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11/09/2023, 20:34 Tratamento térmico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03666/index.html#imprimir 1/55 Tratamento térmico Prof.Julio Cesar José Rodrigues Junior Descrição Apresentação do diagrama Fe-C. Estudo do diagrama temperatura, tempo e transformação (TTT). Abordagem dos aspectos práticos dos tratamentos térmicos e das mudanças nas propriedades mecânicas das ligas ferrosas tratadas térmica ou termoquimicamente. Propósito O estudo dos tratamentos térmicos e termoquímicos é primordial para entender as principais aplicações, vantagens, desvantagens e propriedades mecânicas adquiridas pela liga ferrosa tratada térmica ou termoquimicamente. Objetivos Módulo 1 Tratamentos térmicos e termoquímicos: fundamentos Descrever os fundamentos sobre tratamentos térmicos e termoquímicos. Módulo 2 Diagrama TTT Interpretar o diagrama TTT. Módulo 3 Processos de tratamento térmico 11/09/2023, 20:34 Tratamento térmico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03666/index.html#imprimir 2/55 Distinguir os processos de tratamento térmico. Módulo 4 Processos de tratamento termoquímico Distinguir os processos de tratamento termoquímico. Introdução Faremos um breve resumo dos principais tratamentos térmicos e termoquímicos nas ligas ferrosas abordados neste conteúdo. Orientação sobre unidade de medida Em nosso material, unidades de medida e números são escritos juntos (ex.: 25km) por questões de tecnologia e didáticas. No entanto, o Inmetro estabelece que deve existir um espaço entre o número e a unidade (ex.: 25 km). Logo, os relatórios técnicos e demais materiais escritos por você devem seguir o padrão internacional de separação dos números e das unidades. 1 - Tratamentos térmicos e termoquímicos: fundamentos Ao �nal deste módulo, você será capaz de descrever os fundamentos sobre tratamentos térmicos e termoquímicos. Vamos começar! 11/09/2023, 20:34 Tratamento térmico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03666/index.html#imprimir 3/55 Fundamentos sobre tratamentos térmicos e termoquímicos Confira os principais pontos sobre o assunto que serão abordados ao longo deste conteúdo. Diagrama Fe-C Aspectos gerais do diagrama ferro- carbono (Fe-C) Inicialmente, faremos neste conteúdo uma apresentação do diagrama Fe-C (imagem 1) e de seus aspectos mais importantes. Com isso, você poderá conhecer as fases que ocorrem nas ligas ferrosas a depender da temperatura e da composição química. Além disso, apresentaremos as reações e suas fases decorrentes. Imagem 1: Diagrama Fe-C. O diagrama da imagem 1 apresenta, no eixo vertical, a temperatura em ºC e, no horizontal, o percentual de carbono. Por exemplo, para 0 no eixo horizontal, o ferro é puro e apresenta-se sob as seguintes formas polimórficas: Ferrita (ferro ) Austenita (ferro ) Ferro A austenita é cúbica de face centrada; as demais, cúbicas de corpo centrado. À temperatura de , o ferro é fundido. O diagrama apresentado é parte de sua representação (até de C). A liga binária (Fe-C) será denominada aço quando o percentual de carbono variar de a . Acima desse valor, indo até de C, a liga é chamada de ferro fundido. α γ δ. 1.538∘C 6, 7% 0, 008% 2, 14% 6, 7% 11/09/2023, 20:34 Tratamento térmico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03666/index.html#imprimir 4/55 Ainda observando a imagem 1, percebem-se regiões monofásicas e bifásicas, como, por exemplo, as regiões monofásicas (líquida) e (ferrita) e as bifásicas (líquido + austenita) e (ferrita + cementita). Duas linhas são importantes no diagrama de fases: Liquidus Associada às temperaturas do final da solidificação da liga, a partir da qual o sistema encontra-se sólido. Solidus Acima dessa linha, a liga fica no estado líquido. Aços eutetoide, hipoeutetoide e hipereutetoide Os aços de carbono podem apresentar uma classificação a partir do diagrama Fe-C: Aços eutetoides com 0,76% de C. Aços hipoeutetoides com valores inferiores a 0,76% de C. Aços hipereutetoides para valores superiores. Exemplo Imagine um aço eutetoide a cerca de Um resfriamento lento levaria o aço do campo austenítico para a região bifásica. Trata-se da chamada reação eutetoide, sendo a composição e a temperatura de . Observe a reação eutetoide esquematizada a seguir: Note que, na reação eutetoide apresentada, a austenita possui, em peso, 0,76% de carbono decompondo-se em ferrita, com 0,022% de C, e cementita, com 6,7% de C. Esses percentuais são observados nos extremos da linha horizontal de temperatura eutetoide (727ºC). Agora apresentaremos reações importantes para os aços hipoeutetoides, eutetoides e hipereutetoides, considerando que todos eles estão a uma temperatura inicial que garanta a presença da austenita. Realizaremos um resfriamento gradual, além de apresentarmos a microestrutura. A imagem 2 apresenta o diagrama Fe-C e um aço hipoeutetoide sendo resfriado desde o campo austenítico: L α L + γ α + Fe3C 1.000∘C. 0, 76%p C 727∘C γ(0, 76%p C) ↔ α(0, 022%p C) + Fe3C(6, 7%p C) 11/09/2023, 20:34 Tratamento térmico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03666/index.html#imprimir 5/55 Imagem 2: Resfriamento de aço hipoeutetoide. O aço hipoeutetoide considerado apresenta percentual de e temperatura inicial de (ponto c na imagem 2). Nessa situação, a fase presente é a austenita . Existe uma representação micrográfica dos grãos austeníticos. No ponto d, a região é bifásica (ferrita + austenita), o que pode ser percebido na nucleação de ferrita proeutetoide . Ao final, há a perlita (lamelas de ferrita e cementita) e a ferrita proeutetoide. A imagem 3 apresenta a micrografia de um aço de 0,5% C: Imagem 3: Micrografia de aço hipoeutetoide. Já as imagens 4 e 5 contêm o resfriamento gradual para os aços eutetoide e hipereutetoide, destacando-se a microestrutura: C0 870∘C (γ) (α) 11/09/2023, 20:34 Tratamento térmico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03666/index.html#imprimir 6/55 Imagem 4: Resfriamento de aço eutetoide. Imagem 5: Resfriamento de aço hipereutetoide. Tratamentos térmicos Descrição geral dos tratamentos térmicos Em linhas gerais, o tratamento térmico (TT) realizado em ligas ferrosas consiste numa série de etapas, como, por exemplo, aquecimento, homogeneização e resfriamento. Nessas etapas, as variáveis tempo, temperatura, atmosfera do forno de aquecimento e taxa de resfriamento deverão ser controladas a fim de que os objetivos do TT sejam alcançados. 11/09/2023, 20:34 Tratamento térmico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03666/index.html#imprimir 7/55 Listaremos os principais objetivos nesse processo: Redução de tensões residuais; Aumento da dureza; Elevação da resistência mecânica; Aumento da ductilidade; Elevação da resistência à fadiga. A imagem 6 apresenta, de forma esquemática, um TT genérico. Observe as três etapas citadas anteriormente: A rampa de aquecimento (atingir temperatura superior à do campo austenítico – temperatura crítica) – imagem A; A permanência nessa temperatura (homogeneização) – imagem B; A redução da temperatura – imagem C. Imagem 6: Gráfico de um TT genérico. Como afirma Vicente Chiaverini (2015), a composição química da liga ferrosa não se altera apenas por ação do TT a que foi submetida. Os principais TT utilizados em ligas ferrosas com o intuito de ajustar algumas propriedades mecânicas são: Recozimento Normalização Têmpera/revenido Têmpera super�cial Martêmpera 11/09/2023, 20:34 Tratamento térmico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03666/index.html#imprimir 8/55 Aspectos práticos dos tratamentos térmicos No detalhamento dos aspectos práticos na condução de um TT, é possível citar a etapa inicial, isto é, o aquecimento acima da temperatura de austenitização do aço. No aquecimento, desde a ferrita (CCC) até a austenita (CFC), ocorrem variações dimensionais. Por isso, é usual haver “rampas” de aquecimento e manutençãoem temperaturas inferiores à do campo austenítico a fim de reduzir problemas com a variação dimensional, o que diminui o risco de trincas e de distorção em peças de seção variável. Outros cuidados devem ser tomados para a realização do TT. O tempo de permanência possibilita a dissolução de carbetos de ferro na fase austenítica. Além disso, o tempo nessa etapa do processo torna a granulação da austenita mais grosseira, isto, é, grãos grandes. Atenção! O tempo precisa ser o suficiente para se alcançar as propriedades ao final do TT. Tempo prolongado pode provocar a oxidação ou a descarbonetação do aço. Na etapa C da imagem 6, o resfriamento é crítico para o alcance das propriedades finais do material em decorrência do TT. Nessa etapa, a estrutura final é alcançada, assim como o são, consequentemente, as propriedades mecânicas. É possível alcançar, ao final do resfriamento, estruturas que variam de perlita grosseira a martensita. A primeira estrutura apresenta baixa resistência mecânica em contraposição à martensita. Além da taxa de resfriamento, a composição química também influencia na estrutura