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DIREITO À DIFERENÇA E QUESTÕES DE GÊNERO

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21/08/2023, 16:03 wlldd_231_u2_pol_inc_aço_afi
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INTRODUÇÃO
Olá, estudante! Nesta unidade vamos estudar as relações humanas no ambiente doméstico e familiar e como
elas se apresentam nas demais relações sociais. Veremos como as características de coabitação, intimidade,
dependência �nanceira e a afetividade, ou a ausência de uma ou mais dessas características têm sido
in�uenciadas pelo patriarcalismo ao longo dos tempos.
Vamos retomar alguns aspectos históricos do patriarcado e como a dominação masculina no conjunto da
sociedade in�uencia os diversos aspectos da vida cotidiana, desde os tempos mais remotos até os tempos
atuais, de modo que essa in�uência foi e é capaz de de�nir os espaços em que o gênero feminino pode atuar e
de estabelecer relações de poder de dominância até os dias de hoje.
HISTÓRIA DO PATRIARCADO E DA DOMINAÇÃO MASCULINA
Nesta seção vamos aprofundar os nossos estudos sobre a história do patriarcado e como ele se constituiu e
criou o que Bourdieu (2002) de�niu como “dominação masculina”. Ao analisar as questões de gênero ao longo
da história, o autor, com uma abordagem histórica e sociológica, adverte que a relação de dominação entre os
Aula 1
PATRIARCALISMO E INFERIORIZAÇÃO DAS MULHERES
Nesta unidade vamos estudar as relações humanas no ambiente doméstico e familiar e como
elas se apresentam nas demais relações sociais.
29 minutos
DIREITO À DIFERENÇA E QUESTÕES DE
GÊNERO
 Aula 1 - Patriarcalismo e inferiorização das mulheres
 Aula 2 - As lutas feministas e a expansão dos direitos das mulheres
 Aula 3 - Liberdade de gênero e sexualidade
 Aula 4 - Resistências e lutas por direitos LGBTQI+
 Referências
126 minutos
21/08/2023, 16:03 wlldd_231_u2_pol_inc_aço_afi
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gêneros é produto de um processo de eternização, promovido por instituições interligadas como: família, Igreja,
Estado, escola, desporto e jornalismo. Destaca também o autor que essa dominação não se limita às diferenças
biológicas, mas que, sobretudo, é uma construção social que busca perpetuar-se.
Por certo, as diferenças naturais entre os corpos do homem e da mulher têm in�uência na construção dessa
dominação, mas elas, por si só, não as de�nem. Essas diferenças biológicas aparecem sempre como tentativas
de justi�car e legitimar o tratamento socialmente diferenciado, que foi construído entre os gêneros, buscando
respaldo nas explicações da natureza, cujo entendimento majoritário de�ne como inquestionáveis, pois se
referem à ciência da natureza, sobre a qual não há possibilidade de discussão. Assim, a fragilidade feminina e a
força masculina são atributos apreendidos, socializados, ensinados e passados de geração a geração, como
sendo a ordem natural das coisas (SILVA, 2017).
Desse modo, o patriarcado se constrói na �gura do homem que assume o papel de pai provedor e moralmente
superior; e a mulher restrita ao papel materno, de cuidar dos �lhos e do lar. Assim, o patriarcado se apresenta
como regime de dominação e exploração das mulheres pelos homens que transcende o mundo privado e
avança para o conjunto da sociedade, como forma de expressão do poder político do homem que se aproveita
dessa diferença sexual socialmente construída e a converte em diferença política. Nesse processo, o patriarcado
estabelece relações hierárquicas entre homens e mulheres no âmbito privado e público, com a superioridade
masculina legitimada por fatores biológicos, que capacita homens a controlar as mulheres (SILVA, 2017).
Muito embora possam ser observados diversos avanços femininos na atualidade, a base do patriarcado
continua �rme, por diversos motivos facilmente veri�cados, como a questão da discriminação salarial entre os
gêneros, que pode ser veri�cada em diversas situações, em que a remuneração das mulheres é inferior a dos
homens, mesmo que elas ocupem exatamente o mesmo posto de trabalho. Além dessa discriminação salarial,
no mercado de trabalho também é possível observar segregação ocupacional, ou seja, atividades em que as
mulheres não são bem aceitas e, por vezes, até proibidas de trabalhar; marginalização de papéis gerenciais,
entre outras situações (SAFFIOTI, 2001).
Portanto, ainda que se possa observar na atualidade uma parcela cada vez maior de mulheres que alcançam
cargos públicos de prestígio, posições importantes em algumas empresas, sejam destaques na política e na
economia, veri�ca-se que o patriarcado vem mantendo a sua força de dominação e exploração do gênero
masculino sobre o gênero feminino.
EXCLUSÃO DA VIDA PÚBLICA E RECATO NA VIDA PRIVADA
Nesta seção vamos tratar de forma mais especí�ca as questões que cercam as relações entre os mundos
privado e público e os gêneros masculino e feminino. Vimos na seção anterior que a fragilidade feminina e a
força masculina são atributos que foram construídos, socializados, ensinados e passados de geração em
geração, como algo absolutamente natural nas relações entre homens e mulheres.
Nesse sentido, aos sujeitos do gênero masculino é ensinado a ser homem. 
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Portanto, a partir da primeira infância são apresentados os seus devidos lugares no mundo aos sujeitos, de
acordo com o gênero ao qual pertencem. Além do lugar que devem ocupar na sociedade, são de�nidos, desde
cedo também, como a sociedade espera que eles se comportem, sob pena de sofrerem inúmeras repressões,
as quais costumam começar dentro da própria casa na qual a criança inicia seus primeiros passos. É por esse
motivo que é muito comum a iniciação dos meninos em esportes como futebol e esportes de luta, em que o uso
da força física é colocado em evidência para que o menino desde cedo aprenda a ser homem.
Por outro lado, é comum observar que as meninas são igualmente envoltas nesse modelo de pensamento, em
que o corpo delas é visto a partir dos esquemas de percepção masculina, que atribuem aos homens qualidades
positivas, como força masculina e, às mulheres, qualidades negativas, como fraqueza feminina, limitando as
meninas à prática de esportes e atividades mais leves e passivas (SILVA, 2017). 
As possibilidades de uso dos corpos masculinos e femininos passam a ser limitados por esse modelo mental. O
que faz com que essa polaridade seja reproduzida ao longo da vida desses sujeitos, colocando o gênero
feminino um gênero subordinado, na medida em que suas qualidades, bem como o acesso a certos papéis são
percebidos como naturalmente ligados a um sexo biológico e não ao outro (ANDRADE, 2005).
