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METROLOGIA AULA 6 Prof. Carlos Eduardo Costa/Prof. Emerson da Silva Seixas 2 CONVERSA INICIAL O sucesso de uma empresa, independentemente de sua área de atuação, está atrelada à qualidade de seus serviços e produtos. Especialmente no caso da indústria de fabricação, o sucesso está relacionado ao seu compromisso com a qualificação de sua mão de obra no processo e controle dimensional e superficial das peças. O caso, por sua vez, é resultado da qualidade dos instrumentos utilizados e a periodicidade da calibração, ajustes e, se necessário, a substituição destes. Uma das causas de erros de valores medidos são provenientes do instrumento. A longo prazo, a precisão dos instrumentos são afetadas, indicando que é o momento de sua calibração. A qualidade de uma peça ou produto está alinhada à adequação do sistema e periodiciade da calibração dos instrumentos de medição, sendo a aplicação da ISO 9000 a base, uma vez que direciona para a melhoria constante. TEMA 1 – CALIBRAÇÃO DOS INSTRUMENTOS DE MEDIÇÃO Desde os primórdios da humanidade, um dos grandes desafios sempre o processo de fabricação, visto as proeminentes necessidades de criação de ferramentas necessárias à sua sobrevivência, como caça, vestimenta, moradia. As figuras a seguir ilustram um dos principais processos de fabricação, que é torneamento (torneamento é o processo de usinagem, realizado no torno, sendo que por meio da remoção de cavaco, normalmente, produz peças cilíndricas). Em ambos os casos, cita-se a evidente presença da metrologia. No caso do processo de usinagem por torneamento verificamos, por exemplo, a presença de aplicações da metrologia por meio das seguintes situações: 1. Medição da peça; 2. Velocidade de rotação da placa e peça; 3. Volume e pressão do fluído de corte; 4. Volume de cavaco gerado; e 5. Vida útil da ferramenta. 3 Crédito: Pixel B/Shutterstock; Pixel B/Shutterstock. Interessante salientar que a fabricação de uma peça qualquer tem início muito antes de ligar a máquina. Várias etapas precedem e são igualmente importantes para a efetivação da peça, destacando: 1. O arranjo físico; 2. A escolha da ferramenta correta (material, geometria); e 3. Instrumento de medição (adequação e calibração deste). Impossível imaginar a produção de qualquer peça sem a presença da metrologia como ciência da medição, assim como a metrologia sem o instrumento de medição. Outra necessidade cada vez mais evidente para o homem é sua necessidade de locomoção. Direto ou indiretamente, o veículo motorizado é o sistema de transporte mais utilizado. Nesta linha, destaca-se o automóvel. A figura a seguir ilustra partes e situações comum a um carro, estando às mesmas também vinculadas à metrologia e à consequente necessidade de calibração, visando a funcionalidade e segurança do sistema. Por meio da figura, verifica-se a necessidade do ajuste fino da chave para que ocorra o contato perfeito com o miolo do ponto de partida, o velocímetro para identificação da velocidade, o disco de frenagem e a pastilha, que quando em contato diminui a velocidade por frear o veículo. Outras situações como a pressão do pneu, a chave com o torque necessário para apertar ou liberar peças diversas. 4 Crédito: Mode design/Shutterstock. Pelo tratado até então, a ciência metrologia, apesar de definida, e quase sempre visível também pode ser considerada como uma ciência “onipresente”, ou seja, é infinitamente utilizada nas mais diferentes áreas científica, industrial e legal. Todas as situações anteriores se fazem possível por meio de instrumentos de medição, sendo imprescindível imaginar o instrumento de medição, especialmente nos dias atuais, sem a calibração. TEMA 2 – CONCEITOS DE CALIBRAÇÃO E AJUSTE 2.1 Introdução Os processos de fabricação estão associados ao crescimento populacional, uma vez que o fato gera uma constante necessidade de produtividade (produção com qualidade), quase que instantânea ou em just time, quase sempre de forma seriada ou maciça. Considerando