final. Alguns dos principais defeitos e distorções durante o TT são: Alterações dimensionais Função da composição química, das mudanças de fases e da taxa de resfriamento. Trincas Origem, em geral, das altas taxas de resfriamento e da geometria da peça. Empenamentos e distorção Posicionamento da peça no banho de resfriamento e a taxa de resfriamento. Estruturas resultantes dos tratamentos térmicos Austêmpera 11/09/2023, 20:34 Tratamento térmico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03666/index.html#imprimir 9/55 Antes de estudarmos os pormenores dos diversos tratamentos térmicos do aço, vejamos um esquema (imagem 7) que relaciona a taxa de resfriamento com as microestruturas resultantes do TT, já partindo da fase austenítica homogeneizada. Imagem 7: Resumo das estruturas resultantes do TT. Na imagem, A, B e C indicam a taxa de resfriamento na fase final do TT. Em A, a taxa de resfriamento é baixa; em B, moderada; e, em C, alta (resfriamento em salmoura). Ao final do resfriamento do TT indicado pelo caminho C, ocorre um novo aquecimento (abaixo da temperatura crítica). Dica É interessante que o caminho C ocorra num intervalo mínimo de tempo, sendo a transformação de fase sem difusão de carbono. Nos caminhos A e B, há tempo suficiente para a difusão dele. Tratamentos termoquímicos Descrição geral dos tratamentos termoquímicos Os tratamentos termoquímicos em aços, também conhecidos como de endurecimento superficial (sua principal finalidade), são aqueles que ocorrem com a ativação pela energia térmica e provocam localmente modificações na composição química. Assim como os tratamentos térmicos citados, um de seus objetivos é a mudança de algumas propriedades mecânicas. Saiba mais Uma combinação muito empregada na área da Engenharia é a de peças de núcleo com elevada tenacidade e superfície com grande resistência ao desgaste. Tratamentos termoquímicos são, em regra, uma boa solução de engenharia. O componente mecânico engrenagem é um exemplo em que as propriedades mecânicas de tenacidade e dureza são otimizadas em regiões distintas. A imagem 8 contém as engrenagens de um sistema mecânico: 11/09/2023, 20:34 Tratamento térmico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03666/index.html#imprimir 10/55 Imagem 8: Sistema de engrenagens. Desse modo, uma das principais aplicações dos tratamentos termoquímicos é o endurecimento superficial de aços. Esse aumento da resistência ao desgaste é conseguido pela modificação parcial da composição química. Os processos termoquímicos são: Cementação (ou carbonetação) Introdução de carbono na superfície do aço em condições particulares de temperatura (superior a 900ºC). Nitretação Enriquecimento superficial de aços com nitrogênio (normalmente na faixa de temperatura de 500 a 600ºC). Cianetação Introdução de carbono e nitrogênio em aços a partir de um banho líquido contendo cianetos fundidos. Boretação Enriquecimento de boro na superfície de um aço, formando boreto de ferro e aumentando a dureza superficial. O processo difusional dos átomos de carbono, nitrogênio e boro é ativado pela temperatura e ocorre de forma intersticial. A imagem 9 tem uma representação desse processo de difusão: Imagem 9: Difusão intersticial. 11/09/2023, 20:34 Tratamento térmico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03666/index.html#imprimir 11/55 A lei matemática associada à difusão em regime não estacionário é denominada Segunda Lei de Fick: Em que C é a concentração do elemento químico e D, o coeficiente difusional. Para as situações em que D é constante, a Segunda Lei de Fick pode ser assim escrita: A profundidade da camada cementada, por exemplo, depende da temperatura e do tempo de cementação. A imagem 10 apresenta um diagrama que relaciona a profundidade da camada cementada com as variáveis temperatura e tempo: Imagem 10: Camada cementada versus temperatura e tempo. Estruturas resultantes dos tratamentos termoquímicos A imagem 11 apresenta uma peça que sofreu o tratamento de cementação (gasosa). É possível notar a camada cementada na superfície da mesma, região em que a dureza e o desgaste à abrasão são elevados: Imagem 11: Peça tratada termoquimicamente. Já a imagem 12 revela uma micrografia da seção transversal de uma peça de aço AISI 4340 com os tratamentos térmicos de têmpera e revenimento e o tratamento termoquímico de nitretação. Nota-se, ainda, a camada branca na superfície composta de nitreto: ∂C ∂t = ∂ ∂x (D ⋅ ∂C ∂x ) ∂C ∂t = D ⋅ ∂2C ∂x2 11/09/2023, 20:34 Tratamento térmico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03666/index.html#imprimir 12/55 Imagem 12: Aço AISI 4340 nitretado. Os aços utilizados na cementação são divididos em três classes: Aços-carbono O exemplo é o SAE 1020. Aços-liga (baixo teor) O exemplo é o SAE 8620. Aços-liga (alto teor) O exemplo é o aço SAE 3310. No tratamento termoquímico de boretação, a camada externa é formada pelo boreto de ferro (Fe2B). Primordialmente, sua utilização é mais usual em aços-carbono comuns e aços-liga (de baixo e elevado teor), assim como nos ferros fundidos comuns e nos nodulares. Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 (CP-CAP/2014 – técnico em metalurgia). Assinale a opção que apresenta dois fatores de influência nos tratamentos térmicos. A Aquecimento e pelotização. B Ambiente de aquecimento e gaseificação. C Revenimento e precipitação. 11/09/2023, 20:34 Tratamento térmico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03666/index.html#imprimir 13/55 Parabéns! A alternativa E está correta. O TT apresenta três etapas: o aquecimento até a região de austenitização, o tempo de permanência nessa temperatura para homogeneização e o resfriamento. A alternativa E apresenta duas dessas etapas. Questão 2 (CP-CAP/2015 – Técnico em metalurgia). Assinale a opção que apresenta dois tratamentos isotérmicos. Parabéns! A alternativa D está correta. Os tratamentos de martêmpera e austêmpera possuem um patamar de temperatura na fase de resfriamento (isotérmicos). Nitretação e cementação são denominados tratamentos termoquímicos, pois ocorre uma variação da composição localmente (superfície). A têmpera, a normalização e o recozimento apresentam a etapa de resfriamento sem patamar de temperaturas: apenas as taxas de resfriamento são distintas em cada um. D Cementação e envelhecimento. E Aquecimento e tempo de permanência à temperatura. A Têmpera e cementação. B Normalização e cementação. C Cementação e recozimento. D Austêmpera e martêmpera. E Nitretação e têmpera. 11/09/2023, 20:34 Tratamento térmico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03666/index.html#imprimir 14/55 2 - Diagrama TTT Ao �nal deste módulo, você será capaz de interpretar o diagrama TTT. Vamos começar! Diagrama TTT (tempo– temperatura – transformação) Confira os principais pontos sobre o assunto que serão abordados ao longo deste conteúdo. Apresentação do diagrama TTT Aspectos gerais do diagrama TTT O diagrama TTT apresenta as transformações de fases como função da temperatura e do tempo. Em resumo, os eixos do diagrama são a temperatura e o tempo. Na região interna, notam-se algumas linhas e regiões: Uma linha horizontal. A temperatura eutetoide (727ºC). Três linhas em forma de “C” a indicar o percentual de transformação. A curva mais à esquerda informa o início da transformação de austenita em perlita. A intermediária indica que ocorreu metade da transformação. Por fim, a curva mais à direita revela 100% da transformação. 11/09/2023, 20:34 Tratamento térmico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03666/index.html#imprimir 15/55 Na imagem 13, identificam-se os aspectos descritos acima: Imagem 13: Diagrama TTT. A curva TTT é um diagrama isotérmico que indica o tempo de permanência a dada temperatura constante para que ocorra o percentual da transformação. Analisando a imagem 13, é possível identificar um segmento tracejado na horizontal, indicando uma transformação de fases isotérmica (cerca de 680ºC). De maneira aproximada, metade da transformação de austenita em perlita ocorre em um tempo de 100 segundos. Cinética da transformação de fases A evolução de uma transformação de fases apresenta dois estágios: a nucleação e o crescimento. Na primeira, um “embrião” surge e atinge um raio crítico r*, condição em que o núcleo é estável. A partir desses núcleos, ocorre o crescimento (difusional). Os estágios não são excludentes. Simultaneamente, um dado núcleo pode estar na fase de crescimento e, em outra região, “surgir” um novo núcleo. É possível descrever o percentual da transformação como função do tempo a uma dada temperatura constante. Normalmente, o progresso da transformação é acompanhado microscopicamente, sendo convencionado o início da transformação para 0,5% de transformação e o término, como 99,5% (austenita em perlita). O gráfico da imagem 14 é denominado curva em “S”: Imagem 14: Curva da fração transformada para uma temperatura. A Equação de Avrami descreve a curva da fração transformada y em função do tempo. 