No entanto, é importante destacar que não só os homens são envoltas nessa percepção de mundo, mas as
mulheres, enquanto dominadas, são da mesma forma envolvidas nos mesmos esquemas de percepção e de
pensamento. 
AS RELAÇÕES DE PODER NA VIDA COTIDIANA
Embora saibamos que o direito à igualdade, constitucionalmente previsto, deve incluir o tratamento isonômico
entre homens e mulheres, a maioria da população feminina brasileira ainda recebe menos do que os homens,
trabalha mais horas, tem acesso restrito ao trabalho em setores produtivos da economia e tem participação
E o que é ser homem? Socialmente ser homem torna-se sinônimo de força,
insensibilidade e racionalidade. Assim, na formação do homem valoriza-se práticas
perigosas em que a força, a rapidez e a coragem são avaliadas, como podemos
perceber o que ocorre no Brasil com o incentivo quase que arbitrário da prática de
futebol e dos esportes de luta aos homens (paratornarem-se verdadeiros homens)
desde a tenra idade.
As mulheres, ao contrário, são ensinadas a serem frágeis, caladas, dóceis e emocionais,
voltadas para práticas domésticas em que a delicadeza, a calma, as atenções aos
pequenos detalhes são valorizadas. No mesmo sentido, vemos no Brasil o incentivo da
prática de ballet, o uso do rosa e brincadeiras com boneca, de “casinha” em que a
preparação dos alimentos e o cuidado com o �lho são transformados em brincadeiras
apenas permitida para as meninas. 
— (SILVA, 2017, p. 31)
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política ainda inexpressiva no Congresso Nacional.
A nível mundial, a luta pela igualdade de gênero se confunde com a própria criação da ONU em 1945 e, com o
surgimento do modelo de Estado de Bem-estar Social que emerge da tentativa dos Estados ocidentais,
sobretudo a partir da Segunda Guerra Mundial, em promover a igualdade ao acesso a direitos fundamentais. A
Carta da ONU faz referência expressa a “direitos iguais para homens e mulheres” (Preâmbulo; art. 1o, item 3;
art. 8o; art. 13, item 1, b; art. 55; art. 76, c). Destaca-se que essa Carta foi publicada numa época em que apenas
30 dos 51 Estados-membros signatários reconheciam a igualdade entre o voto de mulheres e homens, ou
permitiam que mulheres assumissem funções públicas. Contudo, esse foi o primeiro documento legal de
caráter internacional a tratar da igualdade entre todos os seres humanos, apontando o sexo como base para
discriminação.
A preocupação com o reconhecimento da igualdade de gênero pelos Estados de Direito aparece também na
Declaração Universal de Direitos Humanos (DUDH) de 1948 ao a�rmar que “todos os seres humanos nascem
livres e iguais em dignidade e direitos” (art. 1o) e que “todo ser humano tem capacidade para gozar os direitos e
as liberdades estabelecidos nesta Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo,
religião [...] ou qualquer outra condição” (art. 2º) (JUBILUT; BAHIA; MAGALHÃES, 2013).
Uma das últimas ações da ONU na busca por auxiliar na concretização do direito à igualdade de gênero, em
2010, a Assembleia Geral da ONU aprovou por unanimidade a criação da Entidade da ONU para a Igualdade de
Gênero e o Empoderamento das Mulheres), que defende a participação equitativa das mulheres em todos os
aspectos da vida e enfoca suas ações em cinco áreas prioritárias (JUBILUT; BAHIA; MAGALHÃES, 2013):
• Aumentar a liderança e a participação das mulheres.
• Eliminar a violência contra as mulheres e as meninas.
• Engajar as mulheres em todos os aspectos dos processos de paz e segurança.
• Aprimorar a autonomia econômica das mulheres.
• Colocar a igualdade de gênero no centro do planejamento e dos orçamentos de desenvolvimento nacional.
No Brasil, no mesmo sentido, há essa mesma busca por tratamento igualitário nas questões de gênero,
rati�cação da Carta da ONU pelo Brasil. Nas Constituições brasileiras, desde 1934, e na vasta legislação
infraconstitucional sobre direitos trabalhistas, direitos à saúde, direitos à moradia, direitos políticos, buscam
reconhecer o direito às mulheres a iguais condições econômicas, sociais e políticas dos homens. No entanto,
apesar de toda legislação produzida para permitir a igualdade de gênero, ao longo de mais de 60 anos, ainda
não apresentaram a e�cácia desejada, pois não foram su�cientes para eliminar a discriminação e garantir a
igualdade de gênero (JUBILUT; BAHIA; MAGALHÃES, 2013).
En�m, a verdade é que ainda não temos uma democracia plural e participativa, como a instituída pela
Constituição Federal de 1988, posto que ainda é escasso o acesso das mulheres ao poder político no Estado de
Direito Moderno.
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VÍDEO RESUMO
Neste vídeo vamos aprofundar algumas questões tratadas na unidade. Analisaremos as conclusões do último
Censo, realizado em 2010, e vamos re�etir sobre as condições femininas, o impacto negativo do machismo no
mundo do trabalho e no nível de renda das mulheres, não obstante o alto nível educacional e rendimento. 
 Saiba mais
O artigo Patriarcado, sociedade e patrimonialismo apresenta uma pesquisa sobre o signi�cado do conceito
de patriarcado no Pensamento Social Brasileiro. Nele é observado como o sistema de dominação é
concebido de forma ampla e que incorpora as dimensões da sexualidade, da reprodução e da relação
entre homens e mulheres.
Para visualizar o objeto, acesse seu material digital.
INTRODUÇÃO
Olá, estudante! Está claro observarmos que as mulheres da sociedade brasileira, cada vez mais, buscam ampliar
os seus espaços de participação e reivindicação. Para garantir essa ampliação, o nosso arcabouço jurídico prevê
diversos instrumentos de proteção e de expansão de seus direitos. Tais instrumentos foram se ampliando
historicamente por meio da assinatura de acordos, tratados ou protocolos internacionais do Brasil, junto a
órgãos internacionais. Esse avanço pode ser creditado ao empenho e à mobilização de movimentos feministas e
pelo diálogo com instâncias sociais e governamentais, nos quais foram surgindo a possibilidade de intervir na
proposição e gestão de políticas públicas, incluindo a garantia de direitos e a equidade de gênero. Assim, esse
movimento de ampliação de direitos das mulheres avança para questões civis, políticas, sociais, culturais,
sexuais e reprodutivas.
A EXCLUSÃO E INCLUSÃO FEMININA NO TRABALHO
Nesta seção vamos focar nossos estudos sobre o tema da exclusão e da inclusão feminina no trabalho.