o anteriormente exposto, salienta-se que entre os requisitos relacionados na ISO 9001, norma esta que trata dos sistemas de gestão da qualidade nas organizações, o item 7.6 contempla os requisitos técnicos necessários no controle de instrumentos de monitoramento e medição. Além do destaque à medição, a norma ressalta a importância quanto à comprovação metrológica dos instrumentos e equipamentos, quando tratados os seguintes pontos: 5 1. Aspectos como calibração; 2. Verificação; 3. Rastreabilidade metrológica; e 4. Ajuste, identificação, manuseio, entre outros. A calibração independe do sistema de unidade empregado (sistema inglês, ou sistema internacional), sendo válida e necessária a ambos os casos, estando, portanto, vinculada ao conjunto de unidades de base e de unidades derivadas, juntamente com os seus múltiplos e submúltiplos, definidos de acordo com regras dadas, para um dado sistema de grandezas. A definição é possível uma vez que, por meio do VIM, qualquer outra grandeza da mesma natureza pode ser comparada para expressar, na forma de um número, a razão entre as duas grandezas. O fato se torna possível através da materialização dimensional de valores obtidos por meio de instrumentos idoneamente confiáveis, situação esta que também está devidamente vinculada à calibração. Também é interessante ressaltar que, independentemente do método de medição empregado, sendo método de medição direto ou método de medição indireto, os instrumentos utilizados devem obedecer às mesmas qualificações quando tratado sobre calibração, uma vez que a fidelidade dos resultados está atrelada ao grau de concordância entre indicações ou valores medidos. É sabido e admissível que toda medida, possui certo grau de erro, oriundo de várias fontes (do próprio instrumento, do operador, da peça, do ambiente) cabe, portanto, o conhecimento e minimização ao máximo possível destes fatos, por exemplo, por meio da calibração e qualificação da mão de obra. 2.2 Calibração De acordo com o vocabulário internacional de metrologia – VIM, calibração é a operação que estabelece, sob condições específicas, numa primeira etapa, uma relação entre os valores e as incertezas de medição fornecidas por padrões e as indicações correspondentes com as incertezas associadas; numa segunda etapa, utiliza essa informação para estabelecer uma relação visando a obtenção de um resultado de medição a partir de uma indicação. A situação anterior é acreditada pela Portaria do Inmetro n. 029/1995. 6 A citação anterior também é acreditada pelo BIPM – International Bureau of Weights and Measures (Bureau Internacional de Pesos e Medidas). Toda empresa que se preza a prestar serviços de qualidade, especialmente relacionadas à fabricação de peças, deverá possuir em diferentes etapas do processo de instrumentos de medição calibrados. Como resultado da calibração, a empresa contratada para essa função deverá fornecer à contratante documentos relacionados à execução e validação da atividade por meio de uma declaração que pode ser por meio de relatório técnico contendo: 1. Declaração de calibração; 2. Diagrama de calibração; e 3. Curva de calibração. Observação: de acordo com a atividade realizada e condição do instrumento calibrado, a contratada poderá também apresentar propostas para correção aditiva ou multiplicativa da indicação com uma incerteza de medição associada. Importante: é comum em chão de fábrica algumas confusões devido a denominações errôneas. Atenção! Convém não confundir a calibração com o ajuste de um sistema de medição, frequentemente denominado de maneira imprópria de “autocalibração”, nem com a verificação da calibração – VIM. As figuras a seguir ilustram as primeiras etapas destinadas a calibração e utilização de um micrômetro.Em (a) o micrômetro externo, em (b) micrômetro interno e em (c) a aplicação do micrômetro externo em linha de usinagem. Em condição normal, a leitura observada no digital do instrumento deverá ser igual ao valor indicado no bloco padrão. Caso isso não ocorra, ajuste funcional deve ser realizado no instrumento, visando a correção deste. Essa operação deve ser realizada por profissional qualificado. Crédito: Rito Succeed/Shutterstock; Rito Succeed/Shutterstock; Sutipond Somnam/Shutterstock. 