11/09/2023, 20:34 Tratamento térmico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03666/index.html#imprimir 16/55 Em que k e n são constantes independentes do tempo para cada transformação. Na imagem 14 , é possível observar , tempo para que ocorra da transformação. A taxa da transformação da reação no estado sólido é o inverso de Repetindo para diversas temperaturas a curva da fração transformada, consegue-se confeccionar o diagrama TTT para um aço eutetoide (0,77% de C). A imagem 15 apresenta a determinação de dois pontos do diagrama TTT: no início e no término da transformação. Imagem 15: Confecção do diagrama TTT para aço eutetoide. Segundo Callister (2016), a interpretação da imagem 15 é que, para temperaturas acima da eutetoide, apenas a austenita existirá. A transformação de austenita em perlita ocorrerá com o super- resfriamento da liga após a temperatura eutetoide e a manutenção nessa temperatura. A imagem 16 apresenta a curva de transformação da austenita em perlita para algumas temperaturas: y(t) = 1 − e−k⋅t n t0,5 50% t0,5 : Taxa da transformação = 1 t0,5 11/09/2023, 20:34 Tratamento térmico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03666/index.html#imprimir 17/55 Imagem 16: Curvas em “S” para um aço eutetoide. Diagramas de transformações isotérmicas Neste ponto do conteúdo, apresentaremos os aspectos para um aço eutetoide (0,77%C) cuja reação (eutetoide) é dada por: A austenita é a fase a ferrita, ; e a cementita, o carbeto de ferro . Sua transformação pode ocorrer durante o resfriamento ou o aquecimento. No estudo da cinética das transformações, a taxa de transformação depende da temperatura e do tempo. Normalmente, essas dependências são avaliadas de maneira independente. O diagrama TTT apresenta, em um único gráfico, a dependência com as variáveis tempo (t) e temperatura (T). A imagem 17 contém um diagrama TTT completo para um aço de composição eutetoide: Imagem 17: Diagrama TTT completo de aço eutetoide. In�uência dos elementos de liga Austenita (0, 77%C) ↔ Ferrita (0, 022%C) + Cementita (6, 70%C) γ; α Fe3C 11/09/2023, 20:34 Tratamento térmico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03666/index.html#imprimir 18/55 Diagrama TTT para aços-carbono Entre as causas disso, podemos citar a composição química. O teor de carbono altera sensivelmente as curvas de início e término da transformação. Tomando como base o aço eutetoide (0,77%C) da imagem 17, as imagens 18 e 19 apresentam o diagrama TTT para os aços hipoeutetoides e hipereutetoides: Imagem 18: Diagrama TTT de aço hipoeutetoide. Comparando as imagens 17 e 18, é possível inferir que o aumento do carbono desloca as curvas para a direita. Ademais, a formação da martensita ocorre em temperaturas superiores. Imagem 19: Diagrama TTT de aço hipereutetoide. Como regra, elementos de liga cromo, níquel, molibdênio e vanádio deslocam a posição das curvas do diagrama TTT para a direita. Já o cobalto atua no sentido inverso. Dessa forma, Cr, Ni, Mo e V aumentam a temperabilidade do aço, enquanto Co a diminui. 11/09/2023, 20:34 Tratamento térmico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03666/index.html#imprimir 19/55 Temperabilidade e diagrama de resfriamento contínuo A temperabilidade de um aço é a capacidade de essa liga metálica sofrer transformação martensítica após ser resfriada rapidamente em determinado meio a partir do campo austenítico, ou seja, no TT denominado têmpera. Para que essa transformação seja completa, existe uma velocidade de resfriamento crítica (velocidade mínima de resfriamento) que depende, entre vários fatores, do meio utilizado para o resfriamento da peça. A imagem 20 mostra esquematicamente um diagrama TTT e o resfriamento contínuo de uma peça em que ocorre transformação total da austenita em martensita: Imagem 20: Diagrama TTT e velocidade crítica. É possível notar, a partir da imagem 20, que a taxa de resfriamento deverá ser tal que não ocorra interseção com a curva de início da transformação em perlita ou bainita. Diz-se que ela é tangente ao “cotovelo” da curva. Saiba mais Os diagramas TTT são típicos para transformações a uma temperatura constante. Porém, nos tratamentos térmicos, é usual que o resfriamento ocorra de maneira contínua. Conforme ensina Chiaverini (2015), é possível redesenhar o diagrama TTT para um resfriamento contínuo. A imagem 21 apresenta a superposição de um diagrama TTT com um diagrama de resfriamento contínuo: 11/09/2023, 20:34 Tratamento térmico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03666/index.html#imprimir 20/55 Imagem 21: Diagramas de resfriamentos isotérmico e contínuo. Na imagem 21, percebe-se que, para o resfriamento contínuo, as curvas de início e término das transformações estão transladadas para a direita e para baixo. Diagramas TTT de aços-liga Analisando os diagramas TTT para os aços (imagens 17, 18 e 19), infere-se que o carbono desloca as curvas em “C”, mudando a temperabilidade dos aços. A imagem 22 mostra aços SAE da série 8600 em que ocorre a variação no percentual do carbono, mostrando a influência na temperabilidade. Imagem 22: Curva de temperabilidade para aços da série 8.600. Como regra, os elementos de liga aumentam a temperabilidade do aço, isto é, deslocam as curvas de início e término das transformações do diagrama TTT. O cobalto desloca esse diagrama para a esquerda. Já os elementos de liga se dividem naqueles que se dissolvem na ferrita (Al, Si e Ni) e nos que formam carbonetos (Ti, Nb, V e W). A imagem 23 apresenta o diagrama TTT para o aço AISI 4340. Percebe- se nele o aumento da temperabilidade e a possibilidade de formação de bainita porresfriamento contínuo: 11/09/2023, 20:34 Tratamento térmico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03666/index.html#imprimir 21/55 Imagem 23: influência de alguns elementos de liga no diagrama TTT. Na imagem 24, o manganês abaixa as curvas de início e término da transformação em martensita. Em casos extremos, não ocorre a formação da martensita à temperatura ambiente (austenita retida). Imagem 24: influência de elementos na formação da austenita retida. A imagem 25 esquematiza a influência de alguns elementos de liga nas curvas de início e término do diagrama TTT: Imagem 25: influência de elementos de liga no diagrama TTT. Reações/transformações 11/09/2023, 20:34 Tratamento térmico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03666/index.html#imprimir 22/55 Transformações no estado sólido Inicialmente, falaremos sobre uma reação no estado sólido que é muito importante no estudo dos aços: a reação eutetoide. Os aços eutetoides apresentam uma única transformação em tal estado: da austenita para a perlita. Essa transformação ocorre em uma composição com de carbono e à temperatura de . A perlita resultante da transformação (difusional) eutetoide é uma estrutura lamelar composta por e . A imagem 26 apresenta a difusão do carbono, dando origem às lamelas de perlita. Já as setas indicam a difusão do carbono e o crescimento da perlita: Imagem 26: Esquema da formação da perlita. A micrografia de um aço eutetoide pode ser vista na imagem 27. Observe a estrutura lamelar: as linhas escuras são a cementita; as claras, a ferrita. Imagem 27: Micrografia de aço eutetoide (perlita). Ataque de Nital (1.000 vezes). Transformações isotérmicas A partir do diagrama TTT, é possível fazer o estudo das transformações no estado sólido do aço a temperaturas constantes (isotérmicas). Inicialmente, um aço, como, por exemplo, um eutetoide, é aquecido acima da temperatura de 727ºC e mantido nela para a homogeneização da austenita. Um super-resfriamento é realizado. Em seguida, é mantida a temperatura constante para que ocorra a transformação. 