Prévia do material em texto
LOGÍSTICA EMPRESARIAL AULA 5 Profª Rafaela Aparecida de Almeida CONVERSA INICIAL Esta aula terá como eixo central a distribuição física, também conhecida como outbound. Esta última etapa da cadeia de suprimentos é responsável por distribuir mercadoria desde suas fábricas até centros de distribuição ou diretamente ao consumidor final. Para que você possa entender melhor o funcionamento desse processo, primeiramente vamos conhecer as noções básicas e os objetivos da distribuição física, bem como os tipos de canais de distribuição de acordo com as necessidades de cada empresa ou segmento de atuação. Na sequência, serão apresentadas as principais classificações dos sistemas de distribuição, incluindo a abordagem dos intermediários: varejista, atacadista, distribuidores e agentes. O terceiro tema tratará da função dos centros de armazenagem, elemento muito utilizado pelas organizações com o propósito de reduzir distâncias entre fábricas e consumidores e estar mais próximo de seus clientes. Os sistemas de transporte são responsáveis por conectar os elos da cadeia de suprimentos, deslocando mercadorias ou pessoas de um ponto de origem para outro ponto de destino e este será o quarto tema de nossa aula. O quinto e último tema apresentará os conceitos de operadores logísticos, também conhecidos 3PL (Third-Party Logistics), caracterizados por empresas que prestam serviços especializados no controle de estoques, armazenagem e gestão de transportes. Acompanhe os temas desta aula: 1. Noções de distribuição física; 2. A função dos intermediários; 3. A função dos centros de distribuição; 4. Fundamentos dos sistemas de transporte; 5. Operadores logísticos. CONTEXTUALIZANDO Leia os fragmentos de notícias a seguir: Amazon, gigante americana do comércio online, vai abrir o primeiro centro de distribuição (CD) na região Nordeste. O município escolhido foi Cabo de Santo Agostinho, na região metropolitana do Recife, em Pernambuco. O movimento estratégico da companhia ocorre menos de um ano depois da inauguração do primeiro CD no País, em Cajamar, na região metropolitana de São Paulo, e ataca um dos pontos fracos do comércio online, que é a rapidez nas entregas. (Amazon..., 2013) Já reparou que a Coca-Cola está presente nos mais diversos locais, mesmo aquele mercado pequeno de uma cidadezinha do interior? Pois o objetivo da empresa é exatamente esse: estar em todos os lugares do mundo que tenham consumidores! Para isso, é necessário elaborar uma estratégia logística que seja bem eficaz e ao mesmo tempo complexa. Com isso, a empresa conta com diversas franquias, centros de distribuição, distribuidores e outros parceiros de negócio. (Exemplo..., 2017) Grupo Boticário assina contrato de três anos com operador logístico, de origem holandesa, para atuar no novo centro de distribuição da companhia, localizado na cidade de Varginha (MG). O acordo marca o início da terceirização das operações logísticas do Grupo Boticário. O OL será responsável pelas atividades de descarregamento, armazenagem, separação, abastecimento de linha, embalagem e carregamento de produtos. (Ceva..., 2020) Você saberia dizer o que esses três fragmentos têm em comum? Todos eles relatam ações de grandes organizações voltadas para melhorias em sua distribuição física, de forma que seus produtos estejam o mais próximo possível de seus clientes e consumidores e que sejam entregues no menor tempo possível. Para que isso ocorra, diversas estratégias são apresentadas, como o uso de centros de distribuição, a construção de parcerias com intermediários e a terceirização da distribuição física. Para que você possa entender melhor cada uma delas, siga conosco em nossa aula! TEMA 1 – NOÇÕES DE DISTRIBUIÇÃO FÍSICA A distribuição física é responsável por fazer com que produtos acabados cheguem até os seus consumidores finais, seja de forma direta, pela manufatura, seja por meio do uso de intermediários, conforme representado na Figura 1. Figura 1 – Outbound – Distribuição física Fonte: Almeida, 2020. Morais (2015) define a distribuição física como o conjunto de processos operacionais e de controle que permitem transferir produtos desde o ponto de fabricação até a sua entrega aos consumidores finais ou intermediários. Brasil e Pansonato (2018) a descrevem como o processo responsável por movimentar mercadorias dentro da cadeia de suprimento até o cliente final, envolvendo as atividades de movimentação, transporte e controle. Para Nogueira (2012, p. 77), a distribuição física “tem como função criar valor, tornando produtos ou serviços disponíveis aos consumidores ou usuários, de forma apropriada, no lugar certo e no tempo certo”. O principal foco da distribuição física é agregar valor aos produtos ou serviços oferecidos garantindo a satisfação do consumidor final e adquirindo vantagens competitivas perante a concorrência. Mas você deve estar se perguntando: como ela pode agregar valor? Escolhendo a melhor forma de disponibilizar o produto ao usuário final no lugar certo, na hora certa, na apresentação desejável e com o melhor preço. Para que isso ocorra, é necessária uma estrutura, composta, segundo Morais (2015), por: Depósitos ou centros de distribuição (CDs): são locais especializados na armazenagem de produtos acabados que atendem a uma determinada região; Veículos: são os meios de transporte utilizados para realizar a ligação entre os CDs e os pontos de consumo; Estoques: são as quantidades de materiais disponíveis para atender às demandas; Equipamentos de carga e descarga: são os equipamentos utilizados para carga e descarga dos produtos nos veículos. 1.1 OBJETIVOS DA DISTRIBUIÇÃO FÍSICA Agora que você já conhece o conceito da distribuição física, vamos conhecer seus principais objetivos: Atender às necessidades dos clientes, garantindo o nível de serviço por eles desejado; Intensificar o potencial de comercialização dos produtos por meio da rápida resposta ao ciente; Administrar a cooperação entre os participantes da cadeia de suprimentos; Otimizar os recursos para a redução de custos; Garantir o fluxo de informações confiáveis e eficiente entre os integrantes da cadeia de suprimentos, garantindo melhor controle das operações. É importante não confundir os conceitos de distribuição física e canais de distribuição: o primeiro diz respeito aos processos utilizados para movimentar as mercadorias; o segundo está relacionado aos meios ou caminhos utilizados para o produto chegue até o consumidor final. 1.2 CANAIS DE DISTRIBUIÇÃO Brasil e Pansonato (2018, p. 48) definem canais de distribuição como “os caminhos que o produto irá percorrer para chegar ao consumidor final”, ou seja, o caminho escolhido para se ter acesso ao produto desejado. A estrutura desses canais pode ser alterada de acordo com as necessidades dos clientes e são categorizadas em: 1.2.1 CANAL DE DISTRIBUIÇÃO VERTICAL Representado por estruturas mais rígidas cuja transferência do produto é passada de um elo para o outro. Podem ser subdivididos em três subgrupos: grande varejo, venda por catálogo e pequeno varejo, conforme Figura 2. Figura 2 – Exemplo de canal de distribuição vertical Fonte: Elaborado por Almeida com base em Shigunov Neto; Gomes, 2006. 1.2.2 CANAL DE DISTRIBUIÇÃO HÍBRIDO Trata-se da junção de vários tipos de canais, em que uma parte das funções pode ser exercida por dois ou mais elementos da cadeia, pois, dependendo do caso e das necessidades dos clientes, é possível desenvolver canais diferenciados, conforme a Figura 3. Tem como principal objetivo o contato direto e a maior proximidade com seus consumidores não apenas no momento da venda, mas também no pós-venda. Figura 3 – Exemplo de canal de distribuição híbrido Fonte: Elaborado por Almeida com base em Shigunov Neto; Gomes, 2006. 