Aula 2
AS LUTAS FEMINISTAS E A EXPANSÃO DOS DIREITOS DAS
MULHERES
Nesta aula, enfocaremos as características do Estado moderno que produzem exclusão e nas
políticas que buscam compensá-las, promovendo inclusão.
28 minutos
https://doi.org/10.1590/S0102-69922000000200006
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Em termos gerais, acerca do mundo do trabalho, podemos observar no nosso dia a dia que os setores
produtivos vêm sofrendo intensas transformações, com a inserção de novas tecnologias e técnicas de gestão
que buscam substituir a mão de obra humana. Essa busca pela redução nos custos da produção tem como uma
de suas consequências a dispensa de inúmeros trabalhadores e trabalhadoras dos seus postos de trabalho. As
mulheres trabalhadoras sofrem mais nesse processo, pois na divisão do trabalho quanto ao gênero, observa-se
que elas encontram maior di�culdade de inclusão. Sua força de trabalho é social e culturalmente desvalorizada
e recebem menores salários. Além disso, frequentemente são obrigadas a pautar suas possibilidades de
inserção laboral nas suas responsabilidades domésticas e familiares, acumulando trabalhos dentro e fora de
casa. En�m, esse conjunto de fatores faz com que as trabalhadoras sejam mais vulneráveis aos mecanismos de
exclusão (DIOGO; COUTINHO, 2006).
É de conhecimento geral que o trabalho ocupa posição estratégica no desenvolvimento das sociedades, uma
vez que o ser humano se a�rma como sujeito em um movimento realizado para dominar a realidade em que ele
está inserido. Dentro da perspectiva histórico-dialética, a consciência humana emerge como produto do
trabalho e das relações sociais. Nesse contexto, o trabalho emerge como categoria para análise do mundo em
que vivemos (DIOGO; COUTINHO, 2006).
Nesse sentido, o nível de desemprego que podemos observar pode ser compreendido não apenas como um
acontecimento desvantajoso para a sociedade,mas como o efeito de uma política exitosa de redução dos
custos de produção. Essas inter-relações entre capital e trabalho acabam por ampliar as desigualdades de
gênero, ao considerar que a busca intensa pela inserção social e laboral feminina foi, e continua sendo,
marcada por diversos entraves, como a dominação masculina, o modelo patriarcal, a crítica que as mulheres
sofrem por quererem adentrar no mercado de trabalho e abandonar seus lares, a censura por desejarem
ganhar dinheiro, o preconceito e a discriminação, entre outros aspectos que colaboram para a sua exclusão
(D'OLIVEIRA; CAMARGO, 2019).
Assim, a trajetória do trabalho feminino é fortemente marcada por muitos percalços, inclusive com uma
considerável confusão a respeito do seu próprio entendimento, em que o trabalho feminino, necessariamente
envolve funções domésticas, cuidados com a família e a casa em conjunto com as atividades remuneradas. Isso,
por vezes, fez com que esse trabalho fosse identi�cado como um elemento impeditivo das ditas “funções
naturais” das mulheres, as de mãe e esposa. Entretanto, basta olhar com atenção a história para observar que
as mulheres sempre trabalharam, mesmo que o seu trabalho não fosse tão evidente ao confundir-se com os
ofícios coletivos e familiares (D'OLIVEIRA; CAMARGO, 2019).
AS LUTAS FEMINISTAS PELA INCLUSÃO POLÍTICA
Nesta seção vamos tratar de forma mais especí�ca sobre lutas femininas pela inclusão das mulheres na política.
Vimos na seção anterior que, em decorrência das estruturas de poder patriarcal, construídas ao longo do
tempo, acentuou-se a crítica da inserção das mulheres no mercado de trabalho, fazendo com que elas
permanecessem, não só à margem do espaço laboral, mas também à margem dos espaços públicos,
especialmente dos espaços políticos. Para tentar reverter esse cenário, a luta feminista foi crucial para romper
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com esse processo histórico, uma vez que, associando-se aos movimentos sindicais, as demandas feministas
levaram à necessidade de repensar sobre o papel de cada gênero na divisão sexual do trabalho (D'OLIVEIRA;
CAMARGO, 2019).
Assim, observamos que, apesar das mulheres serem maioria na população e no eleitorado brasileiro, na política
ainda são minoria. De uma forma ou de outra, as mulheres sempre estiveram presentes na história política do
país, ainda que relegadas a um segundo plano. Desde o período anterior à Proclamação da República, as
mulheres contestam o seu lugar no mundo público, sofrendo as mais variadas críticas, cujos argumentos giram
em torno da ideia da incapacidade feminina para lidar com o mundo público e político. Em vários momentos da
nossa história, podemos encontrar piadas, charges e zombarias das mais diversas utilizadas como forma de
inibir, desacreditar e humilhar as mulheres que procuravam se inserir no espaço público. Portanto, tentar
mudar os costumes que restringem o papel feminino ao mundo doméstico, tornou-se uma das principais
barreiras que deveriam ser vencidas por aquelas que desejavam participar do mundo político (KARAWEJCZYK,
2019).
Ao considerar a participação de mulheres na política, a situação não é diferente, apesar
de a maioria da população brasileira ser composta de mulheres e de terem garantido o
direito ao voto desde 1932, em 2010, as mulheres ocupavam apenas 8,8% das vagas do
Congresso Nacional (Senado Federal e Câmara de Deputados). Em 2010, 51,82% dos
eleitores eram mulheres, mas ainda assim as eleições brasileiras de 2010 não
trouxeram grandes modi�cações quanto à participação feminina na política nacional.
No Senado, das 81 cadeiras, apenas 12 estão ocupadas por mulheres. Na Câmara dos
Deputados, a bancada feminina continua inalterada, com menos de 9% de
representação dentre as 513 cadeiras de deputados federais. Segundo reportagem
veiculada pela Agência Senado, nos Estados e Municípios a situação é similar, onde em
média apenas 10% dos parlamentares que compõem as Assembleias Legislativas e
Câmaras Municipais são mulheres.
— (JUBILUT; BAHIA; MAGALHÃES, 2013, p. 321)
Sempre existiu essa dicotomia entre o público e o privado, onde o público era
reservado aos homens e o privado que envolvia as questões do lar, de se recatar, não
se mostrar, de cuidar dos �lhos era dedicado à mulher, então crescer nesses espaços
públicos exponencialmente masculinos, tendo direito à voz e respeito torna quase
impossível para a mulher adentrar nesses ambientes que historicamente lhe foram
negados.
— (COSTA; GONÇALVES, 2021, p. 104).
