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ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO Professora Maria da Graça Saraiva Nogueira E-mail: proffgraca@gmail.com U n id ad e 8 – Te cn o lo gi a d e p ro ce ss o DISCIPLINA DE ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO Faça a leitura da unidade 8 – Tecnologia de processo e, ao final da aula, os grupos vão apresentar as questões: • O que é tecnologia de processo? • O que os gerentes de produção precisam saber sobre a tecnologia de processo? • Como são avaliadas as tecnologias de processo? • Como são implementadas as tecnologias de processo? 8 Tecnologia de processo Há muita novidade em torno da tecnologia de processo. Poucas operações, se houver alguma, não são afetadas pelos avanços na tecnologia do processo. Tudo indica que o passo do desenvolvimento tecnológico não está desacelerando. Isso tem implicações importantes para os gerentes de produção porque todas as operações utilizam algum tipo de tecnologia de processo, seja um simples link de internet ou as mais complexas e sofisticadas fábricas automatizadas. Entretanto, qualquer que seja a tecnologia, todos os gerentes de produção precisam entender o que as tecnologias emergentes podem fazer em termos gerais, como fazem, que vantagens a tecnologia pode oferecer e que restrições pode impor sobre a operação 8 Tecnologia de processo • O que é tecnologia de processo? • O que os gerentes de produção precisam saber sobre a tecnologia de processo? • Como são avaliadas as tecnologias de processo? • Como são implementadas as tecnologias de processo? O que é tecnologia de processo? Uma das decisões mais importantes hoje para moldar a capacitação das operações diz respeito à forma como os gerentes de produção lidarão com a tecnologia de processo. Nem sempre a situação foi essa, pelo menos não para todas as operações. Costumava haver uma simples divisão entre as operações que usavam muita tecnologia de processo, geralmente operações de fabricação, e as que usavam pouca ou nenhuma tecnologia de processo, normalmente as operações de serviço. Os serviços de alto volume há anos entenderam o valor da tecnologia de processo. As transações online para os serviços de varejo e outros serviços são vitais para seu sucesso. Os serviços profissionais, como os de advocacia e medicina, podem beneficiar-se das novas tecnologias de valor agregado. O que é tecnologia de processo? Os gerentes de estão continuamente envolvidos com escolha, instalação e gestão da tecnologia de processo. Entretanto, gerentes de produção não são (nem precisam ser) tecnólogos. Não precisam ser especialistas em engenharia, computação, biologia, eletrônica ou em qualquer área que constitui a ciência básica da tecnologia. Todavia, devem ser capazes de fazer três coisas. Primeiro, precisam entender a tecnologia de modo que possam articular o que se deve fazer. Segundo, devem ser capazes de avaliar tecnologias alternativas e saber qual delas escolher. Terceiro, devem implementar a tecnologia de modo que esta possa alcançar seu potencial pleno na contribuição para o desempenho da operação como um todo. Definição da tecnologia de processo São “máquinas, equipamentos e dispositivos que criam e/ou entregam produtos e serviços”. As tecnologias de processo variam de ordenhadeiras mecânicas a softwares de identificação, de aparelhos de scanner a fornos de panificação, de celulares a fresadoras. A Disney World usa tecnologias de simulação de voo para criar a emoção da viagem espacial em suas atrações – apenas um estágio na longa história da Disney Corporation e seus profissionais criativos com uso da tecnologia para proporcionar a experiência a seus clientes. De fato, a tecnologia de processo permeia todos os tipos de operações. Sem ela, muitos dos produtos e serviços que compramos seriam menos confiáveis, demorariam mais tempo para chegar e chegariam inesperadamente, estariam limitados apenas a uma pequena variedade e custariam mais caro. Definição da tecnologia de processo A tecnologia de processo tem efeito muito significativo em qualidade, velocidade, confiabilidade, flexibilidade e custo. É por isso que ela é tão importante para os gerentes de produção. Mesmo quando a tecnologia parece periférica na criação real de bens e serviços, ela pode exercer um papel importante em facilitar a transformação direta dos inputs para uma operação. Por exemplo, os sistemas de