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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO DEPARTAMENTO DE AGRONOMIA ÁREA DE FITOTECNIA CONTROLE DE PLANTAS INVASORAS TÓPICO: HERBICIDAS - CLASSIFICAÇÕES Profª Angélica Virgínia Valois Montarroyos E-mail: angelicavalois@gmail.com RECIFE – 2023 AGROTÓXICOS é um termo pejorativo que ajuda a influenciar negativamente a opinião pública!! HERBICIDA - Origem: Herbi = erva + Cida = matar Definição: É um composto químico que é aplicado em pequenas quantidades e que tem a capacidade de matar ou inibir drasticamente o crescimento de determinadas espécies de plantas. TODO HERBICIDA É UMA MOLÉCULA QUÍMICA TÓXICA QUE NECESSITA SER MANUSEADA COM CUIDADO. CONTAMINAÇÃO HISTÓRICO 1896-1898 – Sulfato de cobre (calda bordaleza) – França, Inglaterra, Alemanha e EUA. 1900-1930 – Ácido sulfúrico concentrado, Sulfato de ferro, Clorato de sódio, Sulfato de cobre, Nitrato de cobre e Arsenato de sódio – grande quantidade por hectare. 1942 – 2,4-D (ácido 2-4-diclorofenoxiacético) (EUA) e MCPA (ácido 2-metil clorofenoxiacético) (Inglaterra) – início do controle químico em escala comercial. Enorme sucesso comercial - lavouras fortemente infestadas, pouca mão-de-obra, sem máquinas, alta eficiência, facilidade de aplicação, baixo custo. No Brasil: Demora na consolidação do uso – desconhecimento do assunto, mão-de-obra abundante, falta de produtos eficientes para grandes culturas e a falta de equipamento aplicador. Corresponde a 88,46% de redução da dose VENDAS DE HERBICIDAS NO BRASIL 1990 – 22.903 t (Andef, 2005) 2003 – 215.090 t (Sindag, 2005) 2011 – 403.620 t (Instituto de Economia Agrícola, 2011) 2014 - 476.860 toneladas (347.780 t herbicidas não seletivos e 129.080 t seletivos) (Instituto de Economia Agrícola, 2015). As vendas de herbicidas, em quantidade, destinaram-se, principalmente, para soja (53,7%), cana-de-açúcar (12,4%), milho safrinha (8,7%) e safra (5,9%), pastagem (5,4%), algodão (3,6%) e outras culturas (10,3%). IMPORTAÇÃO DE HERBICIDAS PELO BRASIL 2014 - 225.190 t de herbicidas foram importadas (Sindiveg, 2015) 56,2% - princípio ativo e 43% - produtos comerciais 2016 – 242.775 t de herbicidas importadas – US$ 3,11 bilhões (Sindiveg, 2017) No Brasil são comercializados 265 produtos comerciais (marcas de herbicidas) (Rodrigues & Almeida, 2011). 12 MECANISMOS DE AÇÃO CUIDADO COM A SELEÇÃO DE GENÓTIPOS RESISTENTES !!! REGISTRO E CLASSIFICAÇÕES DE HERBICIDAS NO BRASIL SINDVEG, 2017 VANTAGENS ASSOCIADAS À UTILIZAÇÃO DE HERBICIDAS Método prático, rápido e eficiente de controle; Menor dependência de mão-de-obra; Controle eficiente mesmo em época chuvosa (herbicidas de baixa solubilidade); Controle eficiente de plantas na linha (herbicidas seletivos); Permite o controle no sistema de plantio direto das culturas; Pode controlar plantas daninhas que se propagam vegetativamente (herbicidas sistêmicos); Grande espectro de ação; Menor dano físico as plantas cultivadas; Menor custo. DESVANTAGENS ASSOCIADAS À UTILIZAÇÃO DE HERBICIDAS Perigo de contaminação do aplicador, produtos e meio ambiente (solo, água e ar); Custo para treinamento de mão-de-obra; Seleção de genótipos resistentes de algumas espécies; Possibilidade de ocorrência de deriva; Custo relacionado ao descarte das embalagens; Custo devido a exigência de profissional capacitado para a prescrição do produto; Custo elevado de alguns produtos comerciais e para pequenos agricultores. OS HERBICIDAS SÃO CLASSIFICADOS QUANTO A: