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Revista de Atualidades 03 - Abril

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não autorizada previament esc to. Todos os direitos reservados.
Revista de
A UALIDADES
AR
2022
ABR
1 
Sumário 
Atualidades Mundo
Saúde mental na adolescência ........................................................................................................................ 2 
Marcos históricos contemporâneos do Movimento Negro ......................................................................... 13 
Polarização política no mundo contemporâneo ........................................................................................... 24 
Atualidades Brasil
Pantanal ........................................................................................................................................................... 29 
Fake news e o projeto de lei ........................................................................................................................... 38 
A democracia no Brasil................................................................................................................................... 46 
Referências...................................................................................................................................................... 53 
2 
Atualidades Mundo 
Saúde mental na adolescência 
A adolescência é um momento de muitas mudanças físicas, emocionais, hormonais e 
comportamentais. Por isso é importante prestar atenção aos sinais que o corpo e a mente sempre 
dão para quando as coisas não estão indo muito bem. Vamos juntos conversar um pouco mais 
sobre saúde mental? 
Pega a visão: todas as informações apresentadas aqui são de organizações que têm como um dos 
seus focos a saúde do adolescente. Porém isso não é um guia, portanto não substitui de forma 
alguma a procura por um profissional de saúde especializado. As ideias apresentadas a seguir são 
para levantar debates fundamentais acerca da saúde mental na adolescência e tentar trazer 
algumas informações relevantes sobre o tema. Então, se você tiver alguma questão nesse sentido, 
é essencial procurar um profissional da área, ok?! 😉 
Para começar, você sabe o que caracteriza ser adolescente? Já adianto que não é ser rebelde, hein 
– o RBD que me perdoe... E te afirmo que não existe exatamente um consenso sobre quando essa
fase da vida começa; mas, para fins didáticos, vamos adotar o padrão que é estabelecido pela
Organização Mundial da Saúde (OMS).
3 
Segundo a instituição, a adolescência é a fase da vida entre a infância e a idade adulta, dos 10 aos 
19 anos. Outros pesquisadores consideram que a adolescência só começa aos 14 e termina aos 24 
anos, por exemplo. Lembra que falamos anteriormente sobre falta de consenso? Então... 
Independentemente disso, para a OMS, o importante é entender que esse é um período único de 
desenvolvimento humano e de intensas modificações que se tornarão a base para uma boa saúde 
física e mental desse futuro adulto. 
Segundo a instituição: 
“Os adolescentes experimentam um rápido crescimento físico, cognitivo e psicossocial. Isso afeta 
como eles se sentem, pensam, tomam decisões e interagem com o mundo ao seu redor. [...] Para 
crescer e se desenvolver com boa saúde, os adolescentes precisam de informações, incluindo 
educação sexual abrangente e adequada à idade; oportunidades para desenvolver habilidades para 
a vida; serviços de saúde aceitáveis, equitativos, apropriados e eficazes; e ambientes seguros e de 
apoio. Eles também precisam de oportunidades para participar significativamente na concepção e 
execução de intervenções para melhorar e manter sua saúde. Expandir essas oportunidades é 
fundamental para responder às necessidades e direitos específicos dos adolescentes.” 
Disponível em: https://www.who.int/health-topics/adolescent-health#tab=tab_1
Quando surgiu a adolescência? 
Você sabe de onde surgiu a ideia de adolescência? O conceito tal qual conhecemos hoje é muito 
recente, e preciso te falar: ele está sujeito a questões culturais, geográficas, sociais e políticas. 
Segundo a pesquisadora Luciana Gageiro Coutinho: 
"A adolescência é um fato cultural, pois o modo como cada sociedade lida com os seus jovens é 
particular e articulado a todo o seu contexto sociocultural e histórico. A passagem da infância à 
maturidade, vivenciada como a ‘crise adolescente’, é um produto típico da nossa civilização." 
Motta, Débora. Uma análise da adolescência ao longo da história. https://siteantigo.faperj.br/?id=1654.2.5
O que chamamos de adolescência atualmente teria surgido no final do século XIX; e, segundo 
especialistas como a citada acima, a ideia só se consolidou de fato no século XX, especialmente 
depois das guerras mundiais. Apesar disso, é fundamental explicar que o termo é muito anterior a 
esse período, ok?! O que surgiu na passagem do século XIX para o XX foi o conceito de adolescência 
mais próximo do atual. 
Agora precisamos “chamar a História no probleminha”, para lembrar que esse período foi de intensa 
modificação social, política, cultural e econômica na sociedade ocidental. Estamos falando de uma 
fase em que industrialização é a palavra de ordem, assim como o individualismo – consolidação do 
modo de vida burguês, lembra? Estamos falando também do surgimento do Romantismo e da 
defesa de uma liberdade de criação e expressão, com foco no individuo, na supervalorização da 
natureza e das emoções e na busca por uma autenticidade. O cross-over de milhões entre a 
Literatura e a História – vem “ni” mim, interdisciplinaridade! 
Todas essas modificações na sociedade ocidental acabaram contribuindo para o surgimento de 
uma ideia diferente sobre o que seria essa chamada adolescência. Para a pesquisadora Luciana 
Gageiro Coutinho, as mudanças que ocorreram nas escolas no século XX – como uma maior divisão 
 
 
 
 
 4 
do tempo de estudo e dos conhecimentos científicos – fizeram o jovem demorar mais a sair de 
casa e, consequentemente, ficar mais tempo dependente dos pais. Esse seria o momento em que 
o adolescente teria a possibilidade de aproveitar a vida de forma mais livre e sem tantas obrigações. 
Um fator significativo a se considerar é que a arte, especialmente a Literatura e o Cinema, 
contribuíram para a construção de um imaginário social em torno desse jovem como um rebelde e 
indisciplinado. Todo o mundo já ouviu aquela famosa expressão: Rebelde sem causa. Essa 
idealização do adolescente estava ligada diretamente ao seu contexto histórico, uma vez que a 
década de 1960 foi marcada por uma série de movimentos de contestação social, política e 
econômica, com um enfoque especial para os movimentos de contracultura, por exemplo. 
Um ponto interessante levantado por Luciana é que o conceito de adolescência se consolidou a 
partir daí, enquanto se criava a ideia de conflito de gerações. A representação do adolescente como 
um ser livre para viver e experimentar fez com que as pessoas quisessem vivenciar essa fase da 
vida. Olha essa música famosa do grupo musical Alphaville, de 1984: 
Em inglês: 
Let us die young or let us live forever 
We don't have the power, but we never say never 
Sitting in a sandpit, life is a short trip 
 
Forever young, I want to be forever young 
Do you really want to live forever? 
Forever, and ever 
 
Tradução: 
Deixem-nos morrer jovens ou deixem-nos viver eternamente 
Nós não temos o poder, mas nunca dizemos nunca 
Sentando em um poço de areia, a vida é uma viagem curta 
 
Eternamente jovem, eu quero ser eternamente jovem 
Você realmente quer viver para sempre? 
Para sempre e todo sempre 
“Forever Young”, Alphaville, 1984. Disponível em: https://www.letras.mus.br/alphaville/1356/traducao.html 
 
Assim, a rebeldia passou a ser uma das características centrais do “ser adolescente” nesse período. 
Para especialistas, todas as mudanças que ocorreram na virada do século XX para o XXI trouxeram 
uma nova ideia de adolescência e juventude. O aumento do consumoe da individualidade e 
principalmente o reconhecimento da criança e do adolescente como seres sujeitos de direitos são 
fatores essenciais para pensar o que é adolescência na sociedade contemporânea. 
Pega a visão: um exemplo interessante desse reconhecimento no Brasil é o Estatuto da Criança e 
do Adolescente (ECA), criado em 1990. O ECA é um conjunto de normas jurídicas que tem como 
objetivo principal a proteção e a defesa dos direitos da criança e do adolescente. 
 
 
 
 
 
 
 5 
 
 
Segundo Luciana, 
“O que marca a geração atual é a sua imersão na sociedade de consumo, centrada no presente e 
na posse de objetos e as influências das novas tecnologias, da mídia, do telefone celular e da 
Internet, que repercutem em várias dimensões da vida do jovem. [...] A adolescência hoje é marcada 
por desafios na construção de projetos futuros, pela busca por novas maneiras de se relacionar 
amorosa e sexualmente e pelo envolvimento por vezes problemático com drogas e situações de 
violência. [...] Nesse contexto, os ideais de liberdade e autonomia tornam-se radicais, de modo que 
o que é dito aos jovens é que seu futuro depende única e exclusivamente deles e que eles devem 
romper com o passado e com as tradições, para que possam se destacar do todo pela sua 
singularidade e autenticidade.” 
Motta, Débora. Uma análise da adolescência ao longo da história. https://siteantigo.faperj.br/?id=1654.2.5 
 
O que é saúde mental? 
Agora que já falamos sobre a adolescência, pensa aí: você já parou para pensar sobre o que é saúde 
mental? O que é estar com o corpo e a mente “em dia”? Segundo o Fundo das Nações Unidas para 
a Infância (UNICEF), a saúde mental pode ser definida como: 
“A saúde mental é mais do que a ausência dos transtornos mentais, é um estado de bem-estar, é 
conseguir passar pelas coisas que acontecem em nossa vida, mesmo as ruins, e depois conseguir 
seguir em frente. E ela se relaciona com a nossa saúde física, nossas questões emocionais e 
também com a justiça social, a autonomia e a segurança.” 
Disponível em: https://www.unicef.org/brazil/media/16126/file/saude-mental-de-adolescentes-e-jovens.pdf 
 
