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DA PSICOPATOLOGIA E CRIMINOLOGIA

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04/09/2023, 12:55 wlldd_231_u1_psi_crime
https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=geilmaarmil2019%40gmail.com&usuarioNome=GEILMA+AZEVEDO+DA+SILVA&disciplinaDescricao=&atividadeId=3681246&atividadeDesc… 1/22
INTRODUÇÃO
Prezado estudante,
A psicopatologia é uma especialidade da psicologia clínica. Ou seja, é a alteração física e mental que permite ao
pro�ssional identi�car e formular diagnósticos, utilizando como procedimento e tendo como �nalidade
esclarecimentos das distintas facetas do psiquismo e das alterações dos indivíduos, assessorando os sistemas
jurídicos e permitindo o funcionamento dos diversos aspectos das modalidades do exercício do direito
envolvendo a criminalidade.
A psicopatologia consiste em identi�car evidências psicológicas para demonstrar aos sistemas jurídicos, como
por exemplo: in�uência do transtorno mental no crime, da con�abilidade do testemunho de uma doença
mental, da capacidade psicológica para suas ações do crime.
É um fenômeno humano especial associado ao que se denominou historicamente de doença mental, vivências,
estados mentais e padrões mentais, uma especi�cidade psicológica apresentando dimensão própria, genuína e
outras complexidades.
Bem-vindo ao mundo da Psicopatologia e Crime.
DA ORIGEM DA PSICOPATOLOGIA E DEFINIÇÃO DA CRIMINOLOGIA
Aula 1
DA PSICOPATOLOGIA E CRIMINOLOGIA
A psicopatologia é uma especialidade da psicologia clínica.
31 minutos
ORIGEM DA PSICOPATOLOGIA E DISTÚRBIOS
MENTAIS
 Aula 1 - Da psicopatologia e criminologia
 Aula 2 - Dos Transtornos Mentais
 Aula 3 - Da análise entre a psicopatologia e o crime
 Aula 4 - Dos transtornos mentais e de comportamento
 Referências
131 minutos
04/09/2023, 12:55 wlldd_231_u1_psi_crime
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A psicopatologia [psic.(o) + patologia] se de�ne como patologia das doenças mentais ou como o estudo das
causas e da natureza das doenças mentais. Psic.(o) vem do grego psyché, que signi�ca alento, sopro de vida,
alma. Já patologia pode ser entendida como afecção ou dor, já que “pato” também provém do grego pathos, que
signi�ca doença, paixão, sentimento.
A criminologia vem do latim crimino (crime) e do grego logos (estudo, tratado), formando “o estudo do crime”. O
termo "criminologia" foi utilizado pela primeira vez por Paul Topinard em 1883, e aplicado de forma global por
Ra�aele Garófalo em 1885.
Ao estudarmos a psicopatologia, é importante sabermos que o seu primeiro registro foi na Alemanha em 1878,
com Hermann Emminghaus, com a psiquiatria clínica. A psicopatologia como método e disciplina nasceu no
início do século XX, na França, com o �lósofo Théodule Ribot, como Psicologia Patológica (BEAUCHESNE, 1993).
Somente em 1913, na Alemanha, com uma publicação de Psicopatologia Geral de Karl Jaspers, nasce a
psicopatologia.
Karl Jaspers (1883-1902), médico psiquiatra alemão, utiliza pensamentos impregnados de ciências naturais e
ciências humanas para desenvolver a psicopatologia e diferenciá-la da psiquiatria no campo da compreensão e
coleta de casos individuais, propondo uma psicopatologia geral.
A “psicopatologia geral” de Jaspers vem para diferenciar o homem da enfermidade psíquica ou psiquicamente,
pois o espírito e a alma adoecem e são imperceptíveis na visão do mundo em suas expressões,
comportamentos, ações e linguagens.
As noções de percepção, enquanto conhecimento e reconhecimento de um dado fenômeno, e de orientação,
como rendimento apreensivo mais complexo, serão também fundamentais à psicopatologia fenomenológica de
Jaspers, compreendida por ele como fenomenológica por investigar o fenômeno subjetivamente: o psiquismo
expressa o mundo do paciente através de seu funcionamento, suas manifestações e ações (MOREIRA, 2002).
Posteriormente, Ludwig Binswanger (1881-1966), médico suíço com formação psiquiátrica, evoluiu o método
fenomenológico, não se restringindo apenas a descrever as vivências dos doentes e encadeamentos psíquicos
ou naturais que levaram ao surgimento das doenças, como faz Jaspers, mas apreendendo as condições
particulares de existência de um indivíduo. No livro A Fenomenologia, de Binswanger (1971c, p. 101):
O objetivo da psicopatologia é o acontecer psíquico realmente consciente. Queremos
saber o que os homens vivenciam e como o fazem. Pretendemos conhecer a
envergadura das realidades psíquicas. E não queremos investigar apenas as vivências
humanas em si, mas também as condições e causas de que não dependem os nexos
em que se estruturam as relações em que se encontram e os modos em que, de
alguma maneira, se exteriorizam objetivamente. 
— (JASPERS, 1987, p. 13)
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Não se pode compreender ou explicar tudo o que existe em um ser humano por meio de conceitos
psicopatológicos. Assim, diagnosticar Van Gogh como esquizofrênico (ou epiléptico, maníaco-depressivo ou
qualquer que seja o diagnóstico formulado), por exemplo, ou fazer uma análise psicopatológica de sua
biogra�a, nunca será su�ciente para explicar sua vida e sua obra. Sempre resta algo que transcende à
psicopatologia e mesmo à ciência, permanecendo no domínio do mistério (GADAMER, 1990, p.220).
DEFINIÇÃO DA CRIMINOLOGIA – NORMAL OU PATOLÓGICO? 
Uma das principais funções da criminologia não é apenas encontrar os culpados, mas, sim, os meios para
prevenir novos delitos. Por isso, há tantos estudos de autores renomados, como Edwin H. Sutherland (1985),
que apresentou um importante conceito ao de�nir a criminologia como um conjunto de conhecimentos que
objetivam estudar o fenômeno e as causas da criminalidade, a personalidade do criminoso, sua conduta
delituosa e os meios de ressocializá-lo.
A importância de compreender o meio que perpassa os delitos, como sua educação, saúde, trabalho, habitação,
vida social, e o que chamamos de “grupos vulneráveis”, que ostentam o maior risco de sofrer com o problema
criminal.
