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Lucas de Andrade Alexandre – Turma 106 1 Gastro – Prova 2 Colelitíase e suas complicações Professor Roberto, 05/07/2019 Litíase biliar – Introdução: • Doença prevalente em países ocidentais (10-15%). • 2,5% do orçamento da saúde nos EUA. Grande investimento, muito dinheiro. • Cálculos de colesterol (75-80%). • Vesícula é a sede principal. Colelitíase – Fatores de risco: • Hereditariedade. Um gene condutor do coleste- rol dá uma incidência maior nos parentes de primeiro grau. • Sexo feminino, estrogênio e progesterona. Nos 3-4 meses iniciais da gravidez, há cálculo biliar e microcálculos. O estrogênio faz uma oferta maior de colesterol para a vesícula biliar, a progesterona relaxa o útero. Mulher grávida no início da gravidez tem refluxo, a progesterona relaxa o EIE, o útero e a vesícula, contrai membros, fica com estase maior a nível de vesícula. Com o estrogênio oferecendo mais colesterol, há formação de cálculos. • Idade > 40 anos. • Obesidade (maior oferta de colesterol a nível biliar), hiperlipidemias (LDL tem relação, trigli- cerídeos não tem) e clofibrato (excreção de colesterol pelas vias biliares). • Dismotilidade: diabéticos, NPT (nutrição pa- renteral total, geralmente utilizam droga seme- lhante à colecistocinina, que contrai a vesícula, pois não têm o estímulo) e gestantes. • Ressecção ileal e Doença de Crohn: ao tirar o íleo terminal, há maior tendência à formação de cálculos. Na doença de Crohn, há destruição da mucosa do íleo terminal. Ao não haver o retorno dos sais biliares, há maior concentração deles na vesícula. • Cirrose: o fígado não consegue transformar Bb indireta em direta e há aumento da Bb indireta. Há formação de cálculos de bilirrubinato, com pedras negras. • Estados hemolíticos: se a oferta de bilirrubina indireta é alta e ultrapassa o nível de colesterol, uma quantidade grande de bilirrubinas forma cálculos de bilirrubinato também. • Cirurgias de estômago: a vesícula tem diminui- ção da contratilidade e, pela estase, formam-se cálculos. • Jejum prolongado. • Emagrecimento: todo paciente submetido à cirurgia de obesidade mórbida pode ter problema na vesícula. Para não ter cálculo, tem que usar Ursacol. Se não fizer isso, o doente forma cálcu- los quase 100%. Não é só na obesidade mórbida, começar a perder peso além do normal quando em acompanhamento com nutricionista forma cálculo também. Colelitíase – Fisiopatologia (cálculos de coleste- rol): Bile supersaturada → Nucleação do colesterol → Crescimento dos cálculos • Inibem a formação: Apolipoproteína A1 e A2. • Estimulam: mucina e fosfolipase C. Colelitíase: • Litíase pigmentar: -Cálculos castanhos: litíase primária dos ductos biliares; sais de bilirrubina. -Cálculos negros: cirrose, doença hemolítica. Se a queixa aparecer antes de 2 anos, provavelmente é um cálculo que migrou na hora da cirurgia ou antes. Se for depois de 2 anos, é cálculo primário de colédoco. • Lama biliar: -Precursor do cálculo: *Muco, bilirrubinato de cálcio, colesterol. *Frequente em situações de estase biliar. Pode operar na gravidez. Nos 2 primeiros trimestres, é melhor. Colelitíase – Quadro clínico: A maioria é assintomática ou oligossintomática (80%). Se a dor passar de 4 horas, chegar a 6, provavelmente é uma colecistite aguda. Dor no hipocôndrio direito que se irradia para as costas. Dor também pode ser a nível de epigástrio, pode ser sugestiva de infarto. Geralmente, a grande maioria já tem diagnóstico, por- que a incidência de USG é muito grande na população. É uma patologia que tem seus riscos. Risco maior de Lucas de Andrade Alexandre – Turma 106 2 câncer do hemicolo direito. Tem uma sobrevida me- nor quando a pessoa fez colecistectomia. Cólica biliar (obstrução do cístico). Colelitíase – Complicações: • Colecistite aguda. A mais comum. Antes dela, se dá o diagnóstico da cólica biliar. Com 6 h, já se chama de colecistite aguda, a ser confirmada pelo USG. • Fístulas colecistoentéricas. • Íleo biliar. • Síndrome de Mirizzi. • Coledocolitíase. Uma das mais frequentes. Pode levar à pancreatite aguda, por exemplo. • Colangite. • Abscesso hepático. • Pancreatite aguda. • Câncer de vesícula. A maioria dos cânceres de vesículas estão associadas a cálculos dentro da vesícula. O câncer levou ao cálculo. Alta incidência no Chile. Colelitíase assintomática: • Tratamento cirúrgico é questionável: 2 a 3% complicam na evolução. 