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Ressalta-se que, mesmo com a adoção de políticas públicas voltadas para a inserção da mulher nos espaços de
poder, como as cotas de gênero e reservas de recursos do fundo partidário para estimular a participação
feminina na política, essas medidas ainda não são su�cientes para garantir o aumento da sua
representatividade nos espaços políticos, majoritariamente ocupados por homens. Exemplo disso é o baixo
índice de mulheres eleitas em qualquer pleito eleitoral dos últimos anos, mesmo após a criação de mecanismos
de ações a�rmativas que visaram à inserção de cada vez mais mulheres na vida política (COSTA; GONÇALVES,
2021).
DIREITOS SEXUAIS, REPRODUTIVOS E OS ENTRAVES RELIGIOSOS
Nesta seção, estudante, buscaremos alinhar teoria e prática, analisando a luta feminista.
Assim, vamos procurar identi�car o direito à igualdade, entre homens e mulheres, como está previsto na
legislação brasileira, desde as Constituições de 1934 a 1988; passando pela Carta da Organização das Nações
Unidas (ONU) de 1945, rati�cada pelo Brasil no mesmo ano; bem como pela legislação infraconstitucional
brasileira, como exemplo, o Código Eleitoral de 1932 e a Consolidação das Leis Trabalhistas de 1943 (JUBILUT;
BAHIA; MAGALHÃES, 2013).
Historicamente, as ações da ONU em favor das mulheres podem ser divididas em duas fases. A primeira,
compreendida entre a data da promulgação da Carta da ONU até meados da década de 1970, foi dedicada à
codi�cação dos direitos legais e civis das mulheres e ao levantamento de dados sobre a situação das mulheres
no mundo. A segunda fase, a partir de meados dos anos de 1970, observa-se que a ONU passou a focar seus
esforços no desenvolvimento de estratégias e planos de ação para o avanço das mulheres em quatro
conferências mundiais (JUBILUT; BAHIA; MAGALHÃES, 2013).
Os Direitos Sexuais e Reprodutivos foram consolidados desde a Proclamação dos Direitos Humanos em 1948,
em que pese os entraves religiosos históricos que cercam o tema. Assim, começou a luta pelo direito de se viver
a sexualidade e garantir a saúde reprodutiva de forma segura e com liberdade de escolha e decisão nas
questões reprodutivas. Dessa forma, os direitos reprodutivos passaram a se ancorar no reconhecimento básico
do direito de todos os indivíduos a tomar decisões concernentes à reprodução, livres de discriminação, coerção
e violência (PINTO, 2020).
No Brasil, os movimentos feministas tiveram atuação fundamental ao longo dos anos de 1980, lutando por
justiça social e democracia, incorporando como prioritário na sua agenda, o tema da saúde da mulher e dos
direitos reprodutivos. Em 1992, a Rede Nacional Feminista de Saúde Reprodutiva (Rede Saúde) foi fundada e
defendia políticas públicas que aumentassem o acesso das mulheres aos cuidados básicos de saúde, incluindo
assistência à saúde sexual e reprodutiva. Em 2004, o governo federal aprimorou a Política Nacional de Atenção
Integral à Saúde da Mulher – PAISM, destinada às mulheres em todos os ciclos de vida, resguardadas as
especi�cidadesdas diferentes faixas etárias e dos distintos grupos populacionais. Em 1996, foi promulgada a Lei
de Planejamento Familiar, desenvolvida para saúde sexual e reprodutiva com enfoque na anticoncepção e
concepção. Em 2003, foi editada a Norma Técnica de Prevenção e Tratamento dos Agravos Resultantes da
Violência Sexual contra Mulheres e Adolescentes, pelo Ministério da Saúde, destinada a atender as vítimas de
violência, ela prevê uma abordagem intersetorial e interdisciplinar, com interface com segurança e justiça,
21/08/2023, 16:03 wlldd_231_u2_pol_inc_aço_afi
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assegurando a atenção ao abortamento. Em 2004, o Pacto Nacional pela Redução da Mortalidade Materna e
Neonatal estabeleceu uma estratégia conjunta entre União, Estados e Municípios com vistas à redução da
mortalidade materna e neonatal, articulando entidades médicas e de enfermagem (PINTO, 2020).
Portanto, pode ser observado que a saúde reprodutiva implica no direito da pessoa ter uma vida sexual segura
e satisfatória, com capacidade de reproduzir e liberdade de decidir sobre quando, e quantas vezes o deve fazer.
Para tanto, é necessário o acesso a métodos e�cientes, seguros e aceitáveis de planejamento familiar e o direito
de acesso a serviços apropriados de saúde que deem à mulher condições de passar, com segurança, pela
gestação e pelo parto e proporcionem, por conseguinte, saúde à prole.
VÍDEO RESUMO
Neste vídeo vamos aprofundar nossos estudos acerca da participação da mulher na política brasileira, que
sempre lutou por melhores condições de emprego, salário e participação na política. 
A lei eleitoral obriga que os partidos políticos tenham cotas para mulheres para aumentar a representação
feminina na política, no entanto, ocorre que a mentalidade dos partidos é que é necessário cumprir a cota, mas
não existe o entendimento da real necessidade de sua inclusão. As mulheres precisam ocupar esse espaço de
poder para que elas possam falar por outras mulheres formulando políticas públicas voltadas para elas, e em
virtude disso essa representatividade se faz necessária.
 Saiba mais
Para ampliar a atenção às mulheres, a ONU criou em 2010 a ONU Mulheres, para unir, fortalecer e ampliar
os esforços mundiais em defesa dos direitos humanos das mulheres.
A seguir, destacam-se alguns links que detalham essa iniciativa:  
• Sobre o ONU Mulheres.
• Campanhas.
• Atuação no Brasil.
Para visualizar o objeto, acesse seu material digital.
Aula 3
LIBERDADE DE GÊNERO E SEXUALIDADE
Iremos estudar a relação entre liberdade de gênero e sexualidade diante das questões sociais
que envolvem a diversidade de gênero, a liberdade sexual, a discriminação social, a repressão
dos afetos e as exclusões, invisibilizações e violências contra mulheres e LGBTQI+ no Brasil.
28 minutos
http://www.onumulheres.org.br/onu-mulheres/sobre-a-onu-mulheres/
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INTRODUÇÃO
Olá, estudante! Nesta aula iremos estudar a relação entre liberdade de gênero e sexualidade diante das
questões sociais que envolvem a diversidade de gênero, a liberdade sexual, a discriminação social, a repressão
dos afetos e as exclusões, invisibilizações e violências contra mulheres e LGBTQI+ no Brasil. 