computação que controlam as atividades de planejamento e controle, os sistemas contábeis e os sistemas de controle de estoque podem ser usados para ajudar gerentes e operadores a controlar e aprimorar os processos. Esse tipo de tecnologia é denominado tecnologia de processo indireto e está se tornando cada vez mais importante. Muitas empresas gastam mais em sistemas de computação que controlam seus processos do que em tecnologia de processo direto, que age sobre seus materiais, informações e clientes. Tecnologia de processo e recursos transformados Um método comum de distinguir entre tipos diferentes de tecnologia de processo recorre ao que a tecnologia realmente processa – materiais, informações ou clientes. Tecnologias de processamento de materiais Abrangem qualquer tecnologia que molde, transporte, estoque ou que mude objetos físicos de alguma forma. Obviamente, inclui as máquinas e equipamentos encontrados nas operações de fabricação, mas também inclui caminhões, esteiras transportadoras, máquinas de embalagem, sistemas de armazenagem e até unidades de mostruário (vitrines) utilizadas no varejo. Nas operações de fabricação, os avanços tecnológicos sinalizam que os meios pelos quais metais, plásticos, tecidos e outros materiais são processados vêm melhorando no decorrer do tempo. Geralmente, a formação e a moldagem inicial dos materiais e seu manuseio e movimentação ao longo da rede de suprimento são mais afetados pelos avanços tecnológicos. A montagem de produtos a partir de suas partes, embora muito mais automatizada do que antes, apresenta os maiores desafios. Tecnologia de processamento das informações A tecnologia de processamento das informações, ou apenas tecnologia da informação (TI), é o tipo mais comum de tecnologia nas operações e inclui qualquer dispositivo que colete, manipule, estoque ou distribua informação. Seguramente, o uso de tecnologia baseada na internet (geralmente conhecida como e-business) vem tendo o impacto mais óbvio nas operações – especialmente as dedicadas às atividades de compra e venda (e-commerce). Sua vantagem é o aumento da cobertura (número de clientes que podem ser atingidos e o número de itens que podem ser apresentados) e da riqueza (número de detalhes que podem ser fornecidos sobre esses itens e o comportamento dos clientes que os compram). Tradicionalmente, vender consistia em um trade-off (negociação) entre cobertura e riqueza. Efetivamente, a internet superou essa negociação. Ela teve implicações igualmente poderosas sobre muitas outras tarefas de administração da produção. Tecnologia de processamento de clientes Embora as operações de processamento de clientes já tenham sido consideradas de “baixa tecnologia”, essa tecnologia agora é muito mais evidente em muitos serviços. Por exemplo, em qualquer voo de linha aérea, a tecnologia de reserva de e-ticket, a tecnologia de check-in, o entretenimento a bordo da aeronave, todos exercem papéis vitais na entrega de serviço. O elemento humano do serviço vem sendo cada vez mais reduzido, com a tecnologia de processamento de clientes sendo usada para fornecer um nível aceitável de serviço com redução significativa de custos. Há três tipos de tecnologias de processamento de clientes: A primeira categoria inclui a tecnologia de interação ativa, como automóveis, telefones, reservas e compras pela internet, equipamentos de fitness e caixas eletrônicos. Em tudo isso, os próprios clientes usam a tecnologia para criar o serviço. Em contraste, aviões, sistemas de transporte em massa, esteiras rolantes e elevadores,cinemas e parques temáticos compõem as tecnologias interativas passivas; elas “processam” e controlam os clientes ao restringir suas ações de algum modo. Algumas tecnologias têm “ciência” dos clientes, mas não o contrário; por exemplo, as tecnologias de monitoramento da segurança em shopping centers ou em áreas de fronteira internacional. O objetivo dessas “tecnologias ocultas” é rastrear a movimentação de clientes ou transações de forma não intrusiva. Tecnologias de integração Sem dúvida, algumas tecnologias processam mais de um tipo de recurso. Muitas tecnologias mais novas processam combinações de materiais, pessoas e clientes. São denominadas tecnologias de integração. Por exemplo, a tecnologia de ponto de venda eletrônico em lojas processa compradores, produtos e informações. 