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COCOS GRAM POSITIVOS Staphylococcus Cocos Gram-positivos. Crescem seguindo um padrão de cacho de uvas, mas podem ocorrer na forma isolada, aos pares ou em cadeia curtas. Tradicionalmente o gênero é dividido em dois grupos, segundo a sua capacidade de coagular o plasma sanguíneo: Estafilococos coagulase (+) – Staphylococcus aureus Estafilococos coagulase-negativos – representam um grupo de mais de 30 espécies. Características do gênero Anaeróbios facultativos, imóveis e catalase-positivos. Têm capacidade de crescer em meios de cultura contendo até 10% de NaCl. Encontrados na pele e mucosas. São importantes patógenos do ser humano. Provocam uma série de doenças, incluindo doenças sistêmicas, infecções cutâneas, infecções oportunistas e doença das vias urinárias. Espécies associadas ao homem S. aureus S. epidermidis - endocardites S. saprophyticus – infecção do trato urinário S. lugdunensis S. warneri S. haemolyticus S. hominis S. capitis S. intermedius 6 Espécies de maior importância S. aureus S. epidermidis S. saprophyticus 7 Principais espécies causadoras de doenças humanas Espécie Característica Peculiaridades S. aureus Coagulase-positivo Infecções comunitárias e nosocomiais. Colonizante habitual das fossas nasais e pele. Potencial de resistência antimicrobiana. S. epidermidis Coagulase-negativo Infecções nosocomiais Microbiota habitual da pele Virulência menor Relacionado com próteses e dispositivos intravasculares S.saprophyticus Coagulase-negativo Infecção urinária Sexo feminino Staphylococcus aureus 1- Fisiologia e Estrutura Cápsula Peptidoglicano – estimula pirogênios endógenos, atrai fagócitos, ativa complemento. Proteína A Ácidos Teicóicos - medeiam a fixação. Fator de Aglutinação: proteína produzida pelo microrganismo (coagulase) é similar à protrombina e capaz de converter fibrinogênio em fibrina (coágulo). A coagulase pode ser encontrada em duas formas: Coagulase conjugada ou ligada (prova de lâmina) - converte fibrinogênio em fibrina diretamente. Coagulase livre (prova do tubo) - reage com o fator de coagulação do plasma. Toxinas Estafilocócicas Toxinas citolíticas (alfa, beta, delta, gama e leucocidina) – eritrócitos, macrófagos, plaquetas, fibroblastos e leucócitos. Toxina esfoliativa Toxina-1 da síndrome do choque tóxico (TSST-1) - febre, hipotensão, exantema e comprometimento de múltiplos sistemas orgânicos. Enterotoxinas (A–E) – toxinas termoestáveis, resistentes ao suco gástrico, provocam vômito, náusea e diarréia. Enzimas Estafilocócicas Coagulase Catalase: catalisa a conversão do peróxido de hidrogênio (H2O2) em água e O2. Hialuronidase: hidrolisa ácidos hialurônicos presentes no tecido conjuntivo. Fibrinolisina (Estafiloquinase): dissolve coágulo de fibrina. Lipases: hidrolisam lipídeos. Penicilinase: faz resistência à penicilina. DNAse: degrada o ácido nucleico (nuclease). Epidemiologia Ubíquos, encontrados na pele, principalmente nas dobras úmidas, orofaringe, trato gastrintestinal e urogenital. São eliminados comumente por serem encontrados na pele e nasofaringe, causando muitas infecções hospitalares. São susceptíveis a altas temperaturas, desinfetantes e soluções anti-sépticas. Mas podem sobreviver por longos períodos em superfície secas. Síndromes Clínicas O Staphylococcus aureus causa doença através da produção de toxina ou através da invasão direta e destruição do tecido, causando abcessos, infecções piogênicas, intoxicação alimentar e choque. Síndromes Clínicas 1- Doenças mediadas por toxinas: Síndrome da Pele Escaldada Intoxicação alimentar Síndrome do Choque Tóxico 2- Doenças supurativas: Impetigo, foliculite, furúnculo, carbúnculo, etc. Endocardite, pneumonia, empiema Osteomielite, artrite séptica. S. aureus – agente mais comum de infecções piogênicas 1- Pele Foliculite – Infecção de um folículo piloso em decorrência de sua obstrução. Furunculose – Infecção de folículos pilosos, glândulas sebáceas e tecido subcutâneo adjacente. Carbúnculo – Furúnculo com vários sítios de drenagem localizado na nuca ou parte superior das costas. Impetigo – infecção superficial da pele. Hidradenite – processo infeccioso das glândulas sudoríparas. Hordéolo – Vulgarmente conhecido por terçol, infecção da glândula pilosebácea da pálpebra. Celulite - infecção profunda da pele com comprometimento do tecido subcutâneo. Síndrome da pele escaldada, Dermatite esfoliativa bolhosa, Impetigo bolhoso. 2- Síndrome do Choque Tóxico - inclui febre, erupção cutânea, pressão arterial perigosamente baixa e insuficiência de vários órgãos. 3- Intoxicação Alimentar Estafilocócica: causada pelo alimento contaminado com a toxina (período de incubação de 4h; sintomas acabam após 24h). 