TRANSLOCAÇÃO ÉPOCA DE APLICAÇÃO ESPECTRO DE AÇÃO SELETIVIDADE MECANISMO DE AÇÃO GRUPO QUÍMICO CLASSIFICAÇÃO QUANTO A TRANSLOCAÇÃO HERBICIDAS DE CONTATO – são aqueles que não se translocam ou se translocam de forma muito limitada. Causam danos apenas as partes das plantas que entram em contato direto com o produto; É obrigatória uma boa cobertura por ocasião da aplicação; Geralmente apresentam efeito rápido, podendo começar a se manifestar em questão de horas. Ex: Bentazon (Basagran 600) e Lactofen (Cobra). HERBICIDAS SISTÊMICOS – são aqueles que se translocam pelo xilema (apoplasto), floema (simplasto) ou por meio de ambos (aposimplástica), dependendo do produto e da época de aplicação. Geralmente são produtos de absorção lenta; Para os de absorção lenta quando aplicados na parte aérea, as condições de temperatura, intensidade luminosa, precipitação e umidade relativa do ar são fatores que podem interferir fortemente na eficiência da aplicação; São caracterizados pelo efeito mais demorado; Dependem da franca atividade metabólica das plantas. Ex: Herbicidas sistêmicos de absorção mais rápida – Fluazifop (Fusiflex, Fusilade), Fenoxaprop (Rapsode, Starice), Sethoxydim (Poast) e Clethodim (Select 240 CE). Ex: Herbicidas sistêmicos de absorção lenta - Glifosato (Round up, Glister) e o 2,4-D amina (Capri, Navajo). EM RELAÇÃO AS PLANTAS DANINHAS HERBICIDAS DE PRÉ-EMERGÊNCIA (PRÉ) – refere-se aos produtos cuja aplicação é feita antes da emergência das plantas daninhas. Normalmente estes produtos atuam sobre processos como a germinação de sementes ou o crescimento radicular. O alvo deste produto é o solo, uma vez que as sementes estão dentro ou sobre o solo. OS HERBICIDAS NÃO SÃO ABSORVIDOS POR SEMENTES DORMENTES OU QUE NÃO TENHAM INICIADO O PROCESSO DE GERMINAÇÃO!!!. CLASSIFICAÇÃO QUANTO A ÉPOCA DE APLICAÇÃO Caso a cultura já esteja na área (semeada/plantada ou emergida) só devem ser utilizados produtos comerciais que não afetem a cultura (seletivos). Caso se pretenda estabelecer uma nova cultura em uma área anteriormente tratada com um herbicida de pré-emergência deve-se observar se ele é seletivo a nova cultura e o período residual do produto. Ex: Alachlor (Laço CE), Diuron (Diuron Nortox 500 SC, Karmex). HERBICIDAS DE PÓS-EMERGÊNCIA (PÓS) – refere-se aos produtos cuja aplicação é feita após a emergência das plantas daninhas. O herbicida (produto comercial) deve ser aplicado sobre a parte aérea da planta. Pós inicial ou precoce – 2 a 4 folhas para plantas eudicotiledôneas e até o perfilhamento para monocotiledôneas. Pós tardia – 4 a 8 folhas para plantas eudicotiledôneas e 1 a 4 perfilhos para monocotiledôneas. Pós planta adulta – plantas adultas eudicotiledôneas ou monocotiledôneas. Ex: Glifosato (Gliz 480 SL) e MSMA (Dessecan). EM RELAÇÃO A CULTURA HERBICIDAS DE PRÉ-PLANTIO – refere-se aos produtos cuja aplicação é feita antes do plantio da cultura. Podem ser produtos pré-emergentes aplicados ao solo antes do plantio da cultura e da emergência das plantas daninhas OU produtos pós-emergentes aplicados sobre a cultura e plantas daninhas ocorrentes na área (neste caso se deseja eliminar as plantas cultivadas) OU produtos pós-emergentes aplicados sobre as plantas daninhas existentes na área. Geralmente são usados produtos não seletivos, portanto muito cuidado com o residual dos produtos de pré-emergência. Ex: Glifosato (Round up) HERBICIDAS DE PRÉ-PLANTIO INCORPORADO – refere-se aos produtos que são aplicados ao solo (pré- emergentes) após o preparo do solo e que precisam ser incorporados ao solo após a sua aplicação por apresentar uma ou mais das características abaixo. Fotodegradação Alta volatilidade Baixa solubilidade Ex: Trifluralin (Trifuralina Nortox Gold) HERBICIDAS DE PÓS-PLANTIO – refere-se aos produtos cuja aplicação é feita após o plantio da cultura, estando ela emergida ou não. Podem ser produtos pré-emergentes aplicados ao solo antes da emergência das plantas daninhas OU produtos pós-emergentes aplicados sobre as plantas daninhas existentes na área. Em qualquer um dos casos mencionados acima o produto comercial usado TEM QUE SER SELETIVO A CULTURA QUE ESTÁ NA ÁREA OU AS QUE SERÃO COLOCADAS NA ÁREA DURANTE O PERÍODO DE RESIDUAL (NO CASO DE HERBICIDA DE PRÉ-EMERGÊNCIA. Ex: Glifosato (Round up) CLASSIFICAÇÃO QUANTO AO ESPECTRODE AÇÃO Essa classificação refere-se ao grupo de plantas que o herbicida controla. HERBICIDAS PARA CONTROLE DE MONOCOTILEDÔNEAS (FOLHAS ESTREITAS): dentre as espécies daninhas que controlam todas são da classe das monotiledôneas. Ex: Trifluralin (Trifluralina Nortox Gold), Clethodim (Select 240 CE) e Fluazifop (Fusiflex, Fusilade). * GRAMINICIDAS – herbicidas que controlam especificamente espécies monocotiledôneas da família das poáceas (antiga família das gramíneas). HERBICIDAS PARA CONTROLE DE EUDICOTILEDÔNEAS (FOLHAS LARGAS): dentre as espécies daninhas que controlam todas são da classe das eudicotiledôneas. Ex: Bentazon (Basagran 600), Acifluorfen (Blazer Sol) e Lactofen (Cobra). HERBICIDAS DE AMPLO ESPECTRO: dentre as espécies daninhas que controlam são encontradas plantas das classes das monocotiledôneas e eudicotiledôneas. Ex: Propanil (Stam 360), Oxyfluorfen (Goal BR), Alachlor (Laço CE). CLASSIFICAÇÃO QUANTO A SELETIVIDADE SELETIVIDADE – expressa a capacidade de uma molécula herbicida matar ou retardar o crescimento das plantas de uma ou mais espécies e, ao mesmo tempo, de não prejudicar outras plantas de interesse comercial. (Monquero, 2014) O termo seletividade não é absoluto, pois depende do estádio de desenvolvimento da planta da dose do herbicida, das condições edafoclimáticas e do modo de aplicação, dentre outros. O herbicida pode perder a seletividade se aplicado em condições ambientais desfavoráveis ou de forma inadequada. CLASSIFICAÇÃO QUANTO A SELETIVIDADE HERBICIDAS SELETIVOS – são aqueles que atuam sobre certas espécies sem afetar severamente outras. Pode ser aplicado antes da cultura ser semeada/plantada ou emergir (pré-emergência) ou com a cultura no campo (pós-emergente) e o produto não mata a cultura. HERBICIDAS NÃO SELETIVOS – são aqueles que atuam indiscriminadamente sobre todas as espécies de plantas (daninhas e cultivadas). Por meio da Biotecnologia, é possível tornar um herbicida não seletivo em herbicida seletivo para determinada espécie. Ex: soja transgênica ao glifosato. Um herbicida não seletivo pode ser aplicado em uma área com uma cultura estabelecida, porém apenas com aplicação em jato dirigida e feita com muito cuidado para não causar dano à cultura. NENHUM HERBICIDA PERTENCE RIGIDAMENTE A NENHUM DOS GRUPOS, UMA VEZ QUE A SELETIVIDADE É FUNÇÃO DA INTERAÇÃO ENTRE DIFERENTES FATORES. A seletividade que determina a especificidade de um herbicida sobre diferentes espécies ou variedades de plantas é dada pelo somatório das complexas interações entre as condições edáficas, climáticas, características anato-morfológico, fisiológico e bioquímica da planta, além das características