8 Tecnologia de processo • O que é tecnologia de processo? • O que os gerentes de produção precisam saber sobre a tecnologia de processo? • Como são avaliadas as tecnologias de processo? • Como são implementadas as tecnologias de processo? O que os gerentes de produção precisam saber sobre a tecnologia de processo? Entender a tecnologia de processo não (necessariamente) significa conhecer os detalhes da ciência e da engenharia embutidas na tecnologia. Significa conhecer o suficiente sobre os princípios por trás da tecnologia para estar confortável ao avaliar alguma informação técnica, ser capaz de lidar com especialistas na tecnologia e ter confiança suficiente para levantar questões relevantes. • O que essa tecnologia faz que é diferente de outras tecnologias similares? • Como faz isso? Ou seja, que características particulares da tecnologia são usadas para desempenhar sua função? • Que benefícios a tecnologia oferece à operação produtiva? • Quais as restrições ou riscos que o uso da tecnologia traz para a operação? As quatro questões-chave podem ajudar os gerentes de produção a compreender os elementos essenciais da tecnologia: O que faz a tecnologia? É usada principalmente para manipular materiais – por exemplo, carregar e descarregar peças de trabalho em uma máquina, para processamento por uma ferramenta fixada a um robô e para montagem quando o robô reúne as partes. Alguns robôs têm feedback sensorial limitado através do controle de visão e de toque. Como faz isso? Mediante um braço programável e controlado por computador (às vezes, multiarticulado), com um dispositivo efetor na ponta que dependerá da tarefa a ser desempenhada. As quatro questões-chave podem ajudar os gerentes de produção a compreender os elementos essenciais da tecnologia: Que benefícios proporciona? Pode ser usado quando as condições são perigosas ou desconfortáveis para humanos, ou quando as tarefas são altamente repetitivas. Desempenha tarefas repetitivas a um custo menor do que se fossem feitas por pessoas, além de proporcionar maior precisão e repetibilidade. Alguns robôs estão começando a imitar as habilidades humanas. Que restrições ou riscos impõe? Embora a sofisticação do movimento em torno da robótica seja crescente, suas habilidades estão ainda mais limitadas do que sugerem as imagens populares de fábricas dirigidas por robôs. Eles nem sempre são bons em desempenhar tarefas que exigem feedback sensorial delicado ou raciocínio sofisticado. A interface humano-robô precisa de gerenciamento cuidadoso, especialmente onde a robótica pode substituir as tarefas desempenhadas por humanos. Tecnologias emergentes – avaliando suas implicações Existem questões que são universais no sentido de que podem ajudar a entender as implicações para a administração da produção de qualquer tecnologia nova ou emergente. Por “implicações” entendemos a consequência natural para a operação de adotar a tecnologia. Em outras palavras, quais seriam (ou poderiam ser) os efeitos sobre a operação se a tecnologia fosse incluída em seus recursos de transformação. Examinaremos três importantes tecnologias: A primeira processa materiais (impressão 3D); A segunda processa informação (a internet das coisas); e, A terceira processa clientes (telemedicina). 1 Impressão 3D (fabricação aditiva) Há décadas – e em algumas indústrias, há séculos –, a fabricação de produtos físicos tem sido dominada pelos princípios de produção em massa. Projetos padronizados, processos repetitivos e rígidos, mas a tecnologia de processo produtivo ajuda a produzir a maioria dos itens que usamos diariamente a custo (relativamente) baixo. A desvantagem da produção em massa foi que a variedade e a customização são difíceis de atingir simultaneamente ao atingimento de economias de escala. Entretanto, uma tecnologia de processo denominada impressão 3D (também conhecida como “fabricação aditiva”) pode ter o potencial de mudar fundamentalmente a economia da fabricação, e ao fazê-lo desafia o domínio da produção em massa. Porém, a impressão 3D não é uma nova tecnologia como tal. Desde os anos 1990 os projetistas estão usando a tecnologia para fazer protótipos ou partes de produtos com rapidez e baratos antes que se comprometam com as despesas de equipar uma fábrica para produzir a coisa real. Todavia, a tecnologia avançou ao ponto em que é usada não apenas para fazer protótipos, mas também para fabricar produtos acabados para clientes reais. Impressão 3D (fabricação aditiva) Uma impressora 