1.2.3 CANAL DE DISTRIBUIÇÃO MÚLTIPLO Nesse modelo de canal, busca-se a melhor forma de desempenho no gerenciamento da cadeia de suprimentos, considerandoa diversidade de consumidores e o meio com o qual eles mais se identificam no momento da compra, ou seja, existe aquele consumidor que ainda prefere comprar em lojas físicas e existem aqueles que optam pela praticidade de comprar virtualmente e receber em casa. Esse canal permite atingir grupos distintos de compradores, conforme ilustrado na Figura 4. Figura 4 – Exemplo de Canal de distribuição múltiplo Fonte: Elaborado por Almeida com base em Shigunov Neto; Gomes, 2006. A escolha do tipo de canal depende do segmento de atuação, dos produtos oferecidos e do perfil do público-alvo. TEMA 2 – FUNÇÃO DOS INTERMEDIÁRIOS No que diz respeito à extensão e à amplitude da distribuição física, podemos dizer que estão relacionadas ao número de intermediários existentes entre os fabricantes e o consumidor final. Brasil e Pansonato (2018) descrevem os intermediários como aqueles que ocupam espaços em um determinado canal. Destacam ainda que, quando um fabricante opta pela sua utilização, está transferindo para eles riscos, custo de administração de estoques, movimentação de produto acabado e se tornando mais distante de seus consumidores. 2.1 TIPOS DE SISTEMAS DE DISTRIBUIÇÃO Precisamos lembrar que o intuito principal dos canais de distribuição é estar o mais próximo possível dos consumidores finais. Levando esse aspecto em consideração, Brasil e Pansonato (2018) ressaltam a classificação dos principais sistemas de distribuição: Sistema de distribuição direta: a venda é realizada diretamente do fabricante para o consumidor final. Tem como principal vantagem o maior controle no processo de comercialização e como desvantagem custos mais elevados para sua operacionalização. Exemplo: fabricantes de cosméticos. Sistema de distribuição exclusiva: nesse sistema, utiliza-se um ou poucos intermediários exclusivos, pois o distribuidor se compromete a vender apenas os produtos de determinado fabricante e que detêm a exclusividade nas vendas. Fabricantes de veículos. Sistema de distribuição intensiva: tem por objetivo distribuir o produto ao maior número possível de pontos de venda. Usualmente utilizado para a distribuição de produtos de alto consumo e de baixo valor agregado, como é o caso de fabricantes de bebida, os quais fazem uso de intermediários (atacadistas, varejistas e representantes comerciais) nesse processo. De posse desse conhecimento, vamos conhecer agora os principais intermediários e sua atuação nos sistemas de distribuição. 2.2 INTERMEDIÁRIOS DO SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO Entre os principais intermediários atuantes em um canal de distribuição, Brasil e Pansonato (2018) destacam: Atacadistas: têm como objetivo principal a venda de produtos para outros estabelecimentos de menor porte: varejistas, comerciantes e até mesmo consumidores. De praxe, são aqueles que compram em maior quantidade para revender para comércios menores, o que propicia otimização dos transportes e previsibilidade mais consistente nas entregas. São conhecidos também como centros de distribuição; Varejistas: representado por empresas que realizam as vendas de mercadorias, em menor quantidade, para consumo pessoal ou doméstico. Exemplo: padarias, supermercados e papelarias; Distribuidores: responsáveis pela venda e armazenagem de produtos, com o propósito de atender demandas em áreas geográficas delimitadas. São conhecidos também como centros de distribuição; Agentes: são pessoas jurídicas contratadas para vender os produtos de uma empresa em uma área de atuação muitas das vezes distintas a de costume, podendo ser dentro ou fora do Brasil. O uso ou não de intermediários deve fazer parte do planejamento estratégico das organizações, levando em consideração seu segmento de atuação, localização de suas fábricas, localização do público-alvo e de modo que seja flexível e possa ser alterado a partir de novas demandas do mercado. TEMA 3 – FUNÇÃO DOS CENTROS DE DISTRIBUIÇÃO Vimos no tema anterior que atacadistas e distribuidores também são chamados de centros de distribuição. A