Vamos ver que, para que se estabeleça a igualdade de gênero na nossa sociedade, é necessário que todos os
cidadãos abandonem certas atitudes sociais tradicionais, que não mais se encaixam na nova realidade social em
que vivemos e que está em constante transformação. Para tanto, é importante que se compreenda as formas
como a assimetria sexual se dá e se re�ete na sociedade e que o Estado perceba a desigualdade histórica, que
nada mais é do que uma  construção social e que, portanto, pode ser transformada em decorrência da
mudança de pensamento coletivo.
DIVERSIDADE DE GÊNERO E LIBERDADE SEXUAL
Nesta seção vamos focar nossos estudos sobre a diversidade de gênero e a liberdade sexual, sob a luz da nossa
lei maior, a Constituição Federal de 1988. É notório que esses assuntos têm estado no centro de discussões na
mídia, nas escolas e em ações governamentais. Essas discussões têm sido impulsionadas pelo ativismo da
militância e confronta uma cultura ocidental há muito arraigada, mas que têm passado por muitas
transformações, inclusive, no âmbito da sexualidade, e é nesse contexto que as teorias de diversidade sexual e
de gênero vêm se popularizando. 
Dessa maneira, a Constituição Federal de 1988 representa um instrumento fundamental de garantias para as
diversidades sexual e de gênero, pois a sua promulgação representou um momento especial na situação
política brasileira, ao abandonar o sistema autoritário anterior e implementando um novo marco democrático.
A igualdade é tratada inicialmente o art. 5º e ganha diversas passagens no Texto Constitucional, o que revela o
cuidado do constituinte com o princípio isonômico. No art. 7º, que trata dos direitos fundamentais, por
exemplo, a igualdade é destaque nos incisos XXX, XXXI e XXXII. No art. 19, inciso III, com o comando dirigido à
União, aos Estados, aos Municípios e ao Distrito Federal, para que não seja criada qualquer distinção entre
brasileiros. No art. 150, a igualdade retorna, no tema tributário, exigindo tributação isonômica (FERRAZ; LEITE,
2015).
Esse reforço do princípio da igualdade pode ser visto como um a intenção clara e forte
de demonstrar que nenhuma desigualdade será́ tolerada pelo sistema constitucional.
Nesse viés surgem os direitos da diversidade, reforçado pelo comando do art. 3o, inciso
IV, que determina que é objetivo do Estado brasileiro “promover o bem de todos, sem
preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quais quer outras formas de
discriminação”. O inciso I fala em “construir uma sociedade livre, justa e solidária”,
revelando uma abertura clara ao acolhimento.
— (FERRAZ; LEITE, 2015, p. 19)
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Portanto, sob qualquer ponto que se entenda o Texto Constitucional, seja por seus princípios, seja por seus
valores consagrados, a questão da diversidade vem devidamente protegida, o que apenas reforça a
necessidade de que as diversidades de gênero e sexual sejam devidamente defendidas pelo nosso Estado
Democrático de Direito. 
DISCRIMINAÇÃO SOCIAL E A REPRESSÃO DOS AFETOS
Aqui, nesta seção, vamos tratar de forma mais especí�ca sobre questões da discriminação social e da repressão
do afeto, no âmbito da liberdade de gênero e da sexualidade dos indivíduos. Assim, vamos observar
inicialmente que o signi�cado da palavra discriminação pode não ser necessariamente negativo, pois seu
signi�cado se aproxima das noções de separação e distinção, o que, em determinadas situações pode
simplesmente signi�car: tratar de forma diferente as pessoas que são diferentes. Ou seja, tratar as pessoas de
acordo com as suas condições e especi�cidades, como no caso das pessoas portadoras de alguma de�ciência,
que merecem o tratamento adequado, de acordo com as suas limitações.
O problema surge quando essa distinção ocorre de forma injusti�cada, ao ser dado um tratamento diferenciado
a uma pessoa, cuja diferença dos demais em nadajusti�ca esse comportamento.  Nesse sentido, haverá
discriminação social quando observarmos, num grupo ou numa sociedade, que um grupo especí�co recebe
tratamento diferente e desigual em relação aos outros, lesando os direitos das pessoas desse grupo, seja pela
privação de vantagens a que teria direito, seja sobrecarregando-as de obrigações indevidas (SANTOS, 2010).
Destaca-se ainda que esse ato discriminatório pode ocorrer de forma direta ou indireta. Na discriminação social
direta, normas, políticas públicas ou práticas  buscam favorecer determinados segmentos  sociais  por razões de
gênero, raça,  etnia,  religião, classe, opinião política, orientação sexual ou nacionalidade. Os casos de
discriminação direta são os mais graves e os mais visíveis e, portanto, mais fáceis de serem questionados e
Assim, apresentamos a garantia de que a diversidade deve ser protegida, quer pela
preocupação �rme e resistente de garantir a igualdade, entendida também como a
“porta de abertura” das manifestações das diferenças, quer pela a apresentação dos
objetivos fundamentais do Estado, que no art. 3o traz valores inequívocos, especial-
mente no inciso IV.
Tudo isso sem ainda falar da dignidade da pessoa humana, que deve ser entendida
como um ponto fulcral para o entendimento do problema. O sistema coloca como um
dos fundamentos do Estado brasileiro a dignidade da pessoa humana. Ora, são
evidentes os elos de dignidade com as questões de gênero, com as opções religiosas,
com as questões ligadas à de�ciência, dentre outras tantas. 
— (FERRAZ; LEITE, 2015, p. 20)
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transformados. Já a discriminação social indireta é mais sútil e de difícil detectação e eliminação; ela se baseia
em algumas diferenças sociologicamente irrelevantes, como a con�guração �siológica, os gostos artísticos, a
orientação sexual, entre outros atributos humanos (SANTOS, 2010).
Portanto, para superar os desa�os da discriminação social é necessária vontade política para estabelecer sérias
e e�cazes políticas de integração, que resultem em caminhos de desmisti�cação de estereótipos criados ao
redor das comunidades humanas, como exemplo: 
Para tanto, é fundamental investir em educação, pois a educação representa um caminho prioritário,
sobretudo, em matéria de mudança de comportamentos. Dessa forma, nossa sociedade pode superar o
modelo tradicional de masculinidade e feminilidade, em que o primeiro deveria ser reconhecido por sua
virilidade e imposição dominadora, a �m de garantir-se como o provedor do sustento da família, enquanto a
mulher, dentro desse modelo de feminilidade, deveria ater-se aos afazeres domésticos, à criação dos �lhos e
aos cuidados ao próprio homem (FERREIRA; OLIVEIRA, 2019).