A Escola Clássica de Criminologia
Cesare Beccaria publicou, em 1764, sua famosa e revolucionária obra Dos delitos e das Penas, considerada a
base do Direito Penal Moderno. O crime passa então ser compreendido como uma escolha, marcando a
superação da perspectiva sobrenatural e uma revolução inspirada na �loso�a e no princípio do livre-arbítrio
(JULIÃO, 2019, p. 81).
Estudar o crime é compreender diferentes perspectivas da criminologia de uma ciência empírica e
interdisciplinar que investiga e re�ete sobre o ato de punir o complexo fenômeno criminal ao estudar o crime, o
criminoso e o controle social sob as normas penais e seus poderes públicos, na prevenção do delito,
ressocialização do criminoso e restauração do círculo social afetado diante do crime cometido.
Os peritos partem de dados particulares para correspondentes conclusivas, ou seja, diagnósticos criminais e as
suas consequências. Antes de explicar o crime, pretende a criminologia conhecê-lo para evitar ilações causais e
especulativas.
Para diferenciarmos os casos normais dos casos patológicos, abordaremos:
Desde que a psicopatologia é e será sempre uma ciência ou dos fatos, ele não quererá
nem poderá jamais aceder em uma generalidade absoluta, a uma intuição das
essências puras (...). Entenderemos, por outro que não é insensato falar de uma
fenomenologia psicopatológica, apesar desta profunda diferença entre a pesquisa dos
fatos psicológicos das essências.
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O conceito de normal para Ajuriaguerra e Marcelli(1986), que sustentam que todas as de�nições estão
baseadas em um destes quatro pontos de vista: saúde-doença; média estatística; normal enquanto ideal;
normal como processo dinâmico, que pressupõe certo equilíbrio.
Outra forma de compreender o normal é, conforme postula Winnicott, a da grande maioria dos psicanalistas, os
quais possuem a tendência de “pensar na saúde como ausência de distúrbios psiconeuróticos” (WINNICOTT,
1967, p. 9).
Para a patologia, os estudos psicanalíticos contrastam acentuadamente com aqueles que enfatizam os fatores
hereditários, tornando a hereditariedade responsável por todos os tipos de distúrbios. Não se pretende,
contudo, excluir a in�uência negativa dos fatores hereditários, mas sim acreditar que eles, tanto quanto os
fatores psicológicos, também desempenham seu papel, sendo necessário estudar os dois em conjunto para
alcançar um maior progresso cientí�co (BOWLBY, 1981).
O conceito da normalidade a partir de uma única perspectiva, combinando as diferentes concepções
disponíveis, não permite obter um parâmetro da anormalidade, pois são características individuais e do sujeito,
conforme Winnicott (1967, p.16).
Para compreender fatos ou comportamentos patológicos, faz-se necessária a consideração de uma gama de
fatores sobre o desenvolvimento, a �m de avaliar a normalidade da patologia de um determinado sujeito ou
conduta.
Assim como veremos no decorrer de nossos estudos.
CASO MAIA
Humberto Maia foi chamado de “O homem bomba” depois de quase duas décadas de uma longa série de
envios de bombas para as escolas públicas. No entanto, Maia não era apenas um lunático enlouquecido que
agia sem consciência do mundo à sua volta. Ele nasceu e cresceu em Goiás, e o sistema escolar reconheceu que
ele era uma criança brilhante logo no começo da sua vida.
Ele conseguiu pular um ano na escola, formou-se no Ensino Médio e foi admitido na universidade pública.
Depois de se formar, recebeu seu Ph.D. em física e obteve uma indicação para trabalhar no departamento da
universidade. Em seguida, abandonou sua posição e começou a sua série de bombas, começando com o
primeiro pacote sendo endereçado a um professor e terminando com o assassinato do diretor. A justi�cativa
para o envio das bombas foi colocada no seu trabalho de 35.000 palavras intitulado Magistrado Universal e o
Paradoxo do Futuro, mais comumente chamado de Manifesto do Homem Bomba, em que ele argumentava
contra a utilização da inteligência arti�cial. O irmão mais novo de Maia o delatou à Polícia Federal depois de
reconhecer aspectos do Manifesto Maia e lembrar-se das características comportamentais de sua mãe em suas
escritas. Por �m, Maia admitiu-se culpado para evitar a prisão vexatória e está cumprindo pena sem a previsão
de liberdade condicional.
Um aspecto interessante na preparação do julgamento foi a recusa de Maia em alegar inimputabilidade, apesar
da insistência dos seus advogados. Entretanto, um acusado deve ser capaz não apenas de se submeter a
julgamento, mas também de recusar uma defesa por inimputabilidade. Ao examinarmos a sua capacidade para
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se submeter a julgamento e sua tentativa abortada de defesa a si mesmo no tribunal, notaremos vários
aspectos.
Sendo que Maia era extremamente inteligente, compreendia o sistema jurídico, era capaz de se comunicar com
os seus advogados, entendia as consequências de um veredito e tinha habilidades sociais su�cientes para
apresentar um comportamento adequado em sua defesa. Porém, ele apresentou em sua entrevista com peritos
e médicos as seguintes condições clínicas: problema constante com �guras de autoridades; não cooperava com
os seus advogados e, provavelmente, teria tido di�culdades em testemunhar e se manter dentro do assunto
caso o �zesse; problemas em �car diante de pessoas frente ao júri; não conseguiria expressar emoções ou
qualquer remorso pela impulsividade de suas ações, características similares às de sua mãe, identi�cadas pelo
seu irmão mais novo. Sua aparência quando foi encaminhado para a prisão estava deteriorada, desde a
aparência física até a higiene pessoal.
VÍDEO RESUMO
Compreendendo a origem da psicopatologia, desmisti�caremos os transtornos mentais. No vídeo-resumo,
abordaremos o surgimento da criminologia e o que é considerado normal ou patológico. O que você faria como
um perito no caso Maia? Conheça melhor as abordagens. Venha conosco, caro aluno, ao mundo da
criminologia! Vamos sair da prática e partir para a experiência.
 Saiba mais
Caro estudante,
Laia esse interessante artigo:
BACK, Caroline Moreira. QUANDO A DOENÇA MENTAL LEVA AO CRIME. Revista Direito no Cinema, v. 3, n.
2, p. 34-43, 2022.
https://www.revistas.uneb.br/index.php/direitonocinema/article/view/15080. Acesso em: 06 mar. 2023.
Para visualizar o objeto, acesse seu material digital.
INTRODUÇÃO
Aula 2
DOS TRANSTORNOS MENTAIS
Muito se têm abordado os transtornos mentais nos palcos de discussões nos meios de
comunicações.