Portanto, podemos perceber que existem muitos fatores externos e internos que contribuem para a 
construção de uma saúde mental e que ela está diretamente relacionada com o a parte física do 
corpo também. Então, fazer exercícios ou praticar uma atividade física de que você gosta é um dos 
fatores essenciais para que a mente consiga estar em sintonia com o corpo. 
É bom frisar que não é sobre emagrecer, muito menos buscar um padrão que é – infelizmente – 
mais aceito pela sociedade. Seu padrão é você e a sua saúde, viu?! Praticar exercícios faz com que 
6 
o nosso corpo libere um hormônio chamado endorfina, que dá aquela sensação de bem-estar,
prazer, alívio e relaxamento – alô, @Biologia, corre aqui! 😉
Segundo a UNICEF, outros dois fatores também são essenciais para o jovem manter a saúde 
mental: a resiliência e o autocuidado. Você sabe do que se tratam essas duas palavrinhas? 
Disponível em: https://www.unicef.org/brazil/media/16126/file/saude-mental-de-adolescentes-e-jovens.pdf
Transtornos mais comuns na adolescência 
Segundo a OMS, existem alguns transtornos que podem mexer com o emocional do jovem e fazer 
com que ele não consiga viver com plenitude, ou seja, relacionando-se, cumprindo sua rotina e 
praticando exercícios, por exemplo. O transtorno mental é um estado emocional que prejudica a 
qualidade de vida do adolescente e pode levar a alterações de humor, hábito e comportamento. 
Entre os transtornos mais comuns entre os jovens e adolescentes, estão: 
• Transtorno de estresse pós-traumático (TEPT);
• Depressão;
• Ansiedade;
• Síndrome do pânico;
• Transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH).
O que é resiliência? 
É a capacidade de enfrentar os desafios da vida de uma forma positiva, 
aprender a ser mais tolerante (que aceita certas falhas ou erros) e flexível (que 
se adapta a várias situações). 
O que é autocuidado? 
É tudo aquilo de positivo que fazemos para nos sentirmos bem, seja algo 
ligado ao físico, social, mental ou espiritual. É dar atenção a si mesmo, 
conhecer as necessidades, buscar o bem-estar e pedir ajuda quando 
necessário. 
7 
Além disso, a UNICEF e especialistas apontam para outro elemento muito importante: a existência 
de questões sociais, comportamentais e emocionais que podem ser propulsoras de transtornos e 
uma saúde mental prejudicados. Algumas delas são: 
• Violência (física e psicológica);
• Luto;
• Abuso físico ou sexual;
• Bullying ou cyberbullying;
• Racismo;
• LGBTQIAP+fobia;
• Falta de recursos financeiros.
Dicas importantes para tentar manter a saúde mental em dia 
Saúde Mental De Adolescentes e Jovens, UNICEF. Disponível em: https://www.unicef.org/brazil/media/16126/file/saude-mental-de-
adolescentes-e-jovens.pdf
Pega a visão: neste link contém um e-book da UNICEF que tem a intenção de dialogar com os 
adolescentes e jovens sobre saúde mental. Que tal dar uma olhadinha?! O material é bem interativo, 
e foi nele que nos baseamos para escrever a maior parte das coisinhas que estão por aqui. 😊 
Caso esteja passando por alguma questão emocional que seja difícil de explicar ou colocar para 
fora, você pode entrar em contato com o número 188. Isso não exclui a necessidade de procurar 
um profissional qualificado, como você consegue encontrar em boa parte das universidades 
públicas próximas a você de forma gratuita ou por um valor social. O importante é se cuidar, viu?! 
https://www.unicef.org/brazil/media/16126/file/saude-mental-de-adolescentes-e-jovens.pdf
8 
Como contextualizar essas informações na redação? 
Saúde mental é um tema que tem sido cada vez mais debatido pela sociedade. Mesmo que ainda 
existam muitos tabus em relação a esse tema, é possível visualizar um maior acesso a informações 
sobre o assunto atualmente. Por isso o próprio Enem abordou essa questão no tema da redação de 
2020 (“O estigma associado às doenças mentais na sociedade brasileira”) – fato que não impede 
que ele seja abordado sob outras perspectivas ou por outras bancas de vestibular. 
Se liga! 
Neste link você pode acessar a prova do Enem de 2020, cujo tema da redação foi saúde mental. 
Agora, vamos escrever um texto sobre saúde mental na adolescência, para colocar em prática os 
conhecimentos obtidos a respeito desse tema? Deixaremos, a seguir, três opções para você treinar. 
😉 
Tema 1: A saúde mental do jovem no século XXI 
TEXTO I 
Dados sobre a saúde mental dos jovens 
 Os dados sobre a saúde mental dos jovens na atualidade no Brasil e no mundo precisam ser vistos 
como instrumentos de alerta para que os pais, os professores e os responsáveis se posicionem 
quanto à necessidade de buscar ajuda especializada antes que certas situações se tornem 
irreversíveis. 
A ausência de tratamento de saúde mental durante a juventude tem grande impacto no desempenho 
educacional, pessoal e profissional, o que aumenta o risco de abuso de álcool, de drogas e de 
comportamento violento. 
A Organização Mundial de Saúde (OMS) já anunciou que a maioria dos transtornos mentais que 
afetam adolescentes e jovens não é diagnosticada e nem tratada. Essa é uma realidade que desafia 
os gestores de saúde pública nos países desenvolvidos, em desenvolvimento e subdesenvolvidos. 
No Brasil, os números chamam a atenção para a intrínseca relação entre os casos confirmados de 
distúrbios mentais e a evolução para o suicídio nesse grupo. Segundo a Organização Pan Americana 
de Saúde, o suicídio já está classificado em terceiro lugar como a principal causa de morte em 
jovens de 15 a 19 anos. 
Em caráter global, a OMS destaca alguns dados que sugerem intervenções urgentes com vistas à 
redução dos impactos dos transtornos de ordem psíquica sobre a saúde de adolescentes e de 
jovens. Veja quais são: 
• as doenças mentais afetam um em cada seis indivíduos com idade entre 10 e 19 anos;
• as condiçõesde saúde mental representam 16% de toda a incidência global de doenças e de
lesões na faixa etária de 10 a 19 anos;
• a maioria dos adolescentes e dos jovens com doença mental não recebe nenhum tipo de
assistência ou tratamento;
• a depressão é uma das principais causas de transtornos e de incapacidades entre os
adolescentes e jovens;
• a maioria das doenças mentais perdura até a vida adulta e compromete a estabilidade mental e
física do indivíduo que não recebeu tratamento.
Disponível em: https://hospitalsantamonica.com.br/quais-sao-os-principais-perigos-a-saudemental-dos-jovens-na-atualidade/
https://download.inep.gov.br/enem/provas_e_gabaritos/2020_PV_impresso_D1_CD1.pdf
9 
TEXTO II 
Disponível em: https://www.janiltonpsicologo.com.br/olhos-psicanaliticos/olhos-psicanaliticos-medicar-criancas/
TEXTO III 
Fatores que influenciam a saúde mental dos jovens 
A adolescência é uma fase crucial para o aprendizado, o desenvolvimento e a manutenção de 
grande parte dos hábitos sociais e emocionais mais importantes para a estabilidade mental. Nesse 
sentido, a adoção de padrões de sono saudáveis, a realização regular de exercício físico e o 
desenvolvimento de habilidades que possibilitam o gerenciamento de dificuldades figuram na lista 
das ações mais relevantes para uma juventude saudável. 
Listamos algumas questões determinantes e que podem elevar as chances de desordens mentais 
nos mais jovens. Veja quais são: 
• desemprego;
• conflitos familiares;
• desejo de maior autonomia;
• maior exposição ao estresse;
• exploração da identidade sexual;
• falta de qualidade de vida doméstica;
• envolvimento precoce com drogas e álcool;
• pressão para integrar-se a certos grupos ou comportamentos;
• problemas de relacionamento com pais, professores ou colegas;
• maior acesso, mais disponibilidade de recursos e uso da tecnologia;
• vítimas de bullying ou exposição à violência, incluindo pais agressivos;
• influência da mídia quanto à posição social, aos padrões estéticos e às diferenças de gênero.
Disponível em: https://hospitalsantamonica.com.br/quais-sao-os-principais-perigos-a-saude-mental-dos-jovens-na-
atualidade/
10 
TEXTO IV 
Instagram é a rede social mais nociva à saúde mental, diz estudo 
Redes sociais são mais viciantes que álcool e cigarro – é o que diz a pesquisa realizada pela 
instituição de saúde pública do Reino Unido, Royal Society for Public Health, em parceria com o 
Movimento de Saúde Jovem. E, dentre elas, o Instagram foi avaliado como a mais prejudicial à 
mente dos jovens. 
Os resultados mostram que 90% das pessoas entre 14 e 24 anos usam redes sociais – mais do que 
qualquer outro grupo etário, o que os torna ainda mais vulneráveis a seus efeitos colaterais. Ao 
mesmo tempo, as taxas de ansiedade e depressão nessa parcela da população aumentaram 70% 
nos últimos 25 anos. Os jovens avaliados estão ansiosos, deprimidos, com a autoestima baixa, sem 
sono, e a razão disso tudo pode estar na palma das mãos deles: nas redes sociais, justamente. 
Ao longo da pesquisa, 1.479 indivíduos entre 14 e 24 anos tiveram que ranquear o quanto as 
principais redes (Youtube, Instagram, Twitter e Snapchat) influenciavam seu sentimento de 
comunidade, bem-estar, ansiedade e solidão. 
O estudo mostrou que o compartilhamento de fotos pelo Instagram impacta negativamente o sono, 
a autoimagem e a aumenta o medo dos jovens de ficar por fora dos acontecimentos e tendências 
(FOMO, fear of missing out). Segundo a pesquisa, o site menos nocivo é o YouTube, seguido do 
Twitter. Facebook e Snapchat ficaram em terceira e quarta posição, respectivamente. 
Disponível em: https://super.abril.com.br/sociedade/instagram-e-a-rede-social-mais-prejudicial-a-saude-mental/
A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de 
sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua 
portuguesa sobre o tema “A saúde mental do jovem no século XXI” apresentando proposta de 
intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e 
coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista. 
Tema 2: Os problemas relacionados à intolerância no ambiente escolar brasileiro 
TEXTO I 
A escola, nas sociedades letradas como a nossa, ocupa lugar por excelência para que se cumpram 
as funções da educação e da aprendizagem dos conhecimentos, das artes, das ciências e da 
tecnologia. As psicologias que emergiram no início do século XX enfatizavam, cada uma a seu 
modo, a importância dos processos de aprendizagem e de ação do meio externo no 
desenvolvimento das crianças, na clássica discussão a respeito da natureza e do ambiente como 
fatores determinantes desse desenvolvimento. Para Vigotski, a escola tinha papel fundamental ao 
produzir “algo fundamentalmente novo do desenvolvimento da criança” na direção dos processos 