EXCLUSÕES, INVISIBILIZACÕES E VIOLÊNCIAS CONTRA MULHERES E LGBTQI+
NO BRASIL
Nesta seção, buscaremos alinhar teoria e prática, analisando como a luta contra a discriminação social e a favor
da diversidade pode evitar que mais pessoas sejam excluídas e ignoradas ao ponto de se tornarem invisíveis à
sociedade. Além disso, vamos estudar como materializar e efetivar o combate à violência, especialmente contra
mulheres e LGBTQI+ no Brasil, com os próprios meios previstos na nossa Carta Maior, a nossa Constituição
Cidadã, que dá garantias capazes de efetivar essa ação tão necessária para o bem do conjunto da sociedade,
pois trata de seres humanos, brasileiros e brasileiras, com os mesmos direitos e deveres de todos os demais,
que não sofrem ações discriminatórias.
O paradoxo da luta pela garantia da diversidade está no fato que, apesar das históricas lutas em favor da
igualdade como um princípio constitucional, é necessário defender a diferença para que a igualdade seja
factível em suas potencialidades. Para resolver esse paradoxo, o princípio da igualdade precisa ser
redimensionado para considerar os tratamentos desiguais, não como objeto de discriminação excludente, mas,
ao contrário, como formas de incluir setores sociais desfavorecidos. Isso exige um reconhecimento de que a
diferença não é somente um fato, mas, sobretudo um direito que pode ser exercido sem criar obstáculos ao
acesso do diferente aos demais direitos subjetivos que efetiva ou potencialmente possa exercer (FERRAZ; LEITE,
2015).
A repressão de sentimentos e emoções que são impostas pelo ideal de masculinidade
se torna fator desencadeador de comportamentos violentos nos homens, pois, a
repressão dos afetos, por si só, já é a expressão de uma violência sobre ele mesmo,
entendendo que as emoções são inerentes a qualquer ser humano.
— (FERREIRA; OLIVEIRA, 2019, p. 585)
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Corrobora para esse entendimento, a de�nição de discriminação trazida por Santos (2010, p. 44), quando ele
a�rma que “discriminação é palavra derivada de discriminar, que signi�ca diferenciar, diferençar, discernir. Ser
objeto de discriminação, portanto, não quer dizer necessariamente algo negativo, podendo ser alguém
diferenciado dentro de um grupo por suas características positivas”. Portanto, por vezes, é utilizada a expressão
discriminação positiva, como sinônimo de ação a�rmativa para exprimir medidas estatais que têm por objetivo
eliminar desigualdades historicamente acumuladas, garantindo a igualdade de oportunidades e tratamento,
bem como de compensar perdas provocadas pela discriminação e pelamarginalização, decorrentes de motivos
raciais, étnicos, religiosos, de gêneros, entre outros. Dessa forma, elas visam combater os efeitos acumulados
em virtude de discriminações negativas ocorridas no passado.
Isso nos remete à percepção de que é necessário acomodar as diferenças, sejam elas culturais ou sociais, sem
que isso implique uma igualização forçada. Essa defesa do respeito ao diferente, deve estar inclusa tanto no
ambiente político e social, quanto no ambiente jurídico, uma vez que as constituições são o ponto de partida
para a a�rmação dos direitos dos diferentes em razão de sua própria diferença. Esses pressupostos nos levam a
uma gradativa sedimentação do direito antidiscriminatório, que consiste em políticas a�rmativas e em medidas
constitucionais e jurídicas que estejam aptas a promover materialmente o princípio da igualdade nos termos do
reconhecimento da diferença (FERRAZ; LEITE, 2015).
Portanto, é imperioso que tenhamos o entendimento de que o princípio da igualdade tem como uma de suas
funções precípuas, exatamente a neutralização das desigualdades concretas no âmbito do exercício dos
direitos. Isso porque basta observarmos as diferenças reais existentes entre os seres humanos e na natureza
para constatar que a desigualdade é a regra geral.
VÍDEO RESUMO
Neste vídeo vamos aprofundar nossos estudos sobre liberdade de gênero e sexualidade, ressaltando a
importância da iguadalde no nosso ordenamento jurídico e como os conceitos igualitários se relacionam com a
questão da diversidade. Veremos que a diversidade de gênero e a liberdade sexual estão garantidas em nosso
Texto Constitucional, de modo que nenhuma desigualdade será tolerada.
Dessa forma, veremos que o tratamento desigual aos diferentes é garantida, a �m de que seja materializado o
combate à desigualdade. Portanto, veremos que é necessário defender a diferença para que a igualdade seja
uma realidade verdadeira.
 Saiba mais
Para ampliar a atenção à necessidade de garantir a igualdade de gênero, entre outras formas de
desigualdade, ONU de�niu como Objetivo 10 a Redução de desigualdades. Veri�que aqui.
Para visualizar o objeto, acesse seu material digital.
https://brasil.un.org/pt-br/sdgs/10
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Uma das ações apoiadas pela ONU nesse sentido é o Coletivo de Arte LGBTI e Direitos Humanos. Este link
apresenta mais informações sobre ele.
Nesse mesmo sentido, o Alto Comissário da ONU para Refugiados emitiu uma mensagem no Dia
Internacional contra a Homofobia, Transfobia e Bifobia.
INTRODUÇÃO
Olá, estudante! Nesta aula vamos aprofundar nossos estudos sobre o conceito de cidadania, ampliando seu
espectro para lutas pela liberdade sexual e de gênero, pelos direitos civis e liberdade LGBTI+ (Lésbicas, Gays,
Bissexuais, Transgênero, Intersexo e qualquer outra minoria relacionada). Ressalta-se que a cidadania é um
conceito antigo que passou por transformações, desde a sua introdução por Aristóteles a concepção atual,
passando pela Revolução Francesa, com o lema de liberdade, igualdade e fraternidade, muito utilizado na luta
pelos direitos humanos. 
A partir dos anos de 1970, houve uma explosão de movimentos de lutas pelos direitos das minorias, que
ampliaram a luta por cidadania e direitos civis, o que deu maior visibilidade aos grupos minoritários. Assim,
cidadania passa a ser percebida como chave para conquistar mudanças e inovações, e deixa de ser somente
associada ao exercício de direitos políticos, ampliando a percepção para a necessidade de uma compreensão
diferente da ideia de igualdade, com diversidade.