32 minutos
https://www.revistas.uneb.br/index.php/direitonocinema/article/view/15080
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Muito se têm abordado os transtornos mentais nos palcos de discussões nos meios de comunicações. Ao longo
da história, as loucuras e os transtornos mentais foram considerados perigosos, doentes, anormais e até
especiais. O conceito da loucura passou de natural a patológico, como decorremos em nossos estudos. 
A loucura era considerada um fenômeno da natureza humana malé�co à sociedade, ameaçada por aqueles por
ela acometidos. 
Vamos agora abordar essa anormalidade, a fuga dos conceitos éticos de uma sociedade e a alteração psíquica,
e aprofundar um pouco mais. Diferenciar as concepções sobre os transtornos mentais, compreender essa
“bagunça” de pensamentos, inconstâncias comportamentais, reações fora dos padrões, disfunções orgânicas
geradas por fatores externos (ambientais), inerentes à própria pessoa ou hereditárias (como já vimos), sem
discernimento do certo e do errado. Excepcionalidades do ser humano que podem viver entre nós. Vamos
compreender um pouco desse mundo ou fora dele. 
QUAIS SÃO OS TRANSTORNOS MENTAIS?
A saúde seria a harmonia e o equilíbrio, enquanto a doença seria a perturbação deste último. Este desequilíbrio,
no entanto, não é considerado de todo disfuncional, mas sim uma tentativa da própria natureza de restaurar a
saúde e o equilíbrio anteriores. Na concepção de Canguilhem (1904, 12): “A doença é, assim, uma reação
generalizada com intenção de cura”. Essa briga interna constante é o que chamamos de transtorno mental.
Transtorno mental são alterações do funcionamento da mente que prejudicam o desempenho da pessoa na
vida familiar, pessoal, no trabalho, nos estudos, na compreensão de si e dos outros, na possibilidade de
autocrítica, na tolerância aos problemas e na possibilidade de ter prazer na vida em geral. Isto signi�ca que os
transtornos mentais não deixam nenhum aspecto da condição humana intocado (AMARAL, 2011).
Os transtornos mentais, em geral, resultam da soma de muitos fatores, tais como:
• Alterações no funcionamento do cérebro.
• Fatores genéticos.
• Fatores da própria personalidade do indivíduo.
• Condições de educação.
• Ação de muitos estresses.
• Agressões de ordem física e psicológica.
• Perdas, decepções, frustrações e sofrimentos físicos e psíquicos que perturbam o equilíbrio emocional.
Roberto Moscatello (2001, p. 34-35), em trabalho sobre recidiva criminal em internos do Manicômio Franco da
Rocha, explica a falta de estudo conclusivo sobre o assunto, mas demonstra que 41% dos internoscometeram
somente um crime, e 59% cometeram mais de um. Entre os internos que cometeram um crime, os diagnósticos
foram de esquizofrenia em 43%, de�ciência intelectual em 19% e transtornos de personalidade em 17%.
Em menor número apareceram psicoses delirantes, epilepsia, dependência de drogas e demência. Entre
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estes, as tentativas e os homicídios consumados foram mais frequentes. Em menor número e proporção mais
homogênea, notaram-se a agressão, atentado ao pudor, estupro, furto e sequestro. Na questão da recidiva
criminal, o diagnóstico mais frequente é a esquizofrenia, com 55%, seguida por transtorno de personalidade
em 38%, retardo mental em 16% e, em menor número e de forma homogênea, dependência de drogas,
alcoolismo, epilepsia e psicose confusional. Neste item os delitos mais cometidos foram furto, roubo, homicídio
e agressão; menos frequente o porte de drogas, tentativa de homicídio, estupro e atentado ao pudor.
A violência é uma forma de a�rmação, de controle e de poder. Em grande parte dos atos de violência, mais
precisamente no homicídio, as pessoas que os cometem agem por impulsos e são consideradas normais
(STRÜBER; MONIKA; ROTH, 2006, p. 40). Seus atos são levados por razões subjetivas, que num dado momento
lhes parecem justi�cáveis, e muitos tomam consciência da gravidade e da irreversibilidade somente depois de
cometê-los. Fica explícita a imprevisibilidade da violência, assim como características comuns do agente
agressor: baixa tolerância à frustração, capacidade reduzida de compreensão e instantaneidade do ato.
Para se ter uma breve noção da gravidade dos transtornos mentais, ao cometer um delito o indivíduo acredita
não possuir qualquer tipo de transtorno ou desvio e não ter cometido qualquer malefício. Vamos abordar os
principais transtornos mentais no próximo bloco.
OS PRINCIPAIS TRANSTORNOS MENTAIS E COMO SE REFEREM NO CID10
Há uma série de padronizações para identi�car os transtornos mentais na psicopatologia, com as quais se
deseja o máximo possível de con�abilidade nas avaliações. É a prática pro�ssional clínica de roteiros de
entrevistas de avaliações �exíveis e variáveis: cultural, história de vida, particular, personalidade e nível de
inteligência especí�ca. A própria classi�cação internacional de doenças e problemas relacionados à saúde (CID-
10), por meio de palavras chaves, orienta investigar profundamente através de uma entrevista aplicada ao
indivíduo durando cerca de 25 a 45 minutos.
Vamos abordar os principais transtornos mentais psicopatológicos tradicionais com repercussão jurídica com os
quais nos deparamos no mundo do crime:
Oligofrenia (CID10 – F70) – retardo mental que prejudica o desenvolvimento do indivíduo. De origem grega
“oligos”, que signi�ca pouco, e “phren”, que signi�ca mente. Oligofrênico se refere àquele que sofre de
oligofrenia, podendo ser de origem hereditária ou adquirida precocemente, e que afeta o sistema nervoso
central.
Oligofrenia é uma de�ciência mental de interrupção no desenvolvimento normal do sistema nervoso. Os
portadores apresentam uma de�ciência pequena, moderada ou profunda em sua aprendizagem, juízo,
inteligência e desenvolvimento cultural.
Esquizofrenia (CID10 – F20) – da junção do verbo grego “schizo”, que signi�ca fender, separar, e do substantivo
“phren”, que signi�ca espírito, inteligência do psiquismo. A esquizofrenia é uma forma de psicose ou síndrome
psicótica, e é um dos transtornos mentais mais abordados pelos estudiosos da área devido a sua frequência e
gravidade.