físico-químicas dos herbicidas. - Fatores inerentes à planta; - Fatores inerentes ao herbicida; - Fatores inerentes ao ambiente; - Associação de diferentes tipos de fatores. CLASSIFICAÇÃO DOS FATORES INERENTES À PLANTA: Morfológicos – Plântulas e plantas jovens; Tamanho e disposição das folhas; Tipo e posicionamento do sistema radicular; Presença de bainhas nas plantas monocotiledôneas; Tecidos de caules, ramos e pecíolos suberificados. Anatômicos – Espessura da cutícula; Conformação da cutícula (pilosidades ou tricomas); Número, tamanho e distribuição dos estômatos. Fisiológicos – idade da planta ou intensa atividade fisiológica de transporte e acúmulo de compostos; Vigor e o estado nutricional, baixo metabolismo – translocação mínima, baixa eficiência. Metabólicos – Enzimas ou mecanismos de reação bioquímicas que inativam as moléculas do herbicida – gramíneas 2,4-D e Arroz ao propanil temperaturas acima de 35º C por algumas horas. CLASSIFICAÇÃO DOS FATORES INERENTES AO HERBICIDA: Estrutura molecular e propriedades físico-químicas – cada molécula possui características moleculares próprias que irão influenciar na absorção, translocação, lixiviação, sorção e toxidade. Dose – caso seja aplicada dose maior que a recomendada pelo fabricante do produto comercial (vem na bula) o herbicida pode até deixar de ser seletivo à cultura, contaminação. Formulações – cada produto comercial apresenta a sua formulação própria, na qual, além da molécula herbicida, são adicionadas substâncias adjuvantes com a finalidade de ajudar a molécula do herbicida a atingir o sítio alvo onde exercerá a sua função biológica. Modo de aplicação – possibilita que a quantidade exata de herbicida (dose) seja aplicada conforme recomendado pelo fabricante do produto comercial (vem na bula), bem como determina o posicionamento do herbicida sobre as plantas daninhas e a cultura. CLASSIFICAÇÃO DOS FATORES INERENTES AO AMBIENTE Climáticos – quantidade de água no solo, temperatura (pressão de vapor), precipitação/irrigação, temperaturas são elevadas e a umidade relativa é bem baixa. Edáficos – textura do solo, umidade do solo, compactação. Físicos – cobertura morta. CLASSIFICAÇÃO QUANTO AO MECANISMO DE AÇÃO MODO DE AÇÃO – sequência de todas as reações que ocorrem desde o contato do herbicida com a planta até a sua morte ou ação final do produto. SÍTIO DE AÇÃO – ponto exato na estrutura onde se dá o acoplamento ou etapa de processo em que a molécula do herbicida exerce sua ação. MECANISMO DE AÇÃO – é quando a ação do herbicida incide sobre uma enzima do metabolismo da planta (enzimático) ou sobre algum evento metabólico da planta (não enzimático) sem ocorrer a ligação com uma enzima específica e que resulta na morte ou ação final do produto. NOME COMUM DO HERBICIDA: descreve o nome químico do ingrediente ativo (molécula) do herbicida. NOME COMERCIAL DO HERBICIDA: descreve o nome do produto comercializado (registrado) contendo o ingrediente ativo do herbicida. CLASSIFICAÇÃO DOS HERBICIDAS DE ACORDO COM OS MECANISMOS DE AÇÃO BASEADA NO HRAC (Herbicide Resistance Action Committee) E WSSA (Weed Science Society of America) SÍNTESE DE ÁCIDOS GRAXOS (LIPÍDEOS) Grupo A/1 – Inibidores da ACCase SÍNTESE DE AMINOÁCIDOS NAS PLANTAS Grupo B/2 – Inibidores de ALS Grupo G/9 – Inibidores da EPSPS Grupo H/10 – Inibidores da GS CAPTURA DA ENERGIA LUMINOSA PELA PLANTA (Fase luminosa da fotossíntese) Grupos C1/5, C2/7 e C3/6 – Inibidores do Fotossistema II Grupo D/22 – Inibidores do Fotossistema I Grupo E/14 – Inibidores da PROTOX Grupos F2/27 e F4/13 – Inibidores da síntese de Carotenos CRESCIMENTO CELULAR Grupo K1/3 – Inibidor da síntese de Microtúbulos Grupo K3/15 – Inibidores da síntese de ácidos graxos de cadeia muito longa (Divisão Celular) Grupos L/29 – Inibidores da síntese de Celulose REGULADORES DE CRESCIMENTO Grupo O/4 – Mimetizadores de auxinas MECANISMO DE AÇÃO DESCONHECIDO Grupo Z/0 INIBIDORES DA ACETIL-CoA CARBOXILASE - ACCase Especificamente, a ação baseia-se no impedimento da ligação da acetil-CoA à enzima Acetil-CoA carboxilase, com isso, a sequência normal da via metabólica para síntese dos lipídeos é interrompida, comprometendo a formação das membranas lipoproteicas das células e de suas organelas, a produção de energia e a divisão celular. São aplicados em pós-emergência, não sendo absorvidos pelas raízes. Não apresentam atividade residual e são degradados rapidamente pelos microrganismos. Ex: Diclofop-methyl (Iloxan CE), Sethoxydim (Poast). (“fops” e “dims”) Após a aplicação do herbicida ocorre a paralização do crescimento das raízes e da parte aérea, apesar dos sintomas demorarem a aparecer devido a lenta translocação (cerca de cinco dias). Os sintomas causados pela ação dos herbicidas são vistos mais rapidamente nas regiões meristemáticas e depois se espalha por toda a planta. As folhas evidenciam pontos e estrias cloróticas/amareladas, seguidos de necrose total da planta. Os meristemas podem ser facilmente destacados, sendo observável o ponto necrosado na extremidade desses. Fonte: ROMAN et al., 2007 INIBIDORES DA ENZIMA ACETOLACTATO SINTASE(ALS)/ACETOHIDROXI ÁCIDO SINTASE (AHAS) Inibem a ação da enzima acetolactato sintase (ALS/AHAS) que apresenta ação estratégica na rota de síntese dos aminoácidos ramificados (leucina, isoleucina e valina), interferindo na divisão e crescimento celular por reduzir a síntese de proteínas. São os herbicidas mais utilizados no mundo por serem seletivos a muitas culturas e apresentam alto nível de atividade em doses muito pequenas. São herbicidas sistêmicos, podendo ser absorvidos tanto pelas folhas quanto pelas raízes. Podem ser utilizados tanto em pré, como em pós- emergência. Apresentam residual no solo e são degradados pelos microrganismos. Ex: Flumetsulan (Scorpion), Nicosulfuron (Sanson 40 SC). A paralização do crescimento ocorre pouco tempo após a aplicação. Entretanto, os sintomas aparecem somente vários dias depois. Os sintomas podem variar de acordo com a molécula herbicida. Incluem bordas foliares amareladas, nervuras avermelhadas ou arroxeadas e limbo foliar com manchas amareladas. Pode ser observada ainda a murcha das partes jovens da planta, amarelecimento da região meristemática com evolução para necrose. Nas monocotiledôneas ocorre redução do comprimento dos entrenós e espessamento do colmo. A completa morte das plantas pode ser observada em 10 a 60 dias. Fonte: Montarroyos, 2014 INIBIDORES DA 5-ENOLPIRUVILCHIQUIMATO-3- FOSFATO SINTASE (EPSPS) O glifosato se liga a enzima 5-enolpiruvilchiquimato-3-fosfato sintase (EPSP sintase ou EPSPS) inibindo-a, o que resulta na redução acentuada dos níveis de aminoácidos aromáticos (fenilalanina, tirosina e triptofano). Além disso, a via do shiquimato é precursora de vários outros compostos aromáticos nas plantas (vitaminas K e E), hormônios vegetais (auxinas e etileno), alcalóides, antocianinas e outros. Molécula herbicida mais utilizada no mundo por não ser seletiva, não