partir de agora, vamos entender melhor o que são e quais são suas principais funções. Para isso, imagine a seguinte situação hipotética: determinada empresa possui quatro fábricas distribuídas pelo país e faz a sua distribuição para quatro clientes distintos. Cada uma das fábricas alimenta os quatro clientes, conforme ilustrado na Figura 5. Figura 5 – Exemplo de distribuição direta Fonte: Elaborado por Almeida, 2020. Considerando a representação da figura anterior, em que cada fabricante tem a responsabilidade de entregar seus produtos a cada varejista, temos ao total a administração (emissão de pedidos e emissão de notas fiscais) e custos de movimentação e transporte para 16 rotas diferentes. Agora imagine uma segunda situação: as quatro fábricas distribuem seus produtos para um centro de distribuição, estrategicamente posicionado, o qual abastece os quatro clientes, gerando apenas oito rotas, com uma redução de 50% nos movimentos realizados. Nesse caso, a comunicação também é facilitada, uma vez que tanto as fábricas quanto os clientes se comunicam apenas com o CD, como pode ser observado na Figura 6. Figura 6 – Exemplo de distribuição com centro de distribuição Fonte: Elaborado por Almeida, 2020. Com base na contextualização apresentada, vamos conhecer o conceito de centro de distribuição. Para Lopes, Pontes e Albertin (2017, p. 82) “são instalações estratégicas para a o sistema de distribuição de produtos”. Geralmente situados em locais de fácil acesso ao transporte, possibilitam às empresas estar mais próximas de seus clientes, realizando um rápido abastecimento. Brasil e Pansonato (2018) acrescentam que um CD agrega valor ao produto, pois realizam atividades que vão além da simples guarda dos estoques e por essa razão a sua localização e a quantidade de CDs operando na cadeia de suprimentos são fundamentais para que as atividades ocorram em harmonia. 3.1 FUNÇÕES E ATIVIDADES DOS CENTROS DE DISTRIBUIÇÃO Vimos que os CDs são muito mais do que simples armazéns que realizam a guarda de materiais. Nesse sentido, Lopes, Pontes e Albertin (2017) elencam como suas principais funções: Consolidação de várias cargas, para que possam ser transportadas por meio de cargas completas, de uma única vez; Fracionamento: ocorre a partir do fracionamento de uma carga maior em cargas menores para facilitar o armazenamento e a transferência; Posicionamento do estoque mais próximo dos clientes; Cross docking: trata-se do fracionamento de uma carga, com reembarque imediato, em veículos menores, eliminando a necessidade de armazenagem. No que diz respeito às atividades de um CD, destacam-se: Figura 7 – Atividades de um CD Créditos: Zeynur Babayev/Shutterstock; Zeynur Babayev/Shutterstock; Zeynur Babayev/Shutterstock. A atividade de recebimento inclui conferência qualitativa e quantitativa de materiais além da etiquetagem. A movimentação se dá pela entrada e saída dos materiais, incluindo o processo de armazenagem ou alocação dos produtos e separação de pedidos ou picking e embalagem. Na expedição, são conferidos os pedidos, e os veículos são carregados e despachados pelos transportadores. 3.2 TRADE OFF E OS CENTROS DE DISTRIBUIÇÃO O conceito de compensação de custos é fundamental para o correto gerenciamento da distribuição física, pois, de acordo com as atividades ou segmento em que a empresa atua, poderá haver um conflito econômico entre a relação dos estoques, da armazenagem e do transporte, por exemplo. Cabe ao gestor logístico encontrar um meio termo, ou seja, um ponto de equilíbrio para que esse conflito seja minimizado, o que também é conhecido como trade off ou seja, uma tomada de decisão em detrimento de outra. Vejamos algumas situações relacionadas aos CDs que representam situações de trade off. Se uma empresa tem um número maior de CDs seus custos com transportes serão reduzidos, pois carregamentos volumosos podem ser feitos para os armazéns com fretes inferiores ea distribuição realizada com veículos menores, otimizando