7 As figuras (a) e (b) a seguir ilustram o sistema de calibração de uma balança. Em (a), a balança e o conjunto de pesos padrões e, em (b), o peso padrão sendo posicionado sobre a mesa da balança. No caso de balanças, a calibração é um processo de comparação direta entre o valor indicado no instrumento com o valor de um padrão conhecido (peso padrão). O processo visa demonstrar o resultado verdadeiro da balança, permitindo uma melhor avaliação, evitando erros, prejuízos e autuações de órgãos fiscalizadores. Crédito: Pencil case/Shutterstock; Travel mania/Shutterstock. 2.3 Ajuste Neste caso, o ajuste refere-se à realização ou necessidade de operação física sobre o mesmo, visando e tendo como resultado valores diferentes aos anteriormente verificados, com o objetivo normalmente de proporcionar sobrevida ao equipamento, porém considerando ainda dentro de limites de confiabilidade. O ajuste pode ser realizado diretamente pelo usuário do instrumento. Como exemplo de ajustagem, cita-se a zeragem, no caso de instrumentos analógicos (paquímetro e micrômetro). Observação: sempre que um é ajustado, faz-se necessário à recalibração deste. 2.4 Calibrar Resumindo o exposto, calibrar é uma forma de realizar a comparação dos valores de medição de um instrumento que possui erros conhecidos (chamado de instrumento padrão) com um instrumento que está em teste. É recomendado 8 que a operação seja realizada por profissional especializado, por meio de instrumento também de alta resolução, em ambiente adequado, sob condições específicas, fazendo com que a calibração exija considerável investimento relativo. Diante do caso, é recorrente entre iniciantes, a pergunta: Por que calibrar? Pela busca em alcançar resultados mais consistentes durante a medição, é um dos motivos mais importantes condizentes à calibração, tendo sempre em vista o conhecimento da exatidão e incertezas envolvidas. A confiabilidade de uma medida ou sistema de medição está atrelada à possibilidade da rastreabilidade. E a rastreabilidade metrológica só é possível quando uma cadeia contínua e documentada de calibrações, é aplicada, e cada uma contribuindo para a incerteza de medição. Nesta linha, é fundamental ressaltar que o erro de uma medição é resultado da confiabilidade do sistema e medição menos o valor real obtido durante a medição de uma peça. De volta à interdisciplinaridade, a figura a seguir ilustra por meio de uma torre de ferramentas em máquina comandada por computador (CNC), a validação da metrologia no meio industrial. Neste caso, verifica-se a necessidade da calibração posicional da ferramenta através de um cabeçote micrométrico. Durante usinagem, o calor gerado pelo atrito entre a ferramenta e o material, provoca desgastes também micrométricos, que podem ser compensados, por meio de ajustes pré-determinados durante a programação. Crédito: Dmitry Kalinovsky/Shutterstock. 9 TEMA 3 – DOCUMENTOS DE UM SISTEMA METROLÓGICO 3.1 Importância dos documentos De um modo geral, fazem parte do escopo de uma empresa documentos técnicos, administrativos e fiscais. Esses documentos estão relacionados à vida ativa e pregressa da empresa, sendo que quão mais completos forem esses arquivos menores será a possibilidade de penalidades sofridas e maiores as possibilidades de recorrer caso aconteçam. Quanto ao departamento técnico, os documentos são compostos de desenhos, normas, catálogos folhas de processos. Sobre a metrologia ressaltam-se: os relatórios, desenhos, números, símbolos e as normas de embasamento. De acordo com Lira, (2010), os registros são os documentos que demonstram o cumprimento de todo o planejamento da confirmação metrológica, estando, portanto, sujeitos aos procedimentos da empresa quanto à disponibilidade, controle, arquivo, indexação e preservação. Existe certa