psicológicos superiores e da entrada da criança em um meio mediatizado pela cultura e pela 
linguagem. 
Adaptado. MARQUES, Patrícia; CASTANHO, Marisa. O que é a escola a partir do sentido construído por alunos. Disponível em: 
https://www.scielo.br/pdf/pee/v15n1/03.pdf
11 
TEXTO II 
O preconceito e a discriminação são amplamente disseminados dentro da comunidade estudantil, 
que ao invés de discutir sobre a diversidade opta pela exclusão. A falta de debate e esclarecimento 
dentro das escolas perpetua a prática discriminatória histórica no Brasil. Uma pesquisa inédita 
sobre “Preconceito e Discriminação no Ambiente Escolar” mostra que os principais alvos são os 
negros e as pessoas com deficiência. Das 18,5 mil pessoas entrevistadas (alunos, pais, diretores, 
professores e funcionários) em 501 escolas públicas de todo o país, 99,3% assumem ter algum tipo 
de preconceito em relação a portadores de necessidades especiais (96,5%), etnorracial (94,2%), 
gênero (93,5%), geração (91%), socioeconômico (87,5%), sobre orientação sexual (87,3%) e 
territorial (75,95%). 
Disponível em: http://www.palmares.gov.br/
TEXTO III 
PROPOSTA DE REDAÇÃO 
A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de 
sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua 
portuguesa sobre o tema “Os problemas relacionados à intolerância no ambiente escolar 
brasileiro” apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, 
organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de 
vista. 
12 
Tema 3: (PUC-Rio, 2014) Felicidade 
“A felicidade é uma questão individual. Aqui, nenhum conselho é válido. Cada um deve procurar, por 
si, tornar-se feliz.” (Sigmund Freud) 
Produza um texto dissertativo-argumentativo – entre 20 e 25 linhas –, discorrendo sobre a 
felicidade. Seu texto deve conter, obrigatoriamente, um resumo do texto abaixo em forma de 
DISCURSO INDIRETO ou PARÁFRASE, com a devida fonte mencionada na redação. Dê um título ao 
seu texto. 
Felicidade e alegria 
Contardo Calligaris 
Quando eu era adolescente, pensava que a felicidade só chegaria quando eu fosse adulto, ou seja, 
autônomo, respeitado e reconhecido pelos outros como dono exclusivo do meu nariz. Contrariando 
essa minha previsão, alguns adultos me diziam que eu precisava aproveitar bastante minha infância 
ou adolescência para ser feliz, pois, uma vez chegado à idade adulta, eu constataria que a vida era 
feita de obrigações, renúncias, decepções e duro labor. 
Por sorte, meus pais nunca disseram nada disso; eles deixaram a tarefa de articular essas 
inanidades a amigos, parentes ou pedagogos desavisados. Graças a esse silêncio dos meus pais, 
pude decretar o seguinte: os adultos que afirmavam que a juventude era o único tempo feliz da vida 
deviam ser, fundamentalmente, hipócritas. Com isso, evitei uma depressão profunda, pois, uma vez 
que a adolescência, que eu estava vivendo, não era paraíso algum – nunca é –, qual esperança me 
sobraria se eu acreditasse que a vidaadulta seria fundamentalmente uma decepção? Cheguei à 
conclusão de que, ao longo da vida, nossa ideia da felicidade muda: quando a gente é adolescente, 
a felicidade é algo que só será possível no futuro, na idade adulta; quando a gente é adulto, a 
felicidade é algo que já se foi – a lembrança idealizada (e falsa) da infância e da adolescência como 
épocas felizes. Em suma, a felicidade é uma quimera que seria sempre própria de outra época da 
vida – futura ou passada. 
No filme de Arnaldo Jabor, “A Suprema Felicidade” (2010), o avô (Marco Nanini) confia ao neto que 
a felicidade não existe e acrescenta que, na vida, é possível, no máximo, ser alegre. Concordo com 
o avô do filme. E há mais: para aproveitar a vida, o que importa é a alegria, muito mais do que a
felicidade. Então, o que é a alegria? Ser alegre não significa necessariamente ser brincalhão. Nada
contra ter a piada pronta, mas a alegria é muito mais do que isso: ser alegre é gostar de viver mesmo
quando as coisas não dão certo ou quando a vida nos castiga. É possível, aliás, ser alegre até na
tristeza ou no luto [...] Essa alegria, de longe preferível à felicidade, é reconhecível, sobretudo, no
exercício da memória, quando olhamos para trás e narramos nossa vida para quem quiser ouvir ou
para nós mesmos. Para quem consegue ser alegre, a lembrança do passado sempre tem um
encanto que justifica a vida. Para que nossa vida se justifique, não é preciso narrar o passado de
forma que ele dê sentido à existência. Não é preciso que cada evento da vida prepare o seguinte.
Tampouco é preciso que o desfecho final seja sublime – “descobri a penicilina, solucionei o
problema do Oriente Médio, mereci o Paraíso”. Para justificar a vida, bastam as experiências –
agradáveis ou não – que a vida nos proporciona, à condição de que a gente se autorize a vivê-las
plenamente. Ora, nossa alegria encanta o mundo, justamente, porque ela enxerga e nos permite
sentir o que há de extraordinário na vida de cada dia, como ela é. Para reencantar o mundo, não
precisamos de intervenções sobrenaturais, de feitos sublimes. Para reencantar o mundo, é
suficiente descobrir que o verdadeiro encanto da vida é a vida mesmo.
Texto adaptado de artigo publicado na Folha de S. Paulo (18/11/2010).13 (1): 11-16, jan./abr. 2000; p. 11.
13 
Marcos históricos contemporâneos do Movimento Negro 
Brasil 
As leis 10.639, de 2003, e a 11.645, de 2008, foram promulgadas para alterar a Lei de Diretrizes e 
Bases (LDB), de 1996. A LDB disciplina e regulamenta a educação básica no país e a intenção das 
novas normas era incluir como conteúdo obrigatório o ensino da História e Cultura Afro-brasileira e 
Indígena nos currículos do ensino médio e do ensino fundamental. Segundo a lei: 
“Art. 26-A. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e de ensino médio, públicos e privados, 
torna-se obrigatório o estudo da história e cultura afro-brasileira e indígena. 
§ 1º O conteúdo programático a que se refere este artigo incluirá diversos aspectos da história e
da cultura que caracterizam a formação da população brasileira, a partir desses dois grupos étnicos,
tais como o estudo da história da África e dos africanos, a luta dos negros e dos povos indígenas
no Brasil, a cultura negra e indígena brasileira e o negro e o índio na formação da sociedade nacional,
resgatando as suas contribuições nas áreas social, econômica e política, pertinentes à história do
Brasil.
§ 2º Os conteúdos referentes à história e cultura afro-brasileira e dos povos indígenas brasileiros
serão ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de educação
artística e de literatura e história brasileiras.” (NR)
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/lei/l11645.htm 
Apesar da promulgação da lei, o país ainda encontra uma serie de obstáculos para colocá-la em 
prática, como a falta de especialização, que começa desde a formação acadêmica. Muitos 
educadores, boa parte das vezes, não estudam conteúdos sobre os indígenas e os afro-brasileiros 
em seus espaços de formação. Além do fato de que a formação continuada nem sempre é uma 
possibilidade, assim como materiais disponíveis sobre o tema. 
Um outro fator importante para se pensar sobre as dificuldades de colocar em prática tal lei, é a não 
compreensão dos saberes produzidos por esses povos como parte de algo muito maior do que 
apenas aqueles ligados a aspectos culturais. Os saberes produzidos por esses grupos estão ligados 
a todas as áreas possíveis, como matemática, astrologia, música, comida, linguística, química e 
entre outros, porém existe uma resistência em reconhecer essas produções como conhecimento 
legitimo. Fala sério, quantas vezes já ouvimos falar por aí: isso é crendice, superstição etc.? 
Todas essas questões levantadas fazem parte de uma problemática muito maior, que é o racismo 
estrutural. Já ouviu falar??? O racismo pode ser dividido em diversos níveis e diversas formas, mas 
é preciso pensar que a nossa sociedade foi, e ainda é, formada por uma estrutura moldada pela cor 
da pele e traços ligados a determinados grupos “raciais”. De acordo com o autor Silvio de Almeida, 
o racismo é uma relação de poder que se manifesta em circunstâncias históricas.
“O racismo constitui todo um complexo imaginário social que a todo o momento é reforçado pelos 
meios de comunicação, pela indústria cultural e pelo sistema educacional. Após anos vendo 
telenovelas brasileiras um indivíduo vai acabar se convencendo que mulheres negras têm uma 
vocação natural para o emprego doméstico, que a personalidade de homens negros oscila 
invariavelmente entre criminosos e pessoas profundamente ingênuas, ou que homens brancos 
sempre têm personalidades complexas e são líderes natos, meticulosos e racionais em suas ações. 
E a escola reforça todas essas percepções ao apresentar um mundo em que negros e negras não 
14 
tem muitas contribuições importantes para a história, a literatura, ciências e afins, resumindo-se em 
comemorar a própria libertação graças á bondade de brancos conscientes.” 
Racismo Estrutural, Silvio de Almeida. 
Pega a visão: embora, biologicamente raça não seja mais um conceito aceito, é essencial pontuar 
que ela é uma construção social e política que visa tanto manter/criar formas de opressão quanto 
formas de resistência. 
A marcha contra o racismo que ocorreu em 1995, em Brasília, foi um dos principais propulsores, 
assim como a atuação de outros coletivos pretos, da criação da lei de obrigatoriedade do ensino da 
cultura afro-brasileira nas escolas. Os participantes da marcha levaram até o então presidente 
Fernando Henrique Cardoso uma proposta de ação chamada “Programa de Superação do Racismo 
e da Desigualdade Racial”, onde constava uma série de ações ligadas a educação como forma de 
superar a discriminação racial. 
Marcha contra o racismo. Pela Igualdade e a vida. Disponível em: 
https://acervo.socioambiental.org/sites/default/files/documents/03D00040.pdf
A marcha foi apenas uma das diversas táticas que o movimento negro contemporâneo utilizou para 
combater o racismo estrutural. Portanto, na esteira dos processos de contestação, o movimento 
negro brasileiro não ficou de fora desse processo e promoveu diversas formas de lutas contra o 
racismo no Brasil no século XX. Alguns grupos e personalidades se destacaram, ao longo desse 
período, como Abdias do Nascimento, Lélia Gonzalez, Beatriz Nascimento, Sueli Carneiro, 
Conceição Evaristo, Milton Santos, Carolina Maria de Jesus, Bezerra da Silva, Mãe Menininha do 
Gantois, Elza Soares, entre muitos outros. 
 