3D produz um objeto tridimensional pela sobreposição de camadas de material até a forma final ser obtida. É por isso que é também conhecida como “fabricação aditiva”, porque começa do nada e camadas sucessivas são sobrepostas. Isso contrasta com a “fabricação subtrativa”, que começa com mais material do que um item requer e o reduz mediante corte, perfuração, compressão e outras formas de remoção de material até a forma acabada ser atingida. O processo começa com um projeto baseado em computador que é “digitalmente desconstruído” pelo software, o qual divide o projeto em uma série de fatias digitais virtuais; os detalhes de cada fatia são, então, enviados à impressora 3D. Materiais diferentes podem ser usados para construir o objeto, de plástico a metais (e até mesmo comida), em vários tamanhos, limitados apenas pela capacidade da impressora. Implicações A implicação óbvia da impressão 3D é o efeito que tem na economia de produção, especialmente a economia de fabricar pequenas quantidades de itens economicamente novos e/ou complicados. Os proponentes mais entusiasmados da tecnologia dizem que, pelo menos, a compensação entre velocidade e eficiência, por um lado, e flexibilidade e variedade, por outro, foi superada. A maioria das tecnologias de processo convencionais é mais eficiente quando produtos padronizados são fabricados em grandes lotes. Porém, com a impressão 3D o custo de mudar de um produto para outro é efetivamente zero. Além disso, por ser uma tecnologia “aditiva”, reduz significativamente o desperdício; por exemplo, às vezes, cerca de 90% de material é desperdiçado na fabricação de algumas peças aeroespaciais. Além disso, possibilita que um único item “experimental” possa ser fabricado a custo baixo e com rapidez, seguido por outro depois de o projeto ter sido aperfeiçoado. 2 A internet das coisas Nos últimos anos, o pleno potencial da tecnologia RFID (Radio Frequency Identification) chegou a um nível mais revolucionário e que oferece algumas implicações importantes à administração da produção. Embutir em objetos físicos sensores e atuadores (de veículos a produtos farmacêuticos) e conectá-los à internet, usando redes sem fio e um protocolo de acesso, permite que redes de informação e redes físicas se fundam para formar o que se tornou conhecido como “Internet das Coisas” (IoT). As tecnologias RFID são etiquetas presas a itens individuais de modo que cada um possua seu próprio código de identificação exclusivo. Em vários pontos ao longo da sequência de fabricação, distribuição, estocagem e venda, cada etiqueta inteligente pode ser escaneada por um “leitor”de radiofrequência sem fio. A identidade embutida no código pode ser transmitida para uma rede, como a internet. A internet das coisas A empresa SAP, desenvolvedora de sistemas ERP (Enterprise Resource Planning), descreve assim a internet das coisas: “Um mundo onde objetos físicos estão perfeitamente integrados à rede de informação e os objetos físicos podem tornar-se participantes ativos dos processos de negócio. Existem serviços disponíveis para interagir com esses ‘objetos inteligentes’ na internet, pesquisar e mudar seu estado e qualquer informação associada a eles, levando em conta questões de segurança e privacidade.” A internet das coisas Implicações A IoT promete criar novos modos de fazer negócio, melhorar processos e reduzir custos e riscos. Colocar sensores nas “coisas” dá às redes de informação a habilidade de gerar volumes imensos de dados móveis que podem “sentir” o ambiente e se comunicar com as “coisas”. Os gerentes de produção podem rastrear e analisar os dados para entender o que está ocorrendo, mesmo em sistemas complexos, e responder rapidamente se necessário. Isso ajuda a produção a economizar montantes significativos de dinheiro em perda, roubo ou desperdício de produtos ao ajudar fabricantes, empresas distribuidoras e varejistas a indicar exatamente a posição e o estado de cada item na rede de suprimento. Por exemplo, se um produto precisasse ser recolhido por causa de um alarme de risco à saúde, a localização exata de cada produto potencialmente perigoso poderia ser imediatamente identificada. Os compradores poderiam escanear facilmente os produtos para conhecer mais sobre suas características e funcionalidades ainda na loja; a espera nos caixas poderia ser eliminada porque os itens seriam escaneados automaticamente pelos leitores, e a fatura, debitada