similaridade o que provoca alguma confusão quando da definição entre calibração e comprovação metrológica. Deste modo, sugere-se observar que: a calibração é uma das etapas inerentes à comprovação metrológica dos instrumentos de medição. A documentação metrológica valida a execução das atividades pertinentes aos instrumentos e sistemas empregados. Da mesma forma, a obediência aos procedimentos e à hierarquia da calibração dos instrumentos padrões, utilizados como referência validam os resultados obtidos. Após a calibração, um documento certificado deve ser emitido. Prioritariamente, o certificado deverá possuir as seguintes identificações básicas: 1. Título – Certificado da calibração; 2. Nome e endereço do laboratório certificador; 3. Nome e endereço do cliente; 4. Descrição do instrumento calibrado; 5. Identificação do padrão utilizado; 6. Condições ambientais; 7. Evidência da rastreabilidade da medida; 10 8. Data da calibração; 9. Resultado das medidas; 10. Nome, cargo e assinatura do responsável técnico; e 11. Declaração de que os resultados aplicam-se somente ao instrumento calibrado. É fundamental que exista um banco de dados com informações sobre todos os instrumentos e sistemas de medição, com o intuito de se poder verificar a qualquer momento o histórico dele, por quais procedimentos já passou, se precisa da substituição de peças ou se este já atingiu seu fim de vida. Responsabilidade igual deve ser adotada ao se tratar sobre a calibração dos instrumentos. A calibração de instrumentos pode ser realizada em: 1. Em campo, direto na fábrica; e 2. Em laboratórios específicos. Em ambos os casos, padrão de referência deve ser utilizado, por técnico credenciado e emitido relatório comprobatório da atividade e resultados. Por meio da calibração e documentação sobre o evento, torna-se possível identificar e quantificar, controlando erros e incertezas nos processos de fabricação, colocando-os sob nível aceitável. Para a consolidação da conformidade em sistemas de gestão da medição, a ABNT NBR 10012 estabelece como princípios básicos as seguintes etapas: 1. A calibração; 2. A verificação metrológica; e 3. Ações e decisões. 3.2 Calibração em laboratórios específicos De acordo com o porte da empresa de atuação, caso não possuam laboratórios específicos, é normal periodicamente seguindo seu planejamento de calibração, o envio de seus instrumentos de medição para laboratórios certificados, acreditados pela RBC/INMETRO – Rede Brasileira de Calibração/Instituto Nacional de Metrologia e Qualidade, sendo que estes trabalham segundo as Normas ABNT NBR ISO/IEC 17025:2005. 11 Por meio da rede brasileira de calibração – RBC, unem-se pesquisadores, gestores públicos e privados, indústria e população (produtor e cliente) como atores preponderantes, rumo à melhoria contínua, por meio da busca e disseminação da otimização dos processos e sistemas tendo por meta, o asseguramento da qualidade em todos os níveis. Como missão, a RBC objetiva promover à cultura metrológica, o desenvolvimento da competência dos laboratórios, a demanda de serviços metrológicos, relacionados à calibração de instrumentos e sistemas de medição. A figura a seguir ilustra a calibração de um relógio comparador em ambiente de laboratório. Neste caso, através da rotação do colar micrométrico realizado pelo técnico, a haste vertical se desloca, provocando a movimentação do ponteiro do relógio comparador. Crédito: Travel mania/Shutterstock. 3.3Calibração em campo A calibração de instrumentos em campo, cada vez mais tem sido utilizada por ser uma alternativa otimizada e rápida, sendo o meio mais indicado para linha de produção contínua e que requer constante medição, impossibilitando o afastamento do instrumento por tempo considerável. Estando já disponível para uso após o processo de calibração, evitando situações adversas como a parada da linha, por ter sido o instrumento encaminhado para o laboratório específico e não retornado no prazo contratado. 