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São classi�cações da esquizofrenia: forma paranoide, caracterizada por alucinações e ideias delirantes,
catatonia, alterações motoras, hipertonia (contração muscular), negativismo, mutismo e impulsividade; forma
hebefrênica, caracterizada por pensamento desorganizado, bizarro e pueril, infantilizado, desempenho
psíquico lento e empobrecimento comportamental, negligência com higiene pessoal, embotamento afetivo
(di�culdade em expressar emoções) e distanciamento social.
Transtorno neurocognitivo (delirium CID10 – F05) – encontrado com mais frequência, é uma síndrome aguda
(dura em média uma semana) em que se sofre alteração de consciência, desorientação e pensamento confuso.
O seu quadro muitas vezes é confundido por várias denominações diferentes, o que di�culta o diagnóstico. Para
a psicopatologia, o termo delírio designa um sintoma psicopatológico, a ideia delirante, que é a alteração do
juízo. Seu comportamento sofre mudanças de humor e atenção com faces sonolentas e desorientação espacial,
pensamento ilógico, confuso e desorganizado, ilusões visuais (mais frequentes com pouca luminosidade), alta
ansiedade, agitação motora, oscilação no bem-estar no decorrer do dia e inversão do sono (troca o dia pela
noite).
Transtorno depressivo (CID10 – F33) – alterações afetivas, tristeza mais ou menos central, ou depressão sem
tristeza. Sentimento de culpa e arrependimento estão presentes, acusações de si própria, ideias delirantes de
culpa, castigo ou condenação. Tendência à visão mais ao passado sem expectativa pelo futuro, com
lamentações ao presente. Tendências suicidas.
Existem dois fatores para os transtornos mentais:
Os chamados fatores predisponentes, que são a primeiras experiências da vida que ocorrem na primeira e na
segunda infância, com uma predisposição genética, o que torna o paciente mais vulnerável ao desenvolvimento
do transtorno.
Os fatores precipitantes, transtornos causados pelos eventos da vida, como estresse ou traumas (perdas de
entes queridos, desemprego, separações, acidentes).
Esses são os transtornos mentais mais comumente apresentados em processos criminais, uns por fatores
predisponentes, outros por fatores precipitantes. E você, caro aluno? Sabia dessa ocorrência corriqueira em
tribunais? Vamos conhecer mais?
RAIMUNDO, UM CASO NÃO RESOLVIDO
Raimundo Pereira dos Santos nasceu em 10 de agosto de 1905 em São Paulo, pertenceu ao Corpo de
Bombeiros da Força Pública, não bebia, não fumava e era retraído, isolado emocional e socialmente. Era o
décimo �lho de sua família, sofreu diversas crueldades por parte de seu pai, que o golpeava em diversas partes
de seu corpo, principalmente em sua cabeça. Desde sua infância até a adolescência, sofreu constantes
distúrbios, tonturas, náuseas e desmaios. Sua infância foi muito pobre, sofreu diversas in�amações de otites
(in�amação de ouvido) e testículos, não produzindo esperma. Relata ainda que escutava vozes em sua cabeça,
tinha visões deturpadas de santos e sofria de negligência em cuidados pessoais. Depois de sua enfermidade dos
testículos, a�rmou que começou a experimentar fortes prazeres sexuais. Na sua fase adulta, cresceu com forte
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sentimento de repúdio ao pai e à irmã mais velha (que criou Raimundo como um �lho). As pessoas que o
conheceram informaram que ele não apresentava qualquer expressão facial, fosse de contentamento, de
tristeza ou de qualquer tipo de emoção.
Raimundo contraiu diversas enfermidades venéreas, entre elas gonorreias e adenite inguinal (in�amação nos
testículos). Gostava de seguir notícias sobre pervertidos sexuais. Aos 20 anos, apresentaram-se alterações
motoras e ele começou a demonstrar preferências por sadismo. Sua primeira condenação foi por indecência
violenta, levando a 2 anos e 11 mesesde prisão. Começaram as suas séries de crimes por impulsividade ávida e
sem controle, violências contra as mulheres, estupros, avançando a assassinatos em diversas regiões no estado
de São Paulo e aterrorizando a população na época.
Após seguir uma série de padrões, a polícia descobriu que Raimundo copiava e aprimorava os crimes que ele
colecionava de recortes de jornais. Junto com os seus crimes, dentro de uma caixa de madeira, ele guardava as
fotos de suas vítimas, sendo no total 18 mulheres. No momento de sua prisão, os policiais notaram que os seus
pensamentos eram desorganizados e não possuíam um começo, meio e �m, sendo impossível coletar sua
trajetória de crimes.
Era muito incomum na época um criminoso de alta periculosidade como Raimundo. O médico psiquiatra
anotou em seu prontuário: “Biológico: traumatismo cerebral em sua infância e suas consequências. Psicológico:
enfermidades mentais que interferiram em seu juízo. Psicose/Psicopatologia”.
Agora, partindo de sua compreensão, qual seria a sua aplicação e visão neste caso?
Teria um diagnóstico com o histórico, relato das pessoas, policiais e do médico?
Qual seria a sua estratégia? Bom caso!
VÍDEO RESUMO
Veremos no vídeo-resumo a origem da psicopatologia, desmisti�cando e compreendendo melhor a vivência dos
transtornos mentais abordados no estudo e na experiência pro�ssional mais detalhadamente. Também
abordaremos o desfecho do caso Maia para identi�car como seria a análise dos peritos do caso criminal e como
atuar pro�ssionalmente reconhecendo os sinais, analisando per�s, históricos de vida, estrutura familiar,
comportamentais, documentos, sintomas físicos e corporais. 
 Saiba mais
Caro estudante,
Esse artigo aprofundará ainda mais seus conhecimentos nos assuntos abordados:
OLIVEIRA, Gustavo Carvalho de; VALENÇA, Alexandre Martins. Institucionalização prolongada, transtornos
mentais e violência: uma revisão cientí�ca sobre o tema. Saúde e Sociedade, v. 29, p. e190681, 2021.
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https://www.scielosp.org/article/sausoc/2020.v29n4/e190681/pt/. Acesso em: 06 mar. 2023.
INTRODUÇÃO
Procuramos conhecer as lacunas entre a patologia e a normalidade que assombram a nossa sociedade. Ficamos
à margem nos âmbitos da criminalidade. Vamos nos aprofundar nessa linha tênue do controle social
envolvendo a distinção entre patologia e normalidade nos planos sociais e individuais.
Analisaremos o comportamento delitivo, dinâmica e variáveis principais do comportamento do crime,
contemplando como problema individual e como problema social no homem delinquente. A experiência e a
observação ajudam a explicar e compreender o problema criminal em seus múltiplos aspectos, aberta e
constantemente nas leis evolutivas do direito penal, que é uma ciência do “dever ser” e, portanto, normativa e
valorativa.