 
 
 
 15 
Além disso, organizações como Movimento Negro Unificado (MNU), a Frente Negra Brasileira (FNB), 
Teatro Experimental do Negro (TEN), Movimento das Mulheres Negras, entre outros, foram 
essenciais para a articulação do movimento de resistência e para a conquista de direitos para a 
população negra ao longo do século XX. 
Pega a visão: a Frente Negra Brasileira tem uma história beeem controversa e se vocêquer entender 
um pouco melhor esse rolê aí, clica nessa reportagem aqui. 
Dentro desse contexto, veremos alguns marcos contemporâneos do movimento negro nos Estados 
Unidos e na França para compreender como esses processos são múltiplos e diversos. Ahhh 
importante perceber que as leis que citamos ali em cima são parte desse processo de luta, no caso 
do Brasil, da população negra e da indígena, que também é constantemente invisibilizada. 
Indicação é bom e todo mundo gosta: segue algumas indicações de filmes e series sobre os temas 
que foram trabalhados na aula! 
• Por um feminismo Afro-latino-Americano - Lélia Gonzalez 
• O movimento negro educador – Nilma Lino Gomes 
• Racismo Linguístico – Gabriel Nascimento 
• Encarceramento em massa – Juliana Borges 
• O Genocídio do negro brasileiro - Abdias Nascimento 
 
 
Estados Unidos da América 
O século XX foi marcado por uma ebulição social, política e econômica, com duas guerras mundiais 
no currículo, uma série de crimes cometidos contra os direitos humanos e crises econômicas. Foi 
um momento de continuidade das contestações das populações negras, mas com o surgimento de 
elementos próprios do novo século. 
Em um local marcado pela brutalidade e pela segregação, a exemplo do Massacre de Tulsa e das 
Leis Jim Crow, nasceram dois dos maiores ritmos musicais do século supracitado: o blues e o jazz. 
Para muitos pesquisadores dos gêneros musicais, especialmente do Blues, eles se originaram das 
“worksongs” (canções de trabalho) que eram entoadas enquanto os escravizados trabalhavam nas 
plantações. 
Autores como Eric Hobsbawn defendem que (sim, ele mesmo, aquele que está em todas), em alguns 
locais, como a Louisiana, os escravizados não eram coibidos de cantar suas canções de trabalho, 
pois tal ação era vista como uma válvula de escape para o trabalho exaustivo. No caso do blues, 
acredita-se que ele tenha surgido ainda antes da independência das Treze Colonias. Já o Jazz, é um 
ritmo mais contemporâneo e teria surgido na virada do século XIX para o XX. 
Não à toa, um dos principais locais apontados como responsáveis pela origem do Jazz é estado de 
Louisiana, onde fica a cidade de New Orleans. O local foi responsável por receber uma serie de 
escravizados de diversos locais do continente africano e de diferentes religiões e possuía um pouco 
mais de liberdade do que o restante das regiões do país, por conta do “Coid Noir”. Por conta desse 
https://www.bbc.com/portuguese/brasil-53000662
 
 
 
 
 16 
código, criado pelos franceses, os escravizados tinham o domingo livre e se reuniam nessa praça 
para cantar, dançar e aproveitar o dia de folga. 
Foi dentro desse contexto que teria surgido a base daquilo que hoje chamamos de jazz, através da 
mistura de vários ritmos como o blues, as músicas religiosas das igrejas protestantes formada por 
negros, cantos de vodu e entre outros. 
 
Ilustração de uma roda de dança na Congo Square, 1886. Disponível em https://www.blackpast.org/african-american-history/congo-
square-new-orleans-louisiana/ 
 
O jazz se tonou tão importante para a cultura norte-americana que passou a ser consumido em 
larga escala nos Estados Unidos e fora dele. E quanto a Congo Square, bom, especialistas apontam 
que boa parte dos ritmos que surgiram depois, como o rock in roll e o rap, beberam de suas fontes. 
Todo esse processo cultural foi acompanhado de pertinho por uma produção intelectual, com 
autores como W.E. B. Du Bois, que estavam pensando a questão do negro, tanto no continente 
africano quanto na diáspora. É nesse período da virada do século XIX para o XX, que surge o pan-
africanismo e a ideia de cooperação entre os negros em diáspora e os africanos. Todo esse 
processo ainda influenciou diretamente a movimentação da resistência dos povos que viviam sob 
o julgo do colonialismo e do racismo proveniente dele. 
Importante pensar que assim como em outras regiões marcadas pelo histórico da escravidão e pelo 
colonialismo, as múltiplas e diversas formas de resistência andam de mãos dadas e se alimentam 
mutuamente. Enquanto a cultura está ganhando um fôlego com o surgimento do Jazz e do 
Renascimento do Harlem, os ativistas estão produzindo intelectualmente formas de resistências a 
opressão racial e colonialista. 
 
 
 
 
17 
Indicação é bom e todo mundo gosta: segue algumas indicações de filmes e series sobre os temas 
que foram trabalhados na aula! 
• The Underground Railroad (2021 - Amazon Prime Video)
• Lovecraft Country (2020 – HBOMax)
• Watchmen (2019 – HBOMax)
• A Voz Suprema do Blues (2020 – Netflix)
• Se a Rua Beale Falasse (2018 - Amazon Prime Video)
França 
Assim como no restante do mundo, na França, o século XX também foi marcado por uma serie de 
produções literárias e acadêmicas produzidas movimento negro. Autores como Aimeé Cesaire, 
Léon-Gontran Damas e Leopold Sedar Senghor, que eram originários de antigas colônias francesas, 
contribuíram para a eclosão do Movimento da Negritude. 
É a partir da criação do jornal L’Étudiant Noir (O estudante negro), em 1934, que a união entre os 
negros de todos os continentes está sendo convocada e reforçada. Isso te lembra alguma coisa? 
Enfim, o grupo atuava também com a criação de reuniões, exposições e eventos que pudessem 
divulgar sobre as suas ideias a cerca do continente africano e de uma ideia de negritude. 
Léon Damas, um dos fundadores do movimento que surgiu na França, porém possuía uma ligação 
direta com os Estados unidos, afirmou "não somos mais estudantes martinicanos, senegaleses ou 
malgaches, somos cada um de nós e todos nós, um estudante negro". Sintetizando a ideia inicial 
que havia sido pensada por esse movimento de valorização cultural da personalidade negra e da 
oposição a opressão causada pelo capitalismo e pelo mundo ocidental. 
Segundo o autor Petrônio Domingues 
“Na concepção de Aimé Césaire, negritude é simplesmente o ato de assumir ser negro e ser 
consciente de uma identidade, história e cultura específica. Césaire definiu a negritude em três 
aspectos: identidade, fidelidade e solidariedade. A identidade consiste em ter orgulho da condição 
racial, expressando-se, por exemplo, na atitude de proferir com altivez: sou negro! A fidelidade é a 
relação de vínculo indelével com a terra-mãe, com a herança ancestral africana. A solidariedade é o 
sentimento que une, involuntariamente, todos os "irmãos de cor" do mundo; é o sentimento de 
solidariedade e de preservação de uma identidade comum.” 
DOMINGUES, Petrônio.Movimento da negritude: uma breve reconstrução histórica. Mediações – Revista de Ciências Sociais, 
Londrina, v. 10, n.1, p. 25-40, jan.-jun. 2005.
 
 
 
 
 18 
 
Jornal L’Étudiant Noir, em 1938. Disponível em https://www.baobabe.com.br/blog/letudiant-noir-a-importancia-da-revista-na-
construcao-da-identidade-negra-na-franca/ 
 
Indicação é bom e todo mundo gosta: segue algumas indicações de filmes e series sobre os temas 
que foram trabalhados na aula! 
• Discurso sobre o colonialismo - Aimé Césaire 
• Pele negra, máscaras brancas - Frantz Fanon 
 
 
Como contextualizar essas informações na redação? 
Em consonância à Lei de Diretrizes e Bases (LBD) que regulamenta a educação básica no país e a 
intenção das novas normas era incluir como conteúdo obrigatório o ensino da História e Cultura 
Afro-brasileira e Indígena nos currículos do ensino médio e do ensino fundamental e a necessidade 
de promover a reflexão crítica dos candidatos nos vestibulares e demais concursos no Brasil, 
diversas bancas propõem questões acerca dessa temática. Aqui, selecionamos três: o cenário de 
desigualdade na trajetória dos negros no Brasil, o movimento “Black Lives Matter” e a necessidade 
de representatividade negra na mídia. Veja na página seguinte: 
 
 
 
 
 
 
 