automaticamente em sua conta pessoal ao sair da loja. Há também benefícios potenciais em rastrear produtos após a saída da loja. Os dados sobre como os clientes usam os produtos podem ser coletados automaticamente, e a reciclagem rigorosa dos materiais de descarte pode ser consideravelmente mais fácil. A McKinsey, empresa de consultoria, identifica tipos distintos de aplicações emergentes que afetam os gerentes de produção. Essas implicações classificam-se em duas categorias gerais: primeira, informação e análise; segunda, automação e controle. Informação e análise Em razão de as redes IoT vincularem os dados a partir de produtos, equipamentos, processos e ambiente operacional, elas produzirão informações aprimoradas e análise mais sofisticada que possam ampliar as decisões de administração da produção. Em especial, três aspectos da informação e análise podem ser afetados: • Saber onde as coisas estão – o rastreamento será mais fácil porque as movimentações de produtos e suas interações com processos serão monitoradas em tempo real. Por exemplo, algumas seguradoras instalam sensores nos carros dos segurados, permitindo-lhes basear suas apólices em como um carro é dirigido e onde se movimenta. • Saber o que está ocorrendo – os dados de grande número de sensores, localizados em recursos de infraestrutura, como rodovias e prédios, podem relatar as condições ambientais, de modo que os gerentes tenham consciência instantânea dos eventos. Por exemplo, os sistemas de segurança podem usar as informações dos sensores a partir de uma combinação de vídeo, áudio e vibração para detectar entrada não autorizada em áreas restritas. • Saber o que fazer – o armazenamento de IoT e o poder de computação, quando combinados a sistemas avançados de apoio à decisão, podem melhorar significativamente a tomada de decisão. Por exemplo, nas vendas do varejo, os compradores podem ser monitorados enquanto se movimentam pelas lojas. Sensores registram quanto tempo eles permanecem nas vitrinas e mostruários e o que compram. Os dados resultantes podem ajudar a otimizar os arranjos físicos das lojas. Automação e controle O monitoramento e a coleta de dados estão no centro da atividade de controle, e monitoramento e dados são o que a IoT faz de melhor. Quando as informações são inseridas em uma rede para algum tipo de automação que possa intervir e modificar o comportamento de processos, o controle pode ser exercido sem a intervenção humana. Novamente, três aspectos podem ser afetados: • Otimização do processo – os processos que podem ser controlados são mais facilmente otimizados. Por exemplo, em alguns processos semicontínuos na fabricação de celulose e papel, a exigência de a temperatura dos fornos ser continuamente ajustada limita sua produtividade. Todavia, ao embutir sensores de temperatura no processo, a chama do forno pode ser automaticamente ajustada para reduzir a variação da temperatura para próximo de zero, sem intervenção frequente do operador. • Uso de recurso otimizado – saber exatamente quanto recurso está sendo usado pode ajudar a reduzir os custos. Por exemplo, algumas empresas de energia fornecem aos clientes medidores “inteligentes”, com mostradores que indicam o uso e os custos da energia em tempo real. Isso permite aos clientes tomarem algumas decisões, como mudar o horário de uso de processos com uso intensivo de energia, do período de demanda intensiva para um período de baixa demanda, fora do pico. • Reações rápidas – o maior uso da IoT envolve detecção rápida, em tempo real, de circunstâncias imprevisíveis e respostas imediatas controladas por sistemas automatizados. A ideia é a IoT imitar as reações dos tomadores de decisão humanos, mas em um nível mais rápido e mais preciso. Por exemplo, pode ser possível um grupo de robôs limpar vazamentos tóxicos quando estes forem detectados. 