15 a 25% tornar-se-ão sintomáticos em 10 a 15 anos. • Indicações cirúrgicas: -Cálculos grandes (> 3 cm). O cálculo acima de 3 cm tem uma tendência maior a ter câncer. -Anemia falciforme. Estado de hipercoagula- bilidade. -Vesícula calcificada. Parede calcificada tem maior tendência a ter câncer. -Cálculos < 3mm (?). Tendência à pancreatite, mas não se operam todos. -Cálculos no colédoco. Na hora que migrou o cálculo, tem que fazer o tratamento. Colecistec- tomia + retirada do cálculo. -Expectativa de vida > 30 anos (?). Colelitíase sintomática: Tratamento cirúrgico. Assintomático é discutível. Na primeira cólica, na primeira dor, está indicado o tratamento cirúrgico. A dor inicial da mulher é visceral, no hipocôndrio direito, subesternal, pode confundir com infarto. Mesma coisa da apendicite, da diverticu- lite. Após o primeiro episódio de cólica biliar, alta taxa de recidivas (70% em dois anos). Escolher um para analgesia (AINES): • Cetorolaco (toragesic 30 a 60 mg). • Ibuprofeno (advil 400 mg 3x dia). Diagnóstico da colelitíase: • USG: excelente para ver cálculo da vesícula. • Colecistograma oral: radiografia para saber se a vesícula está permeável. Toda vez que vai fazer tratamento clínico tem que saber se o cístico está permeável. Na hora do exame, toma um copo com bastante gordura e se contrai a vesícula. Pode usar um medicamento oral que vai atuar a nível de vesícula. • Raio-X de abdome: praticamente não se utiliza, a não ser no abdome agudo. Cálculo. Sombra acústica posterior. O cálculo tampona a nível de cístico. Às vezes o cisto se confunde com o cálculo, mas este é imóvel, o cisto se movimenta. Tem que ter cuidado para saber se é adenoma ou pólipo de colesterol. Adenoma leva à câncer. Pólipos geralmente são múltiplos. Diferenciar com anatomo- patológico. Colesterol é múltiplo, pólipo é muito parecido com parênquima hepático. Lucas de Andrade Alexandre – Turma 106 3 Vesícula em porcelana: maior incidência de câncer. Tem que ser operada. Acima de 1 cm é risco de ter uma neoplasia, se for adenoma. Colecistograma oral: aparecem cálculos, falhas que tem dentro da vesícula. São flutuantes. O doente que tem papilotomia feita dificulta mais, pois vai direto para o duodeno. Colecistite aguda litiásica – Introdução: • Inflamação aguda da parede da vesícula rela- cionada a cálculos. • Mortalidade: 2,5% a 8%. • Perfuração e gangrena chegam a 25%. • Acomete 20-25% da colelitíase sintomática. • Evolução imprevisível, principalmente em idosos (edema → congestão → inflamação → necrose → perfuração). • Fosfolipase A → lecitina → lisolecitina. • Prostaglandina E6. Sua perfuração dificilmente é em cavidade livre. A vesícula geralmente tem um processo inflamatório e, antes de perfurar, é bloqueado. Perfuração chega a 25%. Idoso pode perfurar precocemente, diferente- mente de jovens que têm paredes normais, com artérias irrigando adequadamente. A grande maioria das colecistites agudas, no início, não têm bactéria. Não é bactéria que causa. É edema. A fosfolipase A é uma enzima que existe na parede da vesícula. Quando obstrui, o líquido começa a irritar a parede. Existe a lecitina, que levando à formação de lisolecitina, há processo inflamatório, edema da parede. A prostaglandina E6 tem um fator também. Tratamento com anti-inflamatórioe antiespasmódico. Colecistite aguda litiásica – Fisiopatologia: Obstrução do cístico → Irritação e edema → Espessamento vesicular + compressão