as entregas. Por outro lado, custos com estoque tendem a aumentar com o número de CDs, porque será necessário maior volume de estoque para manter o nível de disponibilidade que a empresa teria com um número reduzido de depósitos. Outro exemplo pode ser dado quando uma empresa possui uma distribuição rápida e com alta frequência, o que lhe permite manter níveis de estoques mais baixos, no entanto, nesse caso, o custo de transporte aumenta. Já no caso de lotes maiores, quando há grandes volumes e pouca frequência, então o estoque médio passa a ser alto elevando o custo da armazenagem. O tempo todo, as empresas encontram-se em uma situação de conflitos relacionada a custos, questionando-se se devem realizar uma distribuição para os clientes, diretamente da fábrica, evitando estoques, mas tendo alto custo de transporte ou trabalhando com CDs, reduzindo seus custos com transporte, mas aumentando seus estoques e ainda se devem optar por manter CDs próprios ou terceirizados. Cabe a cada empresa analisar a situação mais vantajosa com base nas variáveis envolvidas. Tudo dependerá do segmento de atuação, da localização das fábricas e dos clientes e da necessidade de manter ou não estoques. TEMA 4 – FUNDAMENTOS DO SISTEMA DE TRANSPORTE Vimos que a distribuição física é o elo entre a manufatura e a chegada dos produtos aos seus consumidores finais. O sistema de transporte, por sua vez, é o meio utilizado para movimentar esses produtos. Nogueira (2012, p. 84) define transporte como “o deslocamento de pessoas e mercadorias de um local para outro, feito através de veículos, aeronaves, embarcações ou equipamentos de movimentação”. Razzoli Filho (2012b) acrescenta que os sistemas de transporte têm como objetivo deslocar mercadorias ou pessoas de um ponto de origem para outro ponto de destino, com qualidade, garantindo a integridade da carga e a confiabilidade dos prazos. Com o crescimento do e-commerce os sistemas de transporte se tornaram ainda mais importante no contexto da distribuição física. Vamos pensar na seguinte situação: você quer trocar seu celular. Após analisar qual aparelho irá comprar, o próximo passo é realizar uma pesquisa de qual loja virtual oferece o melhor preço. Os próximos critérios que você irá avaliar provavelmente serão o valor do frete e o prazo de entrega, que, se não forem satisfatórios, farão você desistir da compra ou então optar por outro vendedor. Com as facilidades do e-commerce e do omnichannel (interação e integração entre lojas físicas e on-line), o consumidor se tornou mais exigente e as empresas precisaram buscar formas de otimizar seus sistemas de transporte, reduzindo seus prazos de entrega e custos com fretes, para serem competitivas no mercado. Nesse sentido, Razzolini Filho (2012b) ressalta que tornar o produto disponível no momento e local desejados pelo cliente, agregando-lhe valor, garante que a empresa não perderá participação no mercado pela indisponibilidade ou demora na entrega do produto. 4.1 SISTEMAS DE TRANSPORTE Figura 8 – Sistemas de transporte Crédito: MNBB Studio/Shutterstock. Os sistemas de transporte “compreendem as atividades, os recursos e as instalações que compõem a capacidade de movimentar mercadorias e pessoas” (Razzolini Filho, 2012b, p. 75) e são compostos por cinco elementos essenciais: via de transporte, modais de transporte, força propulsora, instalações e sistema de controle. No que diz respeito aos modais de transportes, dividem-se em: aeroviário, aquaviário, dutoviário, ferroviário e rodoviário. Vamos conhecer a seguir as principais características de cada um deles, de acordo com Nogueira (2012) e Russo (2013): 4.1.1 MODAL AEROVIÁRIO Sua principal vantagem está na velocidade, no entanto, com custos muito elevados. Tem como principais características e é indicado para: transporte entre longas distâncias; itens pequenos, documentos e materiais de alto valor agregado; oferece maior eficácia para cargas urgentes e perecíveis; permite redução de custos com armazenagem, devido à sua rapidez. 