3 Telemedicina Os avanços tecnológicos em assistência médica relatados frequentemente na imprensa focam as incríveis “curas milagrosas” que, sem dúvida alguma, têm melhorado a qualidade dos serviços médicos. Todavia, todo um conjunto de mudanças na tecnologia de processos médicos vem impondo forte impacto no modo como as operações de assistência médica se autogerenciam. Especialmente a telemedicina vem desafiando uma das suposições mais fundamentais do tratamento médico – que os profissionais de saúde precisam estar fisicamente presentes para examinar e diagnosticar um paciente. Não faz muito tempo que dispositivos conectados à internet estão habilitados para monitorar os dados relacionados à saúde de um indivíduo e comunicar as informações aos profissionais localizados em qualquer parte do mundo, permitindo-lhes serem alertados a mudar as condições à medida que ocorrem, fornecendo-lhes um relatório das condições de saúde de uma pessoa, de modo que o tratamento apropriado possa ser administrado. Geralmente, telemedicina refere-se ao uso das tecnologias de comunicação e informação para prestar a assistência médica. Formalmente, é a habilidade de fornecer assistência médica interativa, usando tecnologia e telecomunicações modernas. Permite que os pacientes sejam virtualmente “visitados” por médicos: às vezes, ao vivo, usando links de vídeo; às vezes, automaticamente, no caso de uma emergência; às vezes, pela gravação dos dados de um paciente que são enviados a médicos para diagnóstico e posterior acompanhamento do tratamento. Telemedicina A telemedicina pode ser tão simples quanto dois profissionais de saúde discutindo um caso por telefone ou tão complexo quanto usar algoritmos de diagnóstico e equipamento de videoconferência para conduzir uma consulta em tempo real entre médicos especialistas de diferentes países. O primeiro sistema de telemedicina interativa foi desenvolvido e vendido nos Estados Unidos pela MedPhone Corporation, em 1989. Operava em linhas telefônicas padronizadas e foi usado para diagnóstico remoto e tratamento de pacientes que necessitavam de ressurreição cardíaca. Um ano depois, a empresa lançou uma versão por telefonia celular. De modo geral, há três tipos de telemedicina: armazenagem e encaminhamento dedados; monitoramento remoto; e, serviços interativos. Telemedicina Telemedicina de armazenagem e encaminhamento de dados. Envolve a obtenção de dados médicos, como imagens, resultados de testes sanguíneos, dados dermatológicos, biossinais etc., que depois são transmitidos remotamente a um médico especialista em tempo conveniente para avaliação offline. Em razão de não requerer a presença de ambas as partes ao mesmo tempo, não há exame físico real e, às vezes, nenhuma oportunidade de coletar um histórico médico. Esse processo requer que o médico dependa de um relatório médico e, talvez, de informações de áudio/vídeo como substitutos de um exame físico. Telemedicina de monitoramento remoto. Permite aos profissionais de medicina monitorar remotamente um paciente usando vários dispositivos tecnológicos. Esse método é usado principalmente para o acompanhamento de doenças crônicas (de longa duração) ou de condições específicas, como doença cardíaca. Visto que o monitoramento é quase contínuo, os serviços de monitoramento remoto podem fornecer resultados de saúde melhores ou, pelo menos, comparáveis às interações tradicionais entre médico e paciente. Além disso, podem ser mais convenientes para ambos. Telemedicina interativa. Envolve interações em tempo real entre paciente e provedor. Pode incluir comunicação online, conversas telefônicas e visitas domésticas por um não especialista. Esse tipo de telemedicina é semelhante às visitas físicas tradicionais a um médico e podem ser realizadas (pelo menos, parcialmente) atividades normais, como revisão de histórico médico, exame físico, avaliações psiquiátricas etc. 8 Tecnologia de processo • O que é tecnologia de processo? • O que os gerentes de produção precisam saber sobre a tecnologia de processo? • Como são avaliadas as tecnologias de processo? • Como são implementadas as tecnologias de processo? Como são avaliadas as tecnologias de processo? A decisão mais comum relacionada à tecnologia em que os gerentes de produção estarão envolvidos é a escolha entre tecnologias alternativas. Trata-se de uma decisão importante porque a tecnologia de processo pode ter efeito significativo sobre a capacidade estratégica da operação a longo prazo; ninguém deseja modificar tecnologias caras com muita frequência. Isso significa que as características das tecnologias alternativas precisam ser avaliadas de modo que possam ser comparadas. Aqui, usamos quatro conjuntos de critérios de avaliação: • A tecnologia ajusta-se à tarefa de processamento para a qual se destina? • A tecnologia melhora o desempenho da operação? • A tecnologia proporciona um retorno financeiro aceitável? • A tecnologia ajusta-se à tarefa de processamento para a qual se