A ciência é contemplada pelo estudo dos homens e a sabedoria dos expectadores, caros alunos.
Vamos para mais um conhecimento juntos. 
SIMILARIDADE ENTRE PATOLÓGICO E CRIMINAL
Infelizmente, a prática do crime deixou de ser anormal há vários anos, e passou a ser tão corriqueira que, para
Durkheim, pode-se distinguir o crime como fato social. O autor de�ne que a ocorrência de crimes é normal em
todas as sociedades humanas, desde que sua frequência não ultrapasse determinados níveis. Segundo ele:
"Classi�car o crime entre os fenômenos de sociologia normal não é apenas dizer que constitui fenômeno
inevitável, embora lastimável e devido à maldade incorrigível dos homens; é a�rmar que é um fator de saúde
pública, uma parte integrante de toda sociedade sã" (DURKHEIM, 1983, p. 58). Nessa perspectiva, o crime é
sociologicamente normal, mesmo que o criminoso seja psicologicamente anormal ou patológico, como
defendiam Lombroso, Ferri e Garofalo.
Lombroso, por ser médico, usava medidas de estudo de anatomia craniométricas para sustentar sua tese de
que boa parte dos criminosos estava condicionada a uma vida de crimes. Lombroso (1983), por ação de causas
de ordem moral, física e mental, a�rmava que esses indivíduos eram portadores de um atavismo
(hereditariedade, comportamentais) que os tornava fortemente inclinados a atos criminosos desde o
nascimento. Os estigmas do atavismo físico, enfatizados em sua obra, permitiam identi�car o criminoso de
Aula 3
DA ANÁLISE ENTRE A PSICOPATOLOGIA E O CRIME
Procuramos conhecer as lacunas entre a patologia e a normalidade que assombram a nossa
sociedade.
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modo mais objetivo: a presença de assimetrias faciais, olhares oblíquos, alta resistência a dor física, uso de
tatuagens, além de diversas características antropométricas cujas frequências Lombroso (1983, p. 489-502)
alegava serem maiores entre os criminosos.
São visões de diferentes autores com similaridades entre a patologia criminal que encontram identi�cação na
época. Claramente, isso não se sustenta nos dias de hoje, porém, foi um padrão comportamental encontrado
no período e uma “divisão de mares” que facilitou muito na área da criminalidade.
As perturbações mentais estão diretamente ligadas ao sistema nervoso, apresentando um quadro de
de�ciência e até um mal funcionamento no cérebro, como já estudamos. Todas as doenças já citadas são
consideradas perturbações mentais, por estarem conectadas com o sistema nervoso, desviando o caráter de
personalidade, in�uenciando a tomada de decisões e o senso crítico de realidade dos indivíduos portadores
desses transtornos.
Lombroso passou a sustentar a tese de que a biologia dos criminosos natos determinava seu destino; eles
constituíam tipos regressivos, bárbaros em meio à civilização.
Como se vê, há diferentes de�nições dos diagnósticos e discussões sobre a psicopatia e a criminalidade.
Qual a sua de�nição diante de tantas visões e resoluções? Vamos nos aprofundar diante de um tema tão
enigmático?
OS TRANSTORNOS MENTAIS PELA LEGISLAÇÃO VIGENTE E COMO IDENTIFICAR
UM CRIMINOSO COM TRANSTORNO
O presente Código Penal, em seu Artigo 26, dispõe que a doença mental exclui em determinados casos a
imputabilidade, como no caso da doença mental, uma vez que engloba as patologias consideradas mentais
graves, ou seja, as de�ciências mentais que causam intensa perturbação da consciência, devendo ser
interpretadas no seu sentido mais amplo (BRASIL, 1940).
Quanto à inimputabilidade referente ao doente mental, vale lembrar o que Madeira fala acerca do dolo ou
culpa: 
Trata-se de uma disfunção comportamental, psicológica ou biológica, e esse distúrbio
não se refere à relação entre indivíduo e sociedade. (Quando o distúrbio está limitado
ao con�ito entre indivíduo e sociedade, ele pode representar desvio social, que pode ou
não ser elogiável, mas que em si não constitui um transtorno mental).
— (APA, 1980, p. 6)
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No Código Penal brasileiro algumas doenças mentais que estudamos inibem a culpabilidade do agente, tais
como as psicoses, neuroses, esquizofrenia, psicopatia, oligofrenia e a perturbação da saúde mental, com as
quais a pessoa não tem a capacidade de analisar a ação como infração e, portanto, não distingue que aquele
ato é infracional. Acerca dessas doenças, trataremos sobre alguns conceitos e sua relação com a vida direta do
indivíduo, todas com suas particularidades e descrições.
Conforme Artigo 26do Código Penal, veri�ca-se primeiramente se o agente tem desenvolvimento mental
incompleto ou retardado, ou se é doente mental e, em caso positivo, será considerado inimputável. Caso
negativo, será averiguado se o agente era capaz de entender o caráter ilícito do seu ato, e, se era capaz, será
�nalmente veri�cado se ele tinha condições de determinar-se de acordo com este entendimento, para então ser
considerado imputável.
Agora que conhecemos as penalidades legais da criminalidade dos transtornos mentais, vamos identi�car as
características dos transtornos que cercam os criminosos.
A psicopatia é uma anomalia psíquica de transtorno de personalidade que faz com que o sentimento do medo
seja inexistente, assim como o senso do bem e do mal. A ação do criminoso é fria e calculista, sendo cometida
de forma egoísta e voltada exclusivamente para a realização de seus desejos, ignorando completamente
sentimentos ou sofrimentos alheios. Falta-lhe moralidade, havendo uma perturbação grave do comportamento
social sem prejuízo da inteligência e do raciocínio do indivíduo.
Outro padrão encontrado para a similaridade patológica e criminal foi proposto pelo autor Hervey Cleckley,
primeiro psicólogo a utilizar a palavra “psicopata”. Segundo ele, as principais características dos diagnósticos são
(CLECKEY, 1988, p. 338-339): 
1.  Carisma super�cial e boa ‘inteligência’.
2.  Ausência de delírios e outros sinais de pensamento irracional.
3.  Ausência de manifestações psiconeuróticas. 
4.  Desonestidades.
5.  Mentira e insinceridade. 
6.  Falta de remorso ou culpa.
É que um doente mental jamais poderá agir com dolo ou culpa, porque, sem a
capacidade psíquica para a compreensão do ilícito, não há nenhuma relação psíquica
relevante para o Direito Penal, entre o agente e o fato. Sem a imputabilidade, não se
perfaz a relação subjetiva entre a conduta e o resultado. Não se pode falar em dolo e
culpa de um doente mental. O dolo e culpa como formas de exteriorização da
culpabilidade em direção à causação do resultado, pressupõem a imputabilidade do
agente.