ser empregada apenas para o controle de plantas daninhas, mas também na dessecação de vegetação para implantação do plantio direto, bem como para limpeza de áreas quando da renovação de culturas, além de ser eficiente no controle de plantas perenes por ser sistêmica e poder ser usada em aplicações jato dirigidas em áreas com culturas. Ex: Glifosato (Glister, Roundup WG). Para aplicação em pós-emergência, não apresenta residual e é degradado pelos microrganismos. Plantas tratadas com esses herbicidas param de crescer logo após a sua aplicação, porém os sintomas nas plantas pulverizadas aparecem lentamente, sendo a morte completa da planta observada geralmente cerca de 14 dias após a aplicação do produto. As folhas mais jovens e as regiões meristemáticas são as primeiras a demonstrarem os sintomas, tornando-se amareladas, descoloridas, posteriormente amarronzadas, em seguida necrosadas, terminando com a morte total da planta. Em brotações jovens de plantas perenes são observadas estrias brancas. FONTE: MONTARROYOS, 2016 4 DAA 18 DAA INIBIDORES DA GLUTAMINA SINTETASE (GS) A enzima glutamina sintetase (GS) é fundamental na rota metabólica que incorpora o nitrogênio inorgânico ou absorvido pelas plantas, disponibilizando formas orgânicas utilizáveis no metabolismo vegetal. Além disso, a enzima recicla o amônio proveniente de outros processos metabólicos. A inibição da atividade da enzima glutamina sintetase promove a acumulação de amônio em níveis fitotóxicos causando a morte dos tecidos. O aumento da concentração de amônio é acompanhado pela interrupção da fotossíntese e ruptura da estrutura do cloroplasto. É um herbicida não seletivo, de contato, não volátil. Decomposto rapidamente pelos microrganismos o que resulta em baixa persistência. Ex: Amônio-glufosinato (Finale). O primeiro sintoma observado é o amarelecimento da planta que é notado de três a cinco dias, seguido de murchamento, necrose e morte da planta, entre 7 e 14 dias após a aplicação. O aparecimento dos sintomas é mais rápido em condições de alta luminosidade. (NH3) + ATP INIBIDORES DO FOTOSSISTEMA II Os herbicidas inibidores do FS II exercem sua ação fitotóxica ligando-se a proteína D1 no ponto de ligação da plastoquinona B, no qual deveria receber o elétron da plastoquinona A. Isto bloqueia o transporte de elétrons no fotossistema II e gera moléculas de clorofila triplet (mais carregadas energeticamente). Isso por sua vez gera radicais livres como o oxigênio singleton, superóxido, peróxido de hidrogênio, os quais irão peroxidar os lipídeos das membranas. Translocam-se nas plantas apenas via xilema. As plantas morrem mais rapidamente quando pulverizadas na presença de luz. Ex: Amicarbazone (Dinamic), Diuron (Karmex), Metribuzin (Sencor). Fonte: Christoffoleti, 2010. Os sintomas são observados primeiramente nas folhas mais velhas. São caracterizados por clorose entre as nervuras e nas bordas foliares, levando a paralização do crescimento e posterior morte da planta. INIBIDORES DO FOTOSSISTEMA I São herbicidas não seletivos, pós-emergentes, de contato e de amplo espectro de ação. Sendo largamente utilizados no mundo, como dessecantes em pré-colheita de diversas culturas no plantio direto de outras, e em aplicações dirigidas a diversas culturas. São facilmente absorvidos pelas folhas. Sua ação é muito mais rápida na presença de luz. São rapidamente adsorvidos e inativados pelos colóides do solo. Apresentam elevado potencial redutor, captam os elétrons provenientes