 
19 
UPF (2021) 
'Escravidão fantasiada de liberdade' 
Falta de remuneração, estudo e dignidade levou negros à condição de inferioridade pós-Abolição 
Ana Cristina Rosa 
9 maio de 2021 
Certasobras de ficção são capazes de auxiliar na compreensão da realidade. O premiado 
romance "Torto Arado", de Itamar Vieira Junior, é assim. Ajuda a entender nosso país, as bases em 
que foi fundado e como chegamos ao atual nível de injustiça social. A narrativa ambientada no 
passado, no sertão baiano, traz à tona algumas das causas que resultaram nas absurdas 
disparidades que marcam o presente da nação, 133 anos após a abolição formal da escravatura. 
O cenário de preconceito e discriminação com negros e indígenas; a precariedade das 
moradias; o trabalho análogo à escravidão; a comida minguada; o analfabetismo; o difícil acesso 
dos pobres à saúde; a ausência de saneamento básico; o alto índice de mortalidade de crianças 
pretas. Tudo é de uma atualidade desconcertante. 
É oportuno lembrar o déficit habitacional, o enorme contingente de pessoas em situação de 
rua, o retorno da fome como parte da rotina de milhares de brasileiros e o agravamento da 
discrepância entre a qualidade do ensino público e a do particular. São chagas abertas no Brasil 
Colônia e ainda não cicatrizadas, algo similar a escaras que se formam em corpos enfermos e 
inertes por muito tempo. Se quiser curar suas feridas, o país terá de se mexer. 
"Quando deram a liberdade aos negros, nosso abandono continuou (....). A mesma 
escravidão de antes fantasiada de liberdade", diz um trecho do livro de Itamar. 
Sem direito à remuneração, estudo ou propriedade. Sem direito à dignidade. Eis a origem da 
situação que relegou os negros no Brasil a uma condição de inferioridade socioeconômica no pós-
Abolição. Apesar das evidências, há quem negue as desigualdades ou individualize uma 
responsabilidade que precisa ser compartilhada com a sociedade. 
"A luta era desigual, e o preço foi carregar a derrota dos sonhos, muitas vezes", consta em 
outro trecho. Apesar da desigualdade e da injustiça, havia e há resiliência. Porque não dá para 
desistir dos sonhos. 
Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/ana-cristina-rosa/2021/05/escravidao-fantasiada-de-liberdade.shtml. 
Considerando as informações do texto acerca do cenário de desigualdade que marca a trajetória 
dos negros no Brasil, escreva um texto dissertativo-argumentativo discutindo e propondo 
alternativas para a última frase do texto: “Porque não dá para desistir dos sonhos”. 
20 
UNISC (2021) 
O que começou como luta contra a brutalidade policial norte-americana se transformou em um 
movimento mundial pelos direitos da população preta. ‘Não é uma guerra entre brancos e negros, 
mas uma luta de todos contra o racismo. O Black Lives Matter deu visibilidade, mas a nossa luta é 
muito mais antiga, pela existência como seres humanos. pelo direito de viver e sair na rua sem ser 
alvejado”, afirma Silvana Inácio, jornalista e criadora do Podcast Zumbido. 
Produza um texto de caráter argumentativo, no qual você possa se posicionar sobre a temática 
proposta. Lembre-se de que um bom texto argumentativo precisa fundamentar sua tese com 
argumentos consistentes e adequados à abordagem escolhida. Deve observar a textualidade, 
respeitando critérios de coesão e coerência, além de um manejo adequado da modalidade escrita 
da Língua Portuguesa. O conhecimento do gênero argumentativo e de suas especificidades 
também deve ser demonstrado na construção de seu texto. 
CEFET (2019) 
TEXTO I 
21 
TEXTO II 
Ministério Público notifica Globo por falta de atores negros em “Segundo Sol” 
A baixa presença de atores negros na nova “Segundo Sol”, que vai substituir “O Outro Lado 
do Paraíso” na Globo, ganhou mais um capítulo. Nesta sexta-feira (11), o Ministério Público do 
Trabalho notificou a emissora e deu 10 dias para que ela aumente a representatividade racial na 
trama, informou a Veja. 
“O não espelhamento da sociedade nos programas televisivos gera a perpetuação da 
exclusão e reafirma estereótipos de limitação de espaços a serem ocupados pela população negra”, 
diz Notificação Recomendatória enviada por meio da Coordenadoria Nacional de Promoção de 
Igualdade de Oportunidade e Eliminação da Discriminação no Trabalho. 
O MPT deu 10 dias para que a Globo faça adequações o roteiro e produção de “Segundo Sol” 
a fim de “assegurar a participação de atores e atrizes negros e negras de forma que represente a 
diversidade étnico-racial da sociedade brasileira”. 
A notificação também dá um prazo de 45 dias para que a Globo elabore um Plano de Ação 
que “contemple medidas para garantir a inclusão, a igualdade de oportunidades e de remuneração 
da população negra nas relações de trabalho”, além de fazer um levantamento de seus artistas 
negros empregados e quantos aparecem em produtos da emissora. 
A trama de “Segundo Sol” será ambientada em Salvador, na Bahia, Estado com a maior 
população negra do Brasil segundo o IBGE. O elenco conta com Deborah Secco, Giovanna Antonelli 
e Adriana Esteves. 
(Jovem Pan. 11 de maio de 2018. Disponível em: https://jovempan.uol.br/entretenimento/tv-e-cinema/ministerio-publico-notifica-
globo-por-falta-de-negros-em-segundo-sol.html. Acesso em: 1 de outubro de 2018.)
22 
TEXTO III 
‘Pantera Negra’ e a importância da representatividade 
Longa que estreou recentemente pode significar um divisor de águas na forma de se retratar da 
população negra no entretenimento 
Após um imenso frisson causado antes da estreia, na última quinta-feira (15), a Marvel enfim 
lançou seu mais novo longa-metragem intitulado “Pantera Negra”, adaptação da série de quadrinhos 
homônima que retrata o primeiro grande protagonista negro no universo dos super-heróis. Com 95% 
de seu elenco formado por atores negros, incluindo grandes nomes como Michael B. Jordan, Lupita 
Nyong’o e Forest Whitaker, o filme já gerou muita repercussão (tanto favorável quanto contrária) 
antes mesmo de ser disponibilizado nas salas de cinema. Mas em pleno ano de 2018, qual o 
tamanho da importância social e do legado cultural para a indústria de uma obra como esta? 
Uma breve história 
Na década de 60, os Estados Unidos viveram uma era de intensas mudanças sociais e 
políticas, e no cerne disso estavam os movimentos pelos Direitos Civis liderados por cidadãos afro-
americanos contra as leis segregacionistas que estavam em vigor em muitas partes do país. Nesse 
contexto, foi fundado na Califórnia o Partido dos Panteras Negras, que visava, entre outras coisas, 
a autoproteção da comunidade negra em relação à opressão policial. Com isso, o todo-poderoso da 
Marvel, Stan Lee, cria, em 1966, o primeiro super-herói de origem africana a figurar entre os grandes 
quadrinhos norte-americanos, porém sem nunca ter admitido oficialmente que o nome de seu 
personagem fazia referência ao movimento. [...] 
O legado para Hollywood e a representatividade 
O que já é de conhecimento geral é que a maior indústria cinematográfica do mundo possui 
um histórico bastante racista, seja na forma de representação do negro na dramaturgia ao longo 
das décadas e reforçando estereótipos, seja na distribuição desigual de oportunidades em todos os 
setores da produção audiovisual. Um estudo publicado em 2017 pela Universidade de Southern, na 
Califórnia, apontou que brancos representavam 70,8% dos papéis com falas nos cem títulos de 
maior bilheteria de 2016, enquanto os atores negros eram apenas 13,6%, de um total de 4.583 
personagens. 
Esses números chocam, mas qualquer pessoa que consome os filmes e séries 
estadunidenses consegue notar claramente que há uma predominância étnica, tanto pelo lado dos 
personagens, quanto dos diretores, produtores, roteiristas e outras funções de “poder” ligadas ao 
23 
cinema. Por essas e outras, “Pantera Negra” já é um marco na história da indústria, pois com o 
elenco majoritariamente negro (inclusive na produção), comandado por Ryan Coogler (diretor de 
“Creed”), finalmente um grande blockbuster com alcace mundial consegue representar com justiça 
o orgulho e a herança cultural africana, colocando negros como reis, rainhas, príncipes eheróis, e
não apenas como criminosos, vilões ou serventes aos brancos.
A própria cidade fictícia de Wakanda (terra-natal do protagonista) também é algo a se 
destacar, por mostrar uma região da África que não foi colonizada, não sofre nenhum tipo de 
interferência europeia e é extremamente rica, poderosa e evoluída tecnologicamente, fugindo do 
retrato depreciativo da mídia que mostra o continente apenas para falar da fome, das guerras e da 
escassez. 
Chega a ser raso tentar calcular o tamanho da importância que um filme de bilheteria como 
esse tem para a sociedade, pois agora uma criança poderá ir ao cinema, olhar o cartaz e ver sua cor 
representada como algo para se ter orgulho, e conseguir admirar um herói com que ela possa, 
realmente, se identificar. 
(Adaptado de Luiz Pedro Pires. Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades. 23 de fevereiro de 2018. Disponível 
em: https://www.ceert.org.br/noticias/historia-culotura-arte/21283/pantera-negra-e-a-imporrtancia-da-representatividade. Acesso 
em: 1 de outubro de 2018.)
Com base na leitura atenta dos textos de apoio acima relacionados, redija um texto dissertativo-
argumentativo que reflita sobre o seguinte tema: 
A IMPORTÂNCIA DA REPRESENTATIVIDADE NEGRA NA MÍDIA 
24 
Polarização política no mundo contemporâneo 
A separação de brasileiros contra e a favor do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, em Brasília, 2016. Foto: Juca 
Varella/Agência Brasil 
Esquerda ou direita? Liberal ou socialista? Partido A ou partido B? Candidato X ou Candidato Y? 
Essas perguntas simples e limitadoras apareceram recentemente em diversos debates do campo 
político, muitas vezes norteando as escolhas de pequenas comunidades e até de grandes nações. 
Em muitos momentos, essa dualidade gerou violência, manobras inconstitucionais e, normalmente 
em eleições, ofusca o que existe de mais importante nas candidaturas: as ideias, as trajetórias 
políticas, os projetos, os aliados, o respeito e o próprio debate democrático. 
Essa radicalização das manifestações, criando uma polarização política onde ideias ou ideologias 
diferentes se tornam rivais e inimigas inconciliáveis tem se tornado um grande desafio para a 
democracia no século XXI. Vale ainda destacar que esse comportamento, por mais que esteja muito 
vivo e disseminado hoje por conta da facilidade de circulação de informações nas redes sociais, 
não é algo propriamente desse século e nem limitado à política. 
Podemos observar ao longo da história diversos momentos de radicalização dos debates e de 
formação de grupos opostos, assim como também percebemos o mesmo fenômeno em outras 
esferas, como a polarização religiosa que gera guerras e até mesmo a polarização cultural, que já 
opôs grupos em torno de debates radicais sobre a formação de nações. Tanto o aspecto religioso 
quanto o cultural, na face atual das polarizações ocidentais, têm influenciado muito as decisões 
políticas. 
Seja Idade Moderna ou Contemporânea (acompanhada pelo estabelecimento do capitalismo), o 
debate público muitas vezes foi permeado por esses radicalismos aparentemente inconciliáveis. 
Um dos marcos essa polarização pode ser encontrado na própria Revolução Francesa, com a 
distinção política entre jacobinos e girondinos. Posteriormente, o desenvolvimento da classe 
25 
operária e de ideias como o anarquismo e o socialismo, ou, no século XX, a própria formação de 
regimes totalitários de extrema-direita, como as experiências nazifascistas, trouxe ainda mais 
camadas para essa polarização. 
Atualmente, a democracia direta é um enorme desafio para grandes nações, logo, o modelo 
representativo tem sido utilizado na maior parte do Ocidente. Essa democracia, influenciada 
sobretudo pelos ideais iluministas e burgueses, parte de alguns pilares como a liberdade, a 
igualdade civil e a propriedade. No entanto, apesar dessa base, essa democracia se revela 
extremamente frágil em diversos aspectos, sendo muitas vezes elitista e excludente, sobretudo em 
seu modelo representativo e indireto. 
O conceito de cidadania e a proteção constitucional de certas camadas na sociedade burguesa 
capitalista tem sido alguns dos pontos mais frágeis. Seja na exclusão através da escravidão 
institucional, que durou na América até o século XIX, ou do racismo estrutural, as ideias de 
igualdade, liberdade e democracia em muitos momentos não alcançaram grupos como negros, 
imigrantes, mulheres, povos colonizados, analfabetos ou mesmo os mais pobres. 
Se a dificuldade de estabelecer uma democracia direta já impede a atuação desses grupos, o 
formato indireto, por sua vez, dificulta que essas pessoas alcancem certos cargos políticos, que 
escolham livremente seus representantes e que tomem decisões. Diante desses obstáculos em 
uma democracia limitada, tais grupos resistem e lutam para que seus direitos sejam ampliados ou 
respeitados. 
Nessa mesma perspectiva, enquanto alguns lutam por mais espaço, outros buscam o contrário, ou 
seja, conservar seus privilégios e espaços, tentando impedir mais representatividade. Nesse caso, 
muitos movimentos de extrema-direita, alinhados ao fascismo, como o neonazismo, destacam-se 
como exemplos ultraconservadores ou reacionários. Logo, em momentos de polarizações mais 
extremas, podemos observar divergências políticas que beiram o direito à própria existência ou não 
de um indivíduo. 
Membros do Novo Partido dos Panteras Negras e da Klu Klux Klan protestam nas ruas da Carolina do Sul, em 2015, posicionando-se 
a favor e contra a retirada de uma bandeira pública dos Confederados. 
26 
Ainda que esses casos de polarização sejam mais extremos e envolvam direitos básicos e, como 
visto, a própria existência, em muitas situações a polarização atual tem girado em torno de figuras 
políticas, partidos e concepções de cultura e moral. Nesse cenário, certos políticos e partidos, 
portanto, aliam suas imagens aos valores e ideias compartilhados por um grupo de eleitores e criam 
um inimigo em comum (normalmente um político ou partido da oposição) para se promover através 
dos ataques. 
Desta forma, o político e seu partido atraem uma multidão de eleitores para sua campanha não 
através necessariamente de seus projetos políticos, de suas promessas ou do que já demonstrou 
na prática, mas sim pela construção de uma imagem que condiz com o que esse grupo já espera. 
Nesse ponto, as redes sociais possuem um papel essencial para fazer essas conexões, sobretudo 
através de algoritmos que ajudam a identificar e também personalizar os interesses políticos de 
cada indivíduo, entregando mais ou menos informações dos candidatos e assim facilitando a 
construção de polos políticos opostos. 
Ainda no aspecto das redes sociais, a promoção desses polos e o ataque aos considerados 
inimigos ocorre amplamente através de notícias tendenciosas, falas retiradas de contexto, 
manchetes sensacionalistas e Fake News, que atuam diretamente na sensibilidade e no lado 
emocional do eleitor, despertando paixões ou ódio a determinadas figuras. 
De forma muitas vezes radicalizada, os eleitores utilizam a própria internet como palco para debates 
políticos apaixonados, utilizando esses dados e informações incompletas para defender ou atacar 
políticos, estimulando ainda mais essa polarização e a violência, além de tornar o debate 
inconciliável. Por mais que hoje, como visto, exista uma pluralidade de correntes políticas, formas 
de pensar, projetos econômicos e até de partidos, os eleitores muitas vezes se agarram aos 
mesmos grupos e lideranças que repetidamente são expostos. 
Esse fenômeno atual, portanto, mina ainda mais os pilares da democracia, sobretudo nas 
perspectivas da liberdade, da igualdade e da tolerância, impossibilitando o diálogo e a conciliação 
que deveriam ser o fim da política. A polarização não é completamente ruim, pois o debate, a 
exposição das ideias e a construção de novas pautas é fundamental para a democracia. Entretanto, 
quando esses caminhos são ofuscados pela violência,pela negação da existência do outro, pela 
rivalidade e pela impossibilidade do diálogo, perdemos a riqueza dessa democracia e do que ela 
pode ser. 
Como contextualizar essas informações na redação? 
“O que seria do vermelho, se todos gostassem apenas do amarelo?”. É claro que a divergência de 
opiniões é algo natural e, muitas vezes, é positivo para a sociedade. No entanto, no âmbito político, 
apesar de ser importante que as pessoas debatam opiniões e enxerguem os problemas sociais a 
partir de ângulos diferentes, a polarização acaba abrindo espaço para o discurso de ódio e para a 
intolerância, tornando, assim, distante a ideia de uma sociedade democrática em que todos 
contribuem para o bem-estar comum. 
Visto isso, que tal um tema de redação no modelo Enem para praticar? 
 