— (MADEIRA, 1999, p. 86, apud GRECO, 2017, p. 521)
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7.  Comportamento antissocial sem motivo adequado. 
8.  Juízo pobre, di�culdade em aprender com a experiência. 
9.  Egocentrismo patológico e incapacidade de amar.
10.  Pobreza generalizada em reações afetivas maiores. 
11.  Dé�cit especí�co de insight. 
12.  Irresponsabilidade generalizada em relações interpessoais. 
13.  Comportamento fantasioso e desagradável sob o efeito de álcool (às vezes sem). 
14.  Rara ocorrência de suicídio. 
15.  Vida sexual super�cial, trivial e fracamente integrada. 
16.  Fracasso em seguir projeto de vida.
ELA SÓ QUERIA ASSISTIR À NOVELA
Clarinha, como era chamada, era uma bebezinha muito fofa com apenas 10 meses de vida, com lindos olhos
claros herdados de sua mãe, bochechas rosadas de sua avó materna e cabelos acastanhados na cor de mel.
Levou 95 tesouradas desferidas pela própria mãe. 
Maria Clara, de apenas 26 anos, origem humilde, pro�ssão lavadeira, sempre levava Clarinha em suas costas e
as mudas de roupas de suas clientes em sua cabeça e braços, depois de um dia exaustivo de trabalho. Sua
infância foi muito sofrida, sua mãe sofria violência doméstica, e ela mesma sofria abusos físicos e psicológicos
do seu pai. Aos 11 anos, sua mãe faleceu, aos 12 fugiu de sua casa e passou a viver de trabalhos domésticos
escravos em troca de casa e comida.
Maria Clara pouco viveu e estudou. Sua única estrutura de vida era a sua pequena Clarinha, que nasceu de um
relacionamento abusivo de longos cinco anos. Foi abandonada ao descobrir que estava esperando uma �lha, e
o pai acabou sofrendo um acidente e faleceu no caminho para o hospital. Maria Clara acompanhou todo o
cenário.
No trágico dia em que desferiu facadas na pequena Clarinha, foi comandada por vozes do seu companheiro:
“Ela é a culpada por eu ter ido embora!”, repetidas vezes. Maria Clara ignorava as vozes. Mas a face do seu
companheiro transformava-se em frente ao rosto de sua Clarinha.
O choro de Clarinha começou a incomodar Maria Clara, ela perdeu a noção de tempo e espaço, passou a ter
espasmos musculares, seu olhar �cou sem foco, olhava em sua volta e passou a ver os pequenos móveis velhos
e quebrados conversarem e dançarem em sua frente, rindo de sua vida. Para fazer sua �lha parar de chorar,
porque já estava irritando, deu-lhe o peito, e avidamente Clarinha aceitou. Ela chorava por fome pois fazia horas
que não se alimentava. Maria Clara estava perdida em devaneios por horas a �o e só queria assistir à sua
novela.
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No momento em que Clarinha mamava desesperadamente o peito oferecido, acabando o leite, deu uma
mordiscada suave, mas su�ciente para levantar a ira de Maria Clara. Rapidamente e impulsivamente, ela se
levantou e pegou a tesoura de sua pequena caixa de costuras, e passou a golpear a sua �lha.
O choro passou a ser tão estridente que os vizinhos correram pelo corredor humilde e dividido entre as casas
até chegar a Maria Clara. Quando bateram em sua porta, Maria Clara a abriu com Clarinha em seus braços, a
entregou aos vizinhos sem expressar qualquer sentimento de dor ou remorso, e saiu caminhando. Apenas
seguindo a visão do seu falecido companheiro que estava em sua frente, feliz pela sua ação.
Maria Clara foi presa em �agrante com o seu vestido e braços com sangue de sua �lha. Sua pequena Clarinha
levou mais de 100 pontos pelo pequeno corpo e se encontra sob a tutela do Estado. Os vizinhos alegam que
Maria Clara não possui nenhum problema mental. Relatam sua rotina com a �lha, a luta �nanceira para
sustentar as duas, a amorosidade e amor incondicional.
1.  Identi�que: Maria Clara possui algum transtorno mental? Qual seria um possível diagnóstico?
2.  Conforme a nossa diretriz jurídica, ela se enquadraria como: inocente, inimputável, culpada ou psicopata?
3.  A alegação dos vizinhos teria algum fundamento? Re�ita a sua atuação sobre este caso.
VÍDEO RESUMO
Olá, aluno! Sair dos bastidores e vir para o mundo da criminologia, conhecer novos conceitos, sair da
especulação, é ampliar os horizontes. Este vídeo é o resumo de nossos blocos, e nele abordaremos como
diferenciar o transtorno do criminal (a doença do caráter), a curiosidade das visões dos autores das diferentes
épocas, a simpli�cação dos termos da imputabilidade, culpabilidade e psicopatia, e duas diferentes formas
mensuráveis da psicopatia. Vamos embarcar?
 Saiba mais
Caro estudante,
Laia esse interessante artigo sobre o assunto da aula:
BACK, Caroline Moreira. QUANDO A DOENÇA MENTAL LEVA AO CRIME. Revista Direito no Cinema, v. 3, n.
2, p. 34-43, 2022.
https://www.revistas.uneb.br/index.php/direitonocinema/article/view/15080. Acesso em: 06 mar. 2023.
Aula 4
DOS TRANSTORNOS MENTAIS E DE COMPORTAMENTO
Entender o surgimento da psicopatologia e seu relacionamento com a criminologia. Conhecer os
principais transtornos mentais.
https://www.revistas.uneb.br/index.php/direitonocinema/article/view/15080
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INTRODUÇÃO
Atualmente, a doença mental e a criminalidade possuem diversas rami�cações de estudo, como psiquiatria
forense, psicologia criminal e perícia investigativa, no caráter único de saber com competência técnica e amparo
legal para determinar a periculosidade criminal de indivíduosdiagnosticados como doentes ou portadores de
transtornos mentais.
O fenômeno social forense que atinge praticamente todas as áreas de funcionamento da vida social (infância,
juventude, atividade econômico-�nanceira, crime) se torna uma problemática que remete à sociedade
con�gurando ao meio criminal.