12 Recomendação: 1. O ideal é sempre ter a disposição instrumentos de reserva, para que seja suprida a necessidade da linha de produção, quando o instrumento efetivo for para a calibração, seja ela realizada em campo ou em laboratório. 2. Trabalhe sempre com fabricantes e fornecedores idôneos, que estejam sempre do seu lado, fornecendo soluções técnicas durante a vida útil do instrumento. 3. A calibração adequada e periódica, assim como a manutenção preventiva, é sempre a preferida em relação à manutenção corretiva de qualquer instrumento de medição. Atenção: Quando não obedecida a periodicidade da calibração e quando realizada ou documentada erroneamente, isto compromete os resultados obtidos durante o processo de fabricação, pois esses inconvenientes contribuem para o mascaramento dos resultados reais de medição da peça ou produto. Tão importante quanto à calibração, de acordo com o vocabulário internacional de metrologia – VIM, o material de referência certificado – MRC, trata-se do material de referência acompanhado de uma documentação emitida por uma entidade reconhecida, a qual fornece um ou mais valores de propriedades especificadas com as incertezas e as rastreabilidades associadas, utilizando procedimentos válidos. A figura a seguir ilustra a calibração de um paquímetro digital quadrimensinal em laboratório específico. Esse caso apresenta uma mesa metrológica dotada de barramento com a possibilidade de montagem de blocos padrões e suas respectivas movimentações de acordo com a necessidade em alcançar valores dimensionais, de acordo com a necessidade e expectativa de tolerâncias. 13 Crédito: Kimtaro/Shutterstock. TEMA 4 – O QUE UMA EMPRESA PODE VISAR COM A CALIBRAÇÃO DE INSTRUMENTOS DE MEDIÇÃO 4.1 Introdução A princípio, o grande benefício que uma organização bem avaliada pelos sistemas certificadores é a possibilidade da abertura de novo mercado e a consolidação dos clientes já conquistados. Crédito: Alexander Supertramp/Shutterstock. 14 Internamente à própria empresa, os benefícios podem ser verificados quanto à vida útil de uma ferramenta. A figura a seguir ilustra um sistema óptico de medição, utilizado na calibração de ferramenta sobre um cabeçote fresador (Fresamento é a operação de usinagem destinada à fabricação de peças, por meio da remoção de cavaco, sendo que normalmente resulta em uma superfície plana). Crédito: Alexander Tolstykh/Shutterstock. Toda empresa voltada à fabricação de elementos mecânicos deve ter seus instrumentos de medição devidamente calibrados, considerando que esse processo experimental é o responsável por mensurar a exatidão destes. A base para a calibração será sempre o instrumento ou peça padrão. A busca pela calibração dimensional cada vez mais tem sido requerida no mercado industrial. Indiscutivelmente, a cada dia observa-se a tendência mundial em agregar valor ao produto, com o menor dispêndio financeiro possível, de modo a obter resultados otimizados no menor espaço de tempo. Com certeza, o alcance desse resultado está vinculado ao grau de confiabilidade que seus produtos alcançam quando expostos ao mercado, cada vez mais exigente alimentado e capacitado por diferentes e abrangentes meios digitais. 15 O fato anterior provoca acirrada competitividade mercadológica, forçando os produtores, além da prática diária, em sua linha de manufatura, a efetivação da documentação formalizando, deste modo, seus sistemas de fabricação e especialmente os sistemas metrológicos empregados no controle de seus bens. Cada vez mais muitos desses sistemas estão sendo empregados em forma de marketing institucional, agregando o valor almejado. Internamente, a documentação digital ou impressa faz parte de uma organização consolidada ou em busca da consolidação por meio de acreditação diante de auditorias internas, externas e certificações. Esses elementos que anteriormente eram considerados como diferencial, hoje são obrigatórios à sobrevivência e ganhos, por exemplo, em caso de licitações. Observação: O processo de calibração pode variar em tempo e complexidade, de