0, 77% 727∘C α Fe3C 11/09/2023, 20:34 Tratamento térmico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03666/index.html#imprimir 23/55 O gráfico da imagem 28 apresenta um diagrama para o aço eutetoide: Imagem 28: Diagrama TTT e suas regiões. Inicialmente, é preciso descrever as regiões: acima da temperatura eutetoide, há a austenita estável (A); a partir dessa temperatura, a austenita instável. A partir do cotovelo das curvas “C”, existem a perlita e a bainita. Verifica-se ainda a região da martensita (transformação adifusional). Imagem 29: Diagrama TTT e as reações isotérmicas. A imagem 29 possui exemplos de transformações isotérmicas. No caminho 1, na etapa isotérmica, há a interseção com as linhas de início e término da transformação perlítica. Desse modo, o produto é a perlita. No 2, a temperatura constante se encontra após o “cotovelo” da curva; logo, o produto é a bainita. Por fim, o 3 intercepta as linhas de início e término da transformação em martensita. Podemos ressaltar que: Caminho 1 11/09/2023, 20:34 Tratamento térmico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03666/index.html#imprimir 24/55 Com característica de temperaturas mais elevadas, leva à formação da perlita grosseira (as taxas de difusão do carbono aumentam). Para temperaturas mais próximo do “cotovelo”, as taxas de difusão do carbono diminuem, resultando em uma perlita fina. Caminho 2 Com característica de temperaturas mais altas, leva à bainita superior e, para temperaturas menores, à bainita inferior. A bainita é formada por ferrita e cementita na forma de agulhas ou placas, dependendo da temperatura e sendo observada em microscopia eletrônica. Transformações contínuas Os TTs dos aços são conduzidos em sua etapa final por um resfriamento contínuo. Sendo assim, o diagrama TTT não é útil, e sim o diagrama de transformação por resfriamento contínuo (TRC), visto, aliás, na imagem 21. Os produtos possíveis são a perlita grosseira, a perlita fina e a martensita. Essa imagem apresenta a superposição dos diagramas de resfriamento isotérmico e contínuo. A imagem 30, por sua vez, destaca o diagrama de TRC de um aço aquecido e depois resfriado continuamente a diferentes taxas de resfriamento: Imagem 30: Diagrama TRC. Na imagem 30, o resfriamento indicado pela curva A (taxa de resfriamento baixa) corta as linhas de início e término da transformação em perlita O resultado é perlita grosseira. Nos caminhos e , o produto é a perlita fina. Em (taxa de resfriamento mais elevada), existe a interseção apenas com a curva de início da transformação em perlita. Em seguida, as linhas de início e término da transformação em martensita são intersectadas. Dessa forma, o produto final é perlita mais martensita. No caminho , a interseção é com o início e o término das transformações de austenita em martensita. Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? (Ai e Af). B C D F 11/09/2023, 20:34 Tratamento térmico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03666/index.html#imprimir 25/55 Questão 1 (UFMG – 2019 - técnico em metalurgia) A figura a seguir mostra um diagrama de transformação isotérmica para um aço-carbono com composição eutetoide. Nessa figura, as legendas A, P, B e M significam respectivamente austenita, perlita, bainita e martensita. As microestruturas obtidas após os tratamentos térmicos (i), (ii) e (iii) serão respectivamente as seguintes: Parabéns! A alternativa A está correta. O resfriamento contínuo representado pelo “caminho” (i) intercepta as curvas de início e término de transformação da austenita em martensita. Assim, o produto é 100% martensita. No “caminho” (ii), há interseção com a curva de início da transformação de austenita em bainita sem cruzar a curva de término, mas chegando a até 50% da transformação. Depois, intercepta a curva de início de transformação de austenita em martensita. Por isso, o produto é composto de 50% de bainita e 50% de martensita. Por fim, o “caminho” (iii) intercepta as curvas de início e término de transformação da austenita em perlita. Desse modo, o produto é 100% perlita. A (i):100% martensítica; (ii) 50% bainítica e 50% martensítica; (iii) 100% perlítica. B (i):100% martensítica; (ii) 50% bainítica e 50% austenítica; (iii) 100% perlítica. C (i):100% martensítica; (ii) 50% perlítica e 50% martensítica; (iii) 100% bainítica. D (i):100% austenítica; (ii) 50% bainítica e 50% martensítica; (iii) 100% perlítica. E (i):100% austenítica; (ii) 100% bainítica; (iii) 100% perlítica. 11/09/2023, 20:34 Tratamento térmico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03666/index.html#imprimir 26/55 Questão 2 (CP-CAP/2015) Analise o diagrama TTT de um aço eutetoide apresentado a seguir. Assinale a alternativa que apresenta as microestruturas corretas formadas nos pontos indicados no diagrama: Parabéns! A alternativa C está correta. As duas curvas em “C” são o início e o término da transformação da austenita em perlita (acima do “cotovelo”) e da austenita em bainita (após o “cotovelo”). Logo, os pontos 1 e 2 são respectivamente perlita e bainita. As linhas horizontais marcam o início e o término da transformação em martensita. Por isso, o ponto 3 é a martensita. O ponto 4 não interceptou nenhuma linha de início de transformação. Desse modo, ele é austenita. A 1 – austenita; 2 – perlita; 3 – martensita; 4 - bainita. B 1 – martensita; 2 – bainita; 3 – austenita; 4 – perlita. C 1 – perlita; 2 – bainita; 3 – martensita; 4 - austenita. D 1 – perlita; 2 – martensita; 3 – perlita; 4 - bainita. E 1 – austenita; 2 – austenita; 3 – perlita; 4 - martensita. 11/09/2023, 20:34 Tratamento térmico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03666/index.html#imprimir 27/55 3 - Processos de tratamento térmico Ao �nal deste módulo, você será capaz de distinguir os processos de tratamentotérmico. Vamos começar! Processos de tratamento térmico Confira os principais pontos sobre o assunto que serão abordados ao longo deste conteúdo. Recozimento Aspectos gerais do tratamento térmico de recozimento Genericamente, o tratamento térmico (TT) é o conjunto de operações realizadas no aço sob condições controladas de temperatura, tempo, atmosfera e resfriamento, cujos objetivos mais significativos são: Alívio de tensões internas; Ajuste de dureza; Aumento das resistências mecânica/ao desgaste; Ajuste da ductilidade/tenacidade. Os principais fatores que afetam os diversos tratamentos térmicos são: Aquecimento 11/09/2023, 20:34 Tratamento térmico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03666/index.html#imprimir 28/55 Controle da rampa de aquecimento e da temperatura máxima atingida. Resfriamento A taxa de resfriamento influencia na estrutura final e, portanto, nas propriedades mecânicas. Homogeneização Chegando à temperatura máxima, um intervalo de tempo é necessário para a solubilização de carbetos. Deve-se evitar o crescimento excessivo de grãos. Atmosfera Durante as etapas de aquecimento e homogeneização, a peça é mantida em um forno. Cuidados devem ser tomados para se evitar a oxidação ou a descarbonetação. O TT denominado recozimento possui, entre outras, as etapas de aquecimento, homogeneização e resfriamento. Seu objetivo é promover o alívio de tensões internas, a redução da dureza e o aumento da ductilidade. Agora, veremos os quatro tipos de de recozimento. O recozimento total envolve o aquecimento da peça de aço acima da temperatura crítica (ver imagem 31), a homogeneização da austenita e o posterior resfriamento lento, sendo possível manter a peça dentro do forno (utilizado para a fase de aquecimento) desligado. Na imagem 31, é possível perceber a influência da temperatura máxima na estrutura ao final do recozimento. Para aços hipoeutetoides, a temperatura final é cerca de 50ºC a mais que a da linha A3, sendo a estrutura perlita mais ferrita. Já nos hipereutetoides, a temperatura máxima deve estar entre as linhas A1 e Acm, enquanto a estrutura resultante é de perlita mais cementita. Por fim, no caso dos eutetoides, a estrutura final é de perlita. A imagem 32 apresenta a etapa de resfriamento do TT de recozimento pleno, na qual é possível perceber a transformação da austenita em perlita. Imagem 31(à esquerda): Diagrama Fe-C e as faixas para o recozimento pleno. Imagem 32 (à direita): Diagrama TTT e o recozimento pleno. Recozimento total ou pleno 11/09/2023, 20:34 Tratamento térmico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03666/index.html#imprimir 29/55 Em linhas gerais, ele assemelha-se ao recozimento pleno, ocorrendo nele as etapas de aquecimento e de homogeneização. Na sequência, realiza-se um resfriamento brusco até determinada temperatura, que será mantida constante até que as curvas de início e término da transformação (TTT) sejam interceptadas. Por fim, ele será resfriado até a temperatura ambiente. Observe a imagem 33. Esse tratamento térmico é menos custoso e mais rápido que o de recozimento pleno. Ademais, a estrutura final é mais fina. Imagem 33: Diagrama TTT e o recozimento isotérmico. Este TT tem como principal objetivo o alívio das tensões internas oriundas, por exemplo, de trabalhos mecânicos a frio, da solidificação ou de soldagem. O recozimento para alívio de tensões se distingue do pleno pelo fato de a temperatura máxima atingida ser menor à temperatura crítica inferior. Ocorre a manutenção da temperatura para que ocorra a homogeneização e, por fim, um resfriamento ao ar. Nesse tratamento, não se deseja modificar a estrutura do aço e, por consequência, as propriedades mecânicas associadas. Por conta disso, as temperaturas utilizadas são mais baixas. As principais transformações são a recuperação e a recristalização das fases encruadas. A imagem 34 apresenta um diagrama Fe-C e a faixa de temperaturas para o tratamento térmico subcrítico: Recozimento isotérmico ou cíclico Recozimento para alívio de tensões ou subcrítico 11/09/2023, 20:34 Tratamento térmico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03666/index.html#imprimir 30/55 Imagem 34: Faixa de temperaturas para o recozimento subcrítico. Neste recozimento, ocorre a globulização de carbonetos dispersos na matriz, aumentando a usinabilidade de aços de médio/alto carbono. A fase de aquecimento ocorre dentro da faixa mostrada na imagem 35. Imagem 35: Faixa de temperaturas para a esferoidização. Como afirma Chiaverini (2015), existem algumas maneiras de se produzir a estrutura de carbonetos esferoidizados: - Aquecimento a temperatura pouco acima de ; - Manutenção por tempo prolongado à temperatura pouco acima de ; - Ciclamento térmico em torno da temperatura . Normalização Aspectos gerais do tratamento térmico de normalização Normalização é o tratamento térmico das ligas ferrosas em que ocorre a etapa de aquecimento até faixa de temperaturas indicada na imagem 36. Ocorre, na sequência, a homogeneização no campo austenítico seguido de resfriamento ao ar parado (sem correntes). Esse tratamento térmico objetiva o refino do grão e a melhora da uniformidade da microestrutura. Esferoidização A1 A1 A1 11/09/2023, 20:34 Tratamento térmico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03666/index.html#imprimir 31/55 Imagem 36: Faixa de temperaturas para a normalização. Dependendo do tipo de aço que seja normalizado, a estrutura será ligeiramente modificada: Hipoeutetoides Perlita mais ferrita. Eutetoides Perlita fina. Hipereutetoides Perlita mais cementita. A imagem 37 mostra um diagrama TTT e a etapa de resfriamento do tratamento térmico de normalização. Ressalta-se a interseção a curva de resfriamento com as curvas de início e término da transformação de perlita. Imagem 37: Diagrama TTT e esfriamento na normalização. 