4.1.2 MODAL AQUAVIÁRIO Trata-se do principal modal de transporte para cargas internacionais. Classifica-se em: Navegação de longo curso: também conhecido como navegação internacional, quando faz a ligação entre os portos de diferentes países; Navegação de cabotagem: quando faz a ligação entre os portos de um mesmo país; Transporte marítimo: realizado em mares e oceanos; Transporte fluvial: quando utilizada rios em sua navegação; Transporte lacustre: realizado em lagos. Tem como principais características e vantagens: movimentação de grandes volumes e cargas de baixo valor agregado; indicado para longas distâncias; baixa velocidade e, portanto, maior transit time. 4.1.3 MODAL DUTOVIÁRIO Utilizada a força da gravidade ou a pressão mecânica, para o transporte, por meio de dutos, de granéis, líquidos, gases e minérios. Dentre suas principais características, destacam-se: fluxo contínuo (24 horas por dia, 7 dias na semana); indicado para longas distâncias; alta confiabilidade e baixo risco de perdas e danos; baixa velocidade e restrição a poucos produtos. 4.1.4 MODAL FERROVIÁRIO Pouco utilizado no Brasil devido a problemas de infraestrutura, sendo utilizado para transporte de matérias-primas e de produto acabado. Possui como principais características: permite a movimentação de grandes volumes; indicado para médias e longas distâncias; recomendado para produtos de baixo valor agregado como minérios e fertilizantes; baixo custo; baixa velocidade. 4.1.5 MODAL RODOVIÁRIO Tem como principal característica a facilidade na entrega das mercadorias e é peça fundamental para a multimodalidade e intermodalidade. Destacam-se como suas principais características: complementa outros modais; indicado para pequenas e médias distâncias; único modal que realiza serviços porta a porta; possibilita maior rapidez nos embarques e nas entregas; exige embalagens mais simples e de menor custo. Cada modal possui características diferentes quanto a tempo de entrega, custos, flexibilidade e conhecer estas particularidades ajudam as empresas a definir qual a melhor opção de acordo com as suas necessidades. Saiba mais GASODUTOS. Petrobras, S.d. Disponível em: <https://petrobras.com.br/pt/nossas-atividade s/principais-operacoes/gasodutos/>. Acesso em: 14 jan. 2021. 4.2 CARACTERÍSTICAS PARA A ESCOLHA DO MODAL https://petrobras.com.br/pt/nossas-atividades/principais-operacoes/gasodutos/ Para que a empresa escolha o modal ou a combinação de modais mais indicada às suas necessidades, precisa levar em consideração cinco características: Velocidade – Refere-se ao tempo decorrido de movimentação em dada rota, sendo conhecido também como transit time. Sendo o modal aéreo o mais indicado; Disponibilidade – É a capacidade que o modal possui de atender diretamente pontos de origem e destino, caracterizando um serviço porta-porta. O transporte rodoviário apresenta maior disponibilidade, pois quase não apresenta limites de locais que pode atender; Confiabilidade – Representando a capacidade de cumprir os tempos previstos. Refere-se à variabilidade potencial das programações de entrega esperadas e divulgadas. Os dutos, devido a seu serviço contínuo e à possibilidade restrita de interferência por condições climáticas ou congestionamentos, se destacam neste item; Capacidade – Refere-se à possibilidade que um modal de transporte tem de movimentar ou transportar cargas de diferentes tipos e tamanhos. O destaque de capacidade é para o modal aquaviário; Frequência – Está relacionado à quantidade de movimentações programadas que o modal possui. Por trabalhar 24 horas por dia, 7 dias por semana, o duto pode ser acionado a qualquer momento, representando a maior frequência no comparativo entre os modais. Razzolini Filho (2012a) destaca que os sistemas de transporte são um elo entre empresas e clientes, ao longo da cadeia logística,com o objetivo de agilizar o fluxo físico dos materiais e que, quando bem geridos, são capazes