acordo com o instrumento que será calibrado, resultando em maior ou menor investimento necessário. As variações podem também ocorrer quando calibrados instrumentos de identificação técnica. A calibração de um instrumento de medição é extremamente importante, razão pela qual a ISO 9001:2015, nos itens 7.1.5.1 e 7.a.5.2, ressalta a obrigatoriedade do fabricante em assegurar os resultados metrológicos de seus instrumentos, sendo que isso pode ser feito por meio de calibração ou validação. Associado à calibração, a tolerância dimensional é uma das situações favoráveis à intercambiabilidade (possibilidade de troca de peças sem a necessidade de ajustes prévios). A figura na sequência ilustra uma fábrica com tendências à indústria 4.0. Por meio a esta, verifica-se diversos robôs em processo de soldagem, atuando simultaneamente. O fato se faz possível por meio de programação computadorizada e de aplicações metrológicas, considerando de modo especial a tolerância durante o deslocamento e a precisão quanto ao ponto de soldagem. 16 Crédito: Gorodenkoff/Shutterstock. 4.2 Responsabilidades da empresa certificadora São requisitos essenciais a uma empresa responsável pela calibração de instrumentos de medição, requisitos técnicos e organizacionais, como padrões calibrados à Rede Brasileira de Calibração – RBC, mão de obra qualificada e estrutura de laboratório que permita a rastreabilidade de medição. Ainda que indiretamente, todo equipamento em determinado momento esteve em uma linha de fabricação e passou pela necessidade de calibração. Especialmente instrumentos destinados à área médica. A figura a seguir ilustra um equipamento da área da saúde e que pode ser responsável pela sobrevivência ou não de uma pessoa. 17 Crédito: Bildagentur Zoonar GmbH/Shutterstock. A figura na sequência ilustra vários tipos de balanças. Por meio dos vários modelos, identifica-se a diversidade de aplicação, sendo que todas estão relacionadas ao comércio. Imagine o inconveniente que a falta de calibração desse instrumento pode causar ao relacionamento entre o fornecedor e o cliente. A situação é apenas mais uma das justificativas e benefícios da obediência do fornecedor em obedecer a legislação metrológica. Crédito: Nadiinko/Shutterstock. 18 De acordo com a ISO 9001, apresentado no item 7.6, requisitos indicados para a confirmação metrológica de uma empresa. Define-se confirmação metrológica como sendo um conjunto de operações que visam garantir que o dispositivo de medição se encontra em estado de conformidade com as especificações técnicas para utilização. As figuras (a) e (b) a seguir ilustra um instrumento de medição que, depois de ensaiado e aprovado, é então selado pelo fabricante, sendo então disponibilizado ao mercado. Em (c), o selo de indicação da origem do equipamento de modo simplificado, etiqueta normalmente exposta na embalagem. Crédito: Henadzi Kllent/Shutterstock; Arcady/Shutterstock; DinoZ/Shutterstock. Por meio das figuras anteriores, conclui-se a validação da implementação da confirmação metrológica, afirmando que o instrumento obedece a confiabilidade metrológica. Observe a figura a seguir e responda:Sendo você o responsável técnico por validar a emissão de um relatório, certificando a calibração da balança, o que sugere? Crédito: Anatolir/Shutterstock. 19 TEMA 5 – MÉTODOS E FREQUÊNCIA DE CALIBRAÇÃO 5.1 Introdução A frequência ou periodicidade de calibração deve estar documentada, sempre observada e obedecida. Essa informação é crucial para as empresas certificadora e certificada, pois é por meio da calibração que se tem a certeza de que o instrumento está medindo corretamente os valores de acordo com suas especificações técnicas, garantido ao usuário que este está conforme em relação aos valores mensurados. A frequência da calibração também está relacionada aos diferentes métodos e técnicas utilizadas, podendo ser divididas em duas categorias: 1. Calibração de rotina (dia a dia da fábrica); e 2. Calibração para fins especiais (calibração altamente precisa do instrumento). 