AS LUTAS PELA LIBERDADE SEXUAL E DE GÊNERO
Nesta seção vamos focar nossos estudos sobre os primórdios das lutas pela liberdade sexual e de gênero,
iniciando pelos aspectos mais conceituais que começaram essas lutas. Nesse sentido, é importante começar o
nosso estudo destacando que desde os primórdios da civilização, o preconceito constitui o mais importante e
inseparável companheiro da sexualidade. Tal constatação pode explicar o motivo pelo qual, por um tempo
muito largo, não houve qualquer interesse por estudar mais a fundo conceitos e o desenvolvimento da
feminilidade e da masculinidade. Simplesmente, era assumida a ideia de que as questões de gênero
correspondiam, por natureza, aos dois sexos biológicos, sem levar em conta as suas possíveis variabilidades.
A psicanálise foi a primeira teoria geral da personalidade que se dedicou a investigar o que hoje denominamos
gênero. Iniciando por Sigmund, no início do século XX, seus estudos postularam que a masculinidade era o
estado natural e que a feminilidade dela derivava. Autores como Horney e Jones sugeriram que masculinidade e
Aula 4
RESISTÊNCIAS E LUTAS POR DIREITOS LGBTQI+
Na era contemporânea a noção de liberdade se aproxima em boa medida das perspectivas da
diferença: ser e poder ser diferente
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https://brasil.un.org/pt-br/133665-coletivo-de-arte-lgbti-e-direitos-humanos-e-apoiado-pelo-fundo-de-populacao-da-onu
https://www.acnur.org/portugues/2022/05/17/mensagem-do-alto-comissario-da-onu-para-refugiados-filippo-grandi-no-dia-internacional-contra-a-homofobia-transfobia-e-bifobia/
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feminilidade possuíam uma origem própria, resultante de predisposições inatas. Já Stoller, mais para os anos
�nais do mesmo século, sustentou a existência de uma “protofeminilidade” em ambos os sexos, decorrente da
identi�cação primária com a mãe (HOLOVKO; CORTEZZI, 2017).
Podemos observar por esse breve histórico da teoria psicanalítica que ela é insu�ciente para compreender toda
variedade de apresentações da sexualidade observada no mundo contemporâneo, uma vez que não há
evidência de que o gênero original (ou natural) seja o masculino, como concebeu Freud, ou o feminino, como
propôs Stoller, ou ainda, de que, conforme Horney e Jones, ambos os gêneros sejam independentes e inatos
(HOLOVKO; CORTEZZI, 2017).
Portanto, para compreendermos a luta pela liberdade sexual e de gênero, é fundamental que saibamos o
conceito de gênero na atualidade, partindo, justamente, do questionamento ao entendimento sobre o conceito
de gênero até então predominante. Esse questionamento deve iniciar; portanto, na busca por corrigir as
limitações do comportamento sexual e da hipótese de um sistema binário de gêneros, que encerra
implicitamente a crença numa relação mimética entre gênero e sexo, na qual o gênero re�ete o sexo ou é por
ele restringido. “Mesmo que os sexos pareçam tão obviamente binários em sua morfologia e sua constituição,
não há razão para supor que os gêneros também devam permanecer em número de dois” (HOLOVKO;
CORTEZZI, 2017, p. 35).
Na esteira das lutas dos movimentos sociais, da década de 1970, o conceito de gênero ganhou ampliação de
seus estudos nas áreas de sociologia, antropologia, psiquiatria, psicanálise e cultura como um todo.
Nesse sentido, o gênero é constituído por comportamentos, preferências, interesses e posturas, incluindo a
forma de se vestir, andar e falar, histórica e socioculturalmente estabelecidos, con�gurando a masculinidade e a
feminilidade, nem sempre concordantes com a identidade sexual, estabelecida pela anatomia (HOLOVKO;
CORTEZZI, 2017). Com relação ao conceito de sexo, Butler (2003) a�rma que ele pode também ser culturalmente
produzido, o que corrobora com a a�rmativa freudiana de que a atitude sexual é o resultado de numerosos
fatores, nem todos ainda conhecidos, sendo alguns de natureza constitucional, outros, de natureza acidental.
Alguns desses fatores podem ter maior ou menor importância e, diante da multiplicidade dos fatores
determinantes, eles se re�etem na variedade das atitudes sexuais manifestas que se expressam nos seres
humanos (HOLOVKO; CORTEZZI, 2017).
DIREITOS CIVIS E LIBERDADE LGBTQI+
A partir da Constituição Federal de 1988, os direitos civis, políticos e sociais ganharam amplo terreno, uma vez
que a Carta Maior deu destaque à igualdade de todos perante a lei. O conceito de sociedade civil começa a ser
usado no período da Assembleia Constituinte, quando ocorria uma transição política da ditadura militar para o
Estado Democrático de Direito. Isso permitiu que os movimentos sociais ganhassem corpo e a defesa das
minorias tomam forma, associando o conceito de sociedade civil à participação e organização da população civil
na luta contra o regime militar e na reivindicação de bens e direitos sociopolíticos que até então eram negados
(GOHN, 2013). 
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Nesse cenário, além dos movimentos sociais feminista, ambiental e movimento negro, ganha força o
movimento homossexual. Em abril de 1980, em São Paulo, ocorre o 1° Encontro de Grupos Homossexuais
Organizados (EGHO), em que 200 pessoas compareceram; aconteceu também o 1° Encontro Brasileiro de
Homossexuais (EBHO), com participação de 600 pessoas. Nos anos de 1980, com a epidemia do HIV/AIDS no
mundo e no Brasil, a homossexualidade volta a ser associada a uma doença, porém com o Estado democrático,
novas formas de troca política foram estabelecidas com os grupos do movimento homossexual, que trouxeram
ao debate preocupações formais ao novo cenário político de discussão, agora com acesso às autoridades de
saúde e aos novos partidos políticos. Campanhas especí�cas foram elaboradas para incluir a proibição de
discriminação por "orientação sexual" durante a Assembleia Nacional Constituinte, gerando um debate positivo
entre a comunidade cientí�ca a respeito do signi�cado do termo e seu uso para incentivar o diálogo com a
sociedade civil e com as diferenças (SIMÕES, 2012).
A partir da Carta Constitucional,várias iniciativas foram implementadas, entre leis e políticas públicas, na busca
por garantir os direitos civis e a liberdade LGBTQI+, como podemos observar (MOURA, 2017): 
•  1999: Conselho Federal de Psicologia proibiu psicólogos de tratar a homossexualidade como doença,
seguindo diretrizes da Organização Mundial da Saúde.
•  2001: criação do Conselho Nacional de Combate à Discriminação (CNCD).
•  2004: criação do programa Brasil Sem Homofobia, vinculado à Secretaria de Direitos Humanos o qual foi
fortalecido em 2006, com a entrada de demandas LGBTQI+ na agenda do Governo Federal.