de aumentar a competitividade das organizações. TEMA 5 – OPERADORES LOGÍSTICOS Figura 9 – Operadores logísticos Crésito: Constantin Stanciu/Shutterstock. De acordo com Dias (2012, p. 319), o operador logístico, também conhecido como 3PL (Third- Party Logistics), caracteriza-se como “a empresa prestadora de serviços especializa em coordenar, gerenciar e operar todas ou alguma parte das atividades logísticas”, agregando valor aos produtos de seus clientes. Para que uma empresa possa ser classificada como tal, ela deverá prestar no mínimo três serviços básicos como controle de estoques, armazenagem e gestão de transportes. Razzolini Filho (2012a, p.89) acrescenta que o operador logístico “é uma empresa especializada em assumir a operação parcial ou total de determinados processos dentro da cadeia logística”. Segundo Razzolini Filho (2012a) e Razzolini Filho (2012b), os provedores logísticos podem atuar em duas frentes: Provedores de serviços logísticos físicos: caracterizam-se por possuírem investimentos próprios em veículos, armazéns e equipamento de movimentação e prestam serviços como armazenagem, manuseio de materiais, transporte e desenvolvimento de embalagens; Provedores de serviços gerenciais: trabalham com serviços de gerenciamento e desenvolvimento de projetos logísticos e soluções customizadas para cada cliente, por meio do uso de sistemas de informação e capacidade analítica. Podem oferecer ainda serviços como o processamento de pedidos e gerenciamento de estoques. Dias (2012, p. 325) destaca como principais vantagens da contratação de um operador logístico: melhor utilização da capacidade disponível da matriz de transporte; utilização e combinação de modais mais eficientes; melhor utilização das tecnologias de informação; ganhos de escala e negociações de transporte; melhor utilização da infraestrutura para as atividades de apoio, tais como armazenagem e manuseio. Razzolini Filho (2012a) aborda quatro funções essenciais realizadas por um operador logístico. 5.1 FUNÇÃO ARMAZENAGEM O PL é responsável por armazenar adequadamente os bens de seus clientes e garantir sua integridade até a sua entrega. Nesse escopo, encontram-se: gerenciamento de estoque; guarda e rastreabilidade de materiais; disposição de espaços para recebimento e expedição de produtos; disposição de equipamentos de movimentação e estruturas para armazenagem; emissão de documentação para despacho; paletização para movimentação interna ou saída de materiais; atividades de utilização. 5.2 FUNÇÃO MANUSEIO Realiza o manuseio de bens armazenados, utilizando técnicas de movimentação e realizando atividades de consolidação e desconsolidação. A movimentação interna inclui: recebimento (entradas) de materiais em armazéns; expedição (saída) de bens para distribuição ou abastecimento de linha de produção. 5.3 FUNÇÃO PROCESSAMENTO DE PEDIDOS Compreende atividades como conferir condições comerciais das ordens (pedidos), validação do crédito de clientes, emissão de faturas e notas fiscais e o acompanhamento das ordens em andamento e ainda: acompanhamento de pedidos a fornecedores; rastreamento dos pedidos (status e prazo de entrega). 5.4 FUNÇÃO TRANSPORTE Trata-se da atividade de disponibilizar os bens aos clientes, realizando a transferência do ponto de origem ao ponto de destino. Nesse escopo, inclui-se: rastreamento e acompanhamento das cargas; entrega de pedidos completos e nos prazos acordados. negociação de fretes; homologação de fornecedores de transporte; mensurar o controlar o desempenho dos transportadores. Existem ainda os integradores logísticos, também conhecidos pelo termo Fourth-party Logistics (4PL), que são uma evolução dos operadores logísticos, pois oferecem serviços de gerenciamento das atividades estratégicas da cadeia de suprimentos, inclusivo gerenciando as atividades dos 3PLs. Por atuarem de forma estratégica, podem inclusive oferecer serviços de remodelagem de processos para que estes se tornem mais eficazes e eficientes, otimizando