Já estudamos que, na psiquiatria forense, o que se percebe é que a relação entre a doença mental e as leis não
seguiu a mesma evolução dos conhecimentos sobre a doença mental em si. Percepção da loucura, incapacidade
ou ausência de autocontrole dos impulsos acabam se tornando, etiologicamente, um pré-anúncio de atos
criminosos futuros, decorrentes do doente mental tornando um novo tipo de discurso, que será uma versão
psicológica do delito cometido
PRINCIPAIS TRANSTORNOS E COMPORTAMENTOS
Um dos transtornos que já estudamos e agora vamos de�nir e descrever através dos crimes é a de�nição da
esquizofrenia pelo crime:
Transtorno de personalidade antissocial (TPAS): Sera�m (2003) vai ao encontro da literatura criminal, que o
enfatiza como uma das principais causas do comportamento criminoso com conduta violenta. Para sustentar
essa associação entre TPAS e tendência ao comportamento criminoso, o autor cita uma pesquisa de Rigonatti
(1999), realizada em um grupo de condenados por homicídio e estupro no Brasil.
Dentro das psicoses, as paranoides, como as esquizofrenias paranoides, são
normalmente mais violentas do que qualquer outra categoria [...] A probabilidade de
esquizofrênicos parano ides cometerem crimes graves é maior, graças à sua habilidade
de planejamento e concretização.
— (CORDEIRO, 2003, p.128).
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Outras doenças como oligofrenia e alguns outros psicóticos geram preocupações em diferenciar o diagnóstico
que descreve o transtorno, ou seja, o conjunto de circunstâncias biológicas psíquicas e sociais sob as quais a
doença e a periculosidade se entrelaçam:
Para Cleckley (1988, p.383-387), muitos dos diagnosticados como psicopatas não estão nos hospitais
psiquiátricos ou nas prisões. Para ele, estima-se que apenas os psicopatas mal sucedidos em manter uma
“máscara de sanidade” satisfatória acabavam em instituições de asilamento. A maioria deles não era percebida
em sua natureza antissocial, por vezes ocupando papéis sociais de prestígio na ciência, nos negócios ou na
política (o chamado colarinho branco).
Sera�m (2003) de�ne três tipos: biológicos, psicológicos e sociais. Enfatizam-se os fatores psicológicos, ao
remeter à ideia do jurista italiano Luigi Garofalo, segundo o qual o criminoso “é portador de uma anomalia
moral e psíquica, uma espécie de lesão ética, a qual seria responsável pela prática de atos delinquentes”
(PEIXOTO, 1936 apud SERAFIM, 2003, p. 54).
Como podemos observar, há uma variedade de transtornos mentais que envolvem o mundo da criminalidade,
como ansiedade, depressão, esquizofrenia, transtornos alimentares, estresse pós-traumático, somatização,
transtorno bipolar, entre outros com suas peculiaridades e de�nições próprias. Abordamos apenas os mais
Os aspectos psicológicos desses indivíduos são caracterizados pelo desprezo às
obrigações sociais e por uma falta de consideração com os sentimentos dos outros.
Exibem um egocentrismo patológico, emoções super�ciais, falta de auto percepção,
pobre controle da impulsividade (incluindo baixa tolerância para frustração e limiar
baixo para descarga de agressão), irresponsabilidade, falta de empatia com outros
seres humanos, ausência de remorso, ansiedade e sentimento de culpa em relação ao
seu comportamento antissocial [...] e sua anormalidade consiste especi�camente em
anomalias do temperamento e do caráter, determinando uma conduta anormal
con�gurando uma menos-valia social.
— (SERAFIM, 2003, p.56)
O diagnóstico nosológico tem uma importância relativa e, a não ser em casos de
indivíduos com personalidade antissocial, de perversos como pedofílicos, de
oligofrênicos heréticos e alguns psicóticos, por exemplo, o peso do diagnóstico
descritivo tem maior relevância. O diagnóstico psiquiátrico por si só não é indicativo de
periculosidade, mas quando esta existe o diagnóstico descritivo pode ser importante na
avaliação do tipo de periculosidade [...]
— (SORDI; KNIJNIK, 2003, p. 910)
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recorrentes. Grande parte das doenças mentais é tratável e algumas até curáveis; além disso, as pessoas
portadoras dessas doenças podem conseguir viver em sociedade e, com algumas limitações, ter uma vida
social.
O COMPORTAMENTO DO CRIMINOSO PODE SER IDENTIFICADO?
Psicopatas não são apenas aqueles que cometem os atos criminosos mais hediondos e terríveis e acabam nas
prisões. Eles podem morar naquela casa no �nal da rua, trabalhar na mesa ao lado ou até mesmo serem
colegas de seu círculo social. Os psicopatas podem, na verdade, interagir em todos os aspectos na nossa
sociedade.
Estudiosos buscaram diversas formas para aprofundar e reconhecer criminosos através de seus
comportamentos e padrões. A �sionomia surgiu em 1856, por Giovanni Della Porta. Os �sionomistas
analisavam o carácter das pessoas através do conjunto dos traços do rosto, de forma naturalística, pela
expressão facial.
Porém, quem teve destaque na “frenologia” foi Johan Frans Gall, sendo o primeiro estudioso a relacionar a
personalidade do delinquente com a natureza do delito (SANTOS, 2009, p. 24). Assim, buscavam-se nas
deformações do cérebro humano as várias funções psíquicas do homem, para justi�car o comportamento
criminoso.
Millon, Simonsen, Birket-Smith e Davis (1998) identi�cam a psicopatia como o primeiro transtorno de
personalidade a ser reconhecido. Segundo eles, portadores de transtorno da personalidade antissocial (TPA)
tendem a cometer uma variedade de atos criminais e geralmente se comportam de forma irresponsável.
Seguindo ainda nos transtornos da personalidade, temos, como citado no bloco anterior, os psicopatas de
sucesso ou de colarinho branco. Estes não estão encarcerados e tendem a exibir inteligência superior, são mais
educados e têm uma posição socioeconômica mais alta do que a maioria dos psicopatas. Os psicopatas de
sucesso tendem a ser encontrados trabalhando em corporações ou tendo um escritório político ().
Os agressores criminais são mais prováveis de terem psicopatia por estarem ligados ao comportamento
criminal passado e futuro. Encontra-se, assim, uma relação consistente entre a psicopatia e várias formas de
comportamento criminal.
