo de lidar com conteúdos inconscientes que eram tão dolorosos ou ameaçadores que a mente consciente não conseguia processá-los. Alguns relatos da personagem reforçam a hipótese de um estabelecimento de um diagnóstico de esquizofrenia, já que existe a presença de conteúdos simbólicos e arquetípicos nos delírios e alucinações de alguns pacientes com esquizofrenia (Hopkins et al., 2016; Colangelo et al., 2019).
 "Estamira" é um documentário impactante que traz imagens inéditas e entrevistas com amigos, familiares e pessoas que conviveram com Estamira, criando um retrato emocionante e multifacetado de sua vida e personalidade. O documentário é dividido em capítulos que abordam diferentes aspectos da vida de Estamira. Vemos sua infância difícil, marcada pela violência doméstica e pelo abuso sexual, e como essas experiências traumáticas a influenciaram no decorrer da vida. Também acompanhamos sua trajetória como catadora de lixo e suas reflexões sobre o meio ambiente e a desigualdade social. Além disso, o filme mostra a luta de Estamira contra a esquizofrenia, doença mental que a acompanhou por grande parte da vida. 
O documentário nos apresenta uma mulher complexa, que enfrentou diversos desafios ao longo da vida e se recusou a se calar diante das injustiças que presenciava. O filme mostra as limitações e contradições da sociedade em que Estamira vivia. Vemos como a falta de acesso a tratamentos de saúde mental adequados e a ausência de políticas públicas para lidar com o lixo e a exclusão social contribuíram para a marginalização e sofrimento de muitas pessoas, como Estamira e os colegas catadores de lixo.
Em relação ao contexto que tange o diagnóstico de Estamira, temos A Lei nº 10.216 de 6 de abril de 2001, que se trata de uma lei brasileira que dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas com transtornos mentais. Ela foi criada para promover a humanização do atendimento e o respeito aos direitos das pessoas com transtornos mentais, bem como para garantir que essas pessoas tenham acesso aos cuidados de saúde necessários. Temos também a Declaração de Caracas, que se trata de um documento produzido em 1990 pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), que tem como objetivo promover a reorientação dos sistemas de saúde para os cuidados de saúde mental comunitários. A declaração defende o direito de todas as pessoas à saúde mental e à assistência psiquiátrica, destacando a importância da participação comunitária e do respeito aos direitos humanos no cuidado com a saúde mental.
Ao relacionar o documentário "Estamira", com a Lei n°10.216 e com a declaração de caracas, podemos dizer que a Lei nº 10.216 está alinhada com os princípios defendidos na Declaração de Caracas de 1990, ambas buscam promover um modelo de cuidado com a saúde mental mais humanizado e centrado no paciente, além de reconhecer a importância da participação da comunidade no cuidado com a saúde mental. 
Na realidade, porém, constatamos que no documentário "Estamira", observamos uma violação dos princípios básicos que norteiam a declaração de caracas não correspondem à realidade de Estamira, tendo em vista que a mesma não possui uma salvaguarda de sua dignidade pessoal e seus direitos humanos e civis não estão de acordo com o item 3.a da declaração, que prevê "(...) salvaguardar, invariavelmente, a dignidade pessoal e os direitos humanos e civis". 
Estamira se encontra em um estado gravíssimo de vulnerabilidade social, vivendo em uma realidade insalubre que pode impactar em um agravamento de seu quadro sintomático. Observa-se que o quadro de vulnerabilidade em que Estamira está inserida, manifesta uma não responsabilização do estado em relação a todas essas pessoas que compartilham a realidade onde ela se encontra.
Um fato a respeito de “Estamira” que precisa ser mencionado é a tentativa de uma internação da mesma e seus desfechos. De acordo com a lei 10.2016 Art. 4° a internação só será indicada como tratamento quando os outros tratamentos extra-hospitalares não se mostrarem suficientes. Além disso, o tratamento também deve ter como finalidade a reinserção social do indivíduo em seu meio.
 A Política Nacional de Saúde Mental, presente na nota técnica de 11/2019, nos esclarece que existe uma fiscalização como meio de garantia para os serviços prestados com objetivo promover a saúde mental da população, prevenir transtornos mentais e garantir o acesso a serviços de saúde mental de qualidade. As mudanças introduzidas pela portaria nº 3.588 incluem a ampliação do acesso aos serviços de saúde mental e o fortalecimento da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS). No artigo 5° da lei n°10.216, que fala sobre a reabilitação psicossocial assistida, nos traz a confirmação da negligência no cuidado com a situação da mesma, onde baseado nos relatos familiares presentes no documentário podemos concluir que a existência de uma realidade diferente da estabelecida na lei.
Diante disso, é importante analisar o ponto do documentário em que se retrata uma internação compulsória de Estamira organizada pelo seu filho religioso. Nesse caso, é importante questionar se todos os meios extra-hospitalares teriam sido utilizados, e se não foram, quais não foram e por quê não foram. Esse reflexão se faz importante tendo em vista a importante que a lei e a própria Estamira dá ao meio social em que ela está inserida e, nesse sentido, como é importante evitar as internações e ao mesmo tempo investir em tratamentos que visem e possibilitem a inserção social do indivíduo em seu meio. O documentário "Estamira", por sua vez, oferece um exemplo concreto de como a falta de acesso a cuidados de saúde mental pode afetar profundamente a vida de uma pessoa, e como a humanização do atendimento pode fazer a diferença na vida de quem sofre com transtornos mentais.
3. CONCLUSÃO
O documentário, portanto, é também um convite à reflexão sobre inúmeros temas importantes e sobre o papel que cada um de nós pode desempenhar para construir uma sociedade mais justa e solidária. No geral, "Estamira" é um filme que emociona, provoca e ensina. Com uma narrativa cuidadosa e sensível, ele nos mostra a vida de uma mulher notável e nos convida a olhar para além das aparências e estereótipos. É um trabalho importante e necessário, que contribui para ampliar o debate sobre questões sociais e humanas fundamentais. No documentário "Estamira", é possível observar como as experiências vividas pela personagem principal moldaram sua visão de mundo e influenciaram sua relação com o lixo e com as pessoas ao seu redor. Estamira revela, em diversos momentos do filme, suas reflexões sobre a vida e a sociedade, e como a experiência de trabalhar como catadora de lixo a fez perceber a importância do consumo conscientee do cuidado com o meio ambiente. Para o estudante de psicologia, a prática desta atividade é enriquecedora. Diante da atividade de relacionar os documentos apresentados com os relatos apresentados no documentário sobre a vida de Estamira, pudemos perceber que muitos são os desafios para que as leis e normas que visam o tratamento digno das pessoas sejam aplicadas na realidade. 
REFERÊNCIA:
BRASIL. Constituição. Lei nº 10.216, de 6 de abril de 2001. 
DECLARAÇÃO DE CARACAS. Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) e Organização Mundial de Saúde, 1990.
Ministério da Saúde. Nota Técnica nº 11/2019 - Orientações para a implantação de Núcleos de Atenção à Saúde Mental para Populações em Situação de Violência. Brasília: Ministério da Saúde, 2019.
HOPKINS, J., LOEWY, R., & BEARDEN, C. E.. Como as terapias psicológicas podem ser adaptadas para indivíduos com esquizofrenia? Uma ilustração da terapia metacognitiva. Jornal de Psicoterapia Contemporânea, 2016
PRADO, Marcos. Estamira. Brasil: Videofilmes, 2004

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