recursos e reduzindo custos. TROCANDO IDEIAS Existem muitos operadores logísticos no mercado. Um exemplo deles é a DHL Global Forwarding, que tem atuação internacional, mas existem muitos outros no mercado. Utilize o fórum da disciplina para interagir com seus colegas a respeito desse tema, respondendo às seguintes questões: Você conhece algum operador logístico? Quais são os serviços prestados por ele? NA PRÁTICA Realize a leitura do estudo de caso a seguir. Quando Natura (em 1969) e O Boticário (em 1977) foram criadas, não tinham ideia de que seriam concorrentes diretos 40 anos depois. Possivelmente, se fossem questionadas há 10 anos se eram concorrentes diretos, ambos diriam que trabalhavam na mesma categoria de negócios, atendiam segmentos de clientes semelhantes, mas os modelos de negócios eram distintos. No caso da Natura, a distribuição física de seus produtos era feita por meio de revendedoras na modalidade de catálogo. Figura 10 – Distribuição física dos produtos da Natura No Boticário, por sua vez, ocorria por meio de lojas físicas franqueadas. Figura 11 – Distribuição física dos produtos Boticário Em 2014, a Natura inicia suas vendas no e-commerce e em 2016 abre suas duas primeiras lojas físicas na cidade de São Paulo. O Boticário, a partir de 2010, inicia o processo de vendas no e- commerce e da loja de bolso (catálogo impresso). Assim, ambas se tornam concorrentes diretos por disponibilizarem seus produtos nos mesmos canais de distribuição (Kanter, 2016). Com base na leitura realizada, responda as perguntas a seguir: a. Qual é o tipo de canal de distribuição adotado, inicialmente, em cada empresa? b. É possível dizer que, após os anos 2010, ambas adotaram o mesmo tipo de canal de distribuição? Qual foi o modelo ou modelos adotados em cada empresa? FINALIZANDO Nesta aula, tivemos a oportunidade de conhecer melhor as temáticas que envolvem a última etapa da cadeia de suprimentos: a distribuição física. O conhecimento a respeito do eixo central desta aula foi construído com base na abordagem das noções básicas da distribuição física; da função dos intermediários e dos centros de distribuição de forma que as organizações possam estar mais próximas de seus clientes e consumidores. Por fim, da observação dos fundamentos dos sistemas de transporte e das funções exercidas por operadores logísticos nos processos de distribuição física. REFERÊNCIAS AMAZON abre primeiro Centro de Distribuição no Nordeste. R7, 13 dez. 2019. Disponível em: <https://www.folhavitoria.com.br/economia/noticia/12/2019/amazon-abre-primeiro-cd-no- nordeste>. Acesso em: 14 jan. 2021. BRASIL, C.; PANSONATO, R. Logística dos canais de distribuição. Curitiba: InterSaberes, 2018. CEVA assina contrato de três anos com o Grupo Boticário. Tecnologística, 8 jan. 2020. Disponível em: <Ceva assina contrato de três anos com o Grupo Boticário>. Acesso em: 14 jan. 2021. EXEMPLO de logística: Coca-cola. Blog Logística, 27 abr. 2017. Disponível em: <https://www.bloglogistica.com.br/mercado/exemplo-de-logistica-coca-cola/>. Acesso em: 14 jan. 2021. KANTER, R. Multicanais de vendas: o que aprendemos com a estratégia de Natura e Boticário. Endeavor, 4 out. 2016. Disponível em: <https://endeavor.org.br/marketing/multicanais-de-vendas-o- que-aprendemos-com-o-crescimento-de-natura-e-boticario/>. Acesso em: 14 jan. 2021. LOPES, H.; PONTES, J.; ALBERTIN, M. R. Logística e distribuição física. Curitiba. InterSaberes, 2017. MORAIS, R. R. Logística empresarial. Curitiba: InterSaberes, 2015. NOGUEIRA, A. S. Logística empresarial: uma visão local com pensamento global. São Paulo: Atlas, 2012. RAZZOLINI FILHO, E. Logística empresarial no Brasil: tópicos especiais. Curitiba: InterSaberes, 2012a. _____. Transporte e modais: com suporte de TI e SI. Curitiba: InterSaberes, 2012b. RUSSO, C. P. Armazenagem,controle e distribuição. Curitiba: InterSaberes, 2013. SHIGUNOV, A. N.; GOMES, R. M. Introdução ao estudo da distribuição física. Curitiba: InterSaberes 2016.