 
 
 
 27 
TEXTO I 
Título II 
Dos Direitos e Garantias Fundamentais 
 Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos 
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à 
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: 
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição; 
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei; 
III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante; 
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato; 
Disponível em: https://www.senado.leg.br/atividade/const/con1988/con1988_15.12.2016/art_5_.asp 
 
TEXTO II 
 
Polarização Política no Brasil 
A cada dez brasileiros, oito (79%) percebem a sociedade muito dividida a respeito de assuntos 
políticos e sete (73%) acreditam que pessoas com opiniões diferentes não conseguem ter um 
diálogo construtivo – sendo que mais da metade (51%) admite desistir de conversar sobre política 
em algumas situações. A polarização, no entanto, vem de uma “minoria barulhenta”, já que somente 
cerca de um terço da população (31%) se identifica fortemente com um dos “lados” e defende com 
intensidade suas ideias. Esses são alguns dos dados levantados pela pesquisa Polarização Política 
no Brasil, realizada pelo Instituto Locomotiva em parceria com o projeto Despolarize e a Fundação 
Tide Setubal. 
Pouco mais da metade dos brasileiros (55%) avalia que conversar sobre política com uma pessoa 
que tem opiniões diferentes pode ser interessante, ainda que a maior parte (62%) acredite que, ao 
final, haverá ainda mais diferenças de opiniões do que anteriormente. A maioria (51%) acaba 
desistindo de manter um diálogo quando há discordâncias sobre políticos ou opiniões políticas e 
38% dizem nunca expor suas opiniões – chegando a 52% entre os que declaram não se identificar 
com qualquer dos “lados” da disputa política. 
 
TEXTO III 
 O discurso de ódio está situado num equilíbrio complexo entre direitos e princípios 
fundamentais, incluindo a liberdade de expressão e a defesa da dignidade humana. De maneira 
geral, o discurso de ódio costuma ser definido como manifestações que atacam e incitam ódio 
contra determinados grupos sociais baseadas em raça, etnia, gênero, orientação sexual, religiosa 
ou origem nacional. 
 Em geral, as definições são aplicadas a casos concretos e levam em conta várias camadas 
de regras, como tratados internacionais, a Constituição brasileira, leis nacionais e os termos de uso 
das plataformas (como Google, Facebook e Twitter). 
Disponível em: http://saferlab.org.br/o-que-e-discurso-de-odio/index.html 
 