do fotossistema II, consequentemente inibindo a produção de NADPH+2 no fotossistema I. Formam radicais livres que sofrem auto-oxidação, resultando posteriormente na produção de peróxido de hidrogênio (água oxigenada) e superóxidos, os quais na presença de Mg produzem radicais hidroxil que promovem a degradação rápida das membranas (peroxidação dos lipídeos) causando vazamento do conteúdo celular e a morte do tecido. Ex: Diquat (Reglone). Os sintomas da ação dos herbicidas inibidores do fotossistema I podem ser observados poucas horas após a aplicação. Inicialmente surgem manchas verdes-escuras no local de deposição das gotas nas folhas, depois evoluem para murcha e manchas necróticas nas folhas, cerca de um a três dias após a aplicação dependendo da luminosidade, dose e sensibilidade da planta. Fonte: Marchi et al., 2008 INIBIDORES DA PROTOPORFIRINOGÊNIO OXIDASE (PPO ou PROTOX) A enzima PROTOX é uma das enzimas comuns às rotas de síntese das clorofilas. Dentro das células estes herbicidas provocam o acúmulo de compostos que interagem com luz e oxigênio que produzem oxigênio reativo, principalmente oxigênio singleton, capazes de iniciar o processo de peroxidação dos lipídeos. Podem penetrar pelas raízes, caules e folhas de plantas jovens, após entrada, apresentam pouca ou praticamente nenhuma translocação. A atividade herbicida só acontece na presença de luz. Ex: Fomesafen (Flex), Lactofen (Cobra), Oxyfluorfen (Goal BR). Os primeiros sintomas são manchas verde-escuras nas folhas, seguida de clorose e necrose dos tecidos. As partes tratadas da planta morrem geralmente até dois dias após a aplicação. Contudo, é necessário boa cobertura para que possa levar a planta a morte. Fonte: Montarroyos, 2014 INIBIDORES DA SÍNTESE DE CAROTENOS Os carotenos são pigmentos importantes na captura da energia luminosa, além de apresentarem ação fotoprotetora para as clorofilas e diversas proteínas presentes no cloroplasto. A partir dos carotenóides, os vegetais sintetizam giberelina e ácido abscísico e vitamina E. Já a ausência dos carotenóides favorece a formação de radicais livres, o que resulta na morte da planta por estresse oxidativo. Os herbicidas inibem a síntese dos carotenóides por atuarem diretamente sobre a enzima DOXP (deoni-D-fosfato sintase) ou a enzima HPPH (4-hidroxifenil-piruvato dioxigenase). Ex: Clomazone (Gamit), Isoxaflutole (Provence 750 WG). As plantas após aplicação desses herbicidas perdema cor verde (fotodegradação da clorofila), produzindo tecidos totalmente brancos (albinos), algumas vezes rosados ou violáceos. Fonte: Montarroyos, 2014 INIBIDORES DA SÍNTESE DOS MICROTÚBULOS OU DA POLIMERIZAÇÃO DA TUBULINA A tubulina é a proteína que compõe os microtúbulos, os quais são responsáveis pelo deslocamento dos cromossomos durante a mitose e também são constituintes do citoesqueleto que dá formato às células vegetais e servindo de apoio às organelas celulares. Consequentemente, as células não se dividem e apresentam deposição desorganizada da celulose. Possuem pouca ou nenhuma atividade foliar, paralizam o crescimento das raízes. Devem ser incorporados ao solo para evitar a volatilização e a fotodegradação. Ex: Trifuralin (Premerlin 600 CE), Dimethalin, Pendimethalin (Herbadox 500 CE) e Oryzalin (Surflan 480). Os sintomas observados são: raízes curtas, inchadas nas pontas e desprovidas de raízes secundárias. Como consequência da falta de funcionabilidade das raízes, a parte aérea fica atrofiada e com coloração