destina? A tecnologia melhora o desempenho da operação? Qualidade – o impacto na qualidade pode ser o fato de que o sistema computadorizado não está propenso a erro humano, o que pode ter anteriormente resultado em retirada de peça errada da prateleira. Velocidade – o novo sistema pode ter condições de retirar itens das prateleiras com maior rapidez e segurança do que operadores humanos. Confiabilidade – isso dependerá de como está a confiabilidade no novo sistema. Se for menos provável que haja interrupção do que acontecia com os operadores no antigo sistema (ausência por doença etc.), o novo sistema pode melhorar a confiabilidade do serviço. Flexibilidade – é provável que a flexibilidade do novo serviço não seja tão boa quanto no sistema manual anterior. Por exemplo, há limite físico ao tamanho dos produtos quando são retirados das prateleiras pelo sistema automático, enquanto as pessoas são capazes de se adaptar ao realizar novas tarefas de modo diferente. A flexibilidade de mix será também menor do que no sistema anterior, pela mesma razão. Entretanto, a flexibilidade de volume (e, talvez, de entrega) pode ser melhor. O novo sistema pode funcionar por maior número de horas quando a demanda for mais alta do que o esperado ou os prazos forem mudados. Custo – certamente o novo sistema vai requerer menor número de operadores no armazém, mas necessitará de apoio de engenharia e manutenção. Entretanto, de maneira geral, os custos de mão de obra serão na certa menores. A tecnologia proporciona um retorno financeiro aceitável? Avaliar o custo financeiro do investimento em tecnologia de processo é um assunto especializado. Enquanto os benefícios de investir em nova tecnologia podem durar por vários anos, os custos associados ocorrem, geralmente, em prazo muito mais curto. Temos que considerar o valor do dinheiro no tempo. Isso significa simplesmente que receber $ 1.000 agora é melhor do que receber um ano depois. Esse recebimento possibilita-nos investir o dinheiro que valerá mais do que os $ 1.000 que recebemos no tempo de um ano. Por outro lado, revertendo a lógica, podemos nos perguntar quanto precisaria ser investido agora para se obterem $ 1.000 um ano depois. Esse montante (inferior a $ 1.000) é denominado valor presente líquido de um valor a ser recebido um ano depois. A tecnologia ajusta-se à tarefa de processamento para a qual se destina? Tecnologias de processo diferentes serão apropriadas para diferentes tipos de operações, não apenas porque processam recursos transformados diferentes, mas também porque fazem isso em diferentes níveis de volume e variedade. Geralmente, processos de alta variedade e baixo volume requerem tecnologia de processo que seja de propósito geral porque pode desempenhar grande variedade de atividades de processamento que a alta variedade exige. Processos de alto volume e baixa variedade podem usar tecnologias que sejam mais dedicadas a sua faixa mais estreita de requisitos de processamento. Dentro do espectro que vai de tecnologias de propósito geral a tecnologias de processo dedicadas, três dimensões tendem a variar com o volume e a variedade. A tecnologia ajusta-se à tarefa de processamento para a qual se destina? Grau de automação da tecnologia Até certo ponto, qualquer tecnologia necessita de intervenção humana. Pode ser mínima, por exemplo, nas intervenções de manutenção periódica de uma refinaria petroquímica. Inversamente, a pessoa que opera a tecnologia pode ser o “cérebro” do processo, por exemplo, o cirurgião que adota técnicas de cirurgia laparoscópica. A razão entre o esforço tecnológico e o humano empregado é, às vezes, denominada intensidade de capital da tecnologia do processo. Geralmente, os processos de alta variedade e baixo volume empregarão tecnologia de processo com menor grau de automação do que os de alto volume e menor variedade. Por exemplo, os bancos de investimento trabalham com “derivativos” financeiros altamente complexos e sofisticados, frequentemente customizados conforme as necessidades dos clientes individuais, e cada um pode valer milhões de dólares. O pessoal de retaguarda do banco (back office) tem que processar esses negócios para assegurar que os pagamentos sejam pontuais, os documentos sejam trocados e assim por diante. Parte desse processamento será feita usando-se tecnologia de processo relativamente geral, como planilhas eletrônicas. Funcionários da retaguarda habilitados