•  2007: inclusão no Sistema Único de Saúde (SUS) da cirurgia de transgenitalização na lista de procedimentos.
•  2009: lançado o Plano Nacional de Promoção da Cidadania e Direitos Humanos de Lésbicas, Gays, Bissexuais,
Travestis e Transexuais (PNPCDH-LGBT), prometendo tratar a questão dos Direitos Humanos como política de
Estado, englobando de maneira transversal ações que defendem uma livre orientação sexual e identidade de
gênero.
•  2010: instituído o Dia Nacional de Combate à Homofobia.
•  2011: reconhecimento da união estável entre pessoas do mesmo sexo (STF).
•  2015: Resolução do Conselho Nacional de Combate à Discriminação LGBT garantiu o direito ao uso do nome
social em instituições de ensino, assim como o direito ao uso do banheiro e de uniformes associados ao gênero
com o qual o/a estudante se identi�ca.
•  2017: legalização da união estável homoafetiva e do casamento.
LUTAS MICROPOLÍTICAS PELA (R)EXISTÊNCIA
Nesta seção, buscaremos alinhar teoria e prática, analisando como as lutas micropolíticas pela (r)existência
acontece. O termo (r)existência, destaca duas palavras em uma: a resistência e a existência, ou seja, a luta pelo
direito de existir é um ato de resistência. Assim, existir e resistir, no contexto de lutas LGBTQI+ são ações que
precisam andar juntas para garantir os direitos já conquistados e lutar por sua ampliação.
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Essa luta se faz necessária, especialmente porque, apesar de já estarmos em pleno século XXI e, mesmo após
inúmeros avanços, estamos assistindo à retomada de antigos movimentos antidemocráticos, travestidos de
nova política, com ideias conservadoras que se agarram no discurso da repressão, destituição de direitos
garantidos e enfraquecimento da democracia para devolver à sociedade os seus valores essenciais. São
movimentos que pregam uma retomada ao modelo patriarcal para destruir ou desmontar conquistas de longos
processos de emancipação e avanços no pensamento sobre gênero e sexualidade, além de outras conquistas
sociais (MOURA, 2019).
Mas, podemos questionar, como as lutas micropolíticas, por meio de algumas práticas de intervenção urbana
podem ampliar sua perspectiva política de luta contra essas estratégias de poder, que buscam inviabilizar os
grupos que conquistaram seus direitos, ao custo de muitas lutas, e, agora, cada vez mais são alvos de
estratégias de apagamento necropolítico? Moura (2019) apresenta três ações cuja re�exão sobre suas
possibilidades têm a possibilidade de transpor fronteiras e se insurgir e insubordinar aos processos estruturais
de controle e dominação.
São apresentações artísticas que compreendem intervenções urbanas, performances, teatro de rua e outras
propostas que buscam colocar o corpo em diálogo e em contato direto com os espaços públicos das cidades. A
�nalidade é acentuar o caráter político, intrínseco a todo trabalho artístico, seja pelos conteúdos que abordam,
seja pela forma como estabelecem seus procedimentos de criação e intervenção, principalmente por serem
realizados por pessoas que sofrem com todo o processo de desmonte de direitos sociais.
A primeira ação que Moura (2019) apresenta é uma experiência desenvolvida em Cuiabá, com o nome “Espaço
Para Apedrejar”, no qual um grupo de pessoas foi convocado pelas redes sociais a participar de uma festa
pública e provocadas a se travestirem de forma a questionar ou deixar mais �uída suas identi�cações de
gênero, brincando com as fronteiras e determinações sociais. A ideia foi coletar e ter contato com impressões
do público participante, sobre como enxergam e se relacionam com a diversidade sexual, de gênero e culturais
de maneira geral. Outra ação, foi a “Ruína de Anjos”, uma performance que aconteceu diretamente na dinâmica
da cidade, no trânsito, adentrando lojas, e na noite das ruas e vielas do centro de Salvador e Cuiabá, com o
objetivo de dialogar diretamente com o público que efetivamente foi assistir a montagem e com os passantes e
desavisados que foram surpreendidos pela movimentação.
Essas ações, assim como muitas outras experiências artísticas que dialogam com a cidade, buscam questionar e
se colocar na contramão das velhas operações de poder e controle e estabelecem outras formas de estar,
ocupar e se relacionar com a cidade e com os cidadãos. Elas buscam demonstrar a (r)existência de outras
formas de pensamento, descaracterizaram o cotidiano caótico e automatizado em que a maioria das pessoas
vivem, e propõem outras possibilidades, tornam seu ato uma resposta de insubordinação e luta, como uma
prática de (r)existência. Dessa forma, quando esses artistas se reúnem na rua, trazem em sua luta
reivindicatória a ressigni�cação do espaço público, reivindicando o seu direito à cidade e a sua maneira de viver
(MOURA, 2019).
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VÍDEO RESUMO
Neste vídeo vamos aprofundar nossos estudos acerca das lutas por liberdade sexual e de gênero no contexto
atual. 
A luta contra o preconceito é uma luta de todos. Os atores sociais que trazem constantemente para o debate
público as diferenças entre sexualidade e gênero, direitos civis, liberdade LGBTQI+ e sua (r)existência, ajudam a
mostrar que essas questões têm dimensão histórica e política e, portanto, merecem a nossa atenção.
 Saiba mais
Veja como o artigo Mapeamento de políticas públicas destinadas a pessoas LGBT: algumas conquistas e
muitos desa�os busca apresentar as principais políticas públicas brasileiras voltadas à população LGBT,
analisando seus avanços e suas limitações, assim como apresentar um mapeamento dos serviços públicos
do município de Belém como exemplo da incipiente rede de atenção a essa população.
Para visualizar o objeto, acesse seu material digital.
Aula 1
AGUIAR, N. Patriarcado, sociedade e patrimonialismo. Sociedade e Estado, 2000, v. 15, n. 2, pp. 303-330.
Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0102-69922000000200006 . Acesso em: 5 maio 2022.
ANDRADE, V. R. P. de. A soberania patriarcal: o sistema de justiça criminal no tratamento da violência sexual
contra a mulher. In: Sequência – Estudos jurídicos e políticos. Publicação do programa de Pós-Graduação em
Direito da UFSC, n. 50, p. 71-102, jul. 2005.
BOURDIEU, P. A dominação masculina. 2. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2002.
FUNDO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A INFÂNCIA – UNICEF. Declaração Universal dos Direitos Humanos.
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JUBILUT, L. L.; BAHIA, A. G. M. F.; MAGALHÃES, J. L. Q. de  (coords.). Direito à diferença: aspectos de proteção
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REFERÊNCIAS
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