4- Infecções Oportunistas: Bacteremia, Endocardite, Pneumonia, Osteomielite e Artrite Séptica. Diagnóstico Laboratorial Bacterioscopia pelo Gram Cultura: cultivados em meio sólido, suplementados com sangue de carneiro (ágar-sangue). Em amostras contaminadas, é possível isolar seletivamente o S. aureus em agar suplementado com 7,5% de NaCl. Pode-se também suplementar o ágar com manitol. Produzem colônias douradas. Exibem hemólise causada por citotoxinas. Identificação Testes bioquímicos: Coagulase Dnase - enzima capaz de despolimerizar o ácido nucleico. Fermentação do manitol contendo 7,5% de NaCl Catalase DNase Positivo (+): Zona rosa brilhante ao redor da estria bacteriana contra um fundo azul royal. Para os estafilococos coagulase negativos, realiza-se a prova da novobiocina: Resistente – S. saprophyticcus Sensível – S. epidermidis Prevenção A profilaxia das infecções por Staphylococcus sp ganha destaque pelo aumento da ocorrência de infecções hospitalares e a necessidade de controle dos surtos. No caso de S. aureus, os surtos podem se desenvolver com grande rapidez, em áreas com elevado potencial como as unidades de queimados, os centros de terapia intensiva e as unidades de hemodiálise. A medida mais importante para o controle de S. aureus no ambiente hospitalar é a lavagem das mãos. A prevenção da infecção estafilocócica deve ter um maior controle em situações consideradas de maior risco como: utilização de cateteres, cirurgias e transmissão através dos profissionais de saúde, de um paciente para o outro. Tratamento Menos de 5% das cepas são sensíveis à penicilina. Apesar de desenvolver resistência a antibióticos e existirem cepas resistentes à meticilina (MRSA) e já também resistência intermediária à vancomicina (VRSA), os casos graves são tratados com vancomicina. Streptococcus Este gênero engloba cocos Gram-positivos que se dispõe aos pares ou cadeias. São imóveis. A maioria das espécies é anaeróbia facultativa e exigem meio de cultura suplementados por sangue para seu isolamento. São catalase negativos. A diferenciação das espécies é complexa, e são utilizados pelo menos três esquemas diferentes para a classificação: 1- Propriedades sorológicas (Classificação de Lancefield) 2- Padrões hemolíticos 3- Propriedades bioquímicas CLASSIFICAÇÃO Shotmuller et al. (1903): Ágar Sangue Brow (1919): Introduziu os termos Alfa, Beta e Gama hemólise. 1933 - Rebecca Lancefield (1895-1981) Características antigênicas: Carboidrato C Grupos sorológicos de Lancefield: A B C D F G → Área médica H K L M N O P Q R S T U V Obs - S. pneumoniae e estreptococcus viridans - Não Agrupáveis Streptococcus do Grupo A Streptococcus pyogenes Tem crescimento ótimo em meios enriquecidos em ágar-sangue, porém é inibido na presença de elevada concentração de glicose. São beta-hemolíticos Importante causador de doenças supurativas e não supurativas. Patogenia e Imunidade Cápsula (Ác. Hialurônico - antifagocítica) Proteína M (antifagocítica; degrada C3b) Proteína F (aderência) Exotoxina Pirogênica Estreptolisina S e O (lisam células sanguíneas) Estreptoquinase (lisa coágulo sanguíneo) C5a-peptidase DNase (Desoxiribonuclease) Epidemiologia Colonizamtransitoriamente a orofaringe de crianças sadias e adultos jovens. A doença por estreptococos do grupo A é causada por cepas recentemente adquiridas. A transmissão é feita de indivíduo para indivíduo através de perdigotos. Nas infecções do tecido mole, a colonização inicial é na pele. Síndromes Clínicas 1- Doença Estreptocócica Supurativa Faringite Escarlatina Piodermite (impetigo) Erisipela Celulite Fasciite necrotizante (gangrena estreptocócica) Síndrome do Choque Tóxico Estreptocócico Bacteremia 48 2- Doença Estreptocócica Não-Supurativa Febre reumática Tem natureza inflamatória, sendo uma complicação tardia de uma infecção supurativa pelo S. pyogenes. Pode envolver as válvulas cardíacas, as articulações, a pele, os vasos e o SNC. Está geralmente associada à faringite estreptocócica, mas não a infecções cutâneas. Busca-se os seguintes objetivos no tratamento: Erradicação do Streptococcus pyogenes Prevenir novas infecções estreptocócicas Suprimir o processo inflamatório Tratamento das manifestações clínicas Glomerulonefrite aguda difusa pós-estreptocócica (GNDA) Também conhecida como Doença de Brigth; Manifesta-se por hematúria, edema e hipertensão; A GNDA se segue à infecção da orofaringe ou da pele. Diagnóstico Laboratorial Bacterioscopia pelo Gram Detecção Antigênica Cultura Detecção de anticorpos Sensibilidade à bacitracina Hidrolizam a PYR (pirrolidonil beta naftilamida) através da enzima pirrolidonil peptidase. • PYR positivo: pink • PYR negativo: amarela Bacitracina Tratamento, Prevenção e Controle São sensíveis à penicilina. Em casos de alergia, pode-se utilizar eritromicina ou cefalosporinas. OBS: A infecção estreptocócica causadora de febre reumática sofre recidiva senão for tratada profilaticamente. O risco de recidiva diminui com o aumento da idade.