estão tomando as decisões em vez da tecnologia. Compare isso com os produtos de alto volume e baixa variedade, como as transações em títulos ou ações. A maioria desses produtos é simples e direta, processada em alto volume (milhares e milhares ao dia) por uma tecnologia “automatizada”. Escala/escalabilidade da tecnologia Com frequência há algum critério quanto à escala de unidades individuais de tecnologia. Por exemplo, o departamento de cópias de um grande complexo de escritórios pode decidir investir em uma única copiadora muito grande e mais rápida ou, alternativamente, em copiadoras menores e mais lentas, distribuídas ao redor dos vários processos da operação. Uma companhia aérea pode comprar um ou dois aviões maiores, ou grande número de pequenas aeronaves. Avantagem das tecnologias de larga escala é que em geral podem processar itens de forma mais barata do que as tecnologias de pequena escala, mas necessitam de alto volume e podem trabalhar apenas com baixa variedade. Em contraste, as virtudes da tecnologia de escala menor são, frequentemente, a agilidade e a flexibilidade associadas ao processamento de alta variedade e menor volume. Por exemplo, quatro máquinas pequenas podem produzir quatro produtos diferentes simultaneamente (embora com lentidão), enquanto uma grande máquina com capacidade quatro vezes maior produz apenas um produto por vez (embora com rapidez). As tecnologias de pequena escala são também mais robustas. Suponhamos que a escolha esteja entre três máquinas pequenas e uma maior. No primeiro caso, se uma máquina quebrar, um terço da capacidade é perdida, mas, no segundo, a capacidade é reduzida a zero. Escala/escalabilidade da tecnologia O equivalente à escala para alguns tipos de tecnologia de processamento de informação é a escalabilidade. Por escalabilidade entendemos a habilidade de passar rapidamente a um nível diferente de capacidade em termos de custo-benefício. É semelhante à escala absoluta, no sentido de que é influenciada pelas mesmas características de volume-variedade. A escalabilidade de TI é baseada em sua arquitetura de plataforma consistente e no alto processo de padronização que geralmente está associado às operações de alto volume e baixa variedade. Acoplamento/conectividade da tecnologia Acoplamento significa a vinculação de atividades separadas em uma única tecnologia do processo para formar um sistema de processamento interconectado. Geralmente, o acoplamento rigoroso proporciona rápido atravessamento do processo. Por exemplo, em um sistema de fabricação automatizado, os produtos fluem rapidamente sem atrasos entre os estágios e o estoque será menor – ele não pode acumular quando não houver “lacunas” entre as atividades. Acoplamento rigoroso também significa que o fluxo é simples e previsível, tornando mais fácil o acompanhamento das partes, quando elas passam por menor número de estágios, ou da informação, quando esta é automaticamente distribuída a todas as partes de uma rede de informação. Entretanto, a tecnologia de acoplamento rigoroso pode ser cara (cada conexão pode requerer custo de capital) e vulnerável (a falha em uma parte do sistema interconectado pode afetar todo o sistema). O sistema de fabricação totalmente integrado impede as partes de fluir de maneira predeterminada, dificultando a acomodação de produtos com requisitos de processamento muito diferentes. Assim, o acoplamento costuma ser mais indicado para variedade relativamente baixa e alto volume. De modo geral, o processamento de maior variedade requer um nível mais aberto e não limitado de acoplamento, visto que produtos e serviços diferentes exigirão variedade maior de atividades de processamento. 8 Tecnologia de processo • O que é tecnologia de processo? • O que os gerentes de produção precisam saber sobre a tecnologia de processo? • Como são avaliadas as tecnologias de processo? • Como são implementadas as tecnologias de processo? Como são implementadas as tecnologias de processo? • Implementar tecnologia de processo significa organizar todas as atividades comprometidas em fazer a tecnologia funcionar como pretendido. • A “distância” do recurso e do processo implicada pela implementação da tecnologia indicará o grau de dificuldade. • A aceitabilidade do cliente pode ser uma barreira à implementação das tecnologias de processamento de clientes. • É necessário considerar os custos de ajustamento da implementação.