 
 
 
https://www.senado.leg.br/atividade/const/con1988/con1988_15.12.2016/art_5_.asp
http://saferlab.org.br/o-que-e-discurso-de-odio/index.html
28 
TEXTO IV 
Disponível em: https://domtotal.com/charge/1869/2017/04/a-polarizacao-no-brasil/ 
PROPOSTA DE REDAÇÃO 
A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de 
sua formação, redija um texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua 
portuguesa sobre o tema “Os impactos da bipolarização política e o discurso de ódio nas redes 
sociais”, apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, 
organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de 
vista. 
https://domtotal.com/charge/1869/2017/04/a-polarizacao-no-brasil/
https://domtotal.com/charge/1869/2017/04/a-polarizacao-no-brasil/
29 
Atualidades Brasil 
Pantanal 
Novela 
Na segunda-feira, dia 28/03/2022, foi ao ar a estreia do remake de "Pantanal". A novela original, que 
foi ao ar, em 1990, na TV Manchete, foi um marco da produção noveleira no Brasil. Foi a primeira 
novela fora da Rede Globo a superar seus recordes de audiência. Inclusive, alguns atores que 
participaram da primeira versão retornam ao remake, como é o caso de Marcos Palmeira, que 
assume o papel de José Leôncio, vivido por Claudio Marzo na versão original. 
Definição 
O Pantanal é a maior planície inundável do mundo que ocorre no Sudoeste do estado de Mato 
Grosso, e no Oeste, de Mato Grosso do Sul. Ele se expande também pelo Norte do Paraguai e ao 
Leste da Bolívia. 
Fonte: https://www.pantanalescapes.com/locations/map.html. Acesso em 10/04/2022.
É considerado também o menor bioma do Brasil, ocupando quase 2% do território nacional. O 
Pantanal é considerado Patrimônio Nacional e uma Reserva da Biosfera. Considerando os limites 
desse bioma no território brasileiro, cerca de 60% do Pantanal está no Mato Grosso do Sul e os 40% 
restantes, no Mato Grosso. A proteção da região é de responsabilidade conjunta do governo federal, 
por meio do Ibama, ligado ao Ministério do Meio Ambiente, e dos dois governos estaduais. 
30 
Fonte: https://www.nexojornal.com.br/grafico/2020/10/06/A-extens%C3%A3o-e-a-biodiversidade-do-Pantanal-em-n%C3%BAmeros. 
Acesso em: 10/04/2022.
A altitude da região é de aproximadamente 100 a 200 metros acima do nível do mar, localizada no 
interior do continente. É, assim, considerado uma depressão que surgiu a partir do abatimento 
geológico ocorrido no Período Terciário, início da era Cenozoica, dezenas de milhões de anos atrás. 
Essa área rebaixada forma uma enorme bacia hidrográfica que tem como rio principal o rio 
Paraguai, e seus afluentes, os rios Taquari, Cuiabá, Piquiri e Miranda. As planícies pantaneiras são 
delimitadas ao norte pela Chapada dos Parecis e pela Chapada dos Guimarães e a sudeste pelas 
serras de Maracaju e Bodoquena. 
Por ser uma região de baixa altitude, o seu desnível na direção norte-sul é também muito pequeno, 
o que provoca uma lenta drenagem da água, tal condição é fundamental para formação do Pantanal,
uma vez que a alternância de enchentes (outubro a março) e vazantes (junho a agosto) vai definir
toda a dinâmica de crescimento do bioma e inclusive, o atual uso. Os solos da região são em grande
maioria arenoargilosos e mantém sua riqueza nutricional em virtude dos ricos sedimentos deixados
pelos rios no período de enchentes. A água dos rios é extremamente fértil, razão que explica e é
explicada pela sua riquíssima fauna aquática. Essa alternância entre cheia e vazante é
importantíssima para a fertilidade dos solos do Pantanal, uma vez que áreas imensas ficam
totalmente inundadas ou com solos encharcados de outubro a março.
O clima nessa região é tropical típico ou continental. Isso significa um verão chuvoso e um inverno 
seco. Os índices pluviométricos são da ordem de 1.000 a 1.500 mm anuais, com cerca de quatro 
meses secos. É semelhante, portanto, ao clima predominante no Planalto Central Brasileiro, com 
temperaturas máximas um pouco mais elevadas. Tanto que a cidade de Cuiabá, ao norte do 
Pantanal, é conhecida pela sua temperatura que pode atingir mais de 40 °C. 
 
 
 
 
 31 
A pecuária e o fogo 
É dessa dinâmica que a pecuária, principal atividade da região, se aproveita. Na cheia, os criadores 
de gado são obrigados a transferir seus animais para terrenos que não estejam sujeitos às 
enchentes, posteriormente,eles são recompensados, na vazante, pela grande abundância de 
pastos. Com isso, nas últimas décadas a atividade agropecuária tem crescido significativamente 
na região. Até a década de 1990, o desmatamento estimado da região era de 4%, hoje o total da 
vegetação nativa remanescente é de 81,2%, o que possibilita afirmar que o desmatamento já 
alcançou 18,8% da região. 
 
 
Fonte: https://www.nexojornal.com.br/grafico/2020/10/06/A-extens%C3%A3o-e-a-biodiversidade-do-Pantanal-em-n%C3%BAmeros. 
Acesso em: 10/04/2022. 
 
Nos últimos anos, mas especialmente a partir de 2020, o Pantanal vem sofrendo intensamente com 
um período de estiagem, seguido por uma escalada das queimadas florestais. Em 2020, a região 
passou pela maior tragédia ambiental de sua história, na qual incêndios destruíram mais de 4 
milhões de hectares em todo o ano, o que equivale a 26% do bioma, segundo o Instituto SOS 
Pantanal. 
Em reportagem para o Nexo, o SOS Pantanal destaca que o fogo pode ter afetado cerca de 4,6 
bilhões de animais que vivem no bioma e matado 10 milhões deles, de acordo com estudos. Os 
incêndios também afetaram o bem-estar da população local, com aumento de problemas de saúde 
e ameaças à segurança alimentar. O infográfico abaixo resume alguns desses impactos. 
32 
Adaptado de: https://g1.globo.com/ms/mato-grosso-do-sul/noticia/2021/07/10/um-ano-apos-perder-26percent-do-bioma-pantanal-
corre-o-risco-de-ter-incendios-piores-neste-inverno.ghtml. Acesso em: 10/04/2022.
É verdade que os focos de incêndio em 2020 se alastraram por conta da baixa umidade registrada 
no bioma, mas as causas do fogo não foram naturais, conforme comprova o Estudo dos Ministérios 
Públicos de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Nesse estudo, publicado em 2021, mostra que a 
maior parte dos incêndios se originou em apenas 286 locais e aproximadamente 57,7% deles vieram 
de propriedades privadas e, portanto, causado por atividades humanas. A Polícia Federal abriu 
investigações para apurar queimadas criminosas. 
Durante o ano da sua maior tragédia ambiental, o Pantanal viu surgir a teoria do boi bombeiro, como 
forma de combater os incêndios da região. A ideia passou a ser defendida pela ministra da 
Agricultura, Tereza Cristina, e posteriormente por Ricardo Salles (ex-Ministro do Meio Ambiente). A 
teoria afirmava que as queimadas poderiam ter sido menos intensas caso houvesse mais gado no 
bioma. Na concepção da ministra, o boi, ao comer capim seco e inflamável acabaria prevenindo o 
avanço do fogo. Ao mesmo tempo, o discurso legitima o avanço da pecuária na região como algo 
positivo. Entretanto, essas teorias, não procedem. Diversos especialistas ouvidos pela BBC News 
Brasil explicam que a criação de gado só aumentou no Pantanal e, portanto, se essa tese fosse 
verdadeira, os incêndios não seriam mais um problema. Na verdade, o que acontece é que devido a 
criação de gado e a necessidade de limpar o terreno para circulação dos animais, muitos 
fazendeiros ateiam fogo na vegetação. Em um período de seca, esse fogo foge do controle e acaba 
se expandindo para outras regiões, conforme destaca o relatório acima. 
Os dados revelam que 2.058 propriedades rurais foram atingidas por incêndios, além de 16 
unidades de conservação. O infográfico abaixo, produzido pelo G1, resume as áreas afetadas pelas 
queimadas e destaca as áreas das unidades de conservação. 
 
 
 
 
 33 
 
 
Adaptado de: https://g1.globo.com/ms/mato-grosso-do-sul/noticia/2021/07/10/um-ano-apos-perder-26percent-do-bioma-pantanal-
corre-o-risco-de-ter-incendios-piores-neste-inverno.ghtml. Acesso em: 10/04/2022. 
 