vascular Tudo isso leva à colecistite aguda. Colecistite aguda litiásica – Quadro clínico: • Dor abdominal. Passou de 4 horas de dor e ultrapassando 6, provavelmente é colecistite aguda. Na cólica, o paciente chega irritado e agitado. O da colecistite aguda chega com a mão protegendo o local, dor parietal. • Náuseas, vômitos. • Febre, anorexia. • Defesa abdominal à palpação. • Sinal de Murphy: o mais importante da vesícula. Comprimir a região subcostal, manda o doente esperar, o diafragma empurra o fígado, que quan- do encosta na vesícula, para. • Massa palpável. • Leucocitose discreta: 12.000 aproximadamente, se for 18.000, há perfuração provavelmente. • Elevação sérica de bilirrubina (< 4 mg/dL), FA, transaminases, amilase. • Síndrome de Mirizzi: vesícula inflamada compri- mindo o colédoco. Lucas de Andrade Alexandre – Turma 106 4 A colecistite tem que ser diagnosticada por imagem para submeter à cirurgia, diferentemente da apendicite. Colecistite aguda litiásica – Complicações: • Perfuração (10%): geralmente no fundo e colo. Pode gerar uma fístula e o cálculo pode migrar para outras estruturas. Frequentemente é blo- queada a perfuração (50% dos casos). A cole- cistite aguda é um processo lento, de inflamação, que vai ser fácil de bloquear. • Empiema: secreção purulenta em uma cavidade pré-existente. Ex.: empiema de tórax, de vesícula. • Colecistite enfisematosa: gravíssima. Tá com nível hidroaéreo e se está com bilirrubina indireta por causa da hemólise. Geralmente são homens com diabetes, dor intensa e sepse. Antibióticos e colecistectomia de emergência, pois as complica- ções são graves. Tem gás na vesícula? Tratamento cirúrgico, pois é colecistite enfisematosa. -Homens + DM. -Dor intensa + Sepse. -Clostridium perfringens, Clostridium Welchii e aeró- bios, como a E. coli. -ANTB + colecistectomia de emergência. • Fístula colecistoentérica (duodeno, cólon, es- tômago). • Íleo biliar. Colecistite – Diagnóstico: • USG abdominal: mais simples, em todo local tem. Murphy ultrassonográfico é importantíssimo. -Exame de imagem mais útil (S=85%; E=95%). -Colelitíase + espessamento da parede vesicu- lar (maior ou igual a 4 mm) + Murphy ultras- sonográfico. • Laboratório: leucocitose discreta; BT, FA, amilase aumentadas. • Raio-X simples de abdome: 20-25% dos cál- culos são radiopacos. Pode fechar o diagnóstico em colecistite aguda enfisematosa. Vesícula em porcelana. • Cintilografia com radionuclídeo: mais importan- te, porém nem tem lugar tem, nem toda emergência vai ter. No HU mesmo não tem. Exame de maior sensibilidade e especificidade para colecistite aguda (95%-95%). Usado em casos atípicos: tem dor e não acha cálculo na vesícula, paciente diferente, geralmente doente de UTI que tem colelitíase litiásica, processo infeccioso em outro canto que leva à infecção da vesícula. Quando fecha o diagnóstico no USG, está resolvido. O ideal é tratar cirurgicamente para depois não complicar. 60% pode tratar clinicamente. Cálculo, edema, descolamento de mucosa. Doppler: utilizado para ver se tem um fluxo maior inflamatório. Colecistite enfisematosa com gás no fundo da vesícula. Tem 2 vesículas que vêm com gás dentro dela. Íleo biliar: comunicação da vesícula com o duodeno. Lucas de Andrade Alexandre – Turma 106 5 Cintilografia: Contraste. Em termos de 4 h, se não aparecer a vesícula, é colecistite aguda. Cístico obstruído. Em 40 min-1 h, se a vesícula preencher, se afasta colecistite. Se o paciente tem papilotomia, vai passar direto. Colecistite aguda – Tratamento: • Medidas de suporte: -Hidratação, analgesia. -Antibioticoterapia (colecistite aguda grave, ido- sos, diabéticos, imunossuprimidos). • Tratamento cirúrgico: -Tratamento definitivo da colecistite aguda. -Operação precoce (primeiras 72 h) X operação tardia (após 4-6 semanas de trata- mento clínico). -Cirurgia de urgência: complicações, colecis- tite acalculosa (muito mais complexa). -Abordagem de escolha: colecistectomia VDL (videolaparoscopia). -Colecistostomia: mau prognóstico cirúrgico. Todo paciente com colecistite aguda faz o tratamento por 5 dias, que é o mais seguro, mas não precisa. Colecistite aguda operada 5-6 dias depois é complexo. Tá tudo aderido e há maior risco de lesão à via biliar. A colecistite pode esperar, tipo preparar para operar amanhã, diferentemente da apendicite. Colecistite aguda tem que ser tratada através a cirurgia. Tratamento precoce X tardio Precoce: • Incidência de complicações técnicas não é supe- rior. • Taxa de mortalidade é menor. • Reduz duração da doença em mais ou menos 30 dias. • Reduz duração da hospitalização. • Reduz custos médicos. Tardio: • 60% dos casos regridem com o tratamento clínico. • Diminui possibilidade de erro diagnóstico. • Melhores condições para coledocotomia e explo- ração de canais biliares. • Doenças associadas (HAS, pneumonia) podem ser convenientemente tratadas. Precoce até 7 dias para não complicar mais. Muito chamado ainda até 72 h (antigo). Colecistectomia por VDL: Tudo hoje se começa pela videolaparoscopia. Vantagens: • Menor dor e incapacidade, sem alterar morbidade e mortalidade. • Custo médico igual ou inferior à convencional, com menor custo para paciente e sociedade. Pacientes não candidatos: • Peritonite generalizada. • Choque séptico. • Coagulopatia descompensada. • DPOC, ICC. Só faz se estiver compensado. • Incapacidade de identificar estruturas anatô- micas. • 3º trimestre de gravidez. • Câncer de vesícula. Se romper, pode dar carcinoma. Pode causar carcinomatose peritoneal. Síndrome de Mirizzi: Prevalência nas colelitíases: 0,05% a 2,70%. Características da SM: • Cístico com trajeto paralelo ao ducto. • Cálculo impactado no cístico/infundíbulo. • Obstrução mecânica do hepático por com- pressão ou inflamação. • Icterícia contínua ou intermitente e colangite recorrente. Cálculo levando à icterícia, comprimindo as vias biliares. Confunde com tumores periampulares. Obs- trução na saída do colédoco, lá no hepático mesmo. Lucas de Andrade Alexandre – Turma 106 6 Cálculo dilata a árvore biliar intra-hepática, pode confundir com tumor de vesícula. Pode ser que se retire a vesícula e se resolve. Quadro clínico – Anamnese: • História de colelitíase. • Episódios de icterícia obstrutiva. • Passado de colecistite ou colangite. Sinais e sintomas: • Náuseas e vômitos. • Dor no hipocôndrio ou epigástrio. • Colúria. • Icterícia. • Febre. Laboratório: tudo aquilo que aumenta com processo obstrutivo. BD, FA, GGT, AST e ALT. Imagens: US, TC, CPRM e CPRE. A retrógrada não faz porque não vai conseguir jogar contraste na árvore. O CPRE não é um bom exame. Cálculo grande. Hepáticos dilatados. Tratamento: geralmente resseca o colédoco, implanta uma alça entre um e outro: alça biliodigestiva. Íleo biliar: • É a obstrução do delgado por um cálculo volumoso de origem biliar. • Clínica compatível com obstrução intestinal. História de colecistopatia. • Diagnóstico: Raio-X de abdome → aerobilia, sinais de obstrução e cálculo no interior da alça (Tríade de Rigler). Complicação. Doente com hiperperistaltismo. Doente com peristalse, vomitando. O cara vomitando tem algo obstruído. Aerobilia é ar nas vias biliares. Sinais de obstrução. Tríade de Rigler. Diagnóstico por raio-X simples de abdome. Vesícula bloqueada pelo duodeno, pelo estômago. A tendência é, no processo infeccioso muito grande, levar a um processo infeccioso também na parede do duodeno e à formação de fístula. Diagnóstico: hepático direito, esquerdo e colédo- co cheios de gás. Sinaisde obstrução: níveis hidroaéreos, as alças estão tudo paradas, cheias de gases. Esse doente tem peristalse tentando vencer o processo obstrutivo. Tratamento do íleo biliar: • Enterotomia anterior com retirada do cálculo. Lucas de Andrade Alexandre – Turma 106 7 • Colecistectomia. • Duodenorrafia. O risco de soltar a vesícula em um paciente de 80 anos, tudo