avermelhada. Em algumas dicotiledôneas também podem ser observados calos na região próxima à superfície. INIBIDORES DA SÍNTESE DE ÁCIDOS GRAXOS DE CADEIAS LONGAS (VLCFA) Inibem a atividade das Acil-CoA elongases, as quais são enzimas que estão associadas ao retículo endoplasmático e catalizam a síntese de lipídios de cadeia muito longa. Esses lipídios são precursores de cera, suberina e cutina, e estão envolvidos proteção das plantas e na divisão celular. Devem ser incorporados ao solo para não volatilizar. Ex: Alachlor (Laço CE), S-metolachlor (Dual Gold), Acetochlor (Kadett CE). As sementes das espécies sensíveis germinam, mas as plântulas geralmente não emergem do solo. As poucas que emergem apresentam folhas retorcidas, mal formadas e com coloração predominantemente verde-escuro. As folhas das monocotiledôneas podem não emergir ou não desenrolam nem se expandem normalmente. As folhas das eudicotiledôneas que emergem ficam encarquilhadas e apresentam encurtamento da nervura central, produzindo uma depressão acentuada na ponta das folhas. INIBIDORES DA SÍNTESE DE CELULOSE A celulose é o principal polissacarídio estrutural das plantas e o componente mais abundante da parede celular. Pré-emergente (baixa mobilidade e alta persistência no solo) Ex: Indaziflam (Alion) HERBICIDAS MIMETIZADORES DE AUXINAS Também chamados de herbicidas hormonais, são extensivamente utilizados para controle de espécies daninhas eudicotiledôneas. Logo após a aplicação dos herbicidas auxínicos, estes se ligam a proteínas receptoras específicas nas membranas celulares, causando efeitos a curto e longo prazo. Provocam um desbalanço hormonal nas células resultando em intensa proliferação celular dos tecidos; obstrução do fluxo do floema, impedindo o movimento dos fotoassimilados das folhas para o sistema radicular. Além de interferirem com o metabolismo dos ácidos nucléicos, síntese de proteínas e com os aspectos metabólicos da plasticidade da parece celular. Ex: 2,4-D amina (Capri), Dicamba (Bavel), Picloran (Padron). Os efeitos observados são o crescimento desorganizado das regiões meristemáticas; entumescimento do caule na região dos nós; epinastia das folhas, pecíolos, ramos e caules; alteração do crescimento; clorose, murchamento e necrose das folhas e atrofia das raízes. A morte das plantas ocorre de forma lenta, podendo variar entre três à cinco semanas após a aplicação. CLASSIFICAÇÃO QUANTO AO GRUPO QUÍMICO 1. Ariloxifenoxipropiônicos: Clodinafop propargyl – Topik 240 EC (Syngenta); Cyalofop-buthyl – Clincher (Dow AgroSciences); Diclofop-methyl – Iloxan CE (Bayer); Fenoxaprop-p-ethyl – Whip S (Bayer); Fluazifopp-buthyl – Fusilade 250 EW (Syngenta); Haloxyfop-p-methyl – Gallant R (Dow AgroSciences); Quizalofop-p-ethyl – Targa 50 CE (Arysta Lifescience). 2. Ciclohexanodionas: Clethodim – Select 240 CE (Arysta LifeScience); Sethoxydim – Poast (Basf); Tepraloxydin –Aramo 200 (Basf) GRUPO A - HERBICIDAS INIBIDORES DA ACETIL CoA CARBOXILASE (ACCase) É IMPORTANTE QUE NO MOMENTO DA SELEÇÃO DO HERBICIDA SEJA IDENTIFICADO A QUAL GRUPO QUÍMICO ELE PERTENCE E, PORTANTO, SEU MECANISMO DE AÇÃO. Fonte: HRAC-BR, 2023 PRODUTOS COMERCIAIS COM DOIS GRUPOS QUÍMICOS Boxer (Monsanto) –Alachlor (300 g/l) (inibidor de divisão celular) + Atrazine (180 g/l) (inibidor do fotossistema II) Sinerge CE (FMC) - Ametrine (300 g/l) (inibidor do fotossistema II) + Clomazone (200 g/l) (inibidor da síntese de carotenos)
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