11/09/2023, 20:34 Tratamento térmico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03666/index.html#imprimir 32/55 As curvas do diagrama TTT sofrem alterações na forma e deslocamentos pela adição de elementos de liga. A imagem 38 exibe um diagrama para um aço ligado que, após o tratamento térmico de normalização, apresenta bainita. Imagem 38: Diagrama TTT e esfriamento na normalização. Principais características e propriedades dos aços normalizados Os tratamentos térmicos de normalização e recozimento apresentam basicamente duas grandes diferenças: Temperatura máxima (homogeneização) Taxa de res�ameneto No recozimento, a faixa de temperaturas é menor do que na normalização, conforme demonstra a imagem 39. Além disso, a taxa de resfriamento da normalização é maior que a taxa do recozimento. Imagem 39: Diagrama Fe-C com as faixas de temperaturas para os tratamentos térmicos de normalização e recozimento. O tratamento térmico de normalização apresenta vários objetivos. Destacaremos dois deles a seguir: Re�namento do grão 11/09/2023, 20:34 Tratamento térmico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03666/index.html#imprimir 33/55 Distribuição homogênea do tamanho de grão O refino de grãos, como, por exemplo, os perlíticos, torna o aço mais tenaz do que aqueles com estrutura final perlítica grosseira, além de proporcionar um aumento na resistência mecânica. Por vezes, a normalização é utilizada antes da têmpera seguida de revenido. O objetivo é que a microestrutura seja refinada e a distribuição de grãos, homogênea, potencializando o tratamento posterior de têmpera. Saiba mais Algumas vezes, pode haver na têmpera desvios (ou erros) que não levam ao resultado esperado em termos de propriedades mecânicas. A normalização pode ser aplicada para homogeneizar a microestrutura antes que ocorra a repetição do tratamentos com erros ou desvios. A imagem 40 mostra a micrografia do aço AISI 1045 forjado, normalizado e com ataque de Nital 2%, em que é possível observar a estrutura de perlita fina e ferrita proeutetoide:Imagem 40: Micrografia de aço AISI 1045 forjado e normalizado. Nital 2%. De acordo com Chiaverini (2015), os aços-liga hipoeutetoides são submetidos inicialmente à normalização para minimizar os rendilhados dos carbonetos a fim de que a estrutura (decorrente do tratamento térmico de esferoidização) esteja 100% esferoidizada, o que implica a boa usinabilidade do aço. A tabela a seguir apresenta algumas temperaturas típicas do tratamento térmico de normalização para aços-carbono/ligas: Aços Temperatura (0C) 1015, 1020 e 1022 915 1040, 1045 e 1050 860 1335, 1340, 3135 e 3140 870 4337 e 4340 870 8625, 8627 e 8630 900 9840, 9850, 50B44, 50B46 e 50B50 870 11/09/2023, 20:34 Tratamento térmico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03666/index.html#imprimir 34/55 Tabela: Temperaturas de normalização de alguns aços. Adaptada de CHIAVERINI, 2015, p. 97-98. Aspectos gerais do tratamento de têmpera O tratamento térmico de têmpera e, em seguida, de revenido, apresenta, em linhas gerais, as mesmas etapas dos tratamentos térmicos já estudados. Diferentemente da maioria dos tratamentos térmicos, neste ocorre uma segunda fase, denominada revenido, cujo objetivo é o ajuste da dureza. Sua estrutura final é chamada de martensita revenida. A imagem 41 indica o tratamento térmico de têmpera seguido de revenido: Primeira etapa A peça de aço deve ter a sua temperatura elevada até uma faixa que varia de 815ºC a 870ºC. Segunda etapa Essa peça é mantida nessa faixa de temperaturas para a homogeneização da austenita. Terceira etapa Por fim, é realizado um resfriamento brusco. Produto Ao final dessas três etapas, o produto é a martensita. 11/09/2023, 20:34 Tratamento térmico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03666/index.html#imprimir 35/55 Imagem 41: Tratamento térmico de têmpera seguida de revenido. Os meios mais comumente utilizados no resfriamento da têmpera, em ordem crescente de severidade, são óleo, água ou salmoura. O meio pode ser agitado, aumentando, com isso, sua severidade. Saiba mais A temperabilidade de um aço (profundidade em que ocorre a transformação austenita em martensita) depende, entre outros fatores, da severidade do meio de resfriamento e da composição química do aço (percentual de carbono e dos elementos de liga). A imagem 42 demonstra o perfil de dureza para os aços SAE 1040 e SAE 4140 (0,40% C), sendo que o aço 4140 apresenta elementos de liga (Cr, Mo, Mn etc.). Imagem 42: Perfil de dureza para os aços SAE 1040 e SAE 4140 temperados em óleo. A partir da análise da imagem 42, é possível inferir que, para o aço SAE 4140 (ligado), a profundidade de têmpera é maior, indicando que os elementos de liga aumentam a temperabilidade dos aços. 11/09/2023, 20:34 Tratamento térmico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03666/index.html#imprimir 36/55 Características e propriedades dos aços temperados e revenidos No tratamento de têmpera, o produto final da peça de aço é a martensita oriunda da transformação adifusional da austenita. Dessa forma, a peça apresentará um aumento da dureza e do limite de resistência à tração. Contudo, o incremento dessas propriedades está acompanhado da redução de sua ductilidade/tenacidade. O aço com uma temperabilidade alta forma, na têmpera, uma martensita não apenas na superfície, mas também ao longo de seu interior – e em um elevado percentual. A dureza do aço temperado depende do percentual de carbono. A imagem 43 apresenta essa dependência. Imagem 43: Relação entre dureza de aço temperado e% de carbono. A profundidade de endurecimento de um aço temperado (profundidade da martensita) depende de: Composição química (carbono e elementos de liga). Tamanho e forma da peça. Temperatura de austenitização. Severidade da têmpera. A velocidade crítica de resfriamento da têmpera é mostrada na imagem 44. Sua curva de resfriamento crítica intercepta apenas as curvas de início e término da martensita: Imagem 44: Velocidade crítica da têmpera. 11/09/2023, 20:34 Tratamento térmico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03666/index.html#imprimir 37/55 É possível notar que a velocidade crítica é a taxa de resfriamento mínima de têmpera para garantir a transformação da austenita em martensita. Muitos autores se referem a essa velocidade como uma curva de resfriamento a seguir do “cotovelo”. O revenimento é seguido pelo tratamento térmico de têmpera (imagem 41). Após a têmpera, a peça é reaquecida a uma temperatura inferior a A1. O revenido: Alivia as tensões internas. Ajusta a dureza e a fragilidade do material temperado. Aumenta a ductilidade e a resistência ao choque. A imagem 45 demonstra a dependência das propriedades “dureza” e “resistência ao choque mecânico” com a temperatura do revenido: Imagem 45: Temperatura de revenido e propriedades mecânicas. A temperatura do revenido deve atender às propriedades especificadas em projeto. Algumas faixas de temperatura são: Até 100ºC; De 100ºC a 300ºC; Pouco acima de 300ºC; De 550ºC a 650ºC. Têmpera super�cial A têmpera superficial possui os mesmos objetivos do tratamento térmico de têmpera, mas em uma dada região da peça. Em linhas gerais, deseja-se que a região tratada apresente elevada dureza e resistência ao desgaste, mantendo o restante da peça tenaz. Conforme afirma Colpaert (2008), as ferramentas manuais são frequentemente tratadas por têmpera localizada para a combinação destas propriedades mecânicas: corpo com elevada tenacidade e borda com grande resistência ao desgaste. 