Os psicopatas têm a maior probabilidade de vitimizar estranhos do que os não psicopatas (). encontraram em
seu estudo que nenhum dos assassinatos cometidos por psicopatas envolvia membros da família, comparados
com 63% dos assassinatos entre os não psicopatas.
Os psicopatas produzem uma linguagem tecnicamente correta que mascara ou esconde os seus dé�cits
emocionais subjacentes, e as evidências experimentais já apoiaram em grande parte essa noção (CLECKLEY, ). É
como se compreendessem a letra da música, mas não sentissem o seu ritmo. Os dé�cits nessas áreas tornam
mais provável que eles não consigam apreciar o impacto emocional do seu comportamento nas suas vítimas ().
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Outra característica marcante, como a lábia e o charme super�cial, senso grandioso de autoestima, mentira
patológica, ludibriação e manipulação, total ausência de remorso e culpa,afeto super�cial, falta de empatia com
o outro e falta de responsabilidade sobre as suas ações, desempenham um papel importante na capacidade de
interagir e manter relações com outras pessoas. São incapazes de sentir medo e ansiedade, ou de manter o
controle em situações que provoquem alta ansiedade de risco.
O psicopata prepara minuciosamente sua ação, executa-a e tenta eliminar as provas; quando descoberto nega o
crime, �ngindo diversas personalidades e tentando manipular a todos ().
Os per�s e comportamentos criminais são instrumentos úteis na investigação de crimes hediondos; contudo, a
interpretação, de�nição, técnica, conhecimento e ética são os diferenciais na investigação criminal forense.
O CIDADÃO QUASE EXEMPLAR
Paulo Eduardo Alcântara era o mais novo de três irmãos de uma família tradicional no interior de São Paulo,
formado na melhor e mais disputada universidade no curso de Direito. Conquistou uma posição política
favorecida por seu pai como vereador da cidade e casou-se com uma bela jovem de uma tradicional família da
cidade vizinha.
Tinha sorriso fácil, comportamento agradável, postura e roupas sempre impecáveis, educação ímpar, sempre
demonstrando disposição para conversas políticas, campanhas para instituições de crianças e idosos, era
empreendedor de diversas empresas, mas possuía um carinho especial por uma, de construção civil de casas
populares em que arrecadava dinheiro de empresas privadas e construía suas casas, para então sorteá-las
entre jovens mães desamparadas.
Seu pai tinha orgulho do seu �lho mais novo, que nunca demonstrou fraqueza, o oposto de seus irmãos, que
desistiam diante do primeiro problema. Paulo Eduardo, não! Nunca derramou uma lágrima. Destemido,
orgulhoso de si mesmo, parecia um leão guiando os demais.
Um leão que, além de defender os idosos e crianças, enfrentava os bandidos. Ele estava à frente com o
delegado da cidade, não apenas pela campanha para ser o próximo prefeito, cargo a que estava se
candidatando, mas acompanhando-o de perto todas as noites, deixando a sua esposa, para a caça, com o
delegado, do bandido que mirava as jovens da cidade, que vinham sumindo misteriosamente, sem deixar
qualquer tipo de rastro.
Alguns meses se passaram, e Paulo Eduardo era o novo prefeito de sua cidade. Houve grande comemoração de
sua família e da população, pois o viam como um homem perfeito, idolatrado, bondoso e justo.
Um dia, uma jovem apareceu na estrada desnorteada, com a roupa completamente suja de terra, cabelos
desgrenhados, cabeça suja de sangue e chorando muito. Um senhor caminhoneiro deu-lhe carona até a
delegacia da cidade. Seu nome era Ana Aparecida, tinha apenas 20 anos, era mãe solteira, e recebera um
comunicado de que acabara de ganhar uma casa comunitária no sorteio e que deveria comparecer no endereço
especí�co. De sua pequena bolsa, retirou o pequeno papel amassado e, quando o delegado leu, empalideceu
com a assinatura: Paulo Eduardo Alcântara.
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A jovem apenas acenou com a cabeça e a�rmou que precisou se �ngir de morta após ter sido golpeada na
cabeça e ser enterrada viva. Tudo após Paulo Eduardo, na conversa, con�rmar que a jovem não tinha amigos ou
familiares. Apenas o seu pequeno �lho, morando com ela na cidade. O golpe quase a matara.
Ana levou a polícia ao local em que fora enterrada, e que possuía um odor desagradável apesar de ser mata
aberta. Os policiais observaram que havia diversas covas rasas e descobriram mais de 13 delas.
Paulo Eduardo, na prefeitura com o seu pai, foi escoltado até a delegacia com o mesmo sorriso no rosto de
quando ganhara a eleição para prefeito, e assumiu com louvor não apenas os 13 assassinatos, mas 18
assassinatos de jovens mulheres, sendo que cinco ele cometera no início de namoro com a sua bela e jovem
esposa, que começou a chorar pelas noites quando ele se ausentava.
1.  Como você diagnosticaria Paulo Eduardo nesse caso?
2.  Maldade ou psicopatia? Identi�que.
3.  Re�ita: todo criminoso/psicopata possui inteligência? Leia e releia! A verdade está mais próxima do que
imagina.
VÍDEO RESUMO
Aprofundar os transtornos mentais na abordagem do crime com os principais comportamentos que
diferenciam este tema, reconhecer os criminosos ou os chamados psicopatas de forma técnica sem
especulação será o diferencial desta aula em vídeo. O conhecimento técnico ocupará neste momento o lugar da
curiosidade. A criminologia é um mundo cheio de conhecimentos e de sabedorias prazerosas que podemos
desfrutar em nossas rotinas pro�ssionais, agregando cada vez mais experiência e saciando cada vez mais essa
sede: a do conhecimento.
 Saiba mais
Caro estudante,
Vamos aprender ainda mais com a leitura desse artigo:
DO NASCIMENTO, Antônio Régis França; MEDEIROS, Eduardo Mendes. REFLEXÕES ACERCA DA RELAÇÃO
ENTRE TRANSTORNO PSÍQUICO E CONDUTA CRIMINAL. Revista Cientí�ca Doctum Multidisciplinar, v. 1,
n. 4, 2020.
http://revista.doctum.edu.br/index.php/multi/article/view/336. Acesso em: 06 mar. 2023.
Para visualizar o objeto, acesse seu material digital.
REFERÊNCIAS
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http://revista.doctum.edu.br/index.php/multi/article/view/336
04/09/2023, 12:55 wlldd_231_u1_psi_crime
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Aula 1
AJURIAGUERRA, J.; MARCELLI, D. Manual de Psicopatologia Infantil. Porto Alegre: Artes Médicas. 1986.
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