Em 2021, o problema da estiagem continuou. De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas 
Espaciais (Inpe), a precipitação dos últimos meses na bacia do alto Paraguai ficou abaixo do 
esperado. O Pantanal não tem uma “cheia” há três anos, conforme dados do SGB-CPRM. A principal 
condição para que ela aconteça é que o nível d’água na estação fluviométrica de Ladário (MS) 
supere os 4 metros. No infográfico acima, é possível visualizar uma dessas estações fluviométricas, 
que possibilitam medir o nível dos rios de forma remota. A última vez que o rio registrou uma cheia, 
34 
foi em 2018, quando o nível atingiu a máxima de 5,35 metros. Em 2021, o rio registrou o segundo 
menor nível em 121 anos de medição, na cidade de Ladário (MS), que é de -60 cm. O valor recorde 
registrado foi em 1964, quando chegou a -61 cm. Por curiosidade, os valores negativos das 
medições se devem ao fato de a primeira régua instalada em Ladário, há 121 anos, acabar fora da 
água em períodos de nível baixo. Na época, estimou-se que o nível não desceria tanto, a ponto de 
os valores ficarem negativos. Entre as razões que explicam a baixa pode-se destacar a presença de 
hidrelétricas, a utilização da água sem planejamento e o desmatamento que contribui para o 
assoreamento dos rios. 
Como contextualizar essas informações na redação? 
O meio ambiente e os impactos ambientais nos biomas brasileiros são questões discutidas 
frequentemente nos vestibulares brasileiros, uma vez que as bancas esperam, de alguma forma, 
trazer o debate à tona para tanto para os vestibulandos, quanto para os cidadãos brasileiros. 
De acordo com o site do Ministério do Meio Ambiente, o Pantanal “é o mais preservado, embora a 
criação de gado seja uma atividade importante economicamente para a região, aliada às atividades 
de turismo (IBGE, 2019). Apesar de sua beleza natural exuberante o bioma vem sendo muito 
impactado pela ação humana, principalmente pela atividade agropecuária, especialmente nas áreas 
de planalto adjacentes do bioma.” Veja mais aqui. 
Devido a esses questionamentos, alguns vestibulares já cobraram a análise do candidato acerca do 
impacto do agronegócio e a necessidade da preservação ambiental, além da falta de controle de 
incêndios e a extinção de ecossistemas. Veja abaixo: 
Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (2022) 
TEXTO I 
Em meio à crise sanitária da covid-19, o desempenho do agronegócio brasileiro se mostrou 
resiliente e, mais do que isso, surpreendente. Prova disso são os diversos recordes atingidos pelo 
setor em 2020. O Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio, calculado pelo Centro de Estudos 
Avançados em Economia Aplicada (Cepea) em parceria com a Confederação da Agricultura e 
Pecuária do Brasil (CNA), avançou importantes 24,3% no ano passado, alcançando participação 
considerável de 26,1% do PIB brasileiro. Pesquisa do Cepea, realizada com base nos dados da 
Secretaria de Comércio Exterior (Secex), mostra que o agronegócio atingiu recordes de volume e de 
receita com as exportações. 
O bom desempenho do setor está, a propósito, diretamente ligado às suas exportações. Para 
se entender tal assertiva, deve-se considerar os seguintes cenários: a alta dos preços internacionais 
das commodities1, predominantes na pauta das exportações brasileiras, em função do aumento da 
demanda mundial por alimentos, e a forte desvalorização da moeda brasileira frente ao dólar. 
Ambos os fatores contribuem para a expansão das exportações da produção agropecuária, pois 
seus produtos estão mais valorizados, e seus preços, em dólar, mais competitivos. 
Combinado a isso, foram observadas produções recordes para a agricultura brasileira em 
2020. As safras de algodão, soja e milho atingiram, respectivamente, 7,4 milhões de toneladas, 
124,8 milhões de toneladas e 102,6 milhões de toneladas, resultado da combinação de aumento da 
https://www.gov.br/mma/pt-br/assuntos/ecossistemas-1/biomas/pantanal
35 
área e de ganhos de produtividade. No caso da pecuária, apesar do crescimento mais modesto da 
produção, a alta dos preços foi a principal responsável pela expansão do faturamento das 
atividades, que está atrelada, por sua vez, ao forte aumento da demanda externa por carnes 
brasileiras. Os embarques de carne suína e os de proteína bovina cresceram consideravelmente em 
2020. Além disso, dados da Companhia Nacional de Abastecimento(Conab) indicam novos 
recordes nas produções de soja e de milho, cujas áreas podem avançar na safra 2020/21. Para as 
carnes, espera-se manutenção dos elevados fluxos de exportações, se mantida a tendência já 
observada, conforme relata a Secex. 
1commodity: matéria-prima ou mercadoria primária produzida em grande quantidade, cujo preço é 
regulado pela oferta e pela procura internacionais. 
(Gabriel Costeira Machado. “Agronegócio brasileiro: importância e complexidade do setor”. https://cepea.esalq.usp.br, 14.06.2021. 
Adaptado.)
TEXTO II 
Um estudo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), publicado em setembro 
de 2020, mostra que o território brasileiro perdeu cerca de 500 mil km2 de sua cobertura natural 
entre 2000 e 2018, uma área equivalente ao dobro do estado de São Paulo. A pesquisa analisou a 
perda da vegetação nos seis biomas terrestres do Brasil: Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata 
Atlântica, Pampa e Pantanal. Para chegar ao grau de preservação de cada um dos ecossistemas, o 
IBGE usou imagens de satélites e fez pesquisas de campo. O objetivo do projeto do órgão federal é 
mensurar e comparar, ao longo do tempo, as contribuições sociais e econômicas do ambiente 
natural para o país. Esse estudo do IBGE usou dados de 2000 a 2018, portanto ele não cobre o 
desmatamento registrado no país entre 2019 e 2020, anos que vêm sendo marcados por recordes 
de desmate na Amazônia e pela alta das queimadas tanto nesse referido bioma como no Pantanal. 
Além dos dados de perda de áreas verdes, o estudo do IBGE traz informações sobre a 
conversão do uso da terra. A expressão se refere aos diferentes usos dados às antigas áreas verdes, 
que, depois de derrubadas, podem ser convertidas em espaços para atividades como agricultura, 
pastagem e silvicultura1. A Amazônia, bioma que teve mais perdas segundo a pesquisa, viu a 
vegetação florestal dar lugar, principalmente, às chamadas áreas de pastagem com manejo, que 
podem ser usadas para a pecuária. O crescimento dessas áreas foi de 248,8 mil km2, em 2000, para 
426,4 mil km2, em 2018, afirma o estudo. O Cerrado, segundo bioma com mais perda vegetal, 
também passou por uma expansão intensa da agricultura de 2000 a 2018, segundo o IBGE. Neste 
período, as áreas agrícolas aumentaram 102,6 mil km2 na região, impulsionadas pelo crescimento 
das commodities (soja, algodão e outras monoculturas de grãos e cereais). Mesmo que o Pantanal 
tenha sido o bioma mais preservado do país de 2000 a 2018, quase 60% das áreas com alterações 
na região a partir de 2010 haviam sido convertidas em pastagens de manejo. Enquanto outros 
biomas viram o ritmo das intervenções diminuir nos referidos anos, no Pantanal, ele aumentou. 
A publicação do estudo do IBGE acontece no momento em que outros levantamentos 
indicam uma relação próxima entre a expansão agrícola e a derrubada de florestas no país. Em 
agosto de 2000, uma pesquisa publicada na revista Science mostrou que 2% das fazendas na 
Amazônia e no Cerrado respondiam por 62% do desmatamento ilegal. Na época, a publicação havia 
afirmado que as propriedades as quais praticam esse desmate são apenas “maçãs podres” da 
agropecuária brasileira – a qual, em sua vasta maioria (90%), não comete crimes ambientais –, mas 
que essas exceções causam grande dano, com consequências para o meio ambiente e para o 
próprio agronegócio. 
 
 
 
 
 36 
1silvicultura: é a arte e a ciência que estuda as maneiras naturais e artificiais de restaurar e melhorar 
o povoamento nas florestas, para atender às exigências do mercado. 
(Mariana Vick. “Qual foi o estrago nos biomas brasileiros de 2000 a 2018”. www.nexojornal.com.br, 25.09.2020. Adaptado.) 
 
Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva um texto 
dissertativo-argumentativo, empregando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema: 
 
O agronegócio no Brasil: entre a importância para o crescimento econômico do país e a 
necessidade da preservação ambiental 
 
Para desenvolver o tema proposto, é preciso elaborar uma tese que envolva os dois fatores do 
agronegócio: a importância para o crescimento econômico e a necessidade de preservação 
ambiental. Assim, a ponderação entre esses dois fatores, um considerado positivo e outro negativo, 
deve estar presente no desenvolvimento da redação. Os textos da coletânea trazem reflexões que 
podem ser usadas: no primeiro texto, há dados sobre o crescimento do PIB brasileiro do 
agronegócio em 2020. Além disso, são analisados alguns fatores que permitiram esse crescimento. 
Dessa forma, esse texto pode ajudar na ponderação sobre a importância do agronegócio para o 
crescimento econômico; já o segundo texto traz o viés ambiental, apresentando dados que revelam 
como o agronegócio está diretamente relacionado ao desmatamento e à destruição do meio 
ambiente. Assim, é um texto que ajuda na elaboração e desenvolvimento do segundo ponto: a 
necessidade de preservação ambiental. 
 
 
Acafe (2020) 
 
TEXTO I 
Usando dados de satélite, a Reality Check Team, equipe de checagem da BBC, analisou o que 
ocorreu em quatro áreas: Brasil, Sibéria Indonésia e África Central. A conclusão é que, embora os 
incêndios deste ano tenham causado danos significativos ao meio ambiente, eles já foram piores 
no passado. 
Disponível em: https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/bbc/2019/09/09/numero-de-incendios-florestais-no-mundo-em-2019-e-
um-recorde.htm?cmpid=copiaecola, acesso outubro 2019. 
 
TEXTO II 
 
37 
A Sibéria, um dos lugares mais frios do mundo, está em chamas. A Amazônia, um dos lugares mais 
úmidos do mundo, está em chamas. 
Considerando seus conhecimentos e os textos I e II, escreva um texto dissertativo-argumentativo 
sobre: A falta de controle de incêndios e queimadas florestais pode gerar a extinção de 
ecossistemas. 
Os textos de apoio podem auxiliar na elaboração dos argumentos sobre o tema. O texto I afirma 
que, embora preocupante, os incêndios acontecem em grau menor do que na maioria dos anos 
anteriores e representa apenas uma parcela das muitos outros que estão acontecendo ao redor do 
mundo, como ilustram as fotos que constituem o texto II. No verão, uma onda de calor anormal, fez 
com que incêndios eclodissem em regiões que tipicamente não sofriam com esse fenômeno, 
incluindo o Alasca, a Groenlândia e a Sibéria. 
Além disso, a partir dos seus conhecimentos gerais adquiridos ao longo da formação acadêmica, 
você poderia encaminhar a tese no sentido de apontar causas e consequência do que acontece a 
nível mundial, ou, em caso mais específico, delimitar o tema ao contexto brasileiro. Neste último 
caso, as queimadas florestais são um exemplo de incêndios que estão sendo provocados 
deliberadamente, para limpar terras florestadas para agricultura ou pastoreio de gado, muitas vezes 
sem atender à proteção de grupos indígenas que vivem na floresta, o que levou a preocupações de 
que as taxas de desmatamento poderiam aumentar ainda mais. Como consequência, a falta de 
controle e a destruição progressiva de matas e florestas podem ocasionar a extinção de 
ecossistemas e perdas irreparáveis para a biodiversidade da fauna e da flora, desertificação do solo 
e consequente extinção de recursos hídricos e vegetação, comprometimento de plantio, perda de 
nutrientes que pode futuramente acarretar problemas sociais como a fome, a migração de animais 
e pessoas para outros lugares com terrenos cultiváveis, assim como a acidificação dos oceanos 
que prejudicará a vida marinha. 
38 
Fake news e o projeto de lei 
Fake news: significado, conceito e exemplos 
Fonte: Wikimedia. Disponível em: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:FAKE_NEWS.png
Nos últimos anos, o termo fake news ganhou muita atenção e esteve associado a diversas questões, 
como política, economia, migração e guerras. Em uma tradução literal, essas notícias falsas, e 
eventualmente sensacionalistas, passaram a preocupar o mundo. Nesse texto, vamos entender 
exatamente o que são essas fake news, a

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