11/09/2023, 20:34 Tratamento térmico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03666/index.html#imprimir 38/55 A imagem 46 mostra a macrografia de uma foice com a região temperada evidenciada e camada uniforme: Imagem 46: Macrografia de foice. Reativo de iodo. Como a têmpera superficial é a têmpera convencional localizada, os procedimentos são os mesmos, ou seja, aquecimento (austenitização), homogeneização e resfriamento brusco. O aquecimento da superfície da peça pode ser feito por: Chama Indução eletromagnética Laser Feixe eletrônico Implantação iônica O aquecimento local deve atingir temperaturas que garantam que a região tratada termicamente esteja no campo austenítico e que, com o posterior resfriamento brusco, ocorra a transformação em martensita. Outra variável a ser controlada é o tempo de aquecimento. Em regra, alguns poucos segundos são suficientes para o aquecimento local. O meio para a etapa de resfriamento normalmente é a água. Em relação ao tratamento térmico de têmpera (convencional), podemos citar algumas vantagens da têmpera superficial: Eliminação dos fornos utilizados na etapa de aquecimento; Redução do tempo de tratamento; Os efeitos de oxidação superficial e de descarbonetação são minimizados. As imagens 47, 48(a) e 48(b) mostram os aparatos utilizados para o aquecimento do tratamento térmico de têmpera superficial. Na primeira imagem, existem três variações para o aquecimento superficial utilizando chamas; na segunda, as etapas de aquecimento por indução e o posterior resfriamento com água. 11/09/2023, 20:34 Tratamento térmico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03666/index.html#imprimir 39/55 Imagem 47: Aquecimento por chama – têmpera superficial. Imagem 48a: Aquecimento por indução – têmpera superficial. 11/09/2023, 20:34 Tratamento térmico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03666/index.html#imprimir 40/55 Imagem 48b: Resfriamento de têmpera superficial (indução). Assim como ocorre no tratamento térmico de têmpera (convencional), após uma peça ser tratada por têmpera superficial, ocorre o revenimento da peça para se alcançar a martensita revenida. O tratamento de revenido posterior é feito com aquecimento a temperaturas inferiores à da austenitização, cujo principal objetivo é o alívio de tensões. Tratamentos isotérmicos O diagrama TTT da imagem 49 auxilia no entendimento dos tratamentosisotérmicos dos aços. As curvas em “C” desse diagrama representam o início da transformação (vermelha), 50% dela já ocorrida (azul) e seu término (verde). Já as linhas horizontais em laranja marcam o início e o término da transformação em martensita. Imagem 49: Diagrama TTT e suas regiões. 11/09/2023, 20:34 Tratamento térmico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03666/index.html#imprimir 41/55 Em linhas gerais, os tratamentos isotérmicos diferem-se dos tratamentos térmicos convencionais estudados, pois a etapa de resfriamento não ocorre de maneira contínua, e sim com a manutenção em dada temperatura durante a transformação desejada para só então terminar o resfriamento. Os dois tratamentos isotérmicos realizados nos aços são a austêmpera e a martêmpera. Austêmpera O tratamento isotérmico de austêmpera tem a etapa inicial de aquecimento até a austenitização do aço e sua posterior homogeneização. Na etapa de resfriamento, em uma faixa de temperatura de 300 a 400ºC, a peça é mantida a uma temperatura constante. Posteriormente, o resfriamento termina no ar. A estrutura fina é a bainita. A imagem 50 possui esquematicamente o tratamento de austêmpera na etapa do resfriamento. Após a austêmpera, não é necessário tratar do revenimento. Imagem 50: Austêmpera. Produto final – bainita. De maneira genérica, a bainita formada na austêmpera apresenta uma série de vantagens. Entre as quais, destacam-se as seguintes: Melhor ductilidade e tenacidade para uma dada dureza; Minimiza o risco de empenamento das peças tratadas; Para durezas na faixa de 35 a 55 RC, o tempo é reduzido. Veja a comparação das propriedades mecânicas do aço SAE 1095 tratado com têmpera e revenido e com austêmpera. Resfriado em água e revenido Dureza Rockwell C: 52,5 Resistência ao choque (J): 19,0 Alongamento em 1” (%): 0 Austemperado Dureza Rockwell C: 52,2 Resistência ao choque (J): 54,3 Alongamento em 1” (%): 8 Martêmpera O tratamento térmico de martêmpera apresenta as etapas iniciais de aumento de temperatura e homogeneização no campo austenítico. No 11/09/2023, 20:34 Tratamento térmico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03666/index.html#imprimir 42/55 resfriamento, ocorre uma interrupção da têmpera logo após o início da transformação da austenita em martensita. Nesse estágio, um breve tratamento isotérmico intermediário é realizado, o que permite a uniformização da temperatura na peça antes de a curva de término da transformação (Mf) ser atingida. Por fim, é feito um resfriamento ao ar. Diferentemente da austêmpera, o revenimento posterior é necessário. A imagem 51 representa o tratamento de martêmpera: Imagem 51: Martêmpera – martensita revenida. Uma das vantagens da martêmpera em relação à têmpera é a minimização das tensões internas e de empenamento das peças. Aços ligados (maior temperabilidade) são mais adequados para o tratamento de martêmpera. Exemplo Aços 1090, 4130, 4140, 4340 ou 8630. Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 (UEIT - assistente de suporte acadêmico II - metalografia e metalurgia 2016) Sobre o tratamento térmico de revenimento em aços, é correto afirmar que ele é realizado após: A a austenitização, normalmente em temperaturas de 723ºC a 910ºC, em função da porcentagem de carbono, o que causa a diminuição da dureza. 11/09/2023, 20:34 Tratamento térmico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03666/index.html#imprimir 43/55 Parabéns! A alternativa B está correta. A têmpera tem a etapa de aquecimento até a austenitização, a homogeneização e o resfriamento brusco, produzindo, assim, a martensita. Devido à transformação adifusional da austenita em martensita, a peça fica submetida a um elevado nível de tensões internas, tendo alta dureza e baixa ductilidade. Para eliminar as tensões internas e ajustar as propriedades mecânicas, após a têmpera, é realizado o tratamento térmico de revenido ou revenimento em temperaturas inferiores a A1. Questão 2 (UFES – 2014 - técnico em metalurgia) O recozimento, a têmpera, o revenimento e a normalização são tratamentos térmicos convencionalmente utilizados nas práticas industriais para o processamento e a utilização de ligas ferrosas. Tais processamentos modificam a estrutura das ligas a eles submetidas. Tendo isso em vista, assinale a alternativa correta. B a têmpera, normalmente em temperaturas entre 200ºC e 600ºC, o que causa a diminuição da dureza e um aumento da tenacidade. C o recozimento, normalmente em temperaturas entre 200ºC e 600ºC, o que causa um aumento da dureza. D a têmpera, normalmente em temperaturas entre 723ºC e 910ºC, o que causa a perda de tenacidade. E a normalização para alívio de tensões, normalmente em temperaturas entre 400ºC e 600ºC, o que causa a diminuição da dureza. A O aço recozido acima da zona crítica, quando resfriado lentamente em forno, produz uma estrutura martensítica mais macia. B A normalização é comumente utilizada para obter uma microestrutura mais homogênea e refinada. C O recozimento a um tempo prolongado promove a formação de estrutura esferoidizada, garantindo mais resistência mecânica à liga. D O revenimento de uma liga ferrosa produz martensita revenida, que, em razão de uma dureza mais elevada que a da martensita gerada na têmpera dessa liga, é evitada. 11/09/2023, 20:34 Tratamento térmico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03666/index.html#imprimir 44/55 Parabéns! A alternativa B está correta. A martensita resulta de um resfriamento brusco, como ocorre, por exemplo, na têmpera; a normalização; em microestrutura homogênea e refinada. A martensita revenida é alcançada com têmpera seguida de revenimento. 4 - Processos de tratamento termoquímico Ao �nal deste módulo, você será capaz de distinguir os processos de tratamento termoquímico. Vamos começar! Processos de tratamento termoquímico Confira os principais pontos sobre o assunto que serão abordados ao longo deste conteúdo: Cementação Aspectos gerais da cementação E Após o processo de recozimento em uma liga ferrosa, procede-se com a têmpera, pois somente com a têmpera é possível haver a execução de processos de fabricação com essas ligas. 