5.2 Frequência de calibração Periodicamente, todo e qualquer instrumento de medição deve ter suas condições técnicas observadas, para tanto se recomenda observar: 1. Data de validade da calibração; 2. Sensibilidade deste; 3. Área de atuação; e 4. Vida útil. Obrigatoriamente, um instrumento de medição deve ser calibrado, quando: 1. De acordo com a recomendação do fabricante; 2. Após qualquer choque mecânico (queda) e exposto a grande diferença de temperatura (excessivamente baixa ou alta); e 3. Periodicamente (na maioria das vezes, anualmente, semestralmente). Indicação: No caso de instrumentos como paquímetro e micrômetro, por exemplo, a verificação inicial pode ser realizada pelo próprio operador da máquina, por meio 20 de um bloco padrão, ou outro elemento de medição certificado pela RBC. Uma vez verificados desvios, uma análise mais detalhada deverá ser realizada por especialista em calibração. Situações que podem abreviar a necessidade de calibração de um instrumento de medição: 1. Uso inadequado; 2. Condições ambientais; e 3. Danos no instrumento. A frequência da calibração e o estabelecimento de um programa responsável devem ser estabelecidos, tendo em vista a padronização do procedimento. A figura a seguir ilustra a certificação base especialmente para a indústria metal mecânica. Esse selo certifica que a empresa, peça ou produto está em conformidade com a o sistema ISO de qualidade e os instrumentos de medição utilizados para a verificação dimensional, está no cumprimento da frequência de calibração. Crédito: Maxx-Studio/Shutterstock. 21 5.3 Para pensar, refletir e pesquisar Quantos certificados você ou sua empresa possui ou almeja para os próximos dois anos? O que você e sua empresa têm feito para a concretização da questão anterior? Crédito: Design tech art/Shutterstock. FINALIZANDO Por meio deste estudo, identificou-se a importância e algumas definições relacionadas à calibração, por meio de verificar a precisão do instrumento e determinar a rastreabilidade deste. Os objetivos da calibração, as duas grandes áreas para a execução desta: em campo e em laboratório. Vimos as vantagens e ocorrem quando aplicada à calibração de modo adequado e obedecida a periodicidade do processo. O reconhecimento da RBC – Rede Brasileira de Calibração, como base e incentivo à calibração de instrumentos de medição, seguido de sua devida documentação por meio de relatórios, gráficos e indicadores da qualidade. Tratamos da importância de técnico qualificado e certificado diante da calibração de instrumentos de medição. Por fim, é interessante ressaltar que, apesar de considerável, o investimento da calibração, importante imaginar a perda com retrabalho, refugo e mesmo perda de cliente devido a erro resultante da falta de calibração e certificação de instrumentos. É sempre um prazer compartilhar o conhecimento. Bons estudos! 22 REFERÊNCIAS ALBERTAZZI, A.; SOUSA, A. R. Fundamentos de metrologia científica e industrial. São Paulo: Manole, 2008. BRICS. Certificações de Sistemas de Gestão e Produtos. Disponível em: <https://www.brics-ocp.com.br/o-que-e-o-inmetro/>. Acesso em: 17 dez. 2022. INTERNATIONAL Vocabulary of Metrology Basic and general concepts and associated terms. JCGM, 200: 2012. LIRA, F. A. Metrologia dimensional: técnicas de medição e instrumentos para controle e fabricação industrial. 1. ed. São Paulo: Editora Érica, Saraiva, 2015. TOLEDO, J. C. Sistemas de Medição e de Metrologia. Curitiba: Intersaberes, 2014. VIM. Conceitos fundamentais e gerais e termos associados. 1. ed. Duque de Caxias: INMETRO, 2012. 94 p. Conversa inicial Uma das causas de erros de valores medidos são provenientes do instrumento. A longo prazo, a precisão dos instrumentos são afetadas, indicando que é o momento de sua calibração. A qualidade de uma peça ou produto está alinhada à adequação do sistema e periodiciade da calibração dos instrumentos de medição, sendo a aplicação da ISO 9000 a base, uma vez que direciona para a melhoria constante. FINALIZANDO REFERÊNCIAS