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Ciência Política Formas e Exercício do Poder Prof(a) Me. Maria Gisele de Alencar Unidade de Ensino: 3 Competência da Unidade: Conhecer, interpretar e aplicar os conceitos de poder e dominação tanto na análise liberal quanto na crítica. Compreender os sistemas políticos. Resumo: Refletir sobre as formas de dominação, poder e autoridade, bem como as formas de governo, a divisão dos poderes e os sistemas políticos atuais. Palavras-chave: Poder, dominação, regimes políticos e sistemas políticos Título da Teleaula: Formas e exercícios do poder. Teleaula nº: 3 Contextualizando Contextualizando a aula Por que nos deixamos governar? Quais são as características daqueles que exercem o poder? Etienne de La Boétie (Servidão voluntária). August Comte (Razão, técnica e ciência). Max Weber (Tipos de dominação). A crítica Marxista às formas de dominação. Formas e sistema de governo. Bloco 1 Etienne de La Boétie. (1530-1563) Humanista e defensor da Liberdade A liberdade é natural aos seres humanos – no entanto por algum motivo estão na condição de Servidão, sujeitos à tirania. Discurso sobre a Servidão Voluntária – composição poética sobre a liberdade e um alerta contra a servidão humana e a tirania do poder. • como se pode servir de forma voluntária, sacrificando a própria liberdade de espontânea vontade? Porque as pessoas se fazem dominar? Caso quisessem sua liberdade de volta, precisariam se rebelar. • Mas, de acordo com Boétie, será que a querem? • Há um sentir de segurança sob o julgo do tirano. • Os tiranos têm poder porque as pessoas dão a eles. • O grande mistério da política era a obediência aos governantes. • Não é apenas o medo - necessária a nossa autorização A tirania “A tirania não é ato de força ou violência de um homem ou de um bando de homens, mas nasce do desejo de servir e é o povo que gera seu próprio infortúnio, cúmplice dos tiranos” (Marilena Chauí, 1982) A tirania consentida A servidão voluntária de um povo não reside na maldade do tirano, em si. • Depende de uma sociedade construída tiranicamente pelo desejo de dominar o outro. • As sociedades são tiranicamente construídas pelo desejo de dominar o outro • Embora inconsciente, ela á real – concreta – cotidiana. • A vontade de servir é o nome da vontade de dominar. • A vontade de servir engendra uma sociedade tirânica de ponta a ponta. • A proteção do tirano é dada pela sociedade que o deseja porque deseja tiranizar também. Fontes da Servidão Costume: os homens se deixam dominar porque são educados a serem dominados; Encantamento: os homens se deixam encantar pelos que dominam. Estrutura da dominação: há uma rede de dominação que faz com que todos se deixem governar. Catarseando Étienne de La Boétie, no “Discurso da servidão voluntária” entre os anos 1552 e 1553, descreveu (o) enigma filosófico e salientou que “nascemos livres e servos de ninguém e trocamos a liberdade pela servidão”. As reflexões do filósofo lançam outro olhar sobre a relação entre os dominados e dominantes. O texto na íntegra evidencia características fundamentais entre os seres humanos alienados na visão do autor. Analise as afirmativas a seguir e assinale aquela que demonstra essa evidência segundo o autor. a) Explica-se a submissão por meio de covardia. Acreditam que estão conferindo poder a si próprios. Cada um, do mais alto ao mais baixo, deseja ser obedecido pelos demais e, portanto, ser tirano também. A vontade de servir é o nome da vontade de dominar. b) Explica que a proteção do tirano não é dada pela sociedade e que não há nenhuma espécie específica de tiranos que o defina como um bom ou mau príncipe. Salienta o autor que a tirania não é uma prerrogativa para a governabilidade. Não há razão para acreditarmos que a servidão está amparada nos costumes. c) Explica que os tiranos têm conseguido, para sua segurança, habituar o povo não só à desobediência à servidão, mas incentiva o povo ter um apreço pela liberdade. Tudo, pois, o que até aqui disse sobre o hábito das pessoas serem voluntariamente livres e isso se aplica apenas às relações entre cidadãos e representantes políticos. d) Explica que racionalidade lógica possibilita aos governantes e aos governados o domínio dos atos cometidos, o que estabelece nessa relação a confiança, não atrelada aos bens materiais, aos laços afetivos que estabelecem o poder centralizado nas mãos de um grupo que se dispõe a governar. e) Explica que a liberdade é a única coisa que os seres