11/09/2023, 20:34 Tratamento térmico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03666/index.html#imprimir 45/55 Em geral, quando há a necessidade de que uma peça de aço tenha uma combinação de propriedades mecânicas, como, por exemplo, superfície com elevada resistência ao desgaste e núcleo com alta tenacidade, os tratamentos termoquímicos são uma excelente solução de engenharia. Os principais tratamentos termoquímicos são: Cementação Nitretação Cianetação Boretação Diferentemente dos tratamentos térmicos, nos termoquímicos ocorre uma variação da composição química localmente. Normalmente, aços com teor de carbono na faixa de 0,20% são cementados, por exemplo, em AISI 4023, 4118, 8620 etc. Cementação ou carbonetação Resumidamente, consiste na inserção de carbono na superfície de uma peça de aço, promovendo o endurecimento superficial. Nesse processo, ocorre a difusão do carbono. Saiba mais Temperatura, tempo e concentração de carbono, entre outros exemplos, são variáveis importantes e que devem ser controladas. A temperatura do tratamento, por exemplo, normalmente é na faixa de 900ºC, região austenítica em que a solubilidade do carbono no ferro é alta. A cementação pode ocorrer por três vias principais: Sólida (em caixa) Líquida Gasosa Cementação sólida ou cementação em caixa A peça é envolta em cemento (meio de cementação) sólido, sendo o mais utilizado a mistura de carvão de madeira, aglomerado com substância ativadora (carbonatos) e óleo de linha. Apesar de a peça estar envolta em uma mistura sólida, o carbono que se difunde para ela é gasoso. Para ilustrar isso, eis algumas reações químicas do processo: Trata-se de um processo que demanda tempo, o que implica o crescimentodo grão austenítico. Para fazer a correção no tamanho do C + O2 ↔ CO2 CO2 + C ↔ 2CO 3Fe + 2CO ↔ Fe3C + CO2 11/09/2023, 20:34 Tratamento térmico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03666/index.html#imprimir 46/55 grão, é comum haver um TT posterior de normalização e de têmpera para aumentar a dureza superficial. A imagem 52 apresenta a seção transversal de um aço baixo carbono cementado (sólida) e com tratamentos térmicos posteriores de normalização e têmpera. Note a região cementada (à esquerda), cuja estrutura é a martensita: Imagem 52: Aço cementado e temperado. Nital. Duas dificuldades no processamento da cementação em caixa são a cinética lenta e a dificuldade do controle dos resultados. Da mesma forma, podemos listar duas vantagens: Processo de resfriamento é lento (o que permite, por exemplo, a usinabilidade da peça antes da têmpera). Minimização do empenamento das peças. Cementação líquida Tal processo consiste na manutenção da peça de aço em um banho de sal fundido (cianeto de sódio, cloreto de bário cianato de sódio, cloreto de potássio, carbonato de sódio etc.) em uma temperatura acima de A1. A cementação líquida ocorre em duas faixas de temperatura: De a (baixa) A cementação promove camada de até 0,8mm. De a (alta) As camadas podem chegar a 3,0mm. Chiaverini (2015) lista as principais vantagens da cementação líquida: Rapidez, proporcionando camadas de cementação consideráveis; Proteção efetiva contra os fenômenos da oxidação e da descarbonetação da peça; Controle da profundidade da camada da cementada. Dica No processo de cementação líquida, é fundamental usar exaustores nos fornos pela presença de cianetos. Cementação gasosa A cementação por via gasosa consiste na colocação da peça de aço a ser cementada em um forno com atmosfera de potencial de carbono 840∘C 900∘C 900∘C 955∘C 11/09/2023, 20:34 Tratamento térmico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03666/index.html#imprimir 47/55 controlado. Em termos práticos, é fundamental haver uma limpeza inicial da superfície das peças. A atmosfera é rica em uma mistura de: Monóxido de carbono. Hidrogênio. Hidrocarbonetos aquecidos, como o metano, o etano e o propano. A têmpera posterior é feita em óleo. Na comparação com a cementação sólida, ela é um processo mais limpo e mais rápido, permitindo ainda mais controle da camada cementada (espessura e teor de carbono mais uniforme). Ademais, a atmosfera carburante, sendo gasosa, impede a oxidação superficial da peça. A imagem 53 apresenta o aço AISI 5120 cementado por via gasosa temperado a óleo seguido de revenimento: Nitretação Aspectos gerais da nitretação O tratamento termoquímico denominado nitretação envolve a difusão do nitrogênio na superfície dos aços, dando origem à camada de alta dureza (70HRC) proveniente da formação de nitretos de cromo, molibdênio, vanádio etc. O processo ocorre, em geral, na faixa de temperaturas entre 500°C e 570°C (campo ferrítico), menor que a utilizada na cementação, por exemplo. Além disso, a temperatura do tratamento é aquela obtida após a temperatura crítica (austenitização), o que diminui a possibilidade de empenamentos das peças e de tratamentos térmicos posteriores. A nitretação apresenta vários objetivos. Entre os quais, podemos citar os seguintes: Aumento da dureza superficial pela presença de nitretos na superfície da peça; Aumento da resistência ao fenômeno da fadiga (peças submetidas a ciclos) pela introdução de tensões compressivas na superfície; Elevação da resistência à corrosão. Saiba mais As camadas nitretadas (“camadas brancas”) são, em geral, menores que as cementadas, porém possuem maior dureza superficial. 11/09/2023, 20:34 Tratamento térmico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03666/index.html#imprimir 48/55 A imagem 54 apresenta a micrografia do aço AISI 4340 temperado, revenido e nitretado. Observe a camada nitretada na cor branca. Nitretação a gás Nesse tratamento termoquímico, as peças de aço são submetidas a um gás rico em nitrogênio, que, em geral, é a amônia (NH3), a dada temperatura na faixa de 500°C a 565°C. A difusão do nitrogênio (N) é bem lenta, tornando esse tratamento muito demorado. Sua duração pode chegar a incríveis 90 horas! Em média, a camada nitretada possui espessura inferior a 0,8mm. Se comparada à camada oriunda da cementação, seus números são bem menores. Contudo, eles apresentam uma dureza bem superior. Dessa forma, a camada nitretada proporciona altíssima dureza superficial, chegando a 70 Rockwell C e alta resistência ao desgaste. Além disso, ela proporciona aumentos nas resistências à fadiga e à corrosão. De acordo com Chiaverini (2015), o gás amônia, sob a temperatura do tratamento, decompõe-se em nitrogênio e hidrogênio, conforme a reação a seguir. O nitrogênio difunde-se no aço, formando os nitretos metálicos (dos elementos de liga do aço) e originando a camada nitretada. A imagem 55 contém um gráfico que esboça o tamanho da camada nitretada em função tempo do tratamento de nitretação para dada temperatura (525ºC): Imagem 55: Gráfico tempo versus espessura da camada. No gráfico, é possível perceber que o tratamento de nitretação é lento, implicando o crescimento do grão do aço. 2NH3 → N2 + 3H2 11/09/2023, 20:34 Tratamento térmico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03666/index.html#imprimir 49/55 Nitretação líquida A nitretação líquida (também chamada de nitretação tenaz) é executada na mesma faixa de temperatura da nitretação a gás (500 a 570°C), utilizando, para isso, um banho à base sais de sódio e potássio. A grande vantagem dela sobre a nitretação a gás é que o tempo utilizado é bem menor, produzindo uma camada muito resistente ao desgaste, à fadiga e à oxidação. A desvantagem da líquida é que a camada nitretada também é menor: em torno de 0,015mm (na nitretação a gás, ela ficava por volta de 0,7mm). Já a vantagem em relação à nitretação clássica (a gás) é que ela pode ser realizada em aços-carbono, elementos metálicos de baixa liga, metais inoxidáveis e metais resistentes ao calor. Como destaca Chiaverini (2015), um banho comercial típico para a nitretação líquida apresenta a composição da tabela a seguir: Sais de sódio NaCN Na2CO3 NaCNO Sais de potássio KCN K2CO3 KCNO KCl Tabela: Banho para cementação líquida. Adaptada de CHIAVERINI, 2015, p. 147. O gráfico da imagem 56 indica a profundidade da nitretação líquida em função do tempo de tratamento para alguns aços a uma temperatura de 570ºC. A partir desse gráfico, é possível inferir que a camada nitretada é inversamente proporcional ao percentual de carbono no aço. Imagem 56: Gráfico tempo versus espessura da camada. Além dos aços-carbono e dos aços-liga, incluindo os aços inoxidáveis, é possível realizar o tratamento termoquímico de nitretação líquida em ferros fundidos. 