dilatado, desnutrido, fazer 1 procedimento e depois faz o segundo. O cálculo está aqui, então corta mais para cima e migra pra cá. Abre mais em cima, tira o cálculo e procura ver se não tem outros cálculos. Para ver se tem algum cálculo, observar do ângulo de Treitz até o local em que fez a jejunostomia. Pancreatite aguda biliar: Definição: caracteriza-se por processo inflamatório agudo do pâncreas com envolvimento variável de tecidos locais e órgãos. Formas: A – leve; B – moderadamente grave; C – grave. Etiologia da pancreatite aguda: • Cálculos biliares: 35 a 40%. • Álcool: 30%. • Outras causas: 10%. • Idiopáticas: 15 a 25%. A principal causa: quase 70% originada de cálculo na via biliar. Idiopática praticamente não existe mais. Quanto menor o cálculo, maior o risco para pan- creatite, pois pode progredir, traumatizar o ducto ou obstruir o colédoco terminal, levando ao estímulo das enzimas e desenvolvendo pancreatite. Álcool também é importante. Outras causas são, por exemplo, triglice- rídeos altos. Diagnóstico clínico da pancreatite aguda: • História clínica. • Sinal de Grey-Turner (equimoses nos flancos). • Laboratório: amilase – aumenta de 6 a 12 h, dura de 3 a 5 dias; lipase – aumenta de 4 a 8 h, dura de 8 a 14 dias, aumenta bem mais precocemente. O melhor exame a ser feito para diagnóstico é lipase. Geralmente se pede tudo. • Imagem. • ALT > 150 U/L ou 3x valor normal. VPP 95%. ALT é o mais importante. AST elevado também. • Bilirrubinas e fosfatase mais tardiamente. Injeta o contraste e pâncreas está bem clarinho, hipoperfundindo: esteatonecrose. Líquido peritoneal na pancreatite aguda. Esfíncter: geralmente quando o cálculo desce, aumenta a pressão e a bile reflui para dentro do ducto. No final do ducto pancreático, que desemboca aqui no colédoco, pode ser traumatizado pelo cálculo, levar a um processo inflamatório e aumentar a pressão intraductal. Tratamento: Após resolução do quadro da pancreatite aguda, o paciente, antes de receber alta hospitalar, deve realizar a colecistectomia. Risco de 25% a 30% de pancreatite aguda recorrente. Colecistite e colangite. A incidência de complicação e retorno é muito grande. Um percentual pequeno que não complica. Câncer da vesícula biliar: Não é infrequente. O paciente que estava com câncer desenvolveu calculo dentro da vesícula, não foi o contrário. • Vesícula biliar: local mais comum no trato biliar. • 5º lugar entre as neoplasias malignas do sistema digestivo. • Associação entre câncer da vesícula biliar e colelitíase = 74%. • Risco de aparecimento de câncer da vesícula biliar: > 50 anos = 4%; > 60 anos – 5,7%. Coledocolitíase: • A maioria são secundários: 2 a 3 anos após colecistectomia. • 5 a 20% de pacientes submetidos a colecistectomia apresentam cálculos. • São assintomáticos em 10-25%. Lucas de Andrade Alexandre – Turma 106 8 • Os exames podem estar normais em até 1/3 dos casos. • A prevalência aumenta com a idade. • Os exames que podem dar alterados: FA, GGT, BD, AST e ALT. VPP < VPN >. No pré- operatório, se faz o rastreamento. Se tiver todos esses exames normais, o risco de ter um cálculo de colédoco é muito pequeno. A prevalência aumenta com a idade. Diagnóstico: • Quadro clínico + laboratorial. • USG abdominal: colédoco > 1 cm; sombras acústicas. • Colangiorresonância: é falha. • USG endoscópica: É excelente. • CPRE: é retrógrada. Antes injetava contraste e podia causar colangite. Hoje se faz colangiorreso- nância e, mesmo com ela negativa, pode fazer o USG endoscópica, mais fidedigna. Aproveita e faz CPRE para tirar os cálculos. • Colangiografia operatória: tem que afastar, antes da cirurgia, que não tem nada no colédoco, para não perder nada durante a cirurgia. -Dilatação do colédoco. -Icterícia. -Cálculos pequenos + cístico dilatado. -História de colangite, pancreatite. Quadro clínico e laboratorial: • Cólica biliar. • Icterícia (flutuante), fezes hipocólicas, colú- ria. • Febre, calafrios (colangite). • Normalmente não se palpa vesícula. • Aumento de FA, BD, transaminases e GGT. Na hora da crise, pede AST (alta). Deve ser cálculo, primeiro tem história, então o melhor exame para dar diagnóstico na hora da dor é AST alta. Na pedra do colédoco dificilmente se dá Courvoisier- Terrier. Dilata o colédoco e a vesícula não dilata, pois há processo inflamatório da sua parede. Esse sinal geralmente é de câncer. Câncer de papila, de cabeça de pâncreas. Courvoisier-Terrier: vesícula palpável com icterícia. Câncer periampular até que se prove o contrário. Vesícula hidrópica: bile branca. Imagens de colangiografia transoperatória. A segunda imagem está com o dreno de Kehr. Quando não tinha a retrógrada tinha que operar. Hoje se resolve por via endoscópica. Cálculo dentro do colédoco terminal. Colangite aguda: Definição: infecção bacteriana do sistema ductal biliar. Fisiopatologia: obstrução biliar + concentração bacteriana na bile. Micro-organismos: E. coli, Klebsiella pneumoniae, enterococos, Bacteriodes fragilis. Etiologia: coledocolitíase; estenose benigna; colan- giocarcinoma; câncer periampular. É mais por uma doença sistêmica que leva à coledocolitíase. Lucas de Andrade Alexandre – Turma 106 9 Quadro clínico: • Tríade de Charcot: febre + icterícia + dor. Colangite aguda. • Pêntade de Reynolds (colangite tóxica): icterícia + febre + dor abdominal + obnubilação + hipotensão. É um doente gravíssimo, era chamada de colangite supurativa. Grande agressão. Operado e drenado pela endoscopia retrógrada imediatamente. Diagnóstico: • Clínica + laboratório (leucocitose). • USG abdominal. • CPRM e USE. • CPRE. Tem que ter leucocitose e USG para confirmar. Tratamento: 1. Colangite aguda: -Tratamento inicial: antibioticoterapia. -Descompressão biliar (indicações) em 48 h. 2. Colangite tóxica: -CPRE. -Percutânea trans-hepática. -Exploração do colédoco + colocação de dreno T. CPRE. Papilotomia: visão lateral. Secciona a papila, abre a papila, pega uma bolsa, pega um cálculo e tira. Normalmente resolve. Mas, às vezes, tem divertículo periampular e não se consegue seccionar a papila. Tem que ser resolvido no transoperatório ou antes. Síndromes pós-colecistectomias São alterações que ocorrem diretamente relacionadas com as vias biliares, resultando de complicações de colecistectomias, de um tratamento cirúrgico incom- pleto ou inadequado da doença biliar e falha de diagnóstico em algumas complicações da doença litiásica já existente, mas que passou despercebida durante o ato operatório. Operar no horário correto, eletivamente é bem melhor. Dizer ao doente que vai tratar uma crise que o senhor pode ter. Nunca promete ao doente que tem empachamento. Só promete ao doente aquilo que pode dar. Estenose pós cirúrgica dos canais biliares: • Lesão cirúrgica acidental é a principal causa (80%). • O canal geralmente é lesado parcialmente. • Icterícia + dor nas primeiras 24-48 h ocorrem nos casos mais graves. • Diagnóstico: quadro clínico + laboratório; USG; CPRE; colangiorresonância; colangiografia pe- rioperatória. • Tratamento: derivação biliodigestiva em Y de Roux. Se der alta e ele voltar distendido com dor, não tá normal, algo aconteceu. Litíase residual: • Cálculos deixados nas vias biliares é a causa mais comum de sintomas após colecistec- tomias. • Clínica, diagnóstico, tratamentoseguem coledo- colitíase. Tem que ter certeza que não há nada na via biliar! Vesícula residual: • Colo da vesícula é seccionado no lugar do cístico. • Sintomas decorrentes de cálculos na vesícula residual. • Tratamento: ressecção da vesícula residual. Estenose de Oddi: • Resultado de lesão durante exploração (raro). • Formação de cálculos, colangite. • Tratamento: papilotomia endoscópica, papi- lotomia transduodenal, derivação biliodiges- tiva. Discinesia biliar: • Diagnóstico de exclusão. • Paciente com dor, colecistectomizado, na ausência de lesões na via biliar nem cálculos residuais.