humanos desejam e por isso obtê-la exige um sacrifício, a liberdade não é natural e não nascemos alforriados. A virtude naturaliza o ser humano a viver livre, a ponto de fazê-lo não perder a lembrança de sua primeira condição; o desejo de liberdade como um ato incondicional a sua existência. Bloco 2 Auguste Comte (1798-1857) Motivações e posicionamento Otimista em relação à República pois abriria caminhos para o desenvolvimento pleno da Ciência e da Tecnologia Sobre o ponto de vista da política – trabalho integrado entre ciência e política visando o progresso das sociedades – Máxima do Positivismo O poder Razão, Técnica e Ciência – são as verdadeiras fontes de poder. O ato de governar: capacidade técnica e científica. O verdadeiro governante é aquele que conhece os instrumentos capazes de gerar a ordem social, o desenvolvimento industrial, tutelando os governados rumo ao final da história da evolução humana. Evolução e positivismo Estado teológico: a legitimidade dos governantes podia ser explicada e aceita pelo direito divino que esses pareciam possuir. Estado metafísico: indagação racional da natureza e das formas de dominação. Estado positivo: os homens se voltaram à razão, à técnica e à ciência como as verdadeiras fontes de poder. Karl Marx (1818-1883) Viés econômico Essa corrente de pensamento estuda a história do desenvolvimento tecnológico, as bases concretas e materiais da vida humana (materialismo) e as lutas sociais decorridas dos conflitos entre o capital (leia as grandes empresas e os capitalistas) e o trabalho (leia os trabalhadores, operários e funcionários). • Dominação: Estado que representa os interesses da classe burguesa que detém o capital. • Agente revolucionário: proletário (trabalhador) Nos trilhos do Materialismo Dialético Dialética: as relações existentes entre os homens e o trabalho, entre os homens e outros homens, entre os dominantes e dominados, bem como entre o homem e o mundo, são relações que portam conflitos e contradições. Materialismo: pela dialética ocorre a reflexão sobre as contradições contidas nos fenômenos sociais, visando sua superação (transformação). A saída e a possibilidade Romper com os aspectos políticos e ideológicos da dominação burguesa – o operário conduzirá esse processo. • Socialismo: uma etapa de construção da emancipação social e política do homem. O Estado é responsável pela produção e distribuição. • Comunismo: a humanidade alcança a emancipação e rompe com as desigualdades. Catarseando O filósofo Auguste Comte (1798 – 1857) preenche sua doutrina com uma imagem do progresso social na qual se conjugam ciência e política deve assumir o aspecto de uma ação científica e a política deve ser estudada de maneira científica (a física social). Desde que a Revolução francesa favoreceu a integração do povo na vida social, o posotivismo obstina-se no programa de uma comunidade pacífica. E o Estado, instituição do “reino absoluto da lei”, é a garantia da ordem que impede o retorno potencial das revoluções e engendra o progresso. RUBY, C. Introdução à filosofia política. São Paulo: Unesp, 1998 (adaptado). A característica do Estado positivo que lhe permite garantir não só a ordem, como também o desejado progresso das nações, é ser a)Espaço coletivo, onde as carências e desejos da população se realizam por meio das leis. b) Produto científico da física social, transcendendo e transformandoas exigências da realidade. c) Elemento unificador, organizando e reprimindo, se necessário, as ações dos membros da comunidade. d) Programa necessário, tal como a Revolução Francesa, devendo portanto se manter aberto a novas insurreições. e) Agente repressor, tendo um papel importante a cada revolução, por impor pelo menos um curto período de ordem. É a condição material dos indivíduos que determinaria os demais aspectos de sua vida. A importância dada por Marx a esse quesito de nossas vidas é justificada, segundo sua teoria, em razão do impacto que a situação econômica de um sujeito tem em sua trajetória de formação. Essa linha de pensamento é chamada de: a) Evolucionismo material. b) Capitalismo selvagem. c) Contratualismo. d) Materialismo histórico. Bloco 3 Max Weber (1864-1920) Fenômeno social A contribuição de Weber à teoria política, se inscreve na forma pela qual explicou a noção de poder e dominação. Dominação é um fenômeno social - presente em todas as sociedades e diversas relações sociais. Poder – emissão (exercício da vontade) Dominação – recepção (aceitação e subordinação) Potere – poder Imposição da vontade – de uma pessoa ou de uma instituição. • Capacidade de agir em uma determinada direção, seguindo certos interesses e objetivos. • Capacidade de agir no sentido de orientar e/ou determinar a ação de outrem. Dominação Weber estrutura os tipos de dominação cuja legitimidade, isto é, a aceitação do dominante pelos dominados está baseada em motivos de ordem racional, mas também históricas e subjetivas. • Dominação: aceitação e a subordinação dos indivíduos ao poder exercido por alguém. • Confere autoridade a quem exerce do poder – Legitimidade. Dominação Racional-legal: tipo oficial de legitimidade da dominação porque ocorre a partir de uma convecção social estabelecida pelos indivíduos; O Estado surgiu a partir de um pacto entre seus membros, devendo então, todas as pessoas se submeterem ao corpo de leis e regras. O Estado subordina as pessoas à sua autoridade legal. • Força das leis, emprego da força via os aparelhos repressivos do Estado (Althusser). Dominação Tradicional: conferida pelo respeito à tradição. Exemplo: Patriarcado (sistema sociopolítico que coloca os homens em situação de poder; lhes conferindo uma base de privilégios). Nesta dominação há uma relação moral explicita: normas morais que conferem a tradição do exercício do poder. Não há competência necessária à liderança pois, é a tradição que confere tal autoridade – há estabilidade da dominação pois, a tradição é perpetuada. Dominação Carismática: capacidade que uma pessoa exerce em mobilizar as massas e comandar as demais. Devoção ao líder carismático – personalidade de liderança, crença, fé. Lider carismático: detém uma espécie de força “mística”, faz com que seus seguidores depositem a esperança, fé; nestes termos, não há exigências à competências racionais para que exerça o poder. Forma de dominação mais Instável – os súditos podem perder o “encantamento” Catarseando Segundo Max Weber (1979), “a burocracia constitui o tipo tecnicamente mais puro da dominação legal. Nenhuma dominação, todavia, é exclusivamente burocrática”. Isso porque: a) a dominação legal também existe nas empresas, cuja organização administrativa é regida por estatutos, mas não burocrática; b) a dominação legal pode até prescindir de um quadro de funcionários; c) a dominação legal requer somente funcionários contratados em seu quadro administrativo; d) os cargos mais altos das associações políticas não são ocupados por funcionários contratados, recrutados por competência técnica para tarefas metódicas, porém ocupados por autoridades eleitas, seja pelo voto popular ou por um colegiado parlamentar. Bloco 4 Formas de Governo As estruturas de poder e os fundamentos da institucionalidade constitucional. O Estado se fundamenta. • Monarquia • República. Monarquia A fonte de todo poder é do chefe de Estado. Relacionada às antigas tradições e à linhagem social dos indivíduos que governam. • Tradição/ Hereditariedade/ Vitalício Estado absoluto – tirania Ruptura a partir das Revoluções Burguesas. Monarquias constitucionais. República • Consenso comunitário. • Igualdade de direitos entre os cidadãos. • Eleições, voto livre e secreto e à concorrência entre diferentes projetos políticos que disputam o poder de Estado. • Democrática. Sistema de Governo e Divisão dos Poderes Forma escolhida para o exercício do poder de fato. Modo pelo qual os governantes são escolhidos, como governam e se mantêm no poder. • o presidencialista • o parlamentarista • O executivo. • O legislativo. • O judiciário. Atribuição de funções específicas para cada poder. São independentes. Cada um possui a tarefa de fiscalizar e impor limites aos demais. Considerando a travessia A relevância da Ciência Política como um instrumento para a compreensão das diferentes perspectivas e explicações desenvolvidas sobre Poder e Dominação, considerando os escritos de: Etienne de La Boétie, que no século XVI defendeu a tese da dominação voluntária. August Comte, que no século XVIII atribuiu à razão, técnica e a ciência como as verdadeiras fontes de poder. Max Weber, que no final do século XIX e início do século XX, define o poder como o exercício da vontade sobre indivíduo e a dominação, como a aceitação e a subordinação dos indivíduos ao poder exercido por alguém – Legitimidade. Partindo do entendimento conceitual sobre o Poder e Dominação, iniciamos a reflexão sobre as formas e sistemas de governo, assim como a divisão dos poderes (legislativo, judiciário e executivo).