11/09/2023, 20:34 Tratamento térmico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03666/index.html#imprimir 50/55 Cianetação e boretação Aspectos gerais dos tratamentos de cianetação e boretação De maneira geral, os tratamentos termoquímicos objetivam o aumento da resistência ao desgaste e a indução de tensões residuais compressivas na superfície. As tensões compressivas promovem o aumento da resistência da peça de aço ao fenômeno de fadiga. No caso da cianetação, há a inclusão, por difusão, de nitrogênio e carbono. Na boretação, o elemento a ser inserido é o boro. Tratamento termoquímico de cianetação Tratamento termoquímico que objetiva o endurecimento superficial de peças de aço por meio da introdução simultânea de nitrogênio e carbono a partir de um banho líquido rico em cianetos. Saiba mais É semelhante ao tratamento termoquímico de cementação líquida. O processo apresenta a fase inicial de aquecimento acima da temperatura crítica A1, homogeneização e resfriamento brusco. A faixa de temperaturas é de 760oC a 870oC. A camada alcançada fica na faixa de 0,1 a 0,3mm.Quanto às reações químicas, simplificadamente ocorre a transformação do cianeto em cianato, que se decompõe e gera N2 e CO para a difusão do nitrogênio e do carbono. O tratamento termoquímico de cianetação envolve banhos de sais (cianetos) fundidos que são tóxicos. Por conta disso, cuidados operacionais devem ser tomados durante sua execução. Os cianetos mais comuns são os de sódio, conforme demonstra a primeira das reações acima. Dica Os aços cianetados devem ser temperados em água após o tratamento de cianetação. Os principais objetivos do tratamento de cianetação (carbonitretação líquida) são: Obtenção de elevada dureza superficial; Aumento da resistência ao desgaste e à fadiga. A imagem 57 delineia a micrografia de um filete de rosa tratado por cianetação. É possível identificar a camada endurecida pelo processo: 2NaCN + O2 → 2NaCNO 4NaCNO → Na2CO3 + 2NaCN + CO + N2 11/09/2023, 20:34 Tratamento térmico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03666/index.html#imprimir 51/55 Imagem 57: Filete de rosca cianetado. Nital. A imagem 58 apresenta a micrografia de aço cianetado. A camada cementada encontra-se à direita da imagem. Nessa camada, a estrutura é martensítica e, no centro da peça, martensítica e ferrítica. Imagem 58: Camada cianetada. Nital. Tratamento termoquímico de boretação É o tratamento termoquímico no qual o elemento boro é introduzido na estrutura da peça de aço por meio de difusão. A boretação é realizada na faixa de temperatura de 800°C a 1.000°C. O tempo do processo pode demandar até doze horas. O tratamento termoquímico de boretação pode ser realizado por estas vias: Sólida Líquida Gasosa B4C N2B4O7 11/09/2023, 20:34 Tratamento térmico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03666/index.html#imprimir 52/55 Das três vias para a boretação, a sólida é a mais utilizada industrialmente. A camada boretada para aços-carbono pode alcançar cerca de . Segundo Chiaverini (2015), o aço SAE 1045 adquire a uma camada boretada de cerca de . O processo de boretação pode ser aplicado aos aços-carbono, aos aços- liga e aos ferros fundidos (comum e nodular). A camada boretada é extremamente resistente (mais do que as camadas oriundas da cementação e da nitretação) ao desgaste, apresentando uma dureza que varia de a devido à formação, durante o processo de boretação, do boreto de ferro . Conheça suas principais vantagens e desvantagens: Vantagens • A peça boretada apresenta resistência à corrosão por ácidos inorgânicos; • A camada boretada possui baixo coeficiente de atrito, o que elimina ou minimiza a lubrificação em alguns processos de conformação mecânica. Desvantagens • A boretação por via sólida automatizada é lenta e cara; • A alta dureza da camada boretada limita usinagem final; • Ela tem menos resistência à fadiga na comparação com camadas cementadas e nitretadas. Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 (Copeve-UFAL - 2019 - engenheiro mecânico) Para engrenagens, é desejável um núcleo tenaz combinado com uma superfície resistente ao desgaste. Para essa aplicação, aços com baixo teor de carbono são submetidos ao tratamento termoquímico de cementação, que eleva o teor de carbono na superfície, aumentando sua resistência ao desgaste e preservando a tenacidade do núcleo, mantido com baixo teor de carbono. Na cementação, o meio em que o aço é carbonetado e o processo de difusão do carbono são dois aspectos importantes que influenciam esse processo em que o carbono é introduzido na superfície do aço aquecido acima de 900°C. Quanto aos diferentes tipos de cementação, assinale a alternativa correta. BCl3 300μm 900∘C 200μm 1.700 2.000HV Fe2B A A cementação sólida consiste no aquecimento do metal após a zona crítica no qual a solubilidade do carbono no aço é elevada, além de ser o processo mais antigo de cementação. 11/09/2023, 20:34 Tratamento térmico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03666/index.html#imprimir 53/55 Parabéns! A alternativa C está correta. A cementação ocorre em temperaturas em torno de 900ºC; em regra, as peças são submetidas posteriormente aos tratamentos térmicos de têmpera e revenimento. Na cementação gasosa, a atmosfera é rica em monóxido de carbono (CO), hidrogênio (H2) e hidrocarbonetos aquecidos, como o metano (CH4), o etano (C2H6) e o propano (C3H8). O tratamento termoquímico de cementação é mais adequado para aços com 0,20% de C. Questão 2 (Cesgranrio - 2008 - BR Distribuidora - profissional júnior - engenharia mecânica) Dos tratamentos termoquímicos mais conhecidos, podemos citar a cementação e a nitretação. Na comparação das características desses processos, tem-se: B Na cementação sólida, é necessário submeter o metal a um tratamento térmico posterior, como a austêmpera, para refinar o tamanho do grão. C A cementação pode ser realizada em meios líquido, gasoso e sólido, sendo o potencial químico do carbono nesses meios o fator determinante do teor de carbono na superfície da peça. D Na cementação gasosa, a utilização de gases, como CO, CO2, H2, H2O e CH4, é realizada para possibilitar o controle do potencial de cementos. E Nos aços cementados, os núcleos contêm de 0,5 a 0,75% de carbono, enquanto na superfície, essa concentração é ajustada entre 0,8 e 1,0%. A Cementação: produz camada mais dura que a nitretação. Nitretação: provoca mais distorção que a cementação. B Cementação: produz camada mais dura que a nitretação. Nitretação: diminui a resistência à fadiga. C Cementação: produz núcleo frágil e camada tenaz. Nitretação: provoca mais distorção que a cementação. D Cementação: necessita de têmpera posterior. Nitretação: não requer têmpera posterior. 11/09/2023, 20:34 Tratamento térmico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03666/index.html#imprimir 54/55 Parabéns! A alternativa D está correta. A cementação ocorre em faixas de temperaturas mais altas que a nitretação. Desse modo, a nitretação provoca menos empenamentos e distorções na peça. Os tratamentos termoquímicos de cementação e nitretação têm como objetivo o endurecimento superficial, mantendo o núcleo da peça tenaz. A nitretação é amplamente utilizada em aços, sendo a carbonetação mais adequada para aços com 0,20% de C. As camadas nitretadas são mais duras que as cementadas, alcançando 70HRC. Como regra, a cementação é seguida de têmpera/revenido. Considerações �nais Neste conteúdo, delineamos os fundamentos dos tratamentos térmicos e termoquímicos nos aços. Inicialmente, fizemos a abordagem genérica desses tratamentos, indicando suas etapas e aplicações. Além disso, identificamos a mudança da composição química como uma das grandes diferenças entre os tratamentos. Na sequência, falamos sobre o diagrama TTT, a apresentação das curvas de início e término das transformações e as principais regiões desse diagrama. Ainda estudamos a velocidade crítica de resfriamento e os aspectos das transformações isotérmicas e das transformações contínuas. Outro ponto que discutimos foi a influência dos elementos de liga de um aço no deslocamento das curvas do diagrama TTT. Descrevemos os principais tratamentos térmicos e suas vias de processamento, como o recozimento, a normalização, a têmpera e o revenimento, entre outros exemplos. Para cada tratamento térmico, apontamos alguns aspectos práticos, os aços em que eles são aplicáveis e as principais propriedades mecânicas resultantes, assim como suas vantagens e desvantagens. Também analisamos estes tratamentos termoquímicos: cementação, nitretação, cianetação e boretação. Nesse processo, mostramos as principais reações químicas envolvidas na formação das camadas superficiais. Por fim, comparamos as camadas produzidas em cada tratamento termoquímico em termos de propriedades mecânicas (dureza, resistência à fadiga etc.) e profundidade. Podcast E Cementação: é usada em aços de alto carbono. Nitretação:não é usada em aços. 11/09/2023, 20:34 Tratamento térmico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03666/index.html#imprimir 55/55 Para encerrarmos, ouça os principais pontos abordados neste estudo. Explore + Leia o seguinte trabalho apresentado no 68º Congresso Anual da ABM, cujo tema é o levantamento do diagrama TTT em nível experimental e, em seguida, a validação pelo software Stecal 3.0. MAGNABOSCO, R.; VENDRAMINE, C. de F. Levantamento da curva TTT do aço 15B30 com análise dos constituintes ferrita e perlita. 68º Congresso Anual da ABM. jul.-ago. 2013. Referências CALLISTER, W. D.; RETHWISCH, D. G. Ciência e engenharia de materiais: uma introdução. 8. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2016. CHIAVERINI, V. Aços e ferros fundidos. 7. ed. São Paulo: ABM, 2015. COLPAERT, H. Metalografia dos produtos siderúrgicos comuns. 4. ed. São Paulo: Edgard Blucher, 2008. SHACKELFORD, J. F. Ciência dos materiais. 6. ed. São Paulo: Pearson, 2008. Material para download Clique no botão abaixo para fazer o download do conteúdo completo